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KIM JONGHYUN

DIPHYLLEIA GRAYI
COISAS QUE FORAM LANÇADAS E LIBERTADAS

Seul
2015
PRÓLOGO

— O quão longe posso ir? E por quanto tempo você


ficará comigo? — Ele perguntou a ela.
Ela estava quieta. Tudo o que ela fez foi abraçá-lo
silenciosamente.

E eu te pergunto também.
O quão longe eu vim? E desde quando você está ao meu
lado?

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CAPÍTULO 1: NO MORE

A HISTÓRIA QUE ESTÁ POR VIR


“É extremamente lamentável. Nós, que já fomos tão quentes,
acabamos terminando em um relacionamento que está longe de
ser morno — não exatamente morno ou frio, mas uma
temperatura ambígua o suficiente para doer.”
— Do dia em que terminamos.

O homem tinha um hábito estranho.


Era o hábito de falar em linguagem formal com
qualquer um, sem importar o nível de proximidade ou a idade
da outra pessoa, sempre que se sentia emotivo.
"O coração de uma pessoa é realmente enganoso, sabe.
Quando não me pertence, desejo possuí-lo, mas, na realidade,
quando ponho minhas mãos nele, ele começa a secar como uma
flor arrancada."
A avenida Olympic estava um pouco mais tranquila
depois da hora do rush. A mulher havia cumprido um prazo
difícil no trabalho e estava indo para casa com o namorado que
não via há algum tempo. O homem sentado no banco do
passageiro estava em silêncio o tempo todo até finalmente
começar uma conversa sem sentido. Que era, também, em
linguagem formal.

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A mulher desligou o rádio que estava amenizando o
silêncio dentro do carro até ele abrir a boca. Ela, então, desviou
seus olhos e calmamente o observou. Sentindo que um
discurso entediante estava por vir, ela deixou escapar um
suspiro suave.
— É claro que parece plausível no momento em que a
flor ainda está presa no chão, pensar em algo como fazer um
enfeite ou montar um buquê. Então, o que se pode fazer se a
flor que estava cheia de vida e o coração que antes estava
quente secaram e morreram assim que a pessoa os teve em
suas mãos?
A mulher, inexpressiva, parou de olhar para ele e falou
secamente.
— O que você está tentando dizer? — Assim que ela
terminou de falar, o homem a cortou.
— Estou dizendo que você e eu somos assim.
Franzindo a testa, a mulher pensou por um momento: o
que será que ele está planejando desta vez?
O homem conseguia sentir o descontentamento dela,
mas, sendo sem discernimento como era, não se importou nem
um pouco. Ele continuou a não olhar para a mulher, que o
encarava fixamente.
— Acontece com frequência nos filmes. O momento de
conhecer o amor predestinado. O tempo corre devagar e tudo
se torna preto e branco, exceto pelas pessoas predestinadas
uma à outra. 'Oh, oh meu Deus. O que eu estou vendo é mesmo
humano? Eu imploro para que ela seja minha!' Eles falam esse

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tipo de bobagem e até chegam a achar que isso é romântico. É
extremamente deplorável. — Silêncio. O carro que estava
sendo conduzido pela mulher entrou em uma rua estreita.
— Ainda assim, eu admito que o amor tem o poder de
transformar qualquer um em um tolo. Eu também me senti
assim quando te conheci. O problema é que esse poder nunca
dura muito tempo, sabe? Isso difere de um indivíduo para o
outro, mas, eventualmente, a intensidade desaparece e, no
momento em que as lentes cor-de-rosa do amor são tiradas, é
quando o caos se inicia. — Estranhamente, o homem parecia
estar quase que animado.
Em certo ponto, a sensação de que o homem que estava
sentado ao seu lado era um estranho começou a se estabelecer
dentro da mulher. Era como se o namorado que ela amava
tivesse desaparecido.
— Está bem, por que você não para com essa linguagem
pomposa? Já chega dessa sua baboseira. — Ela disse.
— Está vendo? A linguagem que você costumava achar
tão amável agora te irrita profundamente. A imagem da outra
pessoa comendo antes era adorável, agora ela parece uma
porca; o que era um charme fofo agora parece apenas um
incômodo desagradável. Não há mais vivacidade quando se
olha nos olhos do outro, dar as mãos é suado e nojento e beijar
se transformou em nada mais do que um hábito.
A voz da mulher soou afiada porque ela não aguentava
mais.

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— Por que está dizendo essas coisas? Que tipo de
resposta você quer? Eu deveria continuar apenas suspirando
até você terminar?
O homem, que estava apenas olhando para a frente
antes, finalmente voltou os olhos para a mulher. Uma
expressão de plena convicção. Seu olhar não vacilou.
— É extremamente lamentável. Nós, que já fomos tão
quentes, acabamos terminando em um relacionamento que
está longe de ser morno — não exatamente morno ou frio, mas
uma temperatura ambígua o suficiente para doer.
Cinco anos. Este era o tempo em que ficaram juntos. A
emoção se tornou familiaridade, familiaridade se tornou
conforto, conforto se tornou tédio, tédio se tornou
aborrecimento, e, mais uma vez, restava pouco tempo até se
tornar ódio.
Ao final das palavras do homem, o carro parou
abruptamente. Eles chegaram ao seu destino. Naquele
momento, morar no mesmo bairro passou do melhor cenário
de namoro para a pior situação de separação.
— Quando estávamos no auge do sentimento, não
conseguíamos entender as pessoas que não superavam a fase
tediosa do relacionamento e terminavam, mas nós não somos
diferentes. Eu deveria dizer honestamente? Nossa situação é
ainda mais séria. Estamos tão cansados um do outro que nem
nos incomodamos em tentar voltar a ser quentes de novo, não
é?

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— Apenas pule logo para o final. Minha cabeça dói. — A
mulher procurou e retirou um remédio para dor de cabeça de
dentro de sua bolsa.
— Agora nós vamos terminar pelo mesmo motivo que
eles. — A mulher não deu nenhuma resposta e apenas segurou
a caixa de remédios firmemente. O homem, ao olhar para a
mulher, continuou. — Não se force a chorar. — A mulher
engoliu dois comprimidos com um pouco de água.
— Você não conseguiria me fazer chorar. — Como se os
dois primeiros ainda não fossem o suficiente, a mulher
engoliu, sem água, um terceiro comprimido.
— Vamos parar de tentar ver quem será o primeiro a se
despedir e vamos cada um seguir seu próprio caminho agora.
Então, vou assobiar aquela música que você gostava. Nós
sairemos do carro indo em direções opostas e, quando você não
puder mais ouvir aquele assobio melancólico, será o nosso fim
definitivo.
Com sua cabeça explodindo de dor, a mulher abaixou-a
lentamente para descansar no volante e não se mexeu. O
homem fechou sua boca também e não disse mais coisas
estranhas.
— Maldito romântico… — A voz da mulher soou como
um sussurro. Como o tempo passa. — Saia.
A mulher disse enquanto retirava lentamente o anel do
quarto dedo. Aquele anel foi um presente do homem no
primeiro aniversário de namoro, quando eles juraram se amar
eternamente. Silêncio.

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— Saia. Siga o seu caminho, como você disse. — A
mulher completou firmemente.
O homem tentou dizer alguma coisa antes de fechar sua
boca e abrir a porta do carro, e, por um capricho, deixou
escapar:
— Se cuida.
Quando o homem saiu do carro e seguiu seu caminho, a
mulher apenas observou suas costas se afastando.
Cinco anos. Era o tempo em que ficaram juntos.
O amor é um palhaço que muda sua máscara diversas
vezes enquanto teve tempo o suficiente para brincar com os
dois, mas um simples “se cuida” foi o suficiente para fazer
cinco anos desaparecerem. Palavras muito curtas para
determinarem tal período de tempo.
Ela não podia fazer nada além de observar suas costas
pela janela do carro, porque se saísse e fosse atrás dele,
pegasse sua mão bruscamente e o virasse, no momento em que
seus olhares se encontrassem, não veria nada além de
convicção nos olhos firmes do homem. Ela sabia em seu
coração que as lembranças de seus momentos juntos, caindo
como lágrimas de seus olhos, não seriam capazes de mudar sua
decisão. Ela também não seria capaz de ler seus pensamentos
simplesmente olhando nos olhos dele, porque mesmo que os
cinco anos juntos tivessem lhe dado um pouco de habilidade
psíquica, aquilo também era inútil naquele momento.
Uma rua tranquila à noite. O som do assobio do homem
era audível mesmo se você tentasse não ouvir.

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Quando a mulher murmurou em meio a uma risada
para si mesma, não ficou claro se o murmúrio era frio ou
desanimado, triste ou feliz.
— Esse assobio.... Eu estou sem palavras.
A mulher costumava amar aquele som que vinha dos
lábios do homem. Ele às vezes costumava assobiar para ela
quando dormiam juntos depois de um longo dia. Aninhada nos
braços dele, ouvindo o assobio, dando beijinhos naqueles
lábios em forma de biquinho, ela podia esquecer todo o resto
do mundo. Aqueles momentos mágicos onde eram apenas eles
apoiando-se um no outro… Ela ainda podia ouvir o som do
assobio, porque o homem andava em um ritmo lento. Por isso,
se apressou em apertar o botão do rádio do carro para ligá-lo e
assim se desvencilhar de suas memórias.
Um som como um sinal de discagem fluiu dos
alto-falantes e a mulher recostou seu corpo no banco,
cobrindo o rosto com as duas mãos.
— Por que? Meu Deus do céu…

Eu esqueci o significado de “eu te amo”


Eu te amo, eu te amo.

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CAPÍTULO 2: END OF A DAY

O tempo escorre pelas mãos das pessoas. O momento da


separação aconteceu muito rápido, mas as palavras dele ainda
ecoavam em seus ouvidos.
‘Se cuida’. O adeus do homem foi cuspido sem qualquer
elegância. Aquelas foram as últimas palavras dele para o
último momento dos dois juntos. Aquela despedida final.
Infinitamente romântico e infinitamente egoísta.
Depois que ele se foi, a mulher costumava voltar ao
passado com frequência, alguns dias e meses, revisitando as
lembranças de quando os dois ainda eram um casal. No
presente, entretanto, era triste, mas ela não podia escapar da
restrição chata da vida diária. Por preferência, ela passava os
dias cada vez mais ocupada, como se para se punir por sentir
falta de seu ex-namorado até agora. Além disso, desde o
término, a insônia da mulher havia voltado após cinco anos,
tornando a sua vida cada vez mais torturante.
Eu vou ficar louca. Estou tão atrasada! A mulher correu
para dentro do prédio carregando uma bolsa cheia, ansiedade
pairando sobre suas costas. Quando ela entrou no estúdio, a
gravação já estava em andamento.
— Bom dia, pessoal! — A mulher cumprimentou os
outros discretamente, esperando que não notassem o seu
atraso.

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— Sim, bom dia! — Com algumas respostas
entusiasmadas, a mulher foi para sua cadeira na parte de trás
do estúdio e afogou sua tensão em uma xícara de café.
Ela trabalhava como repórter e hoje tinha uma
entrevista com um cantor que estava fazendo comeback. A
ficha de perguntas está aqui… O gravador também… Não está
faltando nada…? A mulher arrumou a mesa cuidadosamente
para a entrevista. De maneira agitada, o dia começou bem.
— Bom trabalho, pessoal! — A estrela de hoje disse aos
funcionários, após terminar a sessão de fotos que antecedia a
entrevista que seria feita por ela. Seu trabalho estava
começando.
— Bom dia, você foi muito bem na sessão de fotos!
Tenho certeza que também fará um ótimo trabalho na nossa
entrevista. — A mulher cumprimentou.
— Sim, eu vou dar o meu melhor! — Ele sorria de forma
radiante.
— Então, podemos começar agora? — Ela pegou seu
computador e seu gravador e calmamente iniciou o
questionário.
O cantor, que estava lançando seu novo álbum, assumiu
um comportamento sério durante toda a entrevista. A visível
paixão e a dedicação que ele demonstrou ao falar de sua obra
composta por ele mesmo pareciam lembrá-la de outra pessoa.
Depois de um bom tempo conversando sobre o álbum, ela
mudou de assunto para perguntar sobre sua vida diária.

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— Isso pode soar como uma pergunta óbvia, mas o que
você costuma fazer depois de terminar sua programação do
trabalho?
— Deixa eu pensar... Tudo bem se for algo entediante?
— Sim, pode ser qualquer coisa.
— Hum... Primeiro, quando eu coloco o código de
bloqueio e abro a porta, a Roo está lá abanando o rabo como
uma louca para mim.
— Roo?
— Ah, ela é a cachorra da família. Uma Dachshund, uma
criança muito encantadora. Além de Roo, às vezes minha irmã
ou minha mãe também estão acordadas, mas eu termino o
programa de rádio e chego em casa por volta das duas horas e
meia da manhã, então normalmente todo mundo já está
dormindo. — Ele falava fazendo grandes gestos com as mãos e
muitas expressões faciais ao recordar do final de seu dia.
— Não é um pouco deprimente que tenha só a
cachorra? — Ela perguntou de brincadeira, como se para deixar
o clima um pouco mais leve.
—Haha, talvez seja! Mas está tudo bem, porque ainda
há outras coisas boas.
— O que mais, então?
— Quando chego em casa, estou entediado e fico
deitado na cama por um tempo, mas Roo acha que eu estar
deitado lá significa que eu quero brincar, então ela sempre pula
nas minhas costas. Ela pisa nos meus ombros e nas minhas
costas como uma massagem. Você não pode pagar por uma

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massagem como essa em lugar nenhum! Então, eu acendo uma
vela aromática e coloco meu gramofone para aquecer. — Com a
resposta, ela começou a digitar mais rápido.
— Velas aromáticas e gramofone… Esses são alguns
hobbies sofisticados.
— É mesmo? Eu gosto da atmosfera meio sombria e
calorosa. Para mim, acender as velas e ligar o gramofone é um
ritual que afirma que este dia também terminou.
— Então quando você ouve música, seu dia termina?
— Não, eu ainda tenho que tomar banho. Em primeiro
lugar, deixo a água correr na banheira. Eu gosto de tomar
banhos de meio corpo, então comprei muitos sais de banho do
Mar Morto pela internet, mas acho que fui enganado. Enfim,
ligar o gramofone e encher a banheira é um momento em que
tudo se encaixa.
O cachorro, as velas perfumadas, o toca-discos e o
banho de meio corpo. Não houve um momento em que ela não
pensasse o quão romântico ele era. Aquele alguém veio à mente
dela mais uma vez, e ela não conseguiu falar por um momento.
— Velas perfumadas, gramofone, banho de sal do Mar
Morto... Você não polvilha rosas na sua banheira também, né?
— Ela brincou em meio a uma risada desajeitada.
— Haha, é estranho explicar isso passo a passo, mas
essa é minha rotina diária. Vamos falar de algo sofisticado,
então? Eu gosto de músicas antigas do tempo do toca-discos
analógico. Música para pessoas elegantes, como Julie London,
James Brown e Donny Hathaway.

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A mulher riu mais uma vez. Ela achava que a fala e
expressão do homem eram fofas.
— E no que você pensa enquanto toma banho? — Ela
perguntou.
— Hum... Eu penso na solidão. É um pouco mais de duas
e meia da manhã, então é tarde demais para começar uma
conversa com alguém e eu lamento isso. — A mulher teve pena
dele.
— É assim que a tristeza de um superstar é?
— Haha, essa pergunta está errada em dois pontos. Eu
não sou um superstar e a solidão não é uma tristeza para mim.
Em vez disso, eu diria que gosto dela.
— Você gosta da solidão? — Ela mantinha os olhos
fixos no monitor enquanto digitava e, nesse momento, os
olhos do homem se voltaram para outro lado.
— Estar sozinho, não vejo isso como algo que
simplesmente desaparece quando você resolve o problema. É
como uma sombra que te segue pela vida, sabe? Ainda assim,
em alguns dias sinto a necessidade de um tapinha no ombro e,
como as coisas que lhe contei antes me consolam muito, estou
passando por uma solidão saudável. — Com essa resposta
clara, a mulher parou de digitar e olhou para ele, seus olhares
se cruzando.
Olhos de convicção inabalável. Por um momento, seu
rosto pareceu se sobrepor ao de alguém. Então era isso?

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— Uma solidão saudável, você diz. Com certeza é uma
maneira interessante de colocar isso. — Ela queria saber mais
do que a solidão era para ele.
— Você acha? Eu acho que esse tipo de coisa é
necessária. Um jeito de consolar a si mesmo que só você
conhece. Em alguns dias você se sente solitário, em alguns dias
você está exausto, e em outros você se sente estúpido ou até
mesmo patético. Claro, há muitos dias felizes também. O
importante é que, quando os dias remanescentes de nossas
vidas parecem se estender de forma infinita, você precisa de
algo que sempre possa aliviar suas emoções. Se meus dias são
felizes ou tristes, eu não fico os identificando. Enquanto
minhas emoções confusas aos poucos se acalmam, é como se a
imagem geral de meus sentimentos naquele dia chegasse a um
equilíbrio. Eu posso até gostar dessas coisas dramáticas, mas
eu preferiria que o começo e o final fossem equilibrados, sabe?
Algo assim poderia funcionar para você também... Não precisa
ser tão complicado quanto o que eu faço. De qualquer forma, se
você planejar terminar o seu dia a dia de maneira semelhante,
isso vai acalmar sua mente.
Ela precisou parar para pensar durante um momento,
porque ele respondeu aquela pergunta tão sinceramente que
ela sentia que deveria devolver outra pergunta com o peso
compatível. Naquele momento, então, ela percebeu que
poderiam conversar sem limitações e decidiu falar sobre si
mesma.

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— Eu simpatizo com o que você disse sobre ter algo
para equilibrar suas emoções. Por favor, você poderia
recomendar uma de suas músicas para pessoas como eu? Em
um dia em que nos sentimos sozinhos e cansados, ou um dia
nos sentimos estúpidos e patéticos, uma música que é boa de
se ouvir nesse tipo de dia.
— Se você está sozinho e exausto e tendo um dia
difícil... Há uma música que você gostaria nessa situação e
também está relacionada à nossa conversa. Entre minhas
músicas há 'End of a Day', por favor, considere ouvi-la. Seria
uma grande honra para mim se alguém escutasse essa música
enquanto termina seu dia.
Por fim, o homem encerrou a entrevista com sua
música recomendada, mas ela ficou ainda mais curiosa. Como
jornalista, ela havia conhecido centenas de pessoas antes, mas
nenhuma entrevista havia tocado sua curiosidade pessoal
como essa. Quanto mais o homem falava, mais ele mostrava a
pessoa surpreendente que era, do tipo que ela queria saber
mais sobre.
A mulher voltou para casa depois da meia-noite, após
terminar de organizar o manuscrito da entrevista em um café
perto do estúdio. Completamente afligida pela insônia que
ressurgiu após o término, ela só queria desmaiar. Com seu
corpo cansado, espalhado na cama, e olhando vagamente para
o teto, a mulher de repente se lembrou das palavras daquele
homem. 'Em alguns dias você se sente solitário, em alguns dias

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você está exausto, e em outros você se sente estúpido ou até mesmo
patético.' Exatamente como a história dela.
Fosse enquanto comia ou passeava, a mulher se sentia
verdadeiramente solitária quando a pessoa que ria de histórias
engraçadas ou ficava irritada com injustiças com ela não estava
ao seu lado. Às vezes, ela não conseguia nem fingir estar bem e
sentia-se uma idiota por ter deixado a pessoa que amava ir
embora. A mulher também vinha se sentindo cansada várias
vezes durante o dia. ‘Você precisa de algo que possa aliviar as suas
emoções. De qualquer forma, se você planejar terminar o seu dia a
dia de maneira semelhante, isso vai acalmar sua mente.’ Assim
como o homem disse, ela precisava de algo que pudesse
neutralizar suas complexas e emaranhadas emoções.
A mulher levantou o corpo cansado para retirar do
canto da cômoda algumas velas aromáticas que recebera como
presente e abriu a água da banheira, algo que normalmente
não usava. Enquanto a água jorrava, ela encostou na beirada da
banheira e, não tendo nenhuma pessoa ou cão que pudesse
fazer-lhe massagens, riu enquanto massageava sua própria
panturrilha. Eu não tenho um gramofone. Pensando por um
momento se aquilo que estava fazendo não seria demais, ela
pesquisou a música no telefone. End of a day... Isso.
Ela deu play na música que o artista havia sugerido hoje
e o som de sua voz e do piano ecoaram pelo banheiro. De
alguma forma, ela teve a sensação de que não estava mais
sozinha. Tirou o roupão com movimentos relaxados e checou a
temperatura da água. Morno, mas um pouco mais quente. Ela

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hesitou por um momento e, lentamente, a partir de seus pés,
mergulhou na banheira.

Você é meu orgulho.

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CAPÍTULO 3: HONESTY

De manhã cedo, a mulher acordou por conta própria.


Talvez tenha sido porque na noite passada ela tinha
completado seu fim do dia como o cantor entrevistado havia
dito a ela e, embora ela estivesse sofrendo de insônia desde o
rompimento, naquela noite ela teve um bom sono.
Que boa ideia. Será que foi realmente o ritual para
terminar o dia? Que manhã refrescante e acolhedora era! Além
disso, também era seu primeiro dia de folga em um tempo.
Desejando passar a manhã aproveitando sua própria
companhia, a mulher ficou rolando na cama por uns dez
minutos. Estou com fome. Faz quanto tempo desde que tomei um
café da manhã de verdade?
Depois de se espreguiçar e levantar, ela se dirigiu à
cozinha e abriu a geladeira que, já que a mulher não costumava
fazer refeições em casa, se encontrava em situação semelhante
a do estômago vazio dela. Apesar disso, a manhã estava
gostosa demais para pedir delivery. Vou comer cereal. É o
suficiente.
Enquanto servia o cereal delicadamente na tigela, a
mulher pensou cuidadosamente em como iria passar sua tão
preciosa folga. Ela tinha apenas alguns dias do ano para cuidar
de si mesma daquela forma, então tinha que gastar seu tempo
com sabedoria. Que tal eu finalmente limpar a casa?

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A mulher definitivamente estava exausta tanto
fisicamente quanto mentalmente. O que ela precisava quando
se sentia assim era tirar um pouco de proveito de sua rotina
diária e, já que limpar esvaziava sua mente, era a melhor coisa
a se fazer. Ela jogou a roupa empilhada na máquina de lavar
enquanto lavava a louça, trocou a roupa de cama e até limpou o
banheiro. Estava tão entretida em sua limpeza que sua testa já
estava suada quando ela finalmente começou a organizar seus
materiais de estudo e trabalho. Depois de um tempo, ela estava
olhando satisfeita para o escritório perfeitamente limpo. E, já
que estava fazendo aquilo, começou a organizar as gavetas da
escrivaninha também, até que alcançou a última.
Por que teve que fazer aquilo?
Ela havia criado o dia de folga perfeito, mas estava tão
envolvida em terminar que abriu a gaveta proibida. Caramba, já
era tarde demais, seu corpo era mais rápido que sua mente. Os
traços dele permaneciam muito fortes naquele lugar. E esses
traços, como se tivessem inveja de seu dia perfeito, e dela, que
parecia tentar apagá-lo, estavam se preparando para engoli-la
inteira. Então foi aqui que eu coloquei… Naquela gaveta havia
uma foto que ela tirou sorrindo com o homem que terminou
com ela, uma caixa de música que ele lhe deu de presente e
coisas como um monte de decorações inúteis que ele trouxe de
uma viagem à América do Sul. Todas as evidências do amor que
ele havia sentido uma vez por ela foram deixadas lá, intactas.
Ele estava lá.

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A mulher, agora olhando sem expressão para aqueles
objetos que perderam o sentido de sua existência, começou a
mover as mãos enquanto se decidia. Tentando se assegurar de
que não havia sobrado nem um pouco de apego, ela agarrou
aleatoriamente os restos dele e os jogou na lata de lixo. No
meio de tudo, o envelope azul de uma carta chamou sua
atenção: aquela era uma das cartas de amor que ele costumava
escrever. As cartas dele conseguiam tornar até os dias mais
entediantes em ainda mais românticos. Ela hesitou em jogar
fora aquela carta por um tempo e suas mãos logo estavam a
abrindo antes que ela percebesse.
“Para minha querida.
Faz algum tempo.
Nós costumávamos trocar cartas com frequência, mas
agora há redes sociais e coisas do tipo, então podemos nos
comunicar facilmente uns com os outros sem ter que deixar
mensagens tão longas. O mundo não se tornou confortável? Acho
que ficamos um pouco enferrujados nisso, mas o que acha?
Escrever longas cartas como essa pode agradar um pouco sua
mente, certo?
Como você está? Nos vemos todos os dias, mas eu queria
perguntar isso uma vez, porque eu continuo me questionando se
você está bem. O fogo da minha curiosidade se espalha
infinitamente e me deixa com febre, então, por favor, responda
rapidamente. Reúna cada momento do seu cotidiano em gotículas
e chova sobre mim. Minha querida, por favor, acalme minha febre.

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Claro que é bom sofrer desta febre feliz, mas o tempo com você que
me encharca, gelado e terno, é sempre bem vindo.
Mesmo que valorizemos um ao outro, ainda que você
queira ou não, nós também nos feriremos sem querer. A propósito,
as feridas que eu te causei ainda não foram curadas? Me desculpe
se esse é o caso e se eu não notei. Então, por favor, mostre-as para
mim agora. Não se envergonhe dessas feridas, porque sou o único
que pode remediá-las. Toda pessoa que ama será assim. Elas
sentem dor quando veem as cicatrizes umas das outras, mas eu
ainda espero que você não esteja cobrindo suas cicatrizes para que
eu não fique triste. Isso também é parte de nós, evidência de nossas
memórias e amor.
Se você ainda tem vergonha de me mostrar todas as suas
feridas, por favor, apenas me abrace forte. Mesmo que eu não veja
suas cicatrizes, quero senti-las através de sua pele para te conhecer
completamente, e acredito que você também queira o mesmo.
Já estamos juntos há muito tempo e vamos passar ainda
mais dias juntos. Por favor, responda. Me diga que seu coração é
igual ao meu. Eu quero trocar muitos "eu te amo" com você por um
longo tempo.
Isso mesmo. Eu te amo.
E para citar aquele poema que você leu para mim uma vez,
eu preciso de você.
P.S:. Enviei isso junto porque a letra descreve meus
sentimentos. Amanhã, vamos dar as mãos e ouvir essa música.”

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A mulher leu a carta dele e olhou pela janela. O sol de
seu perfeito dia de folga se escondeu covardemente e a lua de
uma noite sombria se estendeu por trás de uma nuvem escura.
Seu maldito romântico. Na verdade, ela gostava desse
lado do homem. Dentre os inúmeros encantos que o homem
tinha, sua imagem romântica de pessoa que não vivia na
realidade era o melhor de todos.
‘Não se force a chorar’, era como se ela pudesse ouvir
suas palavras.
Ela estava chorando.

Ver você passando por mais dificuldades que eu me fez chorar


como uma criança.

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CAPÍTULO 4: BETTER OFF

Um dia, o homem, que vinha aproveitando seu tempo


consigo mesmo depois de terminar com a mulher, subitamente
se sentiu solitário, como se fosse a primeira vez que ele
estivesse sozinho. Dormir, comer ou respirar sozinho lhe
causavam um terror devastador. Ele ansiava por alguém para
segurar sua mão.
Claro que não era a primeira vez que o homem via a
solidão em sua vida. Ele a acolhia ocasionalmente de braços
abertos, e, por isso, ficou bastante envergonhado por essa
solidão evidente que desejava por alguém como nunca antes. O
que era preocupante é que parecia que essa solidão não
passaria com o tempo, nunca desapareceria completamente e
ficaria trancada em seu coração. Na realidade, a agonia de estar
sozinho atingia seu interior por completo, enquanto cortava
seu coração. O homem nunca poderia ter imaginado que
enfrentaria uma solidão tão brutal.
Ele precisava do tipo certo de pessoa. Não alguém para
conversar ociosamente enquanto bebia, mas uma pessoa a
quem ele poderia confiar suas histórias de infância. Alguém
que não era muito falante, nem muito quieto. Alguém que não
desconsiderava seus toques, mas não ficava em cima dele o
tempo todo. Alguém que não se irritava por causa da
formalidade da linguagem. Alguém que, no calor do sol e no

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frio da neve, pudesse ser tão inteligente quanto o vento.
Alguém que fizesse reverência acima dos tornozelos, mas
ainda assim abaixo dos joelhos. Ele precisava desse tipo de
pessoa.
Ele hesitou por um momento enquanto procurava por
seus contatos. O número da mulher ainda estava lá. Ele se
perguntou se deveria pressionar o botão de chamada, mas se
conteve. Eles deixaram um ao outro para o melhor, então agora
ele não podia simplesmente ligar para ela para aliviar sua
solidão. Um amor nutrido no seio da solidão desconhece a
satisfação. Ele pensou consigo mesmo sobre como preferiria
morrer de solidão do que começar um amor ingrato.
A mulher sempre ouvia música antes de ir dormir e, por
isso, de tempos em tempos, ele costumava assobiar uma
música para ela. O homem se contentou em apaziguar sua
solidão com o velho hábito da mulher. Quando ele ligou a
música, a que ele ouvira no momento do rompimento, o rosto
dela apareceu fracamente para ele. Como alguém com quem ele
passara anos juntos poderia estar tão distante, depois de
apenas alguns meses?
Ela já estava sendo apagada dele.

Para que nós possamos descansar em paz, me deixe e vá embora.

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CAPÍTULO 5: JULIETTE

A HISTÓRIA QUE JÁ PASSOU


“— Amor… — Ele recitou em voz baixa. E, pela primeira vez em
sua vida, ele percebeu o quão bonita a palavra ‘amor’ é.”
— Do dia em que nos conhecemos.

CINCO ANOS ATRÁS, EM UMA TARDE DE UM DIA DE


PRIMAVERA.

O homem estava passeando pelo rio Han com sua


cachorra. Nós não saímos pra passear há tanto tempo, por que isso
agora? O céu claro mudou abruptamente e logo as gotas de
chuva começaram a cair. Por ter saído de casa com roupas
leves, foi pego de surpresa pela chuva repentina. Ele procurou
um lugar para comprar um guarda-chuva, mas já fazia um
tempo desde que passara por uma loja de conveniência.
— É verdade que as pessoas não podem viver
puramente por sua própria vontade. O mundo tem seu próprio
temperamento. Eu deveria ter terminado o manuscrito em
casa. — Para se proteger da chuva, o homem pegou sua cadela
e correu para um banco coberto que estava próximo.
Felizmente, eles não ficaram muito molhados. Ele colocou a
cachorra trêmula no colo e acariciou-a lentamente. — Uh?
Você também não acha que sair foi inútil, Dani? Vamos voltar

25
para casa para brincar com brinquedos, tudo bem. Nós saímos
porque estávamos nos sentindo mal, mas acabamos ficando
encharcados! — Ele brincou esfregando o rosto no focinho da
cachorra, e ela o farejou e enterrou a cara no colo do homem.
Não era uma tempestade, mas a chuva quente da primavera
estava aumentando pouco a pouco.
— Essas pernas não são curtas? — Foi a primeira vez
que ele ouviu a voz da mulher em sua vida.
— Hã?
Uma situação inesperada. A aparição de um assunto
imprevisível. O homem se assustou com a pergunta abrupta da
mulher que ele nunca tinha visto antes.
— Estou falando do cão. Que raça é essa?
— Ah… Ela é uma Welsh Corgi.
— Uau, qual a idade?
— Acabou de completar seis meses. Ela ainda é um
bebê.
Uma conversa com uma mulher desconhecida. Ela não
parecia afetada enquanto ele continuava tão desconsertado
quanto antes.
— Certo. Você saiu enquanto chove, não trouxe um
guarda-chuva e ela não está nem usando uma coleira?
— Ah, é porque é a primeira vez que eu crio um
cachorro... — O comentário inteligente da mulher o deixou sem
palavras.
O homem ficou tão envergonhado que queria sair dali,
mas a mulher começou a acariciar a cadela como se não fosse

26
nada, e agora a cachorra dele estava mordiscando de
brincadeira a mão daquela estranha com os dentes que
estavam nascendo.
— Olhe para você. Você não é tímida, né. Você é bem
extrovertida. Muito diferente do seu dono, certo?
— Não é? Haha. — Ele soltou a risada mais estranha do
mundo.
— Então, como devo chamar—?
— Ah, é Dani. Dan.
— Não, você. Qual é o nome do seu dono, Dan? — Ela
continuou brincando com Dani, sorrindo vividamente o tempo
todo.
Dani, balançando o rabo, saiu do colo dele e a seguiu.
Parecendo não se importar com a chuva que caía, ela e Dani
correram um pouco mais longe enquanto o homem ficou
sentado no banco, apenas olhando para a cena. A cena de uma
mulher estranha segurando um pequeno guarda-chuva
branco, brincando com sua cachorra, rindo.
Naquele momento, o mundo desapareceu diante de
seus olhos e tudo pareceu perder a luz. Exceto por ela, a única
brilhando intensamente. Ela abraçou Dani, molhada de chuva,
e voltou para o banco coberto, falando com ele com a voz ainda
ofegante.
— Você não pode sair porque não tem guarda-chuva,
certo? Eu tenho um. Vou levá-lo para casa. Onde você mora?
— Ah... bem... ali. — O homem apontou para o
complexo de apartamentos atrás do parque.

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— Sério? Eu também moro lá. Que coincidência! Vamos.
— Certo… — No momento em que os olhos dele se
encontraram com o sorriso gentil dela, ele sentiu mais uma vez
que o mundo parou.
Ela continuou sorrindo gentilmente, como se não se
importasse que o homem estivesse rígido como uma rocha.
— Gosto quando chove. Está esfriando, sabe... Você não
acha reconfortante ficar parado e ouvir o som da chuva?
Os dois compartilharam o guarda-chuva e caminharam
lentamente pela rua chuvosa. A mulher abraçou Dani e
conversou o tempo todo, mas o homem não conseguiu
pronunciar uma palavra, apenas dava suas risadas desajeitadas
aqui e ali. Nada do que ela dizia chegava aos ouvidos dele. A
ponta do cabelo dela encharcada de chuva fazia cócegas em seu
braço. O leve aroma almiscarado no ar. A voz ofegante, fina e
fofa que falava em um tom suave. Ele não tinha a intenção de
deixar de lado todos esses estímulos sensoriais fascinantes e
prestar atenção à conversa.
Por apenas um breve momento seus ombros se
esbarraram. Sob o pequeno guarda-chuva com respingos da
chuva da primavera, três corações estavam batendo, e o som
do seu era o mais alto e mais rápido entre eles.
— É aqui.
— Sério? É bem perto. Eu moro no prédio do outro lado
da rua. Vejo você numa próxima vez. Dani também, até mais!
Sem pensar duas vezes, ela se virou para se afastar e ele
murmurou às suas costas.

28
— Obrigado.
De repente, ela se virou, falando.
— Sem problemas. — Parecia que ela tinha ouvidos
afiados.
Enquanto o homem ouvia o som alto de seu próprio
coração, ele teve um pensamento bobo ao acaso. Então, correu
para sua casa e agarrou seu peito ainda latejante.
— Dan, você viu isso?
Dani inclinou a cabeça. Ele a abraçou, encharcada de
chuva, em seus braços com força.
— Sua pirralha, você me trouxe Julieta, exatamente
como Hyangdan trouxe Chunhyang, assim como seu nome.
Dani não tinha interesse algum no que seu dono tinha a
dizer. Ela estava ocupada demais apenas mordendo e lambendo
as mãos do homem. Honestamente, como aquela coisinha
pequena poderia entender o prazer de uma emoção tão
ardente? O homem não era do tipo de pessoa que se escondia
durante o dia e odiava pessoas, e também não era como se ele
nunca tivesse namorado ou tido problemas com mulheres
antes. Mas simplesmente não teve dúvida no momento em que
ele a viu.
Um dia em que o mundo estava carregado e
temperamental. Esse foi o dia em que os dois se conheceram.

Por favor, abra o seu coração. Eu te darei a minha alma.

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CAPÍTULO 6: SYMPTOMS

O homem era um escritor. Não um famoso, mas um


pequeno escritor com uma paixão ardente e seu próprio mundo
distinto. Mas, como qualquer outro artista, o homem recebeu
um espírito emotivo que oscilava entre pólos opostos centenas
e milhares de vezes por dia, ao ponto de ficar tão cansado que
pensava em deixar a caneta de lado. A verdade é que ele estava
acostumado a passar por essas emoções intensamente
oscilantes por toda a vida, e esse era o motivo oculto pelo qual
ele não escrevia nada que o satisfizesse em tantos anos. Ele
estava sendo atormentado por sua confiança cada vez menor e
infinita auto-aversão.
Para um homem assim, a casa deveria ser um lugar
para descansar, mas até mesmo esse lugar há muito tempo
havia se transformado em um pântano de pressão e frustração.
Lutando contra uma depressão crônica, o homem acabou se
voltando para o escapismo da realidade. Para o lugar mais
distante possível de sua própria casa, um país do outro lado do
mundo. Antes de partir, ele levou Dani em uma caminhada de
pedido de desculpas por ter que ficar longe por tanto tempo, e
foi quando ele a conheceu, como se fosse por destino, e desde
aquele dia os dois passaram muito tempo juntos em um
período muito curto. E, como se estivesse zombando de sua

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atual crise, o homem começou a escrever coisas ótimas. Ela era
uma benção.
— Eu gosto de você. Eu realmente gosto de você. — Era
o terceiro dia desde que o homem e a mulher se conheceram.
Sua confissão apressada e desajeitada.
— Isso é sério? Gostar de mim? Nós mal nos
conhecemos ainda.
O homem se apaixonou por ela à primeira vista, o
primeiro a se apaixonar. Sempre o tomador de decisões
impulsivas, ele ficou envolto em suas emoções. Existe um erro
tão mortal quanto colocar os próprios sentimentos antes dos
outros? A mulher rejeitou a confissão do jovem e ele foi
estupidamente ferido. No entanto, o coração do homem já
estava muito envolvido para deixar a mulher ir daquela forma.
Mas no momento em que ele se aproximava lentamente
dela para compensar pelo erro dele e desfazer o
mal-entendido, outra questão começou a afligir o homem. A
data da partida da viagem que ele planejava para escapar da
realidade estava chegando. Ele poderia não ter conquistado o
coração dela ainda, mas, para o homem, já era mais difícil do
que qualquer coisa ter que estar distante dela fisicamente, e ele
se repreendeu por ter comprado a passagem. Ele pensou em
cancelar a viagem, mas não queria repetir o mesmo erro. Ele
decidiu não se apressar e pensar profundamente em seu
coração. Se ele ainda se sentisse como agora, depois de passar
um tempo sozinho, ele se declararia novamente.

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Embarcando sozinho no avião para a América do Sul,
ele olhou profundamente em seu coração e se perguntou: Será
que eu realmente posso estar iludido como ela disse? Estou me
adiantando demais? Ou será que estou procurando alguém para
amar porque estou entediado? Por um momento, seu coração,
sem respostas, se perguntou se aquilo era amor e decidiu que o
desejo e a curiosidade por ela que se espalhavam por seu corpo
eram claramente amor.
— Amor… — Ele recitou em voz baixa.
E, pela primeira vez em sua vida, ele percebeu o quão
bonita a palavra ‘amor’ é. Como se isso fosse um assunto sério,
o homem saboreou a palavra 'amor' várias vezes e se cobriu
com o cobertor enquanto ria bobo.
— Eu deveria dormir. O tempo passa mais rápido
quando você dorme, certo?
O homem queria dormir enquanto desejava que o
tempo passasse mais rápido, com o coração de uma criança
ansiosa pelo dia de um piquenique. O destino desse piquenique
não era o outro lado da Terra, para onde ele estava indo.
Ironicamente, era o mesmo lugar do qual ele queria fugir. Era
sua casa, seu bairro, seu país. Porque depois que ele a
conheceu, o lugar que costumava ser um pântano de frustração
para o homem se transformou em um parque de diversões
cheio de alegria e emoção.

32
Porque aquele era o lugar onde ela estava.
No avião barulhento, o homem colocou seus fones de
ouvido e fechou os olhos.

O único remédio é você. Não posso viver se eu te perder.

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CAPÍTULO 7: U&I

Como qualquer outro casal, seu primeiro encontro foi


predestinado e eles já estavam em crise antes mesmo do amor
começar a queimar. E, além disso, tudo aconteceu em pouco
tempo, por conta do mal-entendido causado pelo coração
apressado do homem, o que era um pouco ridículo, olhando
para trás.
Aquele era o dia em que o homem tinha voltado de sua
viagem à América do Sul. Por que não consigo entrar em contato
com ela? O homem estava com o rosto enterrado em um
travesseiro, arrancando os cabelos. Ele continuou se
lembrando, se perguntando se tinha feito algo de errado para
ela.
— Uau! Você está indo para a América do Sul? Para qual
lugar lá? Está indo sozinho ou com um amigo?
— Sim, eu vou pela primeira vez… Para alguns lugares
populares. Para esfriar minha cabeça. Estou indo sozinho.
— América do Sul… Estou com inveja! Eu realmente
gostaria de ir para lá! Parece que tudo é tão quente e apaixonado
por lá!
Ela cantarolou enquanto fez uma dancinha animada com
os ombros. Olhando para a mulher, o homem achou que o calor
cairia bem a ela, mas ficou um pouco magoado com a resposta

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indiferente à sua ausência. O que ela diria se soubesse o significado
dessa viagem para o homem?
— Então, quando você vai voltar?
— Em cerca de três semanas, eu acho.
— Tenha uma boa viagem. Cuide do seu corpo e não se
esqueça de trazer um presente!
As memórias do homem não poderiam estar erradas. A
distância física e a diferença de doze horas não se tornaram um
obstáculo entre os dois, já que sempre que ele enviava uma
mensagem, ela respondia imediatamente. Às vezes, era ela
quem entrava em contato com ele primeiro, o que deixou o
homem tranquilo para aproveitar a sua viagem. Entretanto, no
dia de seu retorno para a Coreia do Sul, ela não o procurou.
“Me avise quando você estiver no aeroporto. Acabei de comprar
um carro! Vou buscá-lo para praticar minha direção!”
Essa foi a última mensagem que ela enviou. Ela disse
claramente que viria me buscar… Como a mulher pediu, o
homem ligou para ela ao chegar no aeroporto, mas ele só podia
ouvir o som da discagem em vez da voz da mulher. Apenas no
caso dela ter deixado o celular em casa, ele esperou por três ou
quatro horas, mas ela não apareceu. O homem foi embora
sozinho.
A casa estava em silêncio. Geralmente Dani estaria
fazendo barulho para recebê-lo, mas a cachorrinha também
tinha ido com ela.
— Com quem Dani vai ficar enquanto você estiver fora?

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— Estou pensando em perguntar a algum amigo ou a
minha mãe.
— Mas ela ainda é um bebê, não tem problema mudar de
ambiente tão de repente?
— Eu também me sinto preocupado com isso…
— Deixe-a comigo! É o mesmo bairro, será como dar um
passeio. Além disso, Dani me conhece, então ela se sentirá
confortável comigo, certo?
— Ei… E como eu compensaria você?
— Se você quiser me compensar, compre um pouco de
bebida! Cerveja!
Era sempre agradável e divertido conversar ao telefone
com ela. Até o pensamento o fez sorrir automaticamente, mas
agora era apenas sufocante lembrar das vezes em que ela o fez
rir. Devo procurar por ela?
Ela morava no prédio do outro lado da rua. Ele nunca
esteve no apartamento da mulher antes, mas essa era sua
melhor aposta em encontrá-la. O homem hesitou brevemente
antes de calçar os sapatos e sair de casa. Ele assobiou uma
música para acalmar seu coração ansioso e, antes do final da
música, chegou ao prédio da mulher.
— Eu sou realmente um idiota. — O homem nem sabia
o número do apartamento dela. Foi uma ação impensada. Ele
estava prestes a voltar, estampando um sorriso abatido no
rosto, quando ouviu um som familiar.
Au au!

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Foi Dan. Definitivamente era o latido de Dani. Eles
moravam juntos há meses e, mesmo sem ouvi-la por quase
três semanas, não era um som que ele pudesse esquecer.
Au! Au! Au!
O homem seguiu os latidos de Dani e parou na frente de
uma porta, hesitando antes de tocar a campainha. O latido de
Dani ficou mais alto. Os dez curtos segundos de tocar a
campainha pareciam os mais longos da vida do homem. Não
havia sinal da presença da mulher dentro da casa, e ele
cuidadosamente abriu a maçaneta da porta.
Abrindo a porta com cuidado, o homem entrou na casa
da mulher pela primeira vez. Quando Dani o recebeu, ele a
pegou nos braços e, no final de seu campo de visão, a mulher
estava deitada no sofá da sala. Ela parecia estar dormindo,
então o homem tentou chamar o nome dela algumas vezes,
porém algo estava errado. Ele se aproximou dela, ainda imóvel,
para acordá-la, mas no momento em que ele segurou o ombro
da mulher, ficou claro o motivo pelo qual ela não entrou em
contato com ele ou atendeu sua ligação. Ela estava queimando
em febre.


— Você está acordada? Está melhor…? Você obviamente
não está bem. Eu estava realmente preocupado, sabia?
— Estou no hospital…?

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— Sim, você está com gripe. Tem que ir ao médico
quando estiver doente. Por que você ficou em casa?
—Gripe? Mas o tempo não está frio… Por que eu pegaria
isso de repente?
O homem sentado ao lado da cama do hospital passou
para ela uma xícara quente de chá de cevada enquanto ele
respondia.
— Vai saber…? Sua febre subiu para quase 40°C.
Deixe-me ver… A febre diminuiu um pouco. — O homem
levantou a mão e colocou-a cuidadosamente na testa dela. A
mulher sentiu um rubor quente no rosto naquele momento.
Era um tipo de calor completamente diferente daquele que
estava rastejando por sua pele e causando frio. Era mais como
uma flor quente florescendo dentro dela.
— Parece que está mais baixo que antes, mas você
ainda está quente. Vá, beba um pouco disso. — Ela aceitou a
xícara com uma expressão estranha.
— Obrigada. Mas como você sabe onde eu moro?
— Ah! Dani me contou.
— Dani…? — Ela parecia curiosa sobre o que o homem
estava falando. Os olhos redondos da mulher eram tão fofos
que o fizeram sorrir.
— De qualquer forma, como uma mulher pode deixar a
porta destrancada? Você poderia ter problemas.
— Desculpe… Você deve ter se preocupado quando eu
parei de entrar em contato com você de repente. Eu deveria ter
ido buscá-lo... A propósito… Onde está Dani…? — Ela falou com

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um tom perdido, como se toda a situação fosse demais para
entender de uma só vez.
— Ela está bem, está com um vizinho. Apenas descanse
por enquanto. Vou levar Dani para casa e voltar. — No
momento em que o homem se levantou e virou o corpo, a
mulher agarrou sua manga. — … O que foi?
— Não vá.
— O que?
Houve silêncio por um momento e o homem voltou a se
sentar ao lado dela, sem dizer uma palavra. Observando
enquanto ela lentamente voltava a dormir dando leves
batidinhas em sua mão, o homem soltou uma risada suave, que
ele não pôde conter. Eu sou um tolo… O homem deu uma última
batidinha na mão da mulher adormecida antes de colocá-la
para dentro do cobertor e se levantou em silêncio.


O tempo passou. A mulher abriu os olhos, as bochechas
coradas ficando mais vermelhas por conta da febre. O que eu
estava dizendo mais cedo…? Ela se enterrou ainda mais nas
cobertas, envergonhada. Ao se acalmar e virar a cabeça, ela viu
um pedaço de papel em cima da mesa, que era muito longo
para ser um bilhete e muito curto para ser uma carta. Parecia
que era rabiscado às pressas em uma página rasgada de
caderno. Provavelmente uma mensagem deixada pelo homem.

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“Quando vier me ver, use o mínimo de roupa possível.
Se houver apenas um milímetro entre você e eu, encurte-o.
Uma única camiseta é insuportável para mim.
Se muito frio estiver, rasteje para dentro de minhas roupas,
para o calor da minha carne e para o aroma da minha respiração,
e escute o som do meu coração batendo depois que eu, febrilmente
apaixonado, contamine você com a minha doença.
Eu passo isso adiante e você ficará aquecida para que
depois você repasse para mim, e eu fique ainda mais quente.
Entre em minhas roupas e seja infectada pela febre do
amor e então me contamine.
Apenas me contamine.”
— Você não deveria ter visto isso ainda…
Assustada pela voz repentina, ela escondeu o papel
atrás das costas. O homem estava abrindo a porta e entrando
no quarto do hospital.
— Eu sinto muito! Eu pensei que fosse um bilhete para
mim.
— É verdade que eu escrevi para você, mas eu queria te
dar em um momento um pouco melhor, com uma boa
caligrafia… Minha letra é horrível.
Silêncio mais uma vez. Então, ambos caíram na
gargalhada.
— Você gosta de ouvir música, certo? Eu escolhi uma
música para escutarmos juntos, então descanse um pouco mais
enquanto ouvimos.

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Ela assentiu e estendeu a mão esquerda para o homem
segurar.

Estou sempre esperando pelo que você tem para contar.

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CAPÍTULO 8: ALARM CLOCK

A HISTÓRIA QUE FOI LIBERTADA


“Mesmo sem querer, você já está muito distante. Em vez disso, eu
deveria ter estado mais ao seu lado. Eu deveria ter pensado melhor.
Eu deveria ter sido mais sensível e paciente. Eu deveria ter lhe dado
um adeus adequado.”
— Do dia em que senti sua falta.

Olhando para trás, aqueles foram tempos preciosos.


Depois do término, mais memórias com o homem
voltavam com frequência. Pode ter sido devido as coisas dele
que ela encontrou alguns dias atrás. Ela percebeu que ainda
havia algo amarrado dentro do peito e, embora não soubesse
exatamente o que era, o material que sustentava esse nó era o
seu ressentimento por ele, o desejo e a desilusão pelo tempo
que passaram juntos em todos esses anos, e uma desconfiança
no amor. O prazo final. Certo, o prazo final está chegando.
A mulher se apegou à realidade para ignorar a
frustração que retinha seu coração a cada momento. Enquanto
imersa no trabalho, seu coração fraco tendia a encontrar uma
espécie de pista estável. Novamente, mais uma noite após
terminar um prazo, que parecia uma guerra, e voltar para casa,
ela inalou a fumaça da xícara de café e passou pelas cortinas
fechadas porque não suportava ver a luz. Chovia do lado de fora

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da janela. O caroço em seu coração, esquecido por um breve
momento, chamou novamente em agonia.
O que era isso?
Apesar de todo o ressentimento e orgulho, isso era algo
em que ela não podia entender. O que poderia ser isso? A
mulher tomou um gole de café. O gosto amargo encheu sua
boca. Enquanto tomava outro gole, ela deu uma olhada no beco
molhado pela chuva do lado de fora. Que rua bonita. Uma rua
que, em dias chuvosos como aquele, andavam sob o mesmo
guarda-chuva e, em dias ensolarados, uma rua em que
caminhavam com Dani correndo diante deles. E, às vezes,
quando não podiam superar suas tristezas, andavam pela rua
separadamente. Era uma rua onde os dois apenas apreciavam o
tempo gasto juntos. O lugar em que seu olhar seguia pela rua,
ironicamente, era a casa dele.
Em um instante, as cordas amarradas dentro de seu
peito se romperam e o nó que escondia sua verdadeira cor
explodiu com um estalo. Aquilo era amor. Ela ainda o amava. E
a última conversa que ela compartilhou com ele ressoou dentro
de sua mente por vontade própria. ‘No momento em que as
lentes cor-de-rosa do amor são tiradas, é quando o caos se inicia.’
Suas palavras não estavam erradas. Ele terminou
porque suas lentes cor-de-rosa caíram e, logo após a
separação, ela ficou ocupada odiando-o sob a desculpa de ter
deixado de amá-lo. Agora ela estava começando a ver as coisas
como eram e as portas do inferno se abriram. Ela ainda estava
o amando. Ela lutou para conter os sentimentos que estavam

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fluindo, mas eles já haviam explodido e estavam crescendo em
plena floração. Agora não tinha como voltar atrás.
‘Está vendo? A linguagem que você costumava achar tão
amável agora te irrita profundamente. A imagem da outra pessoa
comendo antes era adorável, agora ela parece uma porca; o que
era um charme fofo agora parece apenas um incômodo
desagradável. Não há mais vivacidade quando se olha nos olhos do
outro, dar as mãos é suado e nojento e beijar se transformou em
nada mais do que um hábito.’
A noite do término estava profundamente marcada em
sua memória, o som vívido das palavras que ele disse naquela
noite rasgando seu peito repetidamente. Não podendo mais
ficar olhando a imagem embaçada da casa dele, ela fechou as
cortinas e sentou-se. Então, quando estava tão exausta que não
podia mais chorar, a mulher foi para a cama. O amanhã era
outro dia e, dizendo a si mesma que agora precisava dormir e
se preparar para o dia seguinte, ligou seu despertador e
esperou que tudo fosse um sonho. Que quando ela acordasse na
manhã seguinte, ela seria capaz de cumprimentá-lo como se
nada tivesse acontecido. E desejou poder contar a ele com uma
risada que ela tinha um sonho estranho, um sonho impossível
em que os dois se separaram.
Por mais egoísta que pareça ser, comer juntos, ainda
que ele brinque que ela parece um porco, e segurar a mão dele
apenas porque ela pode, mesmo sem querer, e olhar nos olhos
um do outro, mesmo que sem vida, e ouvir suas palavras
encantadoras, mesmo que parecessem irritantes, e beijá-lo,

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ainda que parecesse um hábito… Ela o queria ao seu lado, como
costumava ser.

Como uma flor que cai como uma pequena gota de chuva, você diz
essas palavras como se não fosse nada para você.

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CAPÍTULO 9: I’M SORRY

Recentemente, o homem começou a beber com mais


frequência.
Ele vinha lutando contra uma ressaca depois de tentar
afogar sua saudade. Quem terminou primeiro ou quanto tempo
se passou desde então, nada disso importava mais. O que
importava era que as duas pessoas que costumavam ser 'nós'
se tornaram apenas 'alguém'. Após o rompimento, o homem e
a mulher haviam retornado perfeitamente ao relacionamento
que tinham antes de se conhecerem há cinco anos. Pelo menos,
era assim que parecia para ele.
Então, o que era essa saudade que tomou conta dele?
Essa saudade não era uma reminiscência do amor que ainda
não havia se oxidado. Era uma solidão e arrependimento
inesperados em relação a ela, além de nostalgia de quem ele
costumava ser, quando a amava tão apaixonadamente. De
tempos em tempos, quando o homem era inundado por esse
sentimento, tudo o que queria era caminhar até a mulher
imediatamente e lamentar como ele queria seu antigo eu de
volta. Mas, como o homem não queria magoá-la com seu
comportamento egoísta ou causar mais mal-entendidos, ele
decidiu apenas abrir o diário, como de costume.
E assim ele pensou nela, que havia se tornado sua razão
de segurar uma caneta por tantos anos.

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“Mesmo sem querer, nós já estamos muito distantes. Só
comecei a te entender tarde demais e, pior ainda, nós nos
transformamos em um relacionamento em que somos pouco mais
que estranhos.
Sempre tive um pressentimento sobre o dia em que
terminaríamos. Eu pensei que seria o dia em que o céu se partiria
ao meio. Eu pensei que o chão cederia sob meus pés.
Eu pensei que, preso dentro do rasgo do céu, enfiado no
chão, sentiria sua falta pelo resto da minha vida. Eu pensei que,
mesmo quando você não me amasse mais, eu manteria meu
ressentimento e arrependimento pelo resto da minha vida.
Eu também, me preocupo muito.
Para não pensar mais no tempo que você e eu passamos
juntos, eu até tentei odiar essas memórias. Rasguei um livro que
ganhei de você, inocente, página por página, em vão, e tentei jogar
fora todos os presentes que não lhe dei. Mas tudo que eu consegui
foi escondê-los atrás do espelho. E apesar de tudo isso, meu apego
permanece. Até o anel que, para mim, era problemático para usar
enquanto estávamos juntos, agora está preso no meu dedo.
Eu também, faço o melhor que posso.
Mesmo sem querer, você já está muito distante. Em vez
disso, eu deveria ter estado mais ao seu lado. Eu deveria ter
pensado melhor. Eu deveria ter sido mais sensível e paciente.
Eu deveria ter lhe dado um adeus adequado.
Eu também, me arrependo muito.”
O homem que escrevia descuidadamente jogou a caneta
na mesa. Com toda certeza, ele não a amava mais. Mas o que

47
era esse sentimento que ele não podia deixar passar, como se
estivesse se afundando em areia movediça? — quanto mais
você luta, mais você cai na escuridão.
No silêncio de sua casa, a mesma música tocava há dias.

Ainda vou me desculpar pelo que não sou responsável.

48
CAPÍTULO 10: MAYBE
TOMORROW

Assim como o oceano volta à quietude após uma


tempestade, o coração aparentemente agitado da mulher
também se acalmou. Ela não sabia quando isso mudaria
abruptamente novamente, mas, por enquanto, ela estava bem.
Ele estava, de forma lenta e gradual, sendo apagado dela.
No entanto, se havia algo nela que não tinha mudado,
era que ela continuava sofrendo de uma terrível dor de cabeça e
insônia desde quando ele partiu. Depois que ela terminou de
organizar o manuscrito para a próxima entrevista que seria
mês seguinte, a mulher, ocupada como sempre, comprou um
copo de café para viagem na cafeteria em frente a sua empresa,
como de costume. Eu deveria parar de tomar café, seria melhor
para minha insônia...
Passava um pouco da uma da manhã. Em um dia
normal, essa hora pareceria que a noite estava apenas
começando, mas, depois daquele dia, tudo parecia esmagador e
cansativo para a mulher. Ela tinha esquecido completamente
que tinha deixado o carro no mecânico pela manhã. Vinha o
dirigindo durante cinco anos sem grandes acidentes, mas
ainda precisava fazer uma checagem de vez em quando. Se ela
não tivesse esquecido que não estava com o carro, teria saído

49
do trabalho por volta das onze da noite para pegar um ônibus
para casa. Não dá pra fazer isso. Vou ter que pegar um táxi.
A mulher supôs que aquilo seria melhor. Ela havia
bebido tanto café que suas mãos tremiam e, embora sua mente
estivesse clara, seu corpo estava à beira de um colapso devido à
fadiga. Era um estado perigoso para dirigir àquela hora tardia
da noite.
— Para Shinsadong, por favor.
Descansando o corpo no banco de trás do táxi, ela se
sentiu confortável pela primeira vez no que pareceu anos.
Quando fechou os olhos, uma voz que ela tinha ouvido antes
chegou aos seus ouvidos. Foi o rádio. Era a voz daquele cantor
que ela entrevistou meses atrás, o sotaque e entonação tão
distintos que ela reconheceu imediatamente. Verdade, ele disse
que é locutor de rádio.
“Às vezes existem dias assim. Um dia que é cansativo e
avassalador sem motivo específico e que as coisas que costumam
ser fáceis não funcionam, por isso é um dia duas vezes mais
irritante. Nesse tipo de dia, mesmo que as pessoas ao meu redor
tentem me animar, isso, na verdade, não me conforta. Eu só queria
que me escutassem e assentissem. Às vezes, ouvir esses incentivos
parece uma pressão para superar meus sentimentos.”
A mulher assentiu às fracas palavras do homem.
“Sim, se alguém me dissesse para eu me animar agora, eu
poderia ficar bravo e jogar café no seu rosto ou algo assim. Claro
que pessoas tentando me animar não é uma coisa ruim. Mas às
vezes, em vez de 'se anime', quero ouvir algo mais parecido com

50
'tudo bem, você pode descansar hoje, deixe o resto para amanhã',
sabe?”
Que bom que não dá para você alcançar meu café. Com os
olhos fechados, ela desfrutou de uma pausa de descanso
inesperada. Era como se o cheiro do café quente e a voz suave
do homem lhe trouxessem conforto. O táxi seguiu pelas ruas
silenciosas e chegou em sua casa antes que ela percebesse.
Ainda curiosa sobre as próximas palavras do discurso
interrompido do cantor, a mulher mexeu no telefone enquanto
entrava lentamente em casa.
Você pode ouvir rádio no seu telefone hoje em dia, certo? O
aplicativo foi baixado com rapidez e, felizmente, o programa
de rádio ainda não havia terminado.
“De qualquer forma, para todos que trabalharam duro
hoje, aqueles que estão cansados por qualquer motivo e perderam
suas forças: Eu quero que você saiba que você se saiu bem. 'Vamos
nos animar. Amanhã será melhor.' Eu sempre termino dizendo
isso, mas hoje não quero. Tudo bem se você se animar apenas
amanhã. Não, está tudo bem ainda que seja só depois de amanhã
também. Tudo bem ficar triste por um tempo. Por favor, venha a
mim sempre. Porque eu estarei aqui.”
Está tudo bem se animar amanhã, está tudo bem ficar
triste por um tempo — as palavras gentis e reconfortantes
daquele homem pareciam animá-la mais do que qualquer
incentivo. Quando ele disse para procurá-lo, que ele estaria lá,
ela pensou que talvez pudesse começar a ouvir a rádio dele com
mais frequência.

51
“A última música que vamos ouvir hoje é "Maybe
Tomorrow". Venha descansar novamente amanhã.”
A mulher deitou em sua cama e fechou os olhos
enquanto ouvia a música no rádio.

Está tudo bem, está tudo bem. Está tudo bem.

52
CAPÍTULO 11: RED CANDLE

A mulher estava se afastando da sombra do término,


assim como o homem também continuava com a vida
cotidiana, mesmo que seus dias de bebida tivessem
aumentado, incapaz de escapar de sua consciência culpada e
ansiando por seu eu antigo. O homem estava bebendo com uma
amiga que vinha saindo com ele com frequência ultimamente.
E, como sempre, aconteceu de repente.
— Para ser franca, ver você com sua namorada durante
todo esse tempo foi muito difícil para mim. Eu não conseguia
dizer isso, mas quando você me disse que estava cansado após
a fase de lua de mel, pensei que talvez percebesse... Não
poderia ser eu? Não é o suficiente apenas eu estar ao seu lado?
Ele ficou desconcertado. Sua solidão crescia dia após
dia, mas ele não tinha certeza de que um novo amor pudesse
libertá-lo dela. E, naquele momento, ele subitamente recebeu
uma declaração da pessoa menos esperada. Sem saber como
deveria responder, o homem apenas virou outro shot.
— Você não precisa responder imediatamente. É só que
estou chateada de vê-lo para baixo ultimamente, sabe? Só
estou tentando ajudar.
O homem pensou em como ele deve ter feito algo
grande em sua vida passada para merecer tantas pessoas que o
amassem. E todos aqueles que o amavam também pareciam se
sentir responsáveis por sua infelicidade. Desde o término, essa

53
amiga começou a passar diariamente no home office do
homem para cuidar dele, cozinhando ou limpando. A princípio,
essa atitude era constrangedora e irritante, mas, mesmo
assim, o homem se acostumou gradualmente aos passos
constantes de sua colega.
Eventualmente, não era mais desconfortável ficar um
com o outro no home office e, quando o homem se aproximou
mais dela, eles se beijaram. Ele não tinha certeza se realmente
a amava. Em um momento, seus olhares se cruzaram e eles
apenas se abraçaram sem hesitar. Ainda assim, o
relacionamento deles não mudou desde aquele dia.


Certa noite, o homem acendeu uma vela enquanto
esperava sua amiga, quando de repente surgiu a ideia de que a
vela o lembrava dela. Então, ele segurou a caneta e lentamente
começou a escrever.
“Crec, crec
Soa o queimar do pavio de madeira da vela.
As velas de pavio de madeira sempre queimam fazendo um
barulho alto demais. No meu quarto escuro e silencioso, tudo o que
existe é a chama frágil da vela e o lamento crepitante do pavio de
madeira.
Talvez seja devoção o que preenche a vela? Estar tão
disposta a queimar por mim. O fogo de um pavio tão frágil, que

54
não deve brilhar por muito tempo, fala comigo com uma voz
ardente:
— Estou aqui.
— Eu sei.
— Você está aquecido?
Eu não conseguia nem mentir e dizer que estava aquecido
quando ela queimou tão ansiosamente. Eu não conseguia nem
abraçá-la, com medo de que minha carne queimasse. Uma criança
que voluntariamente se queimou por completo. Todo esse tempo,
uma pobre criança chamando por mim. Uma criança que me
amou. Não pude fazer muito a não ser suspirar de medo por receio
de apagar você.”
Enquanto escrevia com a colega em sua mente, o
homem chegou a uma certa conclusão. Ele não a amava. O que
ele sentiu foi uma mistura de gratidão e culpa, tristeza e medo
de perder outra pessoa — um sentimento com uma cor bem
diferente do amor.


— Olá, você estava esperando? Eu vim.
— … A partir de amanhã, você não precisa mais vir.
— Hã?
— Você tem sua própria vida para cuidar... Eu posso
cozinhar e limpar sozinho. Não venha mais aqui.

55
— Tudo bem... Mas já que vim hoje, vamos comer algo
juntos.
A resposta dela foi mais calma do que o homem
esperava e isso o tranquilizou, pois ele achou que foi sorte.
Então, ela começou a comer em silêncio. Naquela noite, o
homem sentiu um arrependimento que contradizia suas ações,
e dormiu com Dani nos braços e um coração perturbado.


No dia seguinte, ela voltou ao escritório do homem
exatamente na mesma hora, como se nada tivesse acontecido.
Quando ele a viu, o homem ficou impressionado ao sentir um
alívio que não estava esperando, e o relacionamento deles
permaneceu inalterado.

É tão quente em seu abraço, que parece que eu posso derreter.

56
CAPÍTULO 12: DIPHYLLEIA
GRAYI

As estações mudaram e agora era claramente


primavera. Uma chuva quente de primavera estava caindo e o
homem estava olhando vagamente pela janela quando de
repente começou a fazer as malas.
— Onde você vai? — Perguntou a colega, limpando as
mãos no avental depois de terminar de limpar a louça suja do
jantar.
— Ah... Vou passar um tempo na ilha de Jeju.
— Jeju? Por que isso de repente?
— Apenas porque... Eu tenho que fazer uma coisa lá.
A desconhecida ilha de Jeju. Um lugar isolado, rodeado
de água por todos os lados. Mas não era um lugar solitário.
O homem ia visitar Jeju de tempos em tempos. E ele iria
sozinho, deixaria seu tempo e lembranças enterrados naquela
ilha e voltaria. A razão pela qual aquele lugar não era solitário
deveria ser por causa de todo o passado que ele deixou
espalhado por lá.
— Você tem boas lembranças de lá? Para um cara que
odeia sair, você com certeza viaja muito. — Ela falou
levemente, ainda sacudindo as mãos para secá-las.
Não, ele não estava indo devido a boas memórias ou
algo para comemorar. Ele ia lá porque era um lugar sem

57
lembranças. Deve-se deixar lugares memoráveis
permanecerem belos, e não sujá-los com uma bagunça de
memórias.
— Deve levar de três a quatro dias. Somente até
domingo no máximo. Aviso quando eu chegar. Não se
preocupe.
Com cuidado, a amiga sentiu que a aura do homem
estava mais pesada que o normal e falou:
— Bem... Então, deixe Dan sob meus cuidados.
— Eu ia perguntar exatamente isso. Obrigado. — Ele
pegou sua bagagem e foi para o aeroporto.
A chuva parou antes que ele percebesse.


Naquele momento, a mulher mal mantinha os olhos
abertos.
No dia anterior, ela ficou acordada a noite toda
organizando suas reportagens e, assim, trocou a noite pelo dia.
Ainda com seu esforço, escrevendo pela noite inteira, o
manuscrito não havia sido concluído. Ela despertou pouco a
pouco, lavou-se e deu um começo tardio ao seu dia. Sentou-se
na frente do computador com a meta de terminar o manuscrito
até às onze horas da noite, mas é claro que acabou muito mais
tarde do que o planejado. Seu plano inicial de terminar cedo e

58
assistir a um filme foi ganancioso. Por que eu estou assim? Pelo
menos está tudo pronto agora.
Depois de se afastar, ela esticou o corpo rígido por estar
sentada na frente do computador por tanto tempo. Depois,
vestiu o cardigã, pegou o telefone e os fones de ouvido e saiu de
casa. Ela colocou os fones de ouvido enquanto caminhava na
direção do rio Han. Fazia tanto tempo desde a última vez que
ela havia dado um passeio noturno... A mulher relaxou com
respirações profundas. Estava ficando um pouco úmido. O
agradável ar da primavera fluiu para ela.


O homem pousou em Jeju no último avião. O tempo
estava bom lá. Assim que chegou, alugou um carro e dirigiu
para observar o mar na noite de Aewol. Fazia um tempo desde a
última vez que ele dirigiu. Foi um pouco estranho, já que seu
corpo estava tão acostumado ao banco do passageiro por
muitos anos. O homem dirigiu devagar, pois não tinha
companheiro ou planos para seguir nessa viagem. Uma estrada
perfeitamente vazia tarde da noite. O homem ligou o rádio
enquanto pensava que alguma música poderia elevar seu
espírito frio. Na ausência de qualquer um dos programas que
ele costumava ouvir, ele aumentou o volume do que quer que
estivesse sintonizado.
“Você é uma flor, que fica transparente à medida que molha

59
O arrependimento encharca as pétalas brancas entre nós
Invisível, mas não desaparece
Pelo menos não dói quando não consigo ver”
Parecia um programa que recitava poemas. Como ele
ligou o rádio apenas por desconforto com o silêncio, o homem
achou que qualquer coisa era boa desde que não fosse muito
barulhenta, então manteve na estação.


— Na mesma hora, em Seul —

Graças ao clima quente da primavera, muitas pessoas


estavam no rio Han, apesar de ser tarde. A mulher se sentou em
um banco depois de andar e sentiu o ar da primavera enquanto
ouvia o rádio que vinha acompanhando a essa hora do dia há
um tempo.
“Há uma flor chamada 'Diphylleia Grayi'. É uma pequena
flor branca cujas pétalas se tornam transparentes quando
molhadas pela chuva ou pelo orvalho. Incrível, não é? Há um
tempo atrás, eu queria expressar o significado de nossas vidas
como uma flor. Eu queria uma flor bonita ou legal, mas enquanto
procurava, vim a aprender sobre essa flor encantadora.”
— Realmente é uma flor encantadora. Se suas pétalas
ficam invisíveis. — Ela afiou os ouvidos para ouvir a voz dele.

60
“Ao longo de nossas vidas, há coisas tão evidentes que não
podemos evitá-las. E há também aquelas coisas que não são
visíveis aos olhos, mas estão sempre conosco. Como as pétalas
desta flor.”
Ele voltou à mente dela de uma vez, mas não apertou o
peito com dores como antes. Desta vez, o pensar nele era até
um pouco suportável, foi apenas um pouco sufocante.
Ela ficou subitamente curiosa. O que ele estaria fazendo
agora?


O homem chegou a Aewol à noite. Ele estava
estacionado em um local onde o mar era visível e estava
ouvindo o rádio em volume máximo. As ondas rolavam para
frente e para trás no oceano escuro.
— Não posso evitar você. Mesmo que nosso amor tenha
esfriado e tenhamos terminado, você ainda está comigo. É por
isso que vim para cá...
Para o homem, a ilha de Jeju era o lugar que ele tinha
ido para deixar para trás seus segredos. Ele decidiu ir longe
para deixar as memórias dos últimos cinco anos com ela no
mar. Se o desejo de voltar para a ilha e recuperar essas
memórias retornasse, elas já teriam sido quebradas e lavadas
pelas ondas, para nunca mais serem encontradas novamente.
E, como tal, esses tempos e lembranças permaneceriam

61
fragmentados, espalhados em algum lugar da ilha, espalhados
em algum lugar na areia, e ele teria que se lembrar dela pouco a
pouco para voltar.
Ele ficou subitamente curioso. O que ela estaria fazendo
agora?


“A vida é encharcada de emoção: somos mergulhados nas
cores um do outro, apenas para secar novamente.
Não é mesmo? De fato, o mundo está flutuando como
sempre. Eu acho que sou eu quem mais mudou. Entender e aceitar
humildemente essa mudança, tento acreditar, é a base da
felicidade.”
Cinco anos atrás, o homem e a mulher estavam tão
encharcados de amor um pelo outro, tão transparentes, que
esqueceram o limite entre um e outro; sua dor e seu amor
secou lentamente até voltarem ao que eram antes de estarem
juntos. Aquele bonito período havia passado e nada que
pertencia a ele existia mais.
O homem e a mulher pensaram em como queriam ser
felizes e perceberam que, para que isso acontecesse, era hora
de se deixarem ir.
“Por favor, ouçam a última música de hoje, 'Diphylleia
Grayi'. Venham e descansem novamente amanhã.”

62
Como se fosse prova do destino, os dois, ao mesmo
tempo, em lugares diferentes, decidiram libertar um ao outro,
libertar o amor caloroso que uma vez eles tiveram. Enquanto a
música tocava, o homem e a mulher derramaram lágrimas pela
despedida definitiva, abraçando um ao outro de forma
apertada e invisível. Foi apenas naquele momento que eles
disseram adeus de forma verdadeira e prometeram que,
sempre que lembrassem do outro, ressentiriam o término
apenas um pouco e sentiriam muita, muita, muita saudade um
do outro.
No dia seguinte, o homem voltou para casa com os
cinco anos de memórias drenadas de sua mente e a mulher
começou mais um dia normal e levemente desapontante.

O tempo passa…

63
LETRAS

64
NO MORE

Mesmo quando eu te vejo, obrigação


eu não sinto nada Uma repetição de
(Não mais, não mais, não insignificantes e falsos
mais, não mais) sorrisos
Quando eu seguro sua É uma triste amargura,
mão, eu não me sinto mas o que eu posso fazer?
nervoso Eu preciso confessar isso
(Não mais, não mais, não Mesmo quando eu te vejo,
mais, não mais) eu não sinto nada
Horas entediantes (Não mais, não mais, não
passam, oh mais, não mais)
Sim, até certo ponto, Quando eu seguro sua
quando eu estou com você mão, eu não me sinto
Eu sinto que está ficando nervoso
velho (Não mais, não mais, não
Eu sinto coisas ficando mais, não mais)
paralisadas Assim que nos
As batidas do meu encontramos, nós já
coração ficam mais lentas esperamos o momento de
Eu sinto que nós estamos nos despedirmos, não é?
cada vez mais distantes Você sabe que isso não é
Sim, no final, nós não amor e sim pressão,
somos diferentes das certo?
pessoas que nós não Sim, está na hora de nos
conseguíamos entender separarmos, não há
Nós estamos nos nenhuma verdade em
separando pelos mesmos nossos sentimentos
motivos enquanto eles Nós nos tornamos piores
ficam cheios um do outro que apenas amigos agora
Nós perguntamos um Mesmo quando eu te vejo,
pelo outro apenas por eu não sinto nada

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(Não mais, não mais, não
mais, não mais)
Quando eu seguro sua
mão, eu não me sinto
nervoso
(Não mais, não mais, não
mais, não mais)
Eu não consigo mais
olhar nos seus olhos
Oh, eu não quero mais
mentir
Eu apaguei o significado
de amor
“Eu te amo, eu te amo”
“Sim, eu também”
Mesmo quando eu te vejo,
eu não sinto nada
(Não mais, não mais, não
mais, não mais)
Quando eu seguro sua
mão, eu não me sinto
nervoso
(Não mais, não mais, não
mais, não mais)

66
END OF A DAY

Eu seguro as suas mãos As minhas duas mãos


As entrelaço em volta do fortes,
meu pescoço Tornam-se um conforto
Massageie os meus ao fim do seu dia
ombros um pouco mais Quero igualar nossas
embaixo respirações de forma
No final de um dia natural
cansativo, ainda que o sol Como a água da banheira
tenha nascido que te abraça
Eu tenho que fechar meus calorosamente sem
olhos agora deixar espaços
Fechando a porta do meu Calorosamente, irei te
dia mais tarde que nos abraçar sem deixar
outros espaços
Enquanto você faz Ao final de um dia
cosquinhas na minha embaraçoso, cheio de
orelha e bochecha erros inconvenientes
Mesmo estando em Você, que é a minha fonte
mundos diferentes o dia de orgulho, esteve
todo, ao final do dia nós esperando por mim
estamos juntos O seus pequenos ombros,
O seus pequenos ombros, As suas mãos pequenas,
As suas mãos pequenas, Tornam-se um cobertor
Tornam-se um cobertor quente no fim do meu dia
quente no fim do meu dia cansativo
cansativo Você trabalhou duro, você
Você trabalhou duro realmente trabalhou duro
Você realmente trabalhou Até para você, os meus
duro ombros,
Até para você, As minhas duas mãos
Os meus ombros, fortes,

67
Tornam-se um conforto
ao fim do seu dia
Quero igualar nossas
respirações de forma
natural
No fim do dia, não posso
chorar, ainda que eu
queira,
e não posso rir, ainda que
eu deseje
Mesmo se for assim, você
ainda estará ao meu lado
Como uma criança, eu
choro
E rio como se estivesse
ofegante
Eu, que me tornei
estranho, também acabo
me conhecendo
Você trabalhou duro
Você realmente trabalhou
duro
Você é o meu orgulho.

68
HONESTY

Um, dois, três protegeu, e agora


Eu acordo e abro meus É você que será o meu
olhos sonolentos exemplo
Daqui a pouco será manhã Rebobino o filme com
novamente nossas memórias
Em um piscar de olhos, o Para o dia que nos
dia passa, eu me sinto conhecemos
triste Meu coração palpitava,
Meu coração tenta não contive as lágrimas
esconder essa tristeza Elas caíram em forma de
O tempo passa gratidão
rapidamente Você me entende melhor
Você ficará acostumado do que eu
com esse sentimento? Quando eu estava prestes
Isso que acreditamos é a cair
definitivo, certo? Ver você passando por
Esses pensamentos me mais dificuldades que eu
entristecem Me fez chorar como uma
Saudações pouco criança
frequentes Há uma conexão em
Ações que marcam nossa relação
suavemente É tão grande que palavras
Eu nunca quis magoar não podem explicar
você Nossas conversas cheias
Se o fiz, estarei de memórias continuam
arrependido para sempre até hoje
Porque você sempre me Porque você sempre me
protegeu protegeu
Porque você recebeu as Porque você recebeu as
críticas no meu lugar críticas no meu lugar
Sem dizer nada, você me Sem dizer nada, você me

69
protegeu, e agora esquecer
É você que será o meu O sorriso ficará em meus
exemplo olhos
Porque você sempre me Se a minha alegria é a sua
protegeu felicidade
Porque você recebeu as Obrigado.
críticas no meu lugar
Sem dizer nada, você me
protegeu, e agora
Eu irei apoiar você
Quando o dia se torna
cansativo e eu quero
desistir
Quando fico fraco e quero
fugir
Sua mão pequena se torna
a minha força
Pelo resto da minha vida,
eu cantarei para você
Você sempre acreditou
em mim e me protegeu
Essa música de
agradecimento é para
você
Ao final desta longa
jornada
Ao final desta parada de
trem, sem saber aonde
chegar
Aprendemos conforme
seguimos em frente
Eu sou lento para
expressar meus
sentimentos
Meu coração nunca irá te

70
BETTER OFF

Indiferentemente, olho Me deixe e vá, me deixe e


para o lado de fora da vá
janela hoje, não Como tolos, você sempre
Me sinto desanimado e olhou somente para mim
meu coração está E eu apenas olhava para
nebuloso você, então nunca
Não posso te ver olhávamos para a nossa
Estou apenas remexendo frente
minha xícara de chá já Diante de nós estão
fria, baby diferentes estradas, mas
Como uma criança acabamos de descobrir
perseguindo uma fantasia Que não podemos
Eu te amei, então disse reverter as coisas
que estava feliz Me deixe e vá, me deixe e
Mas em meu coração você vá
está ficando mais distante Afaste todas as suas
Está se tornando mais memórias
difícil Me deixe e vá, me deixe e
Me deixe e vá, me deixe e vá
vá Manchadas pelas suas
Afaste todas as suas lágrimas
memórias Me deixe e vá, me deixe e
Me deixe e vá, me deixe e vá
vá Esse amor exausto
Manchadas pelas suas Para que possamos
lágrimas descansar tranquilamente
Me deixe e vá, me deixe e Me deixe e vá
vá Por muitos dias somente
Esse amor exausto olharei a sua foto
Para que possamos E você olhará os meus
descansar tranquilamente presentes e derramará

71
lágrimas sobre eles vá
O que restará de um amor Afastando as palavras “eu
que terminou? te amo”, misturadas com
Façamos com que ao suspiros
menos nossas memórias Esse amor exausto
permaneçam Pensarei sobre isso
Me deixe e vá, me deixe e enquanto escondo a
vá minha tristeza
Você foi a primeira a se Para que possamos
virar descansar tranquilamente
Me deixe e vá, me deixe e Enterrarei minhas
vá memórias para que
Jogue fora esse amor ruim possamos viver
Me deixe e vá, me deixe e tranquilamente
vá Me deixe e vá
Um dia, eu espero que Me deixe e vá
você possa sorrir
suavemente
Pelas nossas memórias
Me deixe e vá, me deixe e

Por que esse longo tempo
não me pega?
Espero enquanto me
preparo para um futuro
apenas com preocupações
Me deixe e vá, me deixe e

Deixo seu nome em meu
caderno chamado “vida”
Enquanto descrevo uma
memória, eu viro uma
longa página
Me deixe e vá, me deixe e

72
JULIETTE

Uma música para a minha Seu cavaleiro de


Julieta armadura brilhante
O luar que transborda Você é o meu mundo
está sombrio Meu único objetivo
Ela é uma tocha prestes a Você sempre brinca
explodir comigo
Eu preciso aprender a Mesmo que me empurre e
brilhar para ela eu caia,
Quando a vejo, meus Eu seguirei o seu perfume
olhos ficam cegos Que envolve o meu corpo
Por favor Eu não consigo parar
Me dê uma chance Pegue meu coração, leve a
Quando você me olha minha respiração
Eu quero te abraçar Por favor
Eu sou impaciente e você, Abra o seu coração
uma jogadora Seus gestos para mim
Julieta Mesmo sendo algo
Eu vou te dar a minha passageiro
alma Me trêmulo coração
Julieta parece explodir
Por favor, me aceite Julieta
Julieta Eu vou te dar a minha
Doce, um pouco mais alma
doce Julieta
Vou sussurrar minha Por favor, me aceite
serenata Julieta
Doce vício, tentação Doce, um pouco mais
ardente doce
Mesmo que seus lábios Vou sussurrar minha
estejam envenenados serenata
Eu sou o seu Romeu Mesmo que você não fale,

73
eu percebo
Seus olhos dizem que me
querem
Não consigo parar de
perseguir você
Você é um veneno
irresistível
Julieta
Eu vou te dar a minha
alma
Julieta
Por favor, me aceite
Julieta
Doce, um pouco mais
doce
Vou sussurrar minha
serenata

74
SYMPTOMS

É interessante, ou talvez Que me deixa fraco


seja estranho Mas você é a única cura
Talvez seja uma doença Se eu não puder ter você
Estou sem forças, não Eu vou morrer, vou
consigo controlar meu enlouquecer
corpo Não sei o que acontecerá
Esses sintomas surgiram comigo
depois que te conheci Você é a minha cura
Estou sozinho nesta noite Não irei conseguir viver
escura Se eu não tiver você
No meu quarto, pensando É como se eu me
em você espetasse
Eu não posso fazer nada, Quando escuto o seu
estou o dia todo pensando nome
em você Sinto um choque no meu
Não entendo o seu rosto peito
inexpressivo Como se engolisse uma
Minha respiração, minha rosa com espinho
respiração, para Meu coração
Seus olhos frios cortam o profundamente perfurado
meu coração Meu coração machucado
Corta profundamente o Me abrace com suas mãos
centro do meu peito Fingindo me dar outra
Se eu não curar essa chance
ferida Você se aproxima e se
Eu vou morrer, vou afasta
enlouquecer Sou arrastado como um
Não sei o que acontecerá boneco
comigo Mas na sua frente
Você é uma doença tão Minha respiração, minha
profunda respiração, para

75
Seus olhos frios cortam o Eu vou morrer, vou
meu coração enlouquecer
Corta profundamente o Não sei o que acontecerá
centro do meu peito comigo
Se eu não curar essa Você é uma doença tão
ferida profunda
Eu vou morrer, vou Que me deixa fraco
enlouquecer Mas você é a única cura
Não sei o que acontecerá Se eu não puder ter você
comigo Eu vou morrer, vou
Você é uma doença tão enlouquecer
profunda Não sei o que acontecerá
Que me deixa fraco comigo
Mas você é a única cura Você é a minha cura
Se eu não puder ter você Não irei conseguir viver
Eu vou morrer, vou Se eu não tiver você.
enlouquecer
Não sei o que acontecerá
comigo
Você é a minha cura
Não entendo essa febre,
Não consigo pará-la
Consegue ouvir meu
coração que bate tão forte
por você?
Estou seco como o
deserto
Espero que você chova em
mim
Seus olhos frios cortam o
meu coração
Corta profundamente o
centro do meu peito
Se eu não curar essa
ferida

76
U&I

Você, você e eu Eu sou sempre o único


Oh, você e eu não que fala
podemos ser separados Não precisa ser nada
Você (você, você), você e grandioso
eu Pequenas impressões
Estou sempre esperando sobre algum restaurante
pela sua história Esse tipo de coisa é bom
Eu estou tão exausto Isso é o que é especial
E passando por um “Eu me separei, eu fui
momento realmente demitida”
complicado Você está cansada de
É um dia em que suspirar segurar suas lágrimas
uma vez é difícil Apenas me conte um
Então, como foi o seu dia? pouco sobre isso
Você está sorrindo, deve Tire as coisas pesadas
estar de bom humor De cima dos seus ombros
Isso é tão bom de se ver, Eu irei te escutar
você pode me contar sua Você, você e eu
história? Oh, você e eu não
Você, você e eu podemos ser separados
Oh, você e eu não Você (você, você), você e
podemos ser separados eu
Você (você, você), você e Estou sempre esperando
eu pela sua história
Estou sempre esperando
pela sua história
Seja algo bom ou difícil
Seja algo de que você se
orgulhe ou nada
Por favor, me conte sua
história

77
ALARM CLOCK

Mesmo hoje, estou alto


encharcado em meu suor E me acorde, rapidamente
Eu acordei do meu sono, Me acorde
não posso acreditar nisso Como uma flor que cai
Um terrível pesadelo depois que uma pequena
Dentro do sonho que se gota de chuva roça contra
repete toda noite ela
Você me abandona Isso pode não ser grande
friamente como uma coisa para você
mentira Vamos terminar
Ainda não posso acreditar Mas eu caio em um sono
nisso, seus lábios frio por suas palavras
Ainda não posso te deixar, duras
quando parece que eles Eu sinto que ainda posso
tocarão minha bochecha capturar a sua miragem,
Eu não posso te apagar por favor
Eu espero que meu Eu ainda não posso
despertador toque acreditar nisso, seu
rapidamente cheiro
E me acorde desse sonho Não posso me livrar dele,
Volte atrás no tempo que ele se infiltrou em mim
se parecia com um Isso deve ser um sonho
pesadelo Eu espero que meu
E jogue fora o nosso despertador toque
término rapidamente
Esse terrível sonho E me acorde desse sonho
quebrado que está Volte atrás no tempo que
congelado no lugar se parecia com um
Eu não posso escapar pesadelo
Eu espero que o E jogue fora o nosso
despertador toque bem término

78
Esse terrível sonho Volte atrás no tempo que
quebrado que está se parecia com um
congelado no lugar pesadelo
Eu não posso escapar E jogue fora o nosso
Eu espero que o término
despertador toque bem Esse terrível sonho
alto quebrado que está
E me acorde, rapidamente congelado no lugar
Dentro do pesadelo, eu, Eu não posso escapar
eu perco meu caminho, Eu espero que o
eu, eu despertador toque bem
Dentro do pesadelo, eu, alto
eu perco meu caminho, E me acorde, rapidamente
eu, eu Rapidamente me acorde,
Dentro do pesadelo me acorde
Não posso acreditar que Eu desperto do meu longo
você se foi sonho e passo por uma
Estou me recusando a estrada obscura
acreditar no nosso Perdido em profundos
término outra vez pensamentos, te imagino
Eu sei que nossa outra vez
separação e esse Eu jogo uma pedra em um
momento não são sonhos lago parado
Mas eu não posso aceitar E ela ondula em um
Não posso suportar essa pequeno círculo outra e
realidade outra vez
Volte outra vez, essa Eu imagino você, eu
realidade é como um imagino você
pesadelo Imagino você
Eu preciso de você Imagino você
Eu espero que meu
despertador toque
rapidamente
E me acorde desse sonho

79
I’M SORRY

Olhe para nós em nossas Dentro da minha ilusão,


memórias por um dentro da minha cabeça,
momento você parecia feliz
Você e eu, nós dois dentro Eu fui ruim, eu fui
de boas memórias horrível
Nós estamos rindo, Com meu jeito egoísta até
estamos chorando o fim
Compartilhamos tantos Eu fui horrível, você ainda
momentos juntos está relutando
Com que tipo de Uma memória feliz
memórias você ficou? somente pra mim até o
Eu fui realmente tão fim
indiferente assim em Não vá, não me deixe
relação a você? Pra você em minhas
Eu quero te perguntar, eu memórias esquecidas
quero saber Não vá, por favor, não me
Eu sou realmente o único deixe
que ficou com boas Você sabe que eu vou
memórias? desabar desse jeito
Parece que estou sempre Você ainda está
sozinho relutando, eu sou tão
As histórias que você me terrível
contou Me desculpa, eu sinto
Eu achei que você estava tanto
apenas se queixando Você está relutando
Eu achei que você sentia o muito, eu sou o único que
mesmo que eu está bem?
Caminhando pela mesma Eu ainda vou me
estrada que você, desculpar pelo que não
sentindo o mesmo que sou responsável
você Eu sinto muito, sinto

80
muito, eu estou bem
agora, eu sinto muito
Eu sinto muito, eu
realmente sinto muito,
sinto muito, sinto muito.

81
MAYBE TOMORROW

“Ai, é cansativo” amanhã


“Ei, temor que terminar Não, está bem mesmo que
essa música hoje” seja depois de amanhã
“Oh, hoje? Vamos fazer isso Mesmo que você esteja
amanhã” para baixo, desanimada
“Amanhã?” por um mês,
“Vamos fazer isso amanhã, Estarei parado bem aqui
amanhã. Estou cansado Mesmo?
hoje.” Às vezes, por que sou o
Tudo bem não se animar único sendo bobo?
amanhã Ou por que sou o único
Não, está bem mesmo que que não está bem?
seja depois de amanhã Me sinto amargo, não
Mesmo que você esteja consigo, é difícil suportar
para baixo, desanimada Quando está sufocante,
por um mês, Durante esses momentos
Estarei parado bem aqui Quando está melancólico,
Certo? Não é tão ruim
Não podemos nos divertir desperdiçar tempo uma
todos os dias em que vez
vivemos Não podemos nos divertir
Mas tampouco todos os dias em que
choraremos por toda a vivemos
vida Mas tampouco
Está tudo bem choraremos por toda a
Sério? vida
Está tudo bem Está tudo bem
Não há problema em Sério?
deixar tudo de lado por Está tudo bem
um dia e descansar Não há problema em
Tudo bem não se animar deixar tudo de lado por

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um dia e descansar
Tudo bem não se animar
amanhã
Não, está bem mesmo que
seja depois de amanhã
Mesmo que você esteja
para baixo, desanimada
por um mês,
Estarei parado bem aqui
Estou aqui.

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RED CANDLE

Eu esperei por hoje perfume


Você suavemente me Não queime
abraçou ardentemente
Você quietamente Apague a vela, oh
segurou minha mão Vela vermelha
Apague a vela, oh Ei
Você é muito quente para Eu estou presa nesses
segurar, como se fosse olhos que olharam para
derreter mim
A fragrância que se Se eu não tiver você, eu
esconde em mim vai vou friamente endurecer
flutuar para fora Você sabe como eu me
Esta noite, oh, está tudo sinto
bem Estou com medo demais
Cubra-se, porque você irá para me aproximar de
desaparecer com o vento você
mais suave Esta noite, oh, está tudo
Esta noite, oh, está tudo bem
bem Cubra-se, porque você irá
Me mostre a vela desaparecer com o vento
vermelha que você mais suave
esconde em seus braços Esta noite, oh, está tudo
Vela vermelha bem
Eu esperei por hoje Aceite a vela vermelha
Você suavemente me que você esconde em seus
abraçou braços
Você quietamente Eu esperei por hoje
segurou minha mão Você suavemente me
Apague a vela, oh abraçou
Eu esperei por hoje Você quietamente
Não desapareça com o segurou minha mão

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Apague a vela, oh
Eu esperei por hoje
Não desapareça com o
perfume
Não queime
ardentemente
Apague a vela, oh
Vela vermelha
Você sempre deixa calor e
perfume para trás
Você deixa para trás uma
luz brilhante em meu
quarto escuro
Por favor, não desapareça
Vela vermelha
Eu esperei por hoje
Você suavemente me
abraçou
Você quietamente
segurou minha mão
Apague a vela, oh
Eu esperei por hoje
Não desapareça com o
perfume
Não queime
ardentemente
Apague a vela, oh
Tudo está desaparecendo
Vela vermelha.

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DIPHYLLEIA GRAYI

Você é uma flor que se Você me confina no


torna transparente cômodo da eternidade e
quando se molha não consigo te encontrar
Nosso relacionamento, a Então você ri astuta e
pétala branca, puramente
Se torna úmido pelo Então você é assoprada
remorso pelo vento
Mesmo estando Então você está se
transparente, você não molhando pelo orvalho
desaparece Conforme o tempo
Quando não podia te ver, passar,
eu pensava que você nem Mesmo as pétalas brancas
mesmo estava se ferindo irão murchar
Então aquilo em que você Sem as memórias que se
não podia se segurar tornaram transparentes
mesmo que soubesse Então você é assoprada
Na verdade, dói como ser pela tristeza
despedaçada, como Então você está se
morrer molhando pelas lágrimas
Por estar encharcado em O tempo passa…
lágrimas, O tempo passa...
Esse meu erro evidente O tempo passa…
Não pode ser visto agora Se o tempo passa,
Então, você é assoprada O tempo passa…
pelo vento O tempo passa…
Então, você está se O tempo passa.
molhando pelo orvalho
As pétalas bem diante de
mim,
Você suporta o forte
aroma que me ludibria

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PALAVRAS DO AUTOR

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“O que é música para mim?”
Essa pergunta pode ser um pouco cansativa, mas já foi um
grande problema para mim.
A primeira vez que segurei um baixo foi no ensino médio.
Naquela época, a música era a coisa mais divertida de se
fazer, mas, desde que comecei minha carreira como cantor, as
sílabas da palavra ‘música’ pesaram sobre mim mais do que qualquer
coisa no mundo. Por um longo tempo, fiquei preocupado com isso.
Uma onda de vergonha me invadiu quando pensei ‘enquanto não
entendo o verdadeiro significado da música, não estou realmente
fazendo música’.
“Os três elementos básicos da música: melodia, harmonia e
ritmo.” Eu queria saber o que era música para mim além desta
definição de dicionário. Passei muito tempo com essa pergunta
pairando sobre minha cabeça e, cuidadosamente, cheguei a resposta:
música é uma história.
Uma história que pode ser imaginada, simpatizada e
identificada. Não importa que tipo de história você cante, se a
história do cantor desperta sentimentos dentro do ouvinte, é assim
que eu sei que é uma boa música. E a empatia e identificação nascida
da boa música, por sua vez, atraem o poder mais maravilhoso da
música. O poder de expandir sua imaginação.
“Qual é a história antes dessa música começar?”
“Que história acontecerá depois que essa música terminar?”
Na música, as linhas de início e fim são ambíguas, é por isso
que tem tanto efeito nos ouvintes. Isso cria curiosidade. Então,
quando estou ouvindo uma boa música, essas emoções brilham
como se eu fosse o protagonista dessa história, como se essa música

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fosse o meu mundo.
Quando quero fazer boa música, sou ambicioso, sempre
fantasiando sobre o antes e o depois enquanto escrevo. E quando isso
se tornou um hábito, eu me perguntei se não seria ainda mais
interessante conectar todas essas fantasias em um mundo. Se
houvesse uma única história que se expandisse através dos inícios e
finais ambíguos das minhas músicas, isso poderia criar sentimentos
mais complexos; se eu lhe desse contexto e personagens,
poderíamos desenhar uma imagem mais clara disso. Eu pensei que
isso poderia ser outra maneira de apreciar a música.
Eu escrevi este livro com essa ambição.
Não apenas para apaziguar a imaginação do ouvinte sobre o
antes e o depois de uma música, mas também com o desejo de
recontá-la em uma cor diferente como a pessoa que a criou (e assim
eu tive que fazer com a minha escrita bagunçada).
Pelo bem da minha própria imaginação. Eu queria tentar.
Se você conhece as músicas apresentadas ao longo deste
livro, espero que você as ouça mais uma vez ao ler e que elas pareçam
diferentes de antes. Caso contrário, espero que você possa senti-las
mais profundamente do que antes.
Embora seja uma peça solta, espero que este livro, em seu
gênero ambíguo de romance, ou letras de música, ou ensaio, possa
se tornar sua própria história, com ele, ela, e eu.

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