Você está na página 1de 172

Star In The Water

(Fish Upon The Sky 2)


Autor(a): Jitti Rain

SINOPSE:
“Nan estava rodeado de muita gente, mas sempre via a mesma imagem à sua frente, um rosto que nunca
havia desaparecido de sua mente.
Nuerth sempre tinha essa pequena pessoa como centro de sua atenção.
Nan nunca mostrava seu verdadeiro eu…sempre estava sozinho, mesmo que ninguém soubesse. E ainda
mais quando essa pessoa chamada “Nuerth” desapareceu de sua vida para sempre.
Nuerth era a pessoa que ele mais odiava no mundo, então pediu que ele desaparecesse e nunca mais o
visse.

Seria porque seu coração só conhecia o ódio?


Quando a pessoa que mais odiava desapareceu da sua vida, ele se sentiu tão solitário e vazio que era
impossível suportar a solidão que enfrentava.
Pouco a pouco o ódio que existia por aquela pessoa foi desaparecendo... até que se tornou outro
sentimento profundo, gravado e pressionado profundamente no coração. Um sentimento tão forte que
não é diferente de ódio.”
Essa é a história de Mueng Nan e Nuerth Nakarin

Essa é uma tradição completamente de fã para fã de sem nenhum fim lucrativo então por favor tratem
ela com carinho!
Todos os direitos reservados a autora!

Tradução feita pelo Ana’s Squad


Conto com a autorização da tradutora do espanhol Daysibl e JenniferTricia (muito obrigada por
disponibilizar a tradução)
Tradução e Revisão PtBr: @TamiBourbon @AnnaAraujo22 @Kmyhernandez @grazypamy
CAPÍTULO 01: “Profundidade”

…Mesmo no coração partido de alguém, o amor ainda existe…

“Nan, vamos.”
Essa frase foi ouvida por uma pessoa de corpo pequeno e cabelo castanhos, fazendo-o engolir a saliva na
garganta, as pequenas palmas das mãos estão cheias de suor, e seus olhos negros piscam angustiados.

A cada passo que dava, sentia como se estivesse descendo um caminho estreito e escuro, o que fazia
com que seu coração se contraísse cada vez mais, deixando-o com a sensação de que a qualquer
momento pararia de bater.
Mueng Nan parou diante de uma cama branca, onde outra pessoa estava, tal imagem a sua frente era
tão angustiante, que só podia manter o equilíbrio sobre suas pernas ao ver tal cena. Não era a primeira
vez que ambos se viam, mas desta vez… esta poderia ser a última. Seu coração continua tentando sentir e
aceitar que esta é a última vez.
“Nuerth.”
Com uma voz doce chamou o nome da pessoa que estava naquela cama, tentando segurar as lágrimas
que queriam cair por seus belos olhos. Era muito difícil fazê-lo, até que estas finalmente fluíram de seus
olhos e rolaram por suas bochechas com firmeza. Ele chorou, sim, ele chorou por causa da grande
tristeza que sentia pela pessoa à sua frente.
Ele nunca chamou o garoto na frente dele de ‘Phi’, apesar de terem quatro anos de diferença. A figura
alta da pessoa deitada na cama levantou o rosto que estava sob um respirador que subia e descia
seguindo o ritmo de sua respiração. Ele ainda tinha seu lindo rosto, embora agora estivesse mais pálido, e
seu lindo cabelo não esteja mais lá, já não caindo ao redor daquele lindo rosto. O corpo da pessoa à sua
frente estava fraco e dormente após um longo período de tratamento contra o câncer.

Nuerth Nakarin tinha leucemia, que era um tipo de câncer no sangue.


Mueng Nan não se sentiu pena, devido à tristeza que o ódio por ele lhe causou toda a sua vida… e que
agora estava desaparecendo... Para ser honesto, ele sempre odiou essa pessoa, que era seu meio-irmão,
desde que ele poderia lembrar.
Embora compartilhassem o mesmo pai, nada o fazia sentir amor por seu irmão.
A mãe de Nuerth Nakarin era apenas a amante de seu pai, que era culpada de destruir o casamento feliz
de seus pais e, portanto, sua família. Toda a sua vida foi destruída no momento em que aquela mulher
engravidou.

Embora sua mãe e a outra mulher nunca tenham sido inimigas, não se podia dizer que eram amigas
íntimas, até que esse dia chegou…
O dia em que mãe e filho desapareceriam de suas vidas, então Nan e sua mãe receberiam mais amor do
pai e ele teria tudo para si.

Nuerth odiava intensamente a doença que estava enfrentando, não porque lhe causasse dor ou fadiga,
nem por ser um obstáculo para sua vida universitária, que estava indo muito bem, mas porque ela estava
a momentos de levá-lo para longe de alguém especial, de quem sempre sonhou com sua aceitação... ser
aceito por seu irmão mais novo Nan, a quem ele não podia "amar" como queria amar.
Amor... de qualquer tipo... O relacionamento deles nunca teve um nome para se chamar, antes ou
agora. Hoje, continuava assim, não podia chamá-lo de irmão, porque o irmão mais novo não o aceitava,
mas também não podia chamá-lo de amigo, porque eles não eram… mas ele queria ser apenas alguém
que pudesse estar perto de Nong algum dia…
"Nan .. você está aqui."

Nuerth falou o mais forte que pôde, para ser ouvido pela pessoa à sua frente. Ele conversou com ele o
máximo que pôde, já que esta era sua última chance antes de partir.
"Nuerth Nakarin".
A mão macia de Nan estendeu-se para agarrar e apertar a mão da outra pessoa com força. Essa cena
continuou como se fosse uma pessoa preocupada com a condição de quem estava deitado na cama, mas
seu coração sentiu o contrário. Ele se inclinou para frente lentamente, sussurrando baixinho em seu
ouvido, algo que apenas os dois podiam ouvir.
"Vá embora."

"Vá embora e nunca mais volte."


"Eu... sinto muito." disse a pessoa que estava deitada tremendo, acima de todo egoísmo ele queria
viver... viver para Nan. Ele queria resistir a sua respiração fraca por muito tempo, para poder ver o que o
futuro destinava para aquele menino lindo, aquele menino que ele tanto amava… a pessoa que ele mais
amou na vida, aquela pessoa que ele amou por muito tempo, mesmo que a outra pessoa nunca tenha
descoberto.
"Não se desculpe, apenas não volte... nunca mais mostre seu rosto, na minha frente."
Aquele menino magro falou com lágrimas nos olhos. Seu corpo estremeceu com a sensação de algo que
ele não conseguia colocar em palavras. Ele só sabia que tinha que odiar seu meio-irmão até o último
suspiro.
Odiar ele até a morte....
Aquelas palavras perfuraram seu coração, cortando-o em milhares de pedaços, a ponto de fazê-lo
sangrar... palavras dolorosas que não puderam ser apagadas da memória daquele ouvinte. O rosto pálido
do menino doente simplesmente acenou com a cabeça, dando ao menino menor um sorriso doce. Ele
queria se aproximar de Nong e enxugar suas lágrimas, mas não conseguiu, então tudo ficou apenas em
seus pensamentos, junto com seu desejo de protegê-lo, porque a realidade era diferente, era
simplesmente impossível e ele só conseguiu dizer:
"Nan... não chore."

Mesmo sabendo que eram apenas lágrimas de pena, ele não queria que o menino mais novo chorasse.
Nuerth odiava ver as lágrimas rolarem pelo lindo rosto de Nan, ele só queria ver um sorriso naquele
rosto doce até o momento de sua partida. Então, ele também forçou um sorriso até o momento final,
esperando que Nan sorrisse também.
"Ugh... vá embora" disse Nan.
"Prometa-me primeiro... que você será feliz."
"Nuerth.."
"Nan, quando eu me for você vai ficar feliz, certo?"
Após esta frase, as lágrimas brotaram dos olhos de Nuerth, embora ele tentasse sem sucesso não deixar
que a outra pessoa o visse. Observando isso, a força de vontade de Nan foi quebrada e seu coração
começou a bater fraco.
“Prometo que ficarei feliz.”
"Eu não estarei mais por perto... então apenas leve uma boa vida."

Nan assentiu, mas seu coração se partiu em mil pedaços e ele não pôde deixar de se perguntar:
"É esse o sentimento que você deveria ter ao se despedir daquele garoto que você odiou tanto a vida
toda?"
Foi pior do que pensava, mas o mais difícil foi que a outra pessoa aceitou tudo antes de partir.

“Nan o tempo acabou, Nuerth tem que ir agora", disse a mãe de Nuerth muito angustiada e com a
respiração cansada.
O relógio marcava meia-noite, o horário limite em que os membros da família podiam visitar os
pacientes, o horário de visita finalmente havia terminado.

"Por favor…"
Ele se virou para sair do quarto sem olhar para o doente deitado naquela cama sorrindo, mas foi
interrompido por uma frase que de repente fez seu coração parar.
"...Nan, sorria para mim."
Dor e ódio, era a única coisa no coração de Nan. Nuerth, que tentou formar um sorriso com os cantos
dos lábios, sabia que eles deveriam se despedir com um sorriso, ele sempre sonhou com isso, em vez de
ódio e lágrimas.

O jovem parou por um momento, levantou a mão direita, acenou adeus e olhou para ele com um
sorriso.
"Adeus..." ele disse com um gesto sabendo que Nuerth iria para um lugar muito distante.
Os Estados Unidos ficavam a um continente de distância, e Nuerth iria lá para receber tratamento para
sua doença. Nuerth só podia rezar para que no futuro ele pudesse voltar e ver sua pessoa especial
novamente, calmo, sorrindo por toda a casa, e que então gritaria para ele descer para o café da manhã.
Esse era o seu sonho, um sonho muito distante, mas sem dúvida um sonho que ele queria realizar por
mais difícil que fosse alcançá-lo.
“Adeus, Phi Nuerth... serei feliz, muito feliz."
"Eu também."
Quatro anos se passaram.
Nan, agora no segundo ano da faculdade, estava lutando para se levantar da cama grande em seu
quarto, ir ao banheiro e lavar o rosto, e depois ir para a faculdade como de costume.

Nan estuda na Faculdade de Química Farmacêutica, sua vida era a de um estudante comum, nada
maravilhosa, mas nem tão ruim quanto a de outros alunos. No entanto, Nan ainda era um menino que
esperava chamar a atenção de seu pai, como em toda a sua vida.
Ele ia regularmente ao clube de seu pai, se comportava mal e levava uma vida noturna. Tudo isso, para
chamar a atenção do pai, mas seus resultados eram sempre os mesmos: ele não conseguia nada com
tudo que fazia, seu pai nunca tinha tempo para ele.
Ele viveu em um mundo distorcido por muito tempo, já que não conseguia ficar calmo nem dormindo
nem acordado... ele ainda não se acostumou… a ver o rosto de alguém todos os dias... o rosto de uma
pessoa que desapareceu de sua vida há quatro anos…
Quatro anos sem notícias, quatro anos sem ter recebido uma carta ou um e-mail. Até agora ele não
sabia o que havia acontecido com Nuerth Nakarin e sua mãe.
Todos os dias, ele podia vê-lo se misturando com a multidão de pessoas na rua, ou quando ele apenas
olhava para o céu.
Tudo isso... era apenas uma loucura da sua imaginação, ele sabia.
Depois daquela noite, aquelas duas pessoas, mãe e filho, nunca mais deram notícias, nunca mais
voltaram à sua vida. Seu pai tentou encontrá-los e contatá-los de todas as formas possíveis, mas todas as
tentativas foram em vão. Eles só sabiam que Nuerth havia sido enviado para um novo hospital, mas nunca
conseguiram descobrir o nome, apesar do tanto que investigaram.
Finalmente, chegou a hora de viver a vida que Nan sempre sonhou, e que enfim se tornou realidade. Uma
vida em que sua família era uma família completa. Mas... Por que ele não estava feliz?
“Prometa-me primeiro que você ficará feliz.”
Todas as noites ele ouvia essas palavras. Mesmo que seus sonhos fossem um pouco confusos, ele ainda
se lembrava desses sentimentos claramente, do momento em que ele fez essa promessa, antes que
Nuerth se fosse para sempre.
A promessa que ele nunca esqueceria: ele viverá feliz todos os dias e sorrirá dia após dia, porque Nuerth
decidiu manter sua promessa de ir embora e nunca mais voltar. Portanto, ele não teve escolha a não ser
fazer sua parte também.

“Você já terminou de estudar Nan? Aonde você está indo agora?" Um amigo perguntou, depois que a
aula de química analítica acabou.
"Eu vou ver Phi Att. O que você vai fazer?"
"Vou visitar os juniores que se preparam para o concurso do próximo mês."

"Até logo." ele se despediu de seu amigo, de quem era amigo há um ano. Haviam se conhecido quando
entraram na faculdade, que era conhecido como Mork, nome pelo qual o Dr. Satthaya gostava de ser
chamado.
Mueng Nan caminhou por um longo tempo até encontrar um veterano que ergueu uma sobrancelha ao
vê-lo. Att era seu irmão mais velho por parte de mãe, eles cresceram juntos desde pequenos, sendo
muito possessivo com ele. Ele nunca quis que ninguém se aproximasse dele, a ponto de até fingir ser seu
namorado.
"Você terminou suas aulas?"
"Se não tivesse eu esperaria aqui por você?"

"Ah... Bem, na verdade eu queria estar flertando com garotas. Quem iria querer vir e esperar ser pego
por seu irmão mais velho?" Ele zombou dele.
"Então o Dr. Tat veio? Ouvi dizer que ele queria ver você."
"Sério?!!"

"Então, vamos embora?"


" Vamos lá. "
Os irmãos caminharam lado a lado por um caminho até chegarem onde o carro estava estacionado, era
um carro de luxo. O destino deles não era muito próximo, pois tinham que voltar ao hospital universitário
como de costume. Um lugar que Nan chamava de “Verdadeira Felicidade”.
"Menino desastroso!!"
"Bagunceiro."
Uma voz alta ressoou no ar, fazendo com que o dono do nome sorrisse quando falado.
"Phi Tat."

Kantitat ou Tat era um médico externo que atualmente estava estagiando no hospital universitário.
Quatro anos se passaram... desde que Nuerth Nakarin desapareceu. Nan nunca tinha se aberto a
ninguém até conhecer o Dr. Tat, que era o veterano que Att o apresentou a um ano atrás, mas esse era
um relacionamento secreto até… ultimamente o casal estava concordando em ter um relacionamento
mais formal.
Se perguntado o que é o amor para um homem como Kantitat, ele poderia responder honestamente
que o amor era Mueng Nan.
"Olá, Phi Tat" cumprimentou Att e continuou dizendo:

"Então, vou deixar você aqui Nan e ir primeiro, porque parece que o médico interno está muito ocupado
para ir procurar seu amado."
"Ok, vá buscar sua própria dor de cabeça." Kantitat e Mueng Nan ficaram sozinhos conversando na sala
de jantar do hospital universitário. Os dois faziam uma pausa naquele horário e todos os dias se
encontravam para passar um tempo juntos.
"Você trabalhou duro hoje?" A pessoa perguntou como de costume, essa pergunta era comum em
todos os seus encontros.
"Não, mas eu tenho um caso difícil. Uma pessoa tentou suicídio muitas vezes."
"Ah, sim, do que se trata?"

"Gravidez na Adolescência."
"Uma adolescente grávida e não se sabe quem é o pai do bebê."
A resposta o fez empalidecer. Na verdade, ele odiava o hospital, ele não gostava de ouvir sobre a dor e
o sofrimento das pessoas e cada vez que ele falava com Tat, o mundo bonito que ele estava tentando
criar era destruído ouvindo cada uma de suas histórias. No entanto, ele não pôde deixar de perguntar:
"E como ela está agora?"
"Continuo observando os sintomas, já foi enviado um laudo ao departamento de psiquiatria para que
um médico especialista possa cuidar disso."

"Você deve estar cansado e exausto."


“Não, estamos aqui, nós dois. Então eu não poderia estar melhor."
Imediatamente, enquanto o jovem médico falava com uma voz brilhante, uma imagem lhe ocorreu e ele
quis compartilhar essa história com seu jovem namorado.

"Hoje eu também tive um paciente sob meus cuidados."


"Geralmente não conheço todos os meus pacientes, exceto aquele na cama 4012, que é meu paciente
especial."
"Ele tinha leucemia, mas se recuperou, a doença desapareceu. No entanto, ele deve vir uma vez por mês
para realizar todos os tipos de exames e controle médico correspondente, caso a doença queira
retornar."
"O estranho sobre ele é que ele foi tratado com diferentes tratamentos, desde quimioterapia e radiação,
e não houve nenhuma mudança. Até que de repente ele se recuperou completamente e voltou, depois
de tentar um tratamento com um novo remédio americano muito caro."

"As pessoas com leucemia são as que mais sofrem. Se tivessem acesso a esse medicamento, ficariam
muito felizes."
Embora não conhecesse a pessoa de quem falava, sempre que ouvia falar dessa doença, Mueng Nan
imediatamente pensava na pessoa de quem se despediu há quatro anos. Mas não... aquela pessoa nunca
mais voltaria... Ele acreditava nisso e assim seria...
Kantitat e Nan são um casal que consegue estar junto em poucos lugares, como a universidade e o
hospital, suas conversas são fluidas e risos ocorrem de vez em quando. Isso mostra a beleza do amor e o
que é estar apaixonado, viver sem brigas e receber palavras de encorajamento um do outro. Em palavras
simples, estar apaixonado era cumprir sua promessa... de ser feliz todos os dias…
"O que você quer comer amanhã? Basta perguntar, Khun Nan, seu servo está aqui", disse Kantitat.
Como já haviam terminado de comer, ambos tiveram que voltar às suas rotinas e começaram a sair da
sala de jantar. O doutor Tat ainda falava:
"Ah, sim. Você quer algo especial para amanhã? Basta dizer e eu vou conseguir para você."

"Qualquer coisa que você me pedir, eu trarei."


A voz alegre de Kantitat interrompeu os pensamentos de Nan, o que o fez voar para longe trazendo-o de
volta ao seu corpo novamente.
Nan balançou um pouco a cabeça, repelindo os pensamentos que lhe vinham à mente, voltou sua
atenção para a conversa do doutor Tat e respondeu:
"Qualquer coisa, o que você quiser está bem para mim."
"Nan, esse é o meu paciente, Khun Nuerth."
Que esse nome fosse dito pelo Doutor Tat, talvez não fosse normal porque não era um nome comum, foi
surpreendente para ele. Antes que o dono do nome se virasse, Nan não sabia por que seu coração estava
batendo cada vez mais rápido, algo lhe dizia que a pessoa que ele nutria um sentimento em seu coração e
que ele estava tentando afastar, agora estaria tão perto dele. Esse sentimento era todo o ódio que ele
nutria por aquela pessoa que agora podia estar na sua frente, mas apesar do ódio que ele carregava em
seu coração, ainda sim ele fez o possível para cumprir sua promessa de ser feliz.
"Olá, Dr. Tat." O paciente respondeu à apresentação, então se aproximou de Nan:
"Prazer em conhecê-lo", a voz era suave, calma, mas um pouco trêmula.
"Olá, Khun Nuerth Nakarin, você ainda não saiu?"
"Bem, eles me disseram para esperar pelos resultados do raio-X."
Àquela altura e aquela personalidade... apesar de não se verem há quatro anos, ele se lembrava muito
bem, lembrava como se fosse ontem. Era Nuerth Nakarin, aquele irmão que não queria usar o mesmo
sobrenome e agora era paciente de Kantitat.

A figura esguia só podia piscar, sem saber como se sentir, se entrava em pânico ou chorava. Enquanto o
outro não se sentia diferente, foi como um milagre encontrar essa pessoinha aqui. Ele não podia dizer
mais nada, ficou na frente do jovem com os olhos fixos em seu rosto. Nan começou a sentir que o
ambiente ao seu redor começou a queimar inexplicavelmente e que toda a sua pele estava arrepiada e
ele ficou apenas com os ombros rígidos.
"Nu...Nuer", disse Nan, sem terminar a frase.
Os olhos de Nuerth Nakarin moveram-se de um lado para o outro, olhando para o médico internista e
seu acompanhante, ele se sentiu desaparecer, até que finalmente uma frase lhe veio à mente enquanto
olhava nos olhos límpidos do belo rosto do jovem médico, a quem a enfermeira do quarto chamava de
Dr. Tat:
"Nan já tinha dono!" pensou. Ele não deveria sentir nenhum remorso, disse a si mesmo, já que ele
mesmo lhe pediu para que fosse feliz.
No fundo de seu coração, ele acreditava que, se o eixo da Terra mudasse alguns graus, tudo o que havia
acontecido voltaria ao mesmo ponto. No entanto, naquele momento, todo o mundo de Nuerth Nakarin
estava inclinado a um ponto em que parecia que nunca mais seria alinhado.
O jovem alto balançou a cabeça um pouco para voltar sua atenção para o médico internista. Nuerth
Nakarin nem se atreveu a fazer contato visual com o menor e só conseguiu dizer:

"Agora tenho que ir."


"Sim", disse o jovem médico, despedindo-se de seu paciente, Nan ficou ao seu lado, até que ele
conseguiu dizer:
"Phi Tat, me desculpe. Você não tem que ficar comigo hoje, acabei de lembrar que meu amigo está
vindo me buscar para uma atividade na faculdade, estarei de volta antes de receber um aviso, tchau. " Ele
disse acenando com a mão e indo embora.
"Tchau."
Em outra parte da universidade ouviu-se:
"Nuerth... Nuerth..." Nan chama esse nome, o resultado final sendo uma ação que deveria ser o
contrário, já que ele se despediu há quatro anos desejando nunca mais ver essa pessoa.
Ao ouvir seu nome, Nakarin se surpreendeu, suas mãos tremiam e suavam, até que sentiu o suor
começar a brotar por todo o corpo. Pouco a pouco, os passos de um pequeno corpo são sentidos a
caminhar até que ambos estejam de frente um para o outro.

"Nuerth Nakarin."
"Você se lembra de mim?"
Como poderia não se lembrar? O ódio que sentiu por quase metade de sua vida foi dirigido a ele, a
Nuerth Nakarin. Quatro anos atrás, seu destino havia mudado, mas ainda assim, ninguém poderia chamá-
los de irmãos. Perderam todo o contato um com o outro, até ele pensar que o homem mais velho poderia
ter morrido. No entanto, ele conseguiu não responder a essa pergunta e então perguntou:
"Quando você voltou?"
"Sinto muito", disse Nuerth... "Desculpe estar de volta."
"Esqueça isso, o que você está fazendo agora?" Nan só queria saber tudo sobre seu irmão e a mãe dele,
tanto que quase não havia espaço para pensar em outra coisa. Para onde foi o ódio que ele sentia quando
criança? Tinha sido perdido ao longo do tempo à medida que envelhecia?
"Você quer dizer trabalho?"
"Hum..."

"Não tenho um emprego fixo por enquanto, estudei arquitetura, mas ainda não terminei. Por enquanto
pode me chamar de desempregado. De vez em quando tiro algumas fotos com minha câmera e as
vendo."
Nakarin é um homem que não tem profissão. Ele foi para a universidade há muitos anos, mas não
obteve seu diploma porque teve que interromper seus estudos para ser tratado de sua doença em vários
hospitais até que fosse curado. Sua mãe havia morrido há três meses, o que lhe deu um motivo para
voltar para casa, ele descobriu que não queria passar o resto da vida em um país de brancos, de cabelos
loiros e uma língua que não era a sua. Além disso, ele realmente queria voltar para a Tailândia, onde a
resposta para sua vida poderia estar, e continuou dizendo:

"Esse é o hobby e a alternativa para um desempregado."


"Nuerth..."
"...você quer ver seu pai?"
O homem alto ficou em silêncio por um momento. Antes de balançar a cabeça com um sorriso e dizer:

"Não, é melhor assim. Você está bem, certo? Seu namorado deve cuidar bem de você, eu gosto que ele
seja o Dr. Tat."
No final, ele não pôde deixar de comparar suas diferenças novamente, no entanto, ele ainda era uma
pessoa pobre, que não estava tão bem quanto deveria e não podia lutar contra aquela outra pessoa,
mesmo um futuro sombrio ele não pode ver em seu caminho. Os pensamentos de Nuerth foram
interrompidos por uma pergunta de Nan:
"Onde está sua mãe?"
"Minha mãe faleceu. Quanto a mim, fico na mesma casa que tínhamos antes de irmos morar com seu
pai. Está em mau estado e vazio, mas pretendo consertá-lo um pouco. Embora provavelmente não tenha
tempo, porque terei que viajar muito."
"Para onde você vai de novo?"
"Eu vou continuar meu caminho. Não adianta viagem e sempre capturar a mesma imagem, é melhor ver
paisagens diferentes. Um dia entramos na floresta e subimos uma montanha, enquanto outro dia
podemos ver as três cores do mar. Enquanto vários dias depois podemos ver as folhas caírem e logo as
veremos florescer novamente."
Nuerth contou todas as cenas que viu, dando a entender que sempre havia um sonho a perseguir.
Vários anos atrás, Nan costumava olhar revistas de viagens e mostrar fotos para seu irmão. Seus lábios
finos sempre nomeavam os diferentes lugares que ele queria ir ver... cada lugar... ele se agarrava a cada
pedido, como a corda de um violino que é temperada e nunca afrouxa, ele faria o que fosse preciso para
obtê-lo.
"Nan", um par de pés parou de andar. O rosto de Nuerth Nakarin sofreu. Ele se odiava por ser fraco, ele
se odiava quando se lembrava da promessa que fez anos atrás de não voltar, ele se odiava, porque
quebrou aquela promessa que fez à pessoa que mais amava no mundo.
"O que?"
Uma figura esguia olha para um rosto bonito, que, franzindo as sobrancelhas em dúvida enquanto
espera que algumas palavras fossem ditas, um pensamento lhe vem à mente…
Quatro anos se passaram, embora eles não tivessem se visto, embora ele pensasse que o odiaria até o
dia em que morresse. Tudo mudou quando ele viu essa outra pessoa, apenas fazer contato visual com
Nuerth Nakarin fez seu mundo desaparecer como a areia na praia.
Mesmo que já houvesse um amor precioso em seu coração por outra pessoa, esse amor não poderia
abalá-lo... não teria o mesmo efeito. Os pensamentos de Nan foram interrompidos por uma frase de seu
ouvinte:
"Você provavelmente não sabe que estou de volta, porque sinto sua falta."
"Mas toda vez que sinto falta de estar ao seu lado, não importa como eu me sinta, lembro-me de que
não é apropriado."

"Lembro-me de que é muito errado."


⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹
Nuerth Nakarin voltou do hospital quase três horas atrás, sua vida continuando em um caminho
imprevisível.
O corpo alto fechou o portão da cerca com uma corrente grossa e fechaduras enferrujadas. As plantas
começaram a se entrelaçar na cerca até a casa ser cercada, porém, ele optou por deixá-la assim. Olhou
para o céu nublado e viu um sinal de tempestade.

Nuerth pensava que Mueng Nan deveria estar cansado de estudar naquele dia e de muitas coisas que
aconteceram com ele. Quanto a ele... ainda deveria continuar seu caminho de um futuro invisível.
Ele estaria naquele lugar por apenas uma semana, então o homem alto, munido de uma grande bolsa
nos ombros, embarcaria novamente em uma longa jornada para ver muitos outros lugares, onde em cada
imagem que ele conheceria e lembraria, Nan também estaria em sua memória.
A sua vida continua a ser guiada pelo seu grande amor, esperança e expectativa, tal como foi nos quatro
anos que se passaram enquanto viveu nos Estados Unidos. Nan ainda é tudo para Nuerth Nakarin.
Quando ele saiu para verificar sua correspondência na caixa de correio cinza-clara e caminhou
lentamente pelo pequeno caminho tranquilo, uma mão grossa puxou fotos anexadas a uma carta. Era
uma foto das luzes do norte, que ele tirou enquanto viajava para a menor cidade do Canadá, chamada
Yukon. As palavras na carta são de alguém que diz que quer voltar novamente. Imediatamente, ele se
lembrou de que naquela época era jovem e sentiu que a outra metade do mundo estava tão distante
quanto um sonho. Mas quando cresceu, percebeu que nem tudo era tão difícil quanto pensava.
Sentia falta de Nan e só queria voltar…
Nuerth Nakarin se sentiu esmagado por despertar as memórias dispersas do passado, afinal, era apenas
o passado e este... este era o presente em que ele tinha que seguir em frente.
Ele pensou nisso enquanto terminava de ler sua própria carta manuscrita, que na época foi devolvida
com o endereço desta casa.
Um sorriso gentil foi revelado nele junto com gotas de lágrimas que foram absorvidas junto com a tinta
no papel.
Ele continua sonhando que eles percorrem a mesma direção, que eles terão o mesmo caminho, isso o
fez sentir que perdeu a cabeça por amor e saudade, e que não cumpriu seu desejo de estar juntos. Pelo
contrário, gradualmente o fez sofrer sem parar devido as despedidas sem fim, em cada uma das ilusões
que se fizeram.

CAPÍTULO 02: “Lágrimas no céu azul profundo”

...Sentir amor por alguém, não importa o quão longe esteja, só fará com que no final, toda vez que você o
veja, você o ame novamente…

Ele pertencia completamente a Mueng Nan... Ele pertencia a Nan, com toda a sua alma, mesmo que Nan
nunca tivesse sabido disso…
Enquanto pensava em tudo isso, Nuerth Nakarin chegou ao seu destino à tarde, depois de passar horas
sentado em um ônibus velho, após gastar o dia inteiro capturando memórias de uma vila com sua velha
câmera. Era uma cidade remota, onde até chegar de trem era inacessível, faltava eletricidade, sinal de
telefone e, de certa forma, estava completamente isolada do mundo exterior.
À noite, ele caminhou por um caminho arborizado e lamacento, atravessando o vale, esperando o tempo
passar como de costume, até que finalmente chegou a um mercado.
Havia uma mistura de cheiros estranhos, que ele nunca havia provado antes... Nuerth achou que poderia
ser favorável continuar tentando seguir o sonho de Nan, lembrando de tudo que aquele menino dizia,
percebendo que os lugares que ele nunca imaginou que existissem seriam algo tão bonito.
Havia muitas pessoas por todo o mercado, cumprimentou todas amigavelmente, que responderam com
grandes sorrisos aquele belo rapaz alto. Felizmente, a comida do lugar era deliciosa e as pessoas que ali
habitavam eram muito generosas. Mas ao longo dos anos, poucos foram os que vieram visitar esta
cidade.
Um povoado distante que parece esquecido, como o próprio nome indica. O tempo de viagem sempre
passava muito rápido, à noite Nuerth levava as mãos grossas a bolsa para verificar o conteúdo nela,
depois de ter instalado a barraca, na qual passaria a noite.

Três dias seria o tempo que ele estaria ali, para capturar todos os tipos de memórias do lugar. Porém ele
se encontraria sozinho, não como sempre quis passar por todos esses lugares, na companhia de... antes
de ter que arrumar suas coisas para ir para um novo lugar.
Nuerth não sabia porque estava fazendo isso de novo e de novo, a princípio parecia que ele queria
continuar o sonho de Nan, mas estranhamente… ele nunca foi capaz de parar e se estabelecer em algum
lugar para sempre, porque toda vez que ele se sentia feliz e confortável em um lugar, seu cérebro
começava a dizer repetidamente para ele se afastar do que ele ama… Não há razão ou explicação com
palavras que possam justificar o que ele sente... ele simplesmente deve ir embora.
Ele não está doente, não totalmente.

Ele nem sabia por que estava viajando, só sabia que assim faria e depois de um tempo ele simplesmente
voltaria ao seu ponto de partida... de volta para sua mãe... só que agora sua mãe não estaria mais lá. A
única pessoa para quem ele poderia retornar era Nan...
Perto de Nuerth havia uma pequena lanterna, na mão ele segurava uma câmera instantânea barata. Ele
a levou até a altura dos olhos e disparou um único flash antes que um pedaço de papel branco
aparecesse.
A pessoa que segura o papel o sacode levemente até que a imagem fique claramente visível, isso faz
com que um sorriso brincalhão se forme em seus lábios…

Ele não vê nada além da escuridão... pretendia tirar uma foto do céu, mas ele era sem dúvida o pior
fotógrafo do mundo.
As câmeras e lentes sofisticadas que eram vendidas nas lojas eram mais adequadas para isso, mas eram
muito caras, então ele só carregava uma câmera pequena e barata, mas não se importava porque seu
único objetivo era usá-la e enviar uma foto nova todos os dias, com uma mensagem escrita no verso da
imagem, para um certo alguém…
18 de novembro
Uma imagem da noite.
<<Nem um único pássaro vive aqui... Uma vez me disseram que, se fôssemos pássaros, poderíamos voar
para onde quiséssemos. Seríamos livres e faríamos o que quisermos, quebrando todas as regras que nos
separam... voaríamos sem parar... mas na realidade, esqueceram-se de algo…
Nem todos os pássaros são livres, pois ainda precisam retornar ao ninho todas as noites, depois de uma
aventura ao redor do mundo...
Para mim é a mesma coisa, não importa o quão longe eu viaje, no final, eu tenho que voltar à 'Casa'
onde eu desejo que você esteja, esperando por mim todos os dias...>>
NUERTH

Suas mãos grossas pararam de escrever com sua caneta favorita e ele a colocou na bolsa ao lado da foto
do céu escuro... tirada com suas poucas habilidades fotográficas.
Ele guardou muito bem aquela simples fotografia para que, no caminho, ela possa ser enviada para
alguém especial, sua pessoa especial, embora saiba que, pela manhã, essa fotografia só acabará sendo
enviada para sua casa, como muitas outras, por causa de sua covardia e não chegaria realmente a pessoa
a quem se destina.
Seus olhos negros olhavam com alegria para o lindo céu estrelado. Afinal, ele ainda estava sob o mesmo
céu que Nan.

Aquele menino lindo chamado Nan, que era como um café quente de manhã, como um cobertor grosso
que o cobria para dormir à noite, mas ao mesmo tempo era como uma música triste que abria a porta
para se sentir mais sozinho quando na verdade já estava só.
Os pensamentos em sua mente continuaram à deriva e ele continuou falando com aquela pessoa, não
era mais um segredo, seus lábios continuavam murmurando como se alguém estivesse ouvindo ao seu
lado. Embora, na verdade, ele estivesse sempre sozinho.
"Nan... como você está agora?"
Ele nunca quis chamá-lo de Nong. Ele não queria ser um irmão mais velho. Não queria ser...
Desde que sua mãe foi embora, todos que tentaram ficar perto dele foram afastados porque ele não
sabia se poderia manter alguém em sua vida novamente... porque a única pessoa que estava sempre ao
seu lado, era apenas a mãe dele…
Até que apareceu uma fotografia de um menino lindo, que acabou sendo seu meio-irmão e com quem
compartilhava o mesmo sangue. Ele sabia naquele momento que seu mundo inteiro giraria em um único
planeta chamado 'Mueng Nan'.
"Acho que você lê muito ou fica acordado até tarde na sua grande cama. Sinto sua falta há quatro anos,
quanto mais penso nisso, sei que agora que nos encontramos, você está com raiva de mim, porque eu
quebrei minha promessa. Eu definitivamente não deveria ter voltado."
Disse em um tom trêmulo, mesmo tentando se controlar enquanto olhava diretamente para as
constelações naquele céu azul escuro, trazendo de volta as memórias do passado como um fluxo
constante de água em sua cabeça.
‘Apenas vá embora.'
“...”

'Não volte.'
'Sinto muito.'
'Não se desculpe. Só não volte... não me mostre seu rosto novamente.'
"Como estou daquele dia até agora?"
Seus olhos estavam injetados de sangue, cujas lágrimas segurava para que não escorressem pelo rosto.
Nuerth Nakarin levantou a mão, esfregando os olhos para enxugar as lágrimas de fraqueza que o cegavam
e que queriam começar a escorrer. Ele engoliu em seco antes de falar consigo mesmo, criando um novo
mundo para acalmar seu coração partido.
"Há quatro anos, pensei que naquele momento eu ia morrer... não tinha motivo para voltar. Até hoje...
quando percebi que era tarde demais e que você já pertencia a outra pessoa."
Nuerth só podia sentir dor em todo o corpo, não tinha mais ninguém em sua vida, exceto aquela pessoa,
sua pessoa especial.
A escuridão da noite e a atmosfera fria, com uma neblina frondosa, faziam com que ele se sentisse mais
sozinho do que nunca. Só que ele não conseguia nem colocar em palavras mais…
"Se eu tivesse a oportunidade e a força poderia te dizer que te amo, mas não sou... sou muito fraco"
disse, sem qualquer decoro, todo o mundo que ele havia criado, naquele momento confortou muito bem
seu coração partido.
Ele sabia que não era digno de Nan, que era uma pessoa sem nada a oferecer, sem futuro, alguém que
não tinha nem carro para dirigir, era uma pessoa desesperada que podia dificultar a vida dos outros. O
mais terrível de tudo, não era isso... mas que ambos compartilhassem o mesmo sangue correndo em suas
veias. Era inapropriado continuar pensando que eles poderiam ir mais longe.
Mas, por enquanto, todas essas razões não significam nada. Mueng Nan nem sabia quanto tempo
Nuerth estava esperando por ele. Em certas ocasiões ele estava deprimido, duvidoso, preocupado, por
causa do que Nan estava vivendo; com quem Nan conversou, quem Nan amava ou gostava de Nan, então,
em seu coração, ele dizia a si mesmo repetidamente que não deixaria Nan não amar ninguém, porque
Nuerth Nakarin era egoísta e possessivo, ele só queria mantê-lo para si mesmo.

1º de fevereiro de 1994
O dia em que você abriu os olhos para ver o mundo e na manhã seguinte você pegou minha mão…
Maio de 1999
Você foi ao jardim de infância pela primeira vez e sorriu para mim, me chamou de irmão.

Julho de 2004
Você me odeia, você até odeia meu rosto, você não quer vê-lo em nenhum momento.
Setembro de 2007
Eu me apaixonei por você... E quero que você saiba que esse amor não é qualquer amor, não é
exatamente um amor fraternal de irmãos.

Outubro de 2010
Você me disse para sair da sua vida.
Novembro de 2014
Voltei e você já era namorado de outro.
"Se você... se você... não se importa, eu só quero te dizer que... eu te amo, eu te amo, eu te amo tanto,
que ninguém pode te amar como eu, eu vou repetir isso até que eu tenha coragem... de te contar...", disse
Nuerth.
"Nan nós... vamos ficar juntos."
Naquela noite só se podia ouvir o gemido de um homem que mantinha o rosto entre as palmas das
mãos grossas. Da boca continuavam a sair os mesmos murmúrios, as mesmas frases sem parar apesar de
não haver ninguém ao seu redor e ninguém poder ouvi-lo. Nuerth Nakarin estava sozinho, mas apesar
disso, ele sabia que continuaria a amar Nan para sempre... O verdadeiro amor é assim... é inquebrável,
indelével... Algo que simplesmente não pode ser escondido.

18 de novembro de 2014
Hoje... desejei que você fosse meu namorado e que ficasse sempre comigo…
⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹

No segundo dia depois que Nuerth começou sua jornada, Nan viveu como todos os dias, pensando que
seu retorno não teria influência em sua vida. O mais novo achou que sim, continuou a frequentar a
Universidade como sempre. Ao meio-dia, no intervalo, como todos os dias, seu irmão possessivo Attapon
veio buscá-lo para levá-lo ao hospital. E assim ele continuou com sua vida diária, nada tão diferente do
que era antes.
"Nan", o jovem médico disse gentilmente em uma voz profunda, mas essa voz estava misturada com
tristeza, assim que ele viu sua figura empurrando a porta do quarto.

“Phi, o que há de errado com você? Não parece bem." Os lábios finos se moveram para perguntar o que
estava acontecendo com ele. Enquanto levantou a mão e tocou sua testa com preocupação e medo de
que a outra pessoa tivesse trabalhado tanto, até finalmente ficar doente.
"Eu não sei como começar a falar."
"O que há de errado? Oh, eu vim visitar seu paciente favorito hoje."
“Cama 4012?” Mueng Nan disse em uma voz clara.
Ele estava sempre visitando os pacientes sob os cuidados de Kantitat. Mas a cama 4012 poderia ser um
pouco mais especial que as outras. Ele tinha começado a se sentir apegado a ele, embora só tivesse vindo
visitá-lo por algumas semanas e provavelmente apenas por um curto período de tempo.

"Ele se foi."
"..."
"..."
"Ele se foi."
"Noite passada."
Ele só ouviu a frase anterior, então por que ele se sentiu tão fraco que quase perdeu o equilíbrio?
Realmente era tarde demais…
Lembranças antigas lhe vinham à mente, ele conversava com o rapaz de 18 anos, que tinha a mesma
doença de Nuerth Nakarin.
Mueng Nan sabia de tudo isso e o que não podia ser explicado era por que ele tinha que entrar na vida
de pessoas parecidas com Nuerth?
'Phi... eu ainda não quero morrer.'
O menino havia dito, em algum momento, e aquela frase daquele jovem apunhalou seu coração.
Mueng Nan só conseguiu engolir em seco e soluçar. A mãe daquele menino havia deixado a vida de seu
único filho nas mãos dos médicos.
No dia anterior, o rosto do paciente ainda estava fresco e ele não parecia muito mal. Mas isso não
significava que a gravidade de sua doença fosse menor.
A imagem de um jovem no ensino médio sorrindo enquanto colocava arroz na boca ainda piscava em
seu cérebro sem parar.

‘Eu quero estudar medicina. Quero salvar vidas. Farei isso por minha mãe e por todos os outros que estão
nas mesmas condições que eu. Não quero que ninguém se preocupe com essa doença vil nunca mais. Você
acha que posso fazer isso?
'Você consegue!"

Seus órgãos vitais estavam sendo destruídos, mas tudo o que ele podia fazer era dizer as mesmas frases.
'Susuna (Lute!)'
Provavelmente era o mesmo sentimento para Phi Tat. Quantas pessoas ele teria enganado para fazê-las
se sentirem melhor? Mesmo sabendo que a outra parte iria morrer em breve…

"Eu... acho melhor eu voltar primeiro." Seus pezinhos recuaram para trás sem querer pensar em mais
nada.
"Espera um momento."
"Não importa... está tudo bem."

"Vamos lá, tudo bem chorar.", disse a voz do médico se aproximando e deslizando a mão para segurar o
ombro fino da pessoa que tremia, enquanto soluçava, ele o aproximou um pouco mais dele, sendo
ligeiramente afastado… então, ele só disse o quão forte ele deveria ser, mas Nan ainda estava fraco o
tempo todo.
"Phi Tat..." o rosto oval se ergueu e as lágrimas rolaram como as de uma criança.
“Não chore. Toda vida que nasce deve estar destinada a morrer. É normal, certo? Conhecemos bem
essa regra."
"Sim, eu sei..."

A figura do menino esbelto mais novo estendeu apressadamente a mão. Ele não queria ser fraco na
frente de seu namorado, porque o fazia parecer ainda mais patético aos olhos de outra pessoa. Mesmo
que ele se sentisse fraco, ele tinha que ser forte por seu amado.
"Ele está bem. Ele não está mais sofrendo. As pessoas estão aqui vivendo para continuar sentindo a dor,
pensando em um futuro imprevisível e esperando ter uma vida feliz um dia, isso não é muito cansativo?
Certo?"
"Sim!"
⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹

Como se isso não o estivesse esgotando, Mueng Nan não tinha noção de quanta felicidade e tristeza
encontraria a partir daquele momento.
Viver para essa pessoa era tão precioso, mas por que - em seus sentimentos mais profundos - às vezes
ele continuava lembrando da imagem de outro homem? Nuerth Nakarin não havia morrido. Ele ainda
estava vivo para sentir a dor, sofrimento e tristeza como ele e encontrá-lo naquele dia o fez perceber que
na verdade nunca foi capaz de esquecer seu irmão. Não conseguia esquecer as noites daqueles anos.
Dizer que agora ele sente o mesmo ódio de antes, não é totalmente honesto. Nan não sabe se o que
sentiu foi tristeza, mas sabia que seus sentimentos em relação à outra pessoa começaram a mudar.
"Entendo. Está bem. Eu não vou chorar novamente. Eu não vou fazer você se preocupar comigo. Você
não precisa ficar comigo hoje. Pretendo matar aula e deixar Phi Att ir para casa em paz. Você trabalhou
muito, doutor."
"Prometa que não vai mais chorar."
"Sim, prometo."
Ele não tinha certeza se o que foi dito anteriormente seria verdade ou não. Porque o sentimento de
tristeza o atacou até ele não conseguir fazer nenhuma atividade durante todo o dia. Esta era a razão pela
qual ele não queria sentir esse tipo de dor no hospital novamente, e além disso, era outra razão pela qual
ele não abria seu coração para amar alguém facilmente. Por medo de que um dia eles se encontrem e
depois separarem-se para sempre, sem poder fazer nada sobre isso, e a pessoa que ficaria viva... teria que
sofrer…

À tarde, em casa, chegara a hora em que a família de Nan estava pronta para o jantar, como todos os
dias. O pai, que era o chefe da família, parecia não se envolver nas conversas com os demais membros.
Ele apenas se sentou para comer e depois voltou para seu escritório para trabalhar em seus papéis, como
de costume. Mas neste dia as coisas foram diferentes, pois Nan iniciou uma conversa com o pai depois de
muito tempo sem fazê-lo.
"Pai."
Uma voz doce chamou a outra parte esperando uma resposta. Sua mãe e seu irmão não puderam deixar
de entrar em pânico. Porque toda vez que pai e filho conversavam, tudo terminava em um desastre
completo, transformando tudo em uma forte discussão.

"Você vai falar sobre por que você faltou à aula hoje? Você vai se desculpar por isso?"
"Não, eu só não queria ir para a escola, tinha que haver uma razão?"
"Nan fale bem com seu pai, filho", disse a mãe.
Era bom que cada um deles tivesse terminado sua refeição, caso contrário, qualquer utensílio poderia
ser jogado um em cima do outro e todos se levantariam da mesa sem poder terminá-la.
"Talvez esse hábito de responder nunca possa ser tirado de você", disse o pai.
"É melhor do que uma pessoa que continua trabalhando e não sabe cuidar da família."
!! Barulho!!

O som de uma grande pancada na mesa assustou os membros da família. Especialmente a mãe de Nan
que correu para abraçar seu filho e tentou puxar o corpo magro para longe das mãos do homem mais
velho.
"Nan, não discuta com seu pai, volte para o seu quarto", disse a mãe.
"Eu cuido bem dos meus filhos", respondeu o pai.

"Mas tenho uma coisa para falar com meu pai, vai ficar tudo bem", disse ao final da frase para a mãe. Ele
tentou usar as mãos para empurrar os braços em volta dele, como se quisesse protegê-lo do perigo da
pessoa à sua frente.
"O que mais há para dizer? Se eu ainda estiver em..."

"Não!"
O corpo do mais jovem a interrompeu imediatamente não ela terminasse a frase.
" Você ainda sente falta daquela mulher?''
" Amante que você trouxe para nossa casa"
"Pare com essa conversa agora mesmo". Ele disse isso porque quer que ninguém se lembre do passado.
Ao longo dos anos, foi suficiente pensar que aquela pessoa estava longe.
"Por que não posso falar? O que posso te dizer? Eu…agora, ela está morta…"
"..."

"..."
" Ela está morta, você ouviu isso? "
" O que você está falando, cale a boca?"
"Estou dizendo a verdade " disse com a voz trêmula.
Não conseguia entender por que me senti tão desconfortável que tinha vontade de chorar, de modo que
só deixou as lágrimas fluírem sem perceber. Fluíram pela pessoa que tinha desejado odiar por toda a vida.
"Vou falar até que meu pai entenda".

"Vou falar até que meu pai se volte a olhar para nós. Aquela pessoa não existe mais, ela se foi, então você
deveria deixa de esperar por ela.
O mundo de Nan estava distorcido. Ele sabia o mundo real não era perfeito, mas a partir do momento
que a mãe de Nakarin entrou em seu mundo até o momento da sua partida, sua família nunca foi a
mesma e permaneceu assim até hoje.
"Chega, mesmo ela que viva ou morra, não importa "disse o homem mais velho com uma expressão
calma, mas sob aquela calma muitas emoções foram deixadas expostas.
"Você realmente não se importa?"

"..."
"Pai"
"Qual é o problema"
"Ele"...
"Nuerth Nakarin "

"Ele voltou"
⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹
Dez dias depois da separação de Nuerth Nakarin...

Nan seguiu com sua vida como de ‘costume’. Essa palavra parecia haver ficado nele, nada havia mudado
nem para bem nem para mal. os dias passavam de maneira muito ordinária, não havia nada emocionante,
exceto...
“Vamos procurar um lugar para nos sentarmos juntos?”, disse Sathaya
Havia estado franzindo a testa, como se não fosse ele ultimamente. A voz do amigo, que se considerava
próximo até certo ponto, é nebulosa e persuasiva.
Tinham a mesma aula duas vezes na semana, mas Nan se auto bloqueava, por isso tinha poucos amigos,
mas mesmo esses poucos, raras vezes se juntava a eles como as demais pessoas.
“De verdade, pareço tenso?”. Ele levantou a mão, coçando o cabeça confuso.
"Hmm... Você parece pensar muito." Disse o melhor amigo.
"Eu penso em muitas coisas. Às vezes eu realmente não entendo esse mundo. Nos faz pensar demais”
"Você não entende o mundo ou não entende a si mesmo? Pense bem".
"Você está me culpando?" disse o garoto
"Não... eu só estou dizendo isso para fazer você pensar. O mundo tem sido assim desde tempos
imemoriais. As pessoas que vêm para nossas vidas podem causar estresse ou mudança, mas nossos
corações decidem se devem prestar atenção a eles ou não. Quem está estressado ou pensando muito é
porque eles se importam muito que seus corações possam sofrer. Isso depende nós, não do mundo."
"De acordo com a lógica de quem?" Nan disse
"Lógica do Sr. Sathaya"
"Desculpe, mas eu tenho um compromisso."
"Ok, vamos deixar para mais tarde" disse Sathaya.
"Hum," Mueng Nan olhou para ver seu amigo se afastando. O mundo de Sathaya estava girando em um
único pensamento, ele se recusou a abrir sua mente para aceitar outra pessoa em sua vida, mesmo tendo
passado um mês desde que ele obteve seu diploma universidade, a razão pela qual ele age assim é que
seu bom amigo se apaixonou por alguém que nunca o viu da mesma forma.
Esse amor não estava progredindo.
Suas pernas o levaram escada abaixo do prédio, na verdade, queria fugir, mas estava tão cansado que a
única coisa que podia fazer era ficar por perto. Então ele escolheu um pequeno café onde pudesse
descansar seu cérebro, pelo menos temporariamente.
Naquele dia, Kantitat estaria livre à tarde, para que pudessem passar mais tempo em seu encontro, mas
ainda faltava uma hora para sua chegada, portanto, Mueng Nan só podia sentar-se no fundo da loja
sozinho.
"Nan," disse uma voz profunda fazendo com que o jovem se virasse apressadamente em direção à voz,
até que seus olhos se fixaram na figura alta de alguém, era como se ele soubesse que se ele aparecesse
ali, eles se encontrariam novamente.
Nuerth Nakarin ficou na frente de Mueng Nan que não podia ir embora como no passado.
“Nuerth ”, seus lábios murmuraram, enquanto ela olhava para o belo rosto que sorria fazendo seu
coração dançar ritmicamente.
"Posso sentar com você?"
"Por que você veio aqui?" Nan tentou ajustar o som de sua voz para que fosse normal.
"Eu vim para ver você", ele respondeu brevemente. Enquanto se sentava no sofá ao lado da pessoa mais
jovem, independentemente se Mueng Nan aceitava ou não.
"Você se foi há muito tempo, quando você voltou, acreditou que poderia só vir assim? Você deve saber
que eu não quero te ver e nem quero falar com você".
"Eu só quero sentar aqui ao seu lado, até que seu namorado chegue... Então eu irei sozinho"
A resposta foi triste, ele nem olhou para Nakarin por um momento, bem, pelo menos eu estava sentado
do mesmo lado porque ele estava cansado de ter que sentar e olhar para a pessoa alta todo o tempo.
"Você acha que é bom fazer isso? Você quer que eu te chame de P' e que te respeite como um irmão?" o
garoto disse rudemente.
"Americano?" a garçonete interrompeu, parando a conversa e deixando apenas ruído ambiente e música
suave que era ouvida na loja
"Você gosta de café forte?" A pergunta de Nan mudou, Nuerth sorriu e então permaneceu em silêncio.
Uma coisa que Mueng Nan tinha esquecido era que Nuerth Nakarin odiava café.
"Você está me deixando louco." Disse Nan
"Eu disse que ficaria quieto. Se você começar a fazer perguntas, eu vou gostar de me favorecer falando
com você"
"Bem, sim, eu vou fazer perguntas"
Mueng Nan ainda era a mesma pessoa, ele ainda se lembrava bem de seu irmão e embora por fora
parecesse calmo, a verdade era que é irascível e cheio das mesmas velhas coisas de sempre, incluindo seu
ódio por Nuerth Nakarin
“Na verdade, eu não gosto de café. Eu te disse no momento que estávamos juntos naquela casa. Mas
talvez... a razão pela qual um homem é viciado em café é porque ele não quer sonhar com alguém do
passado. Eu só acho que o café pode me salvar de ter que dormir quando estou sozinho. Mesmo sabendo
que ao final não poderia resistir à sonolência.”
"Sinto que o drama do seu artista interior aumentou."
"Não, ainda é o mesmo. Você só nunca se importou."
"Hmmm... você pode estar certo. Não há razão para que me interesse. Só sei que você está sozinho.
Agora, papai não precisa de você da forma como eu também não. Esta é a única coisa que você deve
saber"
O rosto doce virou-se para olhar para o rosto da outra pessoa esperando ver um rosto ferido
respondendo, mas isso não aconteceu... Nuerth riu uma e outra vez como se estivesse com pena si
mesmo.
"Eu sei... eu sei muito bem. Ninguém precisa de mim neste mundo." A risada estava cheia de tristeza,
uma que Mueng Nan nunca tinha visto antes.
Sim! Doeu mais ver um rosto triste. Onde estavam as lágrimas? Mueng Nan não entendia por que estava
com dor.
"Mas eu queria voltar. Não sei o que quero. Só senti que meu destino era voltar para você, sua foto
sempre me fez querer voltar a entrar na sua vida, mesmo que meu coração estivesse aterrorizado.
"..."
"Medo de fazer a coisa errada. Tenho medo que não fique não nada da relação que resta"
"Não sobrou nada, Nuerth Nakarin, porque enquanto você continuar voltando a minha vida, a única coisa
que posso dar é ódio.
"Às vezes a vida não é diferente de uma troca, para obter uma coisa, custa uma ou mais coisas, mas se eu
voltar e puder te ver, o ódio pode valer a pena."
Nuerth realmente havia mudado muito em quatro anos, ele não era o mesmo.
A primeira coisa foi que um sorriso sincero se transformou em um sorriso triste. A segunda coisa era que
ele via o mundo na mente da outra pessoa, ele poderia fazer Mueng Nan ficar em silêncio e não
encontrar as palavras para machucá-lo para se sentir bem com a dor que infligiu.
A verdade tinha que parar. Desde que os dois, mãe-filho, desaparecera de sua vista naquele dia, mas
porque seu coração estava determinado a odiar essa pessoa pelo resto de sua vida, não havia razão para
dizê-lo ou fazê-lo bem. Apesar da profundidade do seu interior continuava lhe dizendo que ele deveria ter
feito mais.
Algo que fez Nakarin sorrir feliz.
"Como está agora?" O homem alto mudou de assunto.
"Eu estou bem, já que eu não tenho você."
"Lembro quando sua mãe gostava de plantar rosas brancas bem na frente da casa. Ainda é assim agora?"
Haviam passado quatro anos. Muitas coisas mudaram, mas ainda queria perguntar repetidamente para
descobrir pelo menos como era a vida do mais novo, para saber se ainda era o mesmo.
"Não, não há rosas porque mamãe não pode mais plantá-las", ele respondeu em um tom tranquilizador.
Dois olhos olharam para frente, bonito e inconfundível como se o tempo tivesse parado em nesse lugar
"Por quê? Não tem tempo?"
"Não, nós apenas não queremos ver a mudança. As rosas que crescem quando amadurecem são lindos.
Mas algum dia eu sei que murchará, como acontece com o amor...”
"..."
"O amor do papai por sua mãe murchou como uma flor. Ou você acha que não é verdade"
"Pode ser verdade"
Será que o sentimento de Nuerth Nakarin em relação a Mueng Nan nunca murchará como aquelas flores
esquecidas? Essas flores que nutriu, regou, adubou para que crescessem, esperava que um dia florescera
nele.
"Eu não quero mais falar com você. E meu namorado estará aqui em breve, então apresse-se e saia
daqui", disse a figura esbelta, cortando tudo rapidamente apenas esperando que a outra pessoa
continue.
"Ok, eu vou, mas deixe-me perguntar uma coisa." o rosto doce olhou para a pessoa que fez a pergunta...
"Você já viu uma pessoa apaixonada por outra e você se sentiu feliz, mas triste ao mesmo tempo?" Esses
eram todos os seus sentimentos nesse momento... tinha ciúmes do amor de Kantitat por Nan
"Sim. Por que sua mãe não me faria sentir assim? Mas se eu pudesse voltar no tempo, eu teria escapado
desse problema.”
"Nós não pensamos o mesmo"
Nuerth costumava pensar em estar em seu próprio canto, sendo modesto e viver um dia para cuidar do
mais novo. Mas, no final, ele encontrou uma resposta profunda em seu coração... amar Mueng Nan não
era algo que tivesse que pensar...
"..."
"Saber que você secretamente gosta de uma pessoa não é bom, mas você não pode escolher, para ir
para o inferno você deve estar de acordo"
Ainda assim….
Ninguém disse nada depois disso. O mundo inteiro parou de girar, Nuerth não olhou para o rosto de Nan,
enquanto o próprio Nan não se virou para olhar para a outra parte nem um pouco, eles apenas sentaram
juntos, respirando como se o momento que passou tivesse sido apenas um instante.
Mueng Nan não sabia o que se passava na cabeça do homem alto, mas o silêncio em seu coração trouxe
as velhas memórias para sua cabeça e brilharam uma e outra vez até que foi difícil afastá-los
Ele odiava Nuerth Nakarin
Ele o odiava como nunca antes.
Mas aquele que era odiado, por que ele disse que gostava dele?
Por dez minutos eles ficaram em silêncio e deixaram o mundo ao seu redor continuasse como um filme,
umas mãos levantaram o celular para abrir o chat do LINE sem sabe porque, ele enviou uma mensagem
cancelando o encontro com Tat dizendo que ele tinha que ir para casa.
Ele estava agindo como louco e ainda mais porque ele ainda estava lá sentado, quieto, sem se mexer
até...
"Eu tenho que ir", disse Nuerth, enquanto se levantava.
O homenzinho olhou para a outra pessoa, mas não disse nada.
"Podemos ir juntos?" Ele falou novamente com uma mão na frente dele esperando que Nan o pegasse.
"Você é uma pessoa razoável, mas segue suas próprias emoções" Mueng Nan objetou, mas ambas as
pernas estavam completamente antagônicas às suas palavras enquanto ele fingia se levantar
"Às vezes, o que as pessoas fazem não precisa fazer sentido, apenas siga seu coração."
"Então abaixe a mão."
"..."
"Eu posso andar sozinho."
Os lábios de Nuerth formaram um sorriso. Nunca antes tinha sido mais feliz, quando Mueng Nan
enfraqueceu, como todo o mundo, voltou a girar com uma música divertida mais uma vez.
"Onde você vai?" ele perguntou com os lábios finos. Depois de chegar na estação de trem lotada.
"Volto para casa"
"??"
"Você vai para a minha casa?"
"Não, eu posso ter que sair de uma estação mais cedo para ir para casa também".
"Eu não entendo por que eu tenho que continuar assim", murmurou Mueng Nan. Até as duas pernas
longas pararam teimosamente fazendo com que o pequeno corpo colidisse com suas costas tão forte.
Nuerth Nakarin virou-se diretamente para o outro, e repetiu algumas palavras para fazê-lo entender.
"Só quero estar contigo"
"..."
"Pelo menos quando estamos no trem, juntos, posso pedir isso?"
"Eu não sei a resposta para isso."
Um trem parou na estação. Os pés pequenos seguiram outra pessoa para dentro lentamente, nem
tinham assento para descansar seus corpos. Eles deveriam ter ficado parados durante um tempo, mas a
mente do jovem não se sentia cansado.
A mão de Nan não se agarrou ao corrimão e apenas segurou o telefone com uma mão, seu corpo foi
estabilizado porque ele estava apoiado pela pessoa alta como uma parede.
E logo depois eles colocaram um fone de ouvido branco na orelha. A figura esbelta sabia que o dono dos
fones de ouvido era um homem alto que estava de pé perto dele, mas ele não sabia por que ele tinha
feito isso.
A música era Collide de Morgan Wallen**
"Bem, eu quero que você a escute." Nuerth, tirou o fone de ouvido de uma das orelhas e sussurrou as
palavras antes de que todo o mundo de Mueng Nan vai se enchesse de música e do ritmo que ele
adorava... o tempo simplesmente passou.
O trem elétrico avançou, as costas de Nan tocando o peito de Nuerth Nakarin, sem saber quando ambas
as mãos se tocaram e se fundiram em uma só.
"Todos nós temos medo dos sentimentos de amanhã, de que não sejam os mesmos que o do dia de
hoje." O homem alto falou tão baixinho que parecia quase impossível de ouvir. Mas também queria dizer
isso a Mueng Nan mesmo sendo totalmente ciente de que a pequena pessoa nunca saberia disso porque
Nan só conseguia ouvir a voz rouca do cantor.
“...Estou tão assustado, tão assustado que quero parar o tempo enquanto estamos no trem. Eu atrás de
você, segurando sua mão"
"..."
"... Estou muito feliz que hoje você escolheu vir comigo. O mundo é estranho... estranho como gira com o
passar do tempo. Mas por que quando eu abro meus olhos para me encontrar com um novo dia eu sinto
que estou no mesmo lugar sem mudanças enquanto você está avançando com outra pessoa e sabendo
que chegará o dia em que não poderei segui-lo?
"..."
"... Eu só quero saber que a nostalgia não é apenas sentida por mim, mas escute, seria bom porque talvez
me levasse para conhecê-lo sem ter que correr depois de me esgotar novamente. Só confio no destino ou
a coincidência do mundo".
O trem elétrico continua se movendo, o zumbido e o ruído do interior não poderiam fazer ninguém se
importar com ninguém. Todos estavam focados em si mesmos.
"Eu te amo, isso é o que eu quero te dizer."
Mesmo que não seja possível lhe dizer, pois Nuerth Nakarin é covarde demais. Mas houve um momento
de silêncio antes que a próxima música tocaria automaticamente e nessa fração de segundo Mueng Nan
escutou como a frase de Nuerth encheu seus ouvidos e essa foi a única frase que poderia mudar tudo
para sempre.
"Se eu nascer de novo e for uma pessoa boa o suficiente, você vai me amar?"
Mueng Nan apertou a mão de Nuerth Nakarin até fazer o outro franzir a testa, ele estava com medo de
que o outro pessoa o tivesse ouvido.
"Nan"
"..."
"Nan"
Ele deu um suspiro de alívio. Nan não tinha ouvido, não podia ouvir nada, ele disse a si mesmo, e tentou
passar um bom momento, tanto quanto possível.
O trem parou em uma das estações e Nuerth Nakarin deveria descer. Uma figura alta separada de um
homem pequeno levantou o telefone celular e desligou a música antes de remover lentamente os fones
de ouvido.
Mueng Nan olhou para a outra parte sem dizer uma única palavra até que a pessoa que estava prestes a
sair veio ao seu lado para dizer tchau
"Tenho que ir." Nuerth disse
"Hum."
"Obrigada"
"Está bem."
"Até amanhã"
"Amanhã?" Nan perguntou
"Espero te ver em algum lugar."
Umas longas pernas saíram do trem parando na frente de outra pessoa até muitas pessoas se
amontoaram em seu lugar e a porta foi fechada.
"Eu vou te esperar"
Nan murmurou para si mesmo assim que o trem elétrico começou a avançar novamente, mesmo sabendo
que entre os dois provavelmente não poderiam ir além disso.
A possibilidade de nunca mais se encontrarem, fez com que ele, agora... estivesse com medo.

CAPÍTULO 03: “Profundamente em você…”

...Corremos milhares de quilômetros para longe das respostas que o amor nos dá, mesmo sabendo que
no final voltaremos ao mesmo lugar onde sentimos tanta dor, então...
Por que... devemos fugir?

Nuerth Nakarin havia dito que se no dia seguinte houvesse uma possibilidade, eles poderiam se
encontrar novamente, mas para Mueng Nan, essa possibilidade nunca veio, porque a imagem do rosto
daquele menino alto agora com olhos tristes... nunca voltou como ele disse....
Tinha simplesmente desaparecido...

Sete dias se passaram enquanto Mueng Nan "não estava esperando". Mas ele continuava sentado
naquele lugar, contando os dias e horas que passavam devagar e sem importância.
A voz de Nuerth Nakarin estava presente em sua mente, mesmo agora, quando a música se espalhava
por toda parte, no famoso clube de seu pai. Nan se perguntou: por que ele ainda se sentia solitário?
Era uma noite como todas as outras, cheia de luzes coloridas, com padrões de mariposas noturnas
desenhadas na pista de dança, a música e o barulho da multidão se ouviam alto, mas mesmo isso não
conseguia afastar os sentimentos que se aninhavam em seu coração.
Todas as pessoas desfrutavam e saboreavam a felicidade trazida com a fricção dos corpos na pista de
dança quanto pela grande embriaguez alcoólica. O efeito do álcool espalhando por sua corrente
sanguínea, acelerando o ritmo da dança até tornar-se violento, até que todo o resto que fosse esquecido.
Esta era a cena que Mueng Nan frequentemente enfrentava, mas agora, ele não estava se divertindo
como de costume. Aquele garotinho só conseguia ficar parado observando o grupo de pessoas, que
dançavam umas com as outras, juntando seus corpos aos poucos na multidão.

"Ei", a figura alta de um estranho com olhos grandes se aproximou de Nan, enquanto se apressava para
cumprimentá-lo causando um suspiro fraco. Ele odiava conhecer esse tipo de pessoa. Ele odiava a
atmosfera e o cheiro de álcool, ainda mais a fumaça do cigarro. Odiava a ponto de querer sair de lá, mas
não podia fazer isso.
"Você veio sozinho?"
O homem perguntou, mas o cara de corpo menor se virou para evitá-lo, mostrando que não estava
interessado nele. Nan era apenas um menino que queria a atenção do pai. Ele aprendeu esse método
depois que seu pai entrou constantemente no clube para trabalhar. Assim, ele esperava que essa pessoa
dirigisse sua atenção para ele e o protegesse.
Mas nada funcionava, afinal, Nan era apenas uma criança mimada, cujo pai está disposto a deixá-lo ir a
qualquer momento.
"Espere um minuto, vamos conversar um pouco. Todas as pessoas adoráveis como você são sempre tão
arrogantes?", o estranho disse.
"Pare de me incomodar."
"Uau! Você parece muito doce. Com quem você está?"
"Não é da sua conta."

"Ah... Mueng Nan."


"Como você sabe meu nome?"
"Todo mundo neste lugar conhece você, mas... você quer ficar comigo e com meus companheiros de
mesa? Acredite, posso melhorar seu humor", ele viu um sorriso no rosto daquele homem que o
convidava para uma mesa VIP localizada no canto do clube, onde havia um grupo de três ou quatro caras
bebendo e rindo o tempo todo.
"Não, eu vou sentar aqui", respondeu a doce voz.
"Você realmente tem um coração duro. Está bem, então deixe-me sentar ao seu lado como um amigo."
"Está bem." Ele estreitou os olhos por um momento, antes de levantar o copo de bebida alcoólica que
segurava. De fato, Mueng Nan se considerava um grande bebedor, apesar do fato de que a comunidade
estudantil de sua faculdade o via como um anjo, pois parecia inocente para todos. Na realidade, ele
aprendeu muito cedo sobre os vícios e perigos do mundo. A partir do momento em que abriu os olhos
para o mundo e já havia duas mães em sua casa....

"Você é um bom bebedor", o jovem continuou falando.


"Eu venho quase todas as noites", respondeu Nan.
Mueng Nan não se importava com a voz do outro homem, ele tinha tantas coisas em sua mente que
não tinha tempo para prestar atenção ao seu redor, só conseguindo pensar nas razões pelas quais seu
cérebro ficava pensando naquela pessoa específica.
Nuerth Nakarin.
Nuerth Nakarin.
Nuerth Nakarin.
E então, de novo e de novo.

"Por favor, venha sentar com a gente."


Mueng Nan, silenciosamente, observou a pessoa que se aproximou, hesitando por um momento, mas
depois pensou que era apenas um estranho amigável que estava ao seu lado. Finalmente, sem responder
verbalmente, ele assentiu alegremente.

Os amigos de Nan fugiram naquele dia para dançar, então Attapon não estava sentado lá com ele
naquela noite...
Quanto a Kantitat... bem... isso era outra coisa...
Ele nunca lhe contou esse segredo ou falou com ele sobre esse lado sombrio dele, embora o Dr. Tat
gostasse de saber coisas sobre ele, mas Nan simplesmente nunca mencionou essa parte de sua vida, não
porque estivesse com medo que o amor deles não sobreviveria, ao contrário, ele não queria que a outra
pessoa se sentisse desconfortável com assuntos triviais como esse. Portanto, ele apenas criou uma
imagem de uma pessoa fofa, tanto para si quanto para as outras pessoas ao seu redor. O Dr. Tat não sabia
nada sobre o mundo real de Nan.
"Vamos tomar uma bebida juntos", alguém lhe entregou um copo de álcool.
"Eu tenho o meu..."
"Então vamos brindar."
"Hum..."

O som de vidro se chocando repetidas vezes ecoou constantemente pela longa noite. O álcool corria em
altas doses por sua corrente sanguínea, deixando o jovem bêbado até ficar tonto.
As imagens à sua frente começaram a desaparecer, enquanto ele olhava para as pessoas ao seu redor,
transformando-as em meras luzes fracas que se misturavam umas com as outras. O mundo inteiro estava
girando em sua cabeça, ele nunca esteve tão bêbado a ponto de não conseguir se levantar para chegar
em casa em segurança.
"Hun, você está bem?" Uma voz perguntou repetidamente.
"Eu... Não..." Ele provavelmente queria responder que não estava bem, mas não conseguiu.

"Ok. Se está com sono, você deveria dormir. Eu vou cuidar de você."
"Não... não... eu..."
"Tudo bem, como você pôde ficar tão bêbado?"
"Ei, eu..." Ele tentou manter os olhos fixos no chão. Era tão difícil falar com as outras pessoas, sua
energia havia diminuído consideravelmente, fazendo com que suas pálpebras se fechassem quase
completamente...
Até que, finalmente... adormeceu...
"Ele desmaiou, você tem que se apressar, antes que cheguem seus amigos", os homens que estavam ao
lado dele começaram a conversar entre si dando instruções uns aos outros.

"Sim, fique de olho em qualquer um que se aproxime."


Quanto eles ainda não tinham conseguido tirar o corpo fraco de Nan da mesa, uma figura alta apareceu,
aproximando-se lentamente deles enquanto os observava de longe há muito tempo.
"Querem saber quando será o dia da morte de vocês?"

⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹
O corpo fraco de Nan começou a notar como seu rosto era tocado pela luz do lado de fora, ele teve que
piscar algumas vezes, pois havia acordado em um lugar desconhecido; o teto era branco e parecia
bastante antigo. A cama era dura, sua mão ficou presa depois de várias tentativas de procurar algo. Mas
ainda assim, ele não conseguia se sustentar enquanto tentava se levantar porque não tinha energia para
fazê-lo.

Ele tentou coletar as memórias desde que caiu inconsciente, do que havia acontecido antes de
adormecer.
Grrrrr!
Ouviu-se o som de uma porta se abrindo. A velha porta de madeira soou ao se abrir, revelando uma
pessoa de pernas compridas e uma figura esguia que entrou com o cenho franzido, os dois pares de olhos
se encararam.
"Você estava bêbado", disse ele.
"Sério?"
"Você ainda está?"

"Acredito..."
"Levante-se."
"Não se preocupe comigo", Nan franziu a testa antes de usar a mão para sair da cama, apoiando-se para
que pudesse sentar na beirada, sentindo uma forte dor de cabeça causada pela ressaca.

"Eu trouxe outro cobertor para você. Receio que você não tenha dormido bem", disse a voz profunda
olhando em seus olhos, observando cada ação que o dono da figura esguia poderia realizar agora que
estava com uma grande ressaca.
"Por que não dormiria bem?"

"Bem, a cama é bem dura."


"Então como você pode dormir nela?"
"Bem... eu, eu não sou como você."
"Você não é uma pessoa? Então o que você é?"
A figura alta ficou em silêncio, recusando-se a responder. Ele escolheu dar as costas para Nan para evitar
uma discussão, mas estava errado porque a cada passo que dava, palavras desajeitadas de Mueng Nan
chegavam aos seus ouvidos.
"Nuerth Nakarin!"
"..."
"Nuerth Nakarin, pare agora!"
"Você está pensando em entrar e sair assim?"

"..."
"Por que você voltou?! Por que você voltou para a minha vida??!!"
<< 'Vá agora.'
'Não volte.'

'Sinto muito.'
'Não se desculpe. Só não volte... não venha e me mostre seu rosto novamente' >>
Ele sabe... sabe que não deveria ter voltado, mas é muito difícil para um homem vazio, que não tem mais
nada na vida... como esse homem chamado Nakarin.

Nuerth voltou à vida de Nan, depois de desaparecer por sete dias, ele foi para um lugar onde os dois
nunca poderiam se cruzar.
O melhor seria bom ir embora e nunca mais voltar, seu coração não doeria por encontrar com ele
permanentemente...
Ódio... muito ódio...

O coração de Nan ordenava isso, ainda assim, muitas vezes Nuerth Nakarin havia desaparecido e
reaparecido em sua vida, e os sentimentos que ele costumava ter não eram os mesmos.
O coração que uma vez se forçou a odiar aquela pessoa pelo resto de sua vida. Por que ele agora
começou a se curvar de uma maneira tão estranha? Tudo isso fez sua pele arrepiar completamente.

"Café preto ajuda a aliviar a ressaca", disse o rapaz alto com uma voz suave deixando uma xícara de café
na frente de Nan, que estava imóvel sentado no meio de uma velha mesa de jantar, dentro daquela velha
e pobre casa.
"Obrigado", respondeu a voz doce.
"Também fiz um mingau para você, beba."
"Você não precisava, eu não vou ficar muito tempo, eu já vou embora."
"Eu sei..."
"Hmm... o que aconteceu ontem à noite? Por que eu acordei aqui com você?" Esta foi provavelmente a
coisa mais estranha agora, Mueng Nan tinha bebido demais e realmente não se lembrava de nada do que
aconteceu.
"Ah... eu estava de passagem pela boate, encontrei você lá dormindo sozinho e todos os seus amigos
tinham ido embora, então eu te trouxe pra minha casa pra dormir, porque era a coisa mais segura a se
fazer."
Nuerth Nakarin decidiu mentir, para que a outra pessoa não se sentisse desconfortável com tudo o que
havia acontecido. Já que, na realidade, aconteceu muito mais do que ele acabou de dizer.
Primeiro de tudo, ele acidentalmente apareceu no clube, sabendo que Nan deveria estar lá, e só queria
vê-lo.
Segundo, ele havia espancado os homens com quem Nan estava em tal caos que ele teve que fugir.
Terceiro, ele não pagou pelos danos causados, porque não tinha dinheiro.
Finalmente, em quarto lugar, Mueng Nan não estava realmente em segurança, já que Nuerth aproveitou
a oportunidade para dormir ao lado dele e abraçá-lo a noite toda.
Simplesmente, Nuerth Nakarin ainda era uma pessoa egoísta, uma pessoa que queria amar e possuir em
todos os sentidos a pessoa com quem não tinha chance, embora parecesse movido por suas ações.
"Obrigado novamente!"

"Tudo bem."
"Seu café tem um gosto ruim."
"Ah, vou praticar de novo. Que tipo de sabor você gosta?" Ele parecia muito animado.
"Não se preocupe, não aprenda. Você sabe que eu tenho que ir."
"..."

"Eu nunca vou estar com você."


Uma coisa que ele pode dizer muito bem sobre a pessoa à sua frente, chamada Mueng Nan, é que ele
repete constantemente esse tipo de palavras cortantes, lembrando-o de que ele não poderia ir mais
longe, a não ser abraçá-lo enquanto ele dormia, antes de dizer adeus com lágrimas sem olhar para trás.

Era doloroso, mas ele não podia fazer nada, nem mesmo se controlar.
Nan estava sentado calmamente comendo mingau e tomando seu café, deixando o rapaz alto sentar
quieto e olhando para o rosto dele como se não quisesse perder tempo, até que a comida começasse a
desaparecer da tigela.
Mueng Nan terminou de lavar e colocar os pratos de volta na prateleira, antes de se virar para a outra
pessoa.
"Tenho que ir."
"Eu posso te levar."

"Não precisa, vou chamar Phi Tat para vir me buscar."


"Mmm...", assentiu com a cabeça. Como se ele fosse uma pessoa sem importância, esse foi o sentimento
que o tomou quando ouviu o nome de seu próprio médico, Kantitat. Não podia deixar de se comparar
com aquela pessoa, com quem realmente não havia comparação.
Ninguém existia para Nuerth Nakarin... Exceto Nan...
"Seu telefone está no quarto, eu vou trazê-lo em um momento."
"Tudo bem, eu vou subir e pegar", disse ele, enquanto subia as escadas de volta ao segundo andar da
casa velha.

Mueng Nan pôde ver que, no caminho, as paredes da casa estavam cheias de fotografias penduradas até
o final do quarto. Provavelmente por causa de sua ressaca, ele não havia notado os detalhes ao seu redor.
A figura esguia de Nan estava pegando seu celular, quando de repente ele pousou os olhos em uma foto
colocada na cabeceira da cama. Era uma imagem da aurora boreal que ele sempre quis ver, mas nunca
teve a oportunidade de experimentar.
"Onde é isso?" Sua voz doce perguntou, porque ele sabia muito bem que Nuerth o havia seguido e não
estava longe dele.
"Yukon, Canadá."

Era uma imagem que deveria chegar a Mueng Nan, junto com uma mensagem manuscrita, mas no final
foi enviada para sua própria casa por medo.
"De que revista é? É realmente bonito."
"De nenhuma, eu mesmo fotografei."
"Tentei capturar meus próprios sentimentos na foto, para mostrar a quem ela pertence."

"Eh, você é possessivo até com fotografias?"


"Não sou possessivo. Só quero saber que pelo menos tenho algo que me pertence, não como com
muitas coisas ou pessoas, que por mais que eu queira tê-los, só posso olhar de longe, sem o direito de
possuí-los."

"Você quer? Eu vou te dar."


"Não. Se eu tiver a chance de ir, acho que prefiro fotografar eu mesmo."
"Tudo bem, eu ainda gosto de tirar fotos para você, se um dia eu sair você pode vir e pegar algumas das
minhas coisas."

"Eu vou te dar tudo."


"Eu não quero isso. Eu tenho que ir de qualquer maneira." Escutou Nuerth, que já estava acostumado a
ser rejeitado por Nan.
"Sim, vamos descer." Ele realmente fez isso, andando atrás de Nan, observando suas costas esbeltas se
moverem. Costas que ele ansiava noite após noite, mas ele também se lembrava que não valiam a pena
pensar muito.
O que ele deveria fazer? Ele não poderia ficar no mesmo lugar com Nan novamente, porque seu coração
simplesmente, em algum momento, não aguentaria mais.
"Phi Tat chegou."

"Nan."
"Hum..."
"Vou dar a você, se um dia você quiser voltar e levar aquela foto com você." Nuerth estendeu a mão
grossa e entregou uma velha chave enferrujada na mão pequena de Nan. Ele só queria dar tudo o que
tinha para a pessoa que mais amava em sua vida... e que sempre amou.
"O que...?"
"A chave desta casa, você pode levá-la com você?"
"Você acha que eu vou ter a chance de voltar e usar isso? Bem, eu vou aceitar, mas se eu perder em
algum lugar, você não pode me culpar, porque não é tão importante."
"Está bem."
"Hmm... estou indo embora, Phi Tat já está me esperando há muito tempo."
"Tchau."

Nuerth Nakarin acenou dando adeus, vendo o menino sair de sua antiga casa, enquanto se dirigia para
um carro de luxo. Isso causou todo tipo de sentimento nele.
Por que ele tinha que tentar atrair a pessoa que amava para ele? Por que não o deixa conhecer alguém
bom e ter um bom futuro? Nuerth Nakarin era muito egoísta.
Por que ele não morreu naquele dia?...

Por estar vivo agora, ainda teve coragem de voltar e encontrar a pessoa que tanto ama.
De qualquer forma, a última coisa que Mueng Nan faria seria ir com um homem sem nada a oferecer
como ele.
Domingo

Nan decidiu ir ao cinema com o namorado, Kantitat. Seus grandes olhos olhavam para a tela grande na
frente dele, enquanto a mão segurava com força a palma grossa do médico.
Os dias de descanso do Dr. Tat eram os momentos que eles costumavam passar juntos, pois
normalmente tem muita gente que deve ser atendida pelo Dr. Tat, por isso era difícil para ele encontrar
tempo livre, então sempre que ele tinha dias livres, eles costumavam ficar juntos, tanto quanto possível...
Duas horas depois, o menino esguio seguiu o médico para almoçar em um restaurante japonês, que era
a comida favorita de Nan.
"Você estava chorando um momento atrás", disse a voz do jovem médico para zombar de seu amante.

"O quê? Do que você está falando Phi Tat?"


"Quando o protagonista masculino morreu. Eu vi suas lágrimas. Eu realmente chorei, mas bocejei,
bocejei muito também."
"Não, de jeito nenhum, eu não estava chorando."
"Sério? Você não chorou nada?" Ele estendeu a mão para tocar sua cabeça e bagunçou seu cabelo
amorosamente.
Eles podem estar namorando há pouco tempo, já que Mueng Nan costumava bloquear esse tipo de
sentimento, mas quando se apaixonou por Kantitat, achou que valia a pena parar.
"Phi Tat é ruim, ele gosta de me irritar."
"É legal incomodar você, mesmo que você não tenha me contado nada sobre aquele trabalho em grupo
e por que você ficou na casa de um amigo."

"Onde você disse que foi ontem?"


"Não sei."
A comida foi servida junto com as bebidas, o silêncio começou a envolver as duas pessoas. Nan não se
sentia desconfortável quando não havia mais conversa, mas era estranho que a imagem do sorriso triste
de Nuerth brilhasse em sua cabeça sem parar, além da chave da velha casa ainda estarem em seu bolso.
"Nan" Kantitat quebrou o silêncio mais uma vez.
"Sim?"
"Esta noite..."
"Venha comer na minha casa, quero te apresentar a minha família" Nan ficou feliz que o Dr. Tat o levou
para casa, mas a família do jovem médico não era a mesma que ele havia sonhado.
"Você cuspiu muito arroz."
"Por que você está reclamando? Vamos comer."
"Sim... dê para a mãe também, isso é tudo que ela vai comer."

A conversa à mesa fez Mueng Nan sorrir assim que viu a grande família de Kantitat. Eram uma família
muito rica de origem chinesa, todos morando juntos como era comum para os tailandeses de ascendência
chinesa.
Se os ancestrais ou parentes fossem contados, levaria muito tempo para lembrar.
Tat era estranho, ele era uma pessoa alta que tinha algumas das características tailandesas de sua mãe,
mas ele tinha a pele cor de mel, não tão branca quanto os chineses.
Nan estava feliz. Todos o saudaram calorosamente durante a pequena apresentação.
"Oh, eu disse a Tat para convidar seus amigos para jantar, mas ele não nos apresentou formalmente",
disse a mãe de Kantitat antes de comer.
"Este é Mueng Nan", disse o médico.
"Olá, meu nome é Mueng Nan, mas você pode me chamar de Nan."
"Você tem um rosto tão bonito, sério... você é amigo de Tat?"
"Uh..." Nan olha surpresa para os olhos de seu amante, como se estivesse pedindo ajuda. Em outras
palavras, ele não se atrevia a responder e esperava que a outra pessoa o fizesse por ele.
"Ele é um amigo, mãe. Como namorado, com certeza seria uma grande surpresa", interrompeu o filho
mais novo da casa.
"Hmm... ele é um amigo", Kantitat mentiu no último momento.
"Acabei de perceber que você tem um amiguinho tão fofo como uma mulher", respondeu a mãe.
"Haha, você gosta?" disse o irmão mais novo.

"Gosto dele, mas o pai dele tem reclamado que Tat está chegando ao fim do semestre e escolheu
passar com os amigos, enquanto o pai quer que ele se apresse para lhe dar netos."
Teria sido melhor se a conversa não tivesse se voltado para esse assunto, fazendo com que os dois
ouvintes desanimassem.

"Mãe, ainda não pensei nisso", Dr. Tat respondeu apressadamente.


Por mais que ele queira apreciar a gentileza da família de Kantitat, tanto quanto possível, é mais do que
óbvio que a família está tentando fazer com que o médico conheça e se case com uma mulher. Mas o
médico amava Nan demais para deixá-lo ir, então ele escolheu enfrentá-los juntos e esperar que eles
pudessem aceitá-lo.

"Você deveria pensar sobre isso, você não tem que fazer essa cara. Oh Nan, você... apenas coma, você
não precisa prestar atenção na cara de Tat." disse a mãe.
Mueng Nan não consegue comer, pois ainda estava mergulhado na conversa que acabara de ouvir, até
que eles saíram para passear no jardim da frente para esclarecer a situação.

"Você sabia há muito tempo?" Uma voz doce e trêmula perguntou, seus olhos brilhando.
"Já faz um tempo desde que meu pai disse que eu deveria começar a procurar uma namorada."
"Então, é por isso que você rapidamente me trouxe para conhecer sua família."
"Sim."

"Mas no final, você disse que eu sou apenas um amigo."


"Você pode esperar? Vamos enfrentar isso juntos." Uma mão grossa inseriu seus dedos com força na
mão do homem menor.
A penumbra das lâmpadas claras impossibilitava que as pessoas dentro da casa observassem esse ato
impróprio.
"Tudo bem, eu te amo e você disse que cuidaria de mim."
"Sim, e eu farei."
"Mas eu quero te perguntar uma coisa", disse Nan.
"Se sua família lhe pedisse para se casar com uma mulher, você se casaria mesmo? Peço sua sinceridade.
Você poderia me responder por favor?"
O silêncio foi a resposta, deixando Nan desconfortável enquanto ele olhava para a outra pessoa
esperando uma resposta, que não seria como ele pensava.
"O que você diz? Você quer se casar comigo?"
"Phi Tat..."
"Devo fazê-lo."

"..."
"Nan, você pode esperar por mim? Se eu der netos para meus pais, vou me divorciar imediatamente. Eu
só quero que você me dê tempo, nosso relacionamento continuará o mesmo. Eu te amo tanto, não quero
perder você."

"Não posso esperar, não vou esperar por você, Phi.”


"Eu tenho lutado toda a minha vida contra essa posição que eu odeio."
A palavra 'amante' com que descrevia a mãe de Nuerth Nakarin. A palavra que ele mais odiava desde
que conseguia se lembrar.
Kantitat estava pedindo a ele exatamente isso...

⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹
Mueng Nan sentiu-se ansioso. A vida sempre parecia levá-lo ao limite. Ele faltou à aula na segunda-feira
de manhã, queria desaparecer deste mundo. Ninguém precisava saber, ele não tinha motivos para se
encontrar com ninguém, ele só queria estar consigo mesmo, sem ter que pensar em nada.
Mas como ele era um ser humano, estava ferido com pensamentos pesados e todos os tipos de
problemas que o sobrecarregavam incessantemente, fazendo-o sentir muita raiva do namorado, tanta
raiva que não queria vê-lo no momento.
Por isso, pegou as chaves do carro e apenas dirigiu, sem perceber como e quando havia chegado em
frente a uma casa antiga e conhecida, que lhe era muito familiar.
A porta não estava fechada, sendo possível abri-la sem nenhum problema. Ele odiava Nuerth Nakarin,
seu coração lhe ordenava, mas seus pés se recusavam a responder, eles continuaram avançando até
encontrarem uma figura alta e de olhos tristes deitada debaixo de uma grande árvore no quintal da casa.
"Nuerth..." Nan tentou manter o tom o mais normal possível. Mesmo que ele tivesse uma sensação de
tremor. A figura alta ficou chocada até a morte quando uma voz familiar ecoou em seus ouvidos, ele
rapidamente se levantou.

"Nan."
"Por favor, vamos só sentar juntos, agora parece que o mundo está prestes a desmoronar."
Ele não esperou que a outra pessoa respondesse, sentou-se na grama ao lado dele enquanto fazia o
possível para não deixar cair as lágrimas.
Nuerth Nakarin ficou surpreso com a chegada dessa pessoa, se perguntou o que havia acontecido com
ele, mas não disse nada...
"Achas que deveria...?"
"..."
"Estou bravo com o Doutor."

O lindo rosto apenas sorriu. Afinal, a visita de Nan não foi por ódio e amor, mas sim porque ele não
encontrou apoio em outra pessoa, tentou pensar que esse poderia ser o motivo.
"Ainda não quero perdoá-lo, porque ele cometeu um erro. Eu estou certo, né?"
"Você faz bem, ele deve saber que estava errado, às vezes as pessoas não percebem o dano que causam,
às vezes agem com severidade e crueldade. Como uma flor que resiste a uma tempestade, será uma flor
bonita e forte."
Ele não sabia por que eles estavam brigados, mas sabia que sempre que Mueng Nan estivesse chateado,
voltaria para ele.
Nuerth Nakarin, pelo menos, podia se orgulhar, dizendo a si mesmo que era importante e valioso o
suficiente para Nan voltar para ele nos dias em que estivesse chateado.
"Você já se sentiu como se fosse muito pequeno? É assim que me sinto agora, os problemas que me
assombram são grandes demais para meus ombros suportarem. Às vezes eu quero me soltar, mas é como
se houvessem algumas cordas que não me soltam facilmente. Tudo o que posso fazer agora é continuar
até que possa consertá-lo, mesmo que a maneira como tentamos resolvê-lo ainda seja desaprovada, é
por isso que não sei o que devo fazer."
Seus lábios não paravam de falar, ele só queria desabafar, queria que alguém o ouvisse, mesmo que não
entendesse nada. Ele queria esquecer Nuerth, mas no final ele era seu refúgio quando se sentia
completamente exausto.
"Você vai conseguir superar isso."
"Amanhã será um novo dia. No final, você tem que seguir seu caminho, por conta própria e do seu jeito",
disse o homem alto alcançando o pequeno ombro da outra pessoa, sentindo como ele tremia.
"E o que? Daí eu não vou me machucar de novo amanhã?" Disse Nan.
"Não quero dormir por medo de pesadelos, não consigo aguentar. Mas odeio acordar nessa realidade.
Podemos escapar dela? Posso não acordar de um sonho bom? Por que sinto dor e sofrimento? Diga-me,
há cura para isso? Porque eu realmente a quero."
As lágrimas cederam, o coração de Nuerth Nakarin estremeceu. Nan estava chorando. Ele não queria
que o fizesse, pois realmente não era capaz de vê-lo nessas condições. Doía-lhe ver as lágrimas rolarem
pelo rosto da pessoa que amava.
"Tenho inveja dos pássaros, quero ir para longe, voar e ir para qualquer lugar que não seja aqui",
continuou a voz trêmula.
Ele nem se importava se a pessoa ao lado dele estava ouvindo ou não. Ele simplesmente disse tudo o
que queria dizer. Depois de voltar da casa de Kantitat, o mundo inteiro de Nan desabou. Onde estava o
amor? Onde estava a perfeição? No final, tudo era tão inútil quanto a verdade que ele havia recebido.
"Não é que você queira fugir para sempre, você só quer fugir um pouco, especialmente das coisas que
você quer esquecer", disse o homem alto confortando Nan.

"Você já leu um livro do Roundfinger? Ele diz que voar não é de graça, mas liberdade é voar quando você
quer voar e parar quando quiser" O rosto doce e choroso de Nan olhou para a outra pessoa.
"Talvez você possa voar livre um dia, quando seu coração estiver livre do sofrimento, mas eu... eu não
posso parar. Estou exausto, mas tenho que seguir em frente. Quero voltar. Mas no final, se um dia não
estiver feliz, terei que ir."
Ele não estava mais doente, disse Nuerth Nakarin a si mesmo, e só podia amar Mueng Nan, por isso
teve que partir sem poder fazer nada.
"Quero tempo para andar devagar. Deixe-me fazer alguns arranjos, pensar em sonhos que quero
compartilhar com você, sorrindo com você, segurando sua mão, porque às vezes a verdade é muito
amarga para sonhar por tanto tempo, mas ajuda a aliviar a dor."
"Eu gosto de sonhar porque me aproxima de você, então se um dia você sofrer, feche os olhos. Se tiver
pesadelos e acordar, você vai se sentir bem porque é apenas um sonho. Porém, se for um sonho bom, só
espero que você sorria, mesmo que não seja de verdade, pelo menos assim você ficará feliz com isso."

Os dois garotos fundiram seus olhares, muitas lágrimas correram pelas bochechas pálidas do garoto mais
novo, até que Nuerth teve que levantar a mão áspera e enxugá-las suavemente.
"Obrigada."
É provavelmente a única coisa que Mueng Nan pode dizer no momento. Eles ficaram em silêncio lado a
lado. Era um silêncio que não era estranho, mas caloroso.
A sombra da árvore era reconfortante. Era como se Nan tivesse escapado do mundo caótico e estivesse
com alguém que pudesse consolá-lo. Sem dúvida, ele fez bem em parar em frente a esta velha casa.
Mesmo que fosse a casa de alguém que ele tentou odiar a vida toda.

"Você já leu algum tópico no Phantip?"


[N/t: blog tailandês onde postam suas dúvidas e todos dão sua opinião.]
Depois de cerca de uma hora, Nan quebrou o silêncio novamente.
"O que é um Phantip?" Nuerth pergunta com ceticismo. Não que ele estivesse longe do mundo online,
mas desde que voltou para a Tailândia, ele usava muito pouca internet.
"É uma página web onde você escreve sobre algo para... na verdade, eu quero escrever lá... para que as
pessoas saibam sobre minha dor e deem suas opiniões, mesmo que isso signifique mexer com a minha
cabeça."

"Isso não é bom."


"Se você está sofrendo, seria melhor contar a alguém em quem confia, por que você tem que contar a
alguém que não conhece?"
"Não há nada de errado nisso."

"Se você precisar, volte para mim, mas se eu não puder estar aqui nesse dia, só peço que venha a esta
casa."
"Você acha que eu vou voltar?"
"Eu acho que você tem que vir... Você deve vir."

Essa é outra certeza na vida de Nuerth. Haverá um momento em que Nan retornará.
"Já me sinto melhor", disse ele.
"Estou feliz que você se sinta bem."
"Devo voltar ao meu próprio mundo."
"Voltar?"

"Bem, falar com você é chato, mas não posso dizer que quero que isso acabe."
Nan não pode negar que é o melhor sorriso que ele já viu, mas ele não quer mais ver.
"Só porque você quer conversar, eu estou feliz."
"Agora eu não quero mais conversar."

"Sim."
Os dois corpos se levantaram e usaram as mãos para tirar a grama do corpo, antes de caminharem
juntos em direção à porta da frente.
"Quero ver uma imagem do futuro. Quero saber se onde estarei... você estará lá também?" disse Nuerth
Nakarin.
"No futuro, quem sabe?"
"Sim", disse ele.
"Vou te ver amanhã?" disse Nan.

"Talvez."
"Hum, obrigado novamente por ouvir minhas coisas estúpidas."
"Tudo bem, Nan..."
"Dirija com cuidado."
O homem alto decidiu não falar em voz alta, ele apenas observou Nan se afastar silenciosamente até
que ele estivesse fora de vista. Deixando apenas os sorrisos e as lágrimas de quem espera.

"Eu te amo."
"Eu ainda estarei esperando por você aqui, embora isso nunca aconteça... mesmo que você escolha um
novo caminho, eu ainda estarei esperando um dia em que nos encontraremos novamente, como em um
sonho. E mesmo que eu não esteja mais aqui..."

"Esta casa estará sempre esperando pelo seu retorno..."

CAPÍTULO 04: “No fundo do meu coração”

...Se você for como um pássaro, encontrará o caminho para chegar ao seu destino onde alguém o espera,
e mesmo que suas asas estejam rasgadas ou feridas, você continuará lutando...

Mueng Nan, não vê ou se encontra com Phi Tat há uma semana inteira devido à última situação que
vivenciaram, onde não concordaram com o que aconteceu. De fato, era um assunto que eles já haviam
falado em muitas ocasiões, mas como o Dr. Tat se importava demais com a opinião da família e isso era
mais importante que seu amor, Nan não pôde aceitar a proposta naquele dia... ele simplesmente pensou
que continuaria sendo um eterno amante.
Ele se sente muito apaixonado pelo mais velho, ele ama o jeito que eles compartilham tudo juntos, ele
ama os pensamentos que eles têm um pelo outro, ele ama como eles se adoram e se sente pronto para
começar um relacionamento familiar juntos. Mas isso não significa que ele aceitará tudo o que Phi Tat diz.
Mueng Nan queria prolongar seu amado relacionamento, mas agora… seu relacionamento com Kantitat
só pode terminar com a outra parte se casando como a família quer... e nesse momento, ele seria deixado
sozinho novamente.
Nan pensou que seu status não poderia se tornar algo assim, como um plano de reserva de um amante,
porque durante toda a sua vida ele odiou pessoas com esse status.
Então, por que deveria engolir suas próprias palavras? Por que ele deveria se tornar a coisa que mais
odeia? Não havia razão para isso.
...Mesmo que ame tanto uma pessoa, é preciso ter limites...
Nan estava andando pelos corredores do prédio de medicina, procurando por um de seus amigos mais
próximos, Satthaya, com quem se encontraria para almoçar depois de não se verem por quase uma
semana.

"Você está esperando há muito tempo?"


Uma voz doce perguntou ao homem alto, que estava esperando em uma mesa no restaurante.
"Não muito tempo, acabei de chegar aqui."
"Você quer arroz?"
"Sim, em um momento" Satthaya disse em uma voz suave, enquanto ele estava ocupado pressionando
teclas em uma calculadora terminando um trabalho de matemática, o que fez Nan se aproximar com
suspeita.
"Você é tão bonito, por que você não encontra uma namorada?"
"Acho que as pessoas não gostam de mim."

"Como quem?"
É verdade que Nan ficou surpreso ao saber disso, já que, Satthaya, recém universitário de medicina, era
bastante popular entre os alunos, ganhando milhares de seguidores nas redes sociais, mas ele nunca
havia mostrado quem ele realmente gostava até aquele momento.

"Não gosta..."
"Quem fez o cara gostoso, da faculdade de medicina, tão desprovido de confiança?"
"Ele não olha para mim, mas olha para você."
"Eh?"
Nan fica surpreso, ele era um menino conhecido por todos na faculdade. Desde que entraram na
universidade, sempre houve pessoas que passaram pela vida de Mueng Nan, mas como alguém que
bloqueia a todos de seu mundo, era muito difícil para ele se abrir e se envolver verdadeiramente com
alguém. Na verdade, agora ele nem mesmo se importava em saber quem era a pessoa que queria se
envolver em um relacionamento com ele, independentemente de quem Satthaya estivesse falando.

"É isso. Ele gosta de você, mas não gosta de mim."


A figura do garoto alto falava com um rosto escurecido.
"Ha ha, eu não o conheço."
"Vamos ver", ele respondeu com um sorriso atrevido.
Nam acha que seu amigo gosta muito dessa pessoa, e é por isso que ele não tem motivos para entrar no
caminho. O caminho de um possível relacionamento que poderia avançar para ambos. Porque ele não
quer ofender ninguém... ele não quer mais que a vida de ninguém seja arruinada graças a ele.
"Não vamos mais falar sobre isso. Você leu os conselhos do Phantip?" Nan tentou mudar de assunto.

"Não, eu preciso ler?"


"É divertido, às vezes nos faz não pensar e ajuda a nos distrair" disse Nan, que muitas vezes não sabia
por que tinha que acordar todas as manhãs e o tempo todo se perguntava qual era o sentido de viver... o
porquê de ter que de levantar de manhã e viver a mesma rotina todos os dias…
Muitas pessoas passaram a vida inteira esperando pela outra metade, isso é uma vida que vale a pena
viver, encontrando seu grande amor um dia. Mas para ele era tudo muito diferente.
Nan nem sabia pelo que viver ou o que esperar da vida. Ele apenas seguia seu dia a dia, com sua mãe e
seu irmão que estavam por perto de vez em quando, ajudando-o a aguentar, mas quando ele pensou
sobre isso, ficou muito claro para ele que sua família poderia continuar, mesmo que ele se fosse, sem
nenhuma dúvida. Esses pensamentos que passaram por sua mente o deixaram muito infeliz, então ele
escolheu passar todo o seu tempo livre lendo as histórias de outras pessoas no site e apenas
ocasionalmente fazer alguns comentários.
"O que há de tão interessante nisso?"

O rosto bonito de seu amigo já está começando a ter dor de cabeça, então ele se virou para encará-lo.
"Satthaya, você acha que amando alguém que está longe de você, esse tipo de amor pode sobreviver?"
"O que as pessoas lá dizem?"
"Há chances de que ele sobreviva, mas na maioria das vezes não. O que você acha Satthaya?"

"Não sei, depende de quanto amor essas pessoas têm um pelo outro. Mesmo que estejam perto e
tenham um bom relacionamento, se o amor não for tão forte, pode ser facilmente perdido, sem poder
ser salvo. Por outro lado, com a pessoa que está longe, deve ver o que está no fundo do coração dela.
Aqueles que estão acostumados a depender dos outros para sobreviver e terminam sozinhas são
incapazes de sobreviver. Mas no final, não importa o quanto fuja, você sempre tem que voltar ao início de
tudo."
Mueng Nan assentiu. Ele não sabia o que pensar desse assunto, pois nunca esperou ou amou alguém
que estivesse longe e provavelmente continuaria assim pelo resto da vida.
Ele colocou a mãozinha no bolso da calça, pegou o celular nas mãos, ligou-o, quebrando o silêncio. Ele
começou a revisar o blog que estava completamente cheio de muitos textos, engraçados e tristes. São as
histórias que mostram pessoas diferentes e ele as lê como se fizesse parte delas.
Nan, praticamente nem abri mais o Facebook. Recentemente, ele odiou o caos nas mídias sociais, mas
isso não o impediu de recorrer ao Instagram para postar fotos em vez de seus próprios sentimentos.

Nan sempre fotografou o céu, ele adorava porque o levava para um mundo diferente, e também
admirava as estrelas, elas o levavam para um mundo melhor do que aquele em que vivia, por isso sempre
escolheu publicar esse tipo de fotografia e não de si mesmo. Ele até tinha muitas pessoas que o seguiam e
que comentavam nessas fotos, descrevendo os sentimentos que transmitiam... Mas Nan nunca
respondeu a nenhum desses comentários...
"Hmm..." suas sobrancelhas franziram. Depois de ver as várias notificações de várias horas atrás, que
continham o nome de uma pessoa que havia acabado de enviar uma solicitação para seguir.
O IG de Nan era um IG privado. Qualquer um que quisesse ver suas fotografias tinha que obter sua
permissão primeiro. Em várias ocasiões, ele decidiu ignorar todas as pessoas com quem não estava
familiarizado, mas agora, desta vez, estava acontecendo o contrário. Nan usou as mãos para pressionar e
responder ao pedido com facilidade.
Nakin_n começou a seguir você.
Ele adorou a foto de perfil do pôr do sol no céu, então simplesmente aceitou, sem se dar ao trabalho de
investigar as informações de seu novo seguidor, apenas se dedicou a deslizar a mão pela infinidade de
fotos que aquele perfil tinha.

Muitas vezes, seu celular era inundado de notificações, mas é claro que Nan estava acostumado e não se
importava em aceitar pedidos de pessoas diferentes, já que, ele tinha muitos seguidores, certamente
aceitava esses pedidos quando seu humor permitia, e se não, ele apenas deixa os pedidos esperando para
sempre.

"Vamos pedir um pouco de arroz" Satthaya fala quebrando o silêncio, seus olhos doces erguidos, olham
para cima antes de acenar com a cabeça e seguir esse garoto alto em direção ao balcão. No momento, ele
é uma pessoa que se encaixa em seu círculo social sem problemas.
Nan optou por ignorar as mensagens ininterruptas do Line do Dr. Tat, desligando a notificação e
encontrando algo para fazer, para não checar seu telefone. Ele passou o tempo conversando com seu
amigo Satthaya, até que chegou a hora de ir para a aula e ambos tiveram que se separar.
Mueng Nan não foi à aula, esse foi outro dia em que ele simplesmente faltou. Nan nem mesmo entendia
por que ele não queria ir para a aula e só ficar sentado no mesmo lugar por algumas horas. Ele se sentia
sozinho e disse a si mesmo que estava muito solitário, mas que não podia contar com ninguém.

Por fim, o tempo livre que ele tinha era gasto revisitando os aplicativos em seu celular.
Mueng Nan sentiu que era um psicopata, pois gosta de olhar suas fotografias e ler as descrições de cada
uma delas repetidamente, como se elas pudessem lhe dizer o que ele estava pensando naquele momento
no passado.

As 118 fotografias que têm, fazem-no perceber que cada experiência foi única. Os comentários das
pessoas em suas fotos lhe dizem o que pensam dele, como ele se parece ou em que humor ele escreveu
cada uma das descrições, se estava aliviado ou triste.
172 semanas atrás...

O Instagram nunca diz a data e a hora da publicação da fotografia, apenas diz quanto tempo havia
passado.
Mueng Nan parou nessa imagem sem saber o porquê, ele provavelmente pensou que era o momento
que melhor combinava com sua situação atual. Era uma fotografia de um beco estreito em Chiang Mai, de
uma viagem com seu irmão. Um beco morto e escuro. O jovem naquela época nem entrou nele, pois
sabia que em algum momento teria que voltar pelo mesmo beco.
MuangNan: Você já teve a sensação de estar diante de um beco sem saída?
Por muito tempo, ele se sentiu deprimido. Mensagens de encorajamento haviam sido armazenadas sob
aquela imagem, mas naquela época, ele mal os havia lido... mas desta vez, com o tempo livre que tinha,
seus olhos caíram naquela imagem lendo cada um dos comentários.
Preaw_97: o que houve? #belasessãodefotos
Karamine: Mueng Nan Modo Triste…
Pangramm: Anime-se! Envio-lhe um abraço de encorajamento.
Mr_aun: Chiang Mai, já estive lá antes.
Tendo ido lá, ele apenas sorriu, estava preocupado com suas habilidades de fotografia. Algumas pessoas
ficaram muito entusiasmadas com o lugar, porque também já estiveram lá em algum momento de suas
vidas.
Mueng Nan achou que esses comentários eram tão absurdos que não podiam ser lidos, porque quase
não tinham efeito em sua mente. Quem poderia apoiá-lo neste dia triste através do Instagram? Mas
então...
Nakin_n: Tudo na vida tem seu próprio caminho, continue, talvez não seja um beco sem saída.
Os olhos de Nan piscaram várias vezes, ele havia gostado tanto daquele comentário que teve que ler
várias vezes, mas pelo que se lembrava, o dono do perfil com a fotografia do céu noturno era seu novo
seguidor de apenas algumas horas atrás.
Isso significava que o dono daquele perfil do Instagram estava olhando suas fotos todo esse tempo?
Muito confuso, Nan moveu os dedos pela tela para observar as fotografias seguintes. Claro, havia um
comentário dessa pessoa em cada uma de suas postagens.
As notificações dessa pessoa vieram repetidas vezes. Quem era ele?

As perguntas não pararam até que ele decidiu checar o perfil do IG e retornar sua solicitação de seguir,
já que essa pessoa também tinha seu perfil privado...
Alguns segundos depois...
A pessoa do céu noturno respondeu quase imediatamente ao seu pedido.

Nan não sabia por quê, mas seu coração batia tão forte, como se tivesse se chocado contra as paredes
de uma sala. Era uma sensação que ele não conseguia descrever, pois cada fotografia aparecia diante de
seus olhos, mas o rosto daquele novo seguidor do Instagram nunca apareceu. Ele não sabia quem era a
pessoa com a foto do céu noturno. Que tipo de formato o rosto ele teria?

Ele só podia ver as fotos do céu, árvores, pássaros e muitos lugares lindos que nunca tinha visto antes.
Se sentiu desanimado, por que estava olhando as fotos dessa pessoa? Por que chamavam tanto sua
atenção?
Ele pensou que estava ficando louco e para fugir desses pensamentos estava prestes a fechar o
aplicativo, quando de repente uma imagem apareceu na frente de seus olhos...
Uma Aurora Boreal.
Imagem fotografada em uma pequena cidade no Canadá, chamada Yukon.
O dono da imagem era tão alto que Nan tem que olhar para cima. Ele é uma pessoa que tem um brilho
triste, toda vez que se encontram. Uma pessoa que aparecia constantemente e depois desaparecia como
se não existisse, mas que naquele dia havia voltado novamente.
Depois de um mês perdido...
Nuerth Nakarin havia retornado.

Isso já não dava a ele a sensação de que era um coisa ruim em um bom dia, porque Mueng Nan havia se
levantado - depois de questionar o que ele realmente queria da vida - e de um momento para o outro
simplesmente começou a andar.
Ele costumava dizer que odiava Nuerth Nakarin, mas ainda assim, ele estava indo em direção a pessoa
que mais dizia odiar.
Nuerth havia atualizado sua foto pela última vez há 24 minutos, dizendo que estava na Faculdade de
Arquitetura, onde Nan raramente ia, a menos que estivesse indo para os prédios de saúde e fosse forçado
a passar por alí.

Seu coração acelerou.


Nan foi para aquele prédio muito animado... ele realmente não sabia se estava animado ou não... só
sabia que era uma sensação estranha, mas ele queria chegar naquele lugar o mais rápido possível.
A música Collide de Morgan Wallen ecoou em sua mente, depois de se separarem na estação de trem
naquele dia, depois de se verem várias vezes, seja com alegria ou tristeza, a imagem de Nuerth Nakarin
não desapareceu de sua cabeça.
Nan parou em frente à Faculdade de Arquitetura, observando aquele prédio de 7 andares sem elevador.
Ele nem sabia onde deveria procurar essa pessoa, mas mesmo assim optou por continuar subindo as
escadas na esperança de que a qualquer momento eles pudessem se encontrar, mesmo que fosse no
lugar menos esperado.
"Quem é esse jovem bonito?"
"Não sei, mas desde ontem ele está ajudando a organizar a exposição."
"É um excelente desenhista. Ele vai estudar com a gente?"

"Eu não sei, só o vi sair de lá e depois vir para cá."


"Ah, acho que poderia tirar uma foto dele, para a página da associação de designers da faculdade."
"Alguém já fez isso e obteve mais de dez mil curtidas."
Mueng Nan parou assim que ouviu um grupo de meninas falando sobre um jovem, ele realmente não
sabia de quem estavam falando, mas muitas coisas naquela conversa provocaram sua curiosidade e o
fizeram tomar coragem e caminhar em direção à sala principal onde havia muitas pessoas reunidas.
Sim, os estudantes de arquitetura estão trabalhando em uma exposição de pinturas distintas.
Nan varreu toda a área com seu olhar, passando por muitas pessoas enquanto procurando por alguém,
até que seu olhar pousou em uma pessoa.
Exatamente na pessoa que estava procurando. Aquela pessoa que estava desaparecida há quase um
mês, período em que não recebeu nenhuma notícia do que estava fazendo, mas que agora estava na
frente dele, ainda tão bonito quanto se lembrava.

"Mueng Nan?"
"O que você está fazendo em nosso prédio?"
"Esse jovem é tão fofo."
Essas foram as palavras que ressoaram em seus ouvidos, enquanto dezenas de pares de olhos se
voltavam para aquele jovem que desenhava no centro da sala, mas Nan não prestou atenção em
ninguém, apenas decidiu caminhar em direção ao centro da sala, na direção daquele homem alto que se
concentrava na pintura em uma grande moldura em um cavalete de madeira.
"Você" ele emitiu a primeira palavra que saiu de sua boca, fazendo Nuerth Nakarin olhar para trás, antes
de sorrir.
"Hoje é um bom dia." Ele cumprimenta a pessoinha sentindo-se indescritivelmente emocionado, mas
com o mesmo sentimento que não havia desaparecido: o de amar Nan.
"Quando você voltou?"
"Eu acho que você está cansado, sente-se primeiro."

Ele percebeu que Nuerth era um homem miserável porque não importava o que ele perguntasse, ele
sempre escolhia responder à pergunta de forma imprecisa. Mas não querendo discutir, Nan puxou uma
cadeira e sentou na frente de Nuerth com o olhar de todas as pessoas ao seu redor, muitas delas se
perguntando o que estava acontecendo entre Nuerth Nakarin e Mueng Nan.

"Já faz três dias que voltei, não tinha nada melhor para fazer, então vim para cá."
"Parece muito triste."
Era uma felicidade indefinível. Mas... algo dizia a Mueng Nan que falar com Nuerth Nakarin o faria se
sentir bem e ele queria continuar falando com ele.

"Eu só estava esperando por você, eu estava esperando você passar na casa, mas... você não veio."
Nan ficou calado, não respondeu nada, embora soubesse que a chave daquela velha casa estava sempre
lá na mochila, escondida no canto mais profundo onde mal conseguia encontrá-la. Além disso, se Nuerth
Nakarin não estava lá, não haveria nenhuma razão para voltar a esse lugar.

A única razão pela qual Nan iria para aquela casa velha era porque Nuerth estaria lá com ele…
"Como vai você?"
Ele olhou para a outra pessoa por uma fração de segundo antes de inclinar os olhos e continuar a
pintar... e então perguntou.
"Estou bem", disse Nan.

"Hum..."
"Bem, a verdade é que eu não estou tão bem."
"Você é forte, você será e um dia seu coração encontrará a verdadeira felicidade."
A verdade era que Nan queria fugir, mas tudo o que ele podia fazer era voltar para o mesmo lugar e
amar a mesma pessoa.
"Desculpe, Nuerth, certo?"
Algumas mulheres entraram para cumprimentar, interrompendo o momento de Nuerth e Nan.
"Sim", disse ele.

"Você... estuda na nossa faculdade?"


"Não, não estou mais na escola, tenho vinte e quatro anos."
"Fiz 24 anos este ano, caso você ainda não saiba."
As palavras emitidas por Nuerth, não queriam informar a menina, eram mais uma mensagem para Nan
saber que eles estavam separados há 4 anos, embora Nan fosse indiferente.
"Você é tão jovem, posso tirar uma foto sua?"
"Sim", disse ele.
Nan teve que se mexer, para que a garota se aproximasse de Nuerth, vendo que ele sorria para a
câmera, com uma mistura de sentimentos que não conseguia explicar.

"Obrigado, Phi Nuerth. A propósito, você virá ajudar com a exposição amanhã?"
"Talvez."
"Khun é sexy, ele já tem muitos fãs que o seguem" Nan disse tentando provocá-lo.
Mesmo que Nuerth só tenha aparecido algumas vezes na universidade, já foi o suficiente para fazer
algumas garotas ficarem loucas por ele, sem falar da página de fãs de jovens designers da faculdade,
sobre a qual outras garotas estavam falando antes, que estaria colapsando com os milhares de likes,
então Nan tinha certeza de que, se a página fosse de acesso livre, ele definitivamente entraria para dar
uma olhada.
"Menos que você."
Nuerth Nakarin respondeu silenciando o outro por um momento.
"Isso é verdade."
"Você me seguiu?" Nuerth continuou.

"Sim, eu vi sua última foto no Instagram."


"A verdade é que estou apenas flertando com você" disse Nuerth Nakarin, olhando para Nan, mas com
uma expressão vazia.
Nan não consegue acreditar no que está ouvindo. O que fez essa pessoa na frente dele ter confiança
para dizer esse tipo de frase?
"Isso é ridículo."

"Para mim é importante."


"Ah flertando comigo, você só parece um psicopata fraco, você não lembra que eu te odeio?" Nan disse
rindo.
"Eu acho que você não me odeia agora."

"Eu vejo que você está um pouco mais confiante em si mesmo, mas a verdade é que eu não tenho
nenhum amigo agora para conversar."
"Tudo bem."
"...?"

"Seja sofrimento ou não, só o fato de você pensar em mim me deixa imensamente feliz."
"Todas as fotos do seu IG são lindas." Ele mudou de assunto, era melhor falar sobre isso, muitas das
imagens que viu o fizeram querer seguir os passos de Nakarin. Pelo menos o fariam esquecer o
sofrimento. Esquecer os problemas constantes que o atormentavam em sua cabeça, por um segundo.
"Sim, há apenas sete pessoas que me seguem. Você é uma delas, se sente feliz? Pelo menos você pode
ver que minha foto é linda."
"No começo eu não sabia que era você."
"Eu não sabia até ver a aurora boreal, onde você esteve este mês?" Ele se surpreendeu. Por que ele
queria tanto saber sobre Nuerth?

Nan queria saber para que ele esquecesse o ódio que sentia por ele, para esquecer sua relação fraternal
e só ver Nuerth como um homem que estava viajando e que só aparecia em sua vida para cumprimentá-
lo, em diferentes momentos de sua vida.
"Eu? Fui descobrir o que é phantip."

"Durante um mês?"
"Hum..."
Foi uma resposta tão perturbadora para Nan, mas quando ele vê que Nuerth não quer dizer mais nada,
ele simplesmente parou de perguntar.

"Eu terminei de desenhar. Aonde você vai?"


O rosto bonito levantou a cabeça para perguntar a ele. Nan revirou os olhos, pensando um pouco, a
verdade é que ele estava fora da aula o dia todo, era como se ele tivesse tirado um dia de folga porquê de
qualquer forma não conseguia pensar em nada.
"Eu não sei", disse ele.
"Vem comigo?"
"Para onde?"
"Passeio."

"Vamos" Nan finalmente disse.


Não era fácil fazer um homem como ele sorrir de felicidade. Mas aqui estava novamente, Mueng Nan
parecia ter esquecido que deveria odiar esse homem chamado Nuerth Nakarin.
Nuerth e Nan caminharam calmamente lado a lado pela sala de exposições, chamando a atenção de
todos os alunos que estavam ali. Todo mundo estava se perguntando sobre o tipo de relacionamento que
eles tinham, mas ninguém conseguia dizer nada, exceto falar às escondidas.
"Este é o seu veículo?" Nan disse em uma voz estressante.
"Sim, você está bem?"

"Eu realmente não gosto de andar de moto, é muito perigoso", disse ele.
"Entendo, mas não tenho carro. Se mais tarde mudar de ideia e quiser montar em uma, é só me dizer."
"..."
"Você vai ficar? Me diga" a figura alta não respondeu.
Nan pensou muito antes de tomar uma decisão. Porque mesmo na faculdade, era inevitável que tivesse
que pegar o telefone e jogar sentado em um café em algum lugar para passar o tempo.
"Mas se eu não for com você, não terei nada para fazer."
"Claro que você não tem nada para fazer." Suas mãos grossas pegaram os fones de ouvido brancos em
que ele costumava ouvir música regularmente, entregando-os a Nan, atraindo o olhar das pessoas.

"O que?"
"Eu quero que você ouça música", disse ele, selecionando músicas da lista, enquanto batia no assento da
Vespa vintage, que ele havia comprado barato de um colega fotógrafo. Nan se senta, enquanto a
motocicleta avança, com um motorista bonito e um jovem de belos olhos, tornando esta visão estranha
para os estudantes locais.
Ninguém nunca tinha visto Nan andar de moto.
Ninguém nunca tinha visto esse homem alto e bonito, mas o que estava acontecendo agora?
A força do vento batendo em seu rosto fazendo com que Nan levantasse as mãos para proteger os olhos
do dia ensolarado. Eram 15h, uma hora tão quente quanto o meio-dia.
Por isso não gostava de andar de moto, além do perigo, era desconfortável sentir como o vento o
atingia, mas Nuerth Nakarin o fez parar de pensar em tudo isso.
A música "Vegas sky" dos Cabs soou em seus ouvidos misturando-se com o barulho da rua, fazendo com
que Nan se sentisse completamente diferente, incluindo como ele se sente em relação ao meio-irmão.
Ele tem tantas perguntas em sua cabeça, mas só pode fazer as mesmas perguntas repetidamente...
Ele queria saber por que estava seguindo Nuerth Nakarin, a razão pela qual abandonou sua ansiedade e
deu um passo em direção à pessoa que sempre odiou. Estava curioso e queria perguntar a alguém que
estava observando sua vida do céu.
Se Nuerth Nakarin e Nan se vissem de novo e de novo...
Nesse momento...
Ele poderia ter um dia de amor com seu irmão?

<< São doze horas e eu preciso de sua atenção. Você é como o álcool fazendo minha cabeça girar. Seu
cheiro é o rum no meu quarto, é uma garrafa que me mantém sem esperança até eu acordar amanhã. >>
A música de "Vegas Sky" não desvanecia.
Nan pediu a Nuerth para parar em um barzinho para ouvir música ao vivo e assim mudar do ambiente
que estava acostumado, na boate do pai. Esse lugar era algo diferente, com uma velha mesa de madeira e
muitas opções de bebidas para beber, mas ele só queria conversar e rir com Nuerth...
Ele queria desabafar... Tirar tudo da cabeça, porque sabia que Nuerth iria apenas ouvi-lo....
"Eu só quero chorar, não quero contar minha história para... ninguém."
A voz doce estava um pouco trêmula, depois de tentar segurar o gemido em sua garganta o melhor que
podia.
"Tudo bem, eu sei."
Apenas sentado ao lado de Nan, aquele ato já estava além de suas expectativas. Ele não esperava que
Nan compartilhasse nenhum segredo com ele. Ele só queria ficar naquele lugar, sentado e bebendo como
grandes amigos.
"Você me disse que tinha desaparecido por um mês, para descobrir o significado de Phantip."
"Sim, eu realmente fiz."
"Você acredita que as pessoas que se afastam de nós um dia voltarão?" disse ele, referindo-se a Kantitat.
Nan acreditava... que um dia a pessoa que ele amava se tornaria a pessoa de outra pessoa e ele não
poderia viver sendo a pessoa atrás dele, tendo que se esconder para manter algum relacionamento
mínimo entre eles, sendo seu amante.
Nan se recusou a acabar com sua dor, ele não estava pronto para aceitá-la ainda, era muito cedo e ele se
sentia muito magoado.
Afastar-se de alguém que amava não era uma tarefa fácil. Mas no fundo de seu coração, ele esperava
que Kantitat um dia voltasse para ele, para que pudessem começar de novo, mas também sentia que
quando esse momento chegasse, talvez nada pudesse ser como antes.
"Você disse que eu não tinha que contar minha própria história para estranhos, então, eu não postei...
mas me senti incomodado, então vim até você... você... você acha que ele voltará?" Nan disse.
"Não sei se ele vai voltar, mas se a espera for agonizante, quero que você acredite."
"Acreditar?"
"Eu acho que se você acreditar, mesmo que não tenha como mudar a verdade, isso pode te confortar, e
que um dia ele vai voltar porque se ele te amar de verdade ele vai voltar..."
"Posso realmente acreditar?"
"Eu só quero que você tente, mas se você se cansar de esperar, você pode se dar um pouco liberdades?"
O próprio Nuerth Nakarin acreditava nisso. Ele sempre acreditou que um dia poderia andar de mãos
dadas com Nan e viajar para onde eles sempre sonharam... chegar a uma montanha, deitá-lo no colo e
olhar as estrelas profundas no céu... a pessoa que ele mais amava, segurando-a em seus braços, estivesse
ele dormindo ou acordado, ou mesmo se ele estivesse chorando, ele acariciaria suas costas para consolá-
lo.

Ele acreditava que algum dia todas essas coisas poderiam acontecer, por isso sempre tentava entrar na
vida de Nan para se aproximar um pouco dele...
"Eu tive uma discussão com o Dr. Tat" Nan ergueu o copo de álcool bebendo, depois limpou as manchas,
descuidadamente nos lábios.
"Sua família quer que ele se case e tenha filhos. Ele me disse que me amava e quer que eu espere por
ele enquanto ele tem filhos."
"Eu me sinto magoado, você consegue entender como me sinto?"
"Entendo."
Quem melhor do que ele para entender quanta tortura é esperar? Há quantos anos Nuerth Nakarin
sofria?
Ele estava ferido, mas teve que se acostumar com a dor. Ele entende Nan melhor do que ninguém, mas
só podia tocar seu ombro e gentilmente acariciá-lo em conforto. Desde então, esta era a única maneira
que ele poderia mostrar todo o seu amor por ele.

"Tudo bem, não chore mais" Nuerth disse, pensando em quantas vezes ele mentiu para si mesmo,
dizendo que tudo ficaria bem.
"Eu... eu posso estar bêbado."
"Vamos, eu vou te levar de volta."

"Eu não quero voltar..." Nan respondeu. Havia uma frase que ele não conseguia tirar da cabeça, pela
qual queria ficar um pouco mais com Nuerth, porque ele realmente se sentia confortável com sua
companhia.
"Nuerth", seus olhos meio bêbados de álcool olharam para o lindo rosto, que de repente ficou estranho
e embaçado, seu coração tremeu muito estranhamente.

"Sim?", disse ele.


"Por que você não voltou antes?"
"..."
"Você vai desaparecer de novo amanhã? Por que estou com tanto medo?"

"Eu não sei onde estarei no dia seguinte, podemos não nos ver por um longo tempo novamente", ele
respondeu com uma voz monótona.
Ele era bastante incompreensível até para si mesmo. Por que desapareceu e reapareceu de novo e de
novo?

"Isso é bom... é bom que não nos encontremos, é bom que não nos falemos novamente", disse Nan.
"..."
"Mas, embora tenha sido errado nos encontrarmos de novo... eu... eu não quero que você vá."
O coração de Nuerth Nakarin saltou em seu peito, como um adolescente com seu primeiro amor. Ele
não podia acreditar que Nan havia dito essa frase, talvez fosse por causa do efeito do álcool que ajudou a
tirar a intolerância de seu coração.
"E se você me perguntar..." Nan continuou…
"..."
"Eu deveria ter sido honesto desde o início, deveria ter dito desde o início que não queria que você
desaparecesse mais."
Ele não queria mais vê-lo partir, porque doía demais, doía tanto como se o mundo estivesse prestes a
desmoronar. Na primeira vez ele foi indiferente, mas na segunda e na terceira vez, incluindo esta, ele só
pode dizer em seu coração que já sofreu o suficiente. Ele sentiu o peito apertado, a cada dia que não
estava com Nuerth seu peito estava mais preso, sentindo como se mil agulhas enterrassem em seu
coração, mas ele nunca havia mencionado isso antes, porque achava que se dissesse, realmente seria
real, por isso ele só preferiu suprimi-lo.
"Eu estarei contigo." O coração de Nuerth estava tão acelerado que ele sentiu que poderia explodir a
qualquer momento, ele sorriu apesar que Nan ainda estivesse chorando...
"Estarei com você até amanhã, então começaremos o dia juntos."
"Porque eu... eu te amo."
<< Então diga boa noite, este é o nosso primeiro adeus.

Eu só tenho você para sempre e para sempre está bem...


Sem pressa.
Vamos parar o relógio juntos e saber que é a hora certa. >>
Nan acordou na manhã seguinte, não havia ninguém ao seu lado. Ele levantou um cobertor fino de si
mesmo, desceu até o andar de baixo da velha casa, mas não conseguiu ver nem a sombra de Nuerth.
Não estava bêbado, bebia muitos drinques com a consciência intacta.
Ele implorou a Nuerth Nakarin que ficasse.
Ele ouviu... até a palavra amor da boca da outra pessoa. Mas seu pedido não funcionou. Porque na
manhã seguinte, Nuerth Nakarin se foi...
Nan abriu o Instagram e postou uma foto da mão de Nuerth enquanto eles bebiam juntos tarde da
noite, mal sabendo por que ele tinha feito isso, era apenas a palma da mão dele, mas deu a ele uma
sensação calorosa.

MuangNan: A fé nunca muda a verdade, mas eu gostaria de saber se é verdade que você nunca vai me
enganar.
Miffon01: Nan você tem namorada?
Happy_take: Quem é? Isso será de partir o coração para todo o grupo.

Lareooii: Você tem namorada?


.........................
Nakin_n: Eu nunca vou trair você.

CAPÍTULO 05: “Respiração profunda”

...Nada pode passar despercebido pelo coração, a menos que não seja importante ou simplesmente
nunca tenha feito parte dele....

Desde que Mueng Nan nasceu, era como se tudo em sua vida estava realmente errado.

Primeiro, mesmo sendo homem, sempre gostou de pessoas do mesmo sexo.

Segundo, ele odiava seu próprio irmão de sangue, o rejeitou e o culpou por ter dividido sua família.

Terceiro, ele agora... Se sentia tão bem com o dono do Instagram cujas fotos e mensagens admirava.

No entanto, ele estava muito mal. Porque o dono daquelas imagens era a mesma pessoa que ele tentou
virar as costas a vida toda. Porém, agora queria ser surdo, cego e indisciplinado com qualquer um e apenas
seguir seus próprios sentimentos, que o levaram diretamente ao seu irmão de sangue. Aquele, que não
tinha emprego e não tinha futuro, uma pessoa estranha que ia e vinha, apenas tornando sua vida um caos.
Ele não fazia mais as coisas que tinha que fazer por causa de Nuerth Nakarin, porque não se importava com
mais nada além dele.

Ele só queria agir e viver de acordo com seus próprios sentimentos, o amava e queria dizer o quanto o
amava, que os momentos com ele eram os melhores e ele não queria mais negar. Era certo que Nuerth
Nakarin havia desaparecido há dois meses, sem sequer lhe enviar uma mensagem, mas Nan acreditava que
em algum momento de suas vidas eles se encontrariam novamente, já que não poderia desaparecer
completamente. Ele ainda estava mantendo sua promessa...

Todas as manhãs... ele via uma foto de um lugar estranho que aparecia em seu celular...

Nakin_n marcou você em uma foto.

É assim que todas as manhãs os lindos dedos finos de Nan deslizavam sobre a tela de seu telefone,
pressionando a notificação que aparecia segundos antes das 07:00 da manhã.

Nuerth sempre o acordava com uma bela imagem do nascer do sol de algum lugar onde ele estava.

Nan nunca ligava o despertador, já estava acostumado a abrir os olhos no mesmo horário pela manhã, pois
sabia que receberia uma mensagem de uma pessoa especial, que naquele momento estava muito longe
dele.

"Está no mar."

Seus pequenos lábios murmuraram, mostrando um sorriso suave e lindo em seu rosto.

A imagem de uma praia de areia branca e as ondas quebrando a costa, que ele observava, o lembrou de
cenas de sua infância no jardim da casa onde sempre morou.

Ele nunca falava com Nuerth. Nunca lhe perguntava se estava bem ou se estava se divertindo, ele apenas
olhava para a foto em que havia sido marcado, dava um "gostei" nela e continuava com a mesma rotina a
cada novo dia.

Apenas ia de casa para a universidade e voltava para casa, sua vida era tão chata que ele só queria escapar,
mas seu coração não era corajoso o suficiente para isso, então todos os dias ele fazia a mesma rotina
repetidamente.

“Nan já acordou?” a voz de sua mãe gritou.

Nan saiu da cama, colocou o celular na mesinha ao lado da cama e caminhou até a porta, abrindo-a e
acenando para a pessoa à sua frente.

"Acabei de acordar."

"Tome um banho logo e desça para o café da manhã, hoje seu pai vai te levar para a Universidade". Nan
franziu a testa, normalmente seu pai não se importava com ele, então... Qual foi o motivo dessa mudança
repentina?

"Eu não quero, geralmente Phi Att me leva ou eu posso dirigir sozinho."

"Seu pai não faz essas coisas há muito tempo, por favor, pare de ser tão teimoso."

"Quem é o teimoso aqui? Você sabe que vamos apenas discutir."

"Nan..."

“...”
"Vamos, vá com seu pai, faça isso por sua mãe."

Nan soltou um grande suspiro, ele não queria falar nada, não queria mais discutir com a mãe, então ele
apenas fez um gesto para ela ficar calma, mas a verdade era...

A distância entre pai e filho era grande demais. Ainda assim, no fundo de seu coração, Nan queria se
aproximar dele, porque ele ainda ansiava pelo abraço caloroso de um pai.

⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹

A atmosfera dentro do carro era bastante desconfortável. Quanto tempo fazia que Nan não estava sozinho
com o pai?

Isso se deveu à grande carga de dever de casa que ele tinha na universidade e também por causa da grande
carga de trabalho de seu pai, mas principalmente por causa dos constantes desentendimentos que pai e
filho tinham, então era muito estranho que eles tivessem alguma chance de falar um com o outro.

"Você tem muitas aulas hoje?" A voz do mais velho iniciou uma conversa, enquanto seu olhar permanecia
fixo na estrada e não se voltava para Nan.

"Três."

"Quais?"

"Porque pergunta?"

"Apenas responda!"

"Química Analítica, Cálculo e Química Orgânica."

"Então eu deveria deixá-lo no prédio de química, certo?"

"Sim."

Dentro do carro, o tempo passava muito devagar, tudo envolto em um grande silêncio. Mueng Nan
suspirou de novo e de novo, pensando que esta era a viagem mais longa para seu destino, a universidade.
Ainda estava muito longe, ele realmente queria colocar seus fones de ouvido e ouvir a música que gostava
para quebrar o silêncio, mas sua palma endureceu, recusando-se a sair de seu colo, ele não gosta dessa
sensação, Nan apenas sabe que odeia essa atmosfera.

"Você se encontrou com Nuerth?" perguntou o pai, fazendo Nan pular do banco surpreso.

"Sim, mas não mais."

"Você tem falado com seu irmão mais velho?"

"Não!" Nan mentiu.

A verdade é que ele havia falado com Nuerth Nakarin mais do que uma frase e não apenas
cumprimentando-o, na verdade eles passaram mais de uma noite juntos, eles estavam de mãos dadas,
andando de moto e se embebedando juntos há dois meses, mas Mueng Nan apenas decidiu ficar quieto e
não dizer nada.

"Como ele está?"

"Você deve pensar muito nele ou por que você estaria me perguntando? Por que você finge que quer me
levar, se tudo que você queria era perguntar sobre outra pessoa?"

Nan deveria saber desde o início, desde que ele pôs os pés neste carro luxuoso, essas ações de seu pai não
eram normais. Ele definitivamente deveria ter suspeitado desde o início, mas simplesmente escolheu dar a
ele o benefício da dúvida.

"Ele não é outra pessoa. É seu irmão mais velho."

"Quem não é outra pessoa? Um irmão mais velho? Não fale comigo sobre isso. Por que eu tenho que
sentar e ouvir o pai falar sobre algo que me machucou toda a minha vida? Não quero que você limite a
definição da relação entre ele e eu, nunca nos vimos como irmãos... Nunca fomos irmãos e nunca seremos."

"Nan, pare!"

"Eu não vou parar, o que mais posso te dizer? Que todo esse tempo eu nunca fiquei feliz em chamar aquela
pessoa de irmão, eu nunca tive orgulho de compartilhar o mesmo tipo de sangue com ele, eu gostaria que
ele não fosse seu filho."

Lágrimas claras escorriam de seus olhos, seu rosto que era doce, agora estava injetado de sangue, mas
não conseguia parar de chorar.

Mueng Nan não podia aceitar isso...

Ele nunca aceitou Nuerth Nakarin como um irmão mais velho por muito tempo e não aceitaria no futuro,
porque enquanto a definição de irmão permanecer o que é, ele e Nuerth Nakarin não poderiam ir mais
longe de onde já estavam.

Nan estava esperando... ele estava esperando por outro tipo de relacionamento, mas... não podia fazer
nada além de enxugar as lágrimas de suas bochechas pálidas em silêncio.

"Se você não pode vê-lo como um irmão mais velho, o que será dele, especialmente agora que ele não
tem mais ninguém? Você não sente pena dele?"

"E você... Alguma vez você sentiu pena de mim?"

“...”

"Por que meu pai não teve o suficiente com uma mulher? Por que meu pai teve que ter outra mulher? Por
que você tentou forçar minha mãe e eu a aceitar algo que nos machucou, mas isso nunca importou para
você? E quer saber de uma coisa? A ferida que você causou não só me despedaçou, mas também Nuerth
e... mais uma coisa..."

“...”
"Você sabe o quão mal eu me senti todo esse tempo, tendo que odiar meu irmão? Você sabe o quanto
tive que chorar quando ele teve que ir embora? Eu realmente quero amá-lo como deveria ser, apenas como
um irmão, mas eu não posso e tudo isso é graças a você..."

Mueng Nan não podia negar, sob o ódio que acumulou todos esses anos, apenas as palavras 'amor
impossível' foram encontradas, pois, Nuerth Nakarin não foi o único que se apaixonou por seu irmão. No
entanto, Nan tinha a própria sensação de que tal relacionamento seria inaceitável.

Quão doloroso foi esse passado terrível? Ninguém sabia disso além dele, ele foi o único que teve que
chorar de novo na noite em que cortou a outra pessoa de sua vida, naquela noite no quarto do hospital.

Desde aquela noite, todas as manhãs, ele abria os olhos apenas para memorizar a palavra "ESQUECER" e
recomeçava inúmeras vezes, já fazia isso a quatro anos... Mueng Nan realmente provou o que era a
verdadeira dor.

Ele sempre dizia que não queria que Nuerth voltasse, porque não suportava a dor incessante de vê-lo,
mas, por sua vez, seu coração continuava rezando para que Nuerth Nakarin voltasse, não importa quanto
tempo ele tivesse que esperar.

Por muito tempo, os conflitos no coração fizeram Mueng Nan perder o controle, ele não podia escolher,
nem decidir qual caminho deveria seguir ou como deveria ir, indeciso por muitos anos até aquele dia. Ele
não sabia se escolheria amar essa pessoa ou seguir odiando-a como no passado.

"Eu não acho que você seja assim. Talvez você só precise ver um médico", uma voz disse pacientemente,
tentando não perder a cabeça antes que ele pudesse terminar de falar.

"Eu não sou louco, eu estou bem."

"Nan, ouça primeiro."

"Eu nunca gostei de garotas, meu pai já sabia disso. Então, o que há de errado em gostar de alguém da
mesma linhagem que eu? O que há de errado com ele ser a pessoa que meu pai vive me dizendo que é meu
irmão mais velho?"

“...”

"Você entende agora? Por que não posso chamá-lo de Phi."

“...”

"Você entende por que estou ferido? Dói-me até a morte todos os dias."

⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹

Carregando aquele sentimento pesado com ele, não conseguia se sentir feliz. Ele saiu do carro de seu pai
com uma expressão mal-humorada, permanecendo assim até que o carro de luxo se afastou dele.

Ele estava tão cansado... tão exausto que não conseguia descrevê-lo, mas ele teve que forçar um sorriso
para seus amigos, mesmo que seu coração só quisesse chorar.
Mueng Nan entrou na sala de aula como de costume, pegou sua caneta e um caderno para fazer
anotações, mas mal ouvia o que o professor dizia, pois, sua mente estava imersa na discussão que havia
tido com seu pai, até que de repente um amigo tirou-o de sua introspecção.

"Nan, queremos que você seja o representante para resolver o problema do nosso grupo."

"Eu?"

"Umm... você pode?"

"Oh... bem, eu posso fazer isso", ele respondeu e se arrastou para a frente da sala em meio ao som da
respiração de seus colegas da faculdade e alunos da mesma classe.

Na frente da sala estava um amigo próximo, representante da faculdade de medicina que havia chegado
mais cedo, então ele não se preocupou muito, esperou até que os outros representantes se aproximassem
para resolver o problema.

Nan só falou com Satthaya por algumas frases e depois ficou em silêncio, até que um garoto da faculdade
de saúde que parecia gostar dele falou com ele.

"A que clube você pertence Nan?"

"Ah, estou no clube de voluntários representando meus amigos da faculdade" respondeu o menino,
fingindo fazer uma voz alegre para esconder os sentimentos amargos impregnados no fundo de seu
coração.

"Bem, mais tarde, posso ir também?"

"Sim, está sempre aberto, mas qual é o seu nome? Que maneiras as minhas."

"Ah, meu nome é Nil."

"Em que clube você está?" Ele disse, enquanto se inclinava para cumprimentar outro menino, já que não
queria dar falsas esperanças ao menino que estava ao seu lado, não quer que ele confunda suas intenções.

"Tênis, muitas vezes vejo você nas quadras, mas nunca me atrevi a dizer olá."

"Oh! Este mês está muito quente."

A fila começou a se mover, Satthaya sentou-se para poder projetar a matéria que os prendia ali, enquanto
os demais continuavam de pé e esperando. Foi quando Mueng Nan viu alguém na fila que ainda não tinha
dito 'oi', essa pessoa tinha cerca de 1,78m de altura, usava óculos de aros grossos, cabelo bagunçado como
se nunca tivesse sido penteado antes.

"Estou perguntando há muito tempo e você não respondeu, em que clube você está?" ele disse com uma
voz doce, mas Nan o ignorou completamente, como se pensasse que ele estava cumprimentando outra
pessoa.

"Você... ei, você..." um belo dedo esbelto espetou o braço do outro sem esforço.

"Ahh... ehh! O quê?"


"Em que clube você está?"

"Eu... estou em um clube de ciclídeos." [peixe de água doce]

Uma voz gaguejante respondeu fazendo com que Mueng Nan risse esquecendo o estresse em sua cabeça,
aquele sorriso fez seu amigo médico se virar e olhar para a cena enquanto ele ainda estava tentando
mostrar aos outros o problema no projetor.

Será que... essa é a pessoa que Satthaya secretamente gosta? Nan achou hilário e divertido.

"Interessante. Posso passar por lá e ver o seu clube?"

"Ah, claro!", disse o menino.

"Qual é o seu nome?" perguntou Nan.

"Você está me perguntando?", a pessoa perguntou novamente.

"Bom, sim."

"Pee."

"Eu sou Nan."

"Bem... bem, tenho algo para te dizer" O rosto doce franziu a testa esperando e ouvindo atentamente a
outra pessoa. Mas então o professor da classe o interrompeu primeiro.

"Farmácia, venha resolver esse problema."

"Vamos conversar mais tarde", Nan finalmente disse.

⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹

Depois da aula ele foi para o refeitório que infelizmente estava muito cheio a ponto de não ter uma única
mesa vazia. Ele se sentou ao lado de Pee e trocou algumas frases antes de seu amigo Phi Attapon, que
muitos consideraram mais do que isso, chegou e eles conversaram sobre coisas comuns como levá-lo para
casa depois da escola.

Já estando a uma certa distância de Pee, percebeu que ele havia deixado sua sobremesa favorita, um suflê,
e um tubo de pasta de dente, fazendo Nan achar que era algo muito doce, ele gostou do detalhe e agora
sabia porque seu amigo Satthaya achava que essa pessoa gostava dele.

Ele guardou o suflê, e quanto à pasta de dente... outra pessoa merecia mais.

Esse amor foi crescendo gradualmente no coração dos outros, era precioso. É algo a ser valorizado, mas é
inútil dar amor à pessoa errada, dá-lo a alguém que não deveria tê-lo merecido como ele.

Pode parecer um pouco doloroso para Pee no início aceitar a verdade, mas logo ele se curaria e começaria
de novo.

Nan acreditava nisso...


Porque ele não queria ser egoísta, teve que se perguntar o que ele deveria escolher.

⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹

O tempo passou devagar, o corpo de Nan virou na cama de um lado para o outro. Ele não conseguia dormir
há muitas noites, desde aquela discussão com seu pai.

Nuerth Nakarin se foi, nem mesmo mostrando uma conexão no Instagram.

Nan sentiu que todo o seu mundo estava desprovido de luz e saída. Nuerth, era a única razão pela qual
ele queria abrir os olhos às sete da manhã, mas ele havia o abandonado, então ele ficou cheio de confusão
e de perguntas, por quê? Por que desapareceu? Por que você quebrou sua promessa? E por que não voltou
como disse?

Brrrrrrrrrrr...

A vibração de seu celular trouxe a atenção de Nan de volta para a tela brilhante, mas... do outro lado da
linha estava a pessoa com quem ele não queria falar. Já fazia dois meses, dois meses que estavam naquela
situação e não haviam discutido ou esclarecido seus problemas, pois toda vez que esse menino aparecia na
frente dele, ele o evitava a ponto de não terem resolvido nada ainda.

Nan o deixaria assim até que seu coração estivesse pronto para aceitar toda a verdade... mas ainda não
era hora...

A pequena mão de Nan pressionou para encerrar a ligação e ele esperou alguns segundos até ter certeza
de que Kantitat havia desistido, ele não tentou ligar novamente, então voltou para a cama preocupado.

Nan continuou a se revirar pelas incontáveis horas da noite, incapaz de fechar os olhos para dormir.

Mueng Nan pegou o telefone novamente, pressionando o aplicativo Instagram. Ele nem tinha percebido
o quão obcecado estava com aquele aplicativo, já que sabia que queria pressioná-lo repetidamente para
ver algum post de Nuerth Nakarin e então apenas...

Funcionou...

Tinha um post lá.

Nakin_n: Você verá as estrelas esta noite? Venha ver as estrelas comigo.

O corpo de Nan pulou da cama rapidamente, piscando para ter certeza de que ele não estava sonhando.
A última foto que Nuerth havia atualizado era da porta da frente de sua casa.

Mueng Nan continuou dizendo a si mesmo que precisava acalmar seu coração pulsante. Calçou
rapidamente um tênis branco, abriu a porta do quarto com um sorriso no rosto, como se tivesse tido uma
explosão de felicidade, seus passos cada vez mais rápidos, a figura esguia quase passando de andar a correr
em segundos escada a baixo na escuridão no meio da noite.

Ele nem se importava que estivesse de pijama e sem fôlego, só estava com medo de que Nakarin
desaparecesse e o deixasse novamente.
"Nuerth..." disse o menino olhando para a figura alta esperando na velha moto Vespa, sob a luz fraca do
poste e o luar na frente de sua casa.

"Estou feliz por você ainda não ter dormido", ele respondeu com uma voz calorosa olhando para Nan da
cabeça aos pés, incapaz de deixar de rir porque ele havia saído de casa em uma condição bastante caótica.

"Onde você foi? Por que você não postou nada? O que aconteceu com as fotos?"

"Sem sinal."

"...?"

"Fui para um lugar muito remoto, então não tinha como publicar algo."

"Deus, eu estava preocupado. Pensei que você nunca mais voltaria."

"Eu te disse que não importa o quão longe eu vá, eu sempre voltarei para você. Mas estou feliz que você
ainda sinta minha falta."

"Você não sabe tudo o que aconteceu nesses dois meses? Tudo o que eu tive que enfrentar."

"Você quer me contar tudo?" Nuerth respondeu.

“...”

"Vamos encontrar um lugar tranquilo juntos. Pelo menos eu tenho certeza que você não vai conseguir
dormir esta noite."

"Hum"

Nuerth Nakarin, podia ler a mente de Nan com tanta facilidade, ele podia saber o que ele estava sentindo
ou o que ele estava enfrentando sem ter que dizer nada. Nuerth podia simplesmente entender tudo.

Os dois saíram silenciosamente pela portinhola, caminhando em direção a moto que ele sempre disse que
não gostava de subir, mas dessa vez foi diferente, porque seu coração batia tão forte. Tudo que ele queria
era fugir daquele lugar e estar ao lado de Nuerth, mesmo que isso significasse viajar naquele veículo.

A motocicleta se afastou de vista, a enorme casa de Nan que estava completamente escura, se iluminou
novamente no quarto do segundo andar da casa, onde o pai o observava com um olhar muito descontente
no rosto, ele estava com medo...

Com medo de que esse dia chegasse...

⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹

"Aonde vamos?" perguntou Nan, durante o passeio de moto enquanto brincava com o vento. Suas mãos
pequenas e esguias agarraram a cintura de Nuerth com força, como se temesse desaparecer a cada
momento que passava.

"A minha casa."

“...”
"Vamos ver as estrelas de lá."

“...”

O som da velha motocicleta permeou o silêncio do ambiente. Mais uma vez, Mueng Nan havia retornado
àquela velha casa. A verdade é que ele poderia ir e vir a qualquer hora e quantas vezes quisesse, mas
quando pensou que Nuerth não estaria ali, não viu motivo para absorver ainda mais aquele sentimento de
solidão.

"Ok, você sabia que plantei uma rosa branca na varanda?"

"O que?"

"Haha, você vai ver."

"Quando você plantou?"

"Ontem quando voltei".

Nan seguiu a pessoa à sua frente e subiu os degraus até chegar ao segundo andar. De fato, Nan nunca
havia se dedicado a observar os detalhes desta casa, pois fora aquele quarto estreito, atrás das cortinas
brancas, havia uma antiga varanda de madeira para sentar e observar o ambiente nos fundos da casa.

"Aqui está a rosa branca", Nuerth Nakarin segurava um pequeno pote marrom nas mãos para Nan
apreciar.

"Onde está? Só há folhas aqui."

"Vai florescer em breve."

"E como você sabe que é branco?"

"O mercador disse isso."

"E se o dia em que florescer for vermelho ou rosa?"

"Eu não sei, meu trabalho é regar e preparar a terra esperando que ela cresça, no meu coração eu esperava
que fosse branca. Mas quer saber? Eu só posso esperar para ver que cor vai ficar, não me importo se todos
os meus esforços não forem tão esperançosos, mas mesmo que não floresça, ainda ficarei feliz por ter
cuidado bem dela."

"Você fala como se houvesse algo escondido", Nan olhou para a pessoa à sua frente.

"Não acredita?"

"Sim."

De fato, pode ser verdade, uma rosa era como o amor que é estimado, mas que não se pode esperar que
seja como desejado. Observando Nan à distância, ele poderia se encher de alegria ou tristeza. Se um dia
Nan escolhesse seguir seu próprio caminho sem ele ao seu lado, Nuerth simplesmente estaria disposto a
aceitar.
"Você pode sentar aqui na varanda comigo?" O homem alto mudou de assunto.

"Sim, porque não?" O corpo de Nan caiu no chão com as pernas cruzadas, encostado na parede e olhando
para a outra pessoa que também estava olhando-o.

"Você quer beber algo como... leite?"

"Você tem cerveja? Eu quero beber cerveja."

"Mas esta noite eu não quero que você fique bêbado."

"Eu não sou uma pessoa de garganta mole. Às vezes o álcool é importante."

"Ok, espere, eu vou pegar uma coisa para você", Nuerth desceu para pegar duas latas de cerveja gelada
da geladeira e correu de volta para o segundo andar para acompanhar a pessoa que estava esperando lá,
entregando-lhe a cerveja.

"Obrigada", disse a voz doce e em seguida pegou a cerveja da mão de Nuerth, que estava sentado ao lado
dele, enquanto eles abriam a cerveja para beber.

"Você não sentiu minha falta? Significa que você me esqueceu por dois meses", Nan perguntou.

"Eu senti a sua falta."

"Então por que você não voltou?"

"Eu queria voltar, mas por outro lado, eu não estava cansado o suficiente para voltar para você. Na
verdade, eu quero estar cansado, eu quero estar muito cansado e ficar aqui com você, mas... é difícil, não
consigo me entender direito, não sei onde vou acordar na manhã seguinte, só... só sei que te amo e te amo
tanto que nem consigo levantar a cabeça."

"Isso é uma confissão de amor de uma pessoa louca?"

"Talvez."

"Quando?"

"...?"

"Quando você percebeu que me amava?"

"Treze... talvez quando tinha treze?"

"Você não estava com medo? Nós somos como... como pessoas que carregam a mesma linhagem fluindo
em nossas veias, você não deveria, mas ainda pensa... nisso até hoje."

Nan só queria perguntar e saber se a resposta de Nuerth combinaria com a dele ou não.

"Se tive medo? Por que eu não teria medo? A sensação de ser pressionado pelas pessoas ao seu redor era
muito doloroso. Eu queria dizer isso, mas não podia, eu queria fazer algo, mas não fiz porque não só eu me
machucaria, você também se machucaria com meus sentimentos estúpidos."
"Eu já estou machucado. Que tipo de responsabilidade você vai assumir agora?"

"Agora que eu sei que você me ama. Como você vai assumir a responsabilidade pelo meu coração, que
dói e sofre toda vez que você está pronto para ir embora?"

“...”

“Agora que sei que você me ama. Como vai ser responsável pelo coração dolorido? Você está pronto para
partir?”

Ele levantou a cabeça para olhar para o outro par de olhos que sugeriam algo profundo. Ele não tinha
certeza de como poderia dizer essa frase, mas se pudesse voltar no tempo, Mueng Nan diria a mesma coisa.

Nuerth que estava sentado ao lado dele engoliu em seco, antes que suas restrições fossem
completamente destruídas, ele se inclinou para o lindo rosto de Nan, para aqueles lábios que pareciam
pétalas de rosa e com sua mão grossa nas costas de Nan...

Ele o beijou...

A consciência de Nan estava dispersa, mas ele sucumbiu ao beijo amargo do álcool, sua língua quente
penetrou na sua boca varrendo toda a amargura como se fosse engoli-la, sua respiração quase
desapareceu, mas nenhum deles pensou em se separar nem por um segundo, dando continuidade aquele
beijo tão esperado por tanto tempo.

Esse beijo foi como acabar com uma saudade perdida... impossível...

Desejo perdido... Nan achou que esse beijo estava cheio de emoções, mas ao mesmo tempo cheio de
ternura e amor. Ele deixou esse tipo de sentimento cobrir os dois corações por muito tempo, até que seu
coração de repente começou a acender junto com seu corpo, sentindo-o começar a esquentar aos poucos.
Era um beijo de sonho, um beijo que faria ele perder todos os seus limites e ir mais longe do que deveria...
até que de repente a respiração do homem mais alto parou, afastando-se dele.

"Desculpe", disse o homem alto com uma expressão assombrada.

"Está tudo bem porque eu permiti que isso acontecesse", Nan respondeu enquanto pensava.

Os corpos das duas pessoas estavam separados um de cada lado, ambos sentados de frente para as
estrelas, encostados na parede e cada um bebendo sua cerveja, envergonhados do que havia acontecido.

Como se tivessem treze anos de novo.

Como uma criança que só sabe o que é o amor, Nuerth e Nan pensam assim.

"Como você está?" Nan quebrou o silêncio novamente. Nuerth virou a cabeça para olhar duvidosamente
nos olhos de Nan.

“...”

"Foram dois meses de viagem. Conte-me sobre isso."


"Eu viajei por mar, ao sul de Prachuap quase até os limites do país. Enquanto estive lá, alguns dias vendi
minhas fotos, estava indo tão bem com isso que não precisava sair para procurar um trabalho, alguns dias
eu dormia tranquilamente em um bangalô barato na praia."

“...”

"Tirei tantas fotos, nem me lembro quantas vezes disparei o obturador da câmera em um dia, mas havia
um lugar... era muito estranho, tão estranho que eu queria levar você comigo."

"Que foto é? Está no Instagram?" Nan perguntou curioso, mas Nuerth balançou a cabeça.

"Não, eu não tirei nenhuma foto, porque eu não filmei. Você teria que ver com os próprios olhos para
entender."

"Como?"

"Na Ilha Koh Lipe, naveguei com um pescador à meia-noite, não havia lua nenhuma, mas as estrelas
enchiam o céu brilhante, estavam tão perto de nossas mãos que quase podíamos tocá-las. Você vê as
estrelas na nossa frente?" Ele apontou para o céu escuro onde o luar e as estrelas estavam.

"Sim, eu os vejo."

"Lá, as estrelas eram como as desta noite, mas estavam ainda mais perto... e, então... eu vi as estrelas na
água."

"Estrelas na água?"

"Sim, eu vi a luz das estrelas refletindo na água. Era tão bonito que não pude deixar de pensar que poderia
ser plâncton fluorescente (algas fluorescentes), mas a verdade é que realmente era a luz das estrelas, eram
tantos que iluminavam tudo o mar noturno".

“...”

Mueng Nan ouviu atentamente tudo o que a outra pessoa disse, sentindo ciúmes de Nuerth Nakarin por
estar lá enquanto ele estava trancado em uma sala vazia sem fazer nada.

"Eu costumava pensar: em uma noite escura, onde eu poderia encontrar luz sem estrelas no céu? Mas
naquele momento percebi que eles também podem ser encontrados na água. É o mesmo com você..."

"..."

"Sempre que você estiver desanimado, qualquer dia que você achar que não há saída, quando tudo estiver
muito escuro, por favor, saiba que a luz está em toda parte. Você a encontrará quando seu coração for
forte o suficiente, o amor também, nada é impossível porque as estrelas ainda estão na água e no coração
de uma pessoa que pode mudar o tempo todo".

"Nuerth..."

"Arrisque-se."

“...”
"Se houver a menor chance, prometo levá-lo até lá."

O rostinho assentiu, pegando desajeitadamente a mão do homem mais alto como se prometesse a ele
que esse dia chegaria, quando ninguém mais tivesse que partir, apenas a promessa permaneceria e no final
não importaria o quão distante estejam um do outro, eles sempre voltarão para ver as estrelas na água
juntos.

"Como você está?" Nuerth perguntou enquanto o mais novo descansava a cabeça no ombro do mais
velho.

"Eu? Estou ocupado calculando a quantidade de formalina em cada solução, descobrindo quanto por
cento do ácido se decompõe e quanto ácido fica para trás, inserindo os valores na fórmula."

"Ótimo, parece que você está se divertindo muito."

"Mesmo? Estou muito estressado com a aula de Química Analítica e Cálculo."

"Alguém flertou com você?"

"Claro, porque eu sou muito sexy."

"Eles devem ter inveja de você."

"Tudo bem, apenas vá me ver na universidade."

"E aquela pessoa? O médico... aquele que é... seu namorado."

Não era fácil admitir isso naquele momento, mas o que mais preocupava Nuerth Nakarin era o
relacionamento dessas pessoas.

"Pare de falar sobre ele. Aqui, somos só você e eu, só nós..."

"Mas você não deve deixar isso continuar."

"Eu ainda não estou pronto, agora só quero estar com você, sentar ao seu lado e olhar as estrelas. Não se
preocupe, eu vou apenas olhar para as estrelas até de manhã, até o sol nascer, então amanhã estarei com
você cozinhando e sentados juntos até de tarde. À noite vamos andar de moto para você me levar em uma
viagem ou talvez vamos sentar e assistir ao pôr do sol juntos em algum lugar."

“...”

"Eu não terei que ir estudar, não terei que voltar e brigar com mais ninguém, só estar com você já me
basta."

"Hmmm... é o suficiente para mim também. E eu só rezo para que o tempo passe devagar."

Ele só esperava que os milagres se realizassem e fizessem o mundo parar, para que os dois pudessem ficar
juntos sem se preocupar com os olhos dos que os cercavam. Mesmo sabendo que na manhã seguinte o sol
deveria subir acima do horizonte de qualquer maneira.

⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹
Mueng Nan acordou antes de Nuerth, desceu da cama, pegou o cobertor fino que estava no chão para
cobrir o garoto mais alto, antes de ir tomar banho e escovar os dentes. Tirou algumas roupas, que eram um
número maior que as dele e que pertenciam ao dono da casa, vestiu-as para descer e ir para a cozinha.

Nuerth acordou meia hora depois, quando um cheiro doce atingiu seu nariz, esfregou os olhos, saiu da
cama e desceu, embora ainda não tivesse lavado o rosto.

"O que você está fazendo?"

"Fazendo arroz cozido para você. Já escovou os dentes?"

"Não, eu não posso comer assim?"

"Volte e escove os dentes primeiro. Oh! Desculpe, você não tem uma escova de dentes reserva, então usei
a sua", disse o jovem com um sorriso.

"Não importa, está tudo bem. Eu já volto." Em menos de dez minutos, a figura alta voltou para baixo, seu
rosto mais brilhante. Ele se sentou em uma cadeira de madeira na frente de uma figura esbelta olhando
para a grande tigela de arroz cozido na frente dele, vários sentimentos em sua cabeça e coração.

"Coma, cozinhei para você."

"Sim, obrigado" Suas mãos grossas enfiaram arroz na boca, tremendo.

Era estranho... porque ele tremia incontrolavelmente a cada colherada que tocava sua língua, pois isso o
trazia de volta às suas memórias novamente. Uma foto dele sentado em uma casa grande, cercado pelos
membros daquela casa, os pais de Nan, sua mãe, sua irmã e um irmãozinho fofo chamado Nan, já faz muito
tempo, mas... ainda está marcado em seu coração.

"Nuerth..."

"Obrigado. Está delicioso", disse com lágrimas nos olhos.

Ele sempre sonhou em acordar um dia quando o homem mais novo estivesse ao seu lado, cozinhando e
sentando para comer juntos, conversando e trocando histórias de vida ao mesmo tempo e...

Aquela manhã... era como um sonho, do qual ele não queria acordar.

"Coma muito."

"Sim."

"De tarde, eu quero dormir aqui, dormir em seus braços", disse Nan novamente.

"Sim."

"Eu tenho água de rosas para você também."

"Obrigado."

"Pare de me agradecer e coma. Mostre-me todas as fotos que você tirou durante esses dois meses agora,
estou tão chateado... por que você é mau?"
O homem alto riu, levantando a mão para enxugar casualmente as lágrimas do rosto e continuar comendo.

⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹

Ele e Nan realmente fizeram isso, dormiram até tarde nos braços um do outro. Olharam para as fotografias
e Nuerth lhe contou uma história diferente para cada fotografia que mostrava, até o anoitecer.

Nuerth finalmente empurrou sua velha motocicleta para fora de casa, enquanto esperava que Nan - que
estava vestido com uma grande camiseta, calça de futebol e tênis azul - saísse da casa.

"Apresse-se, o sol vai se pôr em breve."

"Espere um minuto, as chaves de sua casa estão muito enferrujadas. Você deveria trocá-las por novas."

"Não tenho tempo."

"Eu mesmo vou mudá-los."

"Pare de reclamar, apresse-se."

"Pronto", disparou ele, antes de se apressar e correr para a frente da casa velha, quando um carro de luxo
familiar se aproximou, fazendo com que o menino se afastasse porque tinha medo de enfrentar quem
estava dentro do veículo, de quem queria escapar, mas neste dia, talvez fosse hora de aceitar a verdade e
enfrentar Kantitat.

"Nan", seu namorado chamou seu nome com olhos saudosos.

“...”

"Você pode voltar comigo? Temos algo para conversar."

"Agora não, doutor."

"Acho que precisamos conversar, quero ver você e conversar, sinto que tudo isso dói demais... dói como
se eu fosse morrer sabendo que estamos separados assim."

O coração de Nan se abrandou ao ver o rosto triste daquela pessoa.

"Phi Tat..."

"Por favor, volte para mim. Vamos nos divertir juntos, ok? Vamos passear juntos? Nan", a voz de Kantithat
continuou fazendo Nan se sentir ansioso, então seus pés vacilaram enquanto ele caminhava em direção ao
seu namorado, mas...

"Não vá."

Ouviu-se o som da voz de Nuerth, ele agiu tão rápido que conseguiu agarrar o pulso de Nan sem querer
soltá-lo facilmente.

"Nuerth" murmurou uma voz doce e soluçou, de repente as lágrimas começaram a cair.

"Como vamos assistir ao pôr do sol juntos?"


"..."

"Você me disse que queria fazer isso, você disse que enquanto estivermos juntos você será feliz."

Nuerth Nakarin continuou falando, seu coração doía como se alguém tivesse enfiado friamente uma faca
afiada no lado esquerdo de seu peito. Ele só rezou para que Mueng Nan permanecesse lá com ele, ficasse
com ele... que ficassem juntos sem pensar na moral ou na visão de ninguém.

Mas para Mueng Nan, que sempre teve um coração fraco, não foi uma decisão fácil. Nuerth é um irmão
de sangue e Kantitat era alguém que ele amava, ele havia dado muito por ele.

Entre o que é certo e seus próprios desejos, o que você deve escolher?

Passou-se um tempo em que tudo estava quieto, enquanto sua cabeça estava cheia de pensamentos, até
que Nan finalmente soube a resposta...

"Desculpe-me, mas não posso mais ir com você."

A figura esbelta optou por afastar o pulso de Nuerth e caminhou diretamente para a outra pessoa que
esperava com um grande sorriso no rosto.

Mueng Nan finalmente escolheu "fazer a coisa certa". Se amar alguém é doloroso, pelo menos continuar
apaixonado por Tat pode ser menos doloroso. Ele não tinha medo de lutar contra os obstáculos juntos
porque nos últimos dois meses...

Kantitat poderia ter sido a resposta para suas perguntas.

O carro de luxo foi embora. Nuerth Nakarin não tinha certeza de quanto tempo ele ficou ali sem se mexer,
ele só sabia que Mueng Nan não o havia escolhido.

Ele deveria estar acostumado, mas não foi nada disso, essa situação doeu mais do que o normal... doeu
mais do que nunca...

Para North Nakarin isso...

Deve ser suficiente?

...Ele deveria ir embora agora e nunca mais voltar...

Sim. Ele deveria parar de pensar nisso e simplesmente desaparecer…

⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹

Depois que Mueng Nan sentou-se ao lado do Dr. Tat, ficou em silêncio durante todo o passeio, apenas não
disse nada. O carro de luxo desligou o motor assim que chegou ao estacionamento subterrâneo do
condomínio de Tat.

Nan sentiu saudade do quarto de Nuerth e tentou afastar ao máximo a imagem daquele quartinho, no
segundo andar daquela velha...
Nan e Dr. Tat começaram a esclarecer o problema que estava parado há algum tempo. Ele lutaria para
ser aceito, pois seu amor durará no futuro, Kantitat prometeu cuidar dele e nunca mais deixá-lo. Nan
acreditou de todo coração.

Ele acreditou e deixou seu corpo flutuar com o mesmo toque de sempre do homem alto, os beijos do Dr.
Tat, o conforto do Dr. Tat, que o despertaram daquele sonho de uma vida com Nuerth.

Ele aceitaria isso...

"Nuerth..."

Mas não exatamente...

Ao retomar seu relacionamento com Phi Tat, a imagem de Nuerth apareceu inúmeras vezes em sua
cabeça, fazendo-o esquecer tudo, até mesmo fazendo com que ele acidentalmente chamasse o nome da
outra pessoa, fazendo com que o médico ficasse frustrado.

"Estou aqui para te abraçar, a quem você chama?"

"Nuerth..."

"Nan, eu estou aqui."

"Nuerth" Mueng Nan disse com lágrimas nos olhos tremendo lamentavelmente nos braços do homem.

"Nan, olhe para mim, não ame mais ninguém, não quero que você ame mais ninguém, apenas me ame."

"Nuerth... eu amo Nuerth Nakarin..."

"...!!"

"Não sei mais nada, não me importo com mais nada, só sei que o amo."

Ele o amava tanto... mesmo que estivesse em um relacionamento com outra pessoa, mesmo que tivesse
saído com outra pessoa... mas ele não podia negar que escolher o caminho para longe de Nuerth Nakarin
tinha sido...

A maior dor de sua vida...

...Uma dor só comparada à de estar morto em vida…

CAPÍTULO 06: “Um sono profundo... Em uma noite eterna”

...Sonhos e esperas não se compram com dinheiro. A mesma coisa acontece com os sentimentos de quem
se perdeu, eles também não poderão curar, mesmo que o tempo passe...

Ele não voltou...


Ele não voltou, era a única coisa que Nan repetia para si mesmo.

Quanto tempo se passou desde que ele partiu? Quanto tempo se passou desde que a espera começou
por alguém que talvez não voltasse? Ele voltaria em algum momento?

Nan só podia ter certeza de que eles haviam feito uma promessa. Mesmo que ele viajasse para longe, um
dia Nan e Nuerth Nakarin se encontrariam novamente.

Os dedos finos de uma pequena mão deslizaram sobre a tela do celular para abrir o Instagram e procurar
por "alguém", mas nada... não havia nada. Não havia mais as fotos de Nuerth, nenhuma mensagem, não
havia nada além da dor que permanecia no fundo do coração de Nan...

Nuerth Nakarin desapareceu junto com a desativação permanente de seu Instagram.

Nas últimas duas semanas, Nan vinha vivendo a mesma rotina: procurando Nuerth em todos os lugares
imagináveis repetidas vezes, embora houvessem pessoas tentando destruir a parede que Nan havia criado
em seu coração. Pee era um deles, embora tivesse certeza de que o relacionamento nunca se transformaria
em algo mais.

Só de olhar para ele, Nan percebeu o que Pee sentia por ele, o que ele queria dele... mas Nan não queria
ferir mais ninguém, porque o que havia acontecido com Kantitat era um pecado intensamente enraizado
em seu coração e ele não poderia esquecer pelo resto de sua vida.

Eles se separaram, se separaram amigavelmente, se é que isso fosse possível...

Kantitat provavelmente não achava que um curto período de tempo afetaria a mente de Nan dessa
maneira. Ele nunca imaginou que terminariam tristes em meio a sorrisos, que eram apenas para fingir que
Nan estava realmente feliz com ele.

"Nós dois fomos feridos. Mas hoje eu não posso mais estar ao seu lado Phi Tat."

Apenas uma frase, isso foi tudo o que precisou par terminar imediatamente o relacionamento entre eles.

Ele estava completamente despedaçado, o relacionamento deles era como um copo de vidro quebrado,
não conseguia colar, só tinha que comprar um novo. Mas no caso de um coração partido, isso não pode ser
comprado.

Nan e Kantitat tinham certeza de que levaria muito tempo para que suas feridas cicatrizassem. Seu estado
atual do momento, era apenas uma irmandade muito boa, ele não queria que fosse assim, mas era assim
que tudo tinha que continuar.

Nan não tinha mais ninguém. Fosse Nuerth Nakarin ou Kantitat, tudo já fazia parte do passado, resultado
da fraqueza de seu coração... o resultado foi que ele ficou COMPLETAMENTE SOZINHO.

A pequena mão branca de Nan colocou o telefone de lado, começando a trabalhar em seu computador.
Depois de uma longa pausa e com a mente em branco, parecia que ele estava tentando pensar em algo,
como se quisesse escrever alguma coisa, já que seus dedos finos permaneciam no teclado sem nem
perceber.
Havia algo que ele queria dizer... mas não entendia se o que estava fazendo ou se era certo ou não.

‘Você já sentiu que sua vida está vazia?

Uma vida onde você só sabe perder tempo. Eu gostaria de explicar e contextualizar tudo, para que você
possa me entender. Esse sentimento é... como quando seu mundo está completamente sem cor, tendo
apenas imagens em preto e branco... sem sentimentos. Você não quer rir e não quer chorar, você apenas
sente que seu mundo está a ponto de desmoronar...

Uh... esse é meu primeiro post e ainda não sei por onde começar. Acho que ninguém vai se importar com
isso, mas vou escrever de uma forma bem reduzida... Deixe-me sentir...

...Você já se perguntou... Por que viver uma vida sem sentido?’'

Nan recostou-se na cadeira olhando para a tela do computador na mesa, sua mente vazia, não conseguia
pensar em nada... Ele ficou nesse estado por cerca de dez minutos, repassando as linhas que tinha acabado
de escrever uma vez e outra vez.

Mueng Nan se imaginava na posição dos leitores pensadores, fazendo com que suas palavras se
espalhassem pela rede, mas no final….

Apagou....

Ele se lembrava muito bem das palavras ditas por Nuerth, quando disse que não era bom contar sua
história pessoal para estranhos. Assim, a única coisa que ele podia fazer era viver dia a dia esperando o
retorno de Nuerth Nakarin e assim poder contar sua história fracassada.

Duas semanas se passaram, Nan não teve escolha a não ser assumir que ele tinha viajado para um lugar
muito distante ou talvez, estava procurando estrelas na água em algum lugar e estava gostando, então
ainda não estava cansado o suficiente para voltar para ele. Para Nan, todo esse tempo parecia longo como
se tivessem passado anos em sua vida. Nada progrediu, nada mudou, tudo permaneceu igual, ele só
respirava porque havia oxigênio.

Os dias de espera estavam sendo riscada com tinta vermelha, mostrando claramente quanto sofrimento
ele tinha que suportar. Ele não conseguia explicar a quantidade de sentimentos que passavam por sua
cabeça, só sabia que tinha sido muito diferente da primeira vez que se separaram, daquela vez tinha sido
apenas como um simples adeus com a mão.

O que deveria fazer? Como ele poderia deixar aquela pessoa especial saber que ele ainda estava lá
esperando? Esperando... para se desculpar pelo passado... e por sua maneira estúpida de agir.

Toc Toc...

A batida na porta chamou a atenção de Nan, direcionando seu olhar para a fonte do som, mas ele nem
quis adivinhar quem era a pessoa atrás da porta, apenas moveu os lábios insidiosamente.

"Está aberto."
Ouviram-se passos fortes, de alguém que Nan conhecia muito bem, ele tirou os olhos do computador e
virou-se para receber o recém-chegado.

"Pai."

"Hmm... sim, sou eu."

"O que houve?"

Ele nem sabia como deveria agir, o mais velho entrou no quarto aproximando-se da cama e sentando-se
na ponta. Esta pode ser a primeira vez, em anos, que seu pai entrava lá. No mundo triste e cinzento de Nan.

"Como vão os estudos?" Disse o pai, enquanto Nan só podia brincar com o mouse do computador clicando
de vez em quando para quebrar o silêncio.

"Bom."

"Por que você não desceu para comer hoje?"

"Eu não estava com fome. Além disso, eu comi fora."

"Com quem?"

"Um amigo."

"Sua mãe e sua irmã estão indo para Hong Kong."

Um sorriso apareceu no canto de sua boca, mas ele nem pensou em se virar e encarar seu pai por uma
fração de segundo.

"Mamãe já me disse, elas vão ficar fora por uma semana, talvez eu deva pedir a ela para visitar alguns
cassinos e desperdiçar o dinheiro do pai antes de voltar, tudo bem para você?"

"Nan, você já cresceu, por que continua pensando em coisas tão infantis?" exclamou o pai em tom
preocupado, sem saber como seu egocentrismo e a ideia de que o mundo inteiro deveria girar em torno de
si o tempo todo prejudicaram seu filho mais novo, Mueng Nan.

"Eu sou mais velho, sim! Estou mais velho e você deveria me deixar ir, estou cansado de tentar chamar
sua atenção. Em breve você poderá desfrutar de uma vida sem mim."

"Por que você diz isso, onde você está indo?"

"Eu te disse onde eu quero ir."

"Mueng Nan, você sabe qual é a coisa mais feliz da minha vida?"

"Dinheiro e sua empresa."

"Não", o pai balançou a cabeça.

“...”

"Minha felicidade é ver que você tem uma vida boa e uma família perfeita."
“...”

"Agora que cresceu, você pode fazer qualquer coisa, eu não vou impedi-lo. Mas como pai... posso te pedir
uma coisa?"

A figura esguia parou. Seus olhos olhando para a tela brilhante do computador tremeram como se
soubessem qual seria a próxima frase.

"Com Nuerth Nakarin..."

"Pare de falar sobre ele!" uma voz frágil interrompeu, não querendo que a outra parte lembrasse
repetidamente que esse relacionamento estava errado.

"Só vou desistir se você parar com essa ideia estúpida. Eu vou continuar falando até você admitir que o
que você acha está errado. Ele é seu irmão, ele é um membro desta família, ele é..."

"Não!!!" Os ouvidos de Nan estão fechados para tudo. Assim como seu coração.

Ele tinha chegado muito longe... tão longe que era difícil para ele voltar ao ponto de partida.

Nan decidiu terminar com Kantitat que era uma pessoa tão importante sem voltar atrás, certo de que o
resto de sua vida seria gasto esperando o retorno de Nuerth.

"Nan, escute."

"Não! Ele não é meu irmão, não somos uma família, ele é apenas um estranho, posso amá-lo e podemos
recomeçar a qualquer momento, só tenho que continuar esperando e ele voltará.”

“...”

"Não importa o quão longe tenha que andar, se for descalço ou não, o que importa é que estarei com ele.
Não tenho medo de ver como nosso futuro vai falhar. Só tenho medo de..."

”...”

"Só tenho medo de continuar meu caminho sozinho... sem ficar com Nuerth Nakarin."

"Isso não está certo", disse o pai com o coração enfraquecido.

"Nada está certo desde que comecei a gostar de homens. O que mais você pode esperar de mim?"

"Você me desapontou."

"Pode ser verdade, eu posso ter decepcionado você repetidamente, mas eu honestamente sei que não
vai doer mais do que já doeu até agora. Mas eu posso te prometer, um dia eu vou fazer meus pais felizes."

⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹

Nan caminhou lentamente em direção ao prédio da faculdade de arquitetura. Era uma visão familiar
admirar esse anjo transformado em pessoa, da faculdade de farmácia, frequentando o prédio, sempre
perguntando por alguém em especial pelo menos três dias por semana, já que ele nunca deixou de
alimentar suas esperanças de que em algum momento encontraria Nuerth.
Muitos alunos se perguntaram: qual era a relação entre Mueng Nan e aquele estranho com alguns anos
de diferença? Mas ninguém teve coragem de dizer uma única palavra, só havia dúvida e silêncio.

"Oh, Mueng Nan, você não tem aulas hoje?" Ele foi saudado pela voz de um colega de sua geração.

Eles não são muito próximos, mas costumavam se cumprimentar desde que ele começou a frequentar a
escola de arquitetura procurando por Nuerth Nakarin.

"Não, eu estava apenas passando no meu caminho de volta para a faculdade."

"Oh, Nan."

"Hum..."

"Essa pessoa também esteve aqui ontem, queríamos te avisar, mas não sabia como entrar em contato
com você, tentei pelo chat, mas pareceu que você não estava disponível."

"Espere um minuto! Ele estava aqui? Essa pessoa chamada Nuerth estava aqui, sério?"

Os olhos pequenos de Nan se arregalaram por um momento, ele mal podia acreditar no que estava
ouvindo, então não pôde deixar de perguntar novamente.

"Nuerth esteve aqui?"

“Provavelmente, seu nome era Nuerth."

"Tem certeza?"

"Tenho certeza. Foi a pessoa que veio ajudar na exposição há dois meses? Seu lindo rosto ainda está em
minha mente."

"Sim! Há dois meses ele veio aqui, essa pessoa, com cerca de 1,85 metros de altura, estava dirigindo uma
velha Vespa e..."

A voz doce tentou espremer todas as suas memórias de Nuerth, ele só queria repeti-las várias vezes para
ter certeza de que era aquela pessoa, pelo menos para que ele pudesse ter alguma esperança em seu
coração murcho...

"Talvez sim e talvez não."

"O que quer dizer?"

"Sim, ele é alto e muito bonito. Mas o que ele dirige é um Audi, se não me engano."

"Um Audi?"

"Bem, o mais importante é que não veio sozinho, tinha muitos amigos bonitos que vieram dizer oi."

"Bem, provavelmente não foi ele", disse Nan com tristeza.

Nuerth Nakarin nunca havia dirigido um Audi, ele só tinha carros antigos que o levavam para onde ele
queria ir.
Nuerth Nakarin era uma pessoa que só tinha a si mesmo, mesmo assim o aceitava como era, porque ele
era tudo o que tinha na vida. Apaixonou-se por Nuerth sem ter nada e não se importava. Ainda assim, Nan...
estava disposto a criar um futuro juntos, mesmo que todas as pessoas ao seu redor não o vissem com bons
olhos.

"Não é a mesma pessoa?"

"Hmm... você deve ter se lembrado da pessoa errada."

No final, ele falhou, mesmo que tentasse pensar por si mesmo a verdade era que, talvez estivesse apenas
sonhando, aquela pessoa não era Nuerth Nakarin, certamente ele era um estranho e não estava
interessado em perder tempo com ele.

"Você vai esperar, apenas no caso de ele aparecer hoje?"

"Não, eu tenho que ir para a aula."

"Você pode me dizer quem é? Os seniores em arquitetura conhecem muitas pessoas na indústria da arte.
Quero dizer, se ele não parecer muito atrevido... Uh, talvez possamos ajudá-lo a encontrá-lo."

"Ele? Eu não sei. Você pode considerá-lo um fotógrafo freelancer. Ele costumava estudar arquitetura nos
Estados Unidos, mas ele nunca terminou. Agora eu não sei onde ele está, ou o que ele faz. Seu nome
verdadeiro é Nuerth Nakarin e seu sobrenome é ..."

Os lábios finos de Nan pararam por um momento enquanto a outra pessoa esperava para ouvir as
próximas palavras.

"Qual é o seu sobrenome?"

"Com apenas o nome dele, seria muito difícil encontrá-lo?"

"Acho que sim."

"Asawamethee", ele disse com uma voz trêmula, enquanto fechava os olhos.

Nan nunca aceitara que ele e Nuerth tivessem o mesmo sobrenome. Ele nunca o havia aceitado, não podia
aceitar que ele fosse seu irmão de sangue, mas desta vez era difícil esconder isso. Se isso ajudasse a
encontrá-lo, ele o faria mesmo sentindo uma profunda dor em seu coração.

"Asawamethee, ele é seu parente? O sobrenome é o mesmo", perguntou a pessoa com curiosidade.

"Não, ele não é um parente, mas..."

"É alguém que eu amo."

Nan aceitou tudo, mas foi bom porque mesmo que ele estivesse morto, ele não poderia escapar da
verdade. Era como um lugar para ficar, mesmo quando ele avançava implacavelmente, nunca se
aproximava de seu destino.

⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹
Sua mãe e irmã haviam viajado para o exterior, Nan se sentia desconfortável morando sozinho com seu
pai em uma casa tão grande, então ele arrumou algumas roupas e pertences pessoais em uma bolsa
esportiva e saiu de casa sem dizer nada a ninguém.

Seu único alvo era uma casa velha, trancada com uma chave enferrujada que seu dono não tinha intenção
de mudar. Estava tudo igual, só com um pouco de limpeza, ele podia ficar confortável. A rosa que Nuerth
plantou não estava mais lá, havia desaparecido junto com seu dono, deixando apenas uma fotografia em
seu lugar.

Ele passou a noite olhando aquela fotografia que estava colada nas paredes da casa, para que o tempo
passasse. Em sua cabeça, ele só conseguia projetar o rosto de Nuerth sem parar até que finalmente
adormecesse.

Na manhã seguinte, ele começou sua rotina diária como todos os dias. Estudar na universidade ainda era
chato. Sua mente continuava a ansiar por coisas que não existiam. A única coisa que era perceptível era o
vazio dentro de seu peito. Nan tinha um sentimento de desânimo e depressão, ele não entendia por que
não conseguia se livrar daqueles sentimentos que estavam no fundo de seu coração.

Dois pezinhos subiram as escadas do prédio de arquitetura com uma sensação trêmula, ele olhou para as
pontas de seus sapatos para contar o número de passos que levou para chegar lá. Foi aí que ele entendeu
o sentimento de Nuerth Nakarin ao se enfrentar, aquele sentimento de que alguém quer voltar ao seu
coração, mas não consegue.

<Barulho ensurdecedor!>

"Desculpe" Uma voz doce soou imediatamente após colidir com alguém no último degrau.

Mueng Nan sabia que era um mau hábito olhar sempre para o chão, mas fez isso porque sentia falta de
alguém.

Gostava de ficar no trem elétrico sem pensar, segurando apenas o corrimão. Viciara-se na sensação de
que alguém estava atrás dele e que esse alguém era seu grande refúgio. Nan estava se tornando cada vez
mais familiarizado com tudo que o lembrava de Nuerth.

"Está tudo bem", a outra voz respondeu, antes que o cara alto se desviasse um pouco para descer as
escadas.

Mas em poucos segundos os pés de Nan pararam, seu cérebro projetando a imagem do belo rosto da
outra pessoa tanto em sua forma, tom e aparência.

Ele mal podia acreditar que Deus simpatizaria com alguém como ele enviando essa pessoa de volta.
Mesmo que a outra pessoa não parecesse querer falar com ele. A figura esguia virou-se apressadamente.
Mesmo quando o viu por trás, Nan conseguia se lembrar dele perfeitamente.

"Nuerth Nakarin!"

"..."
"Nuerth, espere por mim!"

“...”

"Nuerth!!"

Ele passou de andar a correr, sem medo de tropeçar e cair da escada, mas apesar disso ele era mais lento,
apesar do quanto ele acelerava seus passos, no final, não conseguia seguir os passos da outra parte.

As pernas de Nan estavam cedendo, pequenas gotas de suor começaram a escorrer por sua testa,
enquanto lágrimas escorriam de seus olhos, caindo por seu rosto lindo e já encharcado.

Nan correu freneticamente pelo segundo andar, varrendo os olhos em busca da outra pessoa, que sumiu
rapidamente. Mas se ele tinha certeza de uma coisa, era que essa pessoa estava em um dos cômodos do
prédio.

"Nuerth! Onde você está?"

"O que você está gritando? Este prédio também tem professores trabalhando, fale baixo."

Um aviso de alguém que tem um rosto um pouco feroz, apressou o menino a voltar rapidamente sua
atenção para a voz.

"Sinto muito."

Esqueceu de si mesmo... era a melhor maneira de descrever Nan nesse momento.

"Você está procurando alguém? Quem quer ver com tanta urgência para estar correndo assim?"

"O nome dele é Nuerth, um momento atrás eu o vi andando no segundo andar. E então... ele
simplesmente... desapareceu", Nan engasgou.

"Você quer dizer Nuerth Nakarin?"

"Sim" como se estivessem cheios de fogo, os olhos de Nan se arregalaram assim que ele ouviu a frase
anterior de alguém que ele nunca tinha visto antes.

"Nakarin Asawamethee?" perguntou a pessoa na frente dele.

"Sim", o coração do ouvinte estava batendo com entusiasmo como nunca antes.

"Aquele que virou fotógrafo freelancer?"

"Sim."

"Aquele que estudou arquitetura em uma universidade na Califórnia e só terminou o terceiro ano da
universidade, desde então só se dedicou a viajar?"

"Como você o conhece?"

Ele ainda não queria tomar nenhuma decisão precipitada, exceto ouvir a verdade da boca daquela
pessoa... ele só podia pedir que falasse logo.
"Ele é bastante famoso entre fotógrafos e mulheres."

"...como?"

Nan ficou sem palavras, ele nem sabia o que dizer além de ficar imóvel como uma estátua.

"Ele está naquela sala", os dedos finos daquela pessoa apontaram para uma porta fechada.

"Obrigado"

O ouvinte fez uma reverência para agradecer e depois se virou para olhar a porta indicada, era uma porta
branca a poucos metros de distância. Mal tendo tempo de criar coragem para enfrentar Nuerth, ele se
aproximou muito ansioso e animado, nunca em sua vida havia se sentido assim.

Toc Toc

A batida na porta ressoou enquanto suas mãos tremiam, Nan estava esperando por uma resposta ou algo
assim, apenas queria ouvir algo que sugerisse que ele poderia entrar. Mas estranhamente... o que ele
conseguiu foi apenas silêncio.

Não havia sinal de que alguém estivesse lá.

Uma das pequenas mãos de Nan imediatamente girou a maçaneta. Seus olhos e foco indo direto para ver
a figura de Nuerth Nakarin.

Nan não hesitou nem por um segundo em se aproximar para abraçar a figura alta sentada ali, firmemente
em uma cadeira ao lado de uma mesa, porque ele sabia que no mundo inteiro ele só tinha esse homem.

"Nuerth, eu senti sua falta" disseram seus lábios finos, esperando que a outra pessoa soubesse que em
todo esse tempo ele não tinha sido capaz de esquecê-lo e que estava apenas tentando mentir para si
mesmo, uma e outra vez, para evitar cair em todas as coisas erradas que surgiram em sua mente.

"A verdade é que eu não quero fazer nada para fazer você se sentir mal de novo, mas eu não aguento
mais. Eu te amo!", ele continuou dizendo.

“...”

"Ainda te amo."

“...”

"Só sei que quero repetir essas palavras uma e outra vez, para que você as ouça mesmo que me odeie,
mesmo assim, tive que voltar para você..."

Lágrimas caíram em uma camisa fina. O peito duro que ele ansiava estava tão quente, mas logo ficou frio
quando ele gentilmente empurrou o outro.

"Desculpa, quem você é?"

O mundo de Nan virou de cabeça para baixo, ele estava em estado de choque, por causa do que seus
ouvidos tinham acabado de ouvir e não queria ouvir mais nada.
Nan virou as costas para o corpo alto depois de ser empurrado com facilidade apenas um momento atrás.
Na verdade, naquela sala ele só conhecia Nuerth Nakarin, mas além dele havia dezenas de outras pessoas
que também estavam olhando para ele.

"Nuerth..."

"Talvez você esteja me confundindo com outra pessoa" ele respondeu e Nan sentiu a dor real, uma dor
tão grande como se um órgão tivesse sido cortado de seu corpo, até que ele perdeu todos os sentidos.

Nan tentava processar tudo o que se passava pela cabeça dele. As pessoas que estavam lá com Nuerth
Nakarin eram arquitetos seniores e membros do corpo docente que ele não conhecia, mas tinha certeza
de que não deveriam estar lá.

"Bem... eu devo ter me confundido. Me desculpe."

"Então eu convido você para sair por um momento."

Alguém do grupo, que parecia ser o mais velho, cortou a cena. Nan saiu rapidamente, assim que saiu
encostou o corpo na parede antes de descer até ficar sentado no chão sentindo apenas desespero.

Sua pequena palma esmagou o cabelo inúmeras vezes tentando recuperar a consciência o mais rápido
possível.

Ele ficou sentado lá por um longo tempo, cerca de uma hora ou duas, ele realmente não queria contar o
tempo porque para ele isso seria uma tortura...

Nan não sabia sobre o que as pessoas naquela sala poderiam estar falando, mas ele estava com medo...
que isso pudesse afastá-lo de Nuerth para o resto de sua vida... Levando-o onde eles não teriam mais a
oportunidade de estar juntos...

Pluck!!

O som da porta sendo empurrada por dentro surpreendeu Nan, fazendo-o pular, mas ele apenas observou
enquanto dezenas de alunos se afastavam sem prestar atenção nele, assim como ele também não prestava
atenção nelas, porque seu coração ainda estava centrado em uma única pessoa.

"Nuerth Nakarin", disse sua voz doce em um esforço para parar a figura alta e esbelta de uma pessoa que
se afastou pelo corredor.

"Sim?"

Os olhos que estavam olhando para ele agora eram completamente diferentes dos originais de Nuerth
Nakarin. Não havia amor neles, não havia misericórdia, eram olhos vazios, então era muito difícil adivinhar
o que ele estava pensando.

"Eu só quero falar com você."

"Não tenho muito tempo, só posso te dar alguns minutos para te ouvir."

"Vamos, vamos encontrar um lugar para sentar e conversar primeiro?"


"Eu não acho que seja necessário. Você tem algo para falar comigo?"

"Por que você disse que não me conhecia? Por que você disse isso?"

Mueng Nan não entendeu completamente o que estava acontecendo, talvez Nuerth Nakarin tivesse a
intenção de agir dessa forma para que ele sentisse uma dor muito profunda.

"Eu realmente não te conheço, nós nunca fomos próximos. Como podemos dizer que nos conhecemos?"

Vazio.

A sensação deste momento não era nada além de uma única coisa... Vazio...

"Uma vez... uma vez você me disse que me amava. Mesmo que agora diga que não me conhece, você
costumava me dizer isso. Você também disse que um dia nos encontraríamos novamente. Eu... eu não
saberia o que fazer se você não voltasse. Só queria te encontrar de novo, mas vejo que não resta mais amor
em seu coração."

"Sabe o quê? O amor, mesmo que esteja à mão, não significa que você pode agarrá-lo imediatamente. Se
o seu amor é pegar seus fones de ouvido e ouvir sua música favorita, você terá pelo menos que esperar
para desenrolar o cabo dos fones de ouvido e depois colocá-los para ouvir sua música. Mas para você… eu
posso não ser a música que você quer ouvir depois de desembaraçar esses fones de ouvido."

"Agora você está julgando meus sentimentos por você, dizendo que você não é o único, mas eu quero te
dizer uma coisa, pode parecer tarde demais, mas desistir de tudo e ir descalço para estar com alguém,
independentemente de como as outras pessoas o veem ou quão solitário se torne, eu chamo isso de amor."

”...”

"Meu amor tem seu nome."

Nuerth Nakarin não respondeu nada. Ele ficou em silêncio e apenas deixou o tempo passar.

"Seria bom se pudéssemos fazer uma longa viagem... juntos pelo menos uma vez", Nan continuou.

”...”

"Nuerth... podemos... ir juntos? Ir o mais longe que pudermos... tipo... até o fim do horizonte?"

"Você sabe que é impossível. No final, sempre temos que voltar de qualquer maneira."

"Mesmo que eu tenha que voltar, vale a pena em troca de lindas lembranças de nós dois juntos."

"Escute, eu não sou mais a pessoa que você conhecia, há coisas sobre mim que você não sabe e eu não
quero que você saiba, mas há três coisas que quero te dizer agora... Uma é que eu não posso te levar para
onde você quer ir. A segunda é que você deve aceitar o fato de que eu sou seu irmão de sangue, que eu
compartilho o mesmo sobrenome que você, e a terceira é que..."

Nuerth baixou a voz por um momento, olhando nos olhos do homenzinho ao lado dele, que deixou suas
lágrimas caírem manchando aquele lindo rosto.
"Na verdade, eu pintei um retrato do céu há muito tempo, mas até agora, ainda não terminei de desenhá-
lo. Naquela época eu não sabia por que, só sabia que estava faltando alguma coisa, mas agora eu sei por
que não consegui terminar..."

“...”

"...é porque não sei para quem desenhar meu céu."

"E quanto a mim? Estou aqui, perto de você", Mueng Nan disse tremendo, seu coração se partiu assim
que ouviu essas palavras.

"Nan... não me ame, porque um dia vou fazer você chorar."

"É tarde demais... Phi Nuerth está atrasado."

“...”

"Eu já te amo."

"Desculpe-me, mas, eu não posso aceitar isso."

”...”

"Porque você... não é mais meu céu."

A figura alta virou-se ligeiramente e avançou sem pensar, deixando para trás a pessoa que estava se
abraçando naquele mesmo lugar. Antes que ele perceba, ele acelera o passo para que Nan não possa
alcançá-lo.

Um carro Audi preto de luxo foi ficando cada vez mais longe da vista de Nan. Hoje nada é o mesmo. Nan
pensou nas milhares de razões pelas quais Nuerth muitas vezes desaparecia e depois voltava. Antes desse
dia era apenas por causa de suas viagens, certo? Só que agora, Nuerth acabara de retornar ao seu próprio
mundo. Um mundo onde Nan nunca poderia chegar...

A única coisa que se pode saber agora é...

Que aquele Nuerth Nakarin que ele conhecia só tinha uma moto velha e não um carro de luxo.

Que o Nuerth Nakarin de hoje é um homem que não o conhece e que renunciou a tudo sem dizer nada.

O Nuerth de verdade é aquele que diz que o ama e não quem o empurrou para longe, dizendo que não o
conhecia...

Tudo era completamente oposto.

Porque o Nuerth Nakarin daquele dia...

Ele era um homem que nunca tinha conhecido antes…


CAPÍTULO 07: “Uma raiz profunda”

...Até onde o coração de uma pessoa pode se enraizar?...

Durante muito tempo, Nan ficou ali se balançando no mesmo lugar depois que aquela pessoa foi embora.
Seu cérebro não estava consciente como deveria ou, em outras palavras... não queria estar. No final, o
destino sempre continuou a pregar peças em seus sentimentos.

Enquanto Mueng Nan ainda continuava em pé... Os olhos de um veterano estavam olhando para ele como
se suspeitasse a resposta do enigma do relacionamento de Nan e Nuerth. Ele caminhou para se aproximar
do menino com uma expressão quebrada para consolá-lo.

"O que está acontecendo com você?" ele perguntou, esperando obter uma resposta. Mas não obteve
nada...

Mueng Nan ficou parado como se seus ouvidos estivessem fechados para tudo ao seu redor.

"Nong!" Desta vez, uma voz forte o chamou, enquanto ele alcançava seu ombro magro para encorajá-lo e
parecia ser eficaz porque Nan começou a piscar rapidamente, ele se virou para encontrar os olhos da pessoa
à sua frente.

"Sim, Sim."

"Você está bem? Eu estava falando com você."

"Desculpa, eu só estava pensando”. Mas lágrimas quentes e cálidas escorriam imperceptivelmente pelo
rosto de Nan. Ele rapidamente levantou a manga da camisa e as enxugou enquanto mostrava um sorriso
amargo para esconder a sensação desconfortável dentro dele.

"Ok, ok. Eu só tenho uma coisa para te perguntar..."

"Sim?"

"O que aconteceu entre você e Nuerth Nakarin?"

Nan piscou rapidamente, como ele poderia responder quando a confiança para dizer que ele era alguém
que ele amava foi completamente destruída pelas palavras do próprio Nuerth.

Para Nuerth, Nan não era mais a definição de "seu céu". Porém para Nan, em vez disso, Nuerth era a
definição de "amor verdadeiro".

"Eu... ele é apenas um conhecido", disse ele.

"Um conhecido?"

"Eu o conheço a muito tempo, mas parece que foi tempo demais."

"A definição parece estranha para mim, mas está tudo bem, se você estiver bem, então eu já vou."
Quando o jovem recebeu essa resposta, observando o melhor estado de espírito do menor, sentiu que
não havia mais necessidade de continuar ali ao lado dele, então ele apenas se apressou em se despedir,
afastando-se dali, mas depois de alguns poucos passos, a doce voz o chamou.

"Espere um minuto, Phi" chamou Mueng Nan.

Quando o céu queria que ele soubesse a verdade, por que ele teve que deixá-lo ir? Ele lutaria contra tudo
na frente dele e depois decidiria o que fazer a seguir, sim, isso seria o melhor.

"O que há de errado Nong?"

"Eu tenho algo a perguntar, é sobre a história de Nuerth."

"O que?"

"Você parece conhecê-lo melhor do que eu, bem, eu só quero saber por que ele veio aqui, de onde ele
veio, porque às vezes eu não tenho certeza de qual é sua verdadeira identidade."

"Ah, isso. Seria melhor se te mandasse um e-mail? Hoje à noite, se você estiver disponível, enviarei a
história detalhada, só porque Nuerth Nakarin é seu ídolo."

"Tudo bem."

Nan não esperou, ele rapidamente digitou seu e-mail no celular do outro garoto, antes de se despedir com
uma breve saudação.

Nan voltou ao silêncio daquela velha casa, claro, ainda sem vestígios de seu dono.

Esta era a casa de Nakarin, que ele reencontrara há vários meses, uma pessoa de olhos tristes e pacíficos,
a pessoa que sempre falava com ele calorosamente e não distante, um bom ouvinte que o confortava
sempre que se sentia sobrecarregado.

Mas agora não mais...

Nan pensou que Nuerth Nakarin viajaria para longe e que talvez nunca mais voltasse, mas mesmo assim
continuaria esperando por ele, ferido, torturado, cansado, mas não pararia de esperar. Depois de olhar
para o nada pensando em tudo o que estava acontecendo com ele, apertou o ícone para atualizar sua
página de e-mail minuto a minuto como um louco.

Até que ele conseguiu...

Uma nova mensagem havia chegado, suas mãozinhas não perderam tempo, ele rapidamente clicou no
novo e-mail, cujo assunto dizia...

'Nuerth Nakarin.'

O relatório veio em formato Calibri e era bem longo, mas de fácil leitura, o que facilitou que Nan fizesse a
leitura de cada linha com muita atenção, sentindo a dor no peito aumentar, os olhos fixos na tela do laptop.
Ambas as mãos e todo o seu corpo estavam começando a ficar dormentes.
Talvez... não estar ciente de nada não deveria ser tão doloroso. Mas ele teve que aceitar, quando chegou
a hora de descobrir toda a verdade sobre aquela pessoa.

Nesse relatório vinham todas as informações de Nuerth Nakarin, havia trechos do relatório que ele já
conhecia, assim como trechos que lhe eram totalmente desconhecidos. Mas ele acreditava que estes
últimos estavam em maior quantidade, causando uma dor insuportável nele. Ele se acomodou na cadeira,
completamente devastado depois de ter lido as seguintes linhas...

Primeiro, Nuerth pertencia a um lar desfeito. Ele sofria de uma doença grave, que piorou ainda mais há
quatro anos, então viajou com a mãe para os Estados Unidos para tomar um novo tratamento.

Segundo, a mãe de Nuerth Nakarin casou-se com um empresário americano, que detinha o controle
acionário de uma empresa automobilística e morreu subitamente de um derrame, motivo pelo qual Nuerth
Nakarin havia recebido tratamento experimental para leucemia, realmente muito caro.

Terceiro, enquanto nos Estados Unidos ele frequentou a Escola de Arquitetura da Universidade Estadual
Politécnica da Califórnia, San Luis Obispo, mas desistiu em seu terceiro ano sem motivo aparente.

Quarto, Nuerth Nakarin era um jovem da alta sociedade como o filho de um empresário. Mesmo sendo
apenas o enteado, era muito popular tanto no meio empresarial quanto no meio artístico, mesmo sem ter
certificado da faculdade de arquitetura, sempre havia pessoas listando suas obras. Mesmo em seu
Instagram pessoal, ele tinha mais de cinquenta mil seguidores.

Quinto, a razão para regressar à Tailândia...

Mueng Nan piscou, não queria mais ler... tudo isso é um balde com água congelada caindo sobre ele. Ele
não podia acreditar no que estava lendo. Nuerth estava visitando a faculdade de arquitetura com os
membros do conselho, não por causa da falecida mãe, não porque ele foi deixado sozinho no mundo. Nan
apenas conseguiu ler a última frase sentindo tanta dor que sentia que não seria capaz de suportar.

...O presidente Nuerth Nakarin acabava de retornar à Tailândia para construir a casa para o reitor da
universidade.

Ele voltou sem ser Ele, o motivo de sua decisão.

Nan queria fugir para qualquer lugar, ir o mais longe possível sem que ninguém soubesse mais sobre ele,
mas a verdade era que... ele não podia fazer isso.

Devido a todas as responsabilidades do colégio ele não podia simplesmente desaparecer, embora seu
coração quisesse ser livre e voar. Neste momento ele estava como um pássaro em uma gaiola, desesperado
para escapar, mas o dono nunca entregaria a chave, porque ele sabia com certeza que nunca mais voltaria,
ele voaria para longe e seria difícil de encontrar, assim como aconteceu com Nuerth Nakarin, mas...

Ele tinha acabado de perceber que a outra pessoa não estava voando sem rumo, mas que...

Ele só estava voltando para onde havia um lar aconchegante para ele.
As lágrimas que escorriam pelo seu rosto continuavam a rolar, Nan só conseguia chorar quando estava
sozinho, ele deixou o rosto cair naquele colchão velho e duro, seu cérebro só conseguia projetar imagens
daquele homem alto que tinha ido embora sem nenhum cuidado.

Nan só podia pensar que... eles dois costumavam se amar. Mesmo por um momento, ele chamou tudo o
que viveu de amor, se é que podiam chamar de amor. Ambos estavam unidos por seus corações, mas isso
era apenas uma pequena suposição criada em sua mente para se confortar.

Não... nada disso era amor, porque a dura verdade o esperava mais tarde. Ele só podia imaginar...

Será que poderia acreditar no amor verdadeiro?

Isso era algo que ele não deveria acreditar muito na época... amor verdadeiro.

Mueng Nan se levantou, silenciosamente enxugando as lágrimas pensando no passado uma e outra vez.
Ele sabia que seria difícil voltar e aceitar o fato de que estava sozinho, a partir daquele momento, sem
Nuerth Nakarin.

⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹

Mueng Nan estava com a mente traumatizada, não queria ficar pensando em mais nada, queria ir para
um lugar onde pudesse sorrir. Ele costumava ir à boate, onde ia sempre que queria chamar a atenção do
pai, mas agora sabia que era inútil, então continuou dirigindo até chegar a outro bar, estacionou e entrou
nele para se perder em meio a música e álcool.

O barulho ensurdecedor ressoou em seus ouvidos, o menino magro já estava bastante embriagado de
álcool desde sua chegada, ele caminhou entre as pessoas até a pista de dança arrastado pela multidão, mas
Nan sentiu que nada mais poderia prejudicá-lo, porque agora ele não tinha mais nada a perder. De repente,
no meio da pista de dança, ele parou com o olhar fixo.

"Ei, você veio sozinho?"

Seus olhos surpresos pareciam distantes, porque ele só podia ver Nuerth Nakarin.

"Ei, olá" continuou a dizer o estranho. Mas não havia indicação de que Nan estivesse interessado, ele só
conseguia se concentrar em um grupo de homens que estavam na área VIP.

"Nuerth..."

"Qual é o seu nome?"

"Nuerth Nakarin..."

"Seu nome é Nuerth Nakarin?"

"Meu nome é..." Não tinha acabado de se apresentar ao menino, mas Nan apenas decidiu continuar
andando em direção à área VIP, suas pernas dormentes, seu corpo tremia, mas ele só conseguia se dirigir
ao seu alvo, mesmo que sua visão estivesse embaçada.
Se Mueng Nan estivesse um pouco mais ciente, ele simplesmente pararia e olharia para aquele homem
alto à distância, mas não agora, não quando o poder do álcool controla sua mente. Ele escolheu jogar fora
todos os seus medos, tirar toda a coragem que ele jamais teve e aceitar os verdadeiros sentimentos de seu
coração.

"Quem é você...?"

Os amigos do grupo de Nuerth Nakarin se perguntavam quem era aquele garoto que ficara ali com os
olhos ardentes fixos em seu amigo.

O tipo de pessoas e o ambiente em que Nuerth Nakarin vivia agora era diferente, como se ele pertencesse
a um outro mundo, todos ali pertenciam à indústria da fotografia e eram arquitetos famosos, era claro que
eles estavam ligados à sua vida na Califórnia.

Seu lindo rosto também olhou para Nan, mas nenhuma palavra saiu de sua boca, como se estivessem em
uma batalha nervosa onde o perdedor seria o primeiro a saudar.

"Nuerth, eu quero falar com você."

”...”

Finalmente, foi Nan quem desistiu e entregou suas palavras de amor...

"Eu sei quem você realmente é. Quando descobri fiquei tão triste, estava com raiva de você, mas agora
não me importo, nada disso me importa. Não importa o que aconteça... você só precisa... voltar para mim
para começarmos de novo.”

Estas foram as palavras que saíram de sua garganta, enquanto as lágrimas escorriam por seu rosto. Não
apenas Nuerth Nakarin estava ouvindo, mas também seu grupo de amigos que estavam lá. Ninguém o
conhecia ou sabia de sua existência, apenas se perguntavam há quanto tempo se conheciam e como aquele
menino e Nuerth Nakarin estavam relacionados.

"Nuerth, você o conhece?" Um falou.

"Oh, por que não me parece familiar?" Disse outro.

"Eu o conheço," Nuerth finalmente respondeu, fazendo-o sentir-se aliviado, porque pelo menos naquela
noite ele não fingiu não conhecê-lo.

"Você quer se sentar com a gente?" Um dos amigos perguntou novamente.

"Não, não somos tão próximos."

Em uma fração de segundo, a angústia voltou ao corpo inteiro de Nan, assim que ele ouviu as palavras
duras de Nuerth Nakarin falando sem olhar para o rosto dele nem por um momento. Depois de um tempo,
ele levantou a cabeça para encontrar os olhos de Nan mais uma vez, reforçando o fato de que Nan estava
prestes a desmaiar.

"Nós nos conhecemos, mas não somos muito próximos."


A sensação de um coração partido era o único sentimento de Nan...

"Nuerth."

"Ele é apenas um Nong, não mais do que isso."

"Parece que ele veio te procurar, você não vai ficar com ele?"

Um homem lá sussurrou, mas Nan já tinha ouvido e isso o fez se sentir mais triste do que antes.

"Não", apenas uma resposta curta.

"Então, posso pegar para mim?"

"Se você se permite fazer algo, faça", foram as palavras duras que Nuerth respondeu.

"Ah... eu só vim dizer olá, eu vou primeiro, peço desculpas pela minha falta de educação." Nan abaixou
um pouco a cabeça antes de se virar em péssimo estado.

Ficou completamente arrasado, porque, embora queira, não pode ficar e conversar, não poderia ser assim.
A pessoa que ficou para trás era o rosto bonito que ele conhecia, mas não era quem ele conhecia, por isso
se sentia muito magoado, não fisicamente, mas mentalmente.

Ele deveria saber desde o momento em que o homem alto disse que ele era apenas um conhecido, mas
seu cérebro não entendeu. No final, ele foi apenas ferido e abandonado por aquela pessoa.

Nan não pensou em Kantitat, porque se ele pudesse voltar no tempo, ele ainda teria escolhido se afastar
dele. Ele não sentia falta de seu pai, não sentia falta de sua mãe e irmã, não pensava em seus amigos, como
Satthaya por exemplo, ele só conseguia pensar e sentir falta de Nuerth Nakarin, o único homem que o fez
chorar até a morte.

Em meio ao clima alegre do clube, entre centenas de pessoas, ele largou o corpo em uma poltrona,
levantando as duas mãos para cobrir o rosto e chorou baixinho, chorou até as lágrimas acabarem e então
ele só bebeu...

Bebeu para esquecer a dor no coração, embora soubesse que seria apenas uma felicidade emprestada,
pois na manhã seguinte teria que continuar sentindo a dor como de costume.

Mueng Nan sentiu como se fosse um adolescente novamente, pois suas emoções prevaleceram sobre a
razão, ele estava sendo muito estúpido e inconsciente. Por muito tempo ficou ali sentado, várias pessoas
vieram cumprimentá-lo mas ele só conseguia pensar em satisfazer a necessidade de beber, não pensar em
nada e não falar com ninguém.

De repente...

Os lábios sensuais e o gosto alcoólico de alguém que ele nunca conheceu, esmagaram seu lábio triste e
machucado, beijando-o sem parar. Foi um beijo forte e apaixonado que começou a descer da boca até o
pescoço, fazendo-o tremer.
Pode ser por causa da grande dor que ele sentiu ou por causa do excesso de álcool, mas Nan estava prestes
a fazer algo errado.

"Vamos lá."

"..."

"Ei!! Você pode me ter, ou você não quer continuar com isso?"

Não houve resposta da boca do estranho, a única coisa que Nan ainda sentia enquanto estava consciente
era que seu corpo era inútil demais para ser apreciado, apenas adequado para ser drenado e usado
repetidamente até ficar satisfeito. Mas mesmo assim, ele estava determinado que tudo acontecesse. Como
já se sentia despedaçado, só assim seria completamente destruído.

O corpo de Nan cambaleou seguindo alguém no clube sem nem saber para onde o estava levando ou o
destino que aguardava seu coração partido, ele só sabia que naquele momento estava completamente
bêbado, com dor, com o coração partido e a única coisa que podia ajudar a esquecer era dormir com outra
pessoa.

Não havia palavras que o estranho quisesse lhe dar, ninguém disse nada, talvez Nan fosse apenas alguém
que eles deveriam usar, seu corpo magro estava apoiado em uma cama macia, olhando para a pessoa à sua
frente - para o estranho que ele havia seguido - enquanto tudo estava embaçado.

Ele não queria pensar em nada, mas se alguém quisesse ter um relacionamento a partir de agora, ele
facilitaria para eles. Sentia que nada mais valia a pena e que ele não valia nada, por isso ele havia sido
rejeitado pelo seu grande amor e a única coisa que ele tinha para oferecer a outras pessoas era apenas seu
corpo.

Botão após botão foram suavemente desabotoados, antes que a camisa fina fosse facilmente removida
de seu corpo branco e frágil. Nan se sentiu um pouco desconfortável ao ser observada por alguém que
nunca tinha visto antes, mas ele decidiu que seria assim de agora em diante. Seu jeans caro foi tirado de
suas pernas brancas, o que não foi difícil, já que ele não estava oferecendo qualquer tipo de resistência.
Nan decidiu ficar quieta, permitindo que a outra pessoa agisse como quisesse.

O corpo de Nan estava nu, seus olhos fitavam as luzes do teto, deixando cair gotas de lágrimas que
escorriam dos cantos dos olhos. A língua quente do desconhecido descia lentamente pelas pernas dela,
chegando até as coxas, enquanto suas orelhas umedeciam, talvez por causa das lágrimas que não paravam
de escorrer.

Tristeza... talvez fosse o único sentimento no momento, mas ele não podia mais voltar no tempo.

"Você quer estar com outra pessoa?"

Ele fechou os olhos com força, como se não quisesse saber de nada.

“...”

"Você pode continuar, eu não me importo."


O homem em cima dele não respondeu, apenas se inclinou para beijá-lo, enxugando as lágrimas de ambas
as bochechas antes de deslizar para os pequenos lábios que ele queria possuir, ele gentilmente deu um
beijo e com a língua encontrou a doçura dentro da boca dele, porém, a ponta da língua tinha apenas gosto
de álcool.

"Hmmm huh ooh"

O som de gemidos dentro daquela sala não era cheio de alegria como deveria ser, havia apenas tristeza
neles porque havia alguém chorando como uma criancinha.

Ambas as línguas se uniram dentro da boca, arrastando-se de um lugar para outro lá dentro, antes que o
menino desconhecido virasse levemente o rosto para ter melhor acesso.

Nan estremeceu um pouco, mas o ato não dava sinais de parar, pelo contrário, para seguir em frente.

Medo...

Mueng Nan estava com medo, isso não o confortava, embora ele soubesse que era uma noite entre ele e
um estranho.

O corpo alto e grande do estranho controlava muito bem o ritmo da respiração em comparação a Nan,
pois raramente mostrava sinais de luxúria e sede em seu corpo. Ele só entregava beijos nos lábios, nas
orelhas, no pescoço ou até no peito, que era duro deixando algumas marcas rosadas, mesmo com a barriga
lisa.

Mueng Nan estava fora de si, todos os pensamentos dispersos em direções diferentes, ele só podia ver o
rosto de Nuerth Nakarin até a manhã seguinte, onde muitas coisas seriam dolorosas.

Ele queria agradecer aquela pessoa que uma vez entrou em sua vida, fazendo ele se aceitar e se amar
completamente.

Queria agradecê-lo por lhe dar um pouco de esperança uma vez, graças a alguém como ele pelo menos
assim... Nan poderia voar com Nuerth mesmo que fosse apenas em seus sonhos.

Os lábios daquele homem continuam a beijá-lo, até os cantos internos mais profundos e sensíveis de suas
coxas, bem perto de sua área especial fazendo Mueng Nan tremer, quando foi emboscado pela boca do
estranho, movendo-se suavemente para que então esses mesmos lábios assumissem o controle total de
seu corpo. As mãos de Nan apertaram os lençóis enquanto ele mordia os lábios até sangrar, mas sem fazer
nenhum som, ele apenas contorcia o rosto, abafando todos os tipos de ruídos que poderia fazer em algum
momento.

O relaxamento abdominal foi o resultado. O desconforto virou uma emoção e ele parecia incapaz de
controlar o próprio corpo, os dez dedos dos pés enrolados apertando os lençóis daquele colchão macio,
para depois derramar o líquido efervescente até manchar o próprio corpo quando finalmente atingiu o
clímax. Nesse momento, o outro menino engoliu o líquido que fazia parte dele sem nojo.

Mueng Nan estava respirando pesadamente, seus olhos estavam embaçados tanto quanto suas pernas
trêmulas estavam separadas por uma mão grossa, mas em seu coração ele só podia chorar por tudo isso.
Ele tinha Kantitat mas o abandonou para finalmente acabar com alguém que ele não sabia quem era, não
tendo certeza se eles virariam outra coisa.

Ele se sentiu magoado por não ter valor...

Doia-lhe ser uma pessoa inútil, suas ações reforçam esse pensamento e a razão pela qual ele não era o
certo para Nuerth Nakarin.

"Aah... Aaaaa" sua voz era doce, mas seu corpo havia sido emboscado com um membro quente
impiedosamente, a dor parecia destruir seu corpo fazendo com que Nan abrisse a boca e emitisse uma
série de gemidos sem parar. O estranho penetrou em seu canal apertado com muita dificuldade, ele era
tão quente que parecia conseguir se liberar a qualquer momento, quanto mais acenava com a cabeça,
maior a demanda...

"Ai!" Nan gritou assim que o enorme membro foi inserido até a ponta, fazendo com que a pessoa parasse
para permitir que o menino respirasse e relaxasse antes de se inclinar e beijar seus lábios inserindo sua
língua para fazer com que o outro esquecesse a dor rapidamente.

Foi assim que ele percebeu que a mente da outra pessoa estava em branco, ele entrou e saiu devagar sem
parar, fazendo com que os gritos dolorosos de Nan ecoassem por toda a sala.

Ouvia-se o som dos corpos colidindo entre si, os gemidos provocados pelos beijos levavam o corpo do
menor a se mover para cima e para baixo continuamente, fazendo-o sentir espasmos que se espalhavam
por todo o abdômen, até que finalmente ambos chegaram ao clímax.

Grandes gotas de suor se infiltraram em seu corpo e rosto. O menino parou de beijá-lo antes de mover a
mão e empurrar seu corpo para acomodá-lo ao lado de uma maneira chocante, mas carinhosa. Mueng Nan
não sabe de mais nada, só sabe que está magoado demais para pensar naquela pessoa.

"Nuerth..."

Mas ele faz exatamente o contrário, tentou não pensar em Nuerth Nakarin, mas chamou a outra pessoa
por esse nome sem perceber.

"Obrigada..."

“...”

"Eu...eu..."

Ele desmaiou, sem saber se era por causa do álcool ou da dor que ainda não conseguia suportar. Fazer
sexo com alguém em sua mente pode ser uma boa resposta, mas na realidade ele deixou seu corpo sujo de
novo e de novo. Ele só esperava que um dia pudesse deixar tudo para trás e viver plenamente consigo
mesmo...

⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹
Na manhã seguinte, Nan acordou com a luz do sol refletindo em seus olhos, tornando difícil para ele
continuar dormindo, a dor se espalhando por todo o seu corpo, mas ele tentou se endireitar e sentar para
tentar se lembrar do que havia acontecido.

O quarto em que ele estava ficava em um condomínio de luxo. Os móveis e até os itens pessoais pareciam
muito caros, mas isso não importava...

Seu corpo ainda estava desnudo, apenas lembrava da pessoa com a que havia tido sexo, mas não estava
arrependido. Conseguiu colocar seus pés fora da cama, e, mesmo sentindo bastante dor na parte de trás
do seu corpo, conseguiu se agachar para recolher suas roupas jogadas no chão e colocá-la.

Quem era essa pessoa?

Mueng Nan não queria saber, queria deixar passar como se nada tivesse acontecido. Com muito cuidado,
ele foi até a porta tentando fazer o mínimo de barulho possível, mas se chocou com uma figura alta que
estava de pé bem na sala de estar. Seus olhos redondos olhando de cima a baixo para a pessoa à sua frente,
que usava apenas um short confortável. Sua pele era clara e arrumada, chamando a atenção para o rosto
doce de Nan que olhava diretamente para o outro.

"Você?", a voz era doce e trêmula disse quando viu o verdadeiro rosto da outra pessoa.

"Você está acordado?"

"...!!"

"Você vai voltar, certo? Eu vou te dar algum dinheiro para o táxi de volta."

"Não precisa, não se preocupe, eu não me vendi, foi tudo de graça."

“...”

"Você deve sentir muita pena de mim. Na verdade, não precisa ser assim, traga seus amigos para
completar o grupo, será mais divertido assim."

"Eu não quero te machucar mais", ele respondeu calmamente, o garoto soltou um longo suspiro.

"De jeito nenhum não vai doer, dormimos juntos, fizemos sexo, mas agora você diz que tudo vai ficar bem,
isso é uma lógica muito doentia, seria melhor... muito melhor se eu apenas transasse com outra pessoa e
não você, porque você me abandonou. Por que você fez sexo comigo Nuerth Nakarin?"

Claro, Nan não esperava que fosse por amor, mas ele só queria que ele entendesse o quão mal ele se
sentia. O que Nuerth Nakarin tinha feito? Como ele chamava isso exatamente?

"Eu prometi que você estaria seguro se eu estivesse lá."

O significado desta frase era que se ele tivesse que continuar vendo o futuro de Nan, se ele tivesse que
continuar encontrando com ele, no final, não poderia se fazer de cego, surdo e egoísta. Assim como na
noite anterior, ele não suportaria ver Nan com outras pessoas, não poderia lidar com Nan indo para a cama
com qualquer estranho...
Se não estivesse lá...

Se ele não estivesse lá...

Seria melhor...

"Você me prometeu também, você disse..." ele não terminou a frase porque Nuerth interveio primeiro...

"Não se preocupe comigo... Se um dia você amar alguém mais do que a mim, apenas escolha-o. Não se
preocupe com a nossa promessa. Não escolha cumpri-la."

"Sabia que você é muito cruel? Você voltou para a minha vida mesmo tendo optado por não voltar por
um longo tempo. Você se tornou alguém que podia me escutar, veio me dizer que me amava, me fez sentir
sua falta e esperar por você até quase enlouquecer. Sabia que o relógio da minha vida desacelera esperando
por você? Tão lento que parece ter parado de se mover desde o dia em que você partiu. Não pude fazer
nada além de esperar e esperar que um dia nos encontraríamos novamente."

“...”

"Mas hoje você não cumpriu tudo o que você disse. Você pode apenas apagar suas palavras, dizer que
somos irmãos, se estiver tudo bem eu prefiro que você diga. Basta construir grandes muros entre nós, mas
eles acabarão por desmoronar no final, porque que tipo de irmãos dormiriam juntos? Que tipo de irmãos
se beijariam apaixonadamente? Para onde foram seus sentimentos? Os sentimentos de um homem que
me amou não importa o quão longe estivesse... "

"..."

"Ou então... Você voltou para se vingar, certo? Por causa do quão mal eu sempre tratei você e sua mãe.
Porque se for esse o caso, você conseguiu, porque tudo que você fez comigo dói muito mais Nuerth
Nakarin."

Nan, soluçando e chorando a ponto de parecer ter parado de respirar por um momento, caiu no chão, se
desfazendo. Tudo isso doeu tanto em seu corpo quanto em seu coração, a ponto de não saber como ele
poderia superar tudo isso. Se em algum momento de sua vida futura ele poderia se curar.

"Não posso Nuerth?"

“...”

"Nós...podemos viver juntos um pouco mais, pelo pouco tempo que você sentir pena de mim" disse uma
voz leve e cheia de dor. Então, Nuerth teve que dobrar os joelhos, aproximar-se do menino que estava
deitado no chão daquele quarto chorando para encará-lo, olhando fixamente em seus olhos que estavam
inchados e machucados de tanto chorar.

"Não, estamos sendo muito gananciosos."

"Vamos ser um pouco mais."

"Você ainda tem esperança?"


"Sim, eu tenho, eu acredito profundamente que nós podemos ir juntos. Você não pode apenas fingir?
Finja e fique comigo um pouco mais, minta para mim dizendo que me ama por mais um pouco, posso pedir
isso?"

"Algum dia eu vou ter que ir. Por que você quer se enganar?"

"Eu sou apenas uma pessoa egoísta..."

”...”

"...que quer ter um último momento de felicidade...com você."

⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹

Não era tão estranho que a vida de Nuerth Nakarin tivesse que passar de uma casa velha para um lindo
condomínio de luxo, ele admite para si mesmo.

Toda vez que ele some da vida de Nan com certeza é porque está viajando, mas era só por pouco tempo,
indo de norte a sul, porém ele viajava muito mais de avião do que em ônibus antigos, já que só fazia isso
nas férias.

De volta das férias, muitas vezes ele começava a projetar e supervisionar a construção de casas com
muitos engenheiros. É claro, Nuerth não podia negar que esse havia sido o motivo de seu retorno à
Tailândia, mas com a vida que levava, ele não pretendia enganar ninguém. Nuerth Nakarin só queria se
sustentar vivendo sem seu pai adotivo apoiando-o, mas também queria testar até onde poderia chegar seu
imenso amor por Nan.

No final, tudo acabou sendo um desastre quando a outra parte escolheu outra pessoa, a noite em que
eles se separaram e em que Nan havia escolhido seu médico. Naquela noite, seu coração estava
completamente partido.

A crença de que o amor verdadeiro realmente existia tornou-se um truque que só existe em contos de
fadas. Não, o amor é inesperado, todo mundo sempre escolhe ser racional e Nan não foi diferente. Ele tinha
feito isso, naquela noite ele escolheu a razão ao invés de seu coração. É por isso que ele simplesmente teve
que desistir e voltar a ser o popular Nuerth Nakarin da Califórnia novamente.

Nuerth e Nan não sabem quanto tempo podem ficar juntos, talvez apenas três dias ou no máximo uma
semana... ele acha que vai demorar muito mais do que seu coração pode aguentar.

Nuerth, todos os dias levava Nan para a faculdade e depois o pegava, como se fossem um casal feliz. Há
alguns amigos que Nan apresentou a Nuerth, enquanto Nuerth Nakarin mostrava uma expressão
preocupada e ciumenta no rosto.

Pee e Satthaya já conheceram o irmão de Nan, todos o conheciam assim, como um irmão. Mas Nan, em
seu coração, teria preferido dizer que eles eram amantes para que todos soubessem.

Assim como naquela noite... a noite do encerramento da atividade, quando Nan recebeu um convite de
Attapol. Tudo parecia bem, parecia que seu amigo Mork ainda tentava progredir em seu flerte. Pee optou
por falar com Nan, que embora inicialmente se recusasse, eventualmente concordou e o seguiu para
conversar até um ponto longe das luzes e da música.

"O que você quer me dizer Pee?", disse a voz doce iniciando a conversa.

"Sim...Sim...eu..."

"Fique calmo, Pee" Nan sabia o que o menino queria dizer.

"Eu gosto de você Nan."

”...”

"Gosto de você há muito tempo, gosto de você há um ano, mas nunca fiz nada até esse momento, em que
só ouso dizer diretamente porque acho que você deveria saber antes de..."

"Antes de quê? Pee?"

"Antes que pertença a outra pessoa."

Eu já pertenço a outra pessoa a um longo tempo... é tudo em que Mueng Nan pensa. Ele pode não valer
o suficiente para ninguém, mas ele não se tornou uma pessoa ruim, então ele apenas rejeitou friamente o
amor da outra parte. Alguém que gosta dele só sentirá a dor porque não receberá nenhuma resposta dele.
Ele é uma pessoa que não pertence a mais ninguém porque está preso a Nuerth Nakarin, mesmo que não
seja certo.

"Não, Pee, você não tem medo de que eu pertença a outra pessoa."

Mueng Nan sabia, aos olhos dessa pessoa já não era mais tão atraente, mas haveria alguém para
influenciar isso?

"Acho que você está com medo de que alguém destrua seus sentimentos por mim."

"..."

"Você só tem medo de amar alguém além de mim."

“...”

"Já tenho alguém de quem gosto, mas mesmo que não tivesse, sei que esse sentimento que você tem não
é por mim..."

...Ele amava Nuerth, essa era a única resposta agora e estava convencido de que seria sua resposta para
sempre. O amor de um garotinho não podia mais mudar, só ficaria mais forte com o tempo. Esse sentimento
que ele teve por essa pessoa nunca desapareceu, o que significava que Mueng Nan havia se apaixonado
por Nuerth Nakarin, alguém que havia sido seu irmão no passado e continuaria sendo no futuro.

"Como você sabe? Você descobriu por si mesmo?"

"..."
"Eu apenas pensei por mim mesmo, mas se você realmente gostasse de mim, você teria feito até o
impossível para se aproximar de mim. Você iria querer falar comigo, gostaria de se intrometer e me
incomodar na minha vida. Você faria qualquer coisa que fosse preciso para se envolver comigo e percebi
que você não tentou fazer tudo isso como..."

Seus olhos grandes olhavam para o sorriso da pessoa oposta. Ele sempre soube, mas não conseguira
receber aquele amor precioso.

"Satthaya..."

⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹

Desde que Nuerth Nakarin voltou para sua vida, seus sentimentos mudaram. Nan não voltava mais para
casa com Att, em vez disso, era Nuerth quem ia buscá-lo, dirigindo todos os dias para esperá-lo por 10
minutos até que suas aulas terminassem. Eles moravam juntos naquela casa velha. Infelizmente, a velha
motocicleta Vespa não estava lá, havia apenas um Audi de luxo estacionado em frente à casa.

Nan saiu do banheiro vestindo um pijama branco, na cabeça estava uma toalha branca colocada
casualmente porque ele não pretendia secar o cabelo. Seus pés caminham em direção ao homem alto que
estava ocupado desenhando algo que ele não podia ver, mas ainda assim, Mueng Nan escolheu sentar-se
calmamente ao lado dele.

Nuerth virou-se para olhar seu rosto doce por um momento, sorrindo ao ver o mais novo.

"Seque o cabelo" Um par de olhos encontrou o outro, apontando para a toalha branca em sua cabeça.

"Por que eu deveria fazer isso?" disse Nan.

Ele tinha esquecido... Nuerth tinha esquecido que ele deveria fingir que o amava.

"Porque se você não secar, pode pegar um resfriado e ter febre à noite, e então não vai conseguir dormir."

”...”

"Você sabia que pode ficar doente?"

Ele se virou para pegar a toalha sobre a cabeça de Nan, que estava com o cabelo levemente úmido para
secar.

"Eu não sei, eu quero ficar doente para que você possa cuidar de mim. Eu só quero que alguém cuide de
mim", admite Mueng Nan.

Nan estava apaixonado pelo calor dos três dias que passara com Nuerth Nakarin. Estava tão feliz que
esperava egoisticamente que o céu simpatizasse um pouco mais com eles, embora soubesse que em algum
momento perderia a cabeça.

"Faz frio?" uma voz profunda perguntou.

"Sim."
"Esse abraço vai te aquecer?" Ele o jogou para o seu lado. Antes de abraçar o corpo do menino menor em
seu peito com seus braços fortes.

"Sim, está muito quente", disse Nan.

"Você está feliz?"

"O melhor do mundo."

Mueng Nan sentiu que não era suficiente. Ele ainda queria mais, continuou querendo o infinito e esqueceu
de tudo, esquecendo a verdade sobre Nuerth que estava escondida, esquecendo as más ações, esquecendo
até mesmo a sensação de que o estava traindo naquele momento e não sentia mais nada por ele. Tudo por
uma única frase...

'Um momento de felicidade.'

"Obrigado. Mesmo que você esteja apenas mentindo, estou muito feliz."

As lágrimas escorriam facilmente por seu rosto. Nan apressadamente jogou o rosto contra o peito forte
da outra pessoa para esconder sua fraqueza.

"Estamos fazendo isso há três dias."

"Você pode ficar mais um pouco? Pelo menos deixe-me me preparar para a verdade. Então... você pode
ir... encontrar o seu céu."

"Nan"

"Eu preciso de um pouco mais de tempo. Mais uma semana."

O menino olhou para aquele rosto lindo tentando alcançar seus lábios para beijá-lo, mesmo no meio do
choro, mesmo no abraço fracassado, mas aquele coração estava frio.

"Te amo."

A palma grossa afastou a figura esguia para encará-la. Sem que seus lábios nem mesmo se tocassem.

"Nan!"

"Eu te amo tanto... acho que podemos ficar juntos. Se continuarmos assim podemos ser felizes, porque
quando fecho os olhos à noite, percebo que não posso viver sem você."

"Nan... chega!"

“...”

"Chega, pare de se enganar."

Ele sabia disso naquele momento...

Mentir era menos doloroso do que dizer a verdade…


CAPÍTULO 08: “No mais profundo e escuro”

"...O amor que guardamos em nosso coração pela pessoa que não nos ama é também um sofrimento
guardado nele..."

A mente e Nan lhe dizia que já era o suficiente, seus lábios continuavam dizendo que era o suficiente, e
não parou desde o momento em que se afastou de Nuerth Nakarin, talvez tentando escapar do que havia
perseguido durante toda a sua vida.

Talvez era por que estivesse cansado, pois aos vinte anos não aguentava mais tanto sofrimento, mas
Mueng Nan continuou chamando todas as suas ações de "esforço", embora no fundo soubesse que era
apenas "desespero."

Nan sabia que o amor entre ele e Nuerth Nakarin nunca poderia se tornar realidade. Eles nunca se
encontrariam novamente e nunca realizariam seus sonhos, mas não havia como fazer seu coração entender
para que ele começasse a aceitá-lo. Assim, em vez de sofrer no processo de aceitação da realidade, optou
por tentar fugir até a última instância.

Ele não consegue entender...

Ele só queria amar, amar de uma maneira normal, como qualquer um pode amar o outro. Ele queria estar
ao seu lado, tanto em seus sucessos quanto em seus fracassos. Ele só queria estar com aquela pessoa... sua
pessoa especial...

Seu desejo mais profundo era ter a possibilidade de fazer parte da vida daquela outra pessoa a cada
minuto de seus dias. Ele ainda pensava nas milhares de coisas que poderiam fazer juntos, embora soubesse
que Nuerth Nakarin não as aceitaria. Talvez suas expectativas fossem muito altas...

Mesmo sabendo que suas esperanças eram muito altas, ele continuou esperando, então se sentiu cansado
e desanimado, pois o caminho que ele queria trilhar com Nuerth era muito difícil de prever, talvez eles não
morassem juntos nesse caminho, ou simplesmente...

Mueng Nan teria que percorrer esse caminho sozinho, derramando muitas lágrimas, sem ninguém ao seu
lado para lhe dar conforto.

Os dias que ele viveu com Nuerth foram três dias lindos e tristes. Todas as noites, quando as luzes se
apagavam naquele quarto daquela casa velha, Nan ia direto para aquela cama grande, mesmo sendo bem
dura ele nunca sentiu desconforto, só podia se sentir feliz por estar com sua pessoa especial, feliz por poder
abraçá-lo, feliz por não dormir e apenas admirar seu lindo rosto, sentindo o aroma de sua pele, tocando
sua pele macia...

Mas em seu coração ele só podia rezar para que no dia seguinte...

Nuerth Nakarin estivesse ao seu lado.


⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹

Chegou o momento em que Nan teve que voltar para seu próprio quarto em sua casa grande, depois de
mal dormir à noite, imaginando se tudo o que ele viveu com Nuerth naquele dia era real ou simplesmente
nunca aconteceu. Ele acordou de manhã coberto com uma sensação sombria de melancolia. Deitado na
cama, ele se virava de um lado para o outro sem querer pensar em nada, já que estava pronto para começar
uma nova rotina de seus dias solitários, com a sensação de sempre...

Sentindo solitário...

...Se seu destino era apenas uma piada, por que ele não estava rindo?

Toc Toc

Ele ficou surpreso com o som da batida na porta que ouviu, Nan apenas permaneceu em silêncio dentro
de seu quarto, não querendo reagir, ele ainda estava deitado virando de um lado para o outro, abraçando-
se junto com sua solidão.

Toc Toc

Toc Toc

"Nan! Você não vai para a faculdade?" A voz de seu pai, que nunca cuidou dele desde a infância, ecoou do
lado de fora.

Seus pequenos lábios apenas sorriram, sentindo pena de si mesmo, tapou os ouvidos e fechou os olhos
com força, não queria saber de nada do que estava acontecendo ao seu redor, apenas ficou deitado na
cama sem se mexer, com o firme desejo de que seu pai perdesse a paciência e fosse embora.

Mueng Nan se considerava um filho ruim, mas considerando que nunca teve o amor de um pai, sentiu que
não precisava obedecer a nenhuma instrução daquela pessoa...

Quando seu pai se retirou, Nan levantou-se da cama, conseguiu ficar diante das grandes janelas de seu
quarto e observou que uma nova manhã definitivamente havia chegado.

O segundo dia depois de deixar Nuerth Nakarin...

Satthaya, o amigo mais próximo de Mueng Nan, ligou para ele para saber o que ele estava fazendo. Ele
estava muito preocupado, pois ele não tinha aparecido para a aula de química analítica, mas não recebeu
nenhuma resposta de Nan...

Ele simplesmente faltou o dia inteiro para sonhar com o impossível e permanecer naquele lindo sonho por
algum tempo.

Ele sentia que não sabia o que era felicidade, pois desde o início ele só aprendera a odiar, seu coração
estava inundado apenas de pensamentos negativos, ele teve muitos poucos momentos felizes.

Mueng Nan estava ciente de que nunca havia sido feliz, nunca havia sorrido com sinceridade em sua vida,
e mesmo quando estava apaixonado, só conseguia machucar a outra pessoa.
Ele não sabia como encontrar a felicidade, até o dia em que Nuerth voltou e começou a passar um tempo
com ele.

É por isso que a única felicidade que podia sentir era apenas se deitar e sonhar... Como em seus sonhos
tudo era possível, ele podia fazer tudo o que pensava, tudo o que o mundo e a vida lhe negavam poderia
acontecer.

Nan sonhava em sentir um pouco de felicidade, sabendo que essa era a única maneira de sorrir. Já que,
em seus sonhos, Nuerth Nakarin estava ao seu lado, caminhando juntos de mãos dadas e sem soltar. Nesses
sonhos ninguém abandonaria ninguém. Mesmo que andasse descalço por caminhos espinhosos nunca
sentiria a menor dor.

"Deixe-me sonhar um pouco mais", ele disse para si mesmo com uma voz doce antes de ir para a cama
como de costume.

Desconectando-se de tudo na terra, ele passava cada segundo em seu mundo de fantasia, no qual ainda
era feliz.

Ele não sabia por quanto tempo continuaria assim... talvez estivesse esperando acordar e perder a noção
da realidade... Ele estava no mundo real ou no mundo dos sonhos?

Não sentiu fome, sede, frio ou calor, ele apenas continuou dormindo. Por causa de um som alto emitido
do lado de fora, acordou aos poucos, tendo então que sair da cama, caminhar em direção à porta e abri-la
alguns centímetros para ver o que estava acontecendo lá fora.

Nan queria saber o que estava acontecendo para poder voltar para a cama e deitar de novo.

Tentando ouvir o que estava acontecendo, ele só ouvia gritos e mais gritos. As pessoas do lado de fora
estavam em uma forte discussão, era isso que o impedia de voltar ao seu grande e perfeito sonho…

Eram sua mãe e seu pai...

Ele lembrou que sua mãe e irmã viajaram para Hong Kong e ficariam lá por cerca de uma semana. Mas
por que elas voltaram antes do planejado?

As vozes daquela discussão silenciaram antes que ambos entrassem no quarto principal, que ficava na
frente do quarto de Nan. O som de fechar da porta foi ouvido alto, fazendo com que o corpo magro de Nan
se assustasse, mas isso não a impediu de continuar com a porta aberta para tentar ouvir o que estava
acontecendo no outro quarto. Estava tudo muito estranho, seus pais nunca discutiam, então isso foi o que
mais chamou sua atenção para continuar ouvindo.

Nunca, desde que ele podia se lembrar, eles discutiram...

Nunca... nem mesmo quando a mãe de Nakarin estava na mesma casa.

Naquela época, ele não conseguia deixar de pensar que sua mãe teve que ceder, então ele se perguntava...
Por que ela nunca retaliou e recuperou seus direitos como esposa?
Ele odiava seu pai porque ele usava o poder sobre sua mãe. Ao mesmo tempo, ele não estava feliz com
sua mãe pelo fato de ela se recusar a retaliar o pai e buscar justiça.

Então ele começou a ouvir a voz de sua mãe...

"Por que Nan não foi para a faculdade?"

"..."

"Hã? Como você pôde deixá-lo... ficar no quarto o tempo todo?" A voz tremia, como se aquela pessoa
estivesse angustiada e com uma dor profunda lá no fundo de seu ser.

Depois de um tempo o pai respondeu.

"Ele simplesmente escolheu não sair. Por que eu tenho que perder meu tempo com uma criança
autoindulgente como Nan?"

As mãos de Nan apertou seu punho, ele sabia com certeza que o amor que ele esperava de seu pai nunca
iria acontecer. Mesmo chamar sua atenção nunca funcionou, simplesmente porque ele não se importava.

"Mas ele nem comeu. Você não está preocupado com seu filho?", a mãe respondeu.

"Ele já se preocupou comigo? Mesmo que eu esteja sempre falando com ele, ele nunca me ouve", o pai
continuou defendendo sua posição.

"Ele ainda é jovem."

"Sim! Ele é um menino que não sabe o que deve ou não amar em seu coração, que se recusa a comer, que
se recusa a ir para a universidade por causa de seu amor estúpido."

Os olhos de Nan reviraram assim que o nome da outra pessoa foi insinuado. A coisa mais estranha sobre
toda a situação era que sua mãe sabia... apesar de Mueng Nan nunca ter contado a ela sobre isso.

"Como eu te disse, ele ainda é jovem, ele não sabe como controlar suas emoções."

"Você está do lado dele?", o pai de Nan continuou a questionar.

"Por favor, dê uma chance ao seu filho, pare de dar desculpas e ame-o, talvez se você mostrar
preocupação, isso fará Nan entender."

”...”

Não houve mais réplicas de seu pai. Apenas os gritos de sua mãe podiam ser ouvidos.

"Ele é seu filho... Ele é nosso filho... Então..."

Uma pergunta dos lábios do pai de Nan ecoou pela sala.

"Você pode dizer com certeza que é meu filho?"


A próxima pergunta surgiu rapidamente, enquanto a mãe de Nan ainda não terminava sua frase. O corpo
de Nan tremia como se seus ouvidos não quisessem mais ouvir, sentindo como se tivesse acabado de
acordar de um grande pesadelo...

"Como tem certeza que é nosso filho, quando você nem mesmo sabe? Quando a mãe de Nuerth Nakarin
entrou nesta casa, com quem você estava se envolvendo naquela época? Não era aquele motorista que
morreu há alguns anos? Então, como você espera mesmo que eu o ame?"

”...”

"O quanto seu filho arruinou minha vida? Ele fez Nuerth Nakarin ter que ir embora junto da pessoa que
eu mais amava, então eu tive que ouvir e aceitar que ela havia se casado com outra pessoa."

O mundo de Nan estava girando, sua figura esguia quase desabou no chão, mas ele ainda tentava ficar no
mesmo lugar, tentava continuar ouvindo tudo. Lágrimas escorriam de seus olhos incontrolavelmente, o
coração de Nan já estava partido antes, mas quando ele ouviu essa verdade que havia sido revelada
anteriormente, seu coração doeu como se mil facas afiadas estivessem enterradas nele.

Talvez... Talvez este fosse o mundo de fantasia do qual ele ainda não tinha acordado.

"Se o legado da família não existisse, você acha que eu ficaria? Você acha que eu quero sentar na mesa da
família com o filho de outra pessoa? Está louca! Claro que eu iria com Nakarin e não ficaria aqui cuidando
do filho do motorista."

”...”

"Na verdade, eu quero que Nan tenha uma família e construa seu futuro com alguém, mas eu nunca
poderia aceitar essa pessoa sendo Nuerth Nakarin. Sim! Eles não são da mesma linhagem, mas eu não posso
aceitar o sangue-ruim de Mueng Nan!"

Puaaakkkk!!

O som de alguns objetos sendo jogados no chão soou. A discussão ficou mais alta e Mueng Nan desabou
chorando na frente da porta sem que ninguém percebesse.

"Huh... Huh... Ooh"

Enquanto chorava, ficava pensando que era apenas um filho ilegítimo, que há vinte anos vem usurpando
o lugar de outra pessoa naquela casa, simplesmente não é filho de ninguém...

Seus pensamentos foram interrompidos pela resposta de sua mãe.

"Isso é tudo graças a você. Se você não tivesse trazido sua amante para pisar no orgulho da família, se
você tivesse cuidado um pouco mais de mim do que de Narin, as coisas não teriam acontecido assim e Nan
seria seu filho."

A única coisa que Nan entendia era que sua vida havia surgido da ironia...

"Podemos voltar no tempo e impedi-la de mexer com aquele cara?"


"Se você tivesse me amado um pouco, as coisas não teriam terminado assim. Por que você se casou
comigo? Por que você entrou na minha vida??!!", sua mãe alegou.

"Huh ooo" Nan não conseguiu se recuperar dessa situação complicada, ele ficou ali sentado de joelhos
chorando na frente da sala no meio da discussão dos pais.

"Nan..."

"Phi..."

"Volte para o quarto."

"Eu, eu..."

"Ok, volte para o seu quarto primeiro e vamos conversar depois", disse sua irmã mais velha antes de puxar
o pulso do irmãozinho para se levantar do chão. Embora Nan estivesse tentando, ele estava prestes a
desmaiar no meio desse pesadelo.

"Eu não quero... eu não quero mais ficar aqui."

"Nan volte para o seu quarto, eu disse que conversamos mais tarde."

Agora ninguém tem condições de falar.

Essa família nunca foi completa, só estava cheia de sofrimento.

Nan concordou em seguir as ordens de sua irmã, levando seu corpo de volta para o quarto. Ele estava
deitado na cama chorando, mas não importava quantas lágrimas caíssem de seus olhos, isso não mudaria
a verdade de qualquer maneira...

O fato de ele não ser filho de seu pai...

Ele passou a vida tentando ser apreciado e amado por aquela pessoa. Já havia perdido as contas de
quantas vezes havia tentado, mas todos os seus esforços sempre foram em vão. Nan se deixou perder, ele
acabou de se convencer de que não era ninguém na vida... sentado ali sozinho em seu quarto sem Nuerth
Nakarin, sem família para abraçar, ele não tinha nada...

Ele apenas continuou chorando...

O único que Mueng Nan sabe agora é que caminhar descalço era tão doloroso quanto ser rasgado por um
caco de vidro afiado...

(Nota: Nan compara a dor que sente ao estar só com a dor de ser ferido por vidros afiados)

Sua dor era tanta que ele se machucou com seus próprios pensamentos...

Nan não podia mais ficar naquela casa, ele colocou alguns de seus pertences na bolsa e saiu de casa às
escondidas à noite, enquanto as pessoas da casa faziam suas tarefas habituais, sem prestar atenção no que
estava acontecendo ao redor.

Nan saiu... ficou claro para ele que viver em uma casa que não é dele era o que se chama de 'sofrimento'.
Ele pode ter aceitado muitas frustrações em sua vida, uma delas e a mais importante é que Nuerth Nakarin
talvez não o aceite ao saber a verdade sobre sua origem, então ele deve se adaptar a viver sem conforto.
Mesmo que seja difícil, Nan espera que um dia tudo isso melhore, a menos que... ele não consiga esquecê-
lo pelo resto da vida...

Nan tinha uma pequena quantia de dinheiro com ele, então chamou um táxi para não ter que dirigir seu
carro, com medo de que as pessoas da casa o vissem. Ele só queria chegar ao seu destino, um lugar que só
para ele e para Nuerth Nakarin tivesse significado…

⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹

Na mão ele tinha a velha chave que sempre trazia consigo. Ele virou a fechadura daquela velha casa no
meio da noite, a escuridão fez Nan demorar a ligar o interruptor. Ele nunca pensou que voltaria para aquela
casa enquanto Nuerth estivesse fora, mas agora a situação era completamente diferente.

Esta era sua casa agora, onde ele sempre esperaria o retorno de Nuerth Nakarin.

Queria contar-lhe muitas coisas, deixar que a outra pessoa ouvisse sobre sua vida depois de dois dias sem
se verem. Embora soubesse onde essa pessoa está, não queria perturbá-lo, porque entendia que no mundo
de Nuerth, ele não ocupava o primeiro lugar.

Mueng Nan não quer conhecer aquele mundo de Nuerth Nakarin, e também não quer se machucar
novamente. A única coisa que ele pode fazer é esperar que o próprio Nakarin volte para esta casa. Um
homem alto e caloroso que o fez desistir de tudo para construir seu futuro juntos. Um homem... que só
tinha ele e uma moto velha.

O corpo nu de Nan caminhou na penumbra, foi até o chuveiro e deixou a água escorrer pelo seu corpo.
Ele estava com muito frio, então só conseguia se abraçar e chorar.

Foi nesse momento que ele entendeu que estava sozinho no mundo, que estava realmente sozinho na
terra, mas ainda esperava que alguém lhe desse conforto, mesmo que fosse um tapinha no ombro, dizendo
que tudo iria estar bem, porém a única coisa que havia...

"Está tudo bem."

“...”

"...Tudo vai ficar bem..."

...Era silêncio, ele estava falando sozinho...

Ele chorou abraçado a si mesmo, porque não havia ninguém, não tinha ninguém para contar sua dor e a
tortura que sentia nesse momento, ninguém se importava com o que seria dele.

A vida exterior que todos invejavam era na verdade uma vida vazia. Mueng Nan não entendia como havia
pessoas que tinham inveja dele. Por que alguém iria querer ser como ele, se havia apenas sofrimento e dor
em sua vida?
Nan continuou sob o chuveiro, enquanto a água gelada molhava seu corpo, mas não chegava a esfriar seu
coração em chamas. Seus gemidos ainda subiam de vez em quando, mas as lágrimas que corriam junto com
a corrente de água não pareciam parar. Nan acabou caindo de joelhos no chão, só querendo sumir desse
mundo, mas não teve coragem de fazer isso.

Mueng Nan era um ser humano de carne e osso como todas as pessoas do mundo, ele tinha coração e
medo da morte...mesmo que seu pai dissesse que ele era apenas alguém de sangue sujo...

Aquelas palavras ecoaram em sua mente, enquanto ele só conseguia repetir...

"Pai... eu não estou errado por amá-lo, certo?"

Não é errado amar alguém que não merece amor.

Mueng Nan acha que deveria ser modesto ao descobrir que sua verdadeira origem não era perfeita, nem
invejável, nem estava cercado de amor o tempo todo, mas isso não importava para ele. Ele só queria
receber amor de uma pessoa, não do resto do mundo.

Nan não percebeu quando perdeu a consciência, até que a água do chuveiro continuou fluindo com a luz
do sol que entrava por uma janelinha do banheiro daquela casa velha...

Ele finalmente estendeu sua pequena mão exausta para fechar a torneira da água, antes de carregar seu
corpo para o quarto com uma dor de cabeça latejante. Mueng Nan sentiu-se doente...

Suas pálpebras estavam pesadas, prontas para fechar a qualquer momento, seus lábios estavam secos,
até sua garganta estava seca de desidratação.

O jovem magro reuniu suas forças restantes e vestiu seu pijama antes de ir para a cama, mas a dor de
cabeça era tão forte que parecia que estava prestes a explodir. Ele procurou um remédio dentro de sua
bolsa, com a visão muito turva, levou-o à boca e apenas o engoliu, antes que seu corpo tentasse chegar à
cama...

"Um pouco mais... apenas um..."

Ruído!!

A figura pequena e magra de repente perdeu a consciência e caiu no chão a poucos passos de chegar à
cama.

Ele ficou grato...

Grato por fazê-lo sonhar um pouco mais apesar da tortura que sente…

⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹

Suas pálpebras estavam pesadas no meio da noite, não havia luzes acesas e ele estava deitado no chão na
escuridão do quarto do segundo andar.

Nan riu, riu ao sentir a dor por todo o corpo...


Pensava que era patético, pois tinha certeza de que, quando acordasse, teria Nuerth Nakarin ao seu lado
cuidando dele. Mas não... ele estava deitado lá por horas.

"Desconfortável..."

Suas mãos não tinham força, então ele lentamente se empurrou para a cama para se sentar. Levou muito
tempo para recuperar a consciência, ele estava com fome, mas se sentia gravemente doente e isso o fez se
sentir ainda mais fraco.

Depois de perder a consciência, seus sonhos ainda eram com Nuerth Nakarin, a única pessoa que não
podia ser apagada de sua memória. Era um sonho muito bonito, pensou Mueng Nan, porque não importa
quão ruim fosse o sonho, tendo Nuerth Nakarin tudo seria maravilhoso.

"Você me prometeu que voltaria."

"..."

"Mas finalmente chegamos a este ponto."

O ponto em que ele nunca mais voltou.

Brrrrrrrrrrrrrrrrrrr....

Seu celular vibrou, direcionando a atenção da pessoa para a luz, ele novamente reuniu todas as suas forças
para alcançá-lo, antes de ver que o nome gravado nele era o nome de alguém que ele conhecia.

Doutor Tat

Seus dedos finos pressionaram contra ele imediatamente, sabendo com certeza que seu corpo era incapaz
de aguentar.

"Phi... Phi Tat... eu não posso mais fazer isso."

Não só seu corpo não resistiu mais, mas também seu humor, mas antes que sua consciência fraca
desaparecesse novamente, Nan ainda estava pensando em Nuerth Nakarin.

Ele sentia muita falta dele, mas não podia dizer a ele, então teve que guardar no lugar mais sagrado de
seu coração...

⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹

Depois de acordar, Nan se viu deitado em uma cama branca em um quarto grande, cheirando a remédio.

Ao lado de seu corpo estava vazio, não havia ninguém, mas ele imediatamente entendeu que alguém o
havia visitado, uma cesta de frutas podia ser vista na mesa de cabeceira.

Ele soltou um grande suspiro, tentou se mover para alcançar um copo de água com a mão e beber devido
à sensação de secura que sentia, mas ainda se sentia tão fraco que não conseguiu, foi então que alguém
abriu a porta...

Seus olhos ficaram vermelhos e eles se viraram para olhar um para o outro imediatamente.
"Como você está?" Uma voz profunda e familiar perguntou com um sorriso, antes de caminhar até a beira
da cama e se virar para pegar um copo de água para dar ao paciente.

"Bem... só sinto um pouco de dor de cabeça", respondeu o menino com a voz rouca de secura.

"No futuro, se você não se sentir bem, apresse-se e me ligue. Não deixe as coisas piorarem".

Mueng Nan assentiu.

"Ontem à noite eu estava muito preocupado com você, não te encontrei em casa e te liguei, mas você não
atendeu, eu não sabia onde te procurar, mas depois lembrei que você gostava de ir à casa de Nakarin, então
eu fui lá."

"Obrigado por ajudar."

"Tudo bem, sua mãe está muito preocupada, eu liguei para ela e ela vai trazer roupas para você em breve."

"Sim."

"Algo está incomodando você? Você pode me dizer?"

"Não, não. Eu só tenho um pequeno problema com Nuerth Nakarin, mas vamos resolvê-lo em breve", Nan
disse imediatamente. Ele não queria que Kantitat soubesse mais detalhes sobre as situações horríveis em
sua vida.

"E como você está doutor?"

"Eu? Estou bem."

"Como você está com essa pessoa…"

"Não, não estou namorando a pessoa que minha família trouxe para mim, acho melhor encontrar alguém
com quem tenhamos coisas em comum e não me juntar a uma pessoa por obrigação."

"Tudo bem, mas uhmm ... você tem razão."

"Assim como as mulheres, também temos expectativas de ser felizes. Aliás, pude ver Nuerth Nakarin
ontem."

"Sério?"

"Sim, ele veio ao hospital para seu check-up regular."

O médico moveu uma cadeira com a mão para se sentar e conversar confortavelmente. Nan escutou com
atenção a história de Nuerth Nakarin que é de fato importante devido os sentimentos que nutre por ele.

"Como estão seus sintomas?"

"Bem, ele está quase recuperado agora, nada para se preocupar, mas ele parece diferente... ele não é a
mesma pessoa que eu conhecia."

"Bem, tudo bem, eu... eu ainda não o vi."


"Qualquer discordância que vocês tenham, apenas conversem um com o outro. Acho que ele gostaria de
falar com você sobre nós também, porque ele ficava perguntando como se nós ainda tivéssemos um
relacionamento, ele estava confuso sobre o que aconteceu."

"Ainda não lhe contei", admitiu Nan. Era verdade que tudo estava muito confuso, ele descobrira da noite
para o dia que não conhecia realmente a pessoa que amava.

"Nan, ouça... Nuerth Nakarin entrou na sua vida por um motivo, não sei qual, mas só sei que ele está
lutando para se manter vivo e sofreu muito, tanto com a doença quanto com o tratamento. Não acho que
iria..."

Kantitat ainda estava falando quando foi interrompido por Nan.

"Ele é meu irmão."

O som de uma voz rouca e doce de repente falou. Kantitat ficou pasmo assim que ouviu essa frase. Uma
verdade que não havia sido mencionada a ele antes, mesmo depois que eles terminaram o relacionamento.
Embora para Nan chamá-lo de irmão o lembre de seu status, pelo menos agora ele sabe por onde começar
com Nuerth Nakarin.

"Sempre pensei que tivéssemos a mesma linhagem, que tivéssemos o mesmo pai, mas agora sei que não
é assim."

O rosto doce era suave, mas enquanto falava, ele não demonstrou nenhuma satisfação. Mueng Nan só
falou o que seu coração estava sentindo, ele pensou que estava muito deprimido para ficar sozinho, então
começou a falar.

"Nan..." Kantitat estava começando a falar, quando foi novamente interrompido por Nan.

"Ele não queria ficar comigo. Nós poderíamos ter ido muito longe juntos, mas não fomos. Então Nuerth
Nakarin e eu estamos muito distantes agora. Não há como nossos caminhos se cruzarem. Mesmo que eu
continue pensando que um dia ele voltará, sem dúvida, a verdade é que tudo isso é apenas uma ilusão."

Nan olhou para suas próprias mãos, ele não sabia o que fazer a não ser continuar falando. Ao desabafar
sua grande tristeza, ele cravou suas unhas em sua própria carne.

"Nuerth... ele deve ter uma razão para fazer isso", disse o médico.

"Qual é o motivo? Que está doente? Não, ele só voltou para a Tailândia para construir uma casa."

"Nan, calma."

"O que posso dizer? Nuerth Nakarin, não é uma pessoa qualquer. Seu pai adotivo é um empresário
bilionário, ele apenas me enganou. Então o que você quer que eu pense? Eu amo uma pessoa sem saber
nada sobre sua vida. Amar sem saber se ele vai me amar de volta ou não, é patético, você não acha?"

A respiração de Nan acabou, ele começou a ofegar, então o homem que estava sentado ao lado dele só
conseguiu dar um tapinha nas costas de Nan como consolo.
"Sou muito estúpido, não sou, doutor? Estúpido por soltar sua mão e entregar minha vida ao vazio, ao
nada."

Assim que as primeiras lágrimas escorriam pela face pálida da pessoa que estava na cama, era difícil que
essas lágrimas não molhassem os lençóis brancos com os quais ele estava coberto.

Mueng Nan estava chorando. Kantitat, que só podia estar ao seu lado para confortá-lo, não disse mais
nada, apenas continuou acariciando as costas de Nan, esperando que ele se acalmasse e adormecesse.

A única coisa que Kantitat sabe sobre o que ouviu é que...

Mueng Nan não é estúpido. Porque, mesmo que ele voltasse no tempo, estava convencido de que Nan
ainda escolheria Nuerth Nakarin, por qualquer que fosse o motivo... definitivamente um deles tinha a ver
com a palavra "amor".

⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹

Nan voltou para casa sob os cuidados de sua mãe e irmã, porque a família sabia que os sentimentos do
filho mais novo deveriam ser curados primeiro.

Sua vida ainda era a mesma, com a única diferença de que os sentimentos enraizados em seu coração
haviam mudado, mas ele ainda não conseguia aceitar o motivo pelo qual seu pai não o amava.

Demorou quase uma semana para se recuperar e voltar para a universidade. Nan continuou subindo as
escadas do prédio da faculdade de arquitetura - mesmo não tendo aparecido naquele lugar por muito
tempo, depois de saber a verdade sobre Nuerth Nakarin - mas essa poderia ser a última vez que ele teria
um motivo para vir, antes de embarcar em uma nova jornada que o libertaria do passado.

O doutor Kantitat havia lhe dado um atestado médico, o que o ajudou muito, porque lhe permitiu faltar à
escola sem problemas por quatro dias, antes de voltar ao tédio da vida no mundo real.

"Phi, Phi!"

Seus pés pararam de andar e começaram a correr, seus lábios finos chamando alguém que carregava
muitos papéis e conversava com um grupo de pessoas. Nan se lembrava bem de que essa pessoa era
próxima de Nakarin e poderia ajudá-lo a realizar seu último sonho.

"Há muito tempo que não te vejo."

"Sim, muito."

"Por que me chama?"

"Você viu Nuerth Nakarin?"

"Bem, ele tem que vir falar sobre o trabalho com bastante frequência."

"Então eu... Hmmm... você pode dar isso a ele?"

Um envelope pardo contendo um cartão-postal que estava colado na parede do quarto daquela casa
velha, ele entregou para a pessoa à sua frente.
Nan, em algum momento, tirou aquela foto para escrever e enviar para alguém...

Se ele soubesse...

Atrás desse texto escrito havia uma imagem do mar à noite, onde costumavam dizer que iriam juntos ver
"as estrelas na água".

"Por que não dá a ele você mesmo?"

"Eu acho... que pode não ser adequado."

Ele não queria saber se Nuerth seria seu companheiro de viagem ou se o deixaria viajar sozinho, mas pelo
menos queria que a outra pessoa soubesse que ele pensava nisso, embora no fundo de seu coração só
rezasse infinitamente para ter esperança...

Para ter companhia no seu novo caminho...

"Você está com o coração partido? Seu rosto não parece bom", a outra parte disse para acabar com a
tensão da conversa.

"Não, eu só me sinto um pouco doente."

"Ah... se for esse o caso, cuide-se, você é muito magro, deve se cuidar ou vai ficar doente."

"Sim."

"Quanto a este envelope, não se preocupe, se eu o encontrar, eu o darei a ele. Você tem o número dele?"

"Não."

"Dê-me sua mão e eu anotarei caso este envelope não chegue até ele, pode ser que eu o esqueça em
algum lugar."

A caneta preta escreveu na palma de sua mão dez números que ele não reconheceu.

O número de telefone de Nuerth Nakarin...

O número... que pertencia à pessoa que ele amava. Mas de quem ele nunca receberia amor em troca.

"Obrigado."

Nan não pôde dizer nada além de agradecer, antes de deixar aquela pessoa ir embora com seu grupo de
amigos. Então, ele caminhou na direção oposta, em direção ao café ao ar livre, procurando um lugar para
passar o tempo, porque não queria voltar para casa tão cedo.

Mueng Nan simplesmente não conseguia encontrar a felicidade naquele lugar. Então definitivamente não
queria voltar.

"Eu gostaria... de um copo de expresso gelado", ele pediu no balcão.


Procurou um lugar para se sentar que estivesse bem longe das pessoas. Felizmente, havia uma mesa perto
de uma grande árvore. Mueng Nan, não esperou mais, e caminhou até aquele ponto. Quando, ao mesmo
tempo, outra pessoa sentou na frente dele em uma fração de segundo.

Aquele dia ainda era o mesmo maldito dia de sempre, pensou.

"Eu não te vejo há muito tempo."

Nan realmente não se importava com o ambiente, então, ele não levou em conta a pessoa alta que estava
sentada na frente dele, interrompendo-o, era a mesma pessoa que fez o coração de Nan se sentir amado e
partido.

É uma voz que não ouvia há várias semanas. A pessoa que estava na frente dele ainda é a mesma, ele é
tão memorável como sempre. Mas por que ele o tinha visto de novo? Ele só queria chorar sem saber por
quê.

"Eu... sim", ele só podia responder isso.

"Podemos sentar juntos?"

"Eu acho que..." Havia uma parte que queria perguntar 'como você está?', mas acreditava que isso não
seria de nenhuma ajuda para ele.

Antes disso, ele havia pensado em tudo o que perguntaria e diria quando encontrasse Nuerth, mas quando
realmente aconteceu, Mueng Nan sabia que era apenas um covarde, mantendo todas essas coisas no fundo
de seu coração.

"Sente-se, ficar muito tempo em pé é cansativo."

Agora eles tinham se tornado apenas conhecidos, não havia nada profundo para conversar, a não ser
apenas cumprimentar um ao outro quando se encontravam.

Os três dias de seu suposto amor haviam acabado. Para Nan tudo se tornara uma lembrança, mas quanto
a Nuerth Nakarin, ele nunca saberia...

"Hmm"

O menino de corpo pequeno sentou em uma cadeira na frente da pessoa alta.

"Como você está?", ele perguntou.

"Estou bem", disse ele com a boca, mas naquele momento mal conseguia se sentir feliz, tinha aprendido
a viver chorando, escondendo a umidade de suas lágrimas no travesseiro.

"Você já pediu alguma coisa?", disse Nuerth.

"Eu já pedi e você?"

"Vou ver o menu primeiro."

"Você gosta de tomar café, pelo que me lembro" Nan sorriu, apesar de sentir muita dor por dentro.
"Isso foi antes", indicou uma voz profunda.

Mueng Nan, portanto, só podia continuar sentado enquanto alguém aparecia para cumprimentá-los. Nan
não sabia que seu coração já partido poderia ser ainda mais pisoteado.

"Você está aqui há muito tempo? Bem, ele é..."

"Meu Nong."

"O...Olá", cumprimentou Mueng Nan quando uma mulher se aproximou da mesa, antes de se sentar ao
lado de Nuerth.

Uma mulher... que ele nunca tinha visto antes.

"Ele é tão fofo, meu nome é Ploy, Nong..."

"Nan."

"Ok, o que você vai pedir?" No final da frase, ela se virou para perguntar para a pessoa ao seu lado, que
está olhando o menu de bebidas.

"Ainda estou verificando, Ploy."

"O mesmo de sempre?"

"Uhh, está bem."

Nakarin não respondeu nada, então aquela menina fez um gesto com a mão, sinalizando para o
funcionário do refeitório, para que ele pegasse o pedido imediatamente.

"Dois lattes frios."

Mueng Nan só podia sentar e esfregar as mãos de novo e de novo sem mostrar nenhuma emoção em seu
rosto, mas ele estava plenamente consciente de que tudo era diferente. Pelo que ele se lembrava, este não
era o verdadeiro Nuerth Nakarin, o menino à sua frente não gostava de café.

O mais importante agora era que ele queria voltar ao prédio de arquitetura com o veterano e pedir-lhe de
volta o envelope pardo que ele havia entregue, para então deixar tudo como deveria ser.

"Como se conheceram? Nuerth nunca me contou sobre você."

A mulher na frente dele quebrou o silêncio, Nan não sabia o que responder, só estava esperando o café
que havia pedido para poder fugir porque não queria ouvir mais nada...

"Conheço Nong Nan há muito tempo."

Essa foi a resposta de Nuerth.

"Já esteve nos Estados Unidos antes?"

"Hum."
Nan queria dizer que eles se conheciam há muito tempo, por quase toda a vida, que moravam na mesma
casa, comiam juntos, embora naquele momento ele tentasse esconder a sensação que a palavra "irmãos"
despertava nele.

"Como você está indo com a construção da casa?"

"Está quase terminado, restam apenas alguns pequenos detalhes", disse Nuerth.

"Ouvi dizer que você está indo para Chiang Mai."

"Estou pensando."

"Seria bom construir uma casa lá."

"Por que você iria querer que fosse construído lá?"

"Acho que é um bom lugar para fazer isso."

Talvez Mueng Nan não pudesse deixar de pensar que era o melhor lugar do planeta para fazê-lo…

Ele queria sumir, que alguém pudesse tirá-lo daquele momento constrangedor logo, será que o destino
queria que ele morresse na frente dessa pessoa...?

Nan só podia pensar que Nuerth Nakarin ainda era apenas uma ilusão intangível e distante, como as
"estrelas na água". Embora possam ser vistas claramente e estarem ao alcance de sua mão, não poderia
segurá-las nelas, porque elas ainda estariam no céu.

"Expresso."

Alguém entregou seu café a Nan, ele pensou que devia ir logo. Quanto antes melhor...

"Eu devo..."

"Vamos conversar primeiro", disse a voz animada da mulher antes de se levantar e ir ao banheiro sem
deixar Nan terminar a frase tendo que ficar lá.

"Você não vai beber seu café? Vai ficar completamente frio", Nuerth disse a ele.

"Pode não ser tão delicioso agora, tudo bem, acho que vou primeiro."

"Você vai para casa?"

"Bem, eu realmente não tenho para onde ir, não importa o quanto queira fugir, eu eventualmente voltarei.
Sei que não posso fugir para lugar nenhum."

"Você disse que estava bem. Por que você quer fugir?"

"Por que você nunca sabe de nada?"

“...”
"Apenas consigo me perguntar, quando vou te esquecer? Quando vou ser tão bom quanto você? Foi tão
fácil para você me esquecer, recomeçar em tão pouco tempo, sem a necessidade de sentir dor ou chorar.
Gostaria de ser metade tão bom quanto você é."

"Você tem que ser", respondeu a figura alta com uma voz suave. Seus olhos não mostravam mais a mesma
preocupação de antes. Estavam tão vazios que fizeram Nan explodir em lágrimas.

"Quando será? Quando você estiver pronto para se casar com outra pessoa? Quando você tiver um bebê?
Quando eu receber um cartão rosa em casa dizendo que você está começando uma família com alguém?
Mas, mesmo assim, ainda estarei apegado a ter você na minha vida. Dói que você não me ame mais. Quanto
a mim, sou apenas egoísta, não estou pronto para dar sem esperar retorno. Ou você vai argumentar que
não podemos nos amar de novo?"

Nenhuma resposta veio dos lábios de Nuerth. Qual era a resposta que Mueng Nan já sabia desde o início?

"Me desculpe por fazer você pensar tudo isso."

"...”

"Tenha uma boa vida. Não se lembre de mim, as coisas como estão agora é o melhor, daqui a pouco você
vai me esquecer. Se um dia tivermos a oportunidade de nos encontrar novamente e você não quiser dizer
olá, você simplesmente não precisa."

Nan concluiu que o amor entre ele e Nuerth Nakarin chegara a um beco sem saída.

Isso era bom...

Tudo ficaria bem, ele apenas voltaria para sua vida anterior - antes desse homem voltar para sua vida -
em que ele tinha amigos e seu ambiente social falso, e então esperava um dia encontrar alguém que o
amasse e nunca mais fosse embora.

"Nuerth"

“...”

"Eu me sinto muito sortudo por ter nascido para conhecê-lo."

“...”

Ao menos poderia mostrar a ele quanto tempo havia dedicado a ele e como desistiu de tudo para manter
seu amor, mesmo que não houvesse nada no final.

"Tenho que ir." O pequeno corpo se levantou de sua cadeira segurando seu café na mão e disse… "Ah,
esqueci de te dizer, de agora em diante, vou lembrar que você não gosta de café. E o mais importante... ela
é muito bonita."

Ele não tinha nada para dar àquele homem alto além de um sorriso sombrio e as chaves enferrujadas
daquela velha casa, ele deu tudo a ele...

... E agora ele estava de volta ao mundo real.


Um mundo onde havia apenas ele e suas fracas memórias...

A música Collide de Morgan Wallen...

Um corrimão de trem elétrico que não estava acostumado a tocar...

A velha casa de madeira...

A velha moto Vespa...

Fotos postadas no Instagram...

Latas de cerveja na varanda...

Rosas esperando para crescer...

Vegas Sky...

E a promessa de voltar...

Havia sido apenas um doce sonho...

O longo sonho de Nan que.....

Hoje... acabou...

Ele finalmente acordou…

CAPÍTULO 9: "Na profundidade"

...Amor doloroso é aquele que só pode ser sentido e pelo qual você não pode fazer absolutamente nada. Não pode
falar sobre isso, não pode pensar sobre isso, porque definitivamente não tem nenhum direito...

Nan entrou em seu quarto depois de voltar da faculdade. Ele colocou a bolsa na mesa, imediatamente tirando algo
que havia deixado dentro.

Um Diário

No caminho para casa, ele o comprou em uma livraria da universidade. Não gostava de anotar as coisas que lhe
aconteciam, preferia tirar fotos para salvar aqueles momentos importantes e depois escrever seus sentimentos
nelas.

Mas Mueng Nan agora gostaria de começar...

Ele queria escrever, pois tinha certeza de que seu cérebro não se lembraria de todas as experiências de sua vida
com apenas uma imagem. Sua mãozinha pegou a caneta favorita para começar a escrever, eliminando seus
pensamentos negativos, mas neste momento acabou descobrindo que...
Escrever em um diário lhe permitiria expressar suas emoções.

Memórias do primeiro dia...

No primeiro dia depois da minha tentativa de fugir de Nuerth Nakarin, meu coração se partiu e tive que aceitar
que ele não fazia mais parte da minha vida. Eu não iria mais esperar por ele, porque esperar é apenas uma tortura,
devo ser egoísta para me proteger e evitar que continuem me machucando...

...Na mesa da sala de jantar, minha mãe tentou me fazer me sentir melhor, me alimentando e me enchendo de
comida. Minha irmã a acompanha nesse cuidado especial comigo, mesmo com a dúvida que ela tinha se éramos ou
não filhos do mesmo pai.

Papai continuou nas mesmas condições, muito calmo e sereno, ainda não nos falamos, o que é normal.

Ele sabia perfeitamente o que havia acontecido naquele dia, o quanto eu chorei quando ouvi a verdade de sua
boca, mas isso era tudo, não havia consolo da parte dele, apenas continuamos deixando os dias passarem e que
tudo desaparecesse, esperando que um dia se curassem as feridas no coração de nossa família. Mas mesmo que as
feridas sejam curadas, essas cicatrizes permanecerão para sempre em nossos corações.

O tempo não cura tudo, apenas destrói tudo o que existe. Ele tirou as coisas mais preciosas que eu tinha, causou
um desgaste no meu coração até ficar sem nada. Embora a dor tenha desaparecido de nossos corações, esses
traços de dor permanecerão neles e nunca desaparecerão.

Memórias do segundo dia...

Satthaya e Pee me convidaram para dar uma volta pelo shopping. Fomos ver um filme juntos, que eu nem notei do
que se tratava ou de que gênero era, muito menos se era engraçado ou não. Minha mente estava em branco, eu
apenas fiquei sentado olhando para o nada, sim, olhando para o vazio de frente a uma grande tela escura.

Minha mão pegou um pouco de pipoca e eu coloquei na boca, mas não senti nenhum gosto. À medida que o filme
avançava, eu não ri, não chorei, não tive emoção, só sabia que não queria estar lá.

No final do filme me despedi dos dois meninos, caminhei em direção a um táxi para sair de lá, com um sentimento
inexplicável em todo o meu ser. Ao chegar em casa, briguei novamente com meu pai, por ter deixado o carro por
engano no shopping.

Memórias do terceiro dia...

Química tornou-se uma aula que eu odeio. Embora no passado eu pudesse me dedicar a ela por horas, hoje era
apenas um piscar de olhos, pois, mesmo que tentasse ler, não conseguia entender uma palavra...

Continuo lendo, ainda sem entender nada. Volto cada página inúmeras vezes, mas só consigo perder a paciência e
jogar tudo no chão.

Estou começando a acreditar que ficar assim por muito tempo vai me fazer sentir odiado por quem eu amo,
então... não quero mais amar, porque se um dia me odiarem, eu não poderia aceitar isto.

Talvez ser indiferente a todos seja a melhor coisa para mim...

Memórias do quarto dia...

Hoje fui ao hospital atender uma paciente do Dr. Tat, seu humor havia mudado muito, percebi pelo sorriso.

Ela estava grávida... uma menina de apenas dezesseis anos, que falou inúmeras vezes sobre querer morrer,
naquele dia descobriu que seria uma futura mãe e que logo sua barriga começaria a crescer.
Em pouco tempo o bebê nasceria, depois disso ela disse que poderia voltar a estudar, pois, felizmente, ela tinha
uma mãe que a sustentava e cuidaria dela, então não preciso me preocupar mais com isso... Eu não queria
perguntar sobre o pai do bebê, porque já sabia a resposta exata... Aquele homem foi embora e nunca mais
voltou....

Memórias do quinto dia...

Meus dias voltaram ao normal, tudo voltou a ser como era antes, cercado de amigos com quem posso sair e me
divertir, ir a um clube, dançar e beber até esquecer tudo. Eu nem conseguia me lembrar da última vez que me
diverti tanto.

Um cara me beijou, disse que gostava de mim e confessou que secretamente gostava de mim há muito tempo, o
que era bom. Mesmo sabendo que tudo o que ele disse eram apenas mentiras, ainda sim, deixei que ele me
beijasse repetidamente, já que, para mim, nada importava mais.

Eu ainda sou Nan, aquele que sempre acha que é demais e que estava no controle de tudo, mesmo que na
realidade eu seja tão miserável, mas não posso contar essa verdade a ninguém.

Se soubesse que viver assim seria tão doloroso, então teria escolhido não conhecer o Dr. Tat e vagar sem que o
amor tivesse qualquer significado.

Memórias do sexto dia...

Estou sentado na sala de jantar na companhia da mamãe e da minha irmã, que apenas permaneceram em silêncio.
Senti que não pertencia a este lugar. Não ouso tocar nas minhas coisas favoritas, só posso pensar que não está
certo e que não me pertencem.

Não me atrevo a tocar a comida no meu prato, porque tenho medo de que meu toque possa contaminá-la, sujá-la,
pois sou um sangue sujo por ser filho de um simples motorista que não merecia nada dessa casa, então resolvi
levantar de lá e ir comer um sanduíche em algum lugar.

É bom não ter nada para fazer, então apenas assisti TV e ri do que estava acontecendo na tela.

O tempo hoje está bem frio ou será que foi o ar condicionado, que estava abaixo de 25 graus, que me deu
arrepios? Então eu puxei um cobertor da cama e me cobri, continuei assistindo o show rindo como um louco, era
tão engraçado que eu não conseguia parar de rir.

Se Nuerth Nakarin estivesse olhando para isso, ele estaria rindo também, acho que ele teria um fraquinho por
essas coisas, mas...

Nuerth Nakarin?

O sorriso no meu rosto desapareceu completamente. Embora eu tente superar isso, meu coração sempre esquece
o que devo fazer. Descobri que todos os meus esforços eram inúteis.

Sinto falta dele!

Memórias do sétimo dia...

Preparei um plano, vou ver as "estrelas na água" na ilha de Koh Lipe, mas isso será em um mês, por enquanto eu
tenho que viver no meu mundo o mais normal possível.

Hoje, durante o dia, fui até a faculdade de arquitetura procurar Phi e pedir para ele me dar aquele envelope
marrom que eu havia dado a ele antes, mas ele disse que já havia dado a Nuerth Nakarin.
Acho que cometi um erro, se pudesse voltar no tempo não daria aquela fotografia a Nuerth, a guardaria no fundo
da gaveta entre minhas coisas e então nunca mais a abriria.

No passado, eu esperava que alguém me olhasse como o seu céu, que desenhasse estrelas brilhantes espalhando-
as em sua tela, que tomasse isso como um presente maravilhoso e causasse um grande sorriso em mim, mas
sonhos são apenas sonhos, eles nunca se tornam realidade.

Essa pessoa encontrou seu próprio céu. Portanto, alguém como eu deveria simplesmente aceitar e ir embora. No
entanto, pintei meu próprio céu como presente para mim e o coloquei ao lado da cama antes de dormir. Dessa
forma, de manhã, eu acordaria e saberia que ainda existe alguém que se importa comigo.

EU!!

Mesmo que não seja tão bonito, isso me dirá que não me falta nada, nada e ninguém, que ainda sou meu tudo e
sempre seria assim. Mesmo que em algum momento eu tenha uma ideia estranha, seria bom olhar para as pinturas
como se alguém as tivesse feito para mim...

Memórias do oitavo dia...

Quantas vezes as pessoas sofrem dores repetitivamente?

No entanto, mesmo que doa de novo, eu vou me acostumar.

Hoje encontrei com Nuerth Nakarin, fiquei emocionado, mas ele estava agindo normal, seu novo normal,
cruzamos nossos olhares de longe, não aguentei mais e saí correndo do prédio em que estava. Atravessei para o
prédio central suspirando para poder vê-lo de perto, mas mesmo que não ficasse muito feliz com nosso encontro,
precisava vê-lo novamente.

No edifício central, Nuerth Nakarin caminhava com aquela mesma mulher de antes. Não consegui descrever como
me senti naquele momento, mas a palavra "arrependimento" foi a mais apropriada para representar meu
sentimento.

Eu só podia passar por ele, só podia passar por ele e depois deixá-lo ir, já que não tinha nada para segurá-lo ao
meu lado. Mas não importava, apenas vê-lo me deixava feliz, me fazia sentir muito feliz. Mesmo não fazendo mais
parte de sua vida...

⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹
Agora são 22h. No meu quarto nada mudou, tudo continua igual.

Nan estava em seu quarto acompanhado apenas de sua própria companhia, isolado do mundo exterior. Mesmo
quando seus amigos o convidavam para sair, eles podiam ver seu rosto sem graça e perdido.

Os amigos de Nan o convidaram para sair, mas ele recusou só porque não queria ficar bêbado, achava que no
momento o álcool não ajudaria em nada. Não sabia o que estava acontecendo com ele, a única coisa que sabia era
que precisava de Nuerth Nakarin.

Nan estava na sala de jantar com a família, mas não gostou do ambiente, não se sentiu confortável, então preferiu
subir para o quarto e comer lá. Na loja de conveniência ele havia comprado uma caixa de arroz, que era mais fácil
para ele comer.

"Quente...", ele gemeu com a voz rouca.

Sentou-se na cadeira olhando para a caixa de comida sobre a mesa, antes de pegar uma colher de arroz e levar à
boca, depois de soprar um pouco.
"É delicioso...", ele sorriu para si mesmo.

Mesmo que sua garganta estivesse azeda, Mueng Nan se lembrou da vez em que comeu com Nuerth Nakarin
naquela casa velha.

Ele ansiava pela época de sua infância em que apenas odiava seu irmão, embora não possa negar que ficava feliz
cada vez que comiam juntos. Nan adoraria vê-lo ao seu lado, caminhar, sorrir, bastaria estar junto, ele queria
contar isso a Nuerth, adoraria transmitir isso a ele, mas era impossível. Portanto, só lhe restava ligar o celular e
entrar em seu álbum de fotos, já que ele tinha um pouco de Nuerth Nakarin lá.

Naquela noite em que se embebedaram juntos na taverna, naquele dia em que escolheram esquecer todas as
regras do mundo e se comportar como dois garotos desconhecidos desobedientes.

Seus olhos fitaram uma fotografia. Era uma imagem muito simples, mas fez seu coração bater forte. A imagem de
Nuerth Nakarin sorrindo para a câmera.

Sorrindo para ele...

Era um sorriso sincero. O sorriso dele não era fingido, ele ficou olhando apaixonadamente aquela fotografia por
um bom tempo até sua cabeça quase explodir.

Mesmo se enganar o mundo inteiro ou se enganar a si mesmo que quer arrancar o próprio coração, Mueng Nan
nunca poderia fazê-lo porque ele sabe que existe uma verdade envolta em um sentimento vivendo no fundo de seu
coração...

Amor... ainda havia amor...

Lembranças do nono dia...

Hoje está chovendo. A eletricidade caiu em toda a casa, tudo ao meu redor está muito quieto, me dá tontura. O
vazio que penetrou lentamente no meu coração, me fez sentir o frio da solidão. Isso está me torturando, mas não
tenho escolha a não ser suportá-lo, apenas suportar o tempo que for necessário.

Eu estava lutando...

Lutando contra a solidão, esperando que algo possa melhorar. Consolei-me fechando os olhos e rezando para que
a eletricidade fosse ligada e as lâmpadas do teto acendessem ou pedindo a alguém que me ajudasse a sair deste
lugar.

Estendi minha mão para encontrar aquela pessoa, aquela pessoa que viria em meu socorro nesta escuridão. Mas,
no final, assumi que estava em um quarto escuro sozinho.

Tenho medo...

Memórias do décimo dia...

Eu estava comendo sozinho no shopping, não queria ser um incômodo em casa novamente, então optei por comer
fora.

Sempre sonhei que quando me formasse iria implorar para minha mãe me deixar continuar estudando, não queria
trabalhar, não me sentia apto para a vida adulta, não tinha maturidade para viver na sociedade da minha família e
conhecer pessoas diferentes, mas agora estou começando a repensar as coisas...

Preciso de um tempo para virar esta página da minha vida. Agora quero terminar meus estudos para poder
trabalhar e assim seguir em frente com meus próprios meios para poder sair desse inferno em que estou vivendo.
Eu quero morar em um apartamento normal, em qualquer lugar, para encontrar a felicidade lá.

Eu também o vi hoje.

Nuerth Nakarin...

Fui comer com um amigo em um restaurante e lá estava ele, a cerca de três mesas de distância, mas desta vez não
pretendia que meus olhos colidissem com os dele, era melhor manter os olhos em outro lugar, comer tranquilo e
pagar.

Eu tinha que entender que ele não tinha porquê prestar atenção em mim, pelo menos assim eu não me sentiria
tão envergonhado. Apenas continuei escapando do que sempre fugi, estava tudo bem para mim que estivéssemos
separados.

Mas não...

As coisas das quais eu fugia me assombravam por não ser capaz de me manter sozinho, me pressionando para me
tornar uma pessoa fraca, e então finalmente entendi a verdade... Eu nunca poderia esquecer.

Eu não quero ser assim! Eu não queria forçar nada! Mas teria que fazer isso porque não conseguia parar de amá-
lo.

Da mesma forma, eu também não poderia ficar longe dele.

⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹

"Venha comer Nan, onde você esteve?"

O chamado de sua mãe fez Nan parar de repente. Seu rosto doce se virou para olhar para os membros da família
sentados na sala de jantar, antes de balançar a cabeça de um lado para o outro em negação.

"Sua mãe perguntou algo, por que você não responde?!"

Nan tentou pensar que seu pai poderia estar preocupado com ele, então ele respondeu.

"Eu já comi."

"Então vamos sentar e conversar. Não corra de volta para o seu quarto ainda."

"Podemos conversar outro dia? Eu não me sinto muito bem hoje."

"Eu disse para vir, só peço cinco minutos. Você não vai morrer se fizer isso."

Nan suspirou antes de levar os pés até a mesa da sala de jantar, onde todos os membros da família estavam.

"Sua cabeça está doendo? Vou pedir para trazer remédios para você."

A mão da mãe tocou-lhe levemente na testa.

Imediatamente isso fez o coração de Nan tremer, ele estava a tanto tempo carente de cuidados, mas
simplesmente não consegue dizer nada. Não havia como.

Ninguém o ouve, nem ele está preparado para entender o que está acontecendo com ele. Apenas um diário sutil é
sua fuga.

Mueng Nan não sabe quando sua paciência vai acabar e tudo vai explodir, então talvez quando isso acontecer será
o momento em que ele nem se importará em se machucar ou se arrepender de qualquer coisa. Apenas gritar e
chorar podem fazê-lo se sentir muito melhor do que apenas fingir que está bem.
Ele não tinha chorado naquele dia. Não havia lágrimas escorrendo por suas bochechas. Nan acha que é forte o
suficiente, mas não... todos os dias, Nan apenas chora em seu coração.

"Seu conselheiro ligou", disse o pai.

"Sim."

"Ele disse que você faltou às aulas de novo, além de que suas notas em química caíram drasticamente. Eu
realmente não entendo o que torna difícil para você prestar atenção aos seus estudos, Nan."

"É difícil", seus lábios finos responderam brevemente. Ele não abaixou a cabeça, mas seus olhos também não
olharam para nenhum ponto em particular.

"Você vai jogar sua vida fora, tudo por causa de um caso de amor ruim?"

"Também por causa da história do meu pai."

"Nan!! Eu já te disse para não se expressar assim!!"

"Você terminou de falar? Estou tão cansado e só quero dormir."

Tentou falar em um tom calmo e normal. Ele não pensou que aquilo com que tentou ser forte por tanto tempo iria
quebrar aquele dia. Ele não queria que suas lágrimas fluíssem incontrolavelmente.

"Não", disse o pai.

"O que mais?"

"Você não se encontra mais com Nuerth Nakarin, não é?"

"Eu o encontrei algumas vezes."

"Então, o que se passa?", o pai perguntou com uma expressão séria.

"Nada, não falei nada com ele, não nos falamos mais, não nos tocamos mais, já que meu pai quer que eu seja um
maldito mudo... que eu fique sem voz."

Mueng Nan nunca disse palavras ofensivas em casa na frente de sua família.

"Como você ensinou seu filho a falar rudemente na frente do pai?"

O homem virou-se para sua esposa em vez disso, fazendo com que Nan se irritasse. Ele pode aceitar que diga
palavras duras para ele, mas a única pessoa com quem ninguém deve mexer é sua mãe.

"Não culpe minha mãe, ela não me ensinou a xingar."

"Droga, você não escuta, é claro que isso faz parte da sua origem... da sua natureza."

Puaf!!

Uma batida forte ressoou.

"...!"

"Ainda não está satisfeito com o jeito que eu sou?", suas mãos bateram no prato sobre a mesa, caindo no chão.

Nan era incapaz de controlar sua própria consciência, suas mãozinhas brancas não paravam apenas naqueles dois
pratos, ele estava varrendo e jogando tudo que estava na frente dele. Igual a uma pessoa louca.
"Nan", disse sua irmã.

"Não se envolva..."

Todos ficaram surpresos, a irmã mais velha veio abraçá-lo, mas Mueng Nan a afastou. Ele caiu no chão cheio de
cacos de vidro. Realmente pensou que poderia suportar a pressão, mas finalmente acabou se quebrando.

"Eu ainda quero que meu pai seja meu pai. Eu ainda quero te chamar de pai, mas o que é isso? A única coisa que
eu mereço é um olhar de desprezo? Por que você não me ama? Além de não me amar, você também tira tudo que
eu amo de mim. Eh... você já tirou tudo."

"..."

"Você levou minha esperança, meu futuro, você levou minha vida feliz... Você levou Nuerth Nakarin, você levou
tudo."

"..."

"Por que eu tive que nascer? Por que eu tive que nascer para viver assim? Por que?!"

⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹
Memórias do décimo primeiro dia...

Um mês é muito tempo.

Eu quero correr o mais longe possível. Minha família não está mais calorosa, minha mente está ficando dormente,
mas isso não significa que eu não possa continuar sorrindo e me enganando que estou feliz.

Meus pais estavam brigando alto, não mais se escondendo, e minha irmã veio ao meu quarto. Certamente tudo se
resume ao tema central de tudo... o sangue-ruim de Mueng Nan. Então não abri a porta para ela, arrumei minha
mala e liguei para Satthaya para me despedir.

Eu bloqueei os números de telefone de todos os membros da minha família para que eles não possam entrar em
contato comigo. Mas, estranhamente... nunca consegui bloquear o número de Nuerth Nakarin, mesmo sabendo
que nunca ligaria para ele.

Ok... Talvez eu tenha que terminar esse registro de página. Realmente não sei se posso continuar escrevendo ou
deixar em algum lugar. Mas o melhor é levá-lo comigo.

Quero viajar, deixar este lugar para ter esperança no dia que virá e esquecer meu passado doloroso.

O que me espera? Não sei... só sei que não pode haver nada pior do que o meu presente.

Adeus.

⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹
Nan saiu de casa vestido com uma camiseta esportiva branca e jeans rasgados, um novo par de tênis Converse
que ele havia acabado de comprar alguns dias antes, o que o fez se sentir estranho, porque ele não gostava de
lona.

Ele estava com os fones de ouvido conectados ao celular, ouvindo a mesma música que sempre ouvia.

Mueng Nan não pode negar que não importa o quão longe ele escape no horizonte, nada pode mudar o que ele
viveu, como ouvir músicas que o lembravam de alguém, seu alguém.
Nan se sentiu como se fosse uma erva daninha em um vaso sutil, como aquela erva da qual todo mundo quer se
livrar. No entanto, essa mesma grama em campo aberto é linda e não desprezada.

Mueng Nan finalmente entendeu que não havia certo ou errado, ele só tinha que estar no lugar adequado.

Naquele dia, Nan pensou que em algum momento teria que tentar cultivar aquela grama em um campo amplo.
Antes que a grama no pote voltasse a ser como era - devido algumas leis implacáveis que existiam no mundo, das
quais ele não podia escapar - e então ter que voltar.

Ele e Nakarin prometeram ir juntos ver as "estrelas na água", mas era impossível.

Mueng Nan está cortando todo tipo de relacionamento em seu coração com essa pessoa, ele está tentando muito
conseguir isso. Tentando não pensar que está cumprindo uma promessa antiga, mesmo que esteja sozinho e
continue lutando para alcançá-la.

Nan não sabia por quanto tempo escaparia do mesmo mundo. Talvez seja muito o tempo que demore para voltar,
mas ele só precisa desse tempo para escapar e viver em algum lugar onde possa esquecer Nuerth Nakarin.

Nan sentiu a necessidade de fugir rapidamente, para não atrasar a reserva de um voo, para estar em qualquer
lugar em pouco tempo. Mesmo que ele já tivesse reservado há um tempo, um mês atrás, ele teve que encontrar
um novo lugar, já que havia adiantado sua viagem desde a noite anterior.

Ele estava preso esperando uma viagem de dez horas de balsa, porque não havia mais balsas. Ele se considerava
estúpido porque não sabia disso, achava que podia viajar de balsa como fazia todos os dias no trem. Provavelmente
porque nunca deixou o mundo em que viveu nem uma vez, então ele não entendia que tipo de preparação ele
tinha que fazer.

Nan é apenas um menino vazio, que viaja sem saber qual será seu destino. Não sabe que destino o espera mais
tarde, mas ficou aliviado com essa viagem com Nuerth em sua memória...

Antes de chegarem ao alojamento à beira-mar, já estava quase escuro.

Nan tentou pensar em quando Nuerth Nakarin tinha ido a este lugar...

O que ele fez?

Talvez ele tenha se sentado em uma rede velha, antes de pegar o telefone e pressioná-lo para tirar uma foto. Ele
fez o mesmo, dando centenas de flashes na mesma direção.

O Instagram é a única rede social que atinge pessoas como ele. Uma coisa que difere a viagem solitária de Nan e
Nuerth Nakarin foi a cruel realidade.

A outra pessoa mentiu...

Aqui havia acesso à internet em toda a sua magnitude. Suas mãos estavam ocupadas percorrendo a página inicial
do Instagram sem pensar em postar nenhuma foto, sempre com o pensamento de abrir a página de perfil de
alguém que ele sentia muita falta, o perfil real de Nuerth Nakarin que não é vazio como ele fez entender.

No fim, uma mistura de nostalgia com curiosidade dominou tudo. Nan olhou para cima, para o nome dessa
pessoa, o nome que ele lembrava muito bem, depois de ler as informações do sênior da faculdade de arquitetura
enviadas por e-mail.

Hoje as 11:25

Enquanto Nan estava naquela rede velha pensando em Nuerth Nakarin....


Essa pessoa estava comemorando em grande estilo o sucesso que obteve ao construir uma casa com seus amigos
e sua namorada...

⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹

Nan alugou uma bicicleta japonesa para passear. O clima estava bastante favorável, então ele começou a
caminhar logo após o almoço, fazendo uma pausa, para escrever seu nome na areia das margens da praia. Essa é
uma das coisas que a maioria das pessoas vem ao mar fazer.

À tarde, jantou em uma pequena cabana antes de visitar os pescadores locais para pedir um passeio noturno.

Mueng Nan esperou até o pôr do sol, antes de retornar ao seu quarto para tomar banho, vestir-se
adequadamente para continuar sua jornada e seguir os passos de Nuerth Nakarin, mas infelizmente não havia
estrelas naquela noite. Era uma noite nublada, não havia nada no céu apesar de não estar chovendo, portanto, ele
teve que adiar sua viagem e continuar esperando que o tempo melhorasse e o céu clareasse para ver a imagem de
sua promessa.

Mueng Nan teve que mudar seus planos de repente. Se estivesse deitado na frente do quarto com certeza
começaria a pensar novamente, então pegou sua carteira, seu celular e saiu do hotel procurando um lugar para
relaxar, até chegar a uma velha taberna com poucas pessoas. Nan, pediu álcool para beber por um longo tempo.

Muitas pessoas dizem que beber álcool é sempre divertido, mas para Nan não era. Ele não gostava do ambiente
ao seu redor quando bebia, só gostava de como o álcool entorpece seu cérebro e o faz parar de pensar, porque faz
esquecer os momentos mais solitários.

"Você está bêbado?"

Alguém interrompeu a bebedeira voraz do menino. Ele levantou ligeiramente a cabeça com um sorriso malicioso.

Não sabia o que aconteceria com ele naquele momento, porque depois que o álcool entrou em sua corrente
sanguínea os pensamentos de Mueng Nan eram apenas para Nuerth Nakarin. Mesmo sabendo que a outra pessoa
tinha uma namorada, ele constantemente dizia a si mesmo que deveria parar de pensar nele, mas era
simplesmente inevitável, porque se ele estivesse dormindo ou acordado, o sonho de Nan sempre prevaleceria nele.

"Quem é você...?"

"O dono do estabelecimento."

Um homem alto com barba no rosto estava sentado no lado oposto da cadeira. Sem esperar que Nan lhe desse
algum convite de qualquer tipo.

"Por que? Há algum problema?"

"Uau! Amigo, por que está tão agitado? Você pode me mostrar sua identidade?"

"Eu sou seu amigo?"

Ele não disse mais nada, suas pequenas mãos brancas rapidamente tiraram a carteira do bolso antes de entregar
sua carteira de identidade na mesa com raiva.

"Tudo bem, você é maior de idade. Por que você está aqui sozinho? Seus amigos não vieram?"

"Não, eu vim sozinho."

"Dizem que ao mar se pode escapar do calor ou escapar do amor. Do que você está fugindo?"
Parece que o homem à sua frente está gostando da conversa. Nan largou o copo de cerveja gelada antes de se
virar para o estranho.

"Eu fujo do mundo."

"..."

"O mundo é caótico."

"Ele está cheio de coisas boas, somos nós que nos intimidamos."

"Então foram as pessoas do mundo que me fizeram fugir."

"Haha, acho que você veio para o mar porque fugiu do amor. Ok, vou te confortar com cerveja grátis."

Nenhum deles se apesentou. Eles não disseram nomes nem nada, Nan achou que seria melhor assim, que eles
continuassem com desconhecidos.

"Você..."

Mueng Nan de repente falou com um som trêmulo quase à beira das lágrimas, fazendo com que a pessoa à sua
frente se surpreendesse ao vê-lo.

"O que aconteceu...?"

"Se tiver algo que você queira dizer... eu posso ouvi-lo", disse o homem.

"Na verdade, esta noite eu deveria estar junto com ele. Deveríamos ter vindo para este lugar juntos."

Assim que ele disse essas palavras, suas lágrimas começaram a fluir, gota após gota, elas simplesmente fluíram.

Mueng Nan rapidamente enxugou as lágrimas de suas bochechas, sentando-se confortavelmente para contar sua
história a esse estranho.

"Ele é uma pessoa muito estranha que entrou na minha vida e depois desapareceu... depois voltou para a minha
vida e partiu novamente. Tem sido uma dor eterna esperar por alguém que... não sei quando virá novamente. Ele
me deixou sozinho, apenas com esperança. Finalmente, quando nos encontramos aconteceu o contrário, foi como
receber um forte golpe no rosto - um grito ensurdecedor de que eu não deveria mais esperar - e o motivo de eu
ficar bêbado é por causa dele..."

A razão pela qual ele estava lá ficando bêbado era por causa de Nuerth Nakarin.

"Você ainda o ama?"

"Por que eu ainda deveria amá-lo? É tão engraçado!"

"Então não o veja novamente", Nan não sabe o que responder.

"Viu? Em vez de dizer sim, você fica em silêncio, isso significa que você ainda o ama."

"Eu o amo? E então o que? O amor dói. Então, depois é simplesmente aceitar?", ele terminou de falar, ergueu o
copo de licor e bebeu completamente.

Nan que é brilhante, alegre e amado por todos, agora não é mais...

"Eu acho que você deve estar passando por muita coisa."
"Vou te dizer uma coisa. Na minha vida tenho muitas pessoas pedindo amor, mas isso não quer dizer que posso
dar amor para todo mundo, né?"

"Hum..."

O estranho o escuta com atenção, não sabe se acredita ou não acredita, pensa que todos os bêbados têm um
humor delirante.

"É estranho que eu tenha escolhido amar apenas uma pessoa, mas essa pessoa me ignorou. Na verdade, eu
deveria amar outras pessoas que me pedem para amá-las, certo?"

"Bem, está certo de novo."

"Mas ele foi meu primeiro amor."

"O primeiro amor nem sempre é verdadeiro."

"Ele também é meu último amor."

"Em conclusão, aconteça o que acontecer, você não vai esquecê-lo, certo?" o homem disse.

Mueng Nan havia se sentido não correspondido antes, mas estava ficando cada vez mais difícil superar isso. Ele se
sentia um tolo por amar alguém que não o amava de volta. Mas o que fazer...

Existem coisas que são apreciadas por muitas pessoas...

"Está bem, pare de falar e apenas beba", o homem disse.

"Ok, mas sua cerveja não é nada saborosa, haha."

Nan ri de vez em quando, mas seu sorriso não passava de tolerância. Assim, tornando a conversa não tão divertida
quanto deveria ser.

"Você..."

"..."

"Você..."

Depois de um tempo, Mueng Nan se aproximou para empurrar a pessoa na frente dele.

"A cerveja tem um gosto tão ruim assim?"

"Não... mas dói."

A voz triste de Nan fez com que o estranho segurasse gentilmente sua mão.

"Dê-lhe tempo."

"Eu tentei, mas não melhorou."

"Dê tempo ao seu coração."

"Como você acha que eu sou? Aos seus olhos... eu sou uma boa pessoa?"

"Não sei, acabamos de nos conhecer."

"Eu sou seu tipo?"


"O que... o quê?" A outra pessoa respondeu incrédula. Mas a expressão de Nan não era a de uma pessoa que
estava bêbada até a loucura, ele ainda sabia claramente com quem estava falando, mas...

Por que perguntar a ele assim?

"Você gosta de mim?" ele perguntou novamente, mais alto do que antes.

"Provavelmente, você é muito fofo."

"Isso mesmo. Você diz que gosta de mim, os outros caras também, mas aquele idiota não gostava de mim. Além
disso, ele não estava apaixonado. Eh... Isso é bom, certo?" Ele disse sem olhá-lo no rosto. Apenas olhou para as
gotas de suas lágrimas que caíram sobre a mesa.

"Phi, ele disse que não te amava?", falou de forma persuasiva, mas aquela frase penetrou no ouvido de Nan
fazendo com que ele olhasse para cima.

"Eu não sei, mas suas ações dizem isso."

"Basta perguntar a ele primeiro. Não julgue nada por si mesmo."

"Eu não posso vê-lo, ele não quer me ver."

"Ele disse que não queria te ver?..."

"..."

"Então ligue para ele, você não tem o número dele?"

"Sim, eu tenho."

"Então é só ligar."

A provocação daquela pessoa em relação a ele, o fez parar por um momento. Depois de um minuto, Nan
concordou com a incitação do estranho, discando o número de telefone de alguém que poderia deixá-lo louco...

Nuerth Nakarin...

[Alô]

Depois de um tempo, alguém atendeu. Nan falou ansiosamente, ele não sabe se é porque está animado ou
porque bebeu muito álcool.

[De quem é esse número?]

"Nuerth... onde você está?"

[...]

No exato momento em que ele falou, o outro lado da linha ficou completamente em silêncio. Nan se perguntou se
estava fazendo algo errado naquele momento. Não deveria ter contatado aquela pessoa para falar besteira, mas
ele não consegue parar seu coração. Ele está um pouco bêbado, mas sabe o que está fazendo, então vai dizer tudo
o que sempre quis dizer.

"Hoje estou... muito solitário. Bem... seria bom se pudéssemos conversar."

[...]
Não houve resposta do outro lado. Como Nan tinha certeza de que nunca poderia viver sem Nuerth, então ele
simplesmente começou a falar.

"Eu tento, mas... realmente não consigo te esquecer."

[...]

"Quando você não está ao meu lado, faltam muitas coisas na minha vida... enquanto você não estava, eu
costumava ficar de pé no trem elétrico sem segurar em nada, porque continuava pensando que você estaria atrás
de mim. Caí muitas vezes, mas eu ficava pensando que você ia aparecer pra me levantar... Sentei muitas vezes
esperando por você, porque achei que em algum momento você voltaria pra mim... eu até tentei plantar flores e
ver como cresciam para poder me preparar para aceitar... o dia em que murchariam. Me acostumei a andar de
moto, não tenho mais medo do vento que bagunçava meu cabelo. Sempre escuto as mesmas músicas no meu
celular, pensando em acordar e ter você ao meu lado..."

[Nan]

Suas pequenas mãos tremeram quando ele ouviu aquela voz chamando seu nome. Mueng Nan espera... espera
ouvir uma palavra. Uma frase que é dirigida a ele... Essa frase que sempre foi dirigida a ele...

[Se você está bêbado, você deve ir dormir.]

Nuerth Nakarin - o sonho de Nan - se extinguiu, deixando a luz da esperança se apagar naquela noite.

Mueng Nan largou o telefone e continuou a chorar até seus olhos incharem e, finalmente, adormecer naquela
mesa fria cheirando a álcool. Adormeceu enquanto pensava em quão fria a pessoa mais preciosa para ele tinha
sido.

Mesmo depois de dizer cem ou mil palavras, elas não teriam significado algum para as pessoas que não queriam
ouvi-las.

Brrrrrrrrrrrrrrrrrrrrr

O estranho só pode observar aquela situação de longe, sem sequer pensar em tocar em Nan, mas assim que o
celular de Nan começou a vibrar, o estranho atendeu...

"Nuerth, você é um desgraçado! O está fazendo chorar e deixando o fardo para mim?"

A figura alta se levantou freneticamente. Ouvir aquele diálogo comovente o deixou ansioso, ele só podia
massagear sua têmpora como de costume. Como todas as vezes que ele se sentiu angustiado.

"Bem, se sua esposa desmoronar e se entregar a mim, você não pode me culpar, mesmo que eu esteja te traindo."

Aquele suposto dono do bar na verdade não é tal pessoa. Ele é apenas um cliente frequente, um cliente amigo de
Nuerth Nakarin. Essa pessoa tinha que ser aquela que conseguiria uni-los, unir os destinos de Nan e Nakarin. No
entanto, ele percebeu que seu objetivo não teria sucesso. Isso foi uma dor de cabeça completa.

"Traga sua bunda aqui! Volte rápido e assuma a responsabilidade pelos sentimentos dele, caramba!"
CAPÍTULO 10: "Olhos profundos"

...Levamos apenas alguns segundos para nos apaixonarmos, mas pode levar uma vida inteira para esquecer aquela
pessoa...

Nan começou a acordar. Ele revirou os olhos, enquanto estava sendo acordado pelo som das ondas batendo umas
nas outras. Conseguia ouvir todo aquele barulho em seus ouvidos, o sol já tinha nascido no horizonte.

Uma dor de cabeça profunda diminuiu todos os seus movimentos, ele havia chegado ao seu quarto tão bêbado
que não tinha ideia de como chegou lá. Como ele havia voltado? Mas pelo menos ele conseguiu perceber que seu
corpo não tinha nenhum tipo de lesão.

Nan tentou se lembrar de todas as ações que fizera além de beber e ligar para...

Nuerth Nakarin?

Lembrou-se de que dissera algumas coisas, mas recebera pouquíssimas respostas, respostas que nada lhe diziam.
Ele queria bater na própria cabeça e no coração, só para lembrar de tudo o que havia acontecido na noite anterior.

Ouvira algumas palavras de Nuerth Nakarin, mas não se lembrava do que havia sido dito, só sabia que se sentia
muito triste depois daquela conversa. No fundo de seu coração ele sabia o que era...

Acordara depois do meio-dia. Enquanto tomava banho, não parava de tentar lembrar quem era o barbudo com
quem tinha estado na noite anterior. Por que ele tinha sido tão amigável com ele?

Seus documentos e celular estavam na mesa ao lado das chaves do quarto. Não havia nenhum bilhete, nenhuma
mensagem do outro garoto. Ele tinha certeza de que eles nunca haviam se encontrado antes, nem estavam
envolvidos na vida um do outro, eram apenas estranhos que só se cumprimentaram acidentalmente, e no dia
seguinte ele deixaria aquele lugar.

Nan havia chegado à taverna em que entrara na noite anterior, depois de um passeio na praia. Seus olhos
varreram o lugar em busca daquela pessoa.

Durante o dia os clientes eram poucos. Embora ele não tenha certeza do motivo de estar procurando aquela
pessoa, ele não queria um relacionamento nem nada com ele, aquele estranho apenas o deixou curioso, ele havia
falado demais sobre Nuerth.

"Senhor, desculpe-me", Mueng Nan decidiu entrar no bar e perguntar a um funcionário sobre esse homem.

"O que posso servir a você?"

"Vim perguntar pelo dono da loja. Ele está aqui?"

"Ah, espere um minuto", Nan acenou com a cabeça na esperança de enfim ter uma explicação do que havia
acontecido.

"Você tem algo para falar comigo?" A voz do recém-chegado de repente soou.

Mueng Nan olhou diretamente para o rosto daquela pessoa sem piscar. Se sua própria consciência ainda está
funcionando bem, este homem e o menino da noite passada não eram a mesma pessoa.
"Uh... você é o dono do lugar?"

"Sim..."

"E humm"

Brrrrrrrrrrrrrrrrrrrrr...

Ele queria perguntar se havia outra pessoa, talvez fosse o parceiro do homem, mas antes mesmo de perguntar,
sentiu a vibração do telefone no bolso da calça. Suas mãozinhas finas não demoraram muito para puxá-lo para fora
para verificar quem o estava interrompendo. Mueng Nan ficou muito surpreso ao ver o nome registrado na tela de
seu celular. Seu estado era de excitação e nervosismo, quem estava ligando era...

Nuerth Nakarin.

"Nuerth", ele mal conseguia dizer o nome.

[Bêbado de novo?]

A outra pessoa respondeu rapidamente.

"Eu não estou bêbado."

[Ontem à noite quando você ligou, sua voz era a de uma pessoa muito bêbada.]

"Sim, você me disse para ir embora ou disse algo que me deixou muito triste. Quer saber? Ainda quero falar com
você hoje, quero ver você, é algo que não posso controlar. Realmente não consigo me entender completamente."

[Eu não te afastei. Eu apenas pedi para você ir dormir.]

"Não é verdade."

[Eu disse para você ir para a cama, se você não acredita em mim, pergunte ao meu amigo.]

Nan franziu a testa, virou da esquerda para a direita tentando procurar alguém, mas não encontrou mais ninguém,
apenas estranhos. Até que de repente alguém tocou seu ombro por trás.

"Olá", cumprimentou a terceira pessoa com um grande sorriso. Se tudo o que ele se lembrava da noite anterior
estava certo, essa pessoa era aquele homem que lhe fez companhia.

"O...Oi", ele respondeu com seus pequenos lábios finos. Nan ainda estava segurando o telefone com Nuerth
Nakarin do outro lado da linha.

"Eu não sou dono deste lugar, mas sou amigo daquele cara. O que ele realmente disse ontem à noite foi 'vá dormir
porque você está pensando demais' ", seu dedo longo apontou para o celular de Nan.

"O que você quer dizer?"

"Isso significa que eu só vim cuidar de você até que Nuerth Nakarin chegue."

"Quando ele virá?"

"Não sei."

A outra pessoa deu de ombros como se não houvesse resposta.

Mueng Nan começou a varrer todo o lugar, foi andando de um lado para o outro tentando encontrar o lindo rosto
daquele alguém que é sua pessoa especial. Apesar de ele só o fazer sofrer, Nan queria vê-lo e estar com ele. Estava
esperando a chegada de Nuerth Nakarin para que ele pudesse vê-lo e pudessem ir aquele lugar para realizar seus
sonhos juntos.

"Phi Nuerth... você está aqui?", ele disse com uma voz trêmula.

Mueng Nan finalmente reconheceu que seu irmão - mesmo que eles não compartilhassem o mesmo sangue e
embora quatro anos tivessem passado - havia decidido levar seu relacionamento para outra coisa.

[...]

"Você costumava me dizer quando éramos pequenos que queria que eu fosse feliz, mas eu nunca me senti assim
desde o dia em que você partiu. A felicidade em minha vida nunca mais apareceu em todo o tempo que você não
esteve comigo."

[...]

"Onde você está? Onde você está?"

[Nan...]

"Pare, pare de brincar com meus sentimentos, você pode parar de uma vez? Estou ferido! Você está me ouvindo?"

Mueng Nan nem se importou com como as pessoas daquele lugar o olhavam, apenas desabafou como de
costume. Ele caiu no chão, levantando suas pequenas mãos para secar as lágrimas que escorriam pelo seu rosto.
Como sempre ninguém o entendia, ele se sentia confuso.

O sentimento de pertencimento de Nan a Nuerth Nakarin o cansou, mas ainda assim ele não conseguia parar de
amá-lo e continuaria esperando.

"Dói muito, sabe?"

O corpo esbelto do menino foi abraçado por trás, fazendo com que Mueng Nan congelasse quando alguém o
tocou.

Nan só podia sentir um cheiro de corpo familiar, o mesmo abraço caloroso que sempre o confortava, seu corpo
congelado começando a tremer quando sua bochecha foi roçada por outro rosto, a respiração tão ansiada por ele
sussurrando em seu ouvido...

"Eu sei..."

Nuerth Nakarin, aquele que está sempre pregado em seu coração e em sua mente. Mesmo que os dois não
queiram se encontrar, voltariam a ficar juntos de qualquer maneira.

"Não consigo te esquecer porque te amo."

"Eu sei que você me ama... porque eu também te amo."

Nan não sabia quando a espera recomeçaria, mas hoje ele estava determinado a fazer uma pausa. Agora ele
apenas pegaria Nuerth Nakarin pela mão e não permitiria que as regras do mundo tirassem dele o que ele tanto
desejava ter ao seu lado.

⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹
Era como um sonho, um que estava se tornando realidade...
Mueng Nan olhava para aquele homem ao lado dele a cada cinco segundos. Não queria que ele desaparecesse do
seu lado, estava com medo de que Nuerth Nakarin desaparecesse novamente, então a partir de agora ele seria
mais cauteloso do que de costume.

"Phi tem sido tão ruim", começou a falar com sua voz doce e brilhante de emoção, de frente para o mar e vendo
as ondas quebrarem. Em sua mente, havia apenas cenas de dor e sofrimento entre ele e Nuerth Nakarin.

"Sinto muito."

"Já chorei demais, caso você não saiba."

"Sim, mas não só eu machuquei você Nan, alguém que afirma ter sentimentos por você e depois te ignora,
também te machuca. Nós nos machucamos, seja com palavras ou com nossas ações."

"Diga-me a verdade."

"Você pode perguntar o que quiser, depois que completarmos nosso sonho, por enquanto vamos apenas
caminhar lado a lado juntos."

Mueng Nan assentiu em resposta e moveu seu corpo para perto o suficiente da outra pessoa.

Nan estava muito animado por Nuerth ser o mesmo de antes, pois quando se sentia desconfortável ele sempre
pegava sua mãozinha, transmitindo conforto e doçura. Foi muito bom e pacífico apenas sentar lá ouvindo o som
das ondas batendo na praia. O som dos pássaros enchia seus ouvidos, as vozes das pessoas que passavam, ele não
sabia o que estavam falando, mas também não se importava... só sabia que estava ao lado de Nuerth Nakarin.

Nuerth tinha viajado com uma mala pequena, sua câmera favorita e com suas roupas velhas. Ele voltou a ser
aquele menino com quem compartilhavam momentos felizes naquela velha casa. Ele se viu novamente com
dezoito anos, aquele momento em que estava viajando com uma mala pequena e sua câmera favorita para
registrar...

Momentos antes da felicidade desaparecer.

"Você está tão bonito."

Mueng Nan estava diante dele sorrindo. Nuerth também olhava para a outra pessoa, olhava através dos grandes
cristais.

"Você acha?"

"Você fica melhor em uma camiseta branca. Eu realmente não gosto quando você usa um terno."

"Eu não fico bem de terno?"

"Não para mim, não quero ver você como todo mundo, não quero lembrar de você como todo mundo faz, quero
lembrar do meu irmão mais velho. A pessoa que amo..."

Seus pés se estenderam para frente com seus bracinhos finos esticados para abraçar a outra pessoa com força.

"Obrigado. Obrigado por voltar para mim."

Seu rosto doce foi segurado no peito largo da outra pessoa e continuou assim, em Nuerth Nakarin, por um longo
tempo até que a nostalgia se desvaneceu. Ele queria segurá-lo até que a outra pessoa dissesse que bastava ou que
se cansasse dele.

Nan ainda era uma criança... mimada.


"Eu já te disse, não importa o quão longe eu vá, sempre terei que voltar."

"Eu pensei que você quebraria nossa promessa."

"Na verdade, eu estava determinado a quebrá-lo, mas estou cansado, cansado de fugir... fugir de você."

"No futuro, pare de fugir, seja qual for o motivo de não estarmos juntos, ficarei feliz em concordar com todas as
suas condições. Apenas... podemos ter a chance de nos encontrar novamente até que um de nós não esteja mais
neste mundo?"

"Sim, o farei."

Nuerth Nakarin abraçou Mueng Nan, ficando assim por muito tempo até sentir que o céu já estava mudando de
cor. Ele não conseguia parar de pensar que poderia fazer qualquer coisa em qualquer lugar. Apenas estar com seu
Nong era o suficiente.

⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹
O pôr do sol finalmente chegou, depois de um dia especial para eles. Mueng Nan estava em uma praia de areia
branca ao lado da pessoa de seus pensamentos, ao lado da pessoa que possuía seu coração. Ele só podia admirar
seu lindo rosto, olhos, nariz e lábios para verificar que a pessoa ao lado dele era realmente Nuerth Nakarin, que
voltou para caminhar de mãos dadas novamente neste novo dia.

"Você sabe para onde vai depois que o sol se pôr?", uma voz doce perguntou curiosamente.

"Para os Estados Unidos."

"Por que?"

"Nos Estados Unidos, agora, já são seis da manhã."

"Por que você quer voltar para lá?"

"Eu não quero, mas eu tenho que voltar."

"Você não pode ficar aqui? Ou você já está feliz nesse mundo?", Nan perguntou com uma expressão sombria.

"O céu lá é lindo. Não como esse daqui, ele me deixa feliz, mas também não quero dizer que não sou feliz aqui. O
céu aqui tem um sentimento diferente, mas nossos corações são os mesmos, há alegria e tristeza, cada vez que eu
te vejo... ao invés disso o céu lá está mais feliz porque eu só lembro de você."

"Seria bom se você quisesse ficar comigo por um longo tempo sem se sentir forçado."

"Não posso resistir a não estar com você, sem brigas, ficar muito tempo ao seu lado, encostar no seu ombro
quando me sinto cansado, abraçar, beijar, dar as mãos, dormir junto e que o mundo nos permita fazer o que
queremos."

"Eu vou esperar..."

"O dia em que o mundo nos entenderá."

O céu está coberto de luz solar vermelha. A sombra de um pássaro preto estava voando de volta para seu ninho.
Então, Mueng Nan entendeu, não importa o quão longe você voe com toda a liberdade do mundo, no final você
deve sempre retornar à sua origem. O céu neste dia estava mais bonito, Nan raramente tinha a oportunidade de
ver algo assim, livremente ao lado de alguém que o fazia sentir seu coração bater como se encontrasse com seu
primeiro amor o tempo todo.
"Phi..."

"Hmmm?"

"E se nós realmente não fossemos irmãos?"

"Seria o mesmo..."

"Você sabia?"

"Eu sei há um tempo, mas tenho que bloquear meu coração de qualquer maneira."

"Quero ouvir a verdade, quero que nosso passado terrível desapareça com o sol de hoje."

"Ninguém se sentiria bem em ter que contar uma história triste repetidamente."

Seus olhos estavam sombrios, talvez porque Nuerth Nakarin não estivesse pronto para lhe explicar tudo. Então,
ele não perguntou novamente.

O dedo indicador de Mueng Nan estava cavando na areia escrevendo seu nome e o de Nuerth antes dos últimos
raios do pôr do sol.

"Você quer tirar uma foto? Eu posso te ensinar."

"Vai me ensinar como usar sua câmera? Mas eu sou muito lento para aprender esse tipo de coisa", disse Nan.

"Vamos tentar primeiro. Ajuste a luz aqui e tente girar o foco", explicou Nuerth.

"Ah, é difícil."

O homem alto de rosto bonito riu assim que ouviu Mueng Nan reclamar, enquanto o observava se concentrar em
tirar uma foto. Não esperava que ele tirasse fotos bonitas, só queria uma foto para lembrar desse belo momento
em que seus nomes estavam escritos na areia.

"Você pode tirar a foto?"

"Sim. Mas será que vai ficar bonito? Eu não gosto de câmeras, você não pode verificar a imagem ou excluí-la
depois."

"Apenas pense que vai ser lindo porque é nossa primeira foto desse tipo", disse North.

"Sou mais de usar a câmera do meu celular."

"E olhar as fotos no Instagram, eu sei", brinca Nuerth Nakarin. Mas a figura esguia ficou em silêncio por um
momento, como se não quisesse rir da piada.

"Seu Instagram..."

Ele sabe disso, sabe exatamente o que Nan pensa e que ele olhou todas as fotos. Mas acredita que essa viagem
pode ser o momento mais importante para ele, portanto, essa viagem é para esquecer o passado.

"Foi feito apenas para você, criado para ter um lugar para guardar nossas memórias."

"Você tem sete pessoas te seguindo, como poderia ser apenas nossas memórias?"

"A conta está vazia caso você ainda não saiba, haha."

"Vamos, não me engane!!"


Pequenos grãos de areia foram jogados no corpo do homem alto que dava gargalhadas. Mesmo quando levantou
a mão, Nan não pareceu parar.

"Dói, dói muito."

"Bem, você pode parar."

"Desde aquela noite no hospital, pensei que nunca mais nos veríamos. Eu não queria morrer, mas a essa altura
minha doença já havia se espalhado para muitos órgãos do meu corpo. Minha mãe me disse para lutar por ela e
por nós, então eu tive que ir com ela naquele dia se eu quisesse poder retornar um dia. Mesmo sabendo que você
não queria que eu voltasse."

Nan não pensou em se defender ou perguntar nada neste momento. Ele apenas ficou sentado em silêncio
ouvindo e deixando a outra pessoa falar o quanto quisesse.

Naquela noite, Nuerth Nakarin não foi a única pessoa que se machucou, ele também, por manter seus verdadeiros
sentimentos escondidos e apenas demonstrar ódio.

"Nós dois... minha mãe e eu, não podíamos continuar assim, mesmo que isso significasse dizer adeus a todos e ir
para longe. Ela estava decidida a partir há muito tempo, porque estávamos todos destinados a nos machucarmos
por ficar juntos. Portanto, a melhor decisão foi ir embora."

"Para que meu pai nunca pudesse entrar em contato conosco, minha mãe me mandou para um novo hospital. Eu
tive muita sorte de ter esse padrasto, minha mãe fez isso por mim, ela concordou em se mudar para aquela casa na
esperança de que seu dinheiro encontrasse uma cura para minha doença. Mas depois de passarem muito tempo
juntos, sabe o que aconteceu?... Eles se apaixonaram."

"Não me arrependo que minha mãe e Steven, meu padrasto, tenham se casado. Minha mãe não teve que chorar
como antes e o mais importante de tudo, realmente recebi o amor daquela família. Pude estudar, me curei, me
desenvolvi nesse círculo social e tenho dinheiro suficiente para poder realizar meus sonhos."

"Eu quero ver a Aurora Boreal", disse Nan.

"Para isso você teria que ir muito longe, até o Canadá. Espero que um dia possamos ir juntos."

"Então, por que você voltou se a vida lá era boa?"

"Por causa do passado, mesmo que eu quisesse fugir da verdade, era inevitável estar apaixonado pelo meu irmão.
Eu estava vivo e tinha força suficiente, então, tive que voltar, mesmo que você me afastasse novamente."

Foi aqui que eles começaram sua história depois de quatro anos sem se verem. Mas naquele dia no hospital,
Nuerth descobriu algo ao encontrá-lo, Mueng Nan tinha um novo amor em seu coração por uma nova pessoa, uma
pessoa que não era ele.

"Na verdade, minha vida lá não era tão boa. Fui para a universidade, mas descobri que queria fazer outras coisas,
porque não sabia quanto tempo minha vida ia durar, e então de repente perdi minha mãe. Eu não estava pronto
para isso, por isso pensei em voltar para nossa antiga casa, procurando por nossos belos momentos juntos."

"Pedi ao Steven que me deixasse voltar aqui por um tempo, e então não lhe pediria mais nada... Só voltaria
porque queria morar sozinho e apenas ficar com você. Steve concordou, mas criou condições, ele disse que depois
de terminar com a casa do presidente Maha'Lai, eu poderia fazer o que eu quisesse. Depois que eu terminasse ele
me deixaria voltar, apenas queria que eu conseguisse alguns resultados primeiro."

"E você aceitou essa oferta?"


"Claro que sim, não tinha nada em que pensar."

Mueng Nan agora poderia começar a reconstruir tudo, descobrindo a verdade. Nuerth não queria mentir, ele
estava apenas tentando esconder todas as suas frustrações, porque afinal naquela época... ambos ainda
acreditavam que eram irmãos.

"Então esse foi o começo de Nuerth Nakarin. Uma pessoa que pertence a dois mundos e que não é feliz. Ele tem
que mentir tanto para um quanto para o outro mundo para fazer os dois felizes. Pensei que funcionaria quando
aceitei, pensei que estava pronto para largar tudo e correr para você, mas... no final eu falhei, porque eu não
escolhi você."

Ele disse sorrindo, mas seu sorriso não era de autopiedade, era o sorriso de alguém que se sentia muito feliz por
amar alguém, mesmo tendo que deixá-lo ir.

"No final, as pessoas têm que aceitar a verdade, certo? Você finge largar tudo o que quer que desapareça, mas
sempre tem que vê-lo de novo. Desta vez, porém, não vou mentir, porque esconder a verdade é algo muito
doloroso para nós dois. Me desculpe Mueng Nan."

"Sinto muito. Quero que esqueçamos tudo o que passou, vamos apenas caminhar de mãos dadas até o fim do
nosso caminho."

"Não se culpe. Eu não conhecia meu próprio coração, isso não é ruim também?"

"Você viu seu pai?"

"Sim, já conversamos sobre isso. Papai não quer que fiquemos juntos. Ele não quer que tenhamos nenhum tipo de
contato."

"E... eu não sou seu filho..."

"Nan, você é filho dele. Embora não seja do mesmo sangue, ele cuidou de você desde que você nasceu. Suas
ações de se recusar a falar, apenas gritar, eram apenas preocupação. Nós dois estivemos com ele a maior parte de
nossas vidas e ele está acostumado a isso, a nos ver como irmãos e não como amantes."

"Porque o pai te disse isso, você começou a me ignorar e a tentar se distanciar, certo?"

"Sim, isso foi no começo. Eu acreditava que fazendo isso poderia ser bom para nós dois, além disso, foi em troca
de um favor, podemos retribuir a pessoa que deu a vida de várias maneiras por nós, mesmo que seja de uma
maneira que nos prejudica e não nos permite lutar e viver para conhecer a felicidade."

"Estou feliz que você voltou e nos encontramos."

"Temos um coração pelo qual viver, então não há problema em ser um pouco egoísta."

"Nan... estou com fome."

"Ok, você não precisa me dizer mais nada. Vamos comer alguma coisa."

Nan entendeu que Nuerth Nakarin pode estar cansado de contar coisas que não são agradáveis para ele. Então,
Mueng Nan se levantou ao lado da outra pessoa.

O céu nesse momento estava completamente escuro. Eles caminharam pela praia que, apesar da escuridão, agora
estava iluminada depois de retirar todo o sofrimento de seus corações.

Nuerth só quer que Nan o entenda e o ame sem dúvidas...

⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹
Também não havia mais estrelas naquela noite. Nan pensou que sua sorte estava se repetindo e que estava em
um ciclo sem fim.

O plano de Nan de ver as estrelas na água teria de ser adiado, novamente, para outro dia. Embora o rosto de
Mueng Nan parecesse irritado e insatisfeito, quem poderia saber que seu coração estava pulando de felicidade,
porque isso significava que ele e Nuerth Nakarin passariam mais um dia juntos?

Quando Nan saiu para a varanda espaçosa da sala, viu um homem alto sentado de pernas cruzadas olhando para
um objeto estranho no céu. Isso fez Mueng Nan secretamente se perguntar se o céu nublado que cobria a luz das
estrelas e a luz da lua era mais atraente.

"O que você está olhando?" perguntou Nan.

"Eu olho para a escuridão", Nan se aproximou e sentou-se ao lado dele para olhar para o amplo céu escuro.

"Então, o que há na escuridão?"

"Nada, mas é tão bonito quanto uma noite estrelada."

"De que maneira a escuridão é bela?"

"Essa noite é linda, porque tem uma pessoa sentada ao meu lado, é linda porque eu sei que essa pessoa me ama,
então não importa o que eu observe, agora tudo está lindo."

"Que engraçado!" Nan disse com alguma ironia.

"Quero dizer, você acha engraçado que eu estou flertando com você?" Nuerth Nakarin disse rindo.

"Eu não acho engraçado."

O rosto de Nan estava tentando esconder seu sorriso o melhor que podia.

"Nan, você já teve um sonho?"

"Eu tive muitos deles."

"Como qual?"

"Eu quero ter uma casa e morar lá com você. A nossa casa vai ter um quadro na parede igual a sua velha casa de
madeira. Vai ter quartos no segundo andar, vai ter uma sala, você também vai ter uma varanda cheia de rosas em
vasos... Ah! Teremos também uma cafeteria."

"Uma cafeteria?" o homem alto perguntou.

"Sim, eu vou te ensinar a amar o café. Na verdade, é muito útil porque a primeira vez que realmente conversamos
você disse que o café ajuda a não sonhar com as pessoas do passado, então se apresse e acorde para ficar comigo
no presente para sempre."

"Tenho certeza que vamos um dia."

"Se for verdade, onde você quer construir?"

"Em Chiang Mai, alguns meses atrás eu fui e me apaixonei por aquele lindo lugar."

Os olhos de Nuerth se encheram de esperança. Mueng Nan não sabia se isso realmente aconteceria ou não,
porque são apenas seus sonhos que ele contou em uma noite escura, mas aquela escuridão era diferente, não era
como a escuridão que ele estava acostumado.
"Você foi com aquela mulher?"

"Quem? Ploy?"

"..."

"Fomos como amigos. Ploy tem namorado, ela disse que queria construir uma casa porque queria ficar com o
namorado, o que você achava?"

"Ela não é sua namorada?"

"Estou preso no amor de apenas uma pessoa, quem mais posso amar?"

"Mas você tem que voltar para os Estados Unidos..."

"Não estarei nos Estados Unidos para sempre. Só voltarei para terminar meus negócios e depois partirei para uma
nova jornada."

"Você vai voltar para mim?"

Nuerth Nakarin negou com a cabeça. Esse gesto fez Mueng Nan sentir seu coração apertar como se ele não
pudesse respirar.

"Não posso ser eu o local para onde quer voltar?"

"Eu não quero ser o último lugar que você pensa. Eu quero ser o primeiro lugar." disse Nan.

"Nan, o que estamos vivendo não será para sempre. Um dia teremos que viajar para um novo lugar. No final do
dia estaremos cansados, não querendo ir a lugar nenhum. Estaremos cansados o suficiente e prontos para ficar lá
com alguém. É por isso eu quero que sejamos o último lugar da nossa vida."

"Não."

"Nan, me ouça, tá? Eu tenho outra coisa a dizer. Agora... você está pronto para ouvir?"

"Posso me recusar a ouvi-lo? Se você tem algo em seu coração, me diga. Nada dói mais do que o fato de não nos
encontrarmos mais."

As mãos grossas de Nuerth agarraram os ombros estreitos de Nan, encarando os olhos trêmulos da pessoa à sua
frente. Ele tinha uma dor no coração, mas tinha que dizer, porque senão eles também não poderiam continuar
caminhando juntos.

"Meu pai Steve não aceita que eu viva sozinho novamente. Eu realmente devo a ele, preciso encontrar uma saída
onde nos entendamos. Mas seu pai Nan..."

Nuerth Nakarin usou essas palavras e continuou...

"Não vai deixar você ir comigo."

"Não! Eu sou uma pessoa livre!"

Nan o interrompeu imediatamente, mas Nuerth continuou.

"Não, nenhum de nós é livre e independente. Você tem que voltar e resolver seus problemas. Quanto a nós,
temos que crescer o suficiente em nosso relacionamento e só então decidir recomeçar, mas isso não será agora. À
medida que o tempo passa, posso ter que viajar constantemente. Também vou construir uma estabilidade e um
futuro para você, e então vou apenas esperar... o dia em que Nan... meu amado Nan for independente."
"E quando será isso? Quando você terá idade suficiente para ser livre?"

"Você pode me esperar?"

Ele evitou responder à pergunta do menino.

"Estou tão cansado de esperar, mas não posso recusar e devo apenas fazê-lo. Apenas continuar esperando como
sempre..."

"Obrigado."

"Posso deitar no seu colo?" Nan perguntou com expectativa.

Depois de ver que Nuerth Nakarin assentiu e sorriu, ele imediatamente deitou no colo da outra pessoa. Era como
um filme romântico que estava chegando ao fim, mas esse final foi meio triste.

"Quer ouvir música juntos?", perguntou Nuerth.

"Que canção?"

"Escute esta."

A mão grossa colocou um fone de ouvido na orelha esquerda de Mueng Nan, enquanto o outro estava em sua
orelha direita.

Assim que a melodia da música começou, a figura esguia de Nan levantou a cabeça para olhar a ponta do queixo
da outra pessoa e disse...

"Eu gosto dessa música."

"Sério?"

"Eu gosto de todas as músicas no seu telefone."

"Então, devemos ouvi-la cerca de dez vezes, certo?"

"Não, não, acho que quarenta ou cem ou muitos mais."

Suas vozes soavam cantando em uníssono, pareciam imersos em uma música que se encaixava perfeitamente
com a atmosfera. Cantavam até a voz ficar rouca, cantavam até o sono os abraçar e só então escolheram ir para a
cama juntos.

Eles foram para a cama em uma noite sem uma única estrela no céu, mas aos olhos de Mueng Nan e Nuerth
Nakarin, era o céu mais bonito.

<Por favor, não veja apenas um garoto preso em sonhos e fantasias. Por favor, veja-me estendendo a mão para
alguém que não consigo ver...

- Adam Levine, "Lost Stars">

"Phi?"

"Hum..."

"Eu... Por favor, podemos dormir juntos esta noite?"

"Apenas venha aqui. Por que pedir permissão?"


Sob a escuridão daquele quarto, Mueng Nan deslizou para a cama, nos braços quentes de Nuerth Nakarin. Ele
ficou abraçando aquela pessoa alta, sua pessoa especial, abraçando-o com força para que ele não desaparecesse
novamente.

A música "Lost Stars" foi repetida cinquenta e seis vezes antes que a bateria desse celular acabasse. O homem alto
afastou o menino menor para o lado, sem saber por que Nan correu para tomar banho, antes de voltar a dormir em
seus braços.

"Tenho medo", Mueng Nan disse tremendo.

"Não tenha medo, estou aqui agora. Segurando você, ok?"

"Temo que no dia seguinte você não esteja aqui e eu não possa mais te abraçar."

"Pare de pensar no futuro e concentre-se no presente. Estamos juntos agora, isso é o suficiente."

"Você pode me abraçar a noite toda?"

"Sim."

"Não quero dormir, tenho medo que essa felicidade desapareça."

"Feche os olhos, a felicidade está aqui... ela não vai embora."

A mão grossa puxou o corpo de Nan para mais perto antes de beijar e absorver as lágrimas que escorriam de seus
lindos olhos.

"Boa noite."

“Boa noite..."

⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹

No dia seguinte, ambos passaram o tempo percorrendo aquela ilha de bicicleta. Tiraram fotos juntos, não muitas,
mas eram uma boa lembrança do tempo que passaram juntos. Eles também ajudaram a recolher o lixo na praia
enquanto esperavam o pôr do sol para navegar com os pescadores.

Felizmente, não havia sinais de que ia chover ou estar nublado. Mas em seu coração Nan tinha sentimentos de
medo, ele só rezava para que não houvesse estrelas naquela noite...

Seu desejo não foi realizado. Naquela noite as estrelas encheram o amplo céu e juntos eles se dirigiram para o
mar.

Nan só pôde admitir naquele momento que viajar para qualquer lugar o faria feliz, porque eles estariam juntos.

O som do motor do velho navio batendo na água tornou-se o único som que podiam ouvir.

Nan e Nuerth Nakarin estavam sentados na popa do navio, olhando para o céu estrelado que não é diferente da
água de qualquer mar, mas este era mais brilhante.

Nan ficou chocado, ele tentou pegar o telefone para tirar uma foto. Mas só havia escuridão, não conseguindo
captar nada. Era um espetáculo que tinha que ser visto apenas com os olhos para entender, porque nenhuma
fotografia conseguia captar. O homem alto entendeu a situação de Nan naquele momento e disse...

"É bom que possamos ver as estrelas na água juntos."

"Nosso sonho se tornou realidade", Nan disse. Sob a escuridão, ele mal podia ver como a outra parte agia, mas
podia sentir a felicidade. Ficou completamente feliz por poder viajar juntos.
"É lindo né?" Nuerth perguntou enquanto tirava o casaco e o entregava a Nan.

"Muito bonito."

"Você vai tirar uma foto?"

"Nada será visto."

"Não quero fotografar as estrelas, só quero fotografar uma pessoa."

"Então faça."

"Tenho muitas fotos de tudo, mas só quero manter nossas próprias fotos caso falte um dia, então posso olhar
para elas e apenas relembrar."

"Parece triste", disse Nan.

Ambos sabem disso porque Mueng Nan é a luz na escuridão de Nuerth Nakarin e vice-versa.

Eles eram como as estrelas e a água...

Mesmo em noites sem estrelas, a água ainda escureceria, mas isso não significava que as estrelas desapareceriam
para sempre. Chegaria o dia em que haveria uma noite brilhante novamente, e as estrelas visitariam a água de
novo.

"Phi"

"Hmmm"

"Ainda não fomos ver as luzes do norte, então você tem que voltar."

"..."

"Me prometa."

"Ok, eu prometo."

"Não demore muito. Prometo esperar no mesmo lugar, vou esperar até você se cansar e caminhar de volta para
mim. Juntos seremos livres."

"Em breve, a lei deste mundo cruel vai punir a si mesma, deixando-nos finalmente sair. Quando esse dia chegar, a
palavra irmão ou família não terá mais importância. Pai vai aceitar o que e quem somos. Você deve crescer Nan,
então nos encontramos novamente."

"Sim, nós definitivamente nos veremos novamente."

Os dois jovens se abraçaram e se beijaram profundamente para afastar a nostalgia da chegada do dia seguinte,
quando ambos teriam que fazer as malas e voltar para onde pertenciam.

Nuerth Nakin começaria sua nova jornada. Enquanto Nan continuaria esperando que Nuerth voltasse ao último
lugar de suas vidas...

⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹

Nuerth Nakarin decidiu voltar de trem. O casal de meninos teve que se separar para que ambos pudessem iniciar
sua nova jornada.

Nan estava na frente do trem de volta para Bangkok, ao lado de um homem alto, segurando uma pequena
mochila atrás, Muang Nan chorou e enxugou as lágrimas de seu rosto muitas vezes.
Nuerth Nakarin deve ter reprimido muitos sentimentos também, descansando suas mãos grossas nos ombros
pequenos e estreitos de Nan até que eles estivessem nivelados um com o outro. Ele só podia dizer...

"Tenho que ir agora."

"Sim, obrigado por me dar as quarenta e oito horas perfeitas para mim."

"Mas primeiro eu tenho algo para lhe dar."

Nuerth estendeu sua mão grossa, em direção a um pequeno bolso de sua mochila, tirando uma folha de papel.

"Um cartão postal?", disse Nan.

Nan virou o papel, mas não havia nenhuma mensagem nele, havia apenas uma imagem do... céu...

"Eu costumava dizer que nunca terminaria de desenhar meu céu, porque não sabia para quem desenhar. A
verdade não era assim, eu já tinha feito isso há muito tempo. Foi muito cansativo contar as inúmeras vezes que
desenhei. Só sabia que quando desenhava sentia sua falta. Desenhei tantas vezes para você, tantos dias nostálgicos
como hoje."

Os dedos finos da mão grossa apontavam para o cartão-postal na mão pequena de Nan.

"...No primeiro dia depois que cheguei nos Estados Unidos eu não o desenhei muito bem. Naquela época eu não
tinha forças, mas minha mãe disse que estava tudo bem."

"Ok, está bem, é mais do que suficiente."

Nan abraçou o Nuerth com força... com muita força para poder transmitir todos os seus sentimentos à outra
pessoa.

"Nan... seja forte."

Aquele tom cansado fez Nan fechar os olhos exaustos.

"Sim."

Nuerth Nakarin abraçou o pequeno corpo de Nan antes de apertá-lo com força para confortá-lo.

Em sua cabeça ele ficava pensando como no passado ele se acostumara com Nan, como ele costumava tê-lo por
perto com um sorriso bonito e um abraço caloroso. Não seria ruim se Nan desejasse o que lhe dera, mas agora não
era o momento.

"Estude muito e cuide-se", ele sussurrou em uma voz profunda.

Mueng Nan só conseguia sorrir, embora estivesse chorando por dentro. Eles logo tiveram que se separar. Se o
futuro mudasse, eles poderiam ter muitas lembranças um do outro.

"Nan..."

"Sim, Phi Nuerth?"

"Tenho que ir agora."

A figura alta se recusou a continuar falando, ambos seguraram as mãos com tanta força, para nunca mais se
separarem, mesmo sabendo que aquele momento havia chegado.

"Eu não vou impedi-lo", disse Nan com a voz trêmula.


"Não, acho que já sei bem a resposta."

O rosto doce de Nan apenas deu ao homem alto um sorriso melancólico.

Chegara o dia em que eles tinham que se despedir e suas vidas tinham que continuar, mas Nan tinha certeza de
que não haveria dias em que não sentiriam falta um do outro.

Mueng Nan sempre teria Nuerth Nakarin em sua vida e só esperaria o momento de estarem juntos novamente.

"Você não pode entrar em contato comigo novamente."

"Está bem."

"No Instagram também não."

"Está bem."

"Eu tenho que voltar, só não se preocupe comigo."

"Está bem."

Neste momento, Mueng Nan não conseguia continuar sorrindo, porque as lágrimas escorriam por suas bochechas
sem poder segurá-las.

"Vamos voltar ao que era há quatro anos. Quando eu não tinha um irmão, quando costumávamos ser felizes que
fosse assim."

"Está bem."

"A partir deste momento, só nos tornaremos pessoas que não se conhecem."

"Está bem... está bem...", Nan respondeu com a voz rouca.

Suas lágrimas continuaram a fluir por suas bochechas sem parar. Ele estava imóvel, era como se fosse morrer
naquele momento. Quando aquelas palavras ecoaram em sua cabeça, foi como um lembrete de que o
relacionamento deles havia chegado a uma longa pausa. Ele tinha acabado de perceber que este dia era o que
definiria o resto de seus dias...

Nuerth Nakarin estaria ausente.

"O trem vai partir. Vamos rápido."

"Ah... ok, vamos. Apresse-se e suba", ele disse com uma voz trêmula com sua pequena boca, mas não largou a
outra pessoa.

Mueng Nan finalmente acenou com a mão para Nuerth e ele por sua vez fez o mesmo para se despedir de Nan,
antes de embarcar no trem...

Nan olhou para Nuerth por uma das janelas, alguns minutos depois o trem começou a se mover...

Nan tinha tantas emoções dentro dele, que só conseguia ficar parado como uma estátua de cera, observando
enquanto a outra pessoa se afastava lentamente. De repente, ele correu atrás daquele trem até que suas lágrimas
embaçaram sua visão demais para continuar. Finalmente, ele gritou alto esperando que Nuerth Nakarin o ouvisse.

"Phi Nuerth, você vai voltar, certo?"

"Huh. Oh, você tem que voltar."


Este pode ser o último adeus antes de se afastarem um do outro...

Nuerth olhou de longe para a pequena figura de Nan soluçando na plataforma da estação de trem até que ele
estivesse completamente perdido de vista.

As lembranças do passado fluíram em seus pensamentos, ele se lembra bem das frases que jamais esquecerá...
principalmente aquela em que diz...

Adeus.

Ele costumava se perguntar como seria se ele fosse apenas um menino, se ele fosse apenas uma pessoa normal.

Seria apenas como duas pessoas comuns que podem se encontrar e se cumprimentar? Quanto tempo duraria o
amor deles? Ficava se perguntando...

Se o mundo fosse redondo, suas infinitas voltas o ajudariam a retornar a algum ponto que lhe permitisse estar
com aquela pessoa novamente?

Ainda poderia amá-lo?

Ele sempre se fazia essas perguntas, embora já soubesse a resposta, mas mesmo assim, ele ainda queria repetir as
mesmas perguntas para ter certeza de que, no final, não importa o que acontecesse...

Ainda o amaria como antes...

EPÍLOGO

...A angústia da espera eterna, um dia sempre chegará ao fim...

Dois anos depois

Depois de todo esse tempo, a imagem de Nuerth Nakarin não estava mais clara na mente de Nan, estava turva e
um tanto borrada, como um sonho que ele quase não sonhava mais.

Dois anos se passaram desde que Nan começou a esperar pelo retorno da outra pessoa. Diariamente pensava que
um dia Nuerth voltaria ao seu lado, portanto, seu único dever era esperar por ele. Ele não recebeu notícias de
Nuerth Nakarin após seu retorno aos Estados Unidos.

O mais novo sabia que Nuerth estaria em algum lugar do mundo, viajando de um lugar para outro, portanto, só
tinha que torcer para se cansar logo para chegar ao seu último lugar.

Nan já estava no quarto ano da universidade, tudo era muito estressante. Entre os exames e as muitas atividades
que ele tinha que participar, não restava nenhum tempo para pensar muito. Nan continuou morando em casa com
sua família, mas finalmente havia assimilado que seu pai nunca se preocuparia com ele. No entanto, ele estava
calmo, não sofria mais com sua rejeição, e seu pai havia aceitado todas as suas decisões...

Para viver sua vida do seu jeito e pelas suas próprias regras...

"O que aconteceu Satthaya? Vejo que seu sorrisinho está se transformando em algo mais."
Mueng Nan sempre observava o comportamento de seu amigo, que muitas vezes era bastante estranho. Mesmo
que eles não se vissem com tanta frequência, ele sempre contava diferentes tipos de histórias sobre sua vida.

"Nada, apenas finja que você é Pee."

"Cuidado, se você pregar peças demais, ele pode não deixar você dormir no quarto dele."

"Ele já está acostumado, ainda vou voltar para o quarto dele."

"Sua vida está indo bem", o menino só pode sorrir maliciosamente.

Há dois anos, Satthaya e Pee estão em um relacionamento, eles parecem muito apaixonados e felizes. É por isso
que ele sempre conta histórias vívidas de seu amor orgulhoso. Por outro lado, Nan, eu quase tinha esquecido como
era esse tipo de sentimento...

Esse sentimento de excitação e felicidade desapareceu no dia em que ele e Nuerth Nakarin se despediram
naquela estação de trem.

"Você o viu de novo?", Mork perguntou.

"Não."

"Você não recebeu nenhuma notícia?", Nan negou com a cabeça.

Sempre que falavam daquele menino que tinha saído do lado dele, o lindo rosto de Nan parava de sorrir, deixando
apenas um olhar sem esperança e vazio.

"Ei, pare de pensar em coisas tristes. Venha aqui e veja isso, é muito interessante e é uma boa notícia... Pessoas
de alto perfil com mais de vinte anos", Mork rapidamente mudou de assunto, pois não queria que seu melhor
amigo voltasse a esses momentos de tristeza e angústia, lembrando da pessoa que ainda não tinha voltado.

"O que há com isso? Eu já vi a classificação etária."

"Bem, apenas observe, você pode encontrar algumas informações nas descrições."

Nan sempre gostou de ler essa plataforma, Phantip. Ele adorava ler sobre as experiências de estranhos, mas
lembrou que anos atrás a pessoa dos seus sonhos havia procurado participar do Phantip.

"Podemos mudar de assunto Satthaya?"

"Como o quê? O que devo fazer com uma esposa possessiva?"

"Você acha que está tudo bem falar sobre sua vida privada? Tenha cuidado, se Pee souber disso... você
definitivamente estará morto."

"Então observe isso e leia você mesmo. Acho que você deveria ir para a página inicial do Blue Planet. Já que quer
viajar para longe novamente, você deve ler esta resenha, é muito boa."

"Hum... tudo bem."

Nan deslizou suas pequenas mãos sobre a tela sensível ao toque do celular, enquanto seu amigo desfrutava de
uma bebida. Nan só consegue se concentrar no celular, deslizando para ver as resenhas de viagens de diferentes
pessoas que foram bastante interessantes, chamando a atenção dele, pois, apesar de estar ocupado todo esse
tempo, ele também aproveitou para viajar para diferentes regiões fora de Bangkok.

"Três dias e duas noites de vida tranquila na Ilha Koh Lipe..."


Nan começou a ler essa descrição com grande interesse, pois o fez lembrar do momento maravilhoso em que
entrou em um barco no meio da escuridão com um céu cheio de estrelas, que se refletiam claramente na superfície
da água...

O dia em que ele observou as estrelas na água.

"Você quer ir?" Satthaya perguntou.

"Não, eu já estive lá antes."

"Você quer voltar?"

"Sem ele, eu não quero voltar."

"Sim, tudo bem. Acho que devemos encontrar um livro para ler para aliviar o estresse. Ler Phantip às vezes é
deprimente."

Nan só consegue sorrir melancolicamente, quanto mais ele tenta esquecer o passado, sempre aparece algo que o
faz continuar lembrando.

"Estou bem", Nan respondeu ao amigo.

"Certeza?"

"Hmmm. Olhe, escute esta descrição. O dono de uma cafeteria está procurando por alguém. É engraçado, agora
eles usam o Phantip para procurar funcionários."

"Se o mundo fosse redondo, você o encontraria. Verifique se é alguém que conhecemos", disse Satthaya.

"Louco."

Ele disse isso ironicamente, porque não queria continuar lendo. Nan não sabe quando ou como essa conversa
começou, mas algo o levou a ler.

Não há grandes descrições, apenas algumas palavras ao lado de três fotos.

Procurando a pessoa nas fotos...

Conhecemos o dono deste café, cujas paredes estavam cheias de fotografias, mas quando lhe perguntamos do que
se tratava, apenas respondia que as imagens eram de sua pessoa amada, que está apenas à espera do dia do seu
regresso, por isso, publicamos estas fotografias...

Seria bom se eles pudessem se encontrar novamente...

PS: A Cafeteria se chama @SeaskyChiangMai

O rosto de Nan ficou surpreso, seus olhos ficando cada vez maiores enquanto ele passava de imagem em imagem.
Não há foto do dono da lanchonete, mas a fachada daquela loja... é o lugar onde ele e Nuerth Nakarin estiveram
juntos. Nan só podia pensar que era uma coincidência, que outras pessoas tivessem estado no mesmo lugar que
ele. Mas...

A última imagem tinha...

O suéter de Nuerth Nakarin cobrindo as costas de uma pessoa na fotografia. Nan, surpreso, ficou assustado...
Nan sabe que é ele mesmo!...

Ele, de dois anos atrás...

Mueng Nan esqueceu...

Esqueceu completamente que ele não tinha que só esperar o retorno dessa pessoa, nem que ele mesmo tinha
que procurá-lo. Havia esquecido completamente que tinha que começar seu caminho em busca de seu amor. Por
que ele nunca se preocupou totalmente?

Nuerth disse uma vez que queria construir uma casa em Chiang Mai e, se tudo isso fosse real, essa seria a hora em
que a casa deveria ser concluída.

"Satthaya..." ele disse com sua doce voz trêmula.

"Mmmm."

"Tenho que fazer algo."

"Onde você vai? Você conhece a pessoa que eles estão procurando?"

"Sim. Eu o encontrei!"

"Eu irei para Chiang Mai."

⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹

O fim de semana havia chegado, então Mueng Nan fez as malas e partiu em sua jornada para o norte,
constantemente esperando encontrar alguém. Depois de anos, ele estava prestes a terminar sua longa jornada
para chegar ao seu último lugar.

Mork e Pee o transportaram para Chiang Mai de carro, fizeram algumas pausas, até que finalmente chegaram ao
seu destino.

Mueng Nan não aguentava mais tanta ansiedade, ele queria encontrar Nuerth Nakarin o mais rápido possível... ele
quer ver sua pessoa mais amada, que ele não vê há dois anos.

Mueng Nan, mal conseguindo se acomodar no hotel, correu para a cafeteria de fotos do aplicativo Phantip.
Quando chegou em frente a cafeteria, ele passou muito tempo em pé olhando e pensando... se realmente veio ao
lugar certo.

A loja à sua frente era uma cafeteria de madeira muito aconchegante, mas ele só conseguia admirar sua fachada,
pois seu interior estava cheio de gente.

A fachada superior da loja lhe era muito familiar, o que estimulou ainda mais sua ansiedade, Nan parou um pouco
para reunir a coragem necessária para... entrar. Finalmente, ele deu alguns passos à frente e parou na porta.

Quando se viu na frente daquela porta, o medo percorreu seu corpo, sua pele estava completamente eriçada. Ele
estava com medo, se ao entrar na cafeteria a pessoa que estava lá não fosse Nuerth Nakarin. Até que ele tomou
toda a sua coragem e entrou lá.

Mesmo que não fosse ele, tinha que averiguar. Ele mal pode esperar que a palavra "liberdade" venha até ele, caso
contrário teria que ir atrás dela.
"Ok..." ele disse se dando coragem para adentrá-la.

Ao abrir a porta, o som de uma campainha ressoou, indicando que um novo cliente havia chegado. O corpinho
esguio de Nan avançou, apenas olhando para a pessoa que estava atrás do balcão.

Ele era um homem de ombros largos, sua altura era de cerca de 180 cm... Enquanto isso, o cheiro de café enchia
suas narinas, deixando-o emocionado...

Uma Polaroid na parede.

A música Collide de Morgan Wallen tocava alto e harmoniosamente dentro da loja.

Latas de cerveja velhas estavam na frente do balcão, para decoração. Um vaso de rosas cor-de-rosa, que - se não
estivesse enganado - deveriam florescer brancas. A promessa que tinham feito um ao outro.

Hoje...

Tinha se tornado realidade...

Mueng Nan não estava apenas sonhando, ele agora estava em um lugar de seus sonhos, cheio de emoções que
sempre o deixaram imensamente feliz. Agora tudo era real...

Nan caminhou até o balcão, ficou ali por alguns segundos, de frente para o dono da loja. O garoto alto estava de
costas para fazer o café e virou-se diretamente para Nan.

Nuerth Nakarin não mudou, ele ainda era o mesmo garoto de sempre, só que aos olhos de Nan ele estava muito
mais bonito do que antes.

Os dois garotos ficaram imóveis olhando um para o outro, até que o mais alto colocou um café quente na frente
do balcão. Nan só podia olhar para o lindo rosto na frente dele que o cumprimentou com um grande sorriso...

Dizendo...

"Bem-vindo ao lar."

⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹ FIM ⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹

ESPECIAL 1: “Beijo profundo”

...O tempo não só toma tudo e leva embora, às vezes também devolve algo nas lembranças que você finalmente
guarda na memória...

Depois de empurrar a porta...

E tendo sido cumprimentado primeiro, Mueng Nan voltou à vida depois de anos de espera. Ambos haviam
abrigado esperança em seus corações durante todo aquele tempo e agora, finalmente, seus corações se sentiam
nutridos.

"Er..." Mueng Nan não conseguiu dizer uma palavra e respondeu com o som de sua garganta, ele estava muito
emocionado ao reconhecer ao dono daquele sorriso que manteve gravado na memória.
É certo que mantinha a esperança e a memória da longa viagem que ele fez de Bangkok a Chiang Mai que deixou
seu coração cheio de amor, mas quem diria que um dia acabaria a longa espera com as palavras ‘Fazer seu sonho
realidade’?

Isso mesmo, seus sonhos se tornaram realidade.

"Meu nome é Nuerth Nakarin"

"Meu nome é Nan."

"Vá se sentar primeiro ou você vai se cansar"

A pequena figura imediatamente fez beicinho para as palavras do mais velho.

Ele queria continuar conversando com o mais novo, mas tinha clientes para atender.

Em seguida, os pés do menino foram até uma mesa localizada em um canto da loja e de lá ele começou a
contemplar todo o lugar.

Os pés do menor se aproximaram de uma mesa, que ficava no canto da loja, varrendo os olhos e vasculhando
todo o lugar.

Ao fazer isso, ele quis xingar, porque o lugar estava cheio de clientes bonitas. Talvez Nan fosse um idiota, mas eles
não se viam há dois anos e ele não sabia o que ele tinha feito ou com quantas garotas ele tinha ficado.

"O que eu posso trazer para você?" O cara alto saiu do balcão, o que fez as pessoas ao redor não entenderem
porque Nuerth Nakarin havia saído de trás do balcão para pegar o pedido de um cliente, já que normalmente era o
cliente que tinha que anotar seu pedido e deixá-lo no balcão.

"Não sei, ainda não decidi."

"Você deveria estar feliz porque eu vim pessoalmente para anotar seu pedido"

Nan estava olhando para o rapaz alto com adoração, ele gostaria de sorrir para ele, mas tem que manter a
compostura como qualquer outro cliente e usar palavras de respeito como se falasse com um estranho.

"Eu não posso escolher nada, você tem alguma sugestão?

"O mesmo de sempre."

Ele terminou de falar rapidamente e correu de volta para seu lugar atrás do bar, deixando Nan tentando controlar
sua frequência cardíaca, embora isso fosse realmente impossível.

As palavras: 'o mesmo de sempre' bateram em sua cabeça. Como ele ainda conseguia se lembrar do que ele
gostava e do que não gostava?

Em dois anos, talvez muitas coisas tenham mudado, mas não nele, na realidade nada mudou, inclusive seus
sentimentos pelo atraente dono do café.

A cafeteria Seasky tinha muitos clientes, a ponto de os assentos mal serem suficientes, embora não fossem tão
barulhentos quanto ela imaginara. Mueng Nan absorveu a atmosfera do lugar por um tempo, mas não houve mais
de um minuto quando ele desviou sua atenção do garoto alto no balcão. A única coisa que podia fazer era inclinar
a cabeça e continuar olhando para o belo barista.

Nuerth estava de camiseta branca e avental preto com o nome da loja, Nan não podia deixar de se perguntar:
como chegou a esse ponto? onde a pessoa que não gosta de café abriu uma cafeteria e, além disso, parecia estar
indo bem.
De repente, os pensamentos de Mueng Nan foram interrompidos...

"Bem-vindo", a voz profunda soou depois que duas clientes femininas em uniformes escolares entraram.

"Phi, o mesmo de sempre."

"Sim, claro"

Nan ficou arrasado ao ver que o sorriso que recebeu na chegada não era exclusivo dele, mas também foi recebido
pelos recém-chegados. Então, eles foram diretamente para o balcão, onde havia uma cadeira alta ao lado do
balcão da frente e eles se sentaram muito perto.

Nan pensava em seu coração e tinha certeza de que isso aconteceria todos os dias, o que não era ruim, porque
ajudava no andamento dos negócios da outra pessoa. Ele estava feliz, porque não sofria mais por estar sozinho,
não chorava muitas vezes ao dia como naquele tempo em que se despediram.

Se a postagem do Phantip não indicasse a província em que o café estava localizado, ele continuaria verificando
repetidamente, sem importar quantos dias se passassem no calendário, até encontrar a postagem do Phantip com
as informações de que precisava.

"Eu não vendo álcool, mas isso é especialmente para você." De repente, uma mão grossa colocou uma lata de
cerveja na mesa. Nan assentiu, mas sem dizer uma palavra...

"... continuarei atendendo, mas voltarei mais tarde"

"Está tudo bem, eu sei que você está ocupado."

"Sempre vou arranjar tempo para você." Antes de retornar às suas funções, ele estendeu a mão para tocar a
cabeça de Nan, algo que o destinatário do sinal de carinho teria gostado mais se não estivesse na loja, porque havia
muitas pessoas com olhos arrogantes, olhando para eles com desconfiança.

De repente ele ouviu uma voz no balcão, não muito alta, mas Nan pode ouvir perfeitamente

"Não te vejo há dois dias"

"Tenho estado ocupado"

"Os caras do clube de fotografia queriam que eu te convidasse para sair e tirar algumas fotos"

"Ah... Bem, talvez eu vá em uns dias para falar sobre isso"

A voz da mulher continuou...

"vamos sair e conversar depois que você fechar hoje. Você está livre?"

"Por que?"

"Vou fazer uma festa"

Ela não falou muito alto, mas Nan se esforçou para ouvi-la.

"Estou muito ocupado agora" respondeu Nuerth enquanto fixava seu olhar em Nan

"Uau! É uma pena que um cara bonito não pode estrear na minha festa"

"Eu não saberia como começar essa estreia"


As palavras do mais velho deixaram Nan com raiva, que voltou os olhos para a cerveja e bebeu para acalmar sua
raiva. No entanto, a voz da mulher continuou....

"Quando você vai arrumar uma namorada?" Essa era uma pergunta que Nan não queria ouvir, mas não conseguiu
impedi-la de continuar: "Quando você vai encontrá-la? Você espera ter uma namorada ou ainda espera aquela
pessoa voltar? Aquela pessoa para quem um cliente anônimo publicou na Phantip: Mil dicas para encontrá-lo"

"Acredito que algum dia pode aparecer aqui"

"Bem, seria ótimo se você viesse à minha festa. Queremos um chocolate e dois lattes."

Nuerth cuidou do seu pedido

Ele conseguiu pegar um pano e enxugá-lo, antes de caminhar diretamente para onde a pequena pessoa estava
sentada.

"Agora estou livre e quero conversar", disse ele em uma voz profunda, enquanto se sentava em uma cadeira em
frente a Nan.

Então Nan começou a conversa...

"Amigas?"

"Ela é bonita"

"Um fã"

"Talvez um fã, mas eu não tenho namorada."

O barulho das pessoas dentro da loja interrompia de vez em quando, mas eles realmente não perceberam,
continuaram com seu diálogo

"Seria bom?" Nuerth disse

"Eu não quero ter problemas com seus fãs." Mueng Nan respondeu com uma expressão calma.

Tinham esquecido o que pensavam que fariam em seus reencontros, abraços, beijos nos lábios e dizendo um ao
outro que haviam sentido a falta um do outro uma e outra vez. Pelo contrário, eles escolheram se cumprimentar
como se se encontrassem todos os dias. Embora houvesse um pouco de verdade, porque eles sempre se
encontravam em seus sonhos.

"Você está sendo sarcástico comigo?"

"Não, mas parece que você é muito popular."

"Assim como você. Agora os garotos engenheiros estão perseguindo você", disse Nuerth

"Quebrei alguns corações." Os lábios finos sorriram com prazer quando ele deu sua resposta brincalhona.

"Você está namorando?", perguntou Nuerth.

"Assim que deveria ser, mas eu estava esperando que alguém voltasse, estava esperando que alguém me
encontrasse mais cedo. Por que você não disse que queria que eu te encontrasse?"

"Na verdade, ainda não é o momento, mas é bom nos encontrarmos agora. Pelo menos sentimos falta um do
outro para não ficarmos indiferentes."

"Então você não sentiu minha falta o suficiente, porque você ainda está no mesmo lugar" disse Nan
"Tenho estado de mau humor há muito mais tempo do que posso me lembrar, já voltei para você inúmeras vezes
antes. No final, me senti cansado e tive que me estabelecer em algum lugar, porque esperava que um dia você
fosse capaz de viajar para este lugar, algum dia de qualquer maneira, você tinha que voltar"

"Certo"

"Hmm... eu tenho um plano a seguir."

"Quanto tempo?"

"Mais dois anos", disse Nuerth

"É muito tempo, se eu não tivesse te visto agora, provavelmente teria sido mais dois anos a partir de agora,
certo?"

“Até quando eu possa construir um futuro e ser capaz de cuidar melhor de você, quando você terminar seus
estudos e estiver suficientemente mais velho para decidir qual caminho você quer tomar"

"Já posso escolher agora"

"Não"

"Por que você não me disse isso naquela época? Como você pode me fazer esperar sem rumo fixo?"

"Se você estivesse em uma carreira de quatro anos e não seis, eu teria dito a você, mas também estava com medo
de que nos encontrássemos antes e tivéssemos que nos separar novamente, como agora. Você pode aceitar
novamente que não ficaremos juntos por algum tempo?"

Quem era ele realmente para Nuerth? Nan se perguntou, porque ele não entendia as ações e pensamentos
bizarros do homem alto, no entanto, ele não podia negar que era exatamente essa peculiaridade da personalidade
de Nuerth que o fez se apaixonar.

"Nós não entramos na vida um do outro ao mesmo tempo, então você não precisa assumir a responsabilidade de
ir a algum lugar, apenas fique no mesmo lugar e eu irei até você." Disse Mueng Nan

Ele achava que não era difícil se concentrar em completar seus estudos em dois anos, e que a distância de
Bangkok a Chiang Mai não era tão grande que eles não pudessem se encontrar, mesmo antes do tempo combinado
para que não precisassem esperar mais.

Saber da existência do outro, mesmo saber onde ele estava, era muito melhor do que a incerteza que tinha até
aquele momento.

"Você não está cansado de ir e vir?"

"Mesmo que eu esteja cansado, eu ainda quero vir, e vir com frequência também".

"Os dois anos que eu não te vi, te deixaram muito mais bonito"

"Mas você não mudou nada, você ainda é o mesmo"

"Eu não sou bonito?"

"Você continua tão bonito quanto antes"

"Como você tem estado desde aquele dia?" A voz de Nuerth era suave, perdida no ar, porque ninguém queria
falar sobre a agonia durante o período de espera.
Nan lembrou-se do medo que sentia pelo que ia acontecer, que a divindade sagrada estava entediada e não
queria ajudá-lo a realizar seu desejo. Imerso na rotina e entediado com ela, mas Nan enfrentou essa situação por
dois anos inteiros, esperando sem saber quando a espera terminaria, ou o que o futuro traria. Nan sabia que
Nuerth voltaria, mas não sabia quando... Tudo isso ficou preso em sua mente e ele respondeu:

"Eu? Sempre sentindo sua falta."

”...”

"Voltei para minha antiga vida, meus amigos, agora Mork e Pee são um casal, minha mãe e minha irmã são boas
para mim. Quanto ao pai, ele sempre passa o tempo no escritório, estamos melhorando, pelo menos não
discutimos no meio da mesa como antes, e o mais importante, deixei de ir ao clube"

"Ha ha ha..." O lindo rosto da pessoa alta explodiu em gargalhadas, fazendo as pessoas ao redor se virarem para
olhar, já que não era uma situação normal para os clientes, eles já viram Nuerth sorrir, mas nunca o viram rir
incontrolavelmente, como ele fez agora.

"Você quer saber sobre P'Tat?"

"Ah... só se você quiser dizer"

"Ele está comprometido, o mais importante é que ela não é a mesma mulher que sua família lhe impôs, agora ele
está mais determinado, escolheu seu próprio caminho e também a garota é bonita e eles se amam, ela é uma
enfermeira"

"Por favor, parabenize-o por mim."

"E você? Como tem passado nesses dois anos?"

"Nos primeiros dois meses que estive nos Estados Unidos, tive que conversar com Steve por um longo tempo
antes que ele entendesse e me deixaria ser livre. Depois disso, comecei a viajar desde que tivesse dinheiro."

"Você vai voltar para o seu pai adotivo?"

"Claro, uma vez por mês, porque é minha família"

"Você realmente quer voltar a isso?"

"Algum dia... Algum dia eu vou voltar para você, porque ele é como meu pai, eu não me sinto assim sobre sua
família. Você sabe disso, certo?" Nan assentiu.

Ele tinha certeza que Nuerth não voltaria nunca mais com sua família, porque se ele fizesse isso, significaria que o
esforço de ambos, ao longo destes anos, foi um desperdício.

Nuerth Nakarin estava disposto a retribuir seu verdadeiro pai de uma maneira melhor do que fugir de Nan por
toda a vida, como sua mãe fez até morrer. Ele definitivamente não estava disposto a passar por isso.

"Ah, a cerveja tem um gosto bom demais." O menor mudou de assunto, não queria mais falar da dor que haviam
enfrentado, só saber que tudo está no passado, basta.

"Comprei no Japão no mês passado, mas cuidado, é uma marca muito boa, mas também é muito fácil ficar
bêbado"

"Eu sou teimoso"

"Quando eu não estava por perto, você estava bebendo cervejas fortes?" Os olhos da pessoa alta são afiados e
estreitos quando ele faz a pergunta.
"Não bebo a muito tempo" a figura esbelta respondeu enquanto segurava a lata de cerveja com um rosto
sorridente e continuou:

"Pela primeira vez em dois anos, o álcool entrou na minha boca"

Mueng Nan não bebia mais e parou de chorar por algum tempo.

"Nan... desde que você acidentalmente me encontrou..."

"Hum"

"Vamos começar novamente".

A pessoa oposta estava atordoada, a visão do homem alto era inabalável e Nan sentiu como se sua língua tivesse
congelado a ponto de perder a voz por um tempo, fazendo a outra pessoa esperar por sua resposta.

Depois de quase cinco minutos...

"Estou realmente entediado com você."

“...”

"Você me fez sentar aqui por um longo tempo"...

E naquele momento, o amor de Mueng Nan e Nuerth Nakarin começou novamente, um amor que certamente
nunca terminaria.

⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹

Pela tarde, a cafeteria ainda estava cheia de gente, não sabia se era pela localização, perto de uma grande
universidade, ou pelo atrativo dono do lugar. Os clientes entravam constantemente, especialmente meninas em
uniformes de estudante.

Mueng Nan só podia continuar bebendo sua cerveja, enquanto ouvia a música que a loja tocava para seus
clientes.

Enquanto isso, Nuerth Nakarin trabalha duro preparando bebidas, porque a cafeteria não tinha funcionários, na
verdade, Nan queria ajudar, mas o método existente de pedir no bar era eficaz e os clientes estavam acostumados,
então podiam relaxar.

"Phi, posso ter o seu número?" Uma universitária caminhou até o balcão para cumprimentar a pessoa alta,
enquanto Nan observava.

"Sim, há uma placa para os clientes bem na frente"

"Esse é o seu número, Phi?"

"Sim, você pode ligar e perguntar. A maioria das lojas fecha apenas às quartas-feiras. Há desconto para filmes ao
vivo no cinema." Dois anos sem se encontrar, mas Nan já tinha que lidar com muitas garotas.

"Phi cometeu um erro. Não quero ligar para perguntar sobre a loja, quero perguntar sobre o coração de Phi", disse
a garota, gritando.

"Uh... Nong..."

"Brincadeira, não pense muito, um colega me disse que o dono deste lugar era um cara bonito, então eu tive que
vir"
"Obrigado. Então pegue."

"Apresse-se e pegue este cartão branco"

"O que?"

"Recompensa pontos, compre dez e ganhe um grátis, obrigado por vir"

"Ahhhhhhhhhhhhh!!!!!!"

A vida parece feliz agora que os clientes são poucos, Nuerth encontrou algum tempo para passar com a pessoa
que ama.

Nan desde que chegou queria expulsar todo mundo e passar um tempo juntos, mas na verdade ele não podia
fazer isso

"Ouça..."

“..."

"Nan, você está bêbado?" Nuerth perguntou, pois notou o brilho nos olhos de Nan, ele estava olhando fixamente
para a tela do celular, Nan parecia ansioso ao escrever uma mensagem para responder a alguém sem nem prestar
atenção ao que lhe rodeava.

"Não, estou bem"

"Se você não estiver bem, eu vou te levar lá para cima para dormir"

"Não, eu tenho medo de você."

"Vamos subir e ver primeiro?"

"....."

Silenciosamente, Nan se recusou a falar mais, ele estava apenas pressionando os botões de seu telefone até que
seus dedos estavam quase enredados nele.

"O que é tudo o que você faz no telefone?

"..."

Está com sono?"

"..."

"Está com fome?"

"..."

"Você sabe que eu sou seu namorado?"

"Uh-huh" Nan levantou a cabeça e respondeu à pergunta, mas ainda não se importou.

"Então você não me ouve?"

"Onde fica o banheiro?"

"Para a esquerda" Dedos finos apontaram para uma porta branca, não muito longe.

Nuerth Nakarin pensou que ele havia acidentalmente feito algo para chatear Nan.
Com certeza foi isso...

Em menos de cinco minutos, Mueng Nan saiu com uma expressão calma que realmente mostrava seu estado de
espírito. Ao olhando de longe, ele observou Nan caminhar em direção ao balcão antes de se virar para perguntar a
ela em tom direto.

"Você tem uma caneta?"

"Na gaveta"

"Ok"

Mas a pessoa que ia buscar a caneta dirigiu os pés para a parede da loja, repleta de muitas fotos dos dois. Nan
colocou a ponta da caneta na parede e começou a escrever.

"Senhor, aqui está uma regra para não escrever nas paredes da loja."

"Senhor?"

Muitos clientes tentaram dissuadi-lo, mas não funcionou. Nan ainda estava mostrando empolgação escrevendo
inúmeras mensagens e Nuerth só podia assistir à distância, ele não podia proibir Nan de destruir todos os letreiros
que tinha diante de seus olhos.

Imagem após imagem foi arrancada, jogada no chão e pisoteada por Nan com um sentimento do fundo do
coração.

"Ugh..."

Mas havia uma imagem que Mueng Nan não conseguiu destruir imediatamente ao vê-la, ele decidiu largar a
caneta, ficar de pé e chorar como uma criança aos olhos das pessoas, muitos olharam para ele em choque e
espanto. Nuerth imediatamente correu e o abraçou, embora Nan continuasse batendo nele sem parar.

"Que bastardo disse que estaria de volta em breve? Por que eu tenho que esperar tanto?"

Toda vez que fechava os olhos, Mueng Nan rezava antes de dormir para que a espera acabasse logo, mas não, a
cada nova manhã ele se via sozinho, com a mesma história.

Todas as lembranças do passado de Nan eram apenas isso, passar todo o tempo sozinho, esperando por alguém
especial, essa era uma realidade que ele tinha que enfrentar diariamente e não tinha como acabar, enquanto a
pessoa alta não voltasse.

“..."

"Por que você tem que ser o único a ir? Não poderia ser outra pessoa? Não pode ser eu?"

"Entenda, ainda não é a nossa hora, amanhã, você tem que me deixar ir e voltar, por favor, acalme-se" Nuerth
apertou o corpo esbelto de Nan, que escondia o rosto no peito largo do homem mais velho, enquanto ainda
soluçava como uma criança, mas agora ele entende que ainda não é a hora dele...

Porque no final eles terão que se despedir novamente...

"Ugh... desculpe. Eu só queria ver você"

"Ok, ok," Nuerth repetiu confortando Nan suavemente, pressionando os lábios contra o cabelo macio de Nan
enquanto ele a balançava em seus braços.
Ninguém na cafeteria disse ou fez nada. Nuerth virou-se para os presentes para pedir que não se preocupassem
com as ações do menino.

"Desculpe meu namorado, ele é a pessoa da foto"

”...”

"Assim que deixarei que destrua"

No entanto, de todas as fotos que ele tirou com Nan, restava apenas uma imagem colada na parede e eles não
poderiam tirar novamente: a areia onde seus nomes estavam escritos.

Naquela época, Nan era um cinegrafista iniciante e mesmo que tirassem uma nova foto novamente, a sensação
não seria a mesma.

Um sentimento difuso e memórias nebulosas.

⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹
Mork e Pee tinham ido dormir...

Mueng Nan resumiu o problema ao amigo e depois de desligar o celular foi para a cama com Nuerth vestindo as
roupas largas que pertenciam ao seu amante, pois ele não havia trazido nada com ele além de sua carteira e
celular.

"Você não vai dormir ainda?" Uma voz doce perguntou, olhando para a tela do laptop no colo de Nuerth, que tem
toda a sua atenção.

"Não, mas podemos dormir agora"

"Você tem que abrir a loja amanhã?"

"Não" foi a resposta que Mueng Nan recebeu, enquanto estava deitado olhando para o Nuerth.

No entanto, ele não conseguia dormir de qualquer maneira, ele queria conversar, ele queria abraçar Nuerth
Nakarin para dormir.

"Não consigo dormir, vamos para a frente da varanda" disse Nuerth, enquanto Nan aceitava com um simples
aceno de cabeça.

Com os dois saindo da cama ao mesmo tempo, eles caminharam até a varanda externa onde havia muitos vasos de
rosas. Esta casa era como uma imagem do sonho de Mueng Nan, onde uma cafeteria era mostrada, rosas na
varanda, até mesmo o caminho que levava ao andar de cima estava cheio de fotos.

Nos últimos dois anos, Nakarin havia tirado muitas fotos e lido muitos livros, eles podiam ser vistos enchendo as
prateleiras até que alguns tiveram que ser empilhados no chão perto de onde Mueng Nan estava sentado, olhando
para fora, que não estava completamente escuro como na casa de madeira bege, em vez disso, estava cheia de
luzes dos prédios, que para ele eram um tipo diferente de beleza. No céu as estrelas eram claramente visíveis.

"Cerveja?" Ele estava segurando uma lata de cerveja contra a bochecha da pequena pessoa com sua mão grande,
enquanto com a outra mão, ele também segurava outra lata de cerveja.

"Você está tentando me embebedar?" ele levantou a cabeça para olhar para o recém-chegado que se preparava
para se sentar também

"Se você ficar bêbado, não vai poder discutir"


"Huh! Eu disse que era teimoso. Você não tem que voltar para terminar seu trabalho?"

"Está feito"

"Hum..."

A lata de cerveja foi aberta rapidamente, ele gostava de beber cerveja com seu amante e não sabia por quê, mas a
sensação era como estar no meio do mundo real e de um sonho.

O álcool incentivou um pouco a embriaguez e, depois disso, a conversa deles ficou mais engraçada.

"Faz quanto tempo você construiu esta casa?"

"Um ano e 25 dias"

"Você não enviou um cartão para a inauguração de sua nova casa"

"Ainda não está pronta"

Se for naquela época, Nakarin, ele ainda tinha amigos e nongs e ele estava sozinho, se ele fizesse o convite, seria
inapropriado que Nan não estivesse lá, então ele não deixou ninguém saber que ele havia começado uma nova vida
aqui.

"Você já pensou em me esquecer e ter uma namorada? Eu vi o dia todo que tem muita gente querendo te
conhecer. Quer dizer, você nunca me prometeu não sair com alguém"

"Não", a outra parte respondeu em um tom firme.

"Por que, se não há contrato? Por que você me escolheu?"

"Eu quero cuidar disso, eu quero passar uma vida justa com alguém"

Nan franziu a testa, duvidando da resposta de seu amante.

"O que você está falando?"

"Outros, outros não me amam como eu sou, eles só gostam de mim pela minha aparência, mas você não é assim.
Nossos sentimentos começaram negativos e depois caíram para zero, até chegarem a 100%, no dia em que já não
podíamos mais nos separar. Então não há razão para eu escolher outras pessoas, cuidar de nós mesmos é o que
temos que fazer, assim como você tem que cuidar da sua própria vida"

”...”

"Você tem que esperar até se formar e eu estar pronto para cuidar de você. Até lá, você pode voltar aqui, é
conveniente que nenhum de nós tenha vantagem sobre o outro, mas cuidamos um do outro. "

"Vamos nos cuidar" disse Nan, mostrando um sorriso

"Até o último dia" disse North

"Até o último dia"

A mão grossa estendeu-se para segurar o pescoço de Nan, e o rosto doce se aproximou.

Os lábios do casal se juntaram, como se o mais velho tivesse os lábios do mais novo presos, fazendo com que o
corpo esguio de Nan abrisse a boca para recebê-lo, deixando a ponta de sua língua quente umedecer ao se
tocarem, absorvendo sua saudade com seus beijos novamente e de novo...
Nan manteve os olhos fechados aproveitando o momento, mesmo que ele pareça estar respirando pesadamente,
ele não vai parar, Nuerth continuou o beijando, buscando a doçura em sua boca até que o corpo de Nan
estremeceu e ele foi submerso em um mar de sensações.

Nuerth Nakarin abraçou o corpo de Nan sem separar os lábios, levou-o para o quarto e gentilmente o deitou na
cama macia enquanto afastava o chato computador, porque a pessoa na frente dele é mais sedutora, até do que
chocolate doce e qualquer coisa no planeta.

Naquela noite, a felicidade brotava em seus corações e em tudo ao seu redor.

Mueng Nan poderia morar em qualquer lugar, desde que seja com Nuerth Nakarin, até largar tudo, e andar
descalço, recomeçar, desde que esteja de mãos dadas com Nuerth, ele tem certeza de que em breve eles terão
sapatos e continuarão a andar frente.

Nan e Nuerth têm um ao outro, eles pertencem um ao outro, eles só têm que esperar o momento em que podem
ficar juntos.

"Nuerth"

"Sim"

"Te amo"

"Eu também te amo."

Mueng Nan não percebeu...

Que a tela do laptop ainda estava ligada havia sido empurrada para o pé da cama, havia uma mensagem que havia
sido postada por Nuerth Nakarin no Phantip, agradecendo a publicação que os havia reunido novamente, até
mesmo antes do tempo.

Opinião 632

Obrigado a esta publicação porque fez que eu me reunisse com ele novamente.

ESPECIAL 2: “Profundamente no amor”

...Não importa o que aconteça, não há razão para não amar e ser amado...

Dois anos depois...

Dois anos era muito tempo e tinha sido dois anos a mais do que eles pensaram.

Nan se formou e decidiu o que queria, seus pais e irmã deixaram Nan ser livre. Como Nuerth havia dito a ele, Nan
agora tinha idade suficiente para sair de casa e explorar o mundo.
Não mais com medo do fracasso, não mais com medo de cair e voltar pelo mesmo caminho que tinha sido
acarpetado em primeiro lugar toda a sua vida, ele agora entendia as decisões de Nuerth como deve ter sido passar
de ter tudo para não ter absolutamente nada, certamente ele se sentia muito solitário.

Mas Nan não estava sozinho, ele tinha Nuerth ao seu lado, ombro a ombro, juntos em todos os momentos, agora
ele só tinha que começar a construir seu futuro, fazê-lo com suas próprias mãos.

"Você está bem?" Uma voz familiar disse ao ver a figura de uma pessoa enquanto caminhava e inspecionava o
quarto.

Ele estava neste quarto desde que nasceu, e agora estava vazio, completamente vazio, sem nenhuma indicação de
que alguma vez ele já pertenceu a Nan.

Seus olhos doces e tristes varreram a habitação quadrada com um sentimento vacilante. Certa vez, ele orava
todas as noites para que chegasse à manhã seguinte, mas agora sua mente dizia que ele estava de luto por nunca
mais voltar a este lugar.

"Sim, estou bem, acho que não está faltando nada", respondeu o menino em um tom mais moderado do que o
habitual.

"Vamos descer."

"Posso... posso ficar aqui por um tempo?"

"Hum," Nuerth Nakarin assentiu, entendendo.

Pela primeira vez em anos, o homem alto havia retornado ao lugar que antes chamara de lar, algo que já era um
borrão em sua memória e que Nan temia que no futuro não pudesse mais chamar de lar. Naquela época a casa
tinha mais uma vez um coração batendo com seus pais e irmã juntos, ele não queria que desaparecesse

Nan sentou em um colchão sem lençóis, deveria ser o dia mais feliz, a separação de 4 anos com Nuerth havia
acabado.

Quando eles se encontraram novamente, 2 anos já haviam se passado, claro. Mas Nan ainda não tinha terminado
a escola e seu pai não estava disposto a deixá-lo ir e ele teve que ficar na casa de seus pais por mais dois anos.

Agora ele estava livre, mas os sentimentos de Mueng Nan estão confusos, as lágrimas invadem os sentimentos do
garoto.

Toc Toc...

"Não está trancado." Nan se levantou assim que ouviu a batida na porta antes que a pessoa do lado de fora
entrasse e se aproximasse dele.

"Por que você está chorando irmão?" Narin perguntou a seu irmão mais novo, mas era ela quem também chorava
com um sorriso forçado.

"Não estou"

"Eu vejo lágrimas"

"Eu não estou chorando" Mueng Nan ainda estava negando.

Ele nem tinha notado a primeira lágrima, quando ela havia começado a chorar? Percebendo isso, sua irmã que
veio cumprimentá-lo, percebeu que provavelmente era porquê... o pequeno não estava preparado para que essas
mudanças acontecessem ou talvez o motivo pudesse ser que ele deixaria sua família e começaria a viver com outra
pessoa.

"Nuerth Nakarin está conversando com papai depois de não terem se visto por quatro anos", disse Narin

"Só espero que meu pai não o incomode."

"Sabe, acho que não", Narin esfregou a cabeça do irmão para frente e para trás enquanto Nan, que estava fraco e
precisava de conforto, encostou o rosto no ombro da irmã e soluçou. Não é que ele não voltar, mas não seria como
no passado quando eles estavam juntos.

"Nan, você cresceu, se você sentir falta de nós, venha nos ver porque eu ainda serei sua irmã mais velha e vou
procurar por você, não importa quem você seja, somos irmão e irmã, o pai continuará a ser pai e você faz parte
desta família." Nan assentiu enquanto abraçava sua irmã com força fazendo que suas lágrimas mancharem sua
camisa

Há uma semana, ele havia tomado a firme decisão de sair de lá, recomeçar com Nuerth Nakarin. Ele teria que
trabalhar, aprender a cuidar de si e de Nuerth. Era o que ele sempre sonhou, e neste dia ele estava levando as
coisas dele da casa dos seus pais, para mudá-las para a nova casa a 696 km de distância que ele dividiria com
Nuerth.

Nan queria viajar para ver as estrelas na água, ver as luzes do norte, viver a vida que ele queria viver, mas isso
significava que não iria abraçar sua mãe todos os dias, não iria ver sua irmã ou seu pai, eles não iriam comer todos
juntos e, mais importante, ele não voltaria ao quarto quadrado que havia sido seu.

"Você tem algo para me dizer?" Narin disse.

"Obrigado, obrigado por me amar e cuidar de mim, obrigado por nunca me abandonar ou ser desrespeitosa,
mesmo eu sendo honesto, mas você nunca... me odiou nem uma vez. Eu te amo."

"Eu te amo Nan, eu te amo tanto, guarda isso, eu vou te dar" a irmã entregou um relógio que o mais novo pegou
antes de sorrir em meio às lágrimas. "Um presente para meu irmão começar uma nova vida."

O vínculo que os unia jamais seria cortado, apesar do longo caminho percorrido, Nan não conseguiu fugir do fato
de que sua "família" está neste lugar.

⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹

Nan desceu até o primeiro andar e olhou para a porta larga, observando como suas coisas já estavam no carro,
seu rosto mostrava tristeza, mas ao mesmo tempo alívio.

Entrando na sala, ele viu sua mãe, seu pai e Nuerth Nakarin esperando. A primeira coisa que viu foi o sorriso de
sua mãe e caminhou para abraçá-la dizendo palavras de amor nada menos que cinco vezes, admitindo ser uma
criança mimada, admitindo todas as más ações e atos horríveis do passado que machucaram sua mãe, mas agora
cresceu para aceitar a verdade...

Sua mãe sempre será capaz de perdoá-lo....

"Não chore Nan. Se você pensar em sua mãe, você pode voltar quantas vezes quiser." A voz da mãe consolando o
filho, esse menino que já foi mimado, teimoso e lhe deu dores de cabeça, mas que hoje cresceu e amadureceu

"Sim"

“Onde é o hospital particular onde você vai trabalhar?"

"Mamãe...”
"Eu me lembro, eu me lembro... Vou te fazer uma surpresa. Agora vá procurar seu pai."

Nan entendeu, soltando seu abraço antes de se voltar para a pessoa que ele costumava mais odiava no mundo.
Naquela época, Nan não entendia por que essa pessoa havia tirado toda a sua felicidade. Por que essa pessoa o
afogaria em sofrimento e desejaria vê-lo morrer?

Mueng Nan tinha acabado de entender...

Ele foi repreendido porque o amava... porque não fez a coisa certa. Mesmo que Nan não gostasse, o jeito de seu
pai agir o fez amar mais a Nuerth, a fogo lento, não deixando a outra pessoa escapar, fez Nan apreciar o valor do
tempo.

Ele não tinha estado com o Nuerth, mas tinha estado mais tempo com sua família, sem que ninguém o tire deles.

"Pai", uma figura esguia, estava sentado perto do chefe da família, mas ainda havia um pouco de distância, embora
a outra parte ainda estivesse franzindo a testa e nem se virasse para olhar uma vez.

"Hum"

"Vou embora"

"Vá para onde você quer ir, você tem idade suficiente para conseguir as coisas"

"Obrigado por tudo e peço desculpas por te machucar. Sou uma criança que vem do nada, mas posso dizer com a
minha boca que ainda te amo... Ainda amo meu pai da mesma forma e quero que meu pai me ame também"

"Esse é um longo discurso, apenas vá embora já" Nan assentiu coma cabeça, ele entendeu, porque viu com os
olhos que ele estava prestes a chorar...

Ainda assim, ele não queria que Nan o visse quando ele estava chorando.

A figura esbelta levantou-se em toda a sua altura, respirando fundo antes de levantar a mão para prestar respeito
junto com Nuerth Nakarin e sair daquela casa.

A liberdade que ele havia sonhado por todo esse tempo o esperava adiante, eles caminhavam de mãos dadas, mas
naquele momento as frases contundentes de seu pai que ele disse enquanto se afastavam o fizeram chorar.

"Você pode voltar"

"..."

"Vá com seu namorado e o mais importante..."

"..."

"A lula em Chiang Mai não é deliciosa. Não como a daqui"

Ele soube naquele momento que seu pai não o odiava.

⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹

A vida de Nan começou em um lugar que não conhecia.


À noite, depois do trabalho, Nan ia para a sua farmácia e ouvia uma música que gostava de chamar de "estilo
norte". Ele estava tão cansado porque além de atender a muitas pessoas no hospital, na farmácia privada, estava
igualmente movimentado.

"Bem-vindo", disse ele com uma voz doce para o recém-chegado

"Por favor, pegue isso."

"Muito obrigado", respondeu Nan, antes de o homem sair.

Nan olhou para o leite morno no balcão antes de sorrir. Quem diria que Nan, que sempre gostou de cerveja,
agora graças ao homem alto, se acostumou e de fato preferia leite quente em noites como esta

Ele costumava abrir a farmácia por apenas três horas como seu hobby, a partir das 18h até às 21h que era o
mesmo horário em que a cafeteria de Nuerth fechava.

A mão branca pegou o copo e o segurou enquanto o calor desaparecia suavemente. Antes de finalizar o dia.

Enquanto sentava e cantava esperando os clientes na loja Nan tem um bom tempo.

Já não precisa mais lutar por nada, terminou o curso, conseguiu economizar, tem uma casa e não precisa de mais
nada.

Tudo o que Mueng Nan queria era poder andar de mãos dadas com Nuerth e poder conversar sentado na varanda
de sua casa, beber um pouco de cerveja em um dia frio, falar quando se sentir frustrado, confortado quando tiver
pesadelos. Eles viveram uma vida justa, onde ambos se importam um com o outro.

Isso foi o suficiente... para o resto de sua vida.

⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹

9:00 da noite.

A farmácia de Mueng Nan fechou desligando a última lâmpada, o jovem colocou uma sacola nos ombros
enquanto sua mão segurava o copo de vidro de tamanho médio e saiu da loja, depois que a fechadura estava firme,
os dois pés avançaram.

Seus olhos olharam para as luzes da porta ao lado, que ainda estava cheia mesmo depois do horário de
fechamento.

"Bem-vinda a casa, pequeno..."

Nuerth Nakarin o cumprimentou assim que uma figura esguia abriu a porta.

"O leite estava muito gostoso." Mueng Nan atendeu e colocou a sacola no balcão e caminhou até a pia para lavar
o copo em sua mão.

"Espere um minuto, a loja está prestes a fechar."

"Ok. Você quer que eu te ajude?"

"Não, vamos apenas sentar"

"Ok"

"Como você estava no hospital hoje?"

"Muitos pacientes, tudo igual, mas tudo bem... eu consigo."


"Eu sei que você consegue, por que não vamos a Chiang Mai para ver o céu?" Nan imediatamente acenou com a
cabeça em aceitação enquanto ouvia com interesse.

Porque, além de sentar e ouvir, Mueng Nan voltou para pegar a câmera de filme e espanou-a com entusiasmo.

"Nan nós iremos na próxima semana"

"Então eu deveria verificar para ter certeza de que não está quebrado"

"A DSLR (é um tipo de câmera de lente única) e os dispositivos móveis ainda estão disponíveis para uso." Nuerth
disse

"Você não entende a arte do clássico em fotos, não é?"

"Não, a verdade é não"

"P'Nuerth ..." alguém disse

"Vamos rever as faturas"

"Sim"

A pessoa que acabara de chegar era um funcionário que Nuerth havia contratado no mês passado. O homem alto
virou-se para verificar seus ganhos antes de colocá-los em sua conta, o que permitiu que Nan continuasse curtindo
a noite, esperando o último cliente sair da loja, dispensando também o funcionário que agora estava próximo a
eles.

Depois que a porta da loja foi fechada, a mão grossa virou um pequeno cartaz pendurado, de Aberto para
Fechado, pegou a mão de Nan e subiu as escadas para o segundo andar da casa imediatamente.

"Sentiu minha falta?" Nan perguntou maliciosamente.

"Não tanto"

"Mas se você não sentiu minha falta, o que você quer?" Nan disse

"Eu não quero nada", disse Nuerth com a boca, mas suas ações foram completamente opostas, pegando o corpo
de seu amante e carregando-o para seu quarto sem dizer mais nada.

"Ei! P'Nuerth, estou com fome. Vá cozinhar para mim agora."

"Mmm, estou com fome..." Nuerth disse.

"Eu não quero dizer esse tipo de fome"

"Podemos comer depois disso" respondeu o mais velho

"Você regou as rosas na frente da varanda?"

"Eu fiz".

"E as roupas?",

"Eu guardei"

"Ah... lembrei que tenho trabalho a fazer"

"Não tente ser astuto e inventar histórias, seus olhos não são bons o suficiente para funcionar agora"
"Hmm... posso te impedir?"

Mas no final foi Mueng Nan quem pressionou seus lábios nos de Nuerth. E depois disso, o cansaço que se
acumulou ao longo da jornada de trabalho desapareceu, porque havia coisas que o deixavam muito mais cansado,
e o menino estava acostumado.

Ela queria agradecer os momentos passados, a longa espera, o choro e tudo o que aconteceu, porque aquele
momento valeu toda a espera e esforços de tantos anos e a liberdade que ele agora experimentava com Nuerth
como parte de sua vida.

"Tudo vai ficar bem".

"Eu vejo você dizer isso toda vez... Oh, Nuerth, não é como se eu pudesse lutar contra isso."

⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹

31 de dezembro

Era as férias de fim de ano, um momento para eles terem muito mais tempo juntos, porque Nuerth havia
prometido passar o último dia do ano juntos e fazer a contagem regressiva juntos. Então Mueng Nan cozinhou a
partir das 17h, regou as plantas, claro, colocou sucos e cerveja que era sua bebida favorita na mesa.

Nuerth não estava por perto....

Ele estava fora porque havia aceitado um trabalho de uns amigos para fazer algumas fotos, então ele estava fora
desde a manhã em sua velha Vespa, então Mueng Nan só podia esperar pelo seu retorno.

Nan ligou para desejar a Mork e Pee um feliz ano novo. Percebendo que ainda tinha algum tempo, ele saiu para
comprar algumas luzes decorativas no shopping próximo e procurar alguns presentes para Nuerth, mas demorou
muito para encontrar algo adequado, então ele finalmente conseguiu comprar um par de meias. ...

Ele achava que, em primeiro lugar, as meias eram as mais adequadas para Nuerth agora que era inverno, em
segundo lugar, ele tinha roupas suficientes para vestir e, em terceiro lugar, ninguém costumava comprar meias
para seu amante ou seus mais velhos, nongs ou amigos do grupo, então ele não tinha razão para não comprar
meias.

Mueng Nan conseguiu embrulhar os presentes sozinho. Além de escrever alguns cartões elaborados para o ano
novo, eles fariam algo diferente juntos, começando por deixar de lado o trabalho à sua frente, embora fizessem
viagens frequentes, queriam percorrer distâncias maiores como ir ver as luzes no Canadá ou comemorar seu
aniversário de um ano em algum lugar da Terra.

A figura esguia chegou em casa às 21h, colocou um saco plástico na mesa de jantar e virou-se para arrumar a
decoração da sala com os itens que havia comprado, colocando um presente no meio da mesa de jantar antes de
se virar e esquentar o arroz preparado há duas horas e ficar esperando ansiosamente pelo retorno do homem alto

Mas depois de esperar por um longo tempo, não havia sinal da outra parte voltar. Então ele mudou para sentar
olhando para centenas de fotos do céu que seu namorado havia desenhado. No final, quando ele estava ficando
mais impaciente, ele chamou o Nuerth deixando que mal tocasse, a outra parte atendeu imediatamente.

(Nan)

"Você terminou o trabalho?"


(Desculpe, ainda não. Mas voltarei o mais rápido possível)

"Ah... Falta muito?"

(Um pouco, se você estiver com fome, você pode comer primeiro.)

"Não, está tudo bem. Ainda não estou com fome, vou esperar para comer com você."

(Desculpe, voltarei logo.)

"Você não precisa se apressar tanto, dirija com cuidado"

(Sim...)

A figura esbelta suspirou exausta, mas não havia muito que ele pudesse fazer, então ele discou o número de sua
família mesmo tendo ligado para eles pela manhã, ele passou quase uma hora conversando com eles, mas ainda
não havia sinal do retorno de Nuerth.

A comida tinha esfriado, Mueng Nan guardou tudo antes de ligar a TV e colocar um filme chamado "Gone Girl"
que ele realmente não queria assistir, era só para matar o tempo.

O filme acabou e Nuerth não havia retornado, então ele saiu na varanda esperando a outra pessoa com esperança.

Era véspera de ano novo, então as pessoas estavam mais aglomeradas nas ruas do que o normal, todo mundo
estava se divertindo, garotos do ensino médio de mãos dadas enquanto caminhavam juntos fazendo Nan pensar
que é uma bela visão.

Algumas pessoas mais velhas, comemorando nas proximidades no karaokê, cantando e bebendo cerveja

A princípio, Nan e Nuerth pensaram em ir juntos para alguns desses lugares em Earl Down, mas acabaram
decidindo ficar em casa porque não queriam estar em um lugar cheio de gente.

Mas ele não conseguia pensar em nada, Nuerth ainda não tinha voltado.

Ele queria ligar de novo, mas temia que isso interferisse no trabalho do homem alto, então não pôde deixar de
simplesmente sentar e ver os ponteiros girarem. Faltavam dez minutos para a meia-noite, onde estava seu
amante?

Nam esperava que eles estivessem juntos no dia de Ano Novo. Eles não tinham que abraçar ou beijar, mas eles
tinham que estar juntos. Eles veriam centenas de fogos de artifício que foram acesos juntos. Alguém uma vez
disse que orar quando havia fogos de artifício faria suas orações se tornarem realidade. Se sim, ele só pediria que
Nuerth fosse feliz e andasse sempre de mãos dadas, isso seria bom....

O ponteiro comprido do relógio na parede girou, aproximando-se do número 12, e Nan ainda estava de pé na
frente da varanda, e depois de um tempo, os gritos da contagem regressiva se fundiram em um som que surgiu ao
mesmo tempo.

*Dez!"

Nuerth Nakarin não havia retornado, mas ainda estava esperando.

"Nove"

Está tudo bem, Mueng Nan acha que está tudo bem.

"Oito"

Hoje era um dia importante, mas isso não significava que os outros dias em que estiveram juntos não foram.
"Sete"

É só esperar Nuerth aparecer...

"Seis"

Volte com segurança...

"Cinco"

O ano novo estava quase lá

"Três"

Tudo o que ele queria era dizer a Nuerth...

"Dois"

Te amo

Alguém o empurrou!!

"Um!!"

"Feliz Ano Novo, eu vou te amar até minha cabeça ficar louca assim como você me ama. O amor é assim..."

"Feliz Ano Novo." Mueng Nan respondeu com lágrimas escorrendo pelo rosto, antes de abraçar o homem recém-
chegado em um estado suado com respiração pesada.

As mãos grossas soltaram as coisas em suas mãos no chão e se abraçaram com força em resposta desejando-lhe
um feliz ano novo várias vezes.

Por que era Nuerth Nakarin...

Ele nunca esteve fora por mais de 20 horas.

"Chorando de novo, desculpe."

"Huh. Oh, eu pensei que você não viria"

"Eu prometi que faria uma contagem regressiva juntos, mesmo que eu não contasse até dez, mas consegui contar
um a tempo"

As lágrimas em suas bochechas se clarearam suavemente. Enquanto segurava Nan para ver os primeiros fogos de
artifício explodirem na frente da varanda.

Quatro anos, quatro anos eles tiveram que se separar, quatro anos fizeram Mueng Nan crescer e entender que de
fato, ama mais como pensa agora.

E este ano foi o primeiro ano que eles estiveram juntos para uma contagem regressiva.

Os lábios murmuram aos grandes olhos que se viraram para olhar um rosto bonito antes de olhar para o céu

"Dois"

Estava escuro como breu, mas estava pintado com belos fogos de artifício que pulsavam tão fortemente que
fizeram os dois corações

...Fora de controle
"Três"

"Quatro!"

"Obrigado por estarmos juntos e nos divertirmos." Dois pares de pálpebras se fecharam novamente deixando os
próximos fogos de artifício explodirem.

"Pelo que você está orando?" uma voz perguntou depois que o céu ficou completamente escuro novamente,
ambos entraram na casa fechando a porta da varanda, Nuerth agora era todo dele.

"Eu? Desejo-lhe felicidade e você P'?" Nan respondeu com um sorriso.

"Eu não vou te dizer", disse Nuerth.

"Vamos comer" Nan disse

"Vamos, você está com fome agora?"

"Estou com fome também. Mas espere, deixe-me aquecer o arroz primeiro." Disse Nan

"Ok"

Nuerth esperou sentado em uma cadeira enquanto Mueng Nan está ocupado aquecendo alimentos em um
microondas. Ele não perguntou por que Nuerth estava atrasado, ele não sabia se iria perguntar, por que perguntar
sobre coisas do passado, a única coisa que ele queria prestar atenção é que Nuerth come e dorme o suficiente, ele
não precisa de nada mais.

Nan às vezes não entendia muito do mundo de Nuerth, especialmente o que tem a ver com a sociedade de
fotógrafos e artistas. Ele não entendia uma certa linguagem e estilo de vida. Não é que ele não tenha tentado, mas
é algo que ele não entende, ele acha que é a lacuna que deve existir entre eles

Mueng Nan trouxe os pratos favoritos de Nuerth para a mesa.

"Posso ajudar em algo?"

"Por favor, sente-se"

"Eu vou cantar para você"

"Eu gostaria de ouvir músicas coreanas."

Ele tinha certeza de que Nuerth nunca tinha ouvido música coreana, então ele só podia ficar quieto. Nan riu e
virou-se para aquecer o próximo prato.

Até que todos os pratos foram colocados na mesa, uma garrafa de cerveja colocada ao lado, a figura esguia
afundou em uma cadeira em frente a Nuerth. Sem música, sem velas, adicionados à atmosfera na mesa de jantar.
Apenas agindo como se fosse qualquer outro dia.

O que tinha sido especial, a contagem regressiva acabou e tudo voltou ao normal.

"Vamos comer".

"Isso é um presente?" Nuerth disse imediatamente vendo algo na mesa

"Sim, você pode tê-lo agora"

"Já tomei"
"Pervertido!"

"Bem, você já deu para mim"

"Eu não entendo a palavra surpresa", disse Nan mudando o assunto

"Eu tenho algo para você também, então você não precisa ficar surpreso."

"Onde? Vamos lá, você não precisava me dar nenhum presente." Os dedos do menor estavam entrelaçados com
os do Nuerth

Era normal eles darem presentes uns aos outros. E hoje não seria diferente. Nuerth havia colocado na frente dele
uma pequena caixa que fez Nan desconfiar...

"Eu comprei para você, abra-o"

"Seria bom se tivesse uma chave de carro BMW. Eu ficaria feliz em vê-la," Nan deu uma leve provocação enquanto
Nuerth dava um leve toque. Nan abriu a tampa da caixa de presente que era vermelha, ela viu um par de meias
dentro que era o que ele esperava em primeiro lugar.

Seus olhos aguçados procuraram algum outro objeto estranho, mas não encontraram nada além do par de meias.

"Você quer que eu os coloque?"

"Sim"

"Eu os comprei para você, para que possamos tentar usá-los."

As sobrancelhas de Nan se enrugaram tentando entender a frase anterior até quase fazer sua cabeça doer, seu
amante era um grande artista então havia momentos em que ele tinha que encontrar o significado das coisas. Nan
dizia as coisas de forma direta, mas Nuerth gostava desse tipo de frase...

"Abra"... Disse Nuerth

Ele pegou uma das meias na mão com cuidado para o caso de ser dinheiro...

Mas o que caiu em suas mãos, acabou sendo...

Um anel

"Surpreso?" Nuerth perguntou com um sorriso enorme.

"O melhor do mundo" Mueng Nan também ficou surpreso, ele não tinha imaginado isso nem em seus sonhos.

"De qualquer forma, esta é a sua surpresa..." Nuerth disse.

"..."

"Vou casar com você"

"..."

Mueng Nan ficou em silêncio por um momento tentando organizar as palavras de Nuerth em sua cabeça, seu
coração estava batendo tão forte que quase parecia que iria escapar e ele teve que responder ao homem, mas para
isso ele tinha que estar acordado e não deitado no chão como eu sentiu que estaria.

"O que está acontecendo?"

"Eu disse que nunca poderia deixar você ir" Nuerth continuou
"Ok, sim, sim, sim, eu vou me casar com você, então nunca me deixe ir"

Nuerth segurou suas mãos.

"Então nosso dote provavelmente será tudo o que já pertence a você" Um pequeno sorriso apareceu enchendo
sua casa, a felicidade estava em toda parte, porque finalmente, o dia de espera acabou completamente

Nuerth não queria contar a Nan pelo que havia orado porquê...

Realmente estava acontecendo...

Mueng Nan concordou em se casar com ele...

Porque a verdade era... Nan estava prestes a ser o noivo mais bonito...

Isso era tudo....

Se pudesse voltar no tempo, faria o mesmo.

Agora ele estava escolhendo andar de mãos dadas com Mueng Nan para esperar o dia de seu casamento...

Seu casamento...

⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹ FIM ⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹⇹

Você também pode gostar