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Ministério de Catequista
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil
2ª edição – 2021
Direção-Geral:
Mons. Jamil Alves de Souza
Coordenação:
Comissão Episcopal Pastoral para a Animação Bíblico-Catequética
Edição:
João Vítor Gonzaga Moura
Revisão:
Fernanda Justo e Lohana Gregorim
Projeto gráfico, capa e diagramação:
Henrique Billygran Santos de Jesus
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – Comissão Episcopal Pastoral para a Animação Bíblico-Catequética /
Ministério de Catequista. Brasília: Edições CNBB, 2021.
ISBN: 978-65-5975-067-2
Nenhuma parte desta obra poderá ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios
(eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem
permissão da CNBB. Todos os direitos reservados ©
Edições CNBB
SAAN Quadra 3, Lotes 590/600
Zona Industrial – Brasília-DF
CEP: 70.632-350
Fone: 0800 940 3019 / (61) 2193-3019
E-mail: vendas@edicoescnbb.com.br
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SUMÁRIO
LISTA DE SIGLAS
INTRODUÇÃO
I – VER:
NOVOS DESAFIOS, NOVAS RESPOSTAS
1. Presença e atuação dos catequistas na Igreja no Brasil
2. O Ministério de Catequista na história da Igreja
3. O Ministério de Catequista no contexto atual
II – ILUMINAR:
INSPIRAÇÃO E FUNDAMENTO PARA O MINISTÉRIO DE CATEQUISTA
1. Os fundamentos bíblicos do Ministério da Catequese
2. O Ministério de Catequista em uma “Igreja toda ministerial”
III – AGIR:
QUE MINISTROS(AS) PARA QUAL CATEQUESE?
1. O Ministério de Catequista no conjunto da evangelização
2. Requisitos para a instituição do Ministério de Catequista
a) Âmbito pessoal
b) Âmbito diocesano
c) Âmbito paroquial
d) Âmbito comunitário
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LISTA DE SIGLAS
AG Ad Gentes
CIC Código de Direito Canônico
CT Catechesi Tradendae
DAp Documento de Aparecida
DGC Diretório Geral para a Catequese
DNC Diretório Nacional de Catequese
EN Evangelii Nuntiandi
LG Lumen Gentium
SC Sacrosanctum Concilium
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APRESENTAÇÃO À 2ª EDIÇÃO
Podemos dizer, com alegria, que, no Brasil, já se estende nos anos a reflexão sobre o
Ministério de Catequista. Juntamente à Liturgia, a Catequese é uma das constantes
mais pronunciadas na vida da Igreja. É assim desde os seus primeiros dias e, em
qualquer programa de evangelização, terão sempre uma função unificadora das
múltiplas partes. A primeira porque celebra o que se crê, a segunda porque educa para
o que se crê. Ambas são indispensáveis, quer na especificidade de cada uma, quer na
reciprocidade entre elas.
O Concílio Vaticano II abriu-nos os olhos para muitas riquezas da vida eclesial
antes não percebidas ou reconhecidas. Entre elas, a da ministerialidade da Igreja. No
âmbito litúrgico, foram vários os ministérios a prosperar. No âmbito da Catequese,
entretanto, não houve a mesma facilidade para reconhecer os catequistas como
ministros. Porém, recentemente, a Igreja foi premiada com o Motu Proprio Antiquum
Ministerium. Com ele, o Papa Francisco tomou-nos pela mão e veio nos ajudar a
superar as hesitações. Ele lembrou da abertura do Evangelho de Lucas. Nela, o
evangelista explicava ao destinatário “Teófilo” sobre os motivos daquela redação: para
que reconhecesse a solidez da doutrina na qual fora instruído.
Se o Motu Proprio foi para nós um vigoroso impulso para que sejamos mais ousados
na capacidade de reconhecer e promover a índole ministerial da Igreja, de certa forma,
aqui no Brasil, a temática havia já palmilhado passos muito interessantes. Desde 2007,
temos o precioso documento de estudo sob o título Ministério de Catequista. É um texto
muito bem alentado, não apenas uma reflexão. É também resultado de uma paciente
pesquisa: confirmam-no as notas explicativas vigorosas. Por isso mesmo, a sua
reedição se tornou tão necessária, pois a procura aumentou e a atualidade do texto se
mostrou muito inspiradora.
Foi Dom Eugênio Rixen, o então presidente da Comissão Episcopal da Dimensão
Bíblico-Catequética, quem coordenou todo o processo de pesquisa e redação em 2007.
Era uma equipe extraordinária na sua paixão pela Catequese. Conjugavam
maravilhosamente encanto pela evangelização e rigor reflexivo. Tudo isso com elevado
espírito eclesial. Assim, os leitores poderão observar que não se trata apenas de ideias
de conveniência, mas de uma busca, na história e na Escritura, dos primeiros assomos
do ministério catequético. Não buscavam “novidades”, procuravam respostas novas
para novos desafios.
Não se trata apenas de reconhecimento a uma parte dos evangelizadores que atuam
em nome da Igreja, os catequistas. Claro, valorizar a presença e o protagonismo de
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APRESENTAÇÃO
“Como bons administradores da multiforme graça de Deus, cada um coloque à disposição dos outros o dom que recebeu”
(1Pd 4,10).
Existe na Igreja, desde as suas origens, uma grande variedade de serviços, funções e
tarefas, que recebem o nome de ministérios. Dentre os muitos serviços, um deles é a
educação da fé, a catequese. O grande desafio atual é formar catequistas capazes de
encarnar a Palavra de Deus nas alegrias e tristezas, angústias e esperanças do ser
humano. A mensagem transmitida pelo educador da fé deverá dar sentido às
preocupações das pessoas.
Com o Concílio Vaticano II, houve, na caminhada evangelizadora da Igreja, uma
renovação catequética e litúrgica que trouxe vários frutos, dentre eles, a valorização da
catequese e do Ministério de Catequista, como base fundamental no processo
educativo da fé.
Na Bíblia, encontramos muitos exemplos de pessoas escolhidas por Deus e pela
comunidade para se colocar a serviço do povo. O próprio Jesus escolheu discípulos e
discípulas para acompanhá-lo na sua missão e dar continuidade.
Hoje, a Igreja é chamada a continuar a missão de Jesus. A Catequese é um destes
serviços, capaz de dinamizar todas as outras pastorais. A valorização dos fiéis leigos
na Igreja provocou o aparecimento de muitos ministérios. Entre eles, o Ministério de
Catequista.
Para manter a fidelidade ao Evangelho, a Igreja sempre se preocupou em catequizar
os seus fiéis, mesmo se, no decorrer da história, isso foi feito de maneira diferente em
cada época. Hoje, falamos muito em catequese evangelizadora que ajuda no
conhecimento cada vez mais profundo de Jesus Cristo e de sua proposta do Reino.
É notável que a Igreja no Brasil presta um serviço importantíssimo no campo da
catequese. Esse serviço, nos últimos tempos, tem-se expandido e qualificado como
nunca. Diante disso, sentiu-se a necessidade de se refletir mais detidamente sobre o
Ministério da Catequese, as várias modalidades de Ministério de Catequista e, mais
precisamente, sobre o Ministério “instituído” de Catequista.
O texto que agora temos em mãos nos dá a oportunidade conhecer melhor o
Ministério de Catequista no conjunto dos ministérios da Igreja. Ele é fruto de ampla
reflexão que a Comissão Episcopal Pastoral para a Animação Bíblico-Catequética vem
fazendo ao longo destes últimos anos.
É mais uma das possibilidades que o Espírito Santo abre à nossa frente para que,
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INTRODUÇÃO
“Ministério” é um termo muito amplo. Pode significar muitas coisas. Em âmbito
eclesial, pode significar desde a missão de Jesus, passando pela missão da Igreja, até os
vários serviços que os cristãos e as cristãs prestam, na Igreja e no mundo, em vista do
Reino: “Eu vim para que todos tenham vida, e a tenham em abundância” (Jo 10,10).
Na Teologia e na ação evangelizadora, porém, “ministério” vem sendo definido
como “um carisma em forma de serviço reconhecido pela Igreja”.3 O “carisma” do
Espírito é o elemento invisível, sobrenatural, espiritual, místico. Brota da fonte do Pai,
inspira-se na figura humilde e pobre do Filho encarnado, remete ao Espírito de amor
que circula entre os dois e se derrama sobre a humanidade, como aquele Espírito que
pairava sobre a Criação (Gn 1,2) para que as águas primordiais fossem capazes de
gerar a vida.4 O “serviço” é a face visível, descoberta, material e humana do carisma.
Serviço é o “ser-para-os-outros”, vistos e vividos como irmãos e irmãs, filhos e filhas
do Pai nosso que está no Céu. É o “viver-para” o Pai e os irmãos e irmãs, como o Filho
Jesus, na pobreza e na humildade, na doação e na entrega, atentos às suas
necessidades, sensíveis às suas potencialidades, buscando amá-los como Cristo os
amou, até o fim, à cruz e o dom total.
No terreno das funções eclesiais, na verdade, distinguem-se “serviços” e
“ministérios”. Os “serviços” não têm a mesma consistência dos ministérios e, por isso,
não precisam nem exigem o reconhecimento oficial de que os ministérios carecem.
“Ministério”, com efeito, é um serviço preciso, cujo perfil pode ser desenhado com
exatidão e clareza. “Ministério” é um serviço importante, que, não existindo ou vindo
a faltar, a própria missão da Igreja estaria prejudicada.
“Ministério”, de fato, tem a ver com a missão da Igreja, na forma em que essa é
expressa, por exemplo, no Concílio. No Vaticano II (1962-1965), com efeito, a missão é
apresentada como missão profética, sacerdotal e real-pastoral. Há ministérios que se
situam mais no campo da palavra (profecia); há ministérios que se situam mais no
âmbito do culto (sacerdócio); há ministérios mais identificados com a área da caridade
e do serviço (caridade).
“Ministério” tem a ver sempre com a Igreja e com o mundo, devendo-se evitar –
depois que o Filho se encarnou e de tal maneira amou o mundo que se entregou por
Ele (Jo 3,16) – todo divórcio entre um espaço e outro.
“Ministério” é função a ser assumida com estabilidade e, pelo menos, razoável
permanência. Não pode alguém ser ministro hoje da Palavra, amanhã da visitação e,
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I – VER:
NOVOS DESAFIOS,
NOVAS RESPOSTAS
1. Presença e atuação dos catequistas na Igreja no Brasil
Foram, sem dúvida, leigos e leigas os primeiros a introduzirem a fé cristã em nossas
terras. Gente simples, homens, mulheres, crianças e, à medida que iam abraçando o
Evangelho, os próprios nativos participaram nesse imenso empreendimento de
evangelização, com suas sombras e luzes, vitórias e derrotas. A fé, o Batismo e nada
mais os habilitava à ingente e exigente tarefa de anúncio do Evangelho aos seus irmãos
e irmãs indígenas. O bom exemplo supria a pobreza das palavras; o mau exemplo as
sepultava!6
Por isso, com a V Conferência Geral do Episcopado da América Latina e do Caribe
(Aparecida, 2007), olhando para o contexto da evangelização, os bispos reconhecem a
presença missionária de tantos colaboradores e assim se expressam: “Damos graças a
Deus e nos alegramos pela fé, solidariedade e alegria características de nossos povos,
transmitidas ao longo do tempo pelas avós e avôs, as mães e pais, os catequistas, os
rezadores e tantas pessoas anônimas, cuja caridade mantém viva a esperança em meio
às injustiças e adversidades” (DAp, n. 26).7
Os avanços mais significativos da catequese, porém, foram dados nos últimos
cinquenta anos, ou seja, desde os anos imediatamente anteriores ao Concílio Vaticano
II (1962-1965) – mas sobretudo a partir dele8 – até os nossos dias. Embora nos faltem
dados numéricos mais específicos e precisos – o que é uma pena, pois a catequese, por
sua importância e magnitude, bem que mereceria uma pesquisa circunstanciada
cientificamente conduzida – alguns elementos de uma avaliação qualitativa saltam à
vista.
Um ponto importante a ser destacado na Igreja no Brasil é a valorização da Bíblia:
“Devido à animação bíblica da pastoral”, aumentou o contato, a aproximação e “o
conhecimento da Palavra de Deus e do amor por ela” (DAp, n. 99a). A Bíblia, com
efeito, vai se tornando o principal texto da catequese9 e, progressivamente, um de seus
eixos básicos.10 Os Seminários Nacionais de Catequese, realizados na última década, têm
registrado essa tendência, aprofundando suas implicações e reforçando essa opção,
sobretudo no que diz respeito à autoridade, à atualidade e à potencialidade da Bíblia.
Por outro lado, ao se tomar consciência da necessidade da formação, multiplicaram-
se os cursos de formação de catequistas, no âmbito de paróquia, e, sobretudo, de
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notícia” (At 21,21-24; Lc 1,4); em sentido estrito, tem o significado de “dar uma
instrução (cristã)” (At 18,25; Rm 2,18; Gl 6,6).
As primeiras comunidades desdobram, na verdade, o Ministério da Palavra em
várias formas, segundo as circunstâncias e as necessidades dos ouvintes: o anúncio
para suscitar a fé; a instrução ou doutrina para aprofundá-la; a exortação para corrigir
e alentar; o testemunho para iluminar e convencer etc.
No meio dessa multiplicidade de formas, pode-se, porém, distinguir um primeiro
momento, de lançamento da mensagem, ação dita pelos verbos “gritar” (krazein),
anunciar (keryssein), “evangelizar” (evangeuelizein), “testemunhar” (martyrêin), de um
segundo momento, de explicitação e aprofundamento, expresso pelos verbos “ensinar”
(didaskein), “catequizar” (katechein), “pregar” (homilein) e “transmitir” (paradídonai),
entre outros. A catequese e o catequizar situam-se mais precisamente nesse momento
em que se trata de explicitar, completar, aprofundar e fazer ressoar na vida e no dia a
dia o Evangelho recebido.
O Novo Testamento já distingue, na explicitação dos conteúdos da fé, entre os
rudimentos – elementos fundamentais da revelação – que são chamados de leite
espiritual (1Cor 3,2; Hb 5,11), e os complementos – uma visão mais completa dos
conteúdos da mensagem revelada – ou alimento sólido, destinado aos adultos na fé (At
5,12-14; 1Pd 2,2). Enquanto os primeiros têm caráter mais iniciatório, os segundos
visam à comunicação e à acolhida do conjunto da mensagem revelada por Deus e
criada pela Igreja.
Os textos neotestamentários – não por último, os evangelhos – têm sua origem e
gestação nesse contexto. Ministros da Palavra, nessas várias modalidades de sua
comunicação, são vários, nem sempre sendo possível distinguir com clareza até onde
vai a ação de um e entra em ação outro.
Na época patrística, no contexto mais amplo da ação evangelizadora da Igreja –
feita de testemunho, anúncio, iniciação, culto, caridade, vida comunitária –, precisa-se
o conteúdo do termo “catequese” e delineia-se o âmbito em que, fundamentalmente,
ela se dá. Para Clemente de Alexandria (150-215), “catequese” é a instrução
fundamental dada aos candidatos ao Batismo,18 o que, para Santo Hipólito (170-236), é
seu sentido específico e exclusivo.19 O âmbito preferencial da catequese é, nessa época
em que a Igreja já se apresenta solidamente em suas instituições, o catecumenato.20
Nessa idade de ouro do catecumenato para a iniciação cristã, a catequese, juntamente
com os Sacramentos de Iniciação, é o elemento central no processo de iniciação cristã
(DNC, cap. 2).
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iniciação cristã integral, e, por isso, funciona como matriz da Igreja, desaparece e
permanece uma catequese com característica doutrinal.
Mantém-se, porém, o termo “catequizar” e se lhe acrescenta a instituição
“catechismus”, que, mais tarde, designará também o livro.21 “Catechismus” designava,
então, a formação anterior ao Batismo – mais precisamente, as perguntas que o
ministro do Sacramento dirigia aos pais e padrinhos, sondando-lhes a fé e as aptidões
para garantir a instrução cristã do filho(a) e/ou afilhado(a). O ensinamento pós-
batismal não se chamava “catequese” nem “catechismus”, mas “instructio”, que, no
latim eclesiástico, equivalia a “institutio”, não no sentido de instrução, mas de
formação em sentido amplo. Santo Tomás de Aquino vai distinguir quatro formas de
instrução cristã: instrução para a conversão inicial; instrução sobre os fundamentos da
fé para receber os Sacramentos; instrução para alimentar a vida cristã; instrução sobre
os mistérios e a perfeição da vida cristã.22 O “catechismus” é, nessa época, uma
atividade fundamentalmente clerical.
Na Idade Moderna, adquirem relevo especial o termo e o conteúdo de
“catechismus”. Entra em cena um fator novo, relacionado com os destinatários da
catequese, não, porém, com as formas de apresentação da Palavra de Deus: a
consciência de que não só crianças e adolescentes, mas também os próprios adultos,
necessitam de uma formação cristã básica. Ignorância religiosa, deterioração moral e
crise nos laços de adesão à Igreja formam como que um tripé que exige remédio por
parte da Igreja. Seja entre os protestantes, seja entre os católicos, do silêncio levanta-se
o clamor por uma instrução cristã básica universalizada. É quando surgem
oficialmente os catecismos maiores (para adultos) e menores (para crianças).
Esse ensinamento elementar sobre a fé cristã era feito em forma de perguntas e
respostas. “Catechismus”, agora, é sobretudo o livro – grande ou pequeno – usado na
instrução cristã de adultos ou crianças. Embora clerical, assumida por especial
obrigação pelos párocos, a instrução cristã é assumida também por religiosos e
religiosas – algumas instituições são mesmo fundadas com esse fito – e,
crescentemente, por leigos e leigas. A Reforma, luterana especialmente, vai levantar
com todo o ardor a bandeira da Bíblia, do catecismo, do cálice, do ministério nas mãos
do povo.
A época contemporânea sente, com grande vigor, a necessidade de catequizar todo
o povo cristão. Na segunda metade do século passado, graças às indicações da
pedagogia profunda, distinguindo uma formação básica e uma formação permanente,
toma-se consciência de que a catequese com adultos deva ter duplo nível: uma
catequese básica e uma catequese permanente. A catequese torna-se, então, uma
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fé, dar razão de sua esperança e viver o dom maior da caridade em um mundo em
que, se tudo vale, o que menos vale corre o risco de ser o ser humano, tornado objeto e
instrumento do egoísmo do forte do momento.
Em uma população em que dois terços de seus membros se declaram católicos, mas
não são praticantes, pois “grupos inteiros de batizados perderam o sentido vivo da fé e
também já não se reconhecem como membros da Igreja, levando vida afastada de
Cristo e de seu evangelho” (RMi, n. 33),24 a catequese tem que ter, cada vez mais, um
perfil missionário (DNC, n. 33). Diante dessa situação, por mais importante que seja, o
testemunho, certamente indispensável, não é suficiente, devendo ser completado pelo
anúncio daquela Palavra que interprete o testemunho e bata às portas dos corações
religiosamente mornos, quando não indiferentes: “o anúncio missionário da catequese,
sobretudo de jovens e adultos, constitui prioridade clara” (DGC, n. 26).
Num mundo marcado por injustas desigualdades, em que, com o fim dos opostos
sistemas sociais fundados no liberalismo e no coletivismo, respectivamente, o
neoliberalismo apresenta-se hegemônico, enquanto bilhões de pessoas sobrevivem a
duras penas e o próprio planeta rebela-se contra seus agressores, prenunciando dias
terríveis para a humanidade, que se verá crescentemente ameaçada pelas
consequências, não só previsíveis, mas previstas, de sua dominação irracional da
natureza, que o Criador lhe deu para administrar em herança e cuidar com ternura.
Em contexto assim, a Igreja precisa de catequistas imbuídos de profundo sentido,
responsabilidade e compromisso social, capazes de educar cristãos e cristãs que,
primeiro, vivam, segundo, chamem à responsabilidade, e terceiro, engajem-se de corpo
e alma nas lutas pela justiça e pela paz, tendo como parâmetro a dignidade inviolável
da pessoa humana, “tarefa central e unificadora do serviço que a Igreja e, nela, os fiéis
leigos são chamados a prestar à família humana” (DGC, n. 19).
Por essas razões, que, sinteticamente, de um lado, contemplam os desafios que a
Igreja é chamada a enfrentar no contexto atual e, por outro, a vitalidade que a
catequese vem experimentando em nosso país, pareceu bem à Conferência Nacional
dos Bispos do Brasil, quando da aprovação do Diretório Nacional de Catequese, em 2005,
possibilitar a criação do “Ministério da Catequese”: “O ministério da Palavra exige o
ministério da catequese”.25
Dada a importância da catequese e o fenômeno da rotatividade entre os catequistas,
aconselha-se “que, na Diocese, exista um certo número de religiosos e leigos estáveis e
dedicados à catequese, reconhecidos publicamente, os quais, em comunhão com os
presbíteros e o bispo, contribuam para dar a este serviço diocesano a configuração
eclesial que lhe é própria” (DGC, n. 231). E mais: “ainda que toda a comunidade cristã
seja responsável pela catequese, e ainda que todos os seus membros devam dar
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II – ILUMINAR:
INSPIRAÇÃO E FUNDAMENTO PARA O
MINISTÉRIO DE CATEQUISTA
1. Os fundamentos bíblicos do Ministério da Catequese
É na multiforme realidade bíblica da Palavra e nos vários serviços e Ministérios que,
por meio dos mais diversos atores, se dedicam ao seu anúncio, testemunho, defesa,
aprofundamento, reflexão e celebração, que vamos encontrar os fundamentos do
Ministério da Palavra e, nas formas que esta realidade se apresente na Sagrada
Escritura, o Ministério da Catequese.
Aquele que, com sua Palavra, criou todas as coisas e chamou Abraão para fazer dele
uma grande nação (Gn 12,1-3), pelo poder de sua Palavra e a força de seu braço,
libertou os escravos hebreus (Ex 3,6-10), celebrou com eles uma aliança (Ex 19-20) e
conduziu-os pelo deserto até à terra prometida, fazendo deles um povo.
Para dirigir-se ao povo, o Senhor servia-se do Ministério de Moisés e Aarão, de cuja
boca a palavra fluía com mais facilidade (Ex 4,10-16). Moisés é, assim, líder e profeta,
guia e legislador, pastor e pai, servo de Deus e do povo (Dt 34,9.10). Em um dado
momento, por sugestão de seu sogro, Jetro, Moisés dividiu seu trabalho e seu poder
com setenta líderes (Ex 18,1ss), podendo, assim, desempenhar melhor a sua parte.
Era, antes de tudo, no contexto da família, que se transmitiam as experiências
religiosas (Ex 12,26-27; 13,8.14; Dt 26,1-11). A tradição dos antigos passava às novas
gerações pelos pais e pelas mães:
Escuta, povo meu, o ensinamento; presta ouvido às palavras da minha boca. Vou abrir minha boca em
parábolas, decifrarei os enigmas dos tempos antigos. Aquilo que ouvimos e aprendemos, o que nossos pais nos
contaram, não o ocultaremos a seus filhos. Vamos contar à geração futura os louvores do Senhor e seus
prodígios, as maravilhas que ele realizou. Ele estabeleceu um decreto em Jacó, promulgou uma lei em Israel:
mandou a nossos pais, que a transmitissem a seus filhos, a fim de que a geração futura fique sabendo, os filhos
que vão nascer. Eles se levantarão e a transmitirão a seus filhos, a fim de que ponham em Deus sua esperança,
não se esqueçam das obras de Deus e guardem seus mandamentos. Que não se tornem, como seus pais, uma
geração rebelde e obstinada; geração que não firmou o coração, e cujo espírito não foi leal a Deus. (Sl 78,1-8).
É neste contexto que vão surgindo os escribas ou mestres da Lei, líderes religiosos
especialistas na interpretação da palavra escrita e da tradição oral, que se posicionam
em favor da teocracia e dos teocratas. Este grupo de mestres da Lei – que, no final do
século I, receberão também o nome de “rabinos”29 – terá crescente importância. Seu
peso será cada vez maior junto ao povo, como se percebe nas páginas do Novo
Testamento. O sistema de “puro e impuro”, por exemplo, vigora até o tempo de Jesus,
que, como sabemos, se opôs abertamente às leis religiosas que escravizavam o povo.30
O galileu Jesus reagiu e denunciou o sistema que imperava nas sinagogas e, sobretudo,
no Templo. Após a destruição do Templo (70 d.C.), que retirou do povo o espaço mais
importante e significativo de seu culto, cresce ainda mais a influência dos mestres da
lei. Por outro lado, as sinagogas, socialmente importantes já no tempo de Jesus, com os
seus líderes leigos, anciãos (= presbíteros) e rabis, vão ser inclusive ambiente
importante para a difusão do Evangelho, seja por parte de Jesus, seja por parte dos
primeiros missionários cristãos.
Na plenitude dos tempos, aquela mesma Palavra pela qual Deus fez o céu e a terra e
que falou pelos profetas, sem deixar de estar em Deus e voltada para Ele (Jo 1,1; Gl
4,4), tornou-se carne e armou sua tenda no meio de nós (Jo 1,14). “Muitas vezes e de
muitos modos, Deus falou outrora aos nossos pais, pelos profetas. Nestes dias, que são
os últimos, falou-nos por meio do Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas
e pelo qual também criou o universo” (Hb 1,1-2).
No prolongado silêncio de Nazaré, a Palavra eterna do Pai, que, agora encarnada,
responde pelo nome de “Jesus”, foi se fazendo – ao ritmo da vida familiar e
comunitária, do aprendizado profissional e da vida de trabalho, das idas ao Templo e
da frequentação da sinagoga – cada vez mais concreta e historicamente, palavra
humana, condição social e histórica, cultura e escolha, igualdade e diferença. Como
todo menino judeu da época, foi, sobretudo, no seio da família que Jesus foi educado
na fé. Vêm de Lucas aquelas duas breves notícias sobre a educação de Jesus: “O
menino crescia, ficava forte e cheio de sabedoria; e a graça de Deus estava sobre ele”
(Lc 2,40). E mais adiante: “Jesus desceu, então, com seus pais para Nazaré e era-lhes
submisso. Sua mãe guardava todos esses acontecimentos em seu coração. E Jesus ia
crescendo em sabedoria, idade e graça diante de Deus e dos homens” (Lc 2,51-52). A
sinagoga, por sua vez, especialmente nos povoados menores, como Nazaré, serve
também de escola para crianças e jovens. Foi aí que Jesus aprendeu a ler e a escrever, a
manusear a Torá e a ler os textos sagrados.
No Batismo, por um lado, esta Palavra encarnada está de tal modo identificada com
o Pai que, nela e por meio dela, o próprio Pai se faz ouvir. Por outro lado, ela se mostra
suficientemente autônoma em relação ao Pai, de tal maneira que não é mais apenas a
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“voz” como fora seu precursor, João Batista, mas a própria “palavra”, aliás, a Palavra!
João é a “voz”; Jesus, a “Palavra”. Esta Palavra se fará ouvir, primeiro, naqueles
cenários (o deserto, o mar e a montanha) que evocam o Êxodo; depois, naqueles em que
se desenrola a vida do povo assentado na terra da promessa: a sinagoga e a casa, a
praça e o Templo, a Galileia fronteiriça com os gentios, a Samaria sincrética e a Judeia
do Templo e do sacerdócio, das grandes festas e do sinédrio, onde a presença
estrangeira, sobretudo romana, era mais evidente e onde a Palavra terá seu embate
final com os representantes do poder religioso e do poder civil, da Palestina submetida
no corpo, mas não na alma,31 à Roma imperial, das trevas e da luz.
Enquanto os profetas eram instrumentos a serviço da Palavra – voz, mas não
palavra, como, repetindo Isaías, o dirá João Batista (Mc 1,2-3) –, Jesus é a Palavra
mesma de Deus (Jo 1,1ss). Quem o escuta, escuta o próprio Deus (Lc 10,16; Jo 6,45),
confundindo-se nele palavra e voz, mensagem e mensageiro, palavra dita e palavra
vivida, sujeito do anúncio e objeto da fé.
Ao redor de Jesus, vai-se formando a comunidade dos discípulos e discípulas.
Como narra os evangelistas, “Jesus subiu à montanha e chamou os que ele mesmo
quis; e foram até ele. Então constituiu doze para estarem com ele e para enviá-los a
anunciar, com a autoridade de expulsar demônios.” (Mc 3,13-15; Mt 10,1-4; Lc 6,12-16).
Os Doze são enviados para anunciar o Reino que ele anunciava, realizar os sinais que
Ele fazia, chamando todos à conversão e convidando à fé. Embora sejam meros
anunciadores e portadores da Palavra, “Quem recebe, em meu nome, uma só criança
como esta, recebe a mim mesmo. E quem me recebe, recebe, não a mim, mas àquele
que me enviou” (Mc 9,37). De fato, segundo Jesus, “Quem vos recebe, recebe a mim; e
quem me recebe, recebe àquele que me enviou. Quem receber um profeta por ele ser
profeta, terá uma recompensa de profeta. Quem receber um justo por ele ser justo, terá
uma recompensa de justo” (Mt 10,40-41).
À missão dos Doze, segue-se, de acordo com Lucas, a mais ampla missão dos
setenta e dois discípulos (Lc 9,1-6 e 10,1-20). Na perspectiva lucana, enquanto a missão
dos Doze, que simbolizam a totalidade de Israel que Jesus pretende restaurar, dirige-se
ao povo da promessa, a missão dos setenta e dois – número bíblico das nações que
formam o mundo (Gn 11) – simboliza a futura missão aos pagãos, que ele descreve em
seu segundo livro, os Atos dos Apóstolos, que bem poderia ser chamado de Ata das
Missões.
A volta da missão é motivo de júbilo transbordante em oração, que o Espírito
suscita e sustenta. Jesus, de fato, “exultou no Espírito Santo e disse: “Eu te louvo, ó Pai,
Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e entendidos e as
revelaste aos pequeninos. Sim, ó Pai, assim foi do teu agrado. Tudo me foi entregue
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por meu Pai, e ninguém conhece o Filho, senão o Pai; e ninguém conhece o Pai, senão o
Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar ” (Lc 10,21-22; Mt 11,25-27).
Após sua morte e Ressurreição, os onze discípulos são, por um novo e definitivo
ato, enviados em missão: “Foi-me dada toda a autoridade no céu e na terra. Ide, pois, e
fazei discípulos todos os povos, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito
Santo. Ensinai-os a observar tudo o que vos mandei. Eis que estou convosco todos os
dias, até o fim dos tempos” (Mt 28,18-20). O final canônico de Marcos faz como que um
apanhado deste envio: “Ide pelo mundo inteiro e proclamai o Evangelho a toda
criatura! Quem crer e for batizado será salvo, mas quem não crer será condenado...”
(Mc 16,15-18; At 1,6-8; Jo 20,11-23).
Embora Marcos informe que os Doze saíram a pregar por toda parte (Mc 16,20), não
há nenhum registro mais pormenorizado dessa atividade missionária, a não ser as
informações fornecidas pelo livro dos Atos dos Apóstolos relativas a Pedro e João. Dos
outros Doze, o que sabemos é pela literatura apócrifa de algum fragmento da tradição
extrabíblica antiga, nem sempre historicamente confiável.
Foi, porém, na tradição oral e em parte escrita que Lucas bebeu para escrever o
terceiro Evangelho: “Muitos já tentaram compor um relato coordenado dos fatos
ocorridos entre nós, como nos transmitiram os que foram testemunhas oculares desde
o princípio e se tornaram ministros da palavra. Assim decidi também eu, caríssimo
Teófilo, depois de ter cuidadosamente investigado tudo desde o começo, pô-lo por
escrito para ti, em boa ordem, para que conheças a solidez dos ensinamentos que
recebeste” (Lc 1,1-4).
Os ministros da Palavra a que se refere Lucas são, com certeza, muitos no Novo
Testamento, mesmo mais numerosos do que os escritos canônicos, de forma ocasional,
indireta e nunca completa, informam. Não se pode esquecer que o Evangelho foi
levado, muitas vezes, de forma anônima, em pobreza e humildade, não só nos limites
da Palestina, mas sobretudo nas imensidões do Império, por homens e mulheres do
povo, tocadas e edificadas pela Palavra que sai da boca de Deus (Mt 4,4; Dt 8,3; 30,14),
primeiro de todas, a sua Palavra viva e encarnada, o Senhor Jesus.
Três grupos, no entanto, se destacam, ganhando posição de relevo nos escritos de
Paulo. São os apóstolos, os profetas e os doutores. Os apóstolos – que só nos Atos dos
Apóstolos se restringem aos Doze – são missionários enviados oficialmente por uma
comunidade cristã para anunciar o evangelho, onde ele ainda é desconhecido.
Geralmente, vão dois a dois, munidos de cartas de recomendação (At 13,2; 15,27 etc.).
A partir do momento em que, em uma cidade, a comunidade cristã está fundada e
suficientemente consolidada, o apóstolo parte para outros lugares. Terminada sua
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missão, volta à comunidade que o enviou, para partilhar as experiências (At 14,27;
18,22). Pelo chamado “acordo de Jerusalém” (Gl 2,9), alguns apóstolos se encarregam
da pregação entre os judeus da Diáspora e outros, dos pagãos (Rm 11,13; 1Pd 1,1; Gl
2,11; At 28,30; 1Cor 1,12). Em geral, procura-se atingir primeiro os judeus e, em
seguida, os pagãos. A prioridade dada aos apóstolos nas listas de carismas (1Cor 12,28)
revela a orientação missionária da Igreja, especialmente do centro missionário de
Antioquia às margens do Oronte (At 14,4.14).
Os profetas, por seu lado, “falam em Espírito” (1Cor 14) e desempenham um papel
importante, sobretudo nas assembleias litúrgicas (1Cor 14,3.4.22), nas quais, além da
pregação, realizam a ação de graças ou a “prece eucarística”. Esse particular, que é
atestado por Paulo (1Cor 14,15-17), é testemunhado também por aquele outro precioso
documento das origens cristãs, a Didaché, cuja elaboração cobre, na diversidade de suas
partes, temas e estilos, o mesmo arco de tempo compreendido pelos Evangelhos
(Didaché 10,7). Como no Antigo Testamento – pense-se em Maria, irmã de Moisés (Ex
15,20ss), Débora (Jz 4-5); a mulher de Isaías (Is 8,3), Hulda (2Rs 22,14-20) –, também
algumas mulheres são consideradas profetisas (1Cor 11,2-16; At 21,9).
Os profetas, na verdade, são líderes de importantes comunidades locais – como
Antioquia e Jerusalém – e de seu seio são escolhidos os apóstolos-missionários. Não só
estão presentes em importantes comunidades, mas desempenham importante papel
nas Igrejas em que estão (1Ts 5,20; 1Cor 14,1; Rm 12,6). Os profetas cristãos, na
verdade, eram líderes de algumas das primeiras comunidades (At 13,1) e, segundo
1Cor 12,28, ocupam o segundo lugar entre os ministros que Deus estabeleceu na Igreja,
só precedidos pelos apóstolos.
Os doutores geralmente aparecem associados aos profetas (1Cor 12,28-30; Ef 4,4-6;
At 13,1; Didaché 15,1). Esses ministros da Palavra são responsáveis pela “didascália”
(gr.: “didaskalía”), que é um ensino mais metódico e sistemático, baseado na pregação
dos missionários e nas Sagradas Escrituras, modelado sobre um trabalho semelhante
feito nas sinagogas dos judeus, pelos rabinos. Aliás, muitos doutores cristãos eram
certamente rabinos que se tornaram cristãos. Os casos mais espetaculares são o de
Paulo (At 22,3) e, em grau menor, o de Apolo (At 18,24).
Segundo a Carta aos Efésios, a dupla ministerial “apóstolos e profetas” entra na
própria definição da Igreja, uma vez que esta é a casa na qual os pagãos não são mais
“estrangeiros nem forasteiros, mas concidadãos dos santos e familiares de Deus;
edificados sobre o alicerce dos apóstolos e dos profetas, tendo como pedra angular o
próprio Cristo Jesus” (Ef 2,19-20). “Apóstolos” aqui, como nas cartas de Paulo, designa
um grupo bastante amplo de testemunhas do Ressuscitado, enviados a evangelizar e a
fundar Igrejas; “profetas”, juntamente com os apóstolos, são os instrumentos da
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fundacionais “enriquecem uma tarefa comum com acentos próprios, muitas vezes de
grande profundidade religiosa, social e pedagógica” (DGC, n. 229).
Os leigos e leigas – na verdade, essa constelação enorme de cristãos e cristãs que
abraçam com generosidade o Ministério da Catequese – contribuem para o Ministério
da Catequese a partir de sua condição peculiar, que é sua imersão nas coisas do
mundo (LG, n. 31), e eles procuram transformar com a luz, o sal e o fermento do
Evangelho. Se, por um lado, compartilham com os catequizandos as mesmas formas
de vida, procuram, pela catequese, compartilhar com eles o dom que o Senhor, por sua
Encarnação e vida entre nós, veio trazer-nos. Sendo assim, “os próprios catecúmenos e
os catequizandos podem encontrar neles um modelo cristão próximo, no qual projetar
seu futuro como crentes” (DGC, n. 230).
É neste contexto que se insere e há de ser iluminado o Ministério de Catequista.
Bispos, presbíteros, diáconos e, a seu modo, religiosos e religiosas, já exercem seus
Ministérios próprios. Leigos e leigas também podem abraçar, dentro da condição cristã
que compartilham com todos os membros da Igreja e a partir de um carisma
específico, o serviço e/ou o Ministério que, ao mesmo tempo, responda a alguma
necessidade concreta da comunidade eclesial e às suas habilidades e aptidões pessoais.
Entre estes serviços e Ministérios vários, está o Ministério de Catequista. O
Ministério de Catequista é uma das tantas modalidades que pode assumir o Ministério
da Catequese. Na verdade, é a modalidade mais específica, mais densa, mais
encarnada. Tentando iluminar com uma comparação: embora muitos sejam os
Ministérios litúrgicos, só o bispo, na Igreja Antiga, e o presbítero, na Igreja posterior,
são chamados de “sacerdotes”; da mesma forma, na Igreja atual, muitos exercem o
Ministério da Catequese, mas só uma categoria de pessoas recebe o nome de
“catequistas”. Isso porque, nessas pessoas, há como que uma identificação – ao mesmo
tempo correta e, sob alguns pontos de vista, questionável – entre o “Ministério da
Catequese” e o “Ministério de Catequista”. Fato é que o catequista assume e vive o
Ministério da Catequese de uma maneira absolutamente original.
E se se perguntasse, na comunidade, quem responde pela catequese, embora fosse
teoricamente corretíssimo e, na prática, muitas vezes, verdadeiro, que é toda a
comunidade ou, então, o bispo, o presbítero, o diácono, os leigos e as leigas, a resposta
mais condizente com a realidade seria: os catequistas ou, em quase 100% dos casos: as
catequistas! O Ministério da Catequese tem uma concreção particularíssima no
Ministério de Catequista, ou, para sermos mais concretos, nas catequistas e nos
catequistas.
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catequista como pessoa. A pessoa do catequista, com todas as suas dimensões, deve
gozar de primazia sobre os carismas de que seja portador, sobre o serviço que presta à
comunidade, sobre o Ministério que assuma.
É o primado do ser sobre o fazer; do ser sobre o ter; do ser sobre o poder; do ser
sobre o prazer, da pessoa sobre a função, do sujeito sobre o papel. Nesta linha, o que
realmente importa é o que o catequista é e, só secundariamente, e nunca
necessariamente, o que ele faz, tem, pode, sente. Sem cair, evidentemente, em qualquer
esquizofrenia, deve-se poder dizer que a pessoa do catequista é a realidade primeira,
sendo o Ministério de Catequista realidade que, sem aquela, estaria destituída de raiz,
de fundamento, de sentido, de corpo.
Ministérios podem ser, de alguma forma, “classificados”. Na tipologia assumida
pela CNBB no documento “Missão e ministérios dos cristãos leigos e leigas”, encontramos
Ministérios “de fato” ou, mais propriamente, “reconhecidos”, Ministérios “confiados”,
Ministérios “instituídos” e Ministérios “ordenados”.
A forma mais simples de Ministério é o Ministério “reconhecido”. Tem este nome
porque a Igreja “reconhece” uma situação ministerial já presente e atuante na
comunidade. Neste caso, o fato ministerial precede o ato de seu reconhecimento. Trata-
se em geral de serviço significativo para a comunidade, mas talvez não tão
permanente, se olhado do ponto de vista da Igreja, ou – como acontece com bastante
frequência, inclusive na catequese – não tão estável, se olharmos o incessante vaivém
de seus titulares.
O fato de uma catequista dedicar-se à catequese com o apoio da comunidade e a
aprovação do pároco faz de seu serviço um Ministério “reconhecido”. Se ela, porém,
antes de começar a exercer este Ministério, tivesse recebido uma designação especial
para tanto (por meio, por exemplo, de um ato de nomeação ou de um rito litúrgico
simples), seu Ministério seria considerado “confiado”. É Ministério “confiado”, por
exemplo, o Ministério conferido aos(às) ministros(as) da Sagrada Comunhão.
Ninguém vai, por conta própria, sair por aí distribuindo a comunhão; a iniciativa,
autorizando este serviço, deve ser prévia ao exercício deste e cabe a quem detém a
autoridade na Igreja, o bispo ou alguém delegado por ele.
Alguns Ministérios são chamados “instituídos”, porque algumas funções são
conferidas pela Igreja a alguém por um rito litúrgico que, desde a Tradição Apostólica
(215/216), de Santo Hipólito Romano, recebe o nome de “instituição”.38 O Papa Paulo
VI, em 1972, em um documento intitulado Ministeria quaedam, criou, para toda a Igreja,
dois Ministérios instituídos – o de Leitor e o de Acólito – e aprovou o rito próprio de
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conferimento destes Ministérios. A partir daí, por razões que vão muito além do
impulso papal, houve uma verdadeira explosão de Ministérios na Igreja.39
Alguns destes Ministérios, em alguns lugares, por decisão da Igreja local, são
Ministérios “instituídos”, ou seja, conferidos aos seus titulares por meio de um rito
litúrgico de “instituição”, elaborado pela própria Igreja local, com aprovação do bispo.
O que se está propondo, no Diretório Nacional de Catequese sobre o “Ministério de
Catequista”, é justamente isto: que as Dioceses criem oficialmente o Ministério de
Catequista e o confiram, por meio de um rito litúrgico de “instituição”, àquelas
catequistas e àqueles catequistas que, a juízo de cada comunidade paroquial,
preencherem os requisitos para assumir tal Ministério. No final deste texto, é traçado o
perfil de Ministro (instituído) da Catequese e são colocados os requisitos a serem
preenchidos.
Na verdade, os documentos eclesiásticos já distinguem dois tipos de catequistas: os
catequistas de tempo parcial e os catequistas de tempo integral (DGC, n. 233; AG, n.
17).40 Muitos catequistas, é sabido, só podem dedicar ao Ministério da Catequese
poucas horas por semana e, às vezes, apenas durante um período limitado de suas
vidas. Por mais valiosa que seja esta colaboração, ela é insuficiente para atender às
necessidades da catequese, em termos quantitativos, sem dúvida, mas, sobretudo,
qualitativos. Em muitos lugares, reclama-se da alta rotatividade de catequistas, da
pouca formação de muitos e da precariedade de seu serviço.
A Igreja e, concretamente, a comunidade eclesial precisam, porém, também de
pessoas que se dediquem ao Ministério da Catequese de modo mais competente,
intenso e estável. O Diretório Geral, com efeito, valoriza esse tipo de compromisso mais
duradouro e mais intenso com o Ministério da Catequese: “A importância do
ministério da catequese aconselha que haja, na Diocese, ordinariamente, certo número
de religiosos e de leigos estáveis e generosamente dedicados à catequese, reconhecidos
publicamente pela Igreja e que, em comunhão com os presbíteros e o bispo, contribuam a
dar a este serviço diocesano a configuração eclesial que lhe é própria” (DGC, n. 231).
O Diretório Geral, com isso, abre a possibilidade de uma institucionalização do
serviço do catequista, transformando-o em um verdadeiro e próprio Ministério,
segundo o ditado do Código de Direito Canônico: “Os leigos que forem julgados idôneos,
têm capacidade para que os sagrados Pastores lhes confiem os ofícios eclesiásticos e
outros cargos que podem desempenhar segundo as prescrições do direito” (CIC, cân.
228).41
Cabe, portanto, aos sagrados Pastores, em primeiro lugar, criar este Ministério de
Catequista na Igreja local e, depois, conferi-lo àquelas pessoas que forem consideradas
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Não se devem, porém, fechar os olhos diante das desvantagens, que também são
reais: risco de desmotivar os catequistas não institucionalizados, como se fossem de
segunda categoria ou de menor valor e com menos responsabilidade; risco de que a
pessoa, tendo recebido oficialmente o Ministério de Catequista como que se sente mais
importante que os outros, perdendo aquele elã que justamente contribuiu para que
recebesse o Ministério; inveja e ciúme de setores da comunidade, não por último dos
próprios outros catequistas. Uma certa desmotivação dos demais catequistas sob o
argumento, explícito ou implícito, de que os “catequistas oficiais” é que deveriam fazer
isso ou aquilo.
Há também a necessidade de prover os catequistas de recursos, tanto para a tarefa
catequética propriamente, como para a sua formação permanente. O educador da fé
não deveria precisar pagar para trabalhar, como, muitas vezes, ocorre. É bastante
comum o catequista pagar cursos, transporte, materiais destinados à catequese,
quando a comunidade é que deveria arcar com estas despesas.
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III – AGIR:
QUE MINISTROS(AS) PARA QUAL CATEQUESE?
1. O Ministério de Catequista no conjunto da evangelização
A Evangelii Nuntiandi, ainda que condicionada por seu momento histórico, coloca
com clareza o lugar da catequese no conjunto da evangelização: “Uma via que não há
de ser descurada na evangelização é a do ensino catequético. A inteligência,
nomeadamente a inteligência das crianças e a dos adolescentes, tem necessidade de
aprender, mediante um sistemático ensino religioso, os dados fundamentais, o
conteúdo vivo da verdade que Deus nos quis transmitir, e que a Igreja procurou
exprimir de maneira cada vez mais rica, no decurso da sua história” (EN, n. 44).43
O documento Catequese Renovada, tendo presentes os novos desafios, situa a
catequese no mais amplo contexto da evangelização. A evangelização é uma realidade
rica, complexa e dinâmica, com momentos essenciais e diferentes entre si (CT, n. 18;
DGC, n. 63). Ao anúncio de Jesus Cristo, que visa a suscitar a fé (querigma), seguem-se
a educação da fé, visando ao seu aprofundamento, amadurecimento e plena
incorporação à comunidade (catequese), e a participação consciente e ativa na vida e
missão da comunidade eclesial, na Igreja e no mundo – ação pastoral (DGC, n. 49).
Esses três momentos, sobretudo nos dias atuais, devem se revestir daquela mística
missionária que animava os primeiros cristãos e os santos e santas de todos os tempos
e lugares. Frutos da catequese – e da evangelização como um todo – são a conversão a
Deus e à sua Palavra, o seguimento de Jesus, o discipulado na sua comunidade, a
missão aos outros. Nos nossos dias, este processo não pode ser entendido e vivido
como uma sequência linear de momentos estanques, mas como um processo vivo e
vital no qual a atenção aos catequizandos irá definindo, sempre de novo, qual
momento e com que modalidade se irá trabalhar.
A catequese hoje, na verdade, se tornou mais missionária (a família e a cultura não
transmitem mais a fé), mais catecumenal (a catequese é chamada a ser processo exigente
e prolongado de comunicação, compreensão e acolhimento vitais dos grandes
mistérios da fé), mais eclesial (a Igreja como espaço, sujeito e meta da catequese) e mais
histórica (os pequenos e grandes problemas dos seres humanos devem ressoar na
catequese em profundo e fecundo diálogo com a Palavra de Deus).
No Diretório Nacional de Catequese entre tantos aspectos, que não é o caso de retomar
neste estudo, que tem uma finalidade e um enfoque bem precisos – o “Ministério” da
Catequese –, é encarado como “Ministério da Palavra”: anúncio da Palavra de Deus, a
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embora precise de recursos humanos para cumprir a sua missão, não foi constituída
para buscar glórias terrenas, mas para dar a conhecer, também com seu exemplo, a
humildade e a abnegação.
Cristo foi enviado pelo Pai “para anunciar o Evangelho aos pobres: enviou-me para
proclamar a liberdade aos presos” (Lc 4,18), “veio procurar e salvar o que estava
perdido” (Lc 19,10): de modo semelhante, a Igreja envolve em seus cuidados amorosos
todos os angustiados pela fraqueza humana, e mais, reconhece nos pobres e nos que
sofrem, a imagem do seu Fundador, pobre e sofredor, esforça-se por aliviar-lhes a
indigência, e neles quer servir a Cristo. Mas, enquanto Cristo “‘santo, inocente, sem
mancha’ (Hb 7,26) não conheceu o pecado, mas veio expiar apenas os pecados do povo
(Hb 2,17), a Igreja, abraçando em seu seio os pecadores, ao mesmo tempo santa e
sempre necessitada de purificação, busca sem cessar a penitência e a renovação” (LG,
n. 8).
Em nenhum desses aspectos poderá faltar o testemunho, que é a forma mais
perfeita de se evangelizar e de se catequizar: “O homem contemporâneo escuta com
melhor boa vontade as testemunhas do que os mestres, (...), ou então se escuta os
mestres, é porque eles são testemunhas” (EN, n. 41).
a) Âmbito pessoal
b) Âmbito diocesano
c) Âmbito paroquial
d) Âmbito comunitário
1 CONGREGAÇÃO PARA O CLERO. Diretório Geral para a Catequese. Vaticano, 15 de agosto de 1997.
2 CNBB. Diretório Nacional de Catequese. (Documentos da CNBB, 84). 4ª ed. Brasília: Edições CNBB, 2018.
3 CNBB. Missão e ministérios dos cristãos leigos e leigas. São Paulo: Paulinas, 1999, n. 83-86.
4 CNBB. Sacramentário. São Paulo: Paulus, 2003, p. 26.
5 “Quando, no seio da responsabilidade comum dos cristãos, se considera a responsabilidade pessoal de cada um, esta se caracteriza pelos dons particulares
que o cristão recebe do Espírito para participar ativamente na vida e na missão da Igreja. Esta participação não deverá chamar-se de ministério, mas de
serviço cristão, porque não se necessita de designação nem de reconhecimento algum para testemunhar a fé no mundo, para estar a serviço uns dos outros
na Igreja ou para um grande número de tarefas que contribuem para o anúncio do Evangelho e a construção do corpo de Cristo” (H. LEGRAND. Ministérios
de la Iglesia local, in: B. LAURET; F. REFOULÉ (ed.). Iniciación a la práctica de la teología. Dogmática 2, Cristiandad, Madrid, 1985, p. 218).
6 GUARDA, G. Los laicos en la cristianización de América. Siglos XV-XIX, Santiago, 1973.
7 CELAM. Documento de Aparecida: Documento Conclusivo da V Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e do Caribe. Brasília-São Paulo: Edições
CNBB-Paulus-Paulinas, 2008; cf. DNC, capítulo III.
8 “Com o Vaticano II, a Igreja no Brasil renovou-se significativamente, animada, entre outras coisas, pelos planos de pastoral, diretrizes e documentos. Sob o
influxo da VI Semana Internacional de Catequese e da II Conferência Geral do Episcopado da América Latina, ambas em Medellín (1968), a catequese tomou
novos rumos à luz de uma eclesiologia e cristologia mais voltadas para a situação difícil vivida pelo povo. Nascia ali um novo modelo de catequese, que, para
melhor encarnar a doutrina, acentuava também a dimensão situacional, transformadora ou libertadora. As comunidades eclesiais passaram a favorecer uma
educação da fé ligada mais à vida da comunidade, aos problemas sociais e à cultura popular. A opção pelos pobres fez a catequese rever sua metodologia e,
sobretudo, seus conteúdos. A formação das/os catequistas recebeu especial atenção, principalmente através da multiplicação de escolas catequéticas. Em
termos de organização, houve uma maior articulação nacional do trabalho catequético através dos organismos da CNBB” (DNC, n. 10). Momentos
importantes deste processo foram o Diretório Geral para a Catequese (1971), o Rito de Iniciação Cristã de Adultos (RICA) (1972), a Exortação Apostólica
Evangelii Nuntiandi (1975), a Exortação Apostólica Catechesi Tradendae (1979), Catequese Renovada Orientações e Conteúdo (1983), o Catecismo da Igreja
Católica (1992), La Catequesis en América Latina: orientaciones comunes (1999), o Diretório Nacional de Catequese (2006).
9 “A Bíblia é considerada o livro da fé e, por isso mesmo, o texto principal da catequese” (CNBB. Catequese Renovada. São Paulo: Paulinas, 1983, 37 edição).
10 “A catequese, a partir de 1983, em geral assume estes eixos centrais: a Bíblia como texto principal, os momentos celebrativos, o princípio de interação fé e
vida, o valor e importância da caminhada da comunidade de fé como ambiente e conteúdo de educação da fé” (DNC, n. 12).
11 Uma das características que o documento Catequese Renovada visualiza na catequese é justamente a “iniciação à vida de fé em comunidade: conforme a
pedagogia de Deus, Ele se revela no dia a dia de pessoas que vivem em comunidade”, sendo concebida a catequese, portanto, como “uma iniciação à fé em
sua dimensão pessoal e comunitária” (CNBB. Catequese Renovada. São Paulo: Paulinas: 1998, n. 13, letra b).
12 “O texto, depois de sucessivas correções, mudanças e elaboração sob a coordenação da Comissão Episcopal especialmente designada, da Comissão Bíblico-
Catequética e de milhares de mãos que o construíram ao longo de três anos, por meio de um rico processo participativo chega agora nas mãos dos bispos
para apreciação, emendas e aprovação” (J. KESTERING, Bispo de Rondonópolis, MT, ao apresentar o Diretório Nacional de Catequese, Instrumento de
Trabalho III, à 43ª Assembleia Geral da CNBB, em 2005, para discussão e votação). Para um maior aprofundamento da origem e significado do Diretório
Nacional de Catequese, pode-se consultar: ALVES DE LIMA, Luiz, Gênese e desenvolvimento do Diretório Nacional de Catequese. In: Revista de Catequese, n.
116, out.-dez., p. 6-22, 2006; Id. Novos paradigmas para a Catequese. In: Ib., n. 117, jan.mar., p. 6-17, 2007.
13 ALBERICH, E. Catequese evangelizadora. Manual de Catequética Fundamental. Editora Salesiana: São Paulo, 2006, 2a edição.
14 Somente sobre esse aspecto, realizaram-se quatro seminários nacionais nos últimos anos.
15 CNBB, Catequese Renovada. São Paulo: Paulinas, 1983, 37ª edição, n. 130.
16 CÍCERO, M. T. De oratore II, n. 9.
17 LEMAIRE, A. Os ministérios na Igreja. São Paulo: Edições Paulinas, 1974; BROWN, R. E. Sacerdote e bispo. Reflexões bíblicas. São Paulo: Loyola, 1987.
18 39Clemente de Alexandria, pai da catequese conscientemente inculturada, escreveu o Protréptico, o Pedagogo e os Strómata (“Tapetes” ou “Miscelânias”).
Os três livros do Pedagogo são um manual que visa a “consolidar, dilatar e aprofundar o incipiente bem da fé no ensinamento batismal” (MEES, M.
Clemente di Alessandria, In: BERARDINO, Angelo di. (ed.), Dizionario Patristico e di Antichità Cristiane. Marietti: Genova, 1999, p. 709).
19 Cf. SANTO HIPÓLITO DE ROMA. Tradição apostólica, 38,11; 40,2.4.10.13; 42,3; 68,5.8; 72,11; 96,22.
20 Há que se distinguir “catecumenato” – processo de iniciação de alguém à vida cristã e eclesial, cujas origens remontam ao III século – de “neocatecumenato”
– movimento surgido na Espanha, liderado por Kiko de Argüello e hoje presente em muitos países. Para um melhor conhecimento do catecumenato, pode-
se recorrer às seguintes obras: DUJAKRIER, M. Breve storia del catecumenato. Leumann: Turim, 1984; ALBERICH, E. Catecumenato Moderno. In: GEVAERT, J.
(ed.), Dizionario di Catechetica. Leumann: Turim, 1986, p. 136-139; ALBERICH, E. Formas e modelos de catequeses com Adultos: panorama internacional.
Editora Salesiana: São Paulo, 2001.
21 O nome “Catecismo” para designar o “livro” já aparece, antes da imprensa, no Lay Folks Catechism de Thoresby, Arcebispo de York (Inglaterra), em 1357;
pouco depois, vem à luz o Catechismus Vauriensis, da Diocese de Lavaur (França). Lutero será o maior divulgador do gênero catecismo com suas duas obras:
O pequeno Catecismo e O grande Catecismo.
22 SÃO TOMÁS DE AQUINO. Summa Theologiae. III q 71 a 4; q 71 a 1 ad 2.
23 SANTO AGOSTINHO. Confissões, I,1.1.4.
24 SÃO JOÃO PAULO II. Carta Encíclica Redemptoris Missio sobre a validade permanente do mandato missionário, 7 de dezembro de 1990.
25 CNBB. Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil 2003-2006. Paulinas: São Paulo, 2003, n. 23.
26 DGC, n. 221b; DNC, n. 231a, principalmente a nota 58; 245; CIC, cân. 228, § 1; EN, n. 73; JOÃO PAULO II. Christifideles laici, n. 23.
27 LENHARDT, R.; COLLIN, M. A Torah oral dos fariseus. Textos da tradição de Israel, Paulus, São Paulo, 1997.
28 A mão do Senhor desceu sobre eles (1Rs 18,46; 2Rs 3,15; Jr 15,17; Ez 1,3); o espírito de Deus pousava sobre eles (Nm 11,25-26) ou os apoderava (Jz 6,34). As
expressões são metafóricas e as fórmulas têm muito de redacional, mas a sua própria frequência já é significativa de uma experiência profunda de encontro
com Deus em vista da missão (LATOURELLE, R. Théologie de la révélation. Desclée De Brouwer, Bruges – Paris, 1966, p. 32ss). Por isso, o profeta – palavra
que provém da preposição grega “pró” (“antes de”, “em lugar de”, “em nome de”, “diante de”, “em público”) e do verbo “phemi” (dizer) – é alguém que
recebe a Palavra de Deus e fala esta Palavra em nome de Deus diante do povo!
29 “Rabbí/Rabbuni” é palavra hebraica que significa “meu grande”. Como título, assumiu um significado de respeito genérico (“meu mestre”) ou um significado
específico (“meu professor”). O Novo Testamento conserva duas formas do título – “rabbí” e “rabbuni” – que provavelmente refletem as pronúncias
hebraica e aramaica do Iº século. No Novo Testamento, “rabbi” é usado no dirigir-se a Jesus como pessoa de respeito ou como mestre. No Evangelho de
Marcos, os discípulos chamam Jesus de “rabbí” no sentido de “mestre” (Mc 9,5; 11,21; 14,45) e um cego, de “rabbuni” (Mc 10,51). Em João, às vezes,
“rabi/rabbuni” tem o significado de “mestre” (Jo 1,38; 20,16); às vezes, mais provavelmente, o título genérico de respeito (Jo 1,49; 3,2.26; 4,31; 6,25; 9,2;
11,8). Em Mateus, pode ser atribuído só a Jesus, não a membros de sua comunidade (Mt 23,7-8). Judas chama Jesus de “rabbí” (Mt 26,25.49); os demais
discípulos preferem o título “Senhor” (Mt 8,21.25; 14,28.30). Com exceção de Marcos, Mateus e João, nenhum outro documento do Novo Testamento
emprega a palavra “rabbí”.
30 FABRIS, R. Jesus de Nazaré. História e interpretação. São Paulo: Loyola, 1988, p. 122ss.
31 Os contemporâneos de Jesus vivem e reagem de maneira diferenciada diante da ocupação romana, levada a termo por Pompeu no ano 63 a.C. Os
“saduceus” eram abertos à colaboração com Roma, a fim de controlar a instituição do templo e os recursos financeiros que aí circulavam. Os “fariseus” – um
grupo bem mais complexo e heterogêneo que o dos saduceus – gozavam, de um lado, de respeitabilidade e prestígio junto ao povo e, de outro,
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dependendo das circunstâncias e dos interesses imediatos em jogo, de uma certa distância crítica em relação aos romanos. Mais politizados e radicais, na
verdade, eram aqueles grupos que, de um lado, se inspiravam no zelo dos fariseus em prol da lei judaica, mas, de outro, se empenhavam em uma ação
militante visando à independência nacional. Com uma comum ideologia de cunho teocrático e nacionalista, “zelotas” e “sicários” – às vezes, chamados de
“bandidos” por Flávio José – distinguem-se entre si por origem histórico-geográfica e posição social e política. Os “zelotas” são de origem sacerdotal e lutam
predominantemente pela autonomia religiosa; os “sicários” são de origem galilaica e camponesa e lutam sobretudo pela liberdade social e política. Havia
também os “herodianos”, que, segundo os Evangelhos, eram um grupo ligado aos fariseus naquela ocasião em que, tentando envolver Jesus em um debate
a respeito do tributo a César (Mt 22,16; Mc 12,13), conspiram para eliminá-lo (Mc 3,6). “A estranha combinação dos dois grupos é um indício da complexa
situação política da Palestina onde Jesus viveu e atuou” (FABRIS, R. Jesus de Nazaré. História e interpretação. Op. cit., p. 77).
32 VANHOYE, A. Sacerdotes antiguos, sacerdote nuevo según el Nuevo Testamento. Salamanca, 1984, p. 243.320.
33 ROMANO, Hipólito. Tradição Apostólica 40.
34 CIPRIANO. De oratione dominica, n. 23.
35 CONCÍLIO VATICANO II. Constituição Dogmática Lumen Gentium. In: SANTA SÉ. Concílio Ecumênico Vaticano II: Documentos. Brasília: Edições CNBB, 2018, p.
75-173.
36 SÃO JOÃO PAULO II. Exortação Apostólica Pós-sinodal Catechesi Tradendae, 16 de outubro de 1979.
37 CONCÍLIO VATICANO II. Constituição Sacrosanctum Concilium sobre a Sagrada Liturgia. In: SANTA SÉ. Concílio Ecumênico Vaticano II: Documentos. Brasília:
Edições CNBB, 2018, p. 21-74.
38 ROMANO, Hipólito. Tradição Apostólica, n. 30.32.
39 ALMEIDA, A. J. de. Os ministérios não ordenados na Igreja latino-americana, Loyola, São Paulo, 1989.
40 CONCÍLIO VATICANO II. Constituição Ad Gentes. In: SANTA SÉ. Concílio Ecumênico Vaticano II: Documentos. Brasília: Edições CNBB, 2018, p. 529-588.
41 SANTA SÉ. Código de Direito Canônico. Brasília: Edições CNBB, 2019.
42 KOMONCHAK, J. A. El diaconado permanente y los diversos ministerios en la Iglesia. In: Seminarios, 23, 1977, p. 351-376.
43 SÃO PAULO VI. Exortação Apostólica Evangelii Nuntiandi sobre a Evangelização no Mundo Contemporâneo, 8 de dezembro de 1975.
44 “Os leigos, dedicados de forma permanente ou temporária ao serviço especial da Igreja, têm obrigação de adquirir a formação requerida para o conveniente
desempenho do seu múnus, e de o desempenhar consciente, cuidadosa e diligentemente” (CIC, cân. 231, § 1).