Ex-Africa Educativo web-FINAL

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Ministério da Cultura apresenta

Banco do Brasil apresenta e patrocina

ccbb educativo 2017


Entre Redes
Este caderno
pertence a
Partiu africa! á o Oceano
ar em um avião que cruzar
Você acaba de em
ba rc inclui oito
no co nt in en te africano. Sua rota
á em.
Atlântico e pousar s. Es te é o se u caderno de viag
stória
países e muitas hi
neles que os
o gr an de s companheiros. É
Cadernos de viag
en s sã caminhos
m em ór ias de suas explorações,
m as pressões.
viajantes guarda uc os , descober tas e im
ano s m al
percorridos, pl
ateliês de
de rn os de viagem são como
tas, ca Paul
Para alguns ar tis pe la s ilh as da Polinésia, o pintor
cursõe s uras
bolso. Em suas in s co m aq ua re a
l s, desenhos, grav
a as página crevia seu
Gauguin preenchi br itâ ni co B ruce Chatwin es
cr ito r caderno,
e fotografias. O es de ro st o, e quando perdia o
na fo lh a ntrar o
nome e endereço a qu em o de vo lvesse. Não enco
mpensa as perder suas
oferecia uma reco de su as preocupações, m
m en or
passapor te era a tástrofe.
em seria uma ca
anotações de viag
posição
ar vo cê ne ssa aventura pela ex
acompanh pelo oeste do
Este caderno vai m eç a no Senegal e segue
“Ex Africa”. A viag
em co s africanos
a do Su l. Em ca da porto, ar tista
continente até a
Áfric inente que vem
ve la m as pe ctos de um cont
contemporâne os re décadas.
õe s ra dicais nas últimas
passando por tran
sf or m aç as marcas
qu e tr an si ta en tre o moderno e
frica
Descobrir essa Á é a sua aventura. An
imado?
ria re ce nt e
de sua histó
tanto, este
ca da le ito r é um viajante. Por
Esse é o trajeto,
m as e este
m as es pe ra ndo por você. Us
pron to , notícias.
material não está e nã o se es qu eça de mandar
eração ao voltar
caderno sem mod ai o Pl ín io II há 2 mil anos
ev eu C das pelo
Afinal, como escr ín ci as no rt e- africanas domina
às pr ov
de uma viagem fr ic a semper aliquid
novi”,
an o: “E x A
Império Rom há
pre
África sem
ou “da
a de s a r e portar”.
novid
Banco do Brasil
Centro Cultural
instruções
Ubuntu
“Eu sou porque nós somos” ou “Eu só existo
porque nós existimos” são significados para a
palavra “ubuntu”, originária das línguas xhosa
e zulu, etnias que vivem na África do Sul.
“EU SOU PORQUE NÓS SOMOS”
O arcebispo sul-africano Desmond Tutu fala da dificuldade
O que fazer - Traçar meu itinerário
de traduzir a palavra: “O ubuntu é muito difícil de traduzir
em uma língua ocidental. Ele fala da própria essência do ser
humano. Quando queremos fazer grandes elogios a alguém,
com este caderno: - Anotar minhas recordações
- Organizar meus pensamentos

nós dizemos: ‘Yu, u nobunto’; ‘Ei, de um jeito e outro, tem


o Ubuntu’. Então você é generoso, é hospitaleiro, é amável
e atencioso, tem compaixão. Você compartilha o que tem.
É dizer: ‘Minha humanidade está inextricavelmente ligada à
Preparacao para a viagem:
sua’. ‘Nós pertencemos a um monte de vida’.” - Checar informações sobre os países que eu vou visitar

(Desmond Tutu, No Future Without


Perdance) Palavras africanas que eu conheco:
O líder político sul-africano Nelson Mandela, assim como Tutu, Cafundó Miçanga Fubá
ganhador do prêmio Nobel, explicou-a da seguinte forma: “O
Ubuntu não significa que uma pessoa não se preocupe com Cafuné Mandinga Inhame
seu progresso pessoal. A questão é: meu progresso pessoal Camundongo Moleque Canjica
está a serviço do progresso da minha comunidade? Isso é
o mais importante na vida. E se uma pessoa conseguir viver Dengo Muamba Chuchu
assim, terá atingido algo muito precioso e admirável.” Marimbondo Samba
A sabedoria embutida na filosofia ubuntu
demonstra que o ser humano não pode
existir isoladamente. Significa que todos estão pratos que eu e que tem Vatapá Bobó
conectados e que o bem de um se traduz no
bem coletivo. “Nós pensamos em nós mesmos com influencia da cozinha africana: Caruru Feijoada
demasiada frequência como indivíduos, separados uns
dos outros, enquanto você está conectado, e o que você
faz afeta o mundo inteiro. Quando você faz um bem, ele se Lacos com o outro lado do Atlantico:
espalha. É para toda a humanidade” - ensina Tutu.
Afoxé Folia de reis Maculelê Samba
Jongo Tambor de crioula Congada Capoeira

NELSON MANDELA
“Somos feitos para o bem. 
Nós somos feitos para o amor. Estamos preparados para a simpatia. Estamos
preparados para a unidade. Estamos preparados para todas as coisas bonitas
que você e eu conhecemos. Estamos preparados para dizer ao mundo que
não há estranhos. Todos são bem-vindos: preto, branco, vermelho, amarelo,
rico, pobre, educado, não educado, masculino, feminino, gay, heterossexual,
tudo, tudo, tudo. Todos nós pertencemos a esta família, esta família humana,
a família de Deus.”
Desmond Tutu
ARCEBISPO, PRÊMIO NOBEL DA PAZ EM 1984
Você acaba de chegar; desceu do avião, saiu Repare
do aeroporto e quando virou a esquina deu de
cara com essas pessoas !! nas roupas
Quem são elas?

Olhe esse
chápeu!

note as cores e as estampas

Aviso: Não vire a página antes de criar suas histórias!


BINA COM
OPA! TEM UMA COISA QUE NÃO COM

Omar Victor diop


LUVA DE
ESSES RETRATOS DE ÉPOCA. UMA
GOLEIRO, UMA CH UTE IRA , BOL AS?
são vistos como
CARTAO VERMELHO
Mui tos jogadores de origem africana

Sua chegada ao Senegal é um encontro com um


celebridades. Porém, mesmo a realeza
africano na Europa é alvo de preconc
do futebol
eitos raciais,
PRA QUEM?
e exclusão. Quem
artista africano que o levará a uma viagem no tempo revelando um contraste entre glória
no futebol mundial​,​
e desafiará suas ideias sobre identidade e história. não se lembra de episódios racistas
espanhol em​
Primeira parada ! Senegal é a terra dos griots, personagens como o que aconteceu em um clássico
s foi alvo de
2014? O jogador brasileiro Daniel Alve

SENEGAL
fundamentais na tradição oral africana por meio ibancada
de palavras e música. São eles que, por milhares de bananas no gramado​,​lançadas da arqu
dor comeu u​ ma
anos, contam as histórias de geração em geração. pela torcida rival. Em resposta, o joga
pai que era
banana e disse que aprendeu com seu
bom para evitar cãibras.
O Projeto Diáspora surgiu da experiência
pessoal do fotógrafo senegalês Omar
Diop quando era um viajante estrangeiro.
Vivendo em Málaga (Espanha), ele
pesquisava a Europa do século XV ao XIX
quando descobriu um acervo de retratos
de africanos ilustres, alguns ainda escravos,
que se tornaram personalidades históricas
longe de sua terra natal.
Inspirado na pintura barroca europeia, Dom Miguel
de Castro
Omar explora o destino de notáveis
africanos que atuaram na Europa entre os
séculos XVI e XIX, retratando a si no lugar Um rico comerciante do Reino do
dos personagens, em figurinos cheios de Congo foi retratado com trajes de um
esplendor e ostentação. nobre holandês, nesta pintura de c. 1643,
ALBERT BADIN atribuída a Jaspar Beck ou
JUAN DE PAREJA Albert Eckout.
Filh o de uma mestiça e
em
de pai bra nco, nasceu
160 6; era esc ravizado.
Foi ass iste nte do gra nde JEAN-BAPT ISTE Nativo da ilha de Gorée AYUBA SULE IM AN FREDERICK
pin tor espanh ol Diego Nasceu em Bu ndu ,
BELLEY e
(Senega l), foi escravizado DOUGLAS
Velázq uez , que pin tou levado para as Antilhas DI ALLO no Sen ega l, em 1701,
Nascido por volta de
seu retrato. e foi esc ravizado em
Francesas, onde consegu iu 1818, filho de uma negra
Ma ryla nd. Ma is tarde,
comprar sua liberdade. na escravizada com um
Ing late rra , foi libe rtado
Em 1793, durante a homem branco. Foi
e enviado para sua ter
Revolução Francesa , foi ra líder do movimento
Vivia na corte da rainha natal. Ayuba , tam bém
eleito deputado e membro abolicionista, escritor e
da Suécia, Louisa Ulrika, con hec ido com o Job
do Clube dos Jacobinos. defensor do direito das
na segunda metade do ben Sol obo n, teve sua
Tornou-se o primeiro s mulheres. Tornou-se o
século XVIII. me mó rias publicadas
deputado francês negro, primeiro afro-americano
Badin era explorado como com o uma das prim eira
represen tando a colônia s nomeado para o governo
um experimento pela narrativas em prim eira
francesa de dos Estados Unidos.
rainha, interessada na pessoa sob re o com érc
Saint-Domingue. io
origem do homem e na esc ravagista .
natureza dos “selvagens”.
em nos desenhos do
Con ta a lenda que o prim eiro tece
lão teria A palavra “ken te” talvez tenha orig
uma cesta.
apre ndido a arte da tece lage m obs erva ndo tecido que lem bram as tramas de
euro peu s leva ram para
uma ara nha fazer sua teia . O Ken te é um tecido No sécu lo XVI, os com erciantes
aram um os com fios diferentes
trad icional dos povos Ash ant i, que form a Cos ta do Ouro tecidos bordad
cano. Por es afri can os. Os che fes
dos maiores impérios do con tine nte afri dos que eram fabricados em tear m,
teci dos que fora
mui tos sécu los, os reis e che fes trib ais da África ashantis adquiriram esses caros , com
Os prec iosos fios
Ocidental con trolavam a terr a rica em min érios então, pacienteme nte des feitos. dos
clad os aos teci
que os exploradores euro peu s cha mav am de suas cores chamativas , foram mes es dos
das joias de r par te das vest
Cos ta do Ouro. Adornados com pesa locais e passaram, assim, a faze

gana
do de tram as exclusivas, soberanos.
ouro e trajados com teci
iam sua opu lênc ia, seu
os reis e seus che fes exib
dian te dos súd itos .
poder e sua autoridade
“Out of Bounds” lembra uma colcha gigante de

ibrahim
Houve um tempo em que na Terra não havia patchwork, que pode chegar a medidas como
histórias para se contar, pois todas pertenciam 300 metros de comprimento e 3.000 kg,
a Nyame, o Deus do Céu. Ananse, o Homem dependendo de onde é montada. Nesta instalação,
o artista Ibrahim Mahama costura sacos de

mahama
Aranha, queria as histórias para o povo de sua juta que são fabricados na Ásia e importados
aldeia, então teceu uma imensa teia de prata, para Gana, usados no transporte de grãos de
que ia do chão até o céu, e por ela subiu. Mas cacau. Esses sacos são reutilizados no dia a dia
o preço a ser pago pelo baú de histórias era dos ganeses para o transporte de carvão, de
alimentos e nos afazeres da casa e do trabalho.
alto: Ananse teria que trazer Osebo, o leopardo Ibrahim trata de temas como as migrações, a
“PARAÍSO PERDIDO NÃO
de dentes terríveis, Mmboro, os marimbondos ORIENTÁVEL globalização e as trocas econômicas. As manchas,
que picam como fogo, e Moatia, a fada que
” marcas e vestígios de nomes e localizações
é uma grande montanha de
nenhum homem viu. Valeria a pena se arriscar dos comerciantes impressos nos sacos são
caixas de engraxate feitas de
incorporados à obra.
tanto? O pequeno Ananse achou que sim. madeira. Em Gana, caixas de
As instalações de Ibrahim utilizam materiais

t e
E, para nossa sorte, ele foi bem-sucedido madeira não são jogadas fora;

e n
reunidos em ambientes urbanos. O artista é

K
em sua empreitada e desceu do céu trazendo por isso Ibrahim não recolheu
caixas na rua, elas foram um garimpeiro, que gosta de andar pela
consigo o baú das histórias até o povo de sua cidade em busca do que é desperdiçado.
feitas com material retirado de
aldeia. Quando abriu o baú, as histórias – que uma antiga estação de trem
passaram a ser chamadas de histórias do desativada, construída pelos
Homem Aranha – se espalharam pelos ingleses no início do século XX.
quatro cantos do mundo e são contadas Cada colaborador estilizou sua
até hoje! caixa, dando origem a essa
imensa parede de caixotes
precariamente equilibrada,
onde tudo foi reaproveitado.

No Brasil, essa montanha é feita de


engradados de madeira usados no
transporte de frutas.
Tempo abafado, ruas movimentadas, O nome Código Negro fa
z ref
prédios coloniais antigos: chegamos a um triste episódio da histór erência a
ia.
Porto Novo, capital do Benin! 1685, durante o reinado de Escrito em
L
Há mais em comum entre esse pequeno em Versailles (França), ess ouis XIV, A capital é Porto Novo, mas a
e documento principal cidade do país é Cotonu.
país africano e o Brasil do que podemos definia as regras da escra
vidão nas É nela que chegam os aviões
supor à primeira vista. co lônias francesas. O códig
o tinha 60 que conectam o país ao mundo.
artigos e determinava qu
Entre os séculos XVI e XVIII, milhões e escravizados Pertinho da cidade, estão os rios e
não tinham direitos legais lagos de Lokossa, onde nadam os
de pessoas foram tiradas do Benin e nem
escravizadas em outras colônias europeias, A lém disso, regulava aspectos políticos. hipopótamos.
da morte, da compra e ven da vida,
principalmente no Brasil. As marcas desse da, da religião
passado aparecem, por exemplo, nas ruínas e do tratamento a esses ind
iví
das antigas construções muito presentes Código Negro vigorou por duos. O
em Porto Novo, também conhecida como 16 3 anos!
Hogbonou e Adjacé, capital do país,
fundada no fim do século XVI e colonizada
por portugueses no século XVII.
Leonce Raphael A fotografia daqui é marcada por um profundo
misticismo. Imagens de homens ju-ju e sacerdotes
e sacerdotisas vodun são populares, e a fotografia

Esse fotógrafo Agbodjelou


investiga as marcas do passado. Em sua série
desempenha um papel não apenas na vida, mas
também na vida após a morte. Na cultura do
Benin, é uma crença comum, e fonte de medo,
Código Negro, ele retrata descendentes que a alma de uma pessoa vive, presa, dentro
de escravizados segurando fotos de seus da fotografia. Nessa parte do mundo - com suas
antepassados. Completam a homenagem imagens tradições espirituais misturadas de catolicismo
atuais de lugares por onde um dia caminharam e vodun (a religião oficial do país) -, a fotografia
homens, mulheres e crianças rumo à escravidão. existe como forma de mediar a relação entre os

benin Vodun: PALAVRA QUE


SIGNIFICA “ESPÍRITO”.
vivos e os mortos.

“Eu cresci entre essas tradições, e eu quero que


OS PRATICANTES, CUJAS
IDENTIDADES SÃO SECRETAS, minhas fotografias ressoem com a compreensão
ESSE TIPO DE OBRA, EM QUE TRÊS
MUITAS VEZES PODEM SER cultural de um insider, de um local.”
IMAGENS COMPÕEM UMA MESMA
Leonce Raphael Agbodjelou
VISTOS PELAS RUAS E EVOCAM
CENA, CHAMA-SE TRÍPTICO. ESPÍRITOS ANCESTRAIS.
OS TRÍPTICOS APARECEM COM
FREQUÊNCIA NA PINTURA,
ESPECIALMENTE NA ARTE
O fotógrafo conta:
RELIGIOSA DA IDADE MÉDIA.
“Cresci cercado por câmeras. Meu pai era um dos fotógrafos de estúdio mais renomados
da África Ocidental. Eu me lembro de passar noites sentado no chão vendo-o trabalhar.
À medida que cresci, tornei-me seu assistente, e viajávamos milhas de bicicleta ou
ciclomotor para aldeias distantes, onde registrávamos os momentos mais importantes na
vida dos habitantes locais. Montávamos estúdios ao ar livre usando paisagens pintadas
e tecidos locais, diante dos quais os clientes posavam. Adereços, como flores de plástico,
sempre foram usados nos estúdios tradicionais para mostrar estilo e gosto.”

AGBODJELOU CRIOU A PRIMEIRA ESCOLA DE FOTOGRAFIA DO PAÍS!


Não é necessário ir a museus em busca de arte. Apenas observe os
egou a lagos, capita l da NigÉria.
cabelos das pessoas nas ruas - eles são como esculturas! você ch do is populosas
do país, Lagos é uma das ma
Além de ser a maior cidade do hoje mais de
u desde o ano 2000, soman
mu ndo. Sua população dobro
20 mil hões de habita ntes.

Karo Akpokiere nasceu


E POR FALAR EM FEMININO... em Lagos, em 1981, e viveu
intensamente a cultura pop da
movimentada cidade. Em sua
Ojeikere dava nome aos estilos de arte, aparecem elementos do
Cabelo que parece a torre de dia a dia da maior megalópole
penteados. Este divide o couro cabeludo
um castelo. africana, com referência a
em quadradinhos, o que faz a cabeça religião, política, migração e
Desafia a gravidade!
lembrar uma casca de abacaxi. explosão demográfica, tudo
junto e misturado, bem no estilo
O nome desse penteado de Lagos.
virou "Pineapple" - ou
J. D. Okhai Ojeikere
O fotógrafo nasceu em uma pequena vila rural
abacaxi em inglês. "Seu corte aponta
para o seu destino."
nigeriana. Aos 19 anos, trocou dois livros por
sua primeira máquina fotográfica, que usava
para clicar as mulheres de seu vilarejo se NDIDI DIKE está decidida a manter viva
a memória da época que levou à captura,
embelezando para a missa de domingo. Não
demorou até que os penteados, considerados e escravidão, de 12,5 milhões de africanos.
Cabelos têm muita
obras de arte, virassem sua paixão. Ojeikere importância na história Dike conta uma história de dor que seus
percorreu o país de bicicleta atrás de esculturas africana. Penteados sempre antepassados viveram e que, para ela,
de cabelos nas ruas, em festas de casamento e foram usados para indicar não deve ser esquecida.
ambientes de trabalho. origem, posição social ou a “Costumo deixar os materiais no meu
Nascia aí a série de fotos Hair Styles, sua religião das pessoas. estúdio por um tempo e, gradualmente,
Nos tempos coloniais, uma ideia se forma na minha cabeça,
mais conhecida obra, que inclui mil penteados
muitos usavam perucas ou e eu começo a tentar as coisas.
diferentes fotografados ao longo de 40 anos!
tinham os cabelos alisados. É o material que me fala primeiro.
Os penteados voltaram com
Eu me aproprio dos materiais de uma
tudo com a independência da
maneira que evita replicar sua função
maioria dos países africanos,
na década de 1960. Nessa original, mas não anula totalmente a história
Proxima parada época, na Nigéria, um belo deles. Espero que permita ao observador
penteado revelava sentimentos encontrar as referências políticas nas minhas
"Moisés parte o
nigéria de liberdade e euforia. obras, sem que estas sejam verbalizadas ou
expressas explicitamente.” Mar Vermelho."
Kiluanji Kia Henda
Imagine-se dentro desta cena.
Onde você está - dentro de
um desses prédios ou na rua?
_________________
Chegamos a Luanda, capital de Angola. Qual seria a hora do dia? ________
A cidade está cheia de gente, movim entada. A cor do céu e dos prédios transmite
Agora, já imaginou se ela estivesse totalme nte alguma sensação? ____________
deserta? Kia Henda usou nesta foto o texto
angola No ano de 1975, portugueses começa ram
a deixar Angola em massa quando o país se
tornou independente, dando lugar a milhares
“Esculturas penetráveis”;
o que você pensa disso? _________
de angola nos que viviam afastados, nas zonas Anote aqui um texto que você escreveria _____________________
Em Angola se fala português.
rurais, mas que se viram forçados a mudar para para esta foto.______________
Então ficou fácil, né? Mas, peraí,
você desce do avião, e alguém a capital. Foi esse fluxo de gente, de partidas _____________________
já vem dizendo coisas estra nhas , e chegadas, que instigou o artista Kiluanji Kia
como Henda, nascido em Angola em 1979.
“VAMOS LAUREAR Para represe ntar esse momen to histórico, Kia “Antes do início
Henda traz em vídeo a cidade deserta de e depois do final.”
O QUEIJO?” pessoas na noite anterior à independência, Que tempo é esse? ___________
Esse português aí não é dos quando os colonizadores portugueses _____________________
nossos, não... começa ram a deixar o país. Escreva 3 adjetivos para esta imagem.
No vídeo, passam -se 24 horas, e é ____________________,
tempo de decisão: ficar ou partir?
____________________ e
O narrador explica: “Todos os
____________________
Listinha de expressões
pertences da população estão sendo
embalados. As casas estão vazias,
em por tug uê s de A ng ola e as caixas se enchem de móveis e
bugigangas. A cidade está sendo
rea r o qu eijo? E agora, onde você
Em Angola: Vamo s lau despojada de sua memória. Tudo
s passe ar? o que resta é o esqueleto, o ponto está nesta cena?
No Brasil: Vamo
zero da história.” ____________________
Em Angola: chuinga
No Brasil: chiclete “I bat away the memories /
agou o maça rico. Eu afasto as lembranças.”
Em Angola: Meu avô ap
teu as botas.
No Brasil: Meu avô ba
ngalho da
Em Angola: Nossa, o ca
ba rul ho!
vizinha faz mu ito
, o ca rro velho da
No Brasil: Nossa “Este continente é
ba rul ho ! O trabalho é inspirado no primeiro capítulo do livro do jornalista e escritor polonês
vizinha faz mu ito
demasiadamente grande para Ryszard Kapuscinski, “Outro Dia da Vida - Angola 1975”. Kapuscinski percorreu, durante
ser descrito. É um verdadeiro 40 anos, o continente africano. O jornalista presenciou a independência da colonização
oceano, um planeta à parte, europeia, as rivalidades entre as tribos e a ascensão de ditadores.
Mas, principalmente, contou da África da gente comum, como os vendedores
todo um cosmos heterogêneo e ambulantes, dos afazeres das mulheres, das agruras dos transportes,
de uma riqueza extraordinária.” dos costumes tribais...
Kudzanai Chiurai
ar tis ta zim ba buano
Em sua série Gênesis, o
rsonagens.
mistu ra re ferências e pe
ar essa mistu ra?
Você consegue identific
colonizador e do
Bem-vindo ao Zimbábue, terra de belezas Aqui vemos as figuras do
e podemos dizer
naturais. Reserve um tempo na agenda para colonizado. Mas será qu
em nessas imagens?
visitar as famosas Cataratas Victoria. exatamente quem é qu
a his tória es tá
Mas, antes, permita-se um breve desvio A partir de que olhar ess

zimbábue para uma viagem entre passado e futuro


com Kudzanai Chiurai.
sendo contada?
Estamos acostumados a
versões únicas, como se
ler e a aprender
só tivéssemos ouvidos
Por exemplo, já
para um lado da história.
Para ouvir: bandas de aprender sobre a
pensou em como seria
rtir de uma versão
marimba, espécie de formação do Brasil a pa
s só conhecemos a Missionários fizeram incursões
xilofone de madeira contada por índios? Nó no continente africano com o
. É isso que propõe
versão dos portugueses objetivo de converter nativos ao
do dando ou tros
Chiurai ao reviver o passa cristianismo. O escocês David
.
papéis aos personagens Livingstone - esse ruivo que
aparece retratado na fotografia -
é um deles.
Ele foi o primeiro europeu a
Gênesis, do grego, significa origem, chegar às gigantescas quedas
nascimento, criação. Literalmente, o d’água de Mosi-oa-Tunya, que
começo de tudo. É o nome do primeiro livro significa fumaça que troveja,
Para comer: sadza da Bíblia. Mas onde está o começo de tudo como os habitantes a chamavam
para os povos nativos africanos?
(espécie de mingau de milho) em referência a seu intenso
Quando chegavam escravizados ao Brasil, barulho e à névoa permanente
e nhama (carne)
missionário está formada pela queda. Fascinado,
Repare agora nessa cena. O
os negros eram obrigados a abandonar
resolveu homenagear sua rainha
vestida com
suas religiões africanas e ser batizados
Para visitar: cara a cara com uma mulher com nomes católicos. Da opressão, e rebatizou-a de Victoria Falls
do que se
roupas tribais que, ao contrário
(Cataratas Victoria) .
Cataratas Victoria nasceram religiões que misturam elementos
ra baixo em pos-
poderia esperar, não olha pa
de diferentes cultos e doutrinas, como
s encara o euro- o candomblé, a umbanda, os cultos aos
tura de respeito ou medo, ma Egungus ou a Ifá, o Omoloko, a Quimbanda,
soldado, também
peu. Outra mulher, vestida de
PRESTE ATENCAO NOS OLHARES
DOS PERSONAGENS. enfrenta a situação de cabeça
erguida.
o Tambor de mina ou o Terecô etc.
Atividade
Nem sempre andamos pelas
O QUE ELES PARECEM DIZER? ruas atentos ao que se passa
ao redor. Que tal passear pela
galeria percebendo detalhes das

Chiurai brinca com a ideia de voltar ao passado Dica: ROUPAS,


obras expostas? Pormenores
nos dão pistas importantes.
SAPATOS, MÓVEIS, COLU-
para reescrevê-lo e propor um novo presente. Essa NAS, PAPEL DE PAREDE... O desafio é encontrar nas
viagem no tempo está presente nos detalhes da REPARE NAS UNHAS DO PÉ fotos expostas esses pequenos
fotografia. Você consegue identificá-los? PINTADAS DE AZUL . fragmentos e anotar o que eles
revelaram para você.
nda tem
Mas calma que ai Agora vamos às ruas de Joanesburgo! Um turista
descobrir no
muita coisa para que se preze não vai perder a vista do famoso
sa viagem!
último país de nos
prédio Ponte City. O mais alto arranha-céu da
cidade não é curioso apenas por seu formato
redondo, com um gigantesco fosso no centro
rodeado de inúmeras janelas superpovoadas,

Guy Tillim
parada final mas também por ser carregado de histórias.

África do sul
Ponte City foi construído como prédio de luxo,
para abrigar a população branca em um tempo em
que Joanesburgo vivia o Apartheid, movimento de
Nosso primeiro guia é o fotógrafo sul-africano segregação racial que excluía os negros.
Guy Tillim. A partir da década de 1980, o edifício começou a
OLHE AS PLACAS Ele é um grande conhecedor de cidades africanas.
Tillim gosta de levar sua câmera para as ruas.
ser invadido por gangues locais e, por um tempo,
tornou-se um lugar perigoso.
DAS RUAS Os artistas

kenyatta avenue
Mikhael Subotzky
Guy Tillim fotografa pessoas
em ruas que mudaram Africa do Sul
de nome depois da Chamada de Avenida Lord Delamere depois da

e Patrick Waterhouse
independência. morte de Lord Delamere, administrador colonial Inglaterra
britânico, a principal avenida de Nairobi passou
a se chamar Avenida Kenyatta após 1964, em
homenagem ao primeiro presidente do Quênia encontraram em Ponte City fonte de inspiração
para seus trabalhos. As inúmeras janelas,
independente, Mzee Jomo Kenyatta. as vistas para dentro e para fora do prédio
e até os televisores dentro das casas foram
exaustivamente fotografados e deram origem a
Na série “Museu da Revolução”, Tillim combina
imagens das cidades: Maputo (Moçambique), Luanda
seus imensos painéis iluminados.
(Angola), Harare (Zimbábue) e Nairobi (Quênia). E por
que a série tem esse nome?
O Museu da Revolução está
na Avenida 24 de Julho,
na capital de Moçambique.
Nessa data, no ano de 1885,
Moçambique se tornou oficialmente colônia de Portugal,
que venceu a disputa com a Inglaterra por seu domínio.
Quase 100 anos depois, em 1975, o país se tornava
independente, e o 24 de Julho adquiria outro significado:
passou a ser o dia em que Moçambique restituiu seus
direitos, e a capital - antes chamada de Lourenço Marques -,
ganhou o nome de Maputo.
Assim como o nome das ruas, a história da África vem
sendo ressignificada nas últimas décadas.
Andrew Tshabangu nasceu em Soweto em 1966. Soweto
é um complexo urbano próximo a Joanesburgo, formado
a partir de favelas que cresceram com a chegada de
trabalhadores negros do interior do país durante o
POR FALAR
Apartheid. Nesse tempo, o governo sul-africano designava
as áreas onde os negros podiam viver. Era a periferia, o
EM JANELAS
mais longe possível dos brancos. Soweto se tornou um dos Janelas são como molduras
principais símbolos da luta contra o regime de segregação
racial que se estendeu até 1994 na África do Sul. Seu mais
para o mundo interno e
famoso residente foi o líder pacifista Nelson Mandela. Lá externo.
também aconteceram as principais manifestações contra
o Apartheid. Hoje, Soweto atrai turistas do mundo todo Andrew Tshabangu faz de
em busca de herança cultural. suas fotos janelas para a
intimidade de seu povo. Na
O calendário marcado com o compromisso de alguém. série de fotos em preto e

Andrew Tshabangu
branco, o artista retrata
interiores de casas vazias.

Apesar de não ter ninguém nas


imagens, você consegue perceber
a presença humana nesses
ambientes?

Quem são as pessoas que dormem nessas camas?


Alguém usou esse roupão... Olhe como cada uma está arrumada.
Índice de obras
sobre tela. Cortesia do artista e da galeria A
Contracapa - Arjan Martins / Brasil. Sem título, acrílica
Gentil Carioca.

p.2 - Caricatura Nelson Mandela, Cássio Loredano.


tratos), 2014. Impressão a jato de tinta
p.6 e 7 - Omar Victor Diop / Senegal. Projeto Diáspora (autorre
Paris.
com pigmento. ©Omar Victor Diop. Cortesia MAGNIN-A Gallery,

Hora de regressar para casa Dom Miguel de Castro, Juan de Pareja, Angelo Soliman,
Suleiman Diallo, Omar Ibn Saïd, A Moroccan Man, Frederic
Jean-Baptiste Belley, Albert Badin, Ayuba
k Douglass.
o Cíntia Faria. Ibrahim Mahama / Gana.
Atravessamos o Oceano Atlântico e chegamos em casa. O Brasil é o p.11 - Ilustração Cíntia Faria. Ibrahim Mahama / Gana. p.11 - Ilustraçã
Orientável) Instalação, 2017. Foto Matheus
“Non Orientable Paradise Lost 1667” (Paraíso Perdido não
maior país de população negra fora da África e o segundo maior país Fleming.
com população negra no mundo. P.12 - Leonce Raphael Agbodjelou / Benin. Untitled Triptych
- Code Noir (Tríptico Sem título - Code

Noir), 2014. c-print. Cortesia Jack Bell Gallery, Londres


Aqui, o artista carioca Arjan Martins retrata os navios que cruzaram Catarina, São Miguel e o patrono, 1437. Óleo
Jan van Eyck. Tríptico da Virgem e a criança com Santa
o oceano com suas cargas feitas de homens. Com esse pintor começamos sobre carvalho. Acervo Pinacoteca dos Mestres Antigos, Dresden
.

este caderno e com ele vamos nos despedindo. p.14 - Karo Akpokiere / Nigéria. Hairstyle series (Série Chapel
aria), pigmento mineral em papel matte.

Cortesia Foto Ojeikere & Estate of J.D’Okhai Ojeikere.


Que aventura!
Pineapple, Beri Beri e Sem título.
Já está com saudade? Chamava-se banzo a melancolia da terra natal p.15 - Ndidi Dike / Nigéria. Exchange For Life (Troca de vida),
2017.

que sentiam os africanos vindos para o Brasil em navios negreiros. Karo Akpokiere / Nigéria. Lagos drawing (Desenhos de
Lagos), 2015-2017. Impressão digital com

Alegre-se, então! A viagem pela África nunca acaba. Isso porque a pigmento mineral em papel matte. Coleção do arti s ta.

cultura do continente foi difundida por todo o mundo.


Coleção do artista.
p.17 - Kiluanji Kia Henda / Angola. Concrete Affection, 2014.
VIII (Gênesis [JE N’ISI ISI] VIII), 2016. Tintas
p.18 - Kudzanai Chiurai / Zimbábue. Gênesis [JE N’ISI ISI]
Elza Soares, Bob Marley, Spike Lee, Denzel Washington, Pelé, pigmentadas em papel fotográfico acetinado. Cortesia Goodm
an Gallery.

Lewis Hamilton, Kofi Annan, Malcom X, Mandela, Muhammad p.19 - Vinhetas Cíntia Faria.
Ali, Tutu, Beyoncé, Lupita Nyong’o, Machado de Assis, André p.20 - Guy Tillim / África do Sul. Nairobi (Nairóbi), 2016.
Dakar, 2017. Tinta pigmentada em papel

Rebouças, Zumbi dos Palmares, Milton Nascimento, Lima Barreto,


Cabo e Joanesburgo.
algodão. © Guy Tilimm Cortesia de Stevenson, Cidade do
Sul. 12
Josephine Backer, José do Patrocínio, Usain Bolt, Whoopi Goldberg, p.21 - Mikhael Subotzky and Patrick Waterhouse / África do
Projections, from Windows (Projeçõ es das a
janel s), Ponte City,
Abdias do Nascimento, Milton Santos, Miles Davis, Xica da Silva, 2008-2011. Cortesia Goodm an Gallery.

Cartola, Martinho da Vila, Ray Charles, Basquiat, Lázaro Ramos, p.22 e 23 - Andrew Tshabangu / África do Sul. Impressão

Daiane dos Santos, Conceição Evaristo, Seu Jorge, Pixinguinha..


y
com pigmento natural em papel matte. Cortesia / Courtes
Gallery MOMO.
Você terminou esse percurso. Este pode ser o seu primeiro de muitos Bed, Hanging Ropes and Fridge (Cama, cordas penduradas
e geladeira), 2008.

cadernos de viagem que ainda virão. Afinal, outras aventuras precisam Neat Bed (Cama arrumada), 2011.
ser descobertas, outras histórias escritas. Então.. Até a próxima Candle and Bed (Vela e cama), 2011.
exposição!
Assistente de Coordenação Educativa
Patrocínio Cintia Faria
Banco do Brasil
Estagiários
Realização Bárbara Martins
Ministério da Cultura Jorge Lima

Projeto Educativo Coordenação Administrativo-financeira


Sapoti Projetos Culturais Fernanda Galvão
Larissa Altoé
Coordenação-geral Simone Vieira
Daniela Chindler

Coordenação-geral de produção
Adriana Xerez
Fabiana Martelotte

Estagiários Exposição
Programa Agnes Antunes
CCBB Educativo Edno Marques Curadoria
Entre Redes 2017 Hélio Alves Alfons Hug
Izabella Amorim
Ítalo Araújo Curadoria Clube Lagos
Coordenação Pedagógica Laís Reis Ade Bantu
Danilo Filho Lucas Fernandes
Lucas de Vasconcellos
Direção-geral
Coordenação Artística Rafael dos Santos
Txay Tamoyos MADAI
Maria Emília Carneiro
Yura Lopes
Produção Executiva
Coordenação de Produção Material Educativo Angela Magdalena
Gabriella Pertence

Pesquisa Arquitetura
Assistente de Coordenação Daniela Chindler Jeanine Menezes
Educativa Maria Emília Carneiro
ZUG Produções Culturais Mariane Beline Tavares Coordenação de Produção
Paula Marujo
Educadores Redação
Keila Muniz Daniela Chindler Produção
Matheus Fleming Ivan Accioly Maria J. Zelada
Juliana Tinoco
Intérprete de Libras
Dinalva Andrade Revisão Textual
Denise Scofano

Projeto Gráfico
REC Design

CCBB BELO HORIZONTE


Praça da Liberdade, 450, Funcionários | Informações e agendamento: (31) 3431-9400 / (31) 3431-9440
bb.com.br/cultura | SAC: 0800 729 0722 | Ouvidoria BB: 0800 729 5678 | Deficiência Auditiva ou de Fala: 0800 729 0088
Alvará de Funcionamento: 2013155660 - 12/08/2018 | /ccbb.bh | @ccbb_bh | /ccbbbh

Educativo

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