Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
agradeceu hoje?”
Então eu despertei-me no meu apartamento. O corpo inteiro doía. Meus olhos abriam
vagarosamente pela luz intensa do sol que acertava-me bem no rosto. O pouco que eu via das
paredes era bem diferente do que eu me recordava, do que costumava ser há muito tempo.
As paredes eram brancas, como de costume, mas o branco era sujo, era esgoto. Minha
cabeça, pesada, fez força ao levantar-se. Percebia que acordava no assoalho gelado de
madeira clara. Não haviam mais prateleiras, porta-retratos, a escrivaninha e minhas tralhas
esparramadas, não havia nada além de mim naquele quarto.
Abri as janelas de todos os cômodos, deixei com que a luz solar entrasse, visto que
meus interruptores não adiantavam de nada. Eu caminhei estranho pelos cômodos e corredor
extremamente vazio, como se fosse há três anos, quando eu planejava de alugar o local.
E agora começava a acreditar nessa coisa. Na praga sem culpa que jogaram-me. Eu
sentava no chão do que costumava ser uma sala de estar. Uma sala de não estar. Com apenas
as roupas que tinha no corpo eu via o sol esticando-se pela janela e ocupando uma boa parte
do lugar, enquanto eu abraçava os joelhos e mantinha distância daquele calor infernal que
surgia da luz. Sem absolutamente nada além da tristeza e meu conforto e ego destruídos.