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O amor é uma mesa de cassino. E Jeongguk sempre aposta alto na mão errada.

09/05

Dessa vez, – como todas as outras –jurou pra si mesmo que faria o certo. Sabia exatamente qual era a
escolha certa, afinal, sempre esteve ali, passando despercebido no meio de tantas decepções.

Um buquê de flores na mão e ansiedade no peito, enquanto caminhava pelas ruas com um sorriso idiota
no rosto causado pela sensação de estar apaixonado. Por isso Jeon nunca aprendia; toda vez era como se
fosse a primeira vez, todas as suas dores das experiências passadas eram abafadas pela enorme
quantidade de oxitocina em seu corpo.

Porém, o leve sorriso em seus lábios desfizeram-se rapidamente quando seus olhos foram de encontro
ao menino de cabelos coloridos. Seu coração caía por terra e sua vontade naquele momento era de
simplesmente sair correndo pra qualquer lugar que fosse vazio. O que não aconteceu, pois no momento
em que cogitou ir embora, sua presença infelizmente era notada por Yoongi, qual, com aquele maldito
sorriso, decidiu ir em sua direção.

— Quando foi que você se tornou romântico e sensível ao ponto de dar flores ao namorado? – O rapaz
zombou, mas sem qualquer maldade, afinal, a relação deles era baseada em pequenas ofensas que
causavam risadas.

— Nós terminamos tem duas semanas. – O que deveria der um diálogo amigável era puramente agonia.
De tudo que poderia acontecer naquele momento, lembrar era a única coisa que o moreno não
precisava. Sua expressão era séria e suas palavras cortavam as do mais baixo como um estilete sobre o
papel.

— Eu... Sinto muito por isso. – O baque do que acabava de ouvir desnorteava-lhe e desejou apenas
nunca ter aberto a boca. – Então quem é o sortudo que vai receber isso? – Tentou de qualquer forma
contornar a merda que tinha acabado de fazer.

— Ninguém. – Um riso escapou de seus lábios no momento que dissera aquilo, era patético demais. –
Decidi fazer um agrado pra minha mãe.

— Ela merece... – Seu tom de voz ia tornando-se mais baixo ao perceber que o olhar do mais novo era
levemente confuso e encarava um ponto atrás de si. – Aquele é meu namorado, se é isso que você está
se perguntando.

Obviamente aquilo era tudo que não queria ouvir. Jeongguk inventava qualquer desculpa para poder sair
andando o mais rápido possível e assim que cruzou a esquina, deixou com que as lagrimas relutantes
escorressem pelo seu rosto. A dor que sentia o obrigava a desferir alguns socos na parede mais próxima,
e só pararam quando o sangue escorria de entre a pele machucada.

Tentou recuperar a sanidade, secava o rosto inutilmente, uma vez que não cessaria o choro tão cedo.
Olhou para as flores na canhota e não hesitou ao jogá-las na lixeira mais próxima na rua. A dor era
imensa porque sabia que, das suas incertezas, Yoongi era a única certeza. Era, definitivamente, a sua
escolha certa, mas por descuido alguém a tomou antes que tivesse a chance.

17/02

— Você é um merda, Jeongguk! – O mais velho gritava extremamente descontente.

— Foi mal, entendeu? Não era minha intenção. – O mais novo, impaciente, tentava se redimir.

— Sabe do quanto o Yoongi é apaixonado por você.

— E o que eu posso fazer, caralho? Dá pra você ficar feliz por mim uma vez na vida? – Não pode evitar
erguer o tom de voz graças ao nervosismo que sentia por estar ali.

— Não dá. Não quando sua felicidade me faz ter que ver meu menino chorar.

Ao dizer, o rapaz caminhava para fora do local, com o descontentamento no rosto, esbarrando no ombro
do mais novo. Esse que permaneceu estático, com o olhar tão perdido quanto sua consciência. Não sabia
para onde ir, não sabia o que fazer. Seus melhores amigos agora o odiavam pelo simples fato de amar
alguém. Toda a sua felicidade era transformada em culpa e o fazia questionar o quão certo ou errado
estava.

Suas opções eram sempre reduzias a magoar a si mesmo pela felicidade alheia ou magoar alguém pela
própria felicidade e, infelizmente, nunca sabia qual deveria escolher. Na posição que estava, era obrigado
a se forçar acreditar que sua felicidade era um mau necessário – e, mais cedo ou mais tarde, saberia que
seria pago com a mesma moeda; afinal, todo mundo sempre pensa em si mesmo em primeiro lugar.

11/01

O dia chegava ao fim e chegava também a hora em que se despediriam e tomaram o sentido contrário
da linha do metrô. Enquanto caminhava, exausto, Jeongguk pensou alto:

— Eu devia ter beijado ele.


— Você é muito burro, viu o quanto eu tentei fazer acontecer?

— Eu sei. Mas só me dei conta disso agora. E eu juro que sairia correndo atrás dele nesse exato segundo
se eu não tivesse quase certeza que o trem dele já saiu. – Suspirou numa mescla de cansaço e peso na
consciência ao sentar-se num dos bancos do vagão.

— E agora? – Indagou o melhor amigo ao seu lado.

— Agora eu fico arrependido, mas da próxima vez eu vou ter coragem, anota o que eu digo. – Repousou
a cabeça no vidro da janela atrás de si, encarando seu reflexo derrotado na semelhante do outro lado do
vagão.

15/09

Não teria próxima vez. Tinha cada vez mais indícios de que esperar não era a opção mais inteligente. Já
faziam quatro meses desde que Jeongguk aguardava ansiosamente pelo dia que Yoongi traria a notícia
de que estava, finalmente, solteiro outra vez. Suas esperanças eram aos poucos devastadas pelos dias e
pelos "eu realmente gosto dele". Quanto mais o tempo prolongava, mais tinha medo de que, nem se
esperasse a vida inteira, conseguiria recuperar tudo que perdeu. Quanto mais o tempo prolongava, mais
Jeongguk sentia que o fio que mantinha o sentimento do rapaz por si ainda presente estava perto de
arrebentar.

E se isso acontecer, não importa quais cartas tem em mãos, não importa quantas rodadas consecutivas
ganhasse, nada seria capaz de fazer ganhar na hora do all-in. Sabia que se apostasse todo o seu dinheiro
esperando por aquela maldita carta sair, sairia sem nada. Afinal, sempre vai ter outro cara mais sortudo
que ele para comemorar a vitória.

O que Jeongguk acha ser vocação para jogos de azar, na realidade é só vício e masoquismo. Sabe que
sempre vai perder, mas nunca vai conseguir deixar a mesa, porque a única coisa que move sua vida são
suas falsas esperanças.

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