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Ontem pergutaram-me: “E se você acordasse amanhã tendo apenas as coisas pelas quais você

agradeceu hoje?”

Então eu despertei-me no meu apartamento. O corpo inteiro doía. Meus olhos abriam
vagarosamente pela luz intensa do sol que acertava-me bem no rosto. O pouco que eu via das
paredes era bem diferente do que eu me recordava, do que costumava ser há muito tempo.

As paredes eram brancas, como de costume, mas o branco era sujo, era esgoto. Minha
cabeça, pesada, fez força ao levantar-se. Percebia que acordava no assoalho gelado de
madeira clara. Não haviam mais prateleiras, porta-retratos, a escrivaninha e minhas tralhas
esparramadas, não havia nada além de mim naquele quarto.

Abri as janelas de todos os cômodos, deixei com que a luz solar entrasse, visto que
meus interruptores não adiantavam de nada. Eu caminhei estranho pelos cômodos e corredor
extremamente vazio, como se fosse há três anos, quando eu planejava de alugar o local.

Estranhamente os armários da cozinha permaneciam na parede. Alguns deles. Eu os


abri esperançoso, era nada além do ferro branco que o consistia. A geladeira escassa nem a
pequena lâmpada amarelada possuía acessa quando abria. O congelador não tinha gelo.

Tentei, no último restar da insistência, abrir a torneira no meio do granito claro.


Completamente seco. Tudo que eu encontrava era uma xícara repleta de chá recém-
preparado, mas que paradoxalmente encontrava-se fria de tanto estar ali. Ainda tinha o aroma
selvagem quando aproximava-se do rosto.

Eu tentei beber, mas no mesmo instante os olhos fechados começavam a despejar um


fel pranto, quieto, porém exagerado. Lágrimas essas que caíam e nunca mais paravam.
Lembrei-me de nunca ter agradecido-te por estar ao meu lado.

E agora começava a acreditar nessa coisa. Na praga sem culpa que jogaram-me. Eu
sentava no chão do que costumava ser uma sala de estar. Uma sala de não estar. Com apenas
as roupas que tinha no corpo eu via o sol esticando-se pela janela e ocupando uma boa parte
do lugar, enquanto eu abraçava os joelhos e mantinha distância daquele calor infernal que
surgia da luz. Sem absolutamente nada além da tristeza e meu conforto e ego destruídos.

Um grande breu esbranquiçado. Tudo completamente pálido. E uma xícara


acidentalmente derrubada no azulejo da cozinha. Assim despedia-se do dia o inútil, arrogante
e mau agradecido, Jung Hoseok.

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