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Revista Brasil. Bot., V.26, n.1, p.131-140, mar.

2003

Variações fenotípicas e potencial plástico de Eugenia calycina Cambess.


(Myrtaceae) em uma área de transição cerrado-vereda
GRACE L. CARDOSO1 e CECÍLIA LOMÔNACO1,2
(recebido: 14 de novembro de 2001; aceito: 8 de janeiro de 2003)

ABSTRACT – (Phenotypic variation and plastic potential of Eugenia calycina Cambess. (Myrtaceae) in a savanna/palm
swamp transitional area). The aims of this work were to verify the incidence of phenotypic variation and the plastic potential
of Eugenia calycina in a transitional savanna/palm swamp area. Subpopulations were characterized by seed weight, number
of seeds per fruit and number of flowers per plant. Moreover, density of occurrence and the rate of parasitism on fruits by larvae
of flies (Diptera: Tephritidae) in each area were significantly different. Asynchronism of the flowering period, being late for the
savanna area, was also observed. A genetic quantitative model was used to measure phenotypic plasticity based on a
reciprocal transplantation experiment of sibling-seeds into soils collected from each area. Three aspects of plastic potential
were evaluated: height of steam and number and length of the seedlings leaves. Observed differences in these characters were
attributed not only to genetic divergences but also to phenotypic plasticity. The individuals showed different plastic responses,
diverging in their ability to respond to environmental influences. The data confirm the role of phenotypic plasticity in the
adaptive and evolutionary process involved with ecotype formation in savanna/palm swamp transitional vegetation.

Key words - Eugenia calycina, phenotypic plasticity, quantitative genetics


RESUMO – (Variações fenotípicas e potencial plástico de Eugenia calycina Cambess. (Myrtaceae) em uma área de transição
cerrado-vereda). Este estudo teve como objetivo verificar a ocorrência de variações fenotípicas e o potencial plástico de
Eugenia calycina em uma área com gradiente de transição entre vereda e cerrado propriamente dito (ppd). As subpopulações
foram caracterizadas quanto ao peso de sementes, número de sementes por fruto e número de flores por planta. Além disto,
foram detectadas diferenças nas densidades de ocorrência e taxas de parasitismo por larvas de moscas (Diptera: Tephritidae)
em cada área. Houve também assincronia temporal na floração, iniciada tardiamente nas áreas de cerrado ppd. Utilizando-se um
modelo de genética quantitativa, a partir de um experimento de replicação recíproca de “sementes irmãs” em solos provenientes
de cada área, avaliou-se o potencial para plasticidade em três caracteres: altura da parte aérea, número e comprimento de folhas
das plântulas. Diferenças nestes caracteres foram geradas não somente por divergências genéticas entre plantas, mas também
por plasticidade fenotípica. Os genótipos apresentaram diferentes respostas plásticas, diferindo em sua habilidade de responder
às influências ambientais. Os dados obtidos confirmam o papel da plasticidade fenotípica como mecanismo gerador de
variabilidade fenotípica e apontam sua importância nos processos adaptativos e evolutivos envolvidos na formação de
ecótipos nas áreas de cerrado recortadas por veredas.

Palavras-chave - Eugenia calycina, genética quantitativa, plasticidade fenotípica

Introdução Exemplos clássicos de plasticidade fenotípica


descrevem variações na forma e tamanho de folhas em
Plasticidade fenotípica retrata a habilidade de um plantas terrestres e heterofilia em folhas aéreas e
organismo alterar sua fisiologia e/ou morfologia em submersas de espécies aquáticas (Bradshaw 1965). Em
decorrência de sua interação com o ambiente (Bradshaw animais, foi demonstrado o potencial plástico para a
1965, Schilichting 1986, Stearns 1989, Scheiner 1993). produção de defesas induzidas (morfológicas e químicas)
Espécies com grande potencial para plasticidade em contra o ataque de inimigos naturais (Gilbert 1966).
caracteres ligados à sobrevivência apresentam Por muito tempo, acreditou-se que a plasticidade
vantagens adaptativas em ambientes instáveis, fenotípica limitaria o potencial para mudanças
heterogêneos ou de transição, visto que as mudanças evolutivas, por reduzir o impacto da seleção natural na
produzidas podem facilitar a exploração de novos nichos, estrutura genética de populações (Wright 1931).
resultando no aumento da tolerância ambiental (Via 1993, Entretanto, ao longo das duas últimas décadas, foram
Via et al. 1995). desenvolvidos novos métodos de estudo e modelos
matemáticos de genética quantitativa que descreveram
a relação da plasticidade fenotípica com importantes
1. Universidade Federal de Uberlândia, Instituto de Biologia,
Caixa Postal 593, 38400-902 Uberlândia, MG, Brasil. processos biológicos (Via & Lande 1985, Gomulkiewicz
2. Autor para correspondência: lomonaco@ufu.br & Kirkpatrick 1992, Schilichting & Pigliucci 1993,
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Scheiner & Callahan 1999). representado por cerca de 500 espécies de distribuição
A plasticidade fenotípica pode ser considerada um neotropical, que são encontradas desde o México e Florida
mecanismo gerador de variabilidade fenotípica e, uma até o noroeste da Argentina, principalmente nas regiões
vez que a seleção natural age sobre fenótipos, cria centro-oeste e sudeste do Brasil, onde ocorrem cerca de 300
oportunidades para que mudanças genéticas ocorram. espécies. No Brasil, E. calycina já foi registrada em áreas de
cerrado dos Estados de Goiás (Berg 1857, 1859), Minas Gerais
Além disto, se as divergências fenotípicas geradas
e Distrito Federal, nos tipos fitofisionômicos de campo sujo,
dentro de uma população forem mantidas por seleção
cerrado ppd, campo cerrado e transição cerrado-vereda
disruptiva, haverá favorecimento para o surgimento de (Arantes 1997).
subespécies, raças ou ecótipos (Via & Lande 1985, Caracterização das subpopulações - No período de 15 a
Thompson 1991). 21/10/1999, foram identificados e marcados 80 indivíduos
Espera-se que uma população que ocupe um adultos de E. calycina, (40 no cerrado ppd e 40 no ecótono
ambiente heterogêneo apresente grande potencial de transição cerrado/vereda) e deles foram tomadas medidas
plástico em suas características fisiológicas e/ou de altura da planta, largura e comprimento da copa. Estas três
morfológicas (Fuzeto & Lomônaco 2000). Por causa medidas foram simplificadas por Análise de Componente
disto, a formação de ecótipos ou variedades poder ser Principal (PCA), para obtenção de um índice multivariado de
bastante favorecida em ambientes de transição ou tamanho (Manly 1994). Nestes indivíduos foi também contado
ambientes que apresentam gradientes edáficos, como é o número de flores e frutos. Foram pesados, em balança
analítica, 58 frutos provenientes de plantas do cerrado ppd e
o caso de áreas ocupadas pelo bioma do cerrado.
de 63 frutos da região de borda de vereda. Em seguida, os
A caracterização de ecótipos ou verificação de
frutos foram abertos e suas sementes foram contadas e
potencialidades para sua formação gera importantes pesadas. Somente foram consideradas para pesagem as
subsídios para maximizar a preservação da variabilidade sementes morfologicamente bem formadas e frutos não
genética, quando a delimitação de áreas de conservação parasitados ou sem sinal característico de perfuração por
ou projetos de manejo sustentado da flora silvestre larvas. A densidade dos indivíduos nos dois ambientes foi
estiverem sendo efetuados (Nanson 1993, Lortie & estimada considerando 20 parcelas de 10 m × 10 m em cada
Aarssen 1996). área, nas quais foram contados todos os indivíduos
Este trabalho teve como objetivo verificar a presentes. O tamanho das planta e o peso de frutos e das
ocorrência de variações fenotípicas em Eugenia sementes foram comparados entre as áreas utilizando teste t.
calycina Cambess. numa área que apresenta gradiente O teste de Mann-Whitney foi usado para averiguar diferenças
de transição entre vereda e cerrado propriamente dito na densidade de ocorrência, no número de flores e de frutos
por planta e no número de sementes por fruto entre as áreas
(ppd). Com uso de modelo de genética quantitativa,
de coleta (Zar 1984).
avaliou-se também o potencial plástico desta espécie.
A ocorrência de correlações genéticas (utilizando
valores médios por planta) entre peso dos frutos, peso das
Material e métodos sementes bem formadas e número de sementes por fruto foram
verificadas utilizando o teste de correlação de Pearson. Os
Área de estudo - O estudo foi realizado em uma área de 127 coeficientes de correlação foram comparados, aos pares, por
ha, contendo cerrado ppd e vereda, na Reserva Ecológica do teste Z (Zar 1984).
Clube Caça e Pesca Itororó no município de Uberlândia, MG A sincronia temporal na floração de E. calycina nas áreas
(18º55’ S e 48º17’ W, altitude aproximada de 890 m). O clima estudadas foi averiguada em uma única visita ao campo,
da região é caracterizado por duas estações com marcantes considerando o estágio de maturação das estruturas
diferenças nos índices pluviométricos, que oscilam reprodutivas de 40 indivíduos em cada área. Estes estágios
anualmente em torno de 1.550 mm. Na estação úmida (outubro reprodutivos foram caracterizados da seguinte forma: 1) botão
a março), as temperaturas podem chegar a 35 ºC e, na estação verde: com sépalas encobrindo todo o botão; 2) botão abrindo:
seca, é comum a ocorrência de geadas durante o inverno. A com sépalas verdes semi-abertas deixando à mostra as pétalas
temperatura média anual é de 22 ºC (Nimer & Brandão 1989). brancas da flor; 3) flor jovem: com sépalas e pétalas totalmente
Espécie estudada - E. calycina Cambess. é uma planta abertas com os estames e/ou pistilo vistosos, odor
arbustiva, popularmente conhecida como pitanga-vermelha característico bem evidente e presença de polinizadores; 4)
ou pitanga-do-cerrado (Bulow et al. 1994). Pertence à família flor senil: flor já fecundada ou abortada, podendo apresentar
Myrtaceae, que compreende aproximadamente 100 gêneros peças florais murchas, de coloração mais pálida, ainda na planta
e 3.500 espécies, distribuídas principalmente nas regiões ou já caídas ao chão; 5) fruto verde: de pequeno porte com
tropicais e subtropicais do mundo, com poucas espécies coloração esverdeada; 6) fruto maduro: apresentando
ocorrendo nas regiões temperadas (Barroso et al. 1986). coloração vermelha “sangue” e tamanho maior. Diferenças
Segundo McVaugh (1968), o gênero Eugenia está entre as áreas nas freqüências de ocorrência em cada estágio
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foram testadas por tabela de contingência (Zar 1984). genético, a influência ambiental e a interação entre ambos
Um ano depois, o número de frutos inviabilizados ou (Falconer 1989). A impossibilidade de caracterização das
não por atividade da larva de uma mosca parasita (Diptera: sementes provenientes de uma mesma planta como sendo
Tephritidae) foi estimado por inspeção visual no campo, em meio-irmãs ou irmãs completas não permitiu que a variabilidade
43 indivíduos na área de cerrado ppd e em 44 indivíduos na genética total fosse decomposta quanto a aditividade ou
área de borda de vereda. A taxa de parasitismo por planta dominância (Falconer 1989). Por isso, o componente genético
(Tp) foi calculada utilizando a seguinte fórmula: de variação foi estimado considerando os genótipos
Tp = [p (p + np) -1] × 100, onde p é o número de frutos provenientes de diferentes plantas-mãe. A variabilidade nas
parasitados e np o número de frutos não parasitados. Para respostas plásticas entre os genótipos analisados foi
averiguar diferenças nas taxas de parasitismo entre as áreas estimada, para cada caráter, pela interação entre os dois fatores
utilizou-se o teste de Mann-Whitney (Zar 1984). (Via & Lande 1985, Scheiner 1993). Uma vez que as análises de
Análise dos solos - Foram coletadas amostras de solo, variância informam apenas a quantidade de variação atribuída
aleatoriamente distribuídas nos dois ambientes, em seis covas a cada um de seus componentes, foram construídas, para cada
com profundidade de 20 cm. As amostras coletadas foram caráter analisado, normas de reação, que representam,
analisadas para caracterização física e química de rotina, conforme graficamente, a direção e a variabilidade das respostas
metodologia preconizada pela Embrapa (1979). As análises plásticas entre os genótipos.
foram realizadas no Laboratório de Análises de Solos (Labas) As análises estatísticas foram realizadas utilizando o
do Instituto de Ciências Agrárias da Universidade Federal de programa Systat (1999).
Uberlândia, MG. As características físicas e químicas das
amostras do solo das duas áreas foram comparadas, utilizando-
se o teste de Mann-Whitney (Zar 1984). Resultados
Plasticidade fenotípica - No período de 11-12/11/99 foram
coletados frutos de 24 plantas da área de cerrado ppd e de 15 Caracterização das subpopulações e das áreas de coleta
plantas da área de borda de vereda. As sementes - A Análise de Componente Principal indicou que 64%
morfologicamente bem formadas provenientes de uma mesma da variação total pode ser atribuída a diferenças de
planta foram simultaneamente colocadas em duas bandejas
tamanho entre os indivíduos. Sinal negativo no coeficiente
de germinação, uma com amostras de solos provenientes da
do segundo autovetor, relativo à altura das plantas, indica
área de borda de vereda e outra com amostras de solos da
área de cerrado ppd. Deste modo, as plantas tiveram suas ocorrência de distorção na forma de E. calycina
sementes germinadas em solos de ambas as áreas, para que o (tabela 1). Deste modo, as plantas, após atingirem
seu desenvolvimento pudesse ser comparado. O plantio foi determinada altura, passam a investir no aumento da
feito imediatamente após a extração das sementes, visto serem copa (largura e comprimento da parte aérea).
estas recalcitrantes (Bulow et al. 1994). Este procedimento Não foram verificadas diferenças estatísticas
foi realizado em laboratório, onde as sementes permaneceram significativas entre os indivíduos pertencentes aos dois
à temperatura ambiente, sendo diariamente regadas com água ambientes quanto ao tamanho, peso dos frutos e número
destilada.
de frutos por planta. Entretanto, o peso das sementes dos
Após 40 dias, as plântulas e sementes com emissão de
radícula foram transplantadas para sacos plásticos, seguindo
indivíduos da área de borda de vereda foi significativamente
as mesmas condições adotadas com relação aos tipos de maior que o apresentado pelos indivíduos de cerrado ppd
solo das bandejas. Após transplante, as plântulas (t = -3,91; p < 0,001). Maior densidade populacional foi
permaneceram em laboratório por 15 dias, antes de serem observada na área de cerrado ppd (U = 375,50; p < 0,001).
transportadas para um jardim experimental. Nesta área, foram também encontrados maior número de
Medidas da altura da parte área das plântulas, sementes por fruto (U = 2.176,00; p = 0,036), maior número
comprimento e número de folhas foram tomadas em três de flores por planta e maiores taxas de parasitismo
censos. O primeiro censo foi realizado no dia anterior ao (U = 1.184,00; p = 0,026) (tabela 2).
transplante das plântulas e das sementes para sacos plásticos. Todas as correlações genéticas foram significativas,
Os censos 2 e 3 foram realizados 40 e 80 dias após o transplante,
exceto entre peso dos frutos e peso das sementes de
respectivamente. As plântulas consideradas para análise,
indivíduos da área de cerrado ppd (r = 0,095; p = 0,476).
foram apenas aquelas cujo número de réplicas por indivíduo
(planta mãe) foram, no mínimo, igual a quatro, numa tentativa
Não foi constatada diferença entre os coeficientes de
de produzir um padrão balanceado de amostras (Zar 1984). A correlação obtidos para os dados de cada área de coleta
média do número de plântulas utilizadas nos três censos, para (tabela 3).
os três caracteres analisados, foi igual a 392 ± 75,8. A ANOVA Houve assincronia na floração, iniciada tardiamente
para dois fatores foi usada para decompor a variabilidade na área de cerrado ppd (X 2 = 824,63; p < 0,001)
fenotípica total de cada caráter em três componentes: o fator (figura 1).
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Tabela 1. Três componentes principais da matriz de correlação entre medidas de indivíduos adultos de Eugenia calycina
(n = 80) da Reserva Ecológica do Clube Caça e Pesca Itororó de Uberlândia, MG.
Table 1. Three principal components of the correlation matrix among measurements of adult individuals of Eugenia calycina
(n = 80) from the Ecological Reserve of the Clube Caça e Pesca Itororó of Uberlândia, MG.

Medidas Componentes Principais


1 2 3

Altura 0,768 -0,630 0,116


Largura 0,826 0,192 -0,531
Comprimento 0,806 0,404 0,433
Variância explicada pelos componentes 1,920 0,597 0,483
Percentagem do total de variância explicada (%) 64,000 19,910 16,090

O resultado das análises para caracterização F = 4,39; p < 0,001 no censo 2 e F = 3,48; p < 0,001 no
química e física das amostras de solo foi muito similar censo 3 para número de folhas). Entretanto, a maior
entre as áreas. Somente foram significativas as parte das variações encontradas foi devida à plasticidade
diferenças nas proporções de argila (U = 31,00; fenotípica (componente ambiental de variação).
p = 0,034), maiores em solos de cerrado e nas Interações entre os fatores, que descrevem as
concentrações de fósforo (U = 4,50; p = 0,029), que diferenças quantitativas entre os genótipos quanto as
apresentaram maiores valores na área de borda de suas respostas plásticas, foram significativas para ambos
vereda (tabela 4). os caracteres nos três censos, com uma exceção:
Plasticidade fenotípica - A altura das plântulas variou número de folhas no censo 2 (F = 1,06; p = 0,377). Isto
significativamente entre os indivíduos nos três censos, significa que houve diferenças entre plantas, na sua
indicando haver variabilidade genética entre os indivíduos habilidade de apresentar variações plásticas para o
amostrados (F = 4,23; p < 0,001 no censo 1; F = 4,45; comprimento e número de folhas (tabela 5).
p < 0,001 no censo 2 e F = 3,72; p < 0,001 no censo 3). As normas de reação, além de confirmarem as
Entretanto, respostas plásticas somente estiveram indicações da análise quantitativa, mostram ainda, que
presentes no primeiro censo (F = 15,18; p < 0,001), pois, grande parte da variabilidade dos caracteres medidos
nos demais, as variações na altura de plântulas entre os nas plântulas desenvolvidas em solo de vereda no
lotes cultivados nos solos provenientes das duas as áreas primeiro censo foi sendo gradativamente perdida ao
não foram estatisticamente significativas. longo do tempo e que, por ocasião do terceiro censo, as
Analogamente, as interações entre os fatores somente plântulas que se desenvolveram em solos de cerrado
foram significativas no primeiro censo (F = 2,53; ppd já apresentavam maior variabilidade para todos os
p < 0,001) (tabela 5). As normas de reação confirmam, caracteres avaliados (figura 2).
graficamente, este padrão de variação (figura 2), que
aponta para a redução na ocorrência de respostas Discussão
plásticas ao longo do tempo, ou seja, indicam a redução
na diferenciação de plântulas quanto à altura, apesar de As subpopulações de E. calycina não foram
terem sido cultivadas em solos de áreas distintas. Por caracterizadas por diferenças fenotípicas que pudessem
causa disto, a variabilidade genética passou, a partir do ser facilmente visualizadas, tais como tamanho da planta,
segundo censo, a explicar a maior parte das variações número de frutos por planta ou biomassa dos frutos.
fenotípicas, em contraste com o primeiro censo, que Entretanto, houve diferenças no peso e número de
apresentou maior valor de variância no componente sementes por fruto e no número de flores por planta.
ambiental. Segundo Allaby (1994), para a caracterização de
O número e o comprimento de folhas apresentaram ecótipos, basta que sejam detectadas pequenas
significativas variações entre os indivíduos nos três mudanças morfológicas e/ou fisiológicas, relacionadas
censos (F = 4,41; p < 0,001 no censo 1, F = 6,73; P < a um hábitat específico ou que sejam induzidas
0,001 no censo 2 e F = 5,71; p < 0,001 no censo 3 para geneticamente. Por causa disto, acredita-se que
comprimento de folhas; F = 4,15; p < 0,001 no censo 1, E. calycina tenha respondido fenotipicamente formando
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Tabela 2. Caracterização de indivíduos e diferenciação dos ecótipos de Eugenia calycina nas áreas de cerrado propriamente
dito e borda de vereda da Reserva Ecológica do Clube Caça e Pesca Itororó de Uberlândia, MG, quanto ao tamanho (índice
multivariado que considerou a altura, comprimento e largura dos indivíduos), peso dos frutos e das sementes, número de
sementes morfologicamente viáveis por fruto, densidade, número de sementes por fruto, taxa de parasitismo e número de
frutos e estruturas florais por planta.
Table 2. Characterisation of individuals and differentiation of ecotypes of Eugenia calycina in areas of cerrado s.s. and at the
margins of the vereda of the Ecological Reserve of the Clube Caça e Pesca Itororó of Uberlândia, MG, regarding size (multivariate
index considering height, length, and width of the individuals), weight of fruits and seeds, number of seeds morphologically
viable per fruit, density of seeds per fruit, rate of parasitism, and number of fruits and floral structures per plant.

Componentes analisados Cerrado Vereda


Média ± (S) Média ± (S) t p

Tamanho -0,05 ± (0,62) 0,05 ± (1,28) -0,47 0,639


n = 40 n = 40
Peso dos frutos (g) 1,43 ±(0,45) 1,34 ± (0,44) 1,08 0,282
n = 58 n = 63
Peso de sementes (g) 0,23 ± (0,11) 0,30 ± (0,12) -3,91 < 0,001
n = 87 n = 78
U p
N. de estruturas florais/ planta 97,34 ± (104,28) 67,90 ± (125,07) 1.242,00 < 0,001
n = 40 n = 40
Densidade (ind.100m-2) 9,95 ± (7,10) 1,70 ± (1,81) 375,50 < 0,001
n = 20 n = 20
N. de sementes/fruto 1,48 ± (0,70) 1,24 ± (0,53) 2.176,00 0,036
n = 59 n = 63
Taxa de parasitismo 0,94 ± (0,12) 0,84 ± (0,16) 1.184,00 0,026
n = 43 n = 44
N. de frutos/planta 21,05 ± (13,16) 20,77 ± (18,42) 1.059,00 0,337
n = 43 n = 44

ecótipos nas áreas estudadas. As subpopulações sobrevivência nesta planta pode ser maximizada por
também apresentam diferenças quanto à densidade de aumento em biomassa.
ocorrência e taxas de parasitismo apresentadas. Custos para aumento em biomassa de sementes
O maior peso das sementes na área de borda de podem gerar redução no número de sementes
vereda pode ser resultante de seleção direcional, produzidas por frutos, por meio de mecanismos de
dadas as dificuldades de sobrevivência da espécie compensação de investimentos energéticos,
na área que apresenta menor cobertura de copas e, conhecidos por “trade-offs” (Stearns 1989). Assim,
conseqüentemente, menor sombreamento. O fato de a produção de sementes maiores nas plantas de borda
E. calycina apresentar sementes recalcitrantes, que de vereda passaria a ser compensada pela redução
reduzem rapidamente a viabilidade para germinação, significativa no número de sementes produzidas por
após serem colhidas, pode também contribuir para frutos, visto estarem estes caracteres negativamente
dificultar a sobrevivência destes indivíduos em áreas correlacionados. Deste modo, a ocorrência de
de borda de vereda. A ocorrência de indivíduos em “trade-offs” ou seleção disruptiva poderia explicar
menor densidade nesta área corrobora essa as diferenças no peso e número de sementes entre
afirmação. Além disto, Bulow et al. (1994) as áreas estudadas.
constataram que lotes de sementes maiores de Similarmente, as maiores taxas de parasitismo em
E. calycina (peso médio = 0,33 g) apresentaram flores e frutos na área de cerrado poderiam estar sendo
maior taxa de germinação que lotes de sementes compensadas pelo aumento médio de cerca de 43% no
menores (peso médio = 0,19 g), o que sugere que a número de flores produzidas por plantas desta área, em
136 G.L. Cardoso & C. Lomônaco: Variações fenotípicas em Eugenia calycina

Tabela 3. Índice de correlação de Pearson entre peso dos frutos, peso das sementes e números de sementes viáveis por fruto
de indivíduos de Eugenia calycina, nas áreas de cerrado propriamente dito e borda de vereda da Reserva Ecológica do Clube
Caça e Pesca Itororó de Uberlândia, MG.
Table 3. Pearson correlation index among weight of the fruits, weight of the seeds, and number of viable seeds per fruit of
individuals of Eugenia calycina in areas of cerrado s.s. and margin of vereda of the Ecological Reserve of the Clube Caça e
Pesca Itororó of Uberlândia, MG.

Características Cerrado Vereda Z p


r p r p

peso fruto × peso semente 0,095 0,476 0,353 0,005 1,466 < 0,05
peso fruto × n. sementes viáveis 0,420 0,001 0,546 0,0001 0,884 < 0,05
peso sementes × n. sementes viáveis 0,432 0,001 0,376 0,002 0,359 < 0,05

100 Embora diferenças fenotípicas tenham sido


80 encontradas entre os ecótipos quanto às estratégias de
Indivíduos (%)

alocação de recursos nas sementes (isto é, investimento


60
em número ou biomassa), as correlações genéticas
40 foram mantidas, visto não ter havido diferenças
20 significativas entre os coeficientes de correlação
efetuados. Correlações genéticas entre dois caracteres
0
métricos informam sobre a influência de um mesmo
1 2 3 4 5 6
grupo de genes na determinação fenotípica destes
Estágio de floração
caracteres (Falconer 1989). Segundo Kudoh et al.
Figura 1. Estágios de floração de 80 indivíduos de Eugenia (1996) mudanças na associação entre caracteres podem
calycina da Reserva Ecológica do Clube Caça e Pesca Itororó ser menos sujeitos à variação, se comparadas às
de Uberlândia, em áreas de cerrado propriamente dito e borda mudanças na plasticidade do caráter em duas
de vereda (1 - botões verdes; 2 - botões abrindo; 3 - flores subpopulações. Por causa disto, pode-se supor que parte
jovens; 4 - flores senis; 5 - frutos verdes; 6 - frutos maduros), das divergências apontadas entre as subpopulações

„ cerrado; … vereda). possam ter sido geradas por plasticidade fenotípica.
Figure 1. Flowering stages of 80 individuals of Eugenia A assincronia no processo de floração entre as
calycina of the Ecolgical Reserve of the Clube Caça e Pesca áreas poderia ser resultante da variação temporal na
Itororó of Uberlândia, in areas of cerrado and the margin of profundidade do lençol freático (Berg et al. 1987, Lima
the vereda (1 - young buds; 2 - opening buds; 3 - young et al. 1989). Com o início das chuvas na região, os solos
flowers; 4 - old flowers; 5 - young fruits; 6 - mature fruits), de vereda, que se localizam nas porções mais baixas da
( cerrado; … vereda).
vertente, concentrariam maior teor de umidade, que
somente mais tardiamente estaria presente nos solos
relação às de borda de vereda. Esta estratégia parece de cerrado ppd, com o acúmulo de água pluviométrica.
ser eficiente, uma vez que as áreas não diferem quanto A assincronia na floração foi também constatada por
ao número de frutos viáveis produzidos por planta. A Fuzeto & Lomônaco (2000) em estudos nestas mesmas
maior taxa de parasitismo na área de cerrado ppd pode áreas com Cabralea canjerana subesp. polytricha
estar relacionada à maior densidade de ocorrência da (Adr. Juss.) Penn. (Meliaceae), mas, outras evidências
espécie neste local, considerando que a maior precisam ser obtidas para se afirmar se este fenômeno
abundância de recursos permitiria uma maior capacidade poderia ser generalizado para outras espécies ou para
suporte para a população de parasitas. Maad (2000), anos subseqüentes. Maad (2000), por exemplo,
que considerou o número de frutos para estimar êxito acompanhando por três anos a fenologia e morfologia
reprodutivo de Platanthera bifolia (L.) L.C. Rich. de flores e frutos da já mencionada orquidácea
(Orchidaceae), verificou que plantas com maior número P. bifolia, verificou variação nos padrões de seleção
de flores apresentavam maior aptidão, provavelmente destes caracteres, sem contudo apontar o fator-chave
por atrair maior número de polinizadores. gerador destas diferenças. A determinação do período
Revista Brasil. Bot., V.26, n.1, p.131-140, mar. 2003 137

Tabela 4. Caracterização química e granulométrica do solo em áreas de cerrado propriamente dito e borda de vereda na Reserva
Ecológica do Clube de Caça e Pesca Itororó de Uberlândia, MG. (P = fósforo; K = potássio; Al = alumínio; Mg = magnésio;
H+Al = hidrogênio + alumínio; SB = soma de bases; t = capacidade de troca catiônica efetiva; T = capacidade de troca catiônica
a pH 7,0; V = saturação por bases; m = saturação por Al e M.O.= matéria orgânica).
Table 4. Chemical and granulometric characterisation of soil from areas of cerrado and the margin of the “vereda” of the
Ecological Reserve of the Clube Caça e Pesca Itororó of Uberlândia, MG. (P = phosphorus; K = potassium; Al = aluminium; Mg
= ; H+Al = hydrogen + aluminium; SB = sum of bases; t = capacity of; T = capacity of cationic exchange at pH 7.0; V = saturation
by alkali; m = saturation by Al, and M.O. = organic matter).

Componentes analisados Média ± (S)


(n = 6)
Cerrado Vereda U P

Análise granulométrica
Areia grossa (g.kg-1) 423,33 ± (103,67) 476,67 ± (78,40) 7,00 0,076
Areia fina (g.kg-1) 426,67 ± (84,77) 405,00 ± (66,56) 23,50 0,377
Silte (g.kg-1) 18,33 ± (7,53) 13,33 ± (5,16) 25,00 0,212
Argila (g.kg-1) 131,67 ± (18,35) 105,00 ± (16,43) 31,00 0,034
Análise química
pH água (1:2,5) 4,92 ± (0,15) 4,97 ± (0,05) 15,00 0,605
P (mg.dm.-3) 0,40 ± (0,20) 0,78 ± (0,25) 4,50 0,029
K (mg.dm-3) 19,47 ± (10,40) 10,85 ± (2,69) 26,50 0,170
Al (cmolc.dm-3) 0,57 ± (0,12) 0,67 ± (0,05) 9,00 0,120
Ca (cmolc.dm-3) 0,10 ± (0,00) 0,10 ± (0,00) 18,00 1,000
Mg (cmolc.dm-3) 0,00 ± (0,00) 0,02 ± (0,04) 15,00 0,317
H+Al (cmolc.dm-3) 3,13 ± (0,44) 3,25 ± (0,45) 14,50 0,572
SB (cmolc.dm-3) 0,17 ± (0,05) 0,15 ± (0,08) 22,00 0,476
t (cmolc.dm-3) 0,74 ± (0,14) 0,83 ± (0,04) 12,50 0,376
T (cmolc.dm-3) 3,29 ± (0,48) 3,43 ± (0,46) 15,50 0,688
V (%) 5,00 ± (0,89) 5,17 ± (1,60) 19,00 0,866
m (%) 76,67 ± (3,08) 80,17 ± (6,11) 6,50 0,063
M.O. (g.kg-1) 1,23 ± (0,26) 1,25 ± (0,30) 17,00 0,872

de floração pode também ocorrer como resposta a O experimento com transplantes recíprocos de
pequenas quantidades de nutrientes no solo (Sanda & sementes demonstraram que as diferenças nas taxas de
Amasino 1996). Susceptibilidade ambiental na crescimento (altura de plântulas), número e tamanho de
caracterização do período de florescimento em três folhas foram geradas não somente por divergências
populações de Arabidopsis thaliana (L.) Heynh genéticas entre plantas, mas também por plasticidade
(Brassicaceae) também foi descrita por Pigliucci (1997), fenotípica. Também foi demonstrado que indivíduos
com base na qualidade nutricional edáfica. apresentaram diferentes respostas plásticas. Organismos
Uma outra hipótese que poderia explicar o atraso diferem em sua habilidade de responder às variações
na floração de E. calycina em áreas de cerrado ppd foi ambientais (Callahan et al. 1997), podendo, inclusive não
elaborada por Kudoh et al. (1996), com base em dados apresentar plasticidade, o que é denominado canalização
empíricos coletados em Cardamine flexuosa With. (Stearns 1989, Weinig 2000). O potencial para a
(Brassicaceae). Estes autores acreditam que o plasticidade pode diferir entre indivíduos de uma
investimento em grande número de estruturas população porque existem genes específicos para a
reprodutivas pode prolongar o período pré-floração. plasticidade fenotípica que atuam como elementos
Kowalski et al. (1994) também já haviam verificado regulatórios (Schilichting & Pigliucci 1995, Pigliucci 1996).
que atrasos na floração resultam da transição tardia do Uma vez que todas as plântulas desenvolveram-se
crescimento vegetativo para o crescimento reprodutivo sob as mesmas condições microclimáticas (temperatura,
em um ecótipo de A. thaliana. umidade relativa do ar e quantidade de água para rega),
138 G.L. Cardoso & C. Lomônaco: Variações fenotípicas em Eugenia calycina

diferenças nas influências ambientais só poderiam ter


C3 sido causadas pelas distintas características físicas e
químicas dos solos amostrados. É interessante notar que,
Altura da parte aérea

apesar das concentrações dos elementos químicos e da


análise granulométrica parecerem muito similares,
algumas diferenças em determinado elemento como P,
foram suficientes para gerar respostas plásticas nas
C1 plantas neles cultivadas neste experimento. Hart &
Coevillec (1988) verificaram, por exemplo, que
diferentes concentrações de fósforo no solo induziram
a formação de variedades altamente adaptadas de
Trifolium repens L. (Fabaceae). Solos mais ricos em
Áreas fósforo também influenciaram o desenvolvimento de
sementes maiores em Senecio vulgaris (L.) Hayer
(Asteraceae) (Aarssen & Burton 1990) e Rorippa
nasturtium-aquaticum (L.) Hayeck (Brassicaceae)
(Austin 1966). Experimento similar a este, feito com A.
thaliana, demonstrou que distintas concentrações de
C3
Número de folhas

nitrogênio, fósforo e potássio no solo podem gerar


respostas plásticas, promovendo variações no período
de desenvolvimento (tempo para floração), número de
folhas e frutos e altura da planta, além de outras diversas
características (Pigliucci et al. 1995, Pigliucci &
C1
Schichting 1996). Entretanto, não se sabe, ao certo, se
variações destes nutrientes puderam efetivamente
contribuir para a formação de ecótipos em E. calycina
nas áreas estudadas, visto que os indivíduos não foram
Áreas acompanhados até a fase adulta. Além disto, as áreas
poderiam também divergir quanto à disponibilidade de
água, por apresentarem diferentes perfis
granulométricos, o que não foi reproduzido em
laboratório. Pelo contrário, a oferta ilimitada de água
Comprimento das folhas

C3 para sementes e plântulas em desenvolvimento poderia


ter sido responsável pelas modificações nas normas de
reação ao longo dos censos efetuados, reduzindo as
diferenças fenotípicas observadas.
Os dados obtidos confirmam a atuação da
C1 plasticidade fenotípica como mecanismo gerador de
variabilidade fenotípica e apontam sua importância nos
processos adaptativos e evolutivos envolvidos na
formação de ecótipos nas áreas de cerrado recortadas
por veredas.
Áreas

Figura 2. Normas de reação da altura da parte aérea; número Figure 2. Reaction norms of height of the shoots, number
de folhas e comprimento das folhas de plântulas de Eugenia of leaves, and length of leaves of cultivated seedlings of
calycina cultivadas em solos de borda de vereda (1) e cerrado Eugenia calycina on the soils of the margin of a vereda
propriamente dito (2). Os símbolos (z) representam valores (1) and cerrado s.s. (2). The symbols (z) represent average
médios por área de borda vereda e os símbolos ( { ) values per area of the margin of the vereda and the symbols
representam valores médios por área de sementes advindos ( { ) represent average values per area of seeds from
do cerrado ppd. C1 = censo 1; C3 = censo 3. cerrado s.s.
Revista Brasil. Bot., V.26, n.1, p.131-140, mar. 2003 139

Tabela 5. ANOVA para dois fatores (genótipos e ambiente) das medidas de altura da parte aérea, comprimento e número de
folhas de plântulas de Eugenia calycina desenvolvidas em solos de cerrado propriamente dito e borda de vereda. (censos 1,
2 e 3).
Table 5. ANOVA for two factors (genotype and environment) of the measurements of the shoots, length and number of leaves
of seedlings of Eugenia calycina developed on cerrado soils s.s. and margin of vereda (census 1, 2, and 3).

Variável Fonte Censo 1 Censo 2 Censo 3


MQ F p MQ F p MQ F p

Altura da parte aérea Genótipo 5,15 4,23 < 0,001 8,68 4,45 < 0,001 7,38 3,72 < 0,001
Ambiente 18,49 15,18 < 0,001 2,06 1,06 0,305 2,33 1,18 0,279
GxE 3,08 2,53 < 0,001 2,15 1,10 0,324 2,71 1,37 0,095
Erro 1,22 1,95
Comprimento das folhas Genótipo 0,80 4,41 < 0,001 4,06 6,73 < 0,001 4,55 5,71 < 0,001
Ambiente 7,83 42,95 < 0,001 9,73 16,16 < 0,001 7,09 8,91 0,003
GxE 0,36 1,99 0,001 1,18 1,97 0,001 1,40 1,76 0,005
Erro 0,18 0,60 0,80
Número de folhas Genótipo 17,25 4,15 < 0,001 37,31 4,39 < 0,001 40,94 3,48 < 0,001
Ambiente 140,58 33,85 < 0,001 191,47 22,54 < 0,001 330,78 28,11 < 0,001
GxE 6,15 1,48 0,038 9,02 1,06 0,377 16,99 1,44 0,048
Erro 4,15 8,49 11,77

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