Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Artigo CONCEPÇÕES TEÓRICAS ACERCA DE EDUCAÇÃO EM ARTE CULTURA VISUAL
Artigo CONCEPÇÕES TEÓRICAS ACERCA DE EDUCAÇÃO EM ARTE CULTURA VISUAL
RESUMO
ABSTRACT
The present article reflects on the theoretical approaches about art-education, addressing
issues such as visual culture, interculturality, inter-territoriality and image reading. Since in
the contemporaneity we live the “inter” era, with experiences also in the virtual environment,
it has become necessary to think an education in art that enables the comprehension of the
cultural codes that cross the social relations of daily life, such as gender, ethnicity, culture,
religion and sexuality, to rearticulate a critical vision of the world. The dialog about this
theme with Hernandez (2000), Amaral (2008), Barbosa (2008) and Richter (2008), among
others, shows that intercultural education through art sets a crossing of borders that, before
seeing the diversity of codes as a problem, recognizes it as power for the learning about
oneself and about others.
Figura 1 – Johann Moriz Rugendas, “Mercado de negros, Voyage Pitoresque dans le Brésil”,
litografia, 1835. Disponível em: <https://br.pinterest.com/pin/737183032727591444/ >.
Acesso em: 20 jan. 2019.
Figura 2 – Frans Krajcberg, esculturas da série “Africana”, fim dos anos 1980. Disponível em:
<http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa10730/frans-krajcberg>. Acesso em: 20 jan.
2019.
Outro artista que imprimiu à sua poética plástica características da arte afro-brasileira
foi Rubem Valentim, a partir da segunda metade do século XX, o que ele próprio expressa no
seu “Manifesto ainda que tardio”, escrito em 1976, no qual assim expõe:
As obras de Valentim não buscam uma fidelidade realista figurativa, mas recriam,
por meio de formas geométricas, o universo da cultura afro-brasileira. Em análise desta
imagem pela ótica formal, notamos que o artista lança mão de tons terrosos, talvez para
representar a terra, de onde, ao mesmo tempo, se originam recursos para a manutenção da
vida (por exemplo, a alimentação), sendo também o lugar que recebe os mortos.
Observamos, ainda, que o artista usa figuras geométricas estruturadas, simbolizando,
de maneira sobreposta, o design dos instrumentos utilizados nos cultos de candomblé, tais
como o leque espelhado (abebê), um cajado (opaxarô), a lança (seta). No centro da imagem,
percebemos uma espécie de escada, que aponta em direção a uma figura circular, parecendo
simbolizar um destino, um objetivo, um mestre, uma cabeça; um ori, enfim, uma divindade
que deve ser alcançada. Neste ponto da imagem, notamos a representação de duas figuras
humanas, frente a frente, um encontro entre o eu e o outro, a relação que permite ao humano
conhecer a si mesmo, porque o outro se constitui nosso espelho na relação de alteridade, não
porque seja a repetição do que somos ou porque seja algo a ser imitado; como menciona
Leitão (acesso em 3 abr. 2019), é espelho justamente por ser diferente, o que nos remete ao
olhar para nós mesmos, sem o que não há o olhar, a alteridade e o respeito ao outro e ao
mundo.
LEITURA DE IMAGENS E PROTAGONISMO JUVENIL
ÚLTIMAS CONSIDERAÇÕES
BARBOSA, Ana Mae. "A arte ajuda a criar um ensino ativo", diz arte-educadora pioneira.
Gauchazh, Porto Alegre, 29 out. 2016. Entrevista concedida a Carlos André Moreira.
Disponível em: <https://gauchazh.clicrbs.com.br/porto-alegre/noticia/2016/10/a-arte-ajuda-a-
criar-um-ensino-ativo-diz-arte-educadora-pioneira-8046706.html>. Acesso em: 3 mar. 2019.
DIAS, Belidson. Entre arte/educação multicultural, cultura visual e teoria Queer. In:
BARBOSA, Ana Mae (Org.). Arte/educação contemporânea: consonâncias internacionais.
São Paulo: Cortez, 2005. p. 277-291.
FERNÁNDEZ-CAO, Marián López. Educar o olhar, conspirar pelo poder: gênero e criação
artística. In: BARBOSA, Ana MAE; AMARAL, Lilian. (Orgs.). Interterritorialidade:
mídias, contextos e educação. São Paulo: Senac, 2008. p. 69-85.
LEITÃO, Débora Krischke. Arte de sensibilizar o olhar ou por que ensinar antropologia?
Disponível em:
<https://www.academia.edu/33407072/A_Arte_de_Sensibilizar_o_Olhar?auto=download>.
Acesso em: 3 abr. 2019.
MASON, Rachel. Por uma arte-educação multicultural: uma visão pessoal. Campinas:
Mercado das Letras, 2001.
OLIVEIRA, Sandra Ramalho e. Imagem também se lê. São Paulo: Edições Rosari, 2005.
RICHTER, Ivone Mendes. Arte e interculturalidade: possibilidades na educação
contemporânea. In: BARBOSA, Ana MAE; AMARAL, Lilian. (Orgs.).
Interterritorialidade: mídias, contextos e educação. São Paulo: Senac, 2008. p. 105-111.
VALENTIM, Rubem. Manifesto ainda que tardio. In: ARAÚJO, Emanoel. (Org.). A mão
afro-brasileira: significado da contribuição artística e histórica. São Paulo: Tenenge, 1988. p.
294-295.
1
Doutor em Educação pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). Artista plástico, professor de Arte e
gestor escolar na Secretaria Estadual de Educação do Espírito Santo. E-mail: uillian.trindade@gmail.com