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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ

MBA EM GESTÃO DE OPERAÇÕES, PRODUÇÃO E


SERVIÇOS

Fichamento de Estudo de Caso

Trabalho da disciplina Governança Corporativa e Excelência Empresarial,


Tutor: Profª. Marta Celia Chaves Cavalcante

Macaé
2017

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Estudo de Caso de Harvard: Fraude Contábil na WorldCom

Referência: KAPLAN, Robert S.; KIRON, Davis. Harvard School, 110 – P02, 2007.

Texto do Fichamento:

Em 1995, após uma votação dos acionistas, a empresa LDDS (que no fim de 1993, era a
quarta maior operadora de longa distância nos Estados Unidos) ficou conhecida como
WorldCom.

Em 1996, a WorldCom passou a realizar serviços locais na compra da MFS Communications


Company, Inc. Ganhou também espaço na internet mundial através da empresa subsidiária
da MFS, a UUNET. Em 1997, ganhou de empresas como a GTE (segunda maior empresa de
telefonia do país), na compra da MCI (segunda maior operadora de longa distância do país).
Em 1998, já tinha se transformado em companhia de telecomunicações completa, capaz de
fornecer, de forma virtual, um leque de serviços às empresas de diversos tamanhos.

Cada setor da WorldCom estava situado em um lugar diferente, como o departamento de


finanças que ficava no Mississipi e o departamento de recursos humanos na Flórida. Cada
gerência tinha seu modo de agir e existia uma grande falta de comunicação entre eles.
Regiam seus funcionários sobre autoritarismo e hierarquia, onde eles não poderiam se
retratar aos seus superiores, apenas acatar suas ordens. Se alguém tivesse opinião contraria
do seu chefe, era criticado com frequência  e até mesmo ameaçado. Sendo, portanto,
inexistente um canal de comunicação aberta e independente para os empregados
expressarem suas preocupações sobre políticas ou comportamento da empresa.

Os gestores tinham como foco principal, o aumento do valor de mercado da companhia,


através do crescimento da receita e para isso, faziam muitos gastos de longo prazo, sem se
preocupar com os custos, em projetos que não viabilizariam a obtenção de ganhos em curto
prazo. Realizava contratos de aquisição de linhas que não eram utilizadas e acabavam tendo
um custo alto por isso. Planejaram vendas de linhas adquiridas, mas essas não foram

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vendidas, e, além disso, as companhias de comunicação estavam em declínio. E no ano de
2000, em meio a uma recessão econômica originária do estouro da bolha das empresas
ponto.com, a indústria telefônica começou a se deteriorar. A relação de receita e despesas
D/R da WorldCom era em torno de 42% no primeiro trimestre de 2000, e manter esse
patamar era a meta dos trimestres seguintes. Como essa meta não tinha como ser atingida, o
Diretor Executivo Sullivan, utilizou-se da manipulação de dados contáveis para chegar.
Sullivan e sua equipe usaram duas táticas principais da contabilidade: reversão de
provisionamentos em 1999 e 2000, e a capitalização das despesas com linhas em 2001 e
2002.

Os custos com linhas da WorldCom eram estimados mensalmente. Os custos dessas linhas
não vinham no mês, e sim meses depois e por isso eram pagas também meses depois. Para
isso, era realizado um provisionamento e este registro era alocado no passivo da empresa,
para lançamento futuro como pagamento ao proprietário da linha. Caso as contas fossem
menores do que registrado, a WorldCom poderia reverter esses provisionamento, justificando
haver uma redução nas despesas com linha e este valor seria lançado no Demonstrativo de
Resultados, e conseguindo assim justificar suas receitas altas e despesas baixas. Foram
feitas muitas vezes este tipo de contabilidade fraudulenta e movimentados milhões de
dólares, de 1999 ao ano de 2000.

Depois de os provisionamentos serem reduzidos a quase nada, chegou a vez de capitalizar


as despesas (os custos de lindas deveriam ser tratados como gastos de capital e não como
custos operacionais). Em 2001, Sullivan nomeou como “Construção em andamento” as
despesas com a capacidade de rede não utilizada, que deveriam ser contas do ativo. E os
gerentes de Sullivan foram ordenados a capitalizar $ 771 milhões, como despesas de
construção em andamento, e a seguir, estornassem $ 227 milhões do montante capitalizado
e $ 227 milhões de provisionamento de passivos, relativos a cabos oceânicos. E no relatório
trimestral, em abril 2001, novamente a empresa se supera. Foram ameaçados de demissão,
os contadores que não queriam concordar com esses lançamentos.

Existiam duas auditorias, uma interna e outra externa. Apesar das informações terem sido
propositalmente ocultadas, a auditoria interna dirigida por Cynthia Cooper (que dirigia o

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departamento de auditoria interna da WorldCom) foi responsável pela descoberta das
fraudes. Enquanto a auditoria externa, comandada por Arthur Andersen (auditor externo
independente), não encontrou nenhuma irregularidade e deixou passar o montante de
fraudes, pois tinha receio de prejudicar o seu relacionamento com a sua maior cliente
WorldCom.

Não foi desempenhado um bom papel pelo Conselho Administrativo, pois não avaliaram fatos
importantes, e sim fatos superficiais em suas curtas análises, todas realizadas durante as
reuniões.

Em 26 de junho, a SEC entrou com uma ação civil de fraude contra a WorldCom. Foram
investigados criminalmente: Bernie Ebbers, Scott Sullivan, David Myers, Buford Yates, Betty
Vinson e Troy Normand.

Todos os responsáveis pela fraude sofreram severas consequências, alguns foram presos, e
ainda para alguns, seus bens foram confiscados pela justiça.

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