Você está na página 1de 5

UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ

MBA EM GESTÃO DE OPERAÇÕES, PRODUÇÃO E


SERVIÇOS

Fichamento de Estudo de Caso

Trabalho da disciplina Gestão de Pessoas e Competências,


Tutor: Prof. Marcelino Tadeu de Assis

Macaé
2017

5
Estudo de Caso de Harvard: A Guarnição de Remo do Exército

Referência: SNOOK, Scott; POLZER, Jefrey T.. Harvard Business School, 406 – P01,
2004.

Texto do Fichamento:

Perto do final da temporada, em maio de 2002, o treinador da guarnição de remo da


Academia Militar de West Point do Exército dos Estados Unidos, o coronel Stas Preczewski,
vivia momentos difíceis tentando entender porque o barco Varsity Junior (VI) ganhava com
frequência o barco Varsity (V) durante o treino em algumas regatas. O treinador Preczewski
havia selecionado para o barco Varsity, os melhores membros, escolhidos através de testes
de força, velocidade e coordenação de equipe. O questionamento dele era: como seria
possível, os membros mais fracos do ranking que competiam no barco Varsity Junior,
ganharem com tanta frequência?

Faltando uma semana para o grande evento, a regata do Campeonato Nacional, onde mais
de 100 escolas participavam e o treinador P. já havia tentado de tudo para entender o que
estava acontecendo e tomar uma decisão para resolver este impasse. Escolheria a equipe do
Varsity Junior e os colocaria no Varsity, ou alternaria os remadores entre os dois barcos. Ele
poderia tentar manter cada equipe em seus respectivos barcos e tentar melhorar o
desempenho da guarnição do barco Varsity – mas como?

As competições eram realizadas em barcos leves (tipo Shell), com oito remadores e
aproximadamente 18 metros de comprimento. Cada remador possuía seu próprio remo,
sendo sete remadores e um timoneiro, responsável por comandar o leme, dirigir, motivar e
estabelecer as estratégias passadas pelo técnico da guarnição.

Em uma pesquisa realizada pelo Comitê Olímpico Norte-americano, foram encontradas mais
de 200 variáveis importantes do remo pelos técnicos de diversos níveis. As 200 variáveis
foram classificadas em 4 categorias por esses técnicos, sendo: 1) Força e condicionamento;
2) Técnica de remar; 3) Fatores psicológicos; e 4) Organização de um programa.

5
Era preciso ter extrema força e resistência para poder remar e alcançar resultados
satisfatórios. Para saber o desenvolvimento individual dos remadores, os treinadores
utilizavam o “ergômetro” de remar, que media a resistência e o condicionamento em um
determinado tempo ou distância, além disso, eles faziam exercícios de levantamento de
peso. Todos os dados colhidos eram registrados e através deles era possível determinar a
capacidade de força e resistência de cada membro da guarnição.

O desempenho individual era importante, mas o trabalho em equipe era crucial para a
velocidade do barco. Os remadores precisavam remar de forma sincronizada, eles deveriam
se tornar apenas um, com apenas o objetivo de chegar em primeiro lugar. Quando um
remador tentava ser mais rápido que os outros da sua equipe, perdia o sincronismo entre os
demais e acabava fazendo com que o barco perdesse velocidade. Eles precisavam remar em
total sincronismo.

Para ganhar uma regata de remo, era exigido aos remadores que lutassem para não atingir
seu limite físico (fadiga) e que cometesse o menor número de erros técnicos em cada
remada.

Após várias disputas o técnico havia selecionado os oito melhores remadores para o barco
Varsity e os outros para o Varsity Júnior, sendo que os dois com maior pontuação de força
individual foram para o Júnior devido à falta de concentração e experiência.

E em sua primeira competição, a equipe do barco Varsity venceu a equipe do barco VJ


facilmente, o que era esperado, mas o treinador P. percebeu que a equipe do Varsity estava
feliz, mas criticavam uns aos outros por não terem vencido com uma vantagem maior. O
treinador P. achou que era normal, afinal, estavam motivados a vencer.

Após alguns treinos e competições entre os dois barcos, o VJ começou a vencer o Varsity, o
que intrigou o técnico. Parecia que a equipe do VJ estava remando mais rápido, mas na
verdade era a equipe do Varsity que estava remando mais lento, o que pegou o treinador P.
de surpresa, pois o desempenho físico individual da equipe do Varsity era superior a do VJ.

5
O treinador P. realizou várias competições com equipes de 2, 4 e 6 remadores e, em todas, a
equipe do Varsity venceu a do VJ, apenas quando estavam em 8 é que o Varsity perdia. O
que demonstrava que individualmente eles eram melhores, mas em equipe de 8 não estava
fluindo da maneira que deveria, como um todo.

Foram coletadas várias informações sobre cada membro de cada equipe e foi observado que
na equipe do barco Varsity não havia quase nenhum classificado como líder e muitos
apareceram como desagregadores da equipe (aqueles que falam o tempo todo e que criticam
a equipe). Já a equipe do barco VJ não havia praticamente nenhum desagregador.

A dúvida continuava e o treinador P. cada vez mais disposto a entender o que estava
acontecendo. Ele percebeu que sempre ao final de um treino a equipe do barco Varsity
começava a discutir entre si e a apontar o desempenho individual, não discutiam em prol de
melhorar como grupo. Enquanto isso, a equipe do VJ discutia melhorias para o grupo e não
faziam apontamentos individuais.

Durante competições antes do Campeonato Nacional, o treinador P. fez algumas trocas entre
remadores de cada barco e quando um remador do barco Varsity ia para o barco VJ, o barco
VJ ficava cada vez mais rápido, o que concluía que os remadores do Varsity eram os
melhores. O treinador P. realizou um esquema de exercícios difíceis para que eles
melhorassem seu condicionamento físico, mas a dúvida ainda existia. Será que aumentar o
condicionamento físico será o suficiente para vencer o Campeonato?

Ele não sabia o que fazer: se trocava os nomes dos barcos e assumia que o VJ era o melhor
(algo que ele relutava, pois era notório que, os remadores do Varsity eram os melhores); a
alternava os membros ou se intervia para melhorar o desempenho do barco Varsity.

Faltando quatro dias para o Campeonato Nacional, o barco VJ novamente venceu o barco
Varsity. A equipe do VJ saiu comemorando a vitória e cantando seu grito de guerra “nada a
perder”. A equipe do Varsity não esboçava a dor da derrota, apenas o timoneiro estava
cabisbaixo e os outros falavam mal baixinho, sem muita emoção. Diante dessa situação o
Treinador P. os convocou para uma reunião.

5
Durante a reunião, cada membro do barco Varsity demonstrou que não queriam estar perto
uns dos outros, cada um tentando ficar o mais longe possível. Faltavam apenas 4 dias para o
Campeonato e o treinador P. declarou sua confiança na equipe, mas declarou sua frustração
por não entender o que estava fazendo eles não vencerem.

O treinador os confrontou e pediu para que eles se expressassem e que dissessem o que
estava acontecendo de errado. O que aconteceu foi que eles estavam se sentindo como se
cada um estivesse levando o barco sozinho, eles não se viam como equipe e que estavam
esgotados com essa situação. O treinador deu a reunião como encerrada, mandou que eles
pensassem na situação e voltassem no outro dia, prontos para lidarem com essa situação.

Ele voltou para seu escritório, completamente desanimado, pois viu sua equipe, de melhores
remadores, sendo desfeita e sabia que teria muito para pensar no que deveria fazer.

Este estudo de caso mostra a importância do trabalho em equipe, da motivação e do


comprometimento na união de cada membro como um só.

Você também pode gostar