Você está na página 1de 22
ODE s2225858 natn asin Revista Brasileira de Agroecologia updo ong/10.332400tba VIL ESTRUTURACAO AGROECOLOGICA NO AMBIENTE INSTITUCIONAL DO AMAPA: O VELHO, PROMOVENDO O NOVO ‘Structuring Agroecology in Amapa institutional environment: the old promoting the new ‘Ana Karolina Lima Pedrada’, Oriana Trindade de Almeida’, Sérgio Luiz de Medeitos Rivero’, Tiago [delfouso e Silva Pedrada! Docent do lnsitto Faecal do Amp, Doutoranda do Programa da Pie Gradua do Deseaolvinanto Sustentivel do Trpieo ‘Gano (PPDSTU) da Universidade Federal do Par (UFPA), Belem, Brasil Oreid 0000-0001-7763-9749 email na imal@iap edu br ® Docente do Programa de Pox-Grasiogso do Desenvolvimento Stwtentvel do Tripico Umado (PPDSTU) da Universidade Feral do Pars (UPA), Bela, Bras. Deutore om Ciéacias Ambirtats pla Unverty of Londen, UL, Ilan reid 0000-0002-4254-7982 ‘siraio Luiz do Madeios Rivero. Docente da Univaredade Federal de Campina Grande, Campina Grane, Brasil Doutor am ‘Deseavolvmento Sunteativel do Teipico Uns (PPDSTU) da Universidade Federal do Park (UFBA), Belem, Bran. Orsd C000.0002. 7723-2857 email ergolmnvero@amail om “ringo astons Siva Postesa. Docens dy Insta Fadel do Ansa Mes am Deseret Regional de Unwerssase ‘adr io Amps, Maps, Bren. Orsd O0o0-0002-064"-6232 email nan psd tap abe RESUMO Este artigo tem como objetivo entender o papel do agticultor familiar do Amapi como forga impulsionadora na formasi0 de um ambiente instineional agroecol6gico em nivel estadval, a parr do diflogo entre estes eos agentes instiucionais do cstado. O trabalho fi feito, com bse an aulise documenta e em entrevisas abestas e semicstrtradas, com agentes qe partciparam da foumagio da Politica Estadual de Agioecologia do Amapa, da Comissto Produgdo Orgiaica, e com Hiderangas de agricultores fumiliaes. © resultado mostou que houve evolugio nn estruturagto do marco legal da fagroecologia, No processo, 0s agentes do govemo relataram baixa paricipagao das movimentos socials agroecologicos estruturantes, eaquanto os agricultores celataram uecessitar de um didlogo unis prdsimo, Desde 2017, essa elagdo evoluiv| os instrumentos para a construgto de politics foram consolidados, resultados da presenca social cada vez mas ativa das comunidades tradicionais na formagao de um novo ambiente institucional Palavras-chave: Agroevologia, Populagdes tadicionas, Pliica publica, Agricul familia ABSTRACT “This article aims to understand the role of Amapa's family farmer as a driving force in the formation of an agroscological institutional environment atthe state level, based on the dialogue between them and instittional agents of the state. A ddocumeat analysis and open and semi-structured interviews were carried out With ageats who pacticipated inthe formation of the Amapa’s State Policy on Agroscology, Organic Production Commission and leaders of family farmers. The result showed that there was an evolution inthe suucturing ofthe agroscology legal amework. Ia the process, government agents reported low pastcipation of sueturing agroecological social movemeats. Oa the other han, farmers reported needing a closer dialogue, Since 2017, this relationship has grown and the instroments for builng policies have been consolidated, asa result ofthe active socal peseace of waditional communities ia the formation of a aeW isttuioual environment. Keywords: Agroccology, Traditional populations, Public policy. Family farming (COMO CITAR: PEDRADA, Ana KL. et al ESTRUTURAGAO AGROECOLOGICA NO AMBIENTE INSTITUCIONAL DO AMAPA: 0 VELHO, PROMO. ‘VENDO O NOVO Revista Brasileira de Agrocclogi, 17,2. p 50-71. ISSN: 1980-9735, DOF ips: do.orp10.33240 ba 171225573 cmos bene se ESTRUTURACAO AGROECOLOGICA NO AMBIENTE INSTI agroecologia TUCIONAL DO AMAPA: 0 VELHO, PROMOVENDO 0 NOVO a TEDRADA, Am KL. eal Revista Brasileira de Agroecologia INTRODUGAO A agroecologia vem se englobando & préticas importantes de produgao agricola e de reprodugio social, sendo vista como uma alternativa de agricultura sustentavel, que visa a0 fornecimento de alimentacio saudavel para a populacio, através de um conjunto de priticas ecolégicas promovidas por pequenos agricultores. A consolidagao da agroecologia no Brasil foi um longo processo, iniciado nas décadas de 1980-1990, com base na capacitagao de agricuttores ¢ de técnicos na experimentagdo nmitua ou compartilhada (NIEDERLE et al., 2019), que culminou com um primeiro grande marco legal: a criagdo da Politica Nacional de Agroecologia e Produgao Organica (PNAPO), em 2012, getida pela Comissao Nacional de Agroecologia e Produgdo Organica (CNAPO) € pela Camara Interministerial de Agroecologia e Producio Orginica (CIAPO), a qual induziu e influenciou a criagao de Politicas Estaduais de Agroecologia e Produgio Organica (PEAPO) xno bojo da institucionalizagio da agroecologia nos estados brasileiros. A agroecologia se consolida como um movimento social no Brasil, alicergada pela resisténcia & hegemonia do agronegécio, estabelecida no pais desde a adogio das priticas teenolégicas aplicadas na agricultura, na Revolugio Verde (CHECHI, 2017), Entretanto, a construgao dos marcos regulatorios da Agroecologia e da produgao organica nio se deram somente com base nas ages de governo, vém se consolidando como o estudo integrativo da ecologia dos sistemas alimentares, que, abrangendo as dimensdes sociais & politicas, estabelece espacos de didlogos entre camponeses, com seu conhecimento tradicional ancestral, e académicos, com seu conhecimento cientifico (FRANCIS et al., 2003; MENDEZ; BACON; COHEN, 2013). As politicas publicas voltadas para a regulamentagao da Agroecologia no Brasil estio sendo mareadas pela atuacdo de movimentos da sociedade civil como movimentos sociai sindicais e académicos e fazem parte da historia das mobilizagdes de populagdes rurais tradicionais, que enfrentaram tendéncias historicas de marginalizacio e de precarizacio de suas condigdes de vida, com os abjetivos de propor e de implementar altemativas ao modelo de agricultura convencional ensejado pela Revolug3o Verde (GUENEAU et al, 2019a; TROVATTO et al., 2017). [REVISTA BRASILEIRA DE AGROECOLOGIA ‘np evstas.aba-agroecologia oe be Esta ob poseat Copynight seta st Vioeciada através da CC BY NCSA cmos bene se ESTRUTURACAO AGROECOLOGICA NO AMBIENTE INSTI- agroecologia TUCIONAL DO AMAPA: 0 VELHO, PROMOVENDO 0 NOVO Revista Brasileira de Agroecologia PEDEADA- Ame I ah No segundo semestre de 2021, 19 estados brasileiros possuiam seus marcos regulatérios aprovados como Lei ou com aprovagaio em andamento, Destes, 13 estados jé possuiam suas PEAPO estabelecidas. A trajetéria dos estados no processo de aprovagdo destas politicas tem cariter peculiar ¢ inerente a cada realidade. Enquanto os primeiros marcos regulatérios estaduais, eriados no RS, no PR e em MG, foram fortemente ancorados por movimentos sociais e finalizados apenas dois anos, apés a promulgagao das leis em nivel federal (2014), outros estados sé finalizaram este processo quase 10 anos depois (GUENEAU et al., 2019a: NIEDERLE et al., 2019; SABOURIN; SILVA; AVILA, 2019). No Sul e no Sudeste do pais, a institucionalizago da Agroecologia foi impulsionada principalmente por um universo heterogéneo de organizagdes no govemamentais, de movimentos sociais e de organizagdes de agricultores familiares (NIEDERLE et al., 2019). Nas regides Centro-Oeste, Sul e Sudeste do pais, as politicas piblicas para a Agroecologia foram impulsionadas pela necessidade de fomento as agriculturas altemativas promovidas pelos agricultores familiares, face ao processo acelerado de modernizacao do campo, em que os movimentos sociais foram assumindo um cardter cada vez mais politico. Na Regido Nordeste, o processo se desenvolveu, a partir da necessidade de os agricultores familiares terem acesso a tecnologias para trabalhar no Semidrido, enquanto, na Regidio Norte, nasceu da critica ao processo de modemizagao da agricultura e a seus efeitos na Amaz6nia brasileira, associada as lutas dos povos tradicionais em defesa de seus territérios (NIEDERLE et al... 2019; SABOURIN; SILVA; AVILA, 2019; SAMBUICHI et al., 2017). Assim, apesar dos instrumentos politicos de apoio e de incentive em nivel nacional, as trajetorias de implantagao do sistema politico para a Agroecologia nos estados tém caminhos peculiares e, nuitas vezes, fortemente ancoradas no papel da agricultura familiar, em que estes atuam como agentes ativos (ou nio) na promocio de um ambiente institucional agroecolégico, podendo impulsionar 0 desenvolvimento, vinculado a produgao agroecol6gica. [REVISTA BRASILEIRA DE AGROECOLOGIA ‘np evstas.aba-agroecologia oe be Esta ob poseat Copynight seta Fvnoiada aac do CC BY-NC'S: cmos bene se ESTRUTURACAO AGROECOLOGICA NO AMBIENTE INSTI agroecologia TUCIONAL DO AMAPA: 0 VELHO, PROMOVENDO 0 NOVO a TEDRADA, Am KL. eal Revista Brasileira de Agroecologia Esse trabalho tem como objetivo entender o papel do agricultor familiar na formagio de um ambiente institucional agroecoldgico no estado do Amapa, a partir do didlogo com agentes institucionais e com lideres de agricultores familiares envolvidos no proceso. O trabalho parte da hipotese de que o agricultor familiar amapaense ¢ ativo e influente na formaco do ambiente institucional agroecologico do estado, Este trabalho é relevante porque so poucos 60s estudos voltados para as politicas ¢ programas estaduais visando entender quais sto as conceituacées da Agroecologia apoiadas pelos atores os processos por meio dos quais as ideias agroecoldgicas so incorporadas pela ago piblica (GUENEAU et al., 2019). METODOLOGIA Inicialmente, a pesquisa partiu de andlises documentais, que se basearam nos decretos e nas leis da Presidéncia da Repiblica do Brasil e do estado do Amapé; nas atas de reunides do Ministério da Agricultura, Pecudria Abastecimento (MAPA), referentes 4 formagao ¢ a atuagiio da Comissio de Produgio Organica (CPOrg) do Amapé; ¢ nos documentos da Secretaria de Desenvolvimento Rural do estado (SDR-AP), como 0 banco de dados dos agricultores familiares ¢ 0 Relatério de Elaboragio ¢ Sistematizagio da PEAPO do Amapa, Em seguida, foram realizadas entrevistas abertas, via reunides on-line ou e-mail, com nove agentes que trabalham nos érgios de assisténcia técnica e de extensio rural e que participam ativamente da CPOrg-AP e da PEAPO-AP, com a devida anuéncia prévia do Conselho de Etica na Pesquisa (CAAE: 38065120.0.0000.0003). As entrevistas ocorreram no ano de 2021 e duraram cerca de cinquenta minutos, cada uma, Nessas entrevistas, foram abordados temas, como politicas pablieas, incentivos, prognésticos e dificuldades enfrentadas em uma possivel estruturagdo institucional ¢ fortalecimento social das comunidades propulsoras do desenvolvimento rural no estado. Esses agentes pertenciam aos 6rgios institucionais SDR-AP, MAPA, Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecudria (EMBRAPA), Universidade Federal do Amapé (UNIFAP), Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econémico de Macapd, Servigo Brasileiro de Apoio as Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE) ¢ Instituto de Desenvolvimento Rural do [REVISTA BRASILEIRA DE AGROECOLOGIA ‘np evstas.aba-agroecologia oe be Esta ob poseat Copynight seta Fvnoiada aac do CC BY-NC'S: cmos bene se ESTRUTURACAO AGROECOLOGICA NO AMBIENTE INSTI- agroecologia TUCIONAL DO AMAPA: 0 VELHO, PROMOVENDO 0 NOVO Revista Brasileira de Agroecologia PEDEADA- Ame I ah Amapa (RURAP). Dado o pequeno mimero de envolvidos no tema da Agroecologia no ambiente institucional amapaense, no presente trabalho, slo apresentadas as falas dos(as) entrevistados(as), sem referéneia a instinuigdo, a qual estavam vinculados(as), de forma a garantir 0 anonimato, Para conhecimento de campo e para observagao, foram feitas visitas informais prévias a cinco comunidades agricolas localizadas na area rural de Macapa, capital do estado, que produzem alimentos com priticas agroecoldgicas e que recebem algum tipo de assisténcia técnica de uum dos érgios presentes na CPOrg-AP. Essas comunidades so: Polo da Fazendinha; Mini polo da Fazendinha; Comunidade do Coragio; Comunidade do Trem; e Comunidade do Km 09. Por fim, também foram entrevistados(as), in loco, lideres destas comunidades no ano de 2021. Nessas entrevistas, que duraram em média uma hora, foram abordados temas, como trajetorias historieas, participagao em movimentos sociais, acesso a eréditos rurais, uso de praticas agroecolégicas, saberes tradicionais e necessidades e anseios no campo. Também se abordaram, junto a estas lideraneas comunitarias, tanto temas levantados pelos agentes assistencialistas quanto os que foram identificados no Relatério de Elaboragio e Sistematizagio da PEAPO-AP da SDR-AP. Para efeito de organizagao das falas, os agentes de assisténcia técnica dos érgios entrevistados estio identificados, na pesquisa, com letras e os lideres agricolas, com niimeros. De posse dos dados levantados, foi feita a interpretagdo do contetido, lendo e transerevendo integralmente as entrevistas, a fim de obter respostas aos questionamentos inicialmente evantados na pesquisa RESULTADOS E DISCUSSAO. No estado do Amapé, o cenario de estruturagio de politicas para a Agroecologia historicamente marcado pela forte presenga da agricuttura familiar e sua luta pela existéncia e resisténcia pela terra, que busca democratizar a producio e consumo trazendo a luz a Agroecologia no estado, sensivel 4 qualidade das relagdes sociais dado sua tervitorialidade (FERNANDES, 2002; WANDERLEY, 2014). [REVISTA BRASILEIRA DE AGROECOLOGIA st Esta ob poseat Copynight seta np /evistasabaagroeotogia og be Fvnoiada aac do CC BY-NC'S: cmos bene se ESTRUTURACAO AGROECOLOGICA NO AMBIENTE INSTI agroecologia TUCIONAL DO AMAPA: 0 VELHO, PROMOVENDO 0 NOVO a TEDRADA, Am KL. eal Revista Brasileira de Agroecologia No Amapé a Revolugio Verde, que introduziu téenieas de produgdo tidas como modemas (automatizagio do campo, uso de agrotéxieos, de fertilizantes quimicos ou Organismos Geneticamente Modificados), nao ocorreu em sua totalidade, dado os contextos de formagio sociocultural, ambiental e econdmico da regio (COSTA, 2000; MATTOS et al., 2010). Assim, @ inacessibilidade a pacotes tecnolégicos, por parte dos agricultores familiares amapaenses, acabou fortalecendo 0 uso de praticas agroecologicas tradicionais na regio, representando uma oportunidade de adequacdo as normas orgnicas previstas em Lei. Serdo dois os instrumentos legais a serem analisados nesta pesquisa: a construgao da CPOrg-AP e a construgio da PEAPO-AP. A Comissio de Produgao Organica (CPORg), quando implantada e ativa nos estados brasileitos, é formada por representantes do setor ptiblico e por entidades da sociedade civil. Além das attibuigées previstas em lei, essa comissio também lidera levantamentos & diagnésticos da agricultura familiar, quanto a capacidade de formagao ou fortalecimento de organizacées sociais, para a possivel formacio do Sistema Participativo de Garantia (SPG) ‘ou Organizacao de Controle Social (OCS), em consonancia com a Instrugio Normativa n° 13/2015/MAPA e com o Decreto n° 6.323/2007. que dispde sobre a Agroecologia e produgio organica. De acordo com MAPA, no segundo semestre de 2021, todos os estados brasileiros, mais 0 Distrito Federal, j4 tinham uma CPOrg implantada ¢ ativa em suas regides, fortalecendo e apoiando principalmente os pequenos agricultores familiares, que buscam. produzir produtos organicos com bases agroecolégicas. A primeira CPOrg-AP foi estabelecida em agosto de 2012, pela portaria n° 66, da SE/SFA/MAPA/AP, por pressio da EMBRAPA, um dos érgiios mais atuantes nas areas agroecologica e organica no estado. Essa comissio era constituida por membros do MAPA, da EMBRAPA, do Instituto Nacional de Colonizagio e Reforma Agraria (INCRA), da Agéncia de Defesa Agropecuiria do Amapé, da RURAP, da Universidade do Estado Amapa (VEAP), do Instituto de Pesquisas Cientificas e Tecnolégicas do Estado do Amapa (IEPA) e por lideres dos horticultores familiares residentes na area chamada Cinturio Verde, localizada na érea rural do municipio de Macapa. Porém, por falta de efetividade, 0 mandato [REVISTA BRASILEIRA DE AGROECOLOGIA ‘np evstas.aba-agroecologia oe be Esta ob poseat Copynight seta Fvnoiada aac do CC BY-NC'S: cmos bene se ESTRUTURACAO AGROECOLOGICA NO AMBIENTE INSTI- agroecologia TUCIONAL DO AMAPA: 0 VELHO, PROMOVENDO 0 NOVO Revista Brasileira de Agroecologia PEDEADA- Ame I ah dos membros nio foi continuado, conforme preestabelecido por lei, ficando a CPOrg-AP inativa, até o ano de 2017. A segunda tentativa de reconduzir a CPOrg-AP ocorreu em outubro de 2018 na SFA/MAPA, ‘mais uma vez, articulada pela EMBRAPA. Na primeira reunido desta segunda tentativa, foi apresentada a necessidade da atuagao de uma CPOrg no estado ¢ foi discutida a caréncia de atuac&io das instituigdes nfo governamentais nos interesses institucionais, ligados a Agroecologia. Nas duas reunides seguintes (novembro e dezembro de 2018), foram feitos 0 delineamento, a construgao e a aprovagao do regimento interno da CPOrg-AP, bem como foi feita a sua divulgactio para a comunidade externa, a partir de seminarios promovidos pelas instituiges envolvidas. Apés a divulgagdo, surgiu o interesse de instituigdes nado governamentais, como cooperativas, grupos ou associagdes de povos tradicionais (agricultores familiares, quilombolas, ribeirinhos e indigenas), em participar das reunides. Quase sete anos depois da primeira tentativa, em junho de 2019, uma nova CPOrg-AP foi instituida, atrav Agricultura do Amapa (SE/SFA/MAPA/AP), e, em setembro de 2019, através da Portaria n° 137, da SE/SFA/MAPA/AP, foi publicado o regimento interno da comissio no Diario Oficial ss da Portaria n° 85, da Secretaria Executiva da Superintendéneia Federal de da Unido, determinando suas atribuicdes. A nova formagao da CPOrg-AP é composta por 19 entidades, divididas entre membros titulares e suplentes: sociedade civil (12 organizagdes); governo federal (4 organizagdes); governo estadual (3 organizagdes), mostrando um aumento expressivo da participagdo social na construgdo do ambiente institucional de incentivo Agroecologia, proporcionando maior viabilidade na CPOrg-AP e pretensio de construgio de diilogos mais articulados e mais demoeriticos entre os atores. Atualmente, a CPOrg-AP tem a funetio de auxiliar os agricultores familiares que trabalham, com Agroecologia, apoiando-os ¢ capacitando-os na transigdo agroecolégica, na venda de produtos ecolégicos, além de buscar adequar as estratégias de manejo is normas de produgio organica, bem como viabilizar a formagio legal de uma OCS ou SPG, a partir do fortalecimento da organizagao social dos agricultores. Todavia, a CPOrg-AP no € uma [REVISTA BRASILEIRA DE AGROECOLOGIA 56 Esta ob poseat Copynight seta np /evistasabaagroeotogia og be Fvnoiada aac do CC BY-NC'S: cmos bene se ESTRUTURACAO AGROECOLOGICA NO AMBIENTE INSTI agroecologia TUCIONAL DO AMAPA: 0 VELHO, PROMOVENDO 0 NOVO a TEDRADA, Am KL. eal Revista Brasileira de Agroecologia instituigZo atuante no estado, ¢ consequentemente, nfo foi ativa na construgio da PEAPO- AP. A sede do MAPA no estado, com sua cultura institucional instalada, nao busca fortalecer lagos com os agricultores familiares da regido, limitando-se apenas como um agente regulador. Em regra geral, com excegio dos estados do RJ ¢ AM, as CPOrg-UF niio foram ativas na construgao das PEAPO-UF, porém, em alguns casos (RS, PA, DF, PR, SP) 0s atores que circulam na CPOrg também cireulam nos espagos especificos dedicados a construgio das PEAPO (NIEDERLE et al., 2019), assim como aconteceu no Amapi. Quanto a construgio das PEAPO-UF no Brasil, na regiio Norte do pais, trés estados se destacam quanto na construgtio da PEAPO: o Amazonas, Par e Amapa, todos consolidados pelas priticas tradicionais em defesas tervitoriais. As discusses sobre a institucionalizagio da Agroecologia no territorio brasileiro, foram promovidas predominantemente promovidas por agricultores familiares produtores de movimentos agroecolégicos, organizagao privada de produgdo organica e/ou setor piiblico (SABOURIN; SILVA; AVILA, 2019). No Amazonas e no Para, esta construcio foi impulsionada por movimentos sociais, e mesmo havendo coalizdes (alguns movimentos apoiam uma representag3o da Agroecologia capitalizada e outros defendem uma visio politizada), os atores se reuniram para enfrentamento ao agronegocio tradicional (NIEDERLE et al., 2019). Ja no estado do Amapa, aconstrugao da PEAPO foi impulsionada pela SDR e pela EMBRAPA. © Amazonas é 0 inico estado na regio Norte cuja Lei estadual é regulamentada, com sua primeira versio prommlgada em — 2015, porém, em ~—decorréncia— de criticas formuladas por movimentos sociais quanto a falta de _participagio de entidades agroecologicas no processo de construgao do PL e diante da sua fragilidade ‘no entendimento dos processos, culturas locais e suas caracteristicas de produgdo, uma nova Jei foi elaborada e promulgada em 2018 (GUENEAU et al., 2019a). No Para, 0 estado conta com uma vasta experigncia no que condiz Agroecologia ¢ produgio organica promovida pelas comunidades tradicionais (ASSIS; PIRAUX: AZEVEDO, 2019). Estas experiéneias datam desde 1993, quando o Grupo de Assessoria em Agroecologia na Amazonia (GINA) iniciou processos de difusto do conceito agroecolégico nas comunidades rurais e no meio [REVISTA BRASILEIRA DE AGROECOLOGIA ‘np evstas.aba-agroecologia oe be Esta ob poseat Copynight seta Fvnoiada aac do CC BY-NC'S: cmos bene se ESTRUTURACAO AGROECOLOGICA NO AMBIENTE INSTI agroecologia TUCIONAL DO AMAPA: 0 VELHO, PROMOVENDO 0 NOVO a TEDRADA, Am KL. eal Revista Brasileira de Agroecologia técnico. Mas a discussio sobre a construgdo da PEAPO-PA é recente em decorréncia de a forga politica estadual ser desfavorivel & Agroecologia e a agricultura familiar entre o periodo de 2011-2018 ¢ favordvel ao agronegécio (NIEDERLE et al., 2019). Apesar do censtio politico, esta construgdo aconteceu em 2019, mas com pouca participagio social, limitando-a aos eanais digitais da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agropecuirio & da Pesca (SEDAP-PA), orgio responsével pela construgio. Atualmente a minuta do PL encontra-se com a Procuradoria Geral do Estado. No estado do Amapa, as discusses sobre a Agroecologia iniciaram 2003, com a atuagao do SEBRAE e da EMBRAPA, na execuedo do projeto de cariter agroecoldgico Gesrio Orientada para Resultados, nas comunidades rurais ¢ 0 processo de construgao da PEAPO- AP foi intensificado a partir de 2016, dado a necessidade de institucionalizar a produgio agroecologica jé existente no estado, a fim de eriar um mercado. A falta da PEAPO no estado, segundo um assistencialista “[. inviabilizava a organizagio da produgio ¢ a pretensa certificagio dessa para comercializagao € promocio do desenvolvimento sustentavel na regio pautado na Agroecologia” (relato pessoal de F, 2021). Outros incentivos também foram apontados, pelos téenicos assistencialistas entrevistados como importantes para a construco da politica, como o comprometimento dos agricultores familiares com a Agroecologia, além do fomento ao empreendedorismo agricola ¢ o fortalecimento das cadeias produtivas locais. Em principio, esta visio mercantilista de produgdo e comercializagao dos assistencialistas, de cariter hegeménico do produto produzido pelo agricultor familiar & reducionista, contrapondo ao conceito de Agroecologia, que, em sua esséncia, busca territorializar a produgdo agricola de base ecolégica a partir da emancipacao dos sujeitos heterogéneos que compdem a agricultura familiar, ¢ que promovem a soberania alimentar, a demoeracia a sociobiodiversidade, a tradicionalidade e a equidade (CAPORAL; COSTABEBER, 2004; GLIESSMAN, 1998; PETERSEN; WEID; FERNANDES, 2009). Essa diferenca conceitual exemplifica as tensbes intemas no debate sobre Agroecologia produzido entre diferentes movimentos sociais do campo e formuladores de politicas (NIEDERLE et al., 2022), 0 que [REVISTA BRASILEIRA DE AGROECOLOGIA ‘np evstas.aba-agroecologia oe be Esta ob poseat Copynight seta Fvnoiada aac do CC BY-NC'S: cmos bene se ESTRUTURACAO AGROECOLOGICA NO AMBIENTE INSTI- agroecologia TUCIONAL DO AMAPA: 0 VELHO, PROMOVENDO 0 NOVO Revista Brasileira de Agroecologia PEDEADA- Ame I ah também ocorreu no estado do Amapi. E apesar dos conflitos de interesses (0s agricultores familiares almejavam autonomia local, as organizagdes privadas almejavam a certificago organica como diferencial de comercializagao de produtos enquanto o setor piblico almejava © atendimento de um requisito politico), estes conseguiram interagir, construindo uma rede social a favor da Agroecologia e produgdo orginica no estado érgio escolhido pela entio CNAPO para presidir a construgio da PEAPO-AP foi a SDR, que contou com 0 apoio da EMBRAPA. A primeira versio da minuta do Projeto de Lei (PL) da PEAPO-AP foi elaborada no primeiro semestre de 2017, pela SDR, que coordenou a construgio da politica ¢ articulou as instituigdes piblicas e as organizagdes privadas, que possuiam atribuigdes afins ou que atuavam com o tema no Amapa. A proposta foi estruturada, determinando os objetivos, as direttizes, os instrumentos legais e as competéncias e 0 objetivo foi de promover o desenvolvimento rural sustentivel, baseado no fortalecimento das unidades econémicas de base agricola familiar, por meio da valorizagio dos papéis ecolégico, econémico e social, através da Agroecologia e da produgdo orginica. Suas diretrizes foram baseadas na seguranca € na soberania alimentar, na conservagao dos ecossistemas naturais, na implementag%o e na manutencdo da Agroecologia, na valorizagio da agrobiodiversidade e no fortalecimento da agricultura familiar. Os instrumentos legais propostos para esta construgao foram: Plano Estadual de Agroecologia; produgao organica & sociobiodiversidade: produgio, comercializagio e consumo; ensino, pesquisa e assisténcia técnica e rural; convénios, termos de cooperagao e certificago organica; e, medidas fiseais. Ainda em 2017, a SDR enviou esta primeira proposta para 27 membros institucionais envolvidos com as questdes agroecolgicas. Esses membros representavam a sociedade civil (dez organizagdes) ¢ governos federal (sete organizagdes) ¢ estadual (dez organizagies), © sua avaliagao tinha, como finalidade, obter retorno, com proposigdes e com sugestées construtivas. Destes, apenas dois érgaos retornaram com sugestdes (MAPA e EMBRAPA), gerando a segunda versio da proposta do PL. O retorno limitado das sugestdes mostrou 0 baixo nivel de engajamento da patticipagao local na estruturago do segmento, neste primeito momento, Nesse periodo, os agricultores familiares ainda nao se mostravam engajados no [REVISTA BRASILEIRA DE AGROECOLOGIA ° Et ba pos Copp np rev arrose soealetwnes ds COBY NCSS cmos bene se ESTRUTURACAO AGROECOLOGICA NO AMBIENTE INSTI- agroecologia TUCIONAL DO AMAPA: 0 VELHO, PROMOVENDO 0 NOVO Revista Brasileira de Agroecologia PEDEADA- Ame I ah processo participativo na construgio da politica. A PEAPO-AP precisava articular organizar a categoria destes produtores, a fim de dar suporte as articulagdes politicas para a Agroecologia. “Este envolvimento da organizacao social se faz necessario para promover melhores indices econdmicos e sociais, nas dindmicas de avaliago e monitoramento, que sto essenciais para a gestio, e no fortalecimento e a retomada dos rumos entre todos os sujeitos envolvidos” (relato pessoal de E, 2021). Essa etapa da estruturagao da PEAPO-AP foi marcada pela dificuldade de organizagao das instituigdes, junto aos agricultores familiares que atuavam na produgao agroecolégica, tendo ocorrido uma demora na resposta dos agricultores e, consequentemente, no didlogo entre estes e as instituigdes estaduais, relativamente ao componente politico. Os primeiros acessos 44 minuta deste PL, pelos atores locais da agricultura familiar, deram-se na disponibilizagio do documento em formato digital no sitio do governo do estado, entre os meses de setembro € de novembro de 2017, com ampla divulgagio nas rédios locais, a fim de receber contribuigdes da sociedade. Porém, o uso do dominio digital para divulgagio e para participagao dos atores sociais da regido proporcionou pouca eficigncia ao processo, dado o acesso limitado dos piblicos-alvo aos canais digitais do estado. A pouca participagao social, de acordo com as entrevistas, também se deu pela “[..] dificuldade que esses grupos tém de se trabalhar coletivamente e em fungao das divergéneias no que se refere aos conceitos universais sobre Agroecologia e produgio orginica” (relato pessoal de G, 2021). Por outro lado, em entrevista com lideraneas dos agricultores familiares, as justificativas eram outras. Estes argumentaram que a baixa procura da Assisténcia Técnica e Extensio Rural (ATER) era consequéneia da falta de acompanhamento destes, alegando que 05 érgios (MAPA, SDR e RURAP) eram estruturas ausentes nas comunidades, para fins de desenvolvimentos social, econémico e ambiental, a partir da sua producao. E necessiirio destacar os desmontes das politicas piiblicas agrarias no Brasil, como a extingaio do Ministério do Desenvolvimento Agririo (MDA) em 2016 e da CNAPO em 2019, ea recente conversio do Departamento de Assisténcia Técnica ¢ Extensio Rural em [REVISTA BRASILEIRA DE AGROECOLOGIA oo Esta ob poseat Copynight seta np /evistasabaagroeotogia og be Fvnoiada aac do CC BY-NC'S: cmos bene se ESTRUTURACAO AGROECOLOGICA NO AMBIENTE INSTI- agroecologia TUCIONAL DO AMAPA: 0 VELHO, PROMOVENDO 0 NOVO Revista Brasileira de Agroecologia PEDEADA- Ame I ah Departamento de Desenvolvimento Comunitirio (2020), deixando evidente que, em beneficio dos setores tradicionais do agronegécio exportador, hii uma pretensio federal em desconstruir 0 quadro institucional agroecol6gico sob a justificativa de que as commodities, sustentaram nfo apenas a agricultura familiar, mas, sobretudo, os segmentos desta categoria, construindo, ao longo dos tiltimos anos, os modelos mais inovadores de produgao e consumo sustentavel (GUENEAU et al, 2019a). Alem disso, os recursos destinados a agricultura familiar foram reduzidos e varias politicas paralisadas, toma-se como exemplo, a redugio ‘orgamentaria de nos projetos de ATER, que foi de 600 milhdes em 2015, para 31 milhées no orgamento de 2021, com a justificativa que o governo tem de apostar no ATER Digital, 0 que nao é a realidade dos estabelecimentos familiares do Amapa, Estes indicadores justificam a auséncia da assisténeia rural, limites que a hegemonia dos interesses do setor do agronegécio impde a elaboragio e implantacio de politicas estruturantes para o desenvolvimento rural fundamentadas na Agroecologia (GOLLO e OLIVEIRA, 2021; GUENEAU et al., 2019a). Outra problemitica identificada na pesquisa foi uma percepcao quanto as dificuldades burocriticas enfrentadas com a ATER. Em relatos com a lideranea dos agricultores, “o MAPA ea SDR num tio nem ai pra nés. $6 vem aqui pra comprar. E papel demais pra preencher, a gente acaba se perdendo, Eles nem fiscalizam quem usa e quem no usa agrotoxico. Eles deviam vir aqui andar, olhar, orientar, ajudar a fazer biofertilizante, compostagem, ” (relato pessoal de 01, 2021). Este fendmeno nao é exelusivo da regido. A introdugao de manuais ¢ formulérios extensos nos Srgios assistencialistas resultou em uma concentragio excessiva nas rotinas de avaliac&io, em detrimento das priticas, técnicas ¢ acées educativas que apoiam as transigdes agroecolégicas nas arenas técnicas, dificultando os processos de obtencio de auxilios para os agricultores, além da limitada prestagiio de servigos de extensio rural prestada para comunidades locais dado 0 orcamento reduzido no segmento da extensio rural. Isso fez com que as organizagdes sociais que trabalharam pelo reconhecimento agroecolégico, comegassem a discutir a eficdcia do sistema de extensio 122). rural, mesmo sendo participative dentro das suas limitagdes (NIEDERLE et al., [REVISTA BRASILEIRA DE AGROECOLOGIA st Esta ob poseat Copynight seta np /evistasabaagroeotogia og be Fvnoiada aac do CC BY-NC'S: cmos bene se ESTRUTURACAO AGROECOLOGICA NO AMBIENTE INSTI- agroecologia TUCIONAL DO AMAPA: 0 VELHO, PROMOVENDO 0 NOVO Revista Brasileira de Agroecologia PEDEADA- Ame I ah Mesmo assim, uma nova tentativa de construcio da terceira versio do PL foi feita, a partir de audigneias piblicas, promovidas pela SDR, em parceria com @ RURAP e com a EMBRAPA, as quais foram realizadas no interior do estado, quando, a fim de contemplar 11 dos 16 municipios do Amapé (municipios de maior dificuldade logistica), entre os meses de abril e de setembro de 2018, a SDR realizou audiéneias em varias regides do estado, para efetivar a participagao da sociedade civil no conhecimento e na finalizagao da construgao da Lei. A SDR dividiu a regio em trés territorios: Norte (Calgoene, Amapa, Pracutba e Tartarugalzinho); Centro-Oeste (Ferreira Gomes, Porto Grande, Pedra Branca do Amapari e Serra do Navio): Sul (Mazagio, Laranjal do Jari e Vitéria do Jari), Adicionalmente, foram incluidas as grandes regides metropolitanas (Macapi e Santana) e mais duas areas mais remotas (Cutias, Itaubal), que foram incluidas nas regides metropolitanas. Foram realizadas audiéneias nos trés territérios e na capital do estado, com partieipagdo de 388 agricultores familiares, em que 153 eram do territorio Centro-Oeste, 142 do tertitério s ule 93 do territorio Norte. Da regiao metropolitana, participaram 97 agricultores familiares. De acordo com os entrevistados, no momento da primeira audiéncia, as narrativas dos agricultores familiares que contribuiram para a construgdo da PEAPO-AP foram construidas, a partir das experiéncias nos movimentos da agricultura familiar, considerando uma iniciativa, na regio, que defende a cultura de produgao tradicional ancestral do segmento, Essa audiéncia criou oportunidade para uma “[...] reflex junto aos participantes para buscar entender melhor suas perspectivas sociais e locais” (relato pessoal de I, 2021). De acordo com os documentos analisados ¢ com as entrevistas, os agentes assistencialistas ¢ agricultores também levantaram outros temas nas audiéneias piblicas, apresentados pelos agricultores presentes, como as divergéncias na propria definigdio de Agroecologia ¢ na diferenca desta, em relacao a produciio organica, os quais foram pautados na PNAPO. Foram identificados dois grupos: agricultores familiares que entendem que a diferenga entre produgo convencional e produgio agroecolégica se resume a utilizagao (ou nfo) de produtos quimicos na produgdo; e outro grupo, que entende que a produgio agroecologica também tem a ver com as priticas tradicionais usadas na produgdo, que ajudam na preservagio [REVISTA BRASILEIRA DE AGROECOLOGIA ‘np evstas.aba-agroecologia oe be Esta ob poseat Copynight seta Fvnoiada aac do CC BY-NC'S: cmos bene se ESTRUTURACAO AGROECOLOGICA NO AMBIENTE INSTI- agroecologia TUCIONAL DO AMAPA: 0 VELHO, PROMOVENDO 0 NOVO Revista Brasileira de Agroecologia PEDEADA- Ame I ah ambiental. Neste censrio, percebe-se uma visto téenica do que & Agroecologia, dado 0 uso (ou nio) de priticas sustentiveis nos estabelecimentos familiares, e outros com uma visio mais social e ideolégica, entendo que a Agroecologia é mais que um conjunto te técnicas de produgio, com cariter politico, que luta contra a hegemonia do agronegécio com a preservagiio e extensio dos conhecimentos tradicionais e sua relagio com a terra (GLIESSMAN, 2008; NIEDERLE et al., 2022; ROSSET ¢ ALTIERI, 2018). Esse fendmeno também foi visto em outros estados, quando as defini¢des de Agroecologia incorporadas pela maioria das PEAPO revelaram ideias amplas, sugerindo processos de construgio de conceitos, para incorporar as particularidades de cada grupo social, e permitindo adaptagdes, para destacar priticas sociais especificas 4 realidade de cada estado (GUENEAU et al., 20196). Durante as audiéncias no Amapa, foram feitos trabalhos metodolégicos e didatico: . para a promogao de nivelamentos, referentes aos conceitos debatidos no PL, apés os quais foi proposto, a sociedade civil, que formassem grupos de trabalho, com a finalidade de dar contribuigdes para 0 PL. a partir de suas vivéncias e de seus conhecimentos. Estas dindmicas tiveram 0 objetivo de promover uma coalizagao da Agroecologia identificada como uma comunidade epistémica (SABOURIN; SILVA; AVILA, 2019). A SDR buscou dinamizar as reunides, coma formagao de grupos de trabalho entre os participantes, de acordo com o grau de afinidade. Foram criados quatro grupos, considerando os instrumentos legais propostos no PL: sociobiodiversidade (representou 33% de todas as contribuigdes levantadas nas audiéneias); produgdo, comercializagao ¢ consumo (22%); ensino, pesquisa e assisténcia técnica rural (20.5%); convénios, termos de cooperagio e certificagao orginica (14%); e medidas fiscais (10.5%) (SDR, 2018), que buscaram estimular uma reflexio coletiva, identificando desafios para o desenvolvimento da Agroecologia e elaborando propostas para criagdo e aprimoramento da politica, dando énfase a realidade da agricultura familiar e da Agroecologia na regio, Este fato € importante ressaltar, pois os modelos de assisténcia técnica na Amaz6nia sempre devem ser sensiveis is realidades locais e levar em consideragio [REVISTA BRASILEIRA DE AGROECOLOGIA Esta ob poseat Copynight seta np /evistasabaagroeotogia og be 68 Fvnoiada aac do CC BY-NC'S: cmos bene se ESTRUTURACAO AGROECOLOGICA NO AMBIENTE INSTI- agroecologia TUCIONAL DO AMAPA: 0 VELHO, PROMOVENDO 0 NOVO Revista Brasileira de Agroecologia PEDEADA- Ame I ah 0s aspectos socioculturais, limitagdes ¢ potencialidades que cada comunidade tradicional & capaz de impactar positivamente os locais onde so aplicados (CORREA et al., 2020) Por este motivo, no eixo sociobiodiversidade, as sugestdes foram baseadas na integraco dos conhecimentos das populagdes tradicionais locais do estado do Amapi e dos conhecimentos ciemtificos, de forma a gerar técnicas de produgao dinamicas, locais ¢ eficientes. A ideia principal deste eixo foi de unir 0 conceito cientifico de Agroecologia ¢ incorporar os saberes ancestrais aos cientificos jé presentes na regio. As sugestées do grupo foram inimeras: mapeamento ¢ troca de experineias, no que se refere aos sistemas agroflorestais existentes nas comunidades; aproximacio entre as instituiges de ensino ¢ as comunidades tradicionais, para a troca de experiéncia existentes; promogao de pesquisas com plantas medicinais, com as quais a populagdo ja tabalha; ¢ promogio de treinamento, quanto ao uso de produtos fitossanitirios em suas propriedades. No eixo produgdo, comercializagio e consumo, a meta foi ampliar e fortalecer a producio, manipulagio e processamento de produtos organicos e de base agroecologica. Nesse eixo, foram identificadas divergéncias, no que se refere a fungdo social, em relagio 4 criagdo de um canal verde: um grupo entendeu que o objetivo da politica seria desenvolver um canal de vendas diferenciado, cujo objetivo nico seria a venda de produtos com maior valor agregado; ¢ outro grupo apresentou uma visio menos empresarial da comercializacio, ineulos com o baseada na promogio de cireuitos curtos de comervializagio, mantendo consumidor ¢ resgates de culturas alimentares. Este fendmeno também foi encontrado no Distrito Federal, principalmente entre os lideres das organizagdes privadas ou nos “agricultores empreendedores” (SABOURIN; SILVA; AVILA, 2019). Estes coneeitos mais capitalistas sto contraditérios aos conceitos de Agroecologia, uma vez que promovem a mercantilizagdo do produto, reorganizando a divisio espacial de trabalho com a nio promogio de comercializacao de canais curtos de comercializacao e produtos e a nio democratizando o direito a alimentagio saudavel [REVISTA BRASILEIRA DE AGROECOLOGIA os Esta ob poseat Copynight seta np /evistasabaagroeotogia og be Fvnoiada aac do CC BY-NC'S: cmos bene se ESTRUTURACAO AGROECOLOGICA NO AMBIENTE INSTI- agroecologia TUCIONAL DO AMAPA: 0 VELHO, PROMOVENDO 0 NOVO Revista Brasileira de Agroecologia PEDEADA- Ame I ah Entende-se que a ATER deve apoiar processos de comercializagio em feiras locais ¢ regionais, mobilizando infiaestruturas necessirias para transporte ¢ venda dos produtos, porém, é imprescindivel entender que a principal contribuigao da ATER deve ser voltada para o desenvolvimento rural sustentivel, tendo em vista a melhoria da qualidade de vida da populagio mural. Neste sentido, uma visto capitalizada da Agroecologia promovida pelo agricultor familiar no Amapé também é identificada dentro do corpo da assisténcia técnica, demonstrando o no conhecimento da cultura local ¢ 0 pouco interesse para a superagio das dificuldades as realidades locais, trazendo a Agroecologia a um plano reducionista ¢ mercantilizado, no que se refere a comercializagio do produto, Estas diferentes concepcdes de desenvolvimento rural resultam num choque ideolégico entre os defensores da assisténcia técnica convencional e os defensores de uma assisténcia téenica com olhar sociocultural, focada nas realidades locais, na promogio da autonomia comunitaria € norteada por principios agroecolégicos. Por isso ¢ importante 0 didlogo em toro dessa nova concepeiio de servicos de ATER para a coalizio de interesses, para que se tenha, como norteador das atividades, um conjunto de principios e diretrizes que na esséncia apontem para a gestio participativa e emancipatéria dos agricultores assistidos, no reconhecimento das ofertas de produgdio agroecolégicas locais e de producio como o principal recurso para a promogao do desenvolvimento sustentivel (GOLLO e OLIVEIRA, 2021). Neste quesito, com base na perspectiva do agricultor familiar, levantada nas entrevistas com as liderangas dos agricultores locais, 0 apoio da assisténcia téonica foi considerado crucial para o desenvolvimento de canais de vendas para os produtos agroecolégicos. “Foi pelo SEBRAE que eu aprendi a vender [...] me ajudou a entender que nossas pritieas sto agroecologicas, sto produtos diferenciados, ensinow a trabalhar em cooperagao, ¢ ndo com competicao” (relato pessoal de 02, 2021). “Eles ea EMBRAPA dio curso de biofertilizacio, de compostagem organica, tudo para melhorar nossa produgao” (relato pessoal de 03, 2021). “Eles tdo aqui toda semana com a gente. E quando niio vém, eles ligam para saber se estamos precisando de algo” (relato pessoal de 05, 2021). Ainda, “O SEBRAE esta aqui toda semana ensinando, ajudando. A gente vé aqui a RURAP como um prédio abandonado. Té viajei para [REVISTA BRASILEIRA DE AGROECOLOGIA Esta ob poseat Copynight seta np /evistasabaagroeotogia og be 6s Fvnoiada aac do CC BY-NC'S: cmos bene se ESTRUTURACAO AGROECOLOGICA NO AMBIENTE INSTI- agroecologia TUCIONAL DO AMAPA: 0 VELHO, PROMOVENDO 0 NOVO Revista Brasileira de Agroecologia PEDEADA- Ame I ah outros estados para aprender a vender, a fazer feiras itinerantes, tudo com a ajuda do SEBRAE, mas 0 MAPA, RURAP ea SDR nio ajudam” (relato pessoal de 0S, 2021). Estes relatos transbordam uma visto de ATER em somente formar feiras, deixando a mered a busca por uma produgao com capacitagao e organizagao social dos agricultores, visando a transigao agroecolégica, 0 acesso aos mereados diferenciados (ASSIS, PIRAUX e AZEVEDO, 2019; GUENEAU et al., 2019b). Mesmo assim, alguns dos assistencialistas de ATER entrevistados, entendiam que a assisténcia técnica deveria ir além da criagao de canais de venda, quando relataram que entendiam que, na esséncia, “a PEAPO seria capaz de promover uma transig&o para novos padrées de produgdo e de consumo no estado, a partir da velha produgio, fortalecendo 0 agricultor familiar” (relato pessoal de A, 2021), ¢ de “formalizar o mercado informal ja existente” (relato pessoal de C, 2021), dada a “crescente exigéneia da sociedade, no que diz respeito ao consumo difrio de alimentos saudaveis” (relato pessoal de E, 2021) No grupo que trabalhiou 0 eixo ensino, pesquisa e assisténeia técnica rural nas audiéneias, foram identificadas dificuldades em contabilizar 0 que era produzido nas unidades familiares. Isso, de acordo com o grupo, é consequéneia da auséneia de capacitagao técnica para calcular produgao, custos associados ¢ receita para gerir a atividade. Dessa forma, mais uma vez foram apresentadas as necessidades de ATER mais ativas e, principalmente, periddicas nas comunidades, neste quesito. Segundo a visio dos lideres da agricultura familiar do estado, “[...] falta politicas piblicas voltadas para nés [...] a RURAP/SDR nao nos ajuda muito, tem. pouca gente 1d, Eles silo muito ausentes aqui” (relato pessoal de 01, 2021). No eixo convénios, termos de cooperagio ¢ avaliagao da conformidade da produeao organica, foi avaliada, nas audiéncias, a importineia da viabilizacdo da implantacdo de um SPG ou OCS para possivel garantia da qualidade da produgao orginica ao consumidor, ou criagao de um selo verde regional, Esse tema também foi apresentado nas entrevistas com a lideranga agricola local: “O SEBRAE esti nos ajudando a formar uma OCS, a gente sabe que & agroecolégico, agora a gente quer se enquadrar na produgdo orginica. A gente tem [REVISTA BRASILEIRA DE AGROECOLOGIA 66 Esta ob poseat Copynight seta np /evistasabaagroeotogia og be Fvnoiada aac do CC BY-NC'S: cmos bene se ESTRUTURACAO AGROECOLOGICA NO AMBIENTE INSTI- agroecologia TUCIONAL DO AMAPA: 0 VELHO, PROMOVENDO 0 NOVO Revista Brasileira de Agroecologia PEDEADA- Ame I ah dificuldade na papelada [...]. E muita coisa, e so quem ajuda a gente é 0 SEBRAE” (relato pessoal de 05, 21021). © eixo medidas fiscais e tributarias foi o que apresentou o menor mimero de contribuigdes nas audiéneias, o que 0 assistencialista Entrevistado T (2021) associa ao fato de o tema nfo fazer parte do cotidiano das pessoas. Outras contribuigdes fimdamentais foram sugeridas, para serem inseridas no PL: criagao de linhas de erédito destinadas & mulher; criagao de polos de assisténcias fiscal e tributaria, para orientagao aos agricultores; ¢ apoio a associagdes € a cooperativas, para a elaboragdo de projetos para requerimento de fundos governamentais e no governamentais. Por fim, apesar de ter sido um processo complexo de didlogo, a SDR, junto da EMBRAPA, viabilizou e coordenou a participagao de agricultores familiares de todos os municipios do estado do Amapé e, a partir de todas as sugestdes, gerou-se a tiltima proposta do PL, que se encontra pronta, atualmente, aguardando a aprovagao da Assembleia Legislativa do Estado, Ao final, a construgao da PEAPO durou trés anos, desde sua idealizagao até seus debates nas audigneias piblicas. Esta demora foi associada, pelos entrevistados, ao fato de os érgios rurais ¢ ambientais do Amapé estarem desordenados: “. © s6 no foi mais longo porque houve incentive da EMBRAPA subsidiando pesquisas e formecendo dados para a estruturagao do PL junto da SDR” relato pessoal de 01, 2021). A participaglio da sociedade na criaglio da CPOrg-AP e na construgio do PL, para a institucionalizagio da PEAPO-AP, foi um grande desafio enfientado, dado que os mecanismos de eavolvimento nio se mostraram totalmente eficazes em garantit a presenga dos diferentes atores nos espacos de discussio, inicialmente. Em uma das entrevistas com representantes da ATER, foi colocado que, .-] apesar de se enxergarem como sujeitos da cultura agroecolégica, ainda & muito frdgil o didlogo entre nés ¢ os agricultores familiares para fortalecer qualquer que seja a produgdo que precisa ser fortalecida” (relato pessoal de 2021). Mas, apesar das dificuldades iniciais apresentadas, quando a sociedade finalmente participou ativamente no proceso, emancipando seus saberes loeais, a institucionalizagao da Agroecologia foi finalmente democratizada, como um passo na trajetéria de reconhecimento de suas reivindicagdes locais. [REVISTA BRASILEIRA DE AGROECOLOGIA o Esta ob poseat Copynight seta np /evistasabaagroeotogia og be Fvnoiada aac do CC BY-NC'S: cmos bene se ESTRUTURACAO AGROECOLOGICA NO AMBIENTE INSTI- agroecologia TUCIONAL DO AMAPA: 0 VELHO, PROMOVENDO 0 NOVO Revista Brasileira de Agroecologia PEDEADA- Ame I ah CONCLUSOES A experiéncia do Amapé nas construgdes da PEAPO e da CPOrg mostra que os processos de articulagdes populares sio fundamentais para a efetivacdo de politicas piblicas, pois somente quando as participagdes sociais foram articuladas, houve um engajamento institucional agroecologico no estado. Apesar de o processo de construgao deste ambiente institucional ter sido iniciado pela EMBRAPA e SDR no estado, a participacéio dos agricultores familiares das regides foi de fundamental importincia, porque permitiu que suas priticas e seus saberes ocais ultrapassassem os limites das comunidades rurais e que passassem a dialogar com os conhecimentos técnicos e cientificos, a partir das audiéncias piblicas, fortalecendo sua reprodugao social. Como aconteceu em outros estados, 0 processo de construgio e politieas pablieas no estado do Amapa foi marcado por controvérsias, dado coexisténcia de atores com interesses concepsdes distintas com relagio a Agroecologia ¢ ao desenvolvimento rural sustentivel. Mas, mesmo diante de todas as diferengas, a PEAPO-AP foi construida a partir de coalizoes entre os envolvidos, levando-se em consideragao os saberes locais, utilizagao de tecnologias e recursos locais e aspectos socioculturais como uma pratica de produzir alimentos, associados a um movimento contra hegeménico. As politicas para a Agroecologia no Amapa nfo foram gestadas em gabinetes; elas nasceram nas comunidades locais, a partir de mercados tervitoriais e diversos. A histéria de formagio das politicas piblicas voltadas para os movimentos agroecologicos no Amapii pode, portanto, ser vista como uma histéria de construgio de mobilizagdes e de movimentos populares, ancorados pelo apoio de orgios engajados na causa. Essa historia é pautada nos conhecimentos tradicionais, ¢ a populagdo local esté cada vez mais participativa na vida politica e na construgao de politicas piblicas na Amazénia. A Agroecologia & promovida em territérios, organizando sistemas alimentares, que se articulam entre si, localmente, a partir de praticas emancipatorias. E necessario que estas experigneias sejam interpretadas 4 luz do conhecimento trazido pelas comunidades, para [REVISTA BRASILEIRA DE AGROECOLOGIA os Esta ob poseat Copynight seta np /evistasabaagroeotogia og be Fvnoiada aac do CC BY-NC'S: cmos bene se ESTRUTURACAO AGROECOLOGICA NO AMBIENTE INSTI- agroecologia TUCIONAL DO AMAPA: 0 VELHO, PROMOVENDO 0 NOVO Revista Brasileira de Agroecologia PEDEADA- Ame I ah motivar esta produgio de experiéncias e se tornar uma politica, As priticas agroecolégicas dos agricultores familiares sio parte da cultura e do conhecimento acumulado destas conmunidades. Os sistemas alimentares que evoluiram ¢ que se consolidaram nestas comunidades incorporam saberes, que sto integrados ao ambiente e fontes de autonomia para as familias de produtores. Os promotores institucionais e, principalmente, os formuladores de politicas agroecologicas precisam buscar eaminhos de didlogo com estes saberes locais. Esta articulagao ¢ fundamental, pois, se nao houver politicas para a Agroecologia, as priticas agroecolégicas ficardo confinadas aos seus territérios, impedindo sua disseminagao, Contudo, ainda se fazem necessirios a execugdo ¢ o monitoramento de tais politicas, com a coordenagio do Estado, bem como a maior integragao do territorio e 0 maior controle social, quanto ao manejo dos recursos naturais da regio. Ainda, é necessério, para estas politicas piblicas, empoderamento das populagdes tradicionais, em especial das liderangas locais ¢ dos mecanismos de controle social ou comunitirio, Somente assim 0 conhecimento ancestral sera capaz de promover o novo ambiente institucional. AGRADECIMENTOS: Aos envolvidos na assisténcia técnica do estado e aos lideres comunitarios. Em especial, a0 Marcelo (in memorian), servidor piblico Técnico Assistencialista da RURAP, que tanto contribuiu para esta pesquisa. Agradecimentos CAPES ¢ a0 CNPq, Agradecimentos aos dois revisores andnimos do trabalho. REFERENCIAS ASSIS, William S. de; PIRAUX, Mare; AZEVEDO, Hueliton P. Dissondncias do estado do Pari entre a inesisténcia da PEAPO e a trajetria rice da agroecologis. In: SABOURIN, Eric; GUENEAU, Stéphane: COLONNA, Julianna, SILVA, Luiz R. T. da. (Eds.). Construgio de politicas estaduais de Agroecologia Producao Orginica no Brasil: avaagos.obstéeniose efeitos das dintiniens mibnacionais. Cutiba: Edita ERY, 2019. p. 141-162 CAPORAL, Francisco R; COSTABEBER, José A. Agroccologia ¢ desenvolvimento rural sustentivel: perspectivas para uma nova Extensio Rural. Agroecologia e Extengio Rural: contribuigdes para a promoca0 do desenvolvimento rural sustentavel, p. 166, 2004. (CHECHI, Leticia A. Iniciativas do Estado e da Articulagdo Nacional de Agroecologia na coustrugio da PNAPO. [REVISTA BRASILEIRA DE AGROECOLOGIA a Esta ob poseat Copynight seta np /evistasabaagroeotogia og be Fvnoinda aac sda CCBY-NCSA cmos bene se ESTRUTURACAO AGROECOLOGICA NO AMBIENTE INSTI- agroecologia TUCIONAL DO AMAPA: 0 VELHO, PROMOVENDO 0 NOVO Revista Brasileira de Agroecologia PEDEADA- Ame I ah © das PLANAPOS. Extensito Rural (CCR) - UFSM, v. 24, 1.4, p. 48-64, 2017, CORREA. Leandro R. da C; NETO, José G.F; RATO, Marcio L. F COSTA, Maleon do P. Olhar sociocultural para a promosdo da exteusio rural agroccologica ua Amazonia, Revista Brasileira de Agroecologia, v.15. 5, p. 155-166, 2020 COSTA, Francisco de A. Politicas Piblicas e dinémica agréria na Amazonia: dos incentivas fiscais ao FNO. ‘um capitulo de histéria econémico-social contemporiinea. Papers do NAEA, v. 145, p. 1-30, maio 2000, FERNANDES, Bemardo, M. Agricultura camponesa e/ow ageicultura familiar. Anais do XIIT Encontro Nacional de Geégrafos. Anais..Joto Pessoa: AGB, 2002. FRANCIS, Charles; LIEBLEIN, Geir: GLIESSMAN, Stephen; BRELAND, Tor A; CREAMER, Nancy: HARWOOD, Richard; SALOMONSSON, Lennart, HELENIUS, Julia; RICKERL, Diane, SALVADOR, Ricardo; WIEDENHOEFT, Mary: SIMMONS, Steves: ALLENS, Patricia; ALTIERI, Miguel: FLORA, Cornelia; POINCELOT Raymond. Agroecology: The ecology of food systems. Journal of Sustainable Agriculture, v.22, n, 3, p. 99-118, 2003, GLIESSMAN, Stephen R, Agroecology: The ecology of sustainable food systems. 2, ed, New York: 1998, GLIESSMAN, Stephen R. Agroecologia: processos ecolégicos em Agricultura sustentivel. 4. ed. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2008. GOLLO, Alexandre, M.L; OLIVEIRA, Marcelo. L. R. de. Capacitagio de agentes de ATER ei processos de formagio cm agroccologia na Regio Sudeste do Brasil. Reserarch, Society and Development. ¥. 10. 1. 2p. 1-19, 2021 GUENEAU, Stéphane: SABOURIN, Eric; NIEDERLE, Paulo A: COLONNA, Julianna; STRAUCH, Guilherme de F. E.; PIRAUX, Mare; LAMINE, Claire; ASSIS, Willian S. de; AVILA, Mario L.; CANAVEST, Flaviane de C; TAVARES, Edson D.; BARBOSA, Yamirs R. de S; SCHMITT, Claudia J. A construgio das politicas estaduais de agroecologia e produsdo organica no Brasil. Revista Brasileira de Agroecologia, v. 14, . 7-21, maio 2019. GUENEAU, Stéphane; SABOURIN, Eric, COLONNA-LUIZ, Juliana; TADEU, Rainmndo; NIEDERLE, Paulo A; AVILA, Mario L; PIRAUX, Mare. Rumos, ensinamentos e perspectivas para politicas estaduais de agroecologia ¢ produgao orginica, In: SABOURIN, Eric; GUENEAU, Stéphane; COLONNA, Julianna; SILVA, Luiz R. T. da. (Eds.). Construcao de politicas estaduais de Agroecologia ¢ Producao Organica no Brasil: avangos, obstaculos e efeitos das dinamicas subnacionais. Curitiba: Editora CRV. 2019b. p. 245-266. MATTOS, Luciauo; BRONDIZIO, Eduardo; ROMEIRO, Ademar; ORAIR, Rodrigo. Agricultura de pequena escala e suas implicacées na transicao agroecolégica da Amsz6nia brasileira. Amazénica 2, v. 2, p. 264-292. dez, 2010, MENDEZ, V. Emesto; BACON, Cristopher. M; COHEN, Roseann. Agroccology as a transdisciplinary, participatory, and action-oriented approach. Agroecology and Sustainable Food Systems, v. 37,2. 1, p. 3-18. 2013. [REVISTA BRASILEIRA DE AGROECOLOGIA Esta ob poseat Copynight seta np /evistasabaagroeotogia og be 7 icenciadn ata da CCBY-NCSA rocco berara de ESTRUTURACAO AGROECOLOGICA NO AMBIENTE INSTI- agroecologia TUCIONAL DO AMAPA: 0 VELHO, PROMOVENDO 0 NOVO TEDRADA, Am KL. eal Revista Brasileira de Agroecologia MMA, Ministério do Meio Ambiente. Brasil recebe prémfo da FAO: Politica Nacional de Agroecologia e Producao Organica foi destaque em selecao que envolveu 51 iniciativas de 21 paises. Disponivel cm: -chreps:‘wwww.mma gov by/informma itemy/15143-brasil-recebe-prémio-da-fa0-par- agroecologia.hml#:~text=Brasilia —_O Brasil foi premiado,promogao da agroecologia do mundo>. Acesso et: 20 abr. 2020. NIEDERLE, Paulo A; PETERSEN, Paulo; COUDEL, Emilie, GRISA, Catia; SCHMITT, Claudia: SABOURIN, Erie; SCHNEIDER, Evandro; BRANDENBURG, Alfio; LAMINE, Claire. Ruptures in the agroccological transitions: institutional change and policy dismantling in Brazil, Journal of Peasant Studies, fn. May, p. 1-24, 2022, NIEDERLE, Paulo, A: SABOURIN, Eric: SCHMITT, Claudia; AVILA, Mario L. de; PETERSEN, Paulo.. A. IrajetGria brasileira de construgo de politicas pilicas para a agroecologia, Redes, v. 24, n. 1, p. 270-291, 2019. PETERSEN, Paulo; WEID. Jean. M. VD; FERNANDES, Gabriel. B. Agroecologia: reconciliando agricultura e natureza, Informe Agropecwario, v. 30,0. 252, p. 1-9, 2009. ROSSET, Peters ALTIERI, Miguel. Agroeocolia: clencia y politica. 3. ed, Riobamba (Ecuador): 2018. ‘SA, Tatiana D.; SILVA, Regina O. da. Para além do interdisciplinar: a agroecologia como uma perspectiva transdisciplinar para a agriculrura na Amaz6nia. In: VIEIRA, Ima. C. G.: TOLEDO, Peter. M. de; JUNIOR, Roberto, A. O. S, (Eds... Ambiente e socledade na Amazonia: uma abordagem interdiseiplinar. 1. ed, Rio de Janeiro: Garamond, 2014. p. 379-478. SABOURIN, Eric. P.; SILVA, Luts. R.T. da; AVILA, Mério L. de. Construcio da Politica de Agroecologia e produgao organica no Distrito Federal. Revista Brasilelra de Agroecologia, v. 14, p. 35-S0, 2019. SAMBUICHI Regina. H. R.; SPINOLA, Paulo A. C.; MATTOS, Luciano M, de; AVILA, Mario L.; MOURA, Irecema F. de; SILVA, Ana P. Amalise da coustrucao da politica nacional de agroecologia e producao orginica no Brasil. Rio de Janeiro: IPEA, 2017 TOLEDO, Victor. M. La memoria tradicional: la importancia agroecolégica de los saberes locales. Leisa, v 20, n. 4, p. 16-19, abr. 2008. TROVATTO, Cassio, M.M; BIANCHINI, Valter; SOUZA, Claudia de; MEDAETS, Jean P.; RUANO, Onaur. A construgio da Politica Nacional de Agroecologia e producao Organica: um olhar sobre a gestio do primeiro Plano Nacional de Agroecologia e Producdo Organica. In: SAMBUICHI, Regina H. Rs MOURA, Iracemia M. de; AVILA, Mario L. de; SPINOLA, Paulo A. C. SILVA, Aua P.M. da (Eds.). A politica nacional de agroecologia © producno organica no Brasil: uma trajetoria de Iuta pelo desenvolvimento rural sustentavel. Brasilia: Grafica Color, 2017. p. 87-113. WANDERLEY, Maria de N. B. © Campesinato Brasileiro : uma historia de resisténcia, Revista de Economia Sociologia Rural (RESR), V. 52,1. 1, p. S025-S044, 2014, [REVISTA BRASILEIRA DE AGROECOLOGIA Esta ob poseat Copynight seta ‘np evstas.aba-agroecologia oe be ™ icenciadn ata da CCBY-NCSA

Você também pode gostar