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Índice

Dedicatória..............................................................................06
Prefácio...................................................................................08
Introdução...............................................................................12
Parte I – A Restauração da Personalidade 15
01. A Restauração Dos Muros............................................16
02. A restauração das Portas...............................................29
03. Oposição Satânica.........................................................49
04. Fortalecendo o Mundo Interior.....................................60
Parte II – A Conquista da Terra 72
05. Princípios de Conquista................................................73
06. As Armas Espirituais....................................................87
07. Armadura de Deus........................................................99
08. Enfrentando o Inimigo..................................................108
Parte III – A Conquista da Mente 116
09. A Importância da Mente...............................................117
10. A Passividade da Mente................................................125
11. Solução de Deus Para a Passividade.............................133
12. Uma Mente Livre..........................................................140
Parte IV – A Conquista da Vontade 148
13. O Potencial da Vontade.................................................149
14. A Prisão da Vontade......................................................155
15. A Libertação da Vontade...............................................161
Parte V – A Conquista das Emoções 167
16. As Feridas de Satanás....................................................168
17. Raízes de Amargura.......................................................180
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18. A Força do Perdão.........................................................187
19. Raízes de Rejeição.........................................................198
20. A Saída da Rejeição.......................................................210
21. Cura Interior...................................................................221
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Dedicatória

Este livro é dedicado, com amor e gratidão, a todos aqueles que


exerceram uma influência positiva na formação da minha personalidade
e caráter cristão. Foram muitos, porém destaco os que mais me
marcaram:
Minha amada mãe, Aurenice Milhomens Coelho, que ficou
viúva com vinte e cinco anos, mas soube dar aos filhos um legado moral
de grande valor.
Margarida Gonçalves, que por mais de quatro décadas serve a
Deus como missionária em Tocantínia, TO., minha professora no
Jardim de Infância, aos quatro anos, e depois no Ginásio, sendo para
mim um modelo de vida cristã a ser seguido.
Beatriz Silva, no campo missionário desde 1936, minha
professora na 4ª série e, juntamente com D. Margarida, no Colégio
Batista do Tocantins e na Igreja Batista de Tocantínia, exemplo de vida
cristã e ministério.
O Colégio Batista de Tocantins, que tem moldado vidas
sertanejas para que sirvam a Deus e à Pátria como homens e mulheres
de caráter digno. Ele investiu na minha formação durante a infância e a
adolescência, através de sua plêiade de professores-missionários,
servindo por vocação Divina.
O Seminário de Educadoras Cristãs, no Recife, onde estive
estudando interna por seis anos e recebendo tanto através de muitos
professores dedicados à Deus e à Sua obra, de 1965 a 1970, tendo sido
profundamente marcada sobretudo pela vida de mulheres santas e
comprometidas com Deus e o seu Reino, especialmente: Martha
Hairston, reitora do Seminário, hoje aposentada nos Estados Unidos,
cujas palavras ainda ecoam em meus ouvidos: «Quando te desviares
para a direita e quando te desviares para a esquerda, os teus ouvidos
ouvirão atrás de ti uma palavra dizendo: este é o caminho, andai por
ele» (Is. 30:21); Ruth Meneses, hoje aposentada em Feira de Santana,
BA., deã do Seminário, cuja personalidade firme e princípios de vida e
ministério exerceram grande influência em minha formação. Suas
palavras de ordem ainda ardem em meu espírito: «Sê fiel, ainda que isto
te custe a vida».
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A estas duas instituições, estas mulheres de Deus e todos os
meus professores, meu preito de gratidão. Suas vidas foram canais de
lapidação em minha personalidade, e glória a Deus por cada uma delas,
cuja lista é bem vasta. Certamente o fato de ter sido exposta, dos quatro
aos vinte e três anos, à influência de homens e mulheres que vivem
apenas para a glória de Deus, sem ter tido um único professor cuja vida
não fosse digna e temente ao Pai, é uma das grandes bênçãos da minha
vida. Benditos sois de Deus!
Dedico ainda este livro ao doce Consolador, o Espírito Santo,
que me tem assistido não só no refinar do meu caráter, mas no
descortinar de tantas preciosidades da Palavra de Deus e na sua
transmissão a milhões. Que Ele use as verdades aqui expressas, para
abençoar a muitos, e a Deus, todo o louvor, honra e a glória!
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Prefácio

Estava assistindo um acampamento para mulheres, na África do


Sul, em julho de 1985, e ali ouvi uma esposa de pastor, cujo nome não
me lembro, falar sobre «Raízes de Rejeição». Era um assunto sobre o
qual jamais me debruçara e, apesar de ter causado impacto sobre muitas
das participantes, não parecia ser algo que ministrasse à alguma
necessidade pessoal. Apesar disso, perguntei à pleletora como
conseguir as notas xerocadas que ela usara na palestra. Ela passou-me
às mãos o que tinha, e verifiquei ser algumas páginas, em forma de
esboço, de uma apostila intitulada «Possuí a Terra».
Os meses subsequentes testemunharam profundo tratamento de
Deus em minha própria alma. Percebi as marcas das raízes de rejeição
e como, desde a conversão, o Espírito vinha lidando com elas. Julgava
não mais haver resquícios delas, mas agora percebia claramente que a
obra a ser realizada era bem mais profunda do que imaginara. Entendi
a extensão do que Deus quer operar em nossa personalidade para que
ela seja totalmente liberta de toda e qualquer prisão, a fim de refletir a
glória do Pai e a beleza de Jesus.
Era como que um retoque final, antes do início do novo
ministério no Brasil, que aconteceria no ano seguinte. Sofri um trauma
na infância, aos quatro anos de idade, provocado por uma atitude do
meu pai, antes da sua morte. Cresci com dolorosas raízes de rejeição,
embora não as manifestasse. Ao encontrar-me com Cristo, porém, meu
ser inteiro desabrochara.
Ao longo dos anos no Seminário e no trabalho missionário em
África, não tive qualquer motivo para sentimento de rejeição. Pelo
contrário: recebia muita demonstração de amor, carinho, aceitação e
todo tipo de amabilidade dos irmãos em Cristo em todos os lugares. Os
elogios chegavam a me constranger. Mas agora vivia uma outra
experiência, Deus me pedira para renunciar todas as coisas, em uma
época que parecia haver chegado ao clímax do ministério. Sofrera uma
revolução espiritual e teológica e estava de volta ao deserto, com Deus
e Sua Palavra. Estava em um novo País, em silêncio, proibida, pelas
circunstâncias, de comunicação com os velhos amigos. Nenhum, com
quem compartilhar. Ninguém a depender de mim, como nos anos
anteriores, à frente de uma instituição teológica e de uma Igreja, nem
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ninguém a quem prestar contas, como fizera até então. Uma sensação
desagradável. A direção de Deus era apenas para cada passo, a curto
prazo: seis meses, um mês, uma semana. Sentia fechar o cerco da prova
da fé, Contudo, não ousava dar um passo, sem a convicção de que Ele
o comandara.
Recebera, então, numa experiência marcante e dramática, uma
comissão clara: «Tenho um ministério para ti no Brasil. Deixei-te só em
Moçambique para treinar-te, e enviar-te de volta. Teu tempo na África
do Sul é de treinamento, mas ainda não terminei o que quero fazer em
ti.» Estas palavras me vieram em fevereiro daquele ano, no encontro
mais extraordinário que já tive com Deus. Mas estava longe de entender
a extensão delas.
É em meio a toda essa situação que o doce Espírito coloca o dedo
em minha alma para aprofundar Sua obra de restauração. Ele sabia que
eu precisaria de estrutura emocional para enfrentar todos os embates da
nova etapa de ministério no Brasil. Como Ele é fiel e sábio, forja a
identidade necessária para cada tipo de desafio, e antes de levar-nos a
temperaturas mais elevadas de batalha, conduz-nos à têmpera adequada
ao novo nível. Fui, portanto, em meio a lutas, conduzida a ouvir,
novamente, aquela irmã, falando sobre raízes de rejeição, através de
fita-cassete que adquirira e, desta vez, o assunto veio ao encontro da
minha necessidade. Ministrou-me ao coração. Mal sabia que estava
sendo introduzida no estudo de um assunto que me consumiria muito
tempo e sobre o qual receberia tanta luz.
A partir daquele esboço, cujo autor desconheço, comecei a
pesquisar a Bíblia, orar e estudar sobre a matéria, ampliando-a
grandemente. Desde 1986, tenho dedicado um tempo a isso, ensinando,
escrevendo, aplicando e recebendo testemunho de profundas
libertações. O resultado é o livro que está em suas mãos. Está bem
distante daquelas páginas de apostila, mas dou graças a Deus por elas,
pois, foram usadas para motivar-me a investir numa questão que se tem
provado da maior importância na vida da Igreja e serviram de base para
a parte sobre a posse da terra. Sou devedora, portanto, ao autor
desconhecido.
Considerando os sérios problemas de relacionamento,
provocados pela desestrutura da alma, decidi que se voltasse a dirigir
uma Escola Bíblica, «Possuí a Terra» seria uma das principais matérias.
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Mais tarde o assunto foi ampliado e sai agora com o título geral de
«Personalidades Restauradas», o que envolve restauração, libertação,
cura e maturidade da alma.
O grande número de cartas de todas as partes do País e de outros
países, narrando tremendos conflitos da alma e em busca de alívio, tem
movido profundamente meu coração a ministrar às suas necessidades,
através de um estudo da Palavra que aponte uma libertação permanente.
Então, uma série de estudos foi preparada, reunindo o aprendizado na
Palavra e na experiência ao longo de 29 anos de vida com Cristo, 6 dos
quais no Seminário, 15 como missionária em África e agora quase sete
no Brasil. O coração da matéria foi apresentado em 26 horas de
programas de televisão, o que despertou grande interesse e muitos
pedidos do material em forma escrita.
O que é apresentado nas páginas a seguir, são princípios bíblicos
que abrangem os mais diversos aspectos da vida cristã, pois tratar da
personalidade exige um fundamento bíblico em várias áreas. Este é um
tipo de manual que pode servir para estudo em Escola Bíblica, Escola
Dominical, grupos familiares, ou discipulado.
Dada a urgência de colocar à disposição dos líderes que têm
estudado a matéria conosco e outros interessados, o assunto é lançado
de forma compacta, para não se tornar um livro muito extenso. No
futuro, porém, ele será dividido em livros menores, mais leves, para o
grande público.
Personalidades Restauradas não é um compêndio teológico,
nem um tratado de psicologia, mas é uma série de estudos veiculada nos
programas de televisão «A Palavra da Fé», colocadas em forma
escrita, com o objetivo de assistir aos telespectadores que gostariam de
continuar a estudar a matéria em pauta, de um modo mais profundo.
O assunto é muito vasto e poderia ser abordado de vários ângulos.
Certamente há bastante material em nossas livrarias que trata das
questões da alma com propriedade e maestria. O que aqui é abordado,
não visa substituí-lo ou com ele competir. Estamos apenas colocando
em forma escrita o que tem sido ministrado em público, orando para
que o Espírito de Deus realize uma profunda obra regeneradora,
restauradora, santificadora e saradora em cada um que tomar o seu
tempo para estudar as verdades aqui ressaltadas, com base na infalível
Palavra de Deus.
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Personalidades Restauradas visa buscar um caminho para a
solução dos problemas da alma, isto é, da mente, das emoções e da
vontade, deixando logo claro que toda obra Divina, em qualquer área
da nossa vida, depende de uma boa combinação da Palavra de Deus
escrita, com a ação do Espírito Santo. Convidamo-lo, portanto, a abrir
o coração ao estudo da Palavra, com uma disposição de obediência e a
submeter-se ao Espírito de Deus, verdadeiro Mestre e O que tem todos
os recursos para trazer à sua vida a plena redenção, libertação e cura.
Que a unção do Espírito de Deus se faça presente, enquanto você
se expõe aos ensinos aqui abordados, fruto de uma longa experiência
com Deus, muito estudo da Palavra e Oração. Que a presença
maravilhosa desse doce Consolador envolva agora seu coração e lhe
traga toda luz necessária para encontrar as verdadeiras causas dos seus
conflitos, feridas e prisões, rompendo com todos eles e conduzindo-o
àquele lugar que Ele tem projetado para você, que é seu filho: a
conformidade com a imagem de Jesus.
«Porque os que dantes conheceu, também os predestinou para
serem conformes a imagem de Seu Filho, a fim de que Ele seja o
primogênito entre muitos irmãos» (Rm. 8:29).
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INTRODUÇÃO

Deus levanta um exército de filhos Seus, com o propósito de ser


canal da Sua Palavra, amor e graça. Esse exército tem a missão de
saquear o inferno e povoar o Céu, sendo responsável pela grande
colheita do tempo do fim. É imperioso, porém, que os filhos se tornem
um testemunho vivo do poder de Deus para transformar a natureza
humana. Essa transformação deve, necessariamente, atingir o homem
integral: espírito, alma e corpo. Em outras palavras, um espírito
redimido, uma alma restaurada e um corpo sadio, trazendo a carne sob
sujeição.
Uma das áreas mais negligenciadas, no entanto mais exposta e
com a maior manifestação de problema, é a alma, ou personalidade.
Muitas vezes alguém até possui uma unção especial em sua vida, mas
devido a uma personalidade sem controle, desestruturada, seu
ministério é afetado. Parece existir um conflito constante entre o que a
pessoa sabe ser o padrão Divino para a vida cristã e o modo como ela
age e reage. Esse conflito, vezes sem conta, pode levá-la a buscar ajuda
em um psicólogo ou mesmo psiquiatra. Deus, contudo, tem um plano
para que cada um de Seus filhos receba, dos recursos de Sua graça, uma
completa restauração em sua personalidade, de modo que possa refletir
a beleza do caráter do Senhor Jesus, que vive no crente, na pessoa do
Espírito Santo.
Nossa personalidade é o reflexo de heranças dos nossos pais,
cultura, ambiente, experiências vividas e tudo quanto entrou para nossa
formação, antes mesmo do nosso nascimento. O próprio pecado, no
qual fomos concebidos, deixou suas tristes marcas, umas mais
berrantes, outras menos visíveis. Todos, porém, sem exceção, trazemos
o sinal de uma herança pecaminosa. Quando Cristo entra em nossa vida,
muda o sentido e a razão do viver, mas cedo descobrimos que o mundo
da alma é complexo e carece de uma obra profunda, gradativa, que nos
troque as marcas de uma personalidade doentia pelas virtudes
encarnadas em nosso Senhor Jesus Cristo.
Haverá possibilidades de mudanças permanentes, de cura
interior, de restauração da nossa personalidade? Claro que sim. Há
recursos em Deus para trazer ao nosso ser inteiro a harmonia por Ele
projetada. Iremos, pois, no presente estudo, buscar na Palavra de Deus,
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nossa bússola e fonte de toda instrução, os princípios que nos
ajudarão a encontrar a vitória de uma alma sã. Os problemas de
personalidade têm constantemente causado sérias dificuldades na vida
e no relacionamento das pessoas. Como somos seres sociais e não
poderemos viver isolados uns dos outros, só há um caminho para uma
convivência sadia, dentro do plano de comunhão e unidade que Deus
quer para Seu povo: ser liberto das cadeias que prendem a alma e ajustá-
la à Palavra de Deus. Salomão declara que:
«Melhor é o longânimo do que o valente; e o que domina o seu
espírito do que o que toma uma cidade». (Pv. 16:32) «Como a cidade
derribada que não tem muros, assim é o homem que não pode conter o
seu espírito» (Pv. 25:28).
A figura da cidade sem muros bem retrata aquele que não tem
controle ou domínio sobre sua própria personalidade. O que representa
uma cidade sem muros ? No contexto bíblico, falando dos tempos
antigos, significa uma cidade sem proteção, exposta a todo tipo de
ataque adversário, vulnerável, portanto, destinada à infestação de toda
sorte de inimigo e, finalmente, à destruição. Uma pessoa que não
contém o seu espírito tem os muros de sua personalidade caídos ou
cheios de brecha, o que permite a invasão de forças inimigas.
Sobre os muros da cidade estavam as torres de vigia, lugar de
onde os ataques iminentes eram detectados e deles se dava aviso. Dali,
também, partiam ataques de defesa (2 Sm. 11:19 a 24). A segurança e
proteção da cidade, dos que nela habitavam e de suas riquezas,
dependiam da estrutura dos seus muros (2Cr.14:7-8).
Os muros da cidade são tão importantes que Apocalipse se refere
aos muros da Nova Jerusalém, de seus fundamentos, medidas e material
com que são construídos. Fala de suas portas e ressalta a importância e
beleza das mesmas. Tomaremos, pois, esta figura para mostrar a
importância de termos os muros de nossa alma de pé, sem brechas, com
suas portas no lugar e as torres de vigia em pleno funcionamento. Só
assim nos será possível, neste tempo de tremendos conflitos contra as
forças das trevas, manter toda a sorte de intruso longe da nossa alma e,
ao mesmo tempo, ser canais para a libertação daqueles que foram
vencidos.
A Bíblia é rica em figuras, que nos ilustram as realidades do
mundo do espírito. Lançaremos mão, ao longo deste estudo, de duas
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figuras principais, extraídas da história do povo de Israel, buscando,
do Espírito Santo, a luz, com o propósito de receber as lições e
aplicações para nossa alma, com vistas à sua restauração, libertação e
cura interior.
O estudo está dividido em partes: na primeira, a palavra chave é:
Restauração. O livro de Neemias será a base do mesmo. Na segunda,
a Conquista é o imperativo. Para tanto, usaremos a conquista da Terra
de Canaã, como a figura de base. Dentro dessa ideia de apoderar-se,
apropriar-se, conquistar, abordamos as áreas que formam a
personalidade: Conquista da Mente, da Vontade e das Emoções.
Vivemos em dias quando o Espírito de Deus se move na Igreja
com o propósito de restaurá-la, sará-la e embelezá-la, a fim de poder
entregar ao Senhor Jesus a Noiva gloriosa, como Ele mesmo deseja
recebê-la. Foi para isto que Ele veio e esta é a obra do Espírito Santo:
operar em pecadores de tal sorte que estes sejam transformados em
filhos de Deus, preparados para desposar o Cordeiro e reinar com Ele
em glória.
«Cristo amou a Igreja e a Si mesmo Se entregou por ela, a fim
de a santificar, tendo-a purificado com a lavagem da água, pela
Palavra, a fim de apresentá-la a Si mesmo Igreja gloriosa, sem mácula,
nem ruga, nem qualquer coisa semelhante, mas santa e irrepreensível»
(Ef. 5:25b-27).
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PARTE I

A RESTAURAÇÃO DA
PERSONALIDADE

A primeira figura que usaremos é a dos muros da cidade. Iremos


aos livros de Esdras e Neemias e ali descobriremos grandes princípios
para a restauração da nossa personalidade. Abra-se ao mover do
Espírito de Deus e deixe que Ele mesmo estabeleça os paralelos entre
os ensinos da Palavra e suas experiências, consumando em sua alma a
obra de restauração, libertação e cura que Ele deseja e pode realizar.
Falaremos do templo, como símbolo do nosso espírito, dos muros,
representando nossa alma, e das portas, como o lugar de decisão em
nossa vida.
O incidente na história de Israel que primeiro tomaremos, fala da
restauração do templo em Jerusalém e dos seus muros. Nabucodonosor,
rei da Babilônia, havia invadido e destruído o templo e a cidade em 587
A. C. Jeremias profetizara que a duração do cativeiro seria de setenta
anos (Jr. 25:11). Em 538 A.C., Ciro rei da Pérsia, conforme profetizado
por Isaías, permitiu ao povo regressar e reconstruir o templo (Conf. Is.
44:28;45:1-13;Ed.1:1-3).
Os livros de Esdras e Neemias relatam o que ocorreu em
conseqüência do decreto de Ciro. Nesses dois livros há duas fases
distintas: a restauração do templo, sob o comando de Zorobabel e a
restauração dos muros, sob Neemias. Palavras como edificar,
reedificar e restaurar, aparecem cinqüenta e cinco vezes em seus
relatos. Tomá-la-emos, portanto, como base de ensino figurado para um
sério trabalho em nossa personalidade, com vistas à maturidade cristã,
« até que todos chequemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do
Filho de Deus, ao estado de homem feito, à medida da estatura da
plenitude de Cristo» (Ef. 4:13).
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Capítulo 1

A RESTAURAÇÃO DOS MUROS

A casa do Senhor era o coração do decreto de Ciro. Em Esdras


1:1-5, há quatro referências à edificação da Casa que fora destruída por
Nabucodonosor:
O Senhor Deus do Céu me deu todos os reinos da terra, e me
encarregou de Lhe edificar uma Casa em Jerusalém, que é Judá.
Quem há entre vós de todo o seu povo (seja seu Deus com ele)
suba para Jerusalém, que é em Judá, e edifique a Casa do Senhor,
Deus de Israel; Ele é o Deus que habita em Jerusalém.
E todo remanescente, seja qual for o lugar em que é peregrino,
seja ajudado pelos homens desse lugar com prata, com ouro, com bens
e com animais afora a oferta voluntária para a Casa de Deus, que está
em Jerusalém.
Então se levantaram os chefes das casas paternas de Judá e
Benjamim, e os sacerdotes, e os levitas, todos aqueles cujo espírito
Deus despertara, para subirem a edificar a Casa e Deus, que está em
Jerusalém».
Primeiro, a Restauração do Templo
Estamos diante de prioridades corretas. Antes de se pensar em
qualquer outra coisa, o lugar de culto deveria ser restaurado. Tão
logo a primeira leva de cativos judeus retornou a Jerusalém, o altar foi
edificado; o canal de adoração e comunicação com Deus foi
estabelecido. O Templo era o lugar escolhido por Deus, para nele fazer
habitar o Seu Nome (Ne. 1:9). Lá se davam os sacrifícios religiosos e
era o coração da vida espiritual de Israel. Lá estavam as Tábuas da
Aliança, a glória de Deus, Sua presença e Santidade.
Sem o Templo, Jerusalém perdia seu valor. Portanto, sua
restauração era obra prioritária. É disso que o livro de Esdras trata.
Aplicando as lições à nossa experiência, Deus nos escolheu para
fazer habitar em nós o Seu nome. Somos Seus servos, a quem Ele
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resgatou com o Seu grande poder e mão forte (Ne. 1:10). Ele quis nos
transformar em santuários Seus e comungar conosco, fazendo de nós
transportes de Sua presença na Terra.
Antes de trabalharmos na alma, ou na carne, precisamos lidar
com o nosso espírito. O coração de Israel era Jerusalém; o coração de
Jerusalém era o templo; o coração do templo era o Santo dos Santos.
Nele estava a Arca, coberta pelo propiciatório, contendo as Tábuas da
Aliança, «escritas pelo dedo de Deus». A partir dali, Deus falava. Logo,
o templo, habitação de Deus, era o centro e a razão de tudo. A primeira
preocupação, portanto, era com esse lugar.
A experiência mais marcante em nossa vida é o novo nascimento,
pelo qual o nosso espírito é recriado e se transforma no santuário de
Deus na Terra, onde Seu Espírito habita e onde se estabelece uma
comunhão e comunicação com Deus (2Co.5:17;2Co.6:16;3:16). É por
essa experiência que nos tornamos filhos de Deus (Jo. 1:12), herdeiros
seus e co-herdeiros com Cristo (Rm. 8:16,17), participantes da sua
natureza (2 Pe. 1:4), porque somos gerados de novo da semente Divina
(I Pe. 1:23), que permanece em nós (I Jo. 3:9). Por essa razão, tornamo-
nos habitação de Deus, santuários vivos, transportando a Palavra
Viva, na pessoa do Espírito Santo.
Segundo, A Restauração dos Muros
Após essa obra de regeneração em nosso espírito, estamos
prontos para o próximo passo: a restauração dos muros, para que o
santuário seja protegido. Em outras palavras, a restauração da nossa
personalidade, para que o inimigo não encontre brechas para nos
atacar. É disso que trataremos, pedindo a Deus que nos guie e nos revele
o Seu caminho no tratamento de nossas almas, a fim de que as virtudes
do caráter de Cristo se manifestem em nossa própria personalidade.
Fazemos do velho corinho, nossa oração:
Que a beleza de Cristo se veja em mim;
Toda a Sua admirável pureza e amor.
Ó tu, Chama Divina, todo o meu ser refina,
Até que a beleza de Cristo se veja em mim.
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Se você já nasceu de novo, está consciente e convicto de que
Jesus é o seu único Senhor e Salvador. Agora, como filhos de Deus,
vamos enveredar pelo caminho da restauração dos muros, portas e
torres da nossa alma, para que o santuário seja protegido e defendido,
e os intrusos, enviados pelo inimigo, não venham assolar o nosso
templo.
Se você ainda não teve essa experiência de novo nascimento, não
prossiga. Pare agora diante dAquele que o criou. Ele tem um plano
maravilhoso para a sua vida e quer transformá-la por completo, dando-
lhe uma razão de viver. Por você, Cristo deu Sua vida na cruz do
Calvário e pagou o preço da completa libertação e redenção de todo
aquele que crê. Tudo quanto era necessário para que você seja livre das
garras do pecado e de Satanás, já foi feito, como expressão da graça e
do amor de Deus por você. O que você tem que fazer agora é só
renunciar seus pecados e seu passado, entregando-se inteiramente a
Jesus. O resto, Ele fará.
Considere que o Espírito de Deus está agora junto a você, para
levá-lo a Jesus e torná-lO real ao seu coração. Ele o transformará num
santuário, onde a glória de Deus assiste e Sua doce voz se fará ouvir.
Você não está lendo este livro por acaso. Através dele, Deus marcou
um encontro com você e saiba que, abrindo-se neste momento à Sua
graça e amor indizível, abraçando a Jesus Cristo, você nunca mais será
o mesmo, «Porque todo aquele que invocar o nome do Senhor será
salvo»
(Rom. 10:13). Se isso de fato expressa o desejo do seu coração,
abra-se à presença de Deus e diga em voz alta:
Senhor Jesus, reconheço que nasci e tenho vivido em pecado,
mas Tu tomaste o meu lugar na cruz do Calvário e pagaste o preço da
minha redenção. Renuncio o pecado, a Satanás, o mundo, a carne e a
mim mesmo, e me entrego a Ti. Sê o Senhor da minha vida. Confesso
com a minha boca que Tu és o Filho de Deus, que morreste em meu
lugar, ressuscitaste e hás de voltar. Confesso que Tu és o meu Senhor.
Recebo-Te em minha vida e seguir-Te-ei para sempre. Agradeço-Te
porque, de acordo com a Tua Palavra, eu estou nascendo como filho
de Deus e os meus pecados estão sendo perdoados. Sei que me recebes
agora como filho. Faz de mim a pessoa que Tu queres que eu seja.
Amém.
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Agradeça a Deus porque confessares a Jesus como Senhor, e
em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás
salvo; visto que com o coração se crê para a justiça e com a boca se
confessa para a salvação. Porque a Escritura diz: Ninguém que nEle
crê será confundido. Porquanto não há distinção entre judeu e grego;
porque o mesmo Senhor o é de todos, rico para com todos os que O
invocam. Porque: Todo aquele que invocar o nome do Senhor será
salvo (Rm.10:9-13).

A Necessidade Da Restauração Dos Muros


O livro de Neemias nos dá uma ilustração clara da obra a ser
realizada na restauração da nossa personalidade. Ele está cheio de
ensinamentos na área de liderança, de batalha espiritual, de
restauração de vários outros aspectos da vida cristã. Aqui lançaremos
mão dos ensinos que se aplicam à restauração, libertação ou cura da
nossa alma. Antes, porém, de nos enveredarmos pelos seus relatos,
daremos uma rápida visão do seu conteúdo, usando as notas
introdutórias ao livro da BÍBLIA ANOTADA (The Ryrie Study Bíble),
editada pela EDITORA MUNDO CRISTÃO.
*AUTOR – NEEMIAS
DATA – 445-425 a. C.
O HOMEM NEEMIAS – Como copeiro do rei Artaxerxes I, a
posição de Neemias era de grande responsabilidade (comprovar que o
vinho bebido pelo rei jamais estivesse envenenado) e de muita
influência (já que um servo que desfruta de tanta confiança
freqüentemente se tornava um conselheiro bem íntimo). Ao ouvir que
as muralhas de Jerusalém ainda não haviam sido reconstruídas, e
recebendo permissão do rei para ir a Jerusalém e corrigir a situação,
demonstrou qualidades ímpares de liderança e organização. Em 52 dias
o trabalho de reconstrução foi terminado. Como governador de Judá,
Neemias demonstrou humildade, integridade, patriotismo, energia,
piedade e altruísmo.
Depois de doze anos no cargo, ele retornou por pouco tempo à
corte de Artaxerxes (2:1;13:6) e de lá voltou a Judá, onde exortou seu
povo ao arrependimento.
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Tão vivido e franco é o relato que muito do material contido
no livro provém do que deve ter sido o diário pessoal de Neemias.
CONTEXTO HISTÓRICO – Os papiros de Elefantina,
descobertos em 1903, confirmam a historicidade do livro de Neemias,
mencionando Sambalá (2:19) e Joanã (6:18;12:23). Estas fontes
também nos indicam que Neemias deixou de ser governador de Judá
antes de 408 a. C.
CONTEÚDO – O livro completa a história do remanescente que
voltara do exílio em Babilônia, restauração esta começada sob a
liderança de Esdras. Marca também o início das «setenta semanas» de
Daniel e fornece o contexto histórico para a profecia de Malaquias.

ESBOÇO DE NEEMIAS

I. A Reconstrução dos Muros (sob a Liderança de Neemias), 1:1-


7:73
A – O Retorno a Jerusalém, 1:1-2:20
1. A condição de Jerusalém, 1:1-7
2. A petição de eemias, 1:8-11
3. A comissão de Artaxerxes, 2:1-10
4. A inspeção dos muros, 2:11-20
B - A Reconstrução dos Muros, 3:1-7:4
1. O trabalho designado, 3:1-32
2. O trabalho atacado, 4:1-6:14
a. Pela zombaria, 4:1-6
b. Por conspiração, 4:7-21
c. Por extorsão, 5:1-19
d. Pela transigência, 6:1-4
e. Pela calúnia, 6:5-9
21
3. O Trabalho realizado, 6:15-7:4
C - O Registro do Povo, 7:5-73
II. A Renovação da Aliança (Sob a Liderança de Esdras),8:1-
10:39
A. A leitura da Lei, 8:1-8
B. A Reação do Povo, 8:9-18
C. O Arrependimento do Povo, 9:1-38
D. A Ratificação da Aliança, 10:1-27
E. As Responsabilidades da Aliança, 10:28-39
III. A Reforma da Nação, 11:1-13:31
A. O Repovoamento das Cidades, 11:1-12:265
1. Jerusalém, 11:1-1:24
2. Outras Cidades, 11:25-36
3. Sacerdotes e levitas, 12:1-26
B. A Reededicação dos Muros, 12:27-47
C. O Reavivamento do Povo, 13:1-31
1. Reformas em relação aos não judeus, 13:1-3
2. Reformas em relação ao sacerdócio, 13:4-5
3. Reformas em relação ao Sábado, 13:15-22
4. Reformas em relação ao casamento, 13:23-31.»

Não iremos fazer um estudo do livro, mas aí está um esboço que


poderá ajudá-lo em um estudo pessoal. Vamos extrair o que diz respeito
ao assunto de tratamento com a nossa alma, fazendo as devidas
aplicações, orando para que a luz do Espírito nos dirija.
22
O Significado do Nome
Neemias significa «Consolação de Já» (um dos nomes de Deus),
ou «Aquele a quem Jeová conforta».Tomá-lo-emos, portanto, como um
tipo do Espírito Santo, o Consolador ou Confortador, que se identifica
com as nossas necessidades, e se dispõe a dirigir-nos na obra de
restauração dos muros da nossa personalidade.
O Estado de Jerusalém
Neemias recebe um relatório, por parte de um irmão seu, do
estado em que se encontra Jerusalém:
«Os restantes que ficaram do cativeiro, lá na província estão em
grande aflição e opróbrio; também está derrubado o muro de
Jerusalém, e as suas portas queimadas a fogo» (Ne.1:3).
Suas entranhas se movem de compaixão e ele intercede pelo
povo, com jejum, por alguns dias, invocando o Deus da Aliança. Em
sua oração, ele declara que os judeus são «servos» do Altíssimo.
Confessa seus pecados e reconhece a misericórdia e justiça de Deus,
mas firma-se na promessa de perdão para interceder a favor de uma
intervenção miraculosa, que resulte na restauração da cidade e remoção
da vergonha e aflição que pesa sobre todo o povo (Ne. 1:5-9). Ele, pois,
se coloca entre o Pai e Seus servos:
«Eles são os Teus servos e o Teu povo, que resgataste com o Teu
grande poder e com a Tua mão poderosa» (Ne. 1:10).
Somos servos de Deus e Ele nos resgatou com o precioso
sangue de Jesus. A despeito disto, muitas vezes temos sido assolados
por muitas pressões, aflições e terríveis inimigos. Apesar do nosso
coração ter se transformado no santuário de Deus, olhamos para a
nossa alma e deparamo-nos com verdadeiros intrusos de medo,
insegurança, frustração, auto-compaixão, mágoa, crítica, falta de
perdão e até mesmo opressão. Mas o Espírito de Deus, que em nós
habita, «intercede por nós com gemidos inexprimíveis». (Rm 8:26). Há
Alguém, o doce Consolador, que se identifica com a nossa causa,
dispõe dos recursos Divinos e uma comissão real para remover o nosso
opróbrio. Portanto, coragem! Há libertação e restauração para os
resgatados do Senhor, e você é um deles. Jamais compreenderemos a
extensão e profundidade desse amor de Deus, porém saiba que o
Espírito Consolador, Sarador, Santificador, Regenerador e Restaurador
23
não se dará por satisfeito, até que nos veja no pleno gozo da vida
abundante, que Cristo Jesus nos garantiu pelo preço pago por nossa
plena redenção.
Falando sobre a cidade de Jerusalém, Neemias lembra as
palavras do próprio Deus: « o lugar que tenho escolhido para ali fazer
habitar o meu Nome» (Ne. 1:9b). Aí está a razão da importância da
Cidade: foi escolhida por Deus. Você também é muito importante para
o Espírito Santo, nosso «Neemias». Foi através de Sua operação que
você conheceu a Cristo e se tornou um filho de Deus. Mas a obra ainda
não está completa. Ela só se completará com a sua glorificação.
Você transporta a vida de Deus dentro de si mesmo, na pessoa do
Seu Espírito, que habita no coração do nascido de novo. O nome de
Deus habita em seu espírito. Isso eqüivale dizer que a presença de Deus
está em você. Torna-se, pois, necessário que todas as áreas de sua vida
reflitam a realidade da presença de Deus dentro de você. Ter um
santuário numa cidade cheia de entulhos, com os muros no chão, as
portas destruídas pelo fogo, e sem qualquer proteção, é uma verdadeira
vergonha, um opróbrio. O Espírito Santo se move, em nossos dias,
numa obra de restauração, libertação e cura, para que toda a cidade, que
simboliza nosso ser inteiro, viva na beleza e harmonia projetadas por
Deus, para você e para mim, pois o Seu Nome habita em nós.

Uma Cidade Sem Muros Está


Sujeita à Invasão Inimiga

Satanás não tem acesso ao nosso espírito recriado, mas ele tem-
no ao nosso corpo e à nossa alma, caso alguma brecha lhe seja dada.
Quando nascemos de novo o nosso espírito é recriado no entanto a alma
traz muitas marcas das quais precisa se libertar. São traumas,
complexos, feridas, hábitos, filosofias, uma série de coisas que nada
têm a ver com os padrões de Deus para a vida dos Seus filhos. E é aqui
que uma pergunta se levanta: «O que é a alma ?» É o mundo dos
nossos pensamentos, sentimentos e vontade. É nossa personalidade.
O homem é tridimensional: ele é um espírito, possui uma alma
e habita em um corpo. O espírito tem consciência de Deus; a alma
24
tem consciência de si mesma; o corpo tem consciência da matéria.
Com nosso espírito tocamos o reino espiritual; com nossa alma, o reino
intelectual, emocional e volitivo; com o corpo, o reino físico, material.
A obra da salvação visa atingir essas três áreas. Em um outro estudo,
intitulado «Vitória Total», abordamos a obra a ser realizada em cada
uma delas.
Sintetizando, diríamos:
1. O Espírito Santo recria nosso espírito, tornando-nos filhos
de Deus e participantes de Sua natureza, santuários habitados pelo
próprio Espírito (Jo. 1:12;2Pe. 1:4; I Co. 3:16; 6:19; I Jo. 3:1,9).
2. A Palavra de Deus restaura a nossa alma, pela renovação da
nossa mente, o que nos torna cada vez mais semelhantes a Jesus em
nossa personalidade (Tg. 1;21; Ro. 12:2; 2 Co. 3:18; Ro. 8:29).
3. Nós disciplinamos nossa carne, sujeitando-a ao
nosso espírito, levando nossos membros a serem instrumentos da justiça
e não mais do pecado (I Co. 9:27;Rm.8:13;Gl.5:24;Cl.3:5;Rm.6:13).
Neste estudo, estaremos tratando apenas da alma. Conscientize-
se, desde já, que apesar do novo nascimento ocorrer como um milagre
instantâneo, não existe uma fórmula para uma restauração da alma em
um momento. Exige trabalho, tempo, cooperação entre nós e o
Espírito Santo. A própria palavra «restauração» ou «edificação»,
implica em esforço, trabalho. É um processo. No entanto, não há razão
para desanimar. O Consolador nos revelará as áreas danificadas e
dirigir-nos-á em toda a obra de restauração. Não estamos sozinhos,
nem sem recursos.
«Maior é Aquele que está em nós, do que aquele que está no
mundo» (I Jo. 4:4) e « em todas estas coisas somos mais que
vencedores, por Aquele que nos amou» (Rm. 8:37).
Mãos a obra, pois, com a certeza de que, com o auxílio do
Espírito, nossos muros estarão de pé, sem brechas e com suas portas
no devido lugar, para que a vida de Deus em nosso espírito tenha livre
expressão através da nossa alma restaurada.
Neemias faz um pedido ousado ao rei da Pérsia e é atendido, no
seu dizer, «graças à boa mão do meu Deus sobre mim» (Ne. 2:8). Em
chegando a Jerusalém, ele faz um levantamento da situação e constata
25
o estado de calamidade da cidade. «Contemplei os muros de
Jerusalém, que estavam demolidos, e as portas, que tinham sido
consumidas pelo fogo» (Ne. 2:13). O próximo passo é lembrar ao povo
a realidade dos danos e convocá-lo a empreender a obra da
restauração, declarando: «Bem vedes o triste estado em que estamos,
como Jerusalém está assolada, e as suas portas queimadas a fogo;
vinde, pois, e edifiquemos o muro de Jerusalém, para que não
estejamos mais em opróbrio» (Ne. 2:17).
Note que Neemias não realiza a obra sozinho. Ele convoca:
«Edifiquemos». Do mesmo modo, o Espírito de Deus, que conhece
todas as coisas a nosso respeito, bem como a vontade do Pai, fala-nos
da situação de nossa alma e nos convida à ação. Teremos que
participar ativamente, seguindo Suas instruções e estratégias. Sem
Ele, não chegaremos a lado nenhum, e se não dermos ouvidos à Sua
voz, obedecendo as Suas diretrizes, também permaneceremos com
nossa alma desestruturada e aberta à invasão e opressão do inimigo,
tornando-nos motivo de vergonha para todos.
Um dos erros graves, é julgar-se que o Espírito tudo fará por
nós, enquanto esperamos de braços cruzados. Outro engano, é correr-
se atrás de um e de outro, pedindo oração por um problema sem nada
fazer a respeito, julgando que sua solução depende, exclusivamente,
da oração daquela pessoa. A realidade dos princípios bíblicos, porém,
é que Deus faz a Sua parte, o irmão faz a sua por nós, ministrando-
nos a palavra ou intercedendo a nosso favor e nós temos que fazer
a nossa, para que a obra seja estabelecida. Hoje o Espírito está nos
falando: «Vinde e edifiquemos o muro». Ele vai conosco e isso faz a
diferença. Prepare-se, pois, para a ação e tenha firme em sua mente
que, se você não se dispuser a trabalhar na restauração, nada irá
acontecer. A obra é realizada pelo Espírito Santo e nós. Ele dá a
estratégia, a direção, o conselho, e você obedece prontamente.
Assim fazendo, sob Sua direção infalível, os conflitos de sua alma
cessarão.
Um outro aspecto importante nessa reconstrução, é que o
material existente não é desprezado. Neemias usa tanto o elemento
humano, quanto as pedras amontoadas que haviam caído ou estavam
cobertas de lixo. Há um aproveitamento do que poderia parecer apenas
lixo, mas que trabalhado teria de volta a beleza e função originais.
Neemias aproveitou as pedras quebradas. Ele nada desperdiçou. Os
26
muros haviam sido derrubados, mas as pedras permaneceram lá.
Assim também, o Espírito Santo não nos despersonalizará. Ele
lançará mão de tudo que temos, proveniente das mãos de Deus, e
removerá o lixo acrescentado. Cada um de nós tem características
distintas, que serão preservadas. Ele pegará as pedras caídas e
quebradas, emendá-las-á e as colocará em seu devido lugar.
Restauração é isso: tomar alguma coisa boa, que sofreu danos e
estragos, e repará-la até que se torne como era originalmente.
Deus é um Deus econômico e não desperdiça material. Tudo
o que é aproveitável, será aproveitado. Suas capacidades, seus
talentos, aquilo que você tem, Deus vai usá-los e colocá-los no lugar
certo. Ele lança mão das experiências do passado, até dos fracassos,
para trabalhar a sua restauração. O Espírito de Deus é especialista em
pegar as coisas quebradas e restaurá-las, de modo a não ficar nem
mesmo vestígio de todo o dano. Sua alma pode estar em frangalhos,
marcada pelos mais profundos traumas e complexos, por toda sorte de
rejeição ou feridas, por toda opressão satânica ou depressão, todo
pesar ou desespero, mas Ele ajudará a remover o lixo acumulado,
pondo cada coisa no seu devido lugar, e a paz de Deus inundará seu
ser inteiro.
Há várias figuras no livro de Neemias que nos trazem preciosas
lições. Mencionamos algumas:
1. Jerusalém é importante porque o nome de Deus nela habita e
foi escolhida por Ele. Vale a pena investir nela. Nós somos importantes
para Deus pela mesma razão: Deus nos escolheu, em Cristo, e fez
habitar Seu nome em nós, pelo que somos chamados filhos de Deus.
Através do Espírito Santo, Ele investirá em nós até que Seus
maravilhosos propósitos de Pai para conosco sejam plenamente
concretizados. E quão eternos são tais propósitos!
2. Na cidade foi construído o Templo, lugar de adoração que,
dada sua importância, devia ser protegido. Nosso espírito é
transformado no templo de Deus, quando passamos pela experiência
de novo nascimento, e nele acontece a adoração a Deus, movida pelo
Seu Espírito que em nós habita. Dentro de nós, portanto, está um
templo que deve, igualmente, ser protegido. Há um santuário em nós e
todo o ambiente em volta deve ser condizente com essa realidade: lugar
santo, de adoração.
27
3. Os Muros em volta da cidade, falam do que é visível, da
parte exterior, com a qual os que nos cercam têm o primeiro contacto.
Eles representam a nossa personalidade, nossa alma, aquilo que
manifestamos em nossos relacionamentos. Esses muros podem estar
nos mais diversos estados de conservação e beleza. Muros com
brechas, caídos, além de feios, são vulneráveis à penetração de
inimigos. Muros bem alicerçados e conservados, representam
proteção a tudo quanto está dentro da cidade – o nosso espírito, recriado
pelo Espírito de Deus.
4. As Portas falam do lugar de decisão em nossa alma, nossa
vontade, nossas escolhas. Elas são uma parte da alma. É na porta que
decidimos quem por ela entra ou sai, a quem deve ser fechada ou
aberta. Haverá momentos em que ela deve estar aberta e outros em que
deverá estar fechada, dependendo de quem ou do que deseja passar por
ela. Portas caídas, falam de vontade inconstante, enfraquecida.
Portas no devido lugar, falam de decisões acertadas.
5. As Torres no muro falam do lugar de vigilância. É delas que
se detecta a aproximação inimiga ou dos mensageiros de boas novas.
Nossa alma precisa dessas torres, isto é, uma atitude de vigilância e
alerta, para que não sejamos apanhados em ataques-surpresa, o que nos
levaria a derrotas.
6. As Fontes falam do material usado para apagar as flechas
incendiárias lançadas pelo inimigo. Flechas com material inflamável
na ponta eram as armas mais poderosas da antigüidade, pois com elas
incendiavam-se as portas e abriam-se as brechas necessárias à invasão.
Uma fonte de água, junto a uma porta, eqüivalia a um míssil antiaéreo
ou aos modernos «patriots», que neutralizam os «scuds». Precisamos
de fontes junto às nossas portas, o que eqüivale dizer, da água da
Palavra de Deus. Com ela apagaremos os «dardos inflamados do
maligno», neutralizaremos as investidas inimigas, e seremos vitoriosos.
Neemias pensou em cada detalhe, pois disso tudo dependia a segurança,
proteção e o desempenho da missão em Jerusalém.
Você é uma Jerusalém espiritual, e tem uma missão de Deus na
Terra. Para que ela seja cabalmente executada, o Espírito Santo está
interessado em ver os seus muros sem brechas, suas portas fechadas ao
inimigo e abertas para Deus, suas torres de vigilância em franco
funcionamento e a água da Palavra sempre disponível para apagar as
28
setas incendiárias do maligno, pois ele não desistirá em seus ataques.
Enquanto estivermos no mundo, estaremos engajados em um combate
de vida ou morte. Não há como fugir dele. A solução é encontrarmos,
em Deus, uma posição de força e sermos solidamente edificados em
cada uma das áreas do nosso ser: espírito, mente, emoções, vontade
e corpo.
29
Capítulo 2

A RESTAURAÇÃO
DAS PORTAS

É interessante verificar a prioridade na restauração dos muros: as


portas. Se os muros falam da nossa personalidade como um todo, há
vários elementos nela contidos, dentre os quais a vontade, que é o fator
determinante para o progresso de qualquer obra de restauração,
libertação ou cura. Iremos, portanto, abordar este aspecto, discorrendo
um pouco sobre as doze portas em volta dos muros. Seriam doze áreas
em nossa personalidade que precisam de tratamento. No capítulo sobre
a conquista da vontade, falaremos mais sobre este poder de decisão, no
entanto queremos lançar mão das figuras no livro de Neemias para que
se torne mais claro o que Deus quer nos ensinar.
As portas são o lugar onde exercemos nossa autoridade,
manifestamos nossa vontade, fazemos nossas escolhas e tomamos
nossas decisões. Elas precisam ser restauradas. O Diabo não consegue
nos obrigar a fazer nada, quando lhe dizemos não. O homem tem uma
vontade livre, e quando, ele resolve dizer não ao inimigo, é não mesmo,
e quando decide dizer sim a Deus, é sim mesmo. Daí a importância da
restauração da vontade, pois se ela estiver livre, a carne pode apelar, o
mundo pode exercer seu fascínio, o Diabo pode tentar, mas nada
conseguirá dobrá-la diante da carne, nem do mundo, nem o Diabo. E
diante de uma livre decisão da vontade ninguém terá poder de demovê-
la. Uma vontade inconstante é vulnerável aos mais diversos ataques,
porém a vontade restaurada encontra harmonia com os propósitos do
seu Criador e resiste toda investida.
Há muitos filhos de Deus com a vontade enfraquecida. Não se
firmam em nenhuma decisão tomada. São inconstantes em seus
caminhos, inseguros, indecisos. Suas portas estão queimadas. Não
sabem o que querem, são vacilantes, têm uma vontade fraca, doente,
prisioneira. Mas, alto lá, o Espírito está em nós, para ajudar a restaurar
as portas da nossa alma. Chega de aflição e vergonha! Chega de cadeias
na alma! Levantemo-nos agora, pois podemos dizer não ao Diabo, ao
pecado, à carne, ao mundo, à depressão, à angústia, ao medo, a todo
30
intruso inimigo, porque o Todo-Poderoso Espírito Santo está conosco
e nos conduzirá à vitória. Ele nos ajudará a restaurar essa área da nossa
alma: a vontade.
Convém deixar bem claro que essa obra será um processo. Ela
não acontecerá da noite para o dia. Há inimigos que se habituaram a
conviver conosco, em nossa alma, por muitos anos, e sua expulsão e
limpeza da sujeira que deixaram atrás, levará tempo. Por exemplo, se o
medo o acompanhou por quarenta anos e, de repente você diz: «medo,
não te darei mais lugar e minha vida. Retira-te de mim». A princípio
ele vai tentar resistir, como que dizendo: «O que é isso? Vivo contigo a
quarenta anos, e não é agora que vais me mandar embora. Certamente
estás brincando!» É aí que você terá que aprender a exercer firme
autoridade contra ele e demonstrar que você está querendo dizer mesmo
o que você disse. Seus pensamentos serão reestruturados, passando do
medo para a segurança em Deus. Isso pode levar algum tempo, até que
você renove a mente e exerça firme autoridade sobre o medo e não mais
lhe dê guarida.
Outra coisa a lembrar, é que o Espírito Santo virá nos ajudar,
mas Ele não fará a obra sozinho. Neemias foi a Jerusalém ajudar,
contudo cada um teve que colocar a mão na massa. Cada um se pôs na
frente da sua casa, diante do muro, onde estava a brecha, para começar
a repará-la. A cada um Neemias deu a diretriz, supervisionou, orientou,
mas não fez o trabalho que lhes competia. O mesmo ocorrerá conosco;
teremos que por mãos à obra. A promessa da aliança diz que tudo em
que pusermos as mãos, prosperará. Porém se não colocarmos as mãos
sobre a obra. Não haverá o que prosperar.

As Doze Portas

Neemias começa sua obra de restauração, pelas portas. Como já


vimos, elas falam da vontade, da decisão. Está, pois, explicada a
prioridade. Toda a reconstrução vai exigir uma tomada de posição e
firme determinação, pois haverá obstáculos. São doze as portas.
Olhemos para cada uma delas, aplicando-as à nossa situação. Enquanto
fazemos isso, deixemos que o próprio Espírito de Deus devasse nossa
alma e indique tudo quanto precisa de reparo.
31

1. Porta das Ovelhas (Ne. 3:1)


Encontro Com o Cordeiro de Deus

Essa era a porta por onde passavam as ovelhas desti-


nadas ao sacrifício da Páscoa. Ela nos lembra «O Cordeiro de Deus,
que tira o pecado do mundo» (Jo. 1:29). Aponta para Aquele que está à
direita do Pai e é o único digno de abrir o livro de nossa plena redenção
e quebrar os seus selos, forçando, assim, Satanás a recuar a respeitar
nossos direitos de redenção, porque foi morto e com o Seu sangue nos
comprou para Deus e para Ele nos constituiu Reino e sacerdotes,
destinados a reinar para sempre (Ap. 5:9,10). A primeira porta a ser
restaurada é a das ovelhas. Por ela recebemos o Senhor Jesus, o
Cordeiro de Deus que tomou nosso lugar na cruz do Calvário, como
nosso Senhor, Salvador e Rei. Essa porta em nossa vida deve estar
escancarada para Jesus. É uma decisão da vontade, permitir que Ele
entre em nossa vida e efetue dentro de nós Sua obra salvadora e
libertadora, pelo poder do Seu precioso sangue remidor derramado em
nosso lugar. A Porta das Ovelhas, portanto, é o lugar da redenção a
Cristo e da experiência de conversão, quando somos levados pelo
Seu sangue e regenerados em nosso espírito.
O Cordeiro de Deus já passou por essa porta da sua alma? Isso
envolve mais do que receber a Jesus como seu Salvador, tendo-O
residindo em seu coração, na pessoa do Espírito Santo. Falar de Jesus
em sua alma, inclui um relacionamento que afeta, não só seu espírito,
mas toda a sua alma, inclui um relacionamento que afeta, não só seu
espírito, mas toda a sua personalidade. Implica em que Ele encherá seus
pensamentos, dominará seus sentimentos e motivará suas decisões.
Você verá seu próprio corpo como o transporte da vida de Deus aqui na
Terra, o que será um apelo a viver em santidade e dignidade. É uma
identificação constante com Ele, «fitando os olhos em Jesus, autor e
consumador da nossa fé» (Hb. 12-2b).
Quando convivemos muito com uma pessoa, devotando-lhe
nosso afeto, terminamos nos assemelhando a ela. Se devotarmos tempo
estudando sobre Jesus, pensando nEle, conversando com Ele, amando-
O, ouvindo-O., aprendendo Seus ensinos e obedecendo-os, iremos nos
32
tornando cada vez mais parecidos com Ele. E não é este, porventura,
o propósito do Pai? A operação do Espírito Santo em nós não visa isso
mesmo?
«Pois aqueles a quem dantes conheceu – de quem estava
consciente e de antemão amou – também destinou o princípio
(predestinou-os) para serem moldados na imagem do Seu Filho
compartilhar interiormente da Sua semelhança, para que Ele seja o
primogênito entre muitos irmãos» (Rm. 8:29 – Amp).
«E todos nós, com rosto descoberto, porque nós continuamos a
contemplar na Palavra de Deus como em um espelho e glória do
Senhor, estamos constantemente sendo transfigurados em Sua própria
e verdadeira imagem, num sempre crescente esplendor e de um degrau
de glória a outro; pois isto vem do Senhor Que é o Espírito» (2 Co.
3:18-Amp.)
2. A Porta dos Peixes (Ne. 3:3)
Lugar de Crescimento e Reprodução

Na raiz da palavra «peixe», na língua hebraica, encontra-


mos o sentido de «crescimento», «reprodução», «mover-se
rapidamente». Isso nos lembra o chamado ao crescimento numérico, à
reprodução de nossas vidas em novos filhos, novos peixes, novas
ovelhas, em novos crentes. A porta dos peixes é aquela por onde
deixaremos entrar os novos filhos de Deus. Exige uma decisão de não
vivermos só para nós, mas irmos à busca dos que também precisam
encontrar Jesus. Estamos interessados na reprodução e no crescimento,
pelo que nos disporemos a receber em nossa alma aqueles que vão
chegando a Jesus, pois precisam de cuidado, de nutrição e assistência.
Quando nos abrimos para receber cada nova pessoa, do jeito que ela
vem, com muitos problemas na alma, tantas carecendo de libertação,
pois trazem marcas profundas do mundo de onde acabaram de sair,
nossa alma será elastecida e enriquecida. O amor de Cristo vai nos
dominar e seremos capazes de assistir a um número cada vez maior. A
compaixão de Jesus se manifestará através do nosso próprio coração e
o contacto com essas tenras ovelhinhas do Senhor será usado na nossa
própria edificação. A semelhança do Mestre em nosso caráter
33
conhecerá um crescimento constante, pois seremos transformados em
canais do Seu amor e graça.
Lembre-se de que Deus usa as pessoas como canais de bênção e
edificação em nossa vida. Até aquelas que parecem menos amáveis e
ranzinzas, aqueles temperamentos difíceis, Deus usará para forjar em
nós as virtudes do caráter de Jesus. É assim que o fruto do Espírito tem
uma chance de amadurecer em nossa vida. O amor, a tolerância, a
paciência, o perdão, a misericórdia, tudo isso e muito mais se
desenvolve no trato com as pessoas, especialmente os novos crentes,
tão necessitados de assistência para poderem firmar seus passos na fé.
E que oportunidade maravilhosa de crescermos quando a Porta dos
Peixes está aberta em nossa alma! Cada novo crente que entrar por ela,
será abençoado, mas também deixará conosco uma bênção.
Soa aos nossos ouvidos a Palavra do Senhor: «Vinde após mim,
e Eu farei que vos torneis pescadores de homens» (Mc.1:17). E será
pela Porta dos Peixes que eles serão por nós alcançados.
3. A Porta Velha (Ne. 3:6)
Libertação do Passado
Essa porta fala das coisas velhas existentes em nossa alma, e que
devem ser removidas. Ilustra um passado que deixa marcas no caráter;
memórias ferinas que teimam em permanecer machucando; padrões de
pensamento e hábitos alheios aos princípios do Reino de Deus, enfim,
tudo quanto é herança contrária à nova vida em Cristo.
Paulo declara taxativamente: «Se alguém está em Cristo,
nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo»
(2 Co. 5:17). Em outras palavras, é uma nova criação e o passado não
tem mais autoridade legal sobre ele. Essa é uma realidade da nossa
posição em velhos padrões, velhas maneiras de viver, de encarar as
coisas, hábitos, muito do que faz parte da velha natureza adâmica. Tudo
isso deve ser removido pela porta velha, pois nossa vida em Cristo é
uma completa novidade de vida.
Paulo fala disso quando diz que fomos instruídos em Cristo a nos
despojar do velho homem, «quanto ao procedimento anterior, que se
corrompe pelas concupiscências do engano; a vos renovar no espírito
da vossa mente; e a vos revestir do novo homem, que segundo Deus foi
34
criado em verdadeira justiça e santidade» (Ef. 4:21-24). Nos
versículos a seguir, ele fala sobre o modo de agir do velho homem: a
mentira, a ira, o furto, as palavras impensadas, a amargura, cólera, ira,
gritaria, blasfêmia, malícia, dizendo que tudo isso e coisas semelhantes
não devem ter mais lugar em nossa vida. Ele declara, que assim
procedendo estaríamos dando lugar ao Diabo e entristecendo o Espírito
Santo, no qual fomos selados para o dia da redenção (Ef. 4:30).
Convém aqui salientar que a libertação dessas velharias
mencionadas, depende de uma firme determinação da vontade de as
rejeitar. Paulo apela-nos a uma tomada de posição. Por que viver no
passado, se temos uma nova vida? Por que ter os pés embaraçados por
velhas ataduras, quando somos chamados a gozar a liberdade da nova
criação em Cristo? O desafio hoje é escancarar a Porta Velha, deixando
por ela sair o passado, e depois fechá-la para os hábitos e prisões antigas
que tentem voltar à alma. Em Cristo, não temos passado. Essa é uma
verdade legal. Agora vamos trazê-la à nossa experiência, e viver em
completa novidade de vida.
4. A Porta Do Vale (Ne. 3:13)
O Milagre Da Salvação

Havia nos arredores de Jerusalém um vale que um dia fora belo,


o Vale de Hinon, mas como ali os filhos de Israel passaram a sacrificar
ao deus Moloque, foi amaldiçoado e Jeremias profetizou que ele seria
chamado “Vale da Matança” (Jr. 32:35;7:30;8:3). Isaías o apresenta
como um lugar escatológico de punição, onde «o seu verme nunca
morrerá, nem o seu fogo se apagará» (Is. 66:22-24). Ele passou a ser
chamado Geena, identificado com o fogo, morte e tormento. Jesus faz
referência a ele, como uma figura do inferno, «onde o seu verme não
morre, e o fogo não se apaga» (Mc. 9:43-48).
No vale era colocado todo o lixo da cidade, que seria queimado.
Havia sempre os vermes dos cadáveres e o fogo ardia constantemente.
A Porta do Vale, pois, representa para nós a porta da libertação do
inferno, o lugar do maior de todos os milagres: a nossa salvação. O
grande milagre pelo qual Deus nos tirou do inferno e das chamas eternas
e sua destruição. Essa é a porta em nossa vida que se abre para os
livramentos e milagres de Deus.
35
O fogo do vale pode também advertir-nos contra todo o fogo
estranho. A porta deve estar fechada para o diabo, que tentará introduzir
na cidade, isto é, na alma, a destruição do vale. O fogo de Deus é algo
extraordinário: queima, mas não destrói, como aconteceu na sarça, no
Sinai. Mas o fogo de Satanás traz dor, sofrimento e desolação. Não deve
haver lugar para fogo estranho dentro da nossa alma. O único fogo
que deve arder em nós, é o do Espírito Santo.
Depois do milagre da nossa libertação do inferno, fomos
colocados em uma posição de canais de Deus para arrancar outros que
lá permanecem. Lembre-se de que estamos falando do lugar de decisão,
as portas. Em cada uma delas, a decisão de quando abrir e quando fechar
cada porta, a quem abrir e a quem fechar, é sua. Na porta do vale, Deus
nos encontrou e nos libertou, pois a abrimos para Ele entrar. Agora ela
permanecerá fechada a todo fogo inimigo. Por ela, no entanto,
passaremos para encontrar aqueles que estão dominados pelo inferno.
O gozo presente dos milagres de Deus em nós, não deve
insensibilizar o nosso coração aos sofrimentos dos que perecem.
Jamais nos devemos esquecer de que os horrores do inferno são reais e
que o destino das vidas que para lá caminham depende de nós, pois
transportamos a vida de Deus e é a partir do nosso coração, usando
nossos lábios, pés e mãos, que Deus alcançará outros com Seu milagre
libertador.
5. A Porta do Monturo (Ne. 3:14)
Remoção do Lixo
Essa é a porta pela qual o lixo da alma deve ser removido.
Ela deve estar aberta ao Espírito Santo para que todo o lixo acumulado
seja jogado fora, e nenhum outro volte a entrar. Será que um crente em
Cristo pode ter lixo? Todos nós chegamos a Jesus cheios dele. Nosso
espírito foi recriado pelo Espírito de Deus, mas nossa alma está em
processo de restauração. Isso quer dizer que ainda estamos diante do
desafio da remoção de coisas que se acostumaram a conviver conosco
e que nada têm a ver com a vida de Deus. Tudo quanto não se
enquadra dentro do fruto do Espírito, é lixo e deverá ser rejeitado.
Todas as obras da carne são imundas e devem ser erradicadas da própria
personalidade, dando lugar ao fruto do Espírito.
36
Quando viemos a Cristo, fizemo-lo com uma alma cheia de
defeitos. Nossa conversão não repara automaticamente as brechas da
nossa personalidade. Quando olhamos uns para os outros logo
descobrimos que há muito a ser tratado. Um é explosivo, outro é
fechado; um se fere com muita facilidade, outro é tendente à depressão;
um manifesta egoísmo e um outro é orgulhoso. Tudo isso é lixo,
resquícios dos padrões e valores do mundo. Muitas vezes só o Espírito
Santo pode penetrar os porões da nossa alma e descobrir as sujeiras
escondidas, tão incorporadas a certas áreas, que até parecem
naturais.
No meio de um mundo corrompido, como aquele em que
vivemos, facilmente, a poeira e o lixo que nos cercam vão
sorrateiramente penetrando em nossa alma. Como isso acontece?
Através dos nossos sentidos, especialmente a visão e a audição. Os
meios de comunicação têm sido um dos tremendos canais do Diabo para
invadir nossa alma com seu lixo imundo, através da enxurrada de
imagens e palavras sensuais, obscenas, violentas e carregadas de
veneno mortífero. Essas coisas terminam se manifestando em atitudes,
reações, palavras, pensamentos, trajes e padrões de vida, de modo muito
sutil. As bancas de jornais, com suas revistas pornográficas expostas,
as cenas em praça pública de todo tipo de imoralidade, também, fazem
parte do lixo que nos cerca e, muitas vezes, são como poeira que se
apega aos nossos pés.
O contacto com um mundo sujo, cheio de tanta impureza, numa
época em que os poderes do inferno estão soltos e têm suas garras
violentas sobre tantos, tenta também nos manchar. Requer uma decisão
da vontade, rejeitar toda essa contaminação que vem do lado de fora, e
que ainda está presente, impedindo a entrada de novo lixo.
Apesar de vivermos num mundo com tanto apelo à carne, aos
sentidos e ao pecado, é possível manter a imundície do lado de fora,
conservando a Porta do Lixo fechada. Como ? Expondo-nos ao Espírito
Santo e à Palavra de Deus. Ele nos dará uma crescente sensibilidade, e
saberemos discernir entre o santo e o profano, o limpo e o imundo,
submetendo-nos à purificação que Ele quer efetuar em nós, e vivendo à
altura dos padrões requeridos ao filho de Deus.

6. A Porta da Fonte (Ne. 3:15)


37
O Espírito Santo

Fonte fala de águas que correm. Um dos símbolos do Espírito


Santo na Bíblia, é a água. Esta é a porta do Espírito Santo. Toda nossa
vida cristã depende dEle. É Ele quem nos gera em Cristo, efetuando a
obra de regeneração. Ele nos foi dado como o «outro ajudador» ou
«Consolador» (Conselheiro, Ajudador, Intercessor, Advogado,
Fortalecedor, Auxiliador) para que fique convosco para sempre» (Jo.
14:16 – V. Amp.). Mas para que Ele opere em nós tudo quanto Lhe
compete, precisa do nosso consentimento, mediante uma decisão de
entrega e submissão. Se Lhe-abrirmos a Porta da Fonte, então
poderemos gozar de toda a Sua plenitude.
Outra tremenda experiência da qual a Porta da Fonte nos fala, é
o batismo no Espírito Santo, descrito em João 7, como «rios de água
viva», fluindo do interior. Ele nos permite ter uma nova liberdade
espiritual e compreensão da Palavra. Através dele, entramos em uma
nova dimensão de poder, que nos equipa na luta contra o inimigo. O
batismo no Espírito leva-nos a experimentar uma nova ousadia no
testemunho, na oração e nas diversas áreas da vida cristã. E como isso
traz fogo, entusiasmo, vigor espiritual, dinamismo, poder e vibração
para a nossa alma! Há muitos cuja porta está trancada para Ele. Mas os
que a abrem, provarão a ousadia e poder para enfrentar e expulsar o
inimigo e suas obras do seu território.
O Espírito Santo é uma Pessoa. Se a Porta das Ovelhas deve estar
sempre aberta para Jesus, a fim de crescermos no conhecimento do
Filho de Deus e em Sua comunhão, a Porta da Fonte é um desafio
constante para um crescimento na comunhão do Espírito Santo. Nunca
temos tudo de uma pessoa, mas podemos ter muitas experiências com
ela. Assim acontecerá em nosso relacionamento com o doce
Consolador.
Na Porta da Fonte, o Espírito Santo nos gerou em Cristo,
batizando-nos em Seu corpo, tornando-nos filhos de Deus. Ali Jesus
nos batizou no mesmo Espírito, equipando-nos para servi-LO, como
implantadores do Seu Reino aqui na Terra. Mas ali, também, poderemos
ter uma experiência diária com Ele, recebendo da Sua plenitude, direção
para cada novo empreendimento, poder para cada tarefa e assistência
em toda a vida Cristã.
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Uma das tremendas assistências é na vida de oração. Paulo
declara a respeito: «Do mesmo modo também o Espírito nos ajuda na
fraqueza; porque não sabemos o que havemos de pedir como convém,
mas o Espírito mesmo intercede por nós com gemidos inexprimíveis. E
Aquele que esquadrinha os corações sabe qual é a intenção do Espírito:
que Ele, segundo a vontade de Deus, intercede pelos santos» (Rm.
8:26,27). A figura aqui é de alguém que segura a ponta do outro lado,
enquanto nós mesmos estamos na outra extremidade. Por exemplo: eu
não sei o que está no coração de Deus, mas começo a orar; o Espírito
que tudo sabe, vem em meu socorro e segura a oração do outro lado.
Saio para testemunhar de Cristo. Tenho uma voz, mas o poder é do
Espírito. Eu abro a boca com a Palavra e Ele me assiste com o poder.
Assim ocorrerá em tudo. Deus colocou em nossa alma uma porta que
dá acesso ao Espírito Santo, através de Quem todos os recursos da Sua
graça estão à nossa disposição. Eis, portanto, o desafio: escancarar a
porta e esse maravilhoso Guia, Conselheiro, Mestre, Advogado e
Protetor!
7. O Pátio do Cárcere (Ne. 3:25)
Livre de Prisões

Aqui se fala do átrio, ou pátio do cárcere ou prisão. Este é


o lugar onde as nossas prisões devem ser quebradas. Há muitas prisões
em nossa vida que devem ser relaxadas. Prisões de medo, depressão,
falta de perdão, amargura e tantas outras. Para muitos a comida, um
pedaço de bolo, uma coca-cola, uma xícara de café, o sexo, a posição e
coisas semelhantes, são uma prisão. Tudo quanto tem poder de
fascínio ou domínio sobre nós, é uma prisão. A tudo que dizemos
«não consigo» deixar isso, ou não fazer isso, ou viver sem isso,
servimos como escravos. Nosso Ajudador quer quebrar o jugo dessas
prisões. Para tanto precisamos dar-Lhe acesso ao pátio do cárcere e
rejeitar todas as cadeias.
Toda e qualquer forma de prisão enfraquece a alma, a
personalidade. Nossa personalidade deve ser tão equilibrada que nada,
nem ninguém consiga pôr sobre nós seu jugo. Já possuímos o jugo de
Jesus, que é suave e leve. Paulo exorta: «Para a liberdade Cristo nos
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libertou; permanecei, pois, firmes e não vos dobreis novamente a um
jugo de escravidão»(Gl. 5:1).
As prisões da alma se manifestam na incapacidade de dominar os
apetites da carne, nas carências afetivas, insegurança, acomodação,
pensamentos descontrolados, dificuldade em tomar decisões, letargia,
etc. Há mil e uma formas de prisões, mas todas têm uma só origem:
Satanás. Para todas elas há um só remédio: Jesus, cujo poder libertador
é ministrado pelo Espírito Santo. E que glória ter as prisões
despedaçadas! Quaisquer que sejam as cadeias que têm assolado sua
alma, clame como Davi: « Tira a minha alma da prisão e louvarei o
Teu nome» ( Sl. 142:7).
A única prisão a ser admitida em nossa alma é a de Jesus. Presos
a Jesus, para sempre. Paulo diz que o Seu amor nos constrange, isto é,
nos atrai, prende e nos seduz. Essa prisão, sim, é gozo, vida, liberdade
e paz. Presos a Jesus, por causa do Seu amor e graça, encontraremos a
plenitude da vida e o poder de rejeitar toda e qualquer amarra dos
homens e de coisas.
8. A Porta Das Águas (Ne. 3:26)
A Palavra de Deus

Essa é a Porta da Palavra. Paulo, falando sobre Jesus e a Igreja,


diz: «tendo-a purificado com a lavagem da água, pela Palavra» ( Ef.
5:26). A água da Palavra de Deus nos lava, mas a água da palavra
estranha joga lama sobre nós. A Porta das Águas, pois, deve estar aberta
para a Palavra de Deus, revelada na Bíblia, e totalmente cerrada às
doutrinas estranhas que hoje invadem a Terra, visando poluir as nossas
almas, com seu engano diabólico. A única palavra viva, é a Palavra de
Deus, expressa na Bíblia. Toda palavra que não suporta o teste do que
está escrito na Bíblia, não passa pela sua peneira, é água suja, lama pura,
e não deve ser abraçada.
Hoje há muitas doutrinas de homens e de demônios, que trazem
verdadeiras prisões. Certos líderes, em nome da autoridade, manifestam
um espírito controlador, que não procede de Deus, e tornam seus
liderados verdadeiros prisioneiros de sistemas e de homens, esquecidos
do conselho de Pedro: «Apascentai o rebanho de Deus, que está entre
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vós, não por força... nem como dominadores sobre os que vos foram
confiados, mas servindo de exemplo ao rebanho» ( I Pe. 5:2.3).
Precisamos nos abrir, como nunca, à água da Palavra viva. No
contacto constante com o mundo, muitas vezes nossos pés são
empoeirados e carecemos, cada dia, de nos submeter a essa água
purificadora, aplicada através da leitura, estudo, meditação e obediência
à Palavra escrita. Uma exposição constante da alma a um bom programa
de estudo da Bíblia ajudará a manter-nos limpos.
Já vimos que havia uma fonte de água junto a cada porta, com o
objetivo de apagar as setas incendiárias lançadas contra as portas e
muros, pelos inimigos, visando a destruição da cidade. A água era usada
para apagar essas setas. Paulo aplica essa figura à batalha espiritual,
quando declara: « tomando sobretudo o escudo da fé, com o qual
podereis apagar todos os dardos inflamados do maligno» (Ef. 6:16).
Glória a Deus que há água junto a cada porta! Em outras palavras, a
Palavra de Deus nos está disponível em cada área da nossa vida, de
modo que quando cada seta incendiária for lançada contra nossa alma,
poderemos apagá-la, não sendo destruídos, mas permanecendo de pé,
vitoriosos. Pela aplicação da água da Palavra, o inimigo será mantido
fora do nosso arraial. Diante de cada investida levantamos o escudo da
fé, mediante a aplicação da Palavra específica, para o tipo de ataque
específico.
A Palavra de Deus está para nossa alma o que a comida está para
o corpo. É nossa fonte de alimento, sustento e vida. Por meio dela
conhecemos a Deus; ela é canal de comunhão com Seu Autor, Deus
mesmo; é fonte de oração, confissão e vitória; é instrumento de combate
espiritual, sendo arma contra as investidas satânicas; por meio dela
temos luz e direção para todas as áreas da vida; ela expressa os
princípios pelos quais viveremos e reinaremos; são de fato «espírito e
vida», conforme Jesus declarou (Jo. 6:63).
A Porta da Fonte em nossa alma, deve estar continuamente aberta
para a Palavra de Deus, através de um programa sério de estudo,
meditação e a devida obediência. Por outro lado, deve estar cerrada para
todo tipo de ensino contrário às verdades imutáveis e eternas nela
expressas.
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9. A Porta dos Cavalos (Ne. 3:28)
Livres de Cargas

Os cavalos eram um meio de transporte. Levavam cargas, pesos.


Em nossa vida essa porta fala do lugar por onde passam os fardos. Ela
deve estar aberta para Jesus. Todos os fardos devem ser lançados sobre
Ele. Paulo diz que «devemos levar as cargas uns dos outros» (Gl. 6:2).
Isso, porém, não significa que essas cargas devem repousar sobre
nossos ombros. Todas elas precisam ter um único destino: deixá-la-
emos nas mãos do Senhor. Não podemos ser sufocados pelos pesos que
nos vêm, nem pelos que vêm sobre nossos irmãos. Ajudá-los-emos,
levando-os a Jesus. Os irmãos virão a nós, o mundo virá a nós com os
seus fardos, e nós os levaremos Àquele que os pode carregar.
«Lançando sobre Ele toda a vossa ansiedade, porque Ele tem cuidado
de vós» (I Pe. 5-7). Há um corinho muito conhecido que diz:
«Não tenhas sobre ti, nenhum cuidado, qualquer que seja,
Pois um, somente um, seria muito para ti
É meu, somente meu, todo o trabalho.
O teu trabalho é descansar em mim».
Não é maravilhoso saber que há alguém que o ama tanto, que se
dispõe a levar seus fardos e introduzi-lo no descanso da fé? E que seu
papel consiste, simplesmente, em soltar eus fardos para que Ele os possa
carregar? Ó amor indizível, graça sem medida, quem poderá te
compreender? Mesmo não abarcando a dimensão exata desse amor sem
igual, você pode se entregar a Ele e gozar de seus benefícios eternos.
Portanto, diante de cada fardo, diga: «Pai, transfiro-o para Ti» Relaxe
na Sua presença e veja os fardos se levantarem. E à medida que você
experimenta tudo isso, sua alma estará sendo restaurada. Portas
levantadas, brechas fechadas!
Muitos são os cuidados que tentam nos sufocar. A vida moderna
tem muitas pressões e exigências e, muitas vezes, os fardos parecem
insuportáveis. O resultado de tudo isso é um forte estresse e abatimento.
São fardos no trabalho, com um salário corroído pela inflação e a
ameaça de desemprego que, para muitos, já bateu à porta; preocupações
com os filhos e pressões na família, para além de toda sorte de
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inquietação numa sociedade violenta e insegura. Tanto são os males,
que se alguém tentar enfrentá-los sozinho, logo sucumbirá. Mas há uma
boa notícia: o Senhor, que é Pai e cuida dos Seus filhos, colocou nos
muros de nossa alma a Porta dos Cavalos. Por ela podemos deixar sair
todos os fardos que nos assolam Ele é grande, e tem recursos infinitos
para levar nossas cargas. Podemos entrar no descanso da fé, enquanto
Ele toma conta de nós, com tudo que nos diz respeito.
Os pesos e cuidados são uma estratégia de Satanás para nos
esmagar. Mas se a Porta dos Cavalos estiver aberta para Jesus, à medida
que eles vierem, serão transferidos para nosso bendito Senhor, e
estaremos vivendo no descanso da fé. «Tu conservarás em perfeita paz
aquele cuja mente está firme em Ti; porque confia em Ti» (Is. 26:3).

10. A Porta Oriental (Ne. 3:29)


O Regresso de Jesus

Acredita-se que esta é a porta pela qual Jesus entrou, e que hoje
se encontra fechada. Espera-se que o Messias entre por ela, em Sua
segunda vinda. Para nós, ela fala do regresso de Jesus. Paulo diz que
devemos nos consolar, uns aos outros, com a esperança da bendita vinda
do Senhor. A expectativa desse evento deve estar sempre diante de nós.
Temos um futuro glorioso, temos um destino eterno. Hoje travamos
batalhas tremendas, mas há fim para o mal, há justiça a ser executada,
há uma redenção a ser consumada, e tudo isso acontecerá na segunda
vinda de Jesus Cristo. Paulo ainda declara que, »Se é só para esta vida
que esperamos em Cristo, somos de todos os homens os mais dignos
de lástima» (I Co. 15:19).
A Porta Oriental em nossa vida deve estar aberta para a grande
doutrina de que Jesus voltará, estabelecerá Seu Reino milenar na Terra,
e a Igreja reinará com Ele, em glória. Os eventos no mundo inteiro
apontam para a proximidade desse dia. De fato ele está mais perto do
que muitos imaginam. Vivemos na geração que testemunha os mais
tremendos acontecimentos proféticos, aguardados por milhares de anos.
Estamos chegando ao clímax de todas as épocas, quando a trombeta de
Deus soará, os mortos ressuscitarão e os santos serão arrebatados para
o encontro com o Senhor nos ares. Cada dia que passa vamos ficando
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mais próximos daquele dia glorioso. Isso deve nos motivar a viver de
modo a glorificar a Deus em tudo, aguardando vigilantes o Dia da Sua
vinda.
Não sabemos o dia, a hora ou o ano em que Ele voltará, mas está
claro que saberemos a estação. Paulo declara em I Tessalonicenses 5:4:
«Mas vós, irmãos, não estais em trevas, para que aquele dia, como
ladrão, vos apanhe de surpresa». Para o mundo Ele virá «como ladrão
de noite», isto é, de surpresa. Para os filhos de Deus isso seria uma
tragédia. Contudo, se a Porta Oriental estiver aberta a Jesus em nossa
alma, a expectativa do Seu regresso não se apartará de nós, e isso se
constituirá uma motivação de vida e serviço a Ele.
Ainda que Jesus não volte em nossa geração, pelo arrebatamento,
o certo é que passaremos com a presente geração, seja através da morte
ou da segunda Vinda do Senhor. Nossos dias são limitados, e vamos
vivê-los de modo a ser motivo de glória para Deus e bênção para o
mundo. Veremos o Seu rosto em Sua formosura a qualquer momento.
Essa certeza nos inspira a viver como quem sabe quem é e para onde
vai. Nosso destino é a glória, é o Trono, é Jesus mesmo. Depois de toda
a luta contra o pecado, a carne, o mundo e o Diabo, vitoriosos, pelo Seu
sangue e Sua Palavra, encontrar-nos-emos com Ele em nossa geração,
seja pelo arrebatamento, seja pela morte. Vivamos, então, cada dia,
como se fosse o último, na esperança da Sua vinda.
Jesus nos advertiu que deveríamos vigiar e estar alertas, sempre
de prontidão, para recebê-lo a qualquer hora. Apesar de muitos, em
várias ocasiões, terem marcado data para Seu regresso. O certo é que
Ele não prometeu fazê-lo, e conservar-nos-á na expectativa até o
momento certo. Portanto, que o próprio Deus de paz vos santifique
completamente; e o vosso espírito, e alma e corpo sejam plenamente
conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus
Cristo» (I Ts. 5:23).

11. A Porta da Atribuição (Ne. 3:31)


A Comissão Divina
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A versão da Sociedade Bíblica, assim como da Imprensa
Bíblica Brasileira, traduzem “miphkad” por “porta da guarda”.
Ficaremos com “miphkad”, a palavra hebraica, que é definida por H.
W. F. Genesius, em seu «Hebrew-Chaldee Lexicon to the Old
Testament», como “atribuição, mandato, ordem, um lugar apontado».
A Porta da Atribuição, pois, fala-nos do lugar onde Deus nos delega
uma missão, atribui-nos uma responsabilidade. A palavra traz o sentido
de uma tropa que é convocada para receber suas diversas atribuições.
Deve ser por isso que Ferreira de Almeida traduz a palavra por
“guarda”.
Essa é a porta pela qual o Senhor nos delega responsabilidades.
Se ela estiver aberta para Ele, não recusaremos a aceitar e cumprir os
deveres que nos serão atribuídos, pois juntamente com a tarefa, Ele
sempre nos dará a devida capacitação. Muitas vezes, o medo e o
sentimento de inadequação tomam conta de nós, e deixamos a porta
fechada para Deus. Se, contudo, conhecemos ao Senhor, sabemos que
Ele é fiel e justo e jamais nos dará uma tarefa, sem que esteja disposto
a dar-nos, juntamente com ela, o que é necessário ao seu cabal
cumprimento. Lembramos ainda que, cada vez que uma dessas portas é
fechada ou aberta à pessoa errada, corremos sério perigo, pois isso se
constituirá em uma brecha para o inimigo nos assolar.
Deus tem planos perfeitos para cada um de nós. Devemos abrir a
porta da atribuição e receber cada um deles, sabendo que Ele tem o
melhor para a nossa vida. De fato, a bênção cem por cento só nos virá
quando estivermos dentro do plano cem por cento que Ele tem para nós.
Não há o que temer. Para o desempenho de cada tarefa, «A nossa
capacidade vem de Deus» (2 Co. 3:5). Ele é um Pai de amor e sabedoria.
Saiba que o Deus que chama e delega tarefas, é o mesmo que capacita,
abre as portas, vai à frente, assiste-nos através do Espírito Santo e
comissiona Seus anjos a nosso favor.
A esta altura, convém advertir sobre a necessidade de distinguir
entre um chamado do homem e um chamado de Deus. Satanás pode nos
enviar tarefas e pessoas, com o propósito de desgastar-nos, para que não
tenhamos tempo e energia para executar o verdadeiro plano de Deus
para nós. Ele pode dar uma tarefa paralela, enviar pessoas que nos
consomem o tempo e, se não estivermos firmes no discernimento da
voz de Deus, ele pode nos iludir. Lembre-se de que o plano de Deus é
um só e não há plano paralelo. Seguir o caminho paralelo é estar
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fora do verdadeiro plano. Há um propósito específico para cada
filho. O modo de descobri-lo, é ouvir Sua voz, através das impressões
do Espírito Santo no homem interior. Um engano comum, é tentarmos
atender o chamado do homem, muitas vezes provocado por uma
necessidade. Acontece que uma necessidade não se constitui um
chamado Divino. Necessidades existem em todos os lugares, e só
remiremos o tempo, atendendo a convocação do Senhor.

12. A Porta de Efraim (Ne. 8:16)


A Porção Dobrada

Esta é a última porta a ser mencionada. Efraim era o segundo


filho de José, mas recebeu a bênção de Jacó, como se fora o
primogênito. Seu nome significa: «fruto dobrado, porção dobrada da
herança, frutífero». Para nós, ela é a Porta da Porção Dobrada. Esta
era dada por direito de primogenitura. Jesus é o primogênito, mas
Hebreus 12:23 se refere a todos os filhos de Deus como «a Igreja dos
primogênitos inscritos nos Céus». Como pode acontecer que todos os
crentes sejamos primogênitos, com direito à porção dobrada? Ora, Jesus
é o primogênito e nós somos o Seu corpo, um com Ele, e o que é Seu,
é nosso. Deus tem um filho, que se chama Jesus. A esse Filho, deu uma
companheira, que é a Igreja. Essa Igreja é parte dEle, Seu complemento,
e participa do que Lhe pertence. É por isso que Deus quer que o nosso
caráter, personalidade, o ser inteiro, reflitam a presença de Jesus, e Sua
glória em nós se manifeste.
Deus não desiste de nós. Em Oséias 11:8 lemos: « Como te
deixaria, ó Efraim?» Essas palavras repassadas de amor, são dirigidas
em tempos de apostasia de Efraim. Ainda assim, as ternuras do coração
do Pai para com ele o buscavam atrair. Na porta de Efraim, provaremos
a abundância do que Ele tem para nós e tornar-nos-emos frutíferos em
tudo, pois Ele colocou à nossa disposição todos os recursos inesgotáveis
de Sua graça.
Não há limites em Deus. Somos nós que limitamos o que
recebemos dEle. Seus tesouros, em Cristo, estão escancarados para nós.
Mas precisamos abrir a Porta de Efraim, da Porção Dobrada, e receber
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as bênçãos do primogênito, ou seja, o que pertence a Jesus. Tudo é
nosso, nEle.
Qual é o estado da sua alma? Alguém se importa com ela e veio
para dirigir sua limpeza e restauração. O segundo passo depende de
você: abrir-se ao precioso Espírito de Deus, começando pelas portas,
o lugar de decisão. Aí você determina o rumo que sua vida vai tomar.
Lembre-se que sua vida no agora, é o resultado das escolhas de ontem.
Para mudar o seu curso no amanhã, algo deverá ser feito hoje. Deus lhe
dá todos os recursos e assistência na pessoa do Espírito Santo, para que
você possa fazê-lo. Se você se expõe a Ele e está determinado a seguir
Sua direção, então nada impedirá sua completa vitória.

Oração

Pai, eu Te louvo porque me encontraste no meu pecado e, pela


Tua graça e amor, me perdoaste e me recebeste como filho. Louvo-Te
por Jesus, meu bendito Senhor, Salvador e Mestre, que com o Seu
sangue derramado em meu lugar comprou-me para Ti. Sei que hoje
vives em mim, na pessoa do Espírito Santo, que sou uma nova criação
em Cristo Jesus, participante da Tua natureza, herdeiro Teu e co-
herdeiro com Cristo. Exponho a minha alma a Ti e à operação do Teu
Espírito, para que a imagem de Jesus seja formada em mim. Exponho-
Te a minha alma, com todas as marcas negativas que ela ainda tem,
para que seja restaurada, até que eu possa refletir, na própria
personalidade, as marcas de Jesus.
Para uma decisão da minha vontade, respondi ao Teu chamado,
e a Porta das Ovelhas está aberta ao Cordeiro, Teu Filho, que hoje é a
razão da minha vida e meu supremo Senhor. Ele é meu Senhor, meu
tudo. Disponho-me a seguir Seus passos e obedecer Sua voz.
Abro-me para ser canal de instrução e bênção para aqueles que
estão vindo a Ti. Alegro-me na reprodução. A Porta dos Peixes está
aberta, a fim de ver multidões passando por ela, para receber de mim
o que me deste para lhes oferecer.
Renuncio todos os velhos padrões herdados da minha família e
da sociedade, que não se ajustam aos Teus padrões, para viver a
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realidade da nova vida em Cristo Jesus, meu Senhor. Louvo-te pela
graça de ter aberto a Porta do Vale e ali provado o Teu milagre,
quando me libertaste das chamas eternas, e agora eu mesmo me
consagro a Ti, como Teu canal, para impedir que as multidões
permaneçam no inferno. Ofereço-me, como instrumento, para saquear
o inferno e povoar o Céu.
Pai, rejeito o lixo do mundo e me disponho a expulsar toda
imundície que porventura tenha permanecido em minha alma e a cerrar
a Porta do Monturo, a fim de que o lixo e a contaminação do mundo
não tenham mais lugar em mim.
Abro-me ao Teu Espírito, para que as águas vivas me
dessedentem e transbordem através de mim. Viverei em comunhão
contigo e ajudarei aqueles que perecem. Submeto-me ao Teu Espírito,
a fim de que Sua plenitude esteja sempre em mim. A Porta da Fonte
está aberta para Ti.
Quero louvar-Te pelo poder libertador de Jesus. Ele me libertou,
e rejeito agora todas as prisões que o inimigo tenta trazer sobre mim.
Não me deixarei dominar por coisa alguma, nem por ninguém. Rejeito
todo jugo estranho, e me sujeito a Ti somente, como meu Deus e Senhor.
Abro a Porta das Águas da Tua Palavra, para que minha alma seja
lavada. Nela me deleito, dela me encho e com ela apago os dardos
inflamados que o inimigo atira contra mim. Amo a Tua Palavra e a ela
me submeto, trazendo-a em meu coração e em meus lábios.
É tão maravilhoso saber que «cada dia» levas os meus fardos, e
posso descansar em Ti. A Porta dos Cavalos está aberta para por ela,
fazer sair todos os pesos da minha alma, transferindo-os para Ti, que
tens recursos para destruí-los. Recuso-me a levar sobre mim qualquer
cuidado. Andarei no descanso da fé. Viverei ainda na esperança do
regresso do meu Senhor Jesus. Sei que há fim para toda a aflição e luta
e que o justo terá sua recompensa. A Porta Oriental está aberta para
Jesus e O estou aguardando, como servo diligente e fiel e, pela Tua
graça, ve-LO-ei em Sua glória.
Meu Pai, Teu amor me atraiu e me prendeu. Como agradecer-Te
o me teres recebido como Teu filho, com direito de primogenitura? Sei
que Tuas riquezas são minhas, que é linda minha herança, que
pertenço a Ti. Posso viver na abundância das Tuas bênçãos. Quero,
porém, segredar-Te meu maior encanto: Tu mesmo, Senhor. És meu
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tudo, supremo bem da minha vida, meu amor, razão de viver, minha
origem e meu destino se escondem em Ti e dou-me, sem reservas, a Ti,
para ser e fazer o que agrada o Teu coração de Pai. Tens tudo que
quiseres de mim. Deixa Tua vida, amor e graça fluírem através deste
vaso que é Teu, para sempre, com dedicação suprema de amor e
gratidão. Esta é a oração fervente, que brota do meu profundo ser, no
Nome maravilhoso do meu Senhor Jesus.
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Capítulo 3

OPOSIÇÃO SATÂNICA

O livro de Neemias apresenta de modo vivo a estratégia inimiga


contra a restauração dos muros de Jerusalém. Há um homem em
Samaria, cujo nome é Sambalate, que tudo faz para demover Neemias
e todo o povo do propósito da reconstrução. Sambalate é um símbolo
de Satanás. O nome «Satanás» significa adversário. Ele é responsável
por toda oposição a Deus e Seus servos, mas devemos saber que ele é
um inimigo derrotado. «Maior é Aquele que está em nós, do que aquele
que está no mundo» (I Jo. 4:4).
Tão logo Sambalate toma conhecimento da chegada de Neemias,
começa a reação: «O que ouvindo Sambalate, o horonita, e Tobias, o
servo amonita, ficaram extremamente agastados de que alguém viesse
a procurar o bem dos filhos de Israel» (Ne. 2:10). Esse é um quadro
que bem retrata a atitude de Satanás. Tão logo o Espírito de Deus vem
em nosso auxílio, ele se sente agastado, pois seu único propósito é
«matar, roubar e destruir» (Jo. 10:10). Ele nos tem afligido de todos os
modos e aproveitado-se da nossa ignorância espiritual para nos
espezinhar. Ele sabe que com os muros restaurados e as portas em seu
devido lugar, já não terá condições de conservar sobre nós suas prisões.
Queremos preveni-lo de que tomar uma atitude firme para a
restauração da personalidade, a renovação da mente, é entrar num
confronto aberto contra as forças invisíveis das trevas. Haverá pressões,
tentativa de cansar-nos, desgastar-nos, esmorecer-nos, levar-nos ao
desânimo e a desistir da luta. Isso tudo revela uma estratégia inimiga
para que áreas da nossa alma continuem sob seu controle. Mas
prevenidos disso, sabendo que o Espírito de Deus está conosco e que
temos armas poderosas em Deus, nada nos demoverá do caminho. A
luta conhecerá vários estágios. Parecerá intensificar-se, e de fato assim
será. Para cada estágio de restauração, virá um nível de ataque. A
sutileza inimiga logo se manifestará; todavia, por outro lado, depois de
cada vitória contra as investidas inimigas, estaremos em melhores
condições para níveis mais elevados de combate. Deus usará esses
conflitos para gerar em nós uma identidade de combatentes que
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não depõem as armas até a vitória completa. Isso fará com que o
inimigo nos respeite e recue, sabendo que estamos determinados a
forçá-lo a sair do caminho, pois fará parar no meio da luta. A qualquer
preço, os muros estarão de pé, sem brechas, e o templo protegido.
ESCÁRNEO

«Ora, quando Sambalate ouviu que edificávamos o muro, ardeu


em ira, indignou-se muito e escarneceu dos judeus; e falou na presença
de seus irmãos e do exército de Samária, dizendo: que fazem estes
fracos judeus? Fortificar-se-ão? Oferecerão sacrifícios? Acabarão a
obra num só dia? Vivificarão dos montões de pó as pedras que foram
queimadas?» (Ne. 4:1-2).
Essa será a primeira investida de Satanás e seus demônios: o
escárneo, a zombaria: «Ainda que edifiquem, vindo uma raposa
derrubará o seu muro de pedra» (Ne. 4:3). A voz de escárneo nos vem
daqueles que nos cercam ou através de pensamentos, mas sua origem é
o adversário de nossas almas. Na hora em que você começa a investir
em qualquer área da sua personalidade, em busca de cura e libertação,
logo virão as vozes de pessoas bem próximas para dizerem: «O que?
Você está brincando! Você sempre foi assim, como agora vai mudar?
Não acredito!» Essa é a pura voz do Diabo. Não dê ouvidos. O modo
de enfrentar esse primeiro estágio de luta está na oração e no trabalho
(Ne. 4:4-6).
Fechados os ouvidos às zombarias, há progresso: «Assim
edificamos o muro; e todo o muro se completou até a metade da sua
altura; porque o coração do povo se inclinava a trabalhar» (Ne. 4:6).
Note uma grande lição: o coração do povo não se inclinou a ouvir a
zombaria, escárneo e desprezo. Tapou os ouvidos ao inimigo e
concentrou suas energias físicas, mentais e emocionais na edificação
do muro. Se quisermos vencer, temos que tapar os ouvidos a todo
comentário que instila desânimo, incredulidade e fracasso. Desviar
tempo e energia para considerar os comentários de terceiros é
derrota. Ouça apenas a voz do Espírito de Deus, permaneça com a mão
na obra, e ela prosperará.
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CONSPIRAÇÃO

«Ouvindo Sambalate e Tobias, e os arábicos, os amonitas e os


asdoditas, que ia avante a reparação dos muros de Jerusalém e que já
as brechas se começavam a fechar, iraram-se sobremodo; e coligaram-
se todos, para virem guerrear contra Jerusalém e fazer confusão ali»
(Ne. 4:7,8).
Quando as brechas da nossa alma começam a ser fechadas, a fúria
satânica conhecerá nova dimensão, e ele envolverá seus príncipes e
demônios para virem contra nós. Haverá uma grande conspiração.
Quando isso acontecer, não chore na primeira esquina. Quando vier o
ataque, não fique lamentando ou em autocomiseração; não deite na
cama, não divague, não concentre os pensamentos na crise, nem se
entregue ao desânimo; não entre em pânico. O que está acontecendo é
a manifestação da fúria dos demônios, que podem usar todo tipo de
incidente, com o propósito de lhe fazer parar. Levante os ombros e faça
o que Neemias fez nesse nível de atraque: oração e vigilância.
«Nós, porém, oramos ao nosso Deus, e pusemos guarda contra
eles de dia e de noite» (v. 9). Este é o caminho. Nossas armas são
espirituais. Nosso espírito deverá estar vigilante e diante de cada
circunstância que nos ataca, saberemos discernir quem é o seu autor, e
não nos deixaremos esmorecer. Esses ataques, quase sempre, são
impetrados através das pessoas que nos cercam, ou de uma doença, um
embaraço aqui, uma dificuldade ali, uma pressão de um lado ou de
outro. Com o auxílio do Espírito Santo, porém, saberemos o que está
acontecendo, e resistiremos cada investida, sem vacilar.
Saiba de uma coisa: Deus está levantando um exército de
guerreiros para o tempo do fim; e guerreiros só são forjados no furor
das batalhas. É no meio de muito fogo cruzado e confrontos violentos,
que os comandantes de batalhão são formados. Não tema a luta. Cada
novo combate será usado por Deus para fortalecer o seu caráter. Sabe
quando a Bíblia diz que Jesus foi para a Galiléia, no poder do Espírito,
desbaratando as forças do inferno e sendo temido pelos demônios?
Depois que enfrentou Satanás cara a cara e o venceu. Guarde esta
verdade: depois de cada confronto e vitória, você estará mais habilitado
para novos níveis de luta e, consequentemente, novos níveis de vitória.
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AMEAÇAS DE MORTE
«E os nossos inimigos disseram: Nada saberão nem verão, até
que entremos no meio deles, e os matemos, e façamos cessar a obra»
(Ne. 4:11).
Quando o inimigo verifica que não consegue impedir a realização
da obra, ele projeta assassinar-nos, tirar-nos do caminho. É preciso,
porém, não esquecer que seu poder de ação sobre nós é limitado. Se nos
prevenirmos para a luta e seguirmos a estratégia do Espírito, Satanás
jamais conseguirá nos destruir. «Em todas as coisas somos mais do que
vencedores» (Rm. 8:37).
A resposta a esse nível de ataque é uma vigilância cerrada e
armada, o encorajamento e fortalecimento em Deus: «Pelo que nos
lugares baixos por detrás do muro e nos lugares abertos, dispus o povo
segundo as suas famílias com as suas espadas, com as suas lanças, e
com os seus arcos. Olhei, levantei-me, e disse ao resto do povo: Não os
temais. Lembrai-vos do Senhor; grande e temível...» (Ne. 4:13,14).
Esse é um nível de batalha violento, mas ainda assim o Espírito
nos diz: «Não temas». «Quando o inimigo vier como uma torrente, o
Espírito do Senhor arvorará contra ele a Sua bandeira e o porá em
retirada» (Is. 59:19 – V. Amp.). Você será indestrutível, enquanto
estiver sob a liderança do Espírito de Deus. Enquanto você estiver
disposto a trabalhar na restauração da sua personalidade, não lhe
faltarão recursos para vencer.
No estágio que estamos vendo, os muros já exibem uma altura
considerável e as brechas estão desaparecendo. É por isso que a batalha
é maior.
É interessante considerar algumas tremendas verdades, expressas
em Neemias 4:15-23. A primeira delas é que «somos avisados» dos
planos inimigos e, por essa razão, conseguimos frustrá-los. O inimigo
toma conhecimento de que fomos informados. Quem é o nosso
informante? O Espírito Santo de Deus. Ele sabe o que se passa no reino
espiritual, toma conhecimento de todos os planos de Satanás para nossa
destruição e, através das Suas operações em nós, dá-nos aviso, para que
saibamos como nos conduzir.
Todo exército tem sua central de inteligência, seu corpo de
espias. Uma boa informação é de importância vital para as estratégias
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de guerra e conseqüente vitória. Deus não nos deixou sem direção.
Na oração, na meditação e na obediência, nosso espírito recebe as
impressões e direções de combate. Como é importante afinar o ouvido
espiritual ao Espírito de Deus em nós e obedecer aos Seus comandos!
A segunda verdade a destacar é que «Deus dissipa o conselho
deles». Deus está do nosso lado e, por isso, dissipa o conselho maligno.
As ameaças virão por certo, farão muito barulho, rugirão como leão,
tentarão nos intimidar, mas todo o projeto satânico cairá por terra e nós
sairemos vitoriosos e fortalecidos, enquanto nos firmamos na direção
que o Espírito nos dará.
Dissipar o conselho inimigo é frustrá-lo, desmoroná-lo, enquanto
não somos atingidos. Portanto, diante de cada investida, abra a boca e
proclame com ousadia: «Seja dissipado o conselho inimigo e
estabeleçam-se os desígnios do Altíssimo».
A terceira lição está relacionada com o modo de trabalhar em
tempo de ameaça: «metade dos meus moços trabalhava na obra, e a
outra metade empunhava as lanças, os escudos, os arcos e as
couraças» (Ne. 4:16) e «cada um com uma das mãos fazia a obra e com
a outra segurava a sua arma» (v. 17). Estavam prontos para o ataque
e para a defesa, mas não paravam de trabalhar.
Assim também devemos fazer. Não parar o que estamos fazendo,
mas em estado de alerta constante, com nossas armas afiadas e prontas
para entrarem em ação a qualquer hora. O inimigo é astuto e não
sabemos quando ele vai atacar. Devemos estar revestidos de toda a
armadura de Deus, para podermos resistir no dia da batalha e
permanecer inabaláveis. Efésios 6:10-20 retrata bem a atitude a ser
seguida. É vital tomarmos esse texto e incorporá-lo já à nossa
experiência.
A obediência ao comando do Espírito Santo é o quarto fator
importante a ser considerado. O povo estava disperso, cada um no seu
trabalho, e o que tocava a trombeta, permanecia junto a Neemias. Ao
toque desta, todos deveriam se achegar a ele para as instruções e
comandos de ação.
Estamos falando de tratamento em nossa personalidade, para que
possamos refletir a imagem de Cristo e a glória de Deus, sendo canais
transparentes da Sua vida, amor, palavra e graça. Isso despertará a fúria
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do inimigo, que fará tudo para impedir que tal aconteça, porque, em
assim sucedendo, seremos uma ameaça para o inferno. Em meio aos
bombardeios, porém, não deixaremos de investir em nosso crescimento,
rumo à «estatura do Varão Perfeito», Cristo Jesus. Estaremos atentos
ao soar da «trombeta», à voz e comando do Espírito Santo. É, portanto,
impossível enfatizar-se demais a importância do ouvido afinado ao
Espírito, acompanhado da determinação de obedecer prontamente cada
nova direção. Só assim nos será possível deter essa fúria inimiga.
A Quinta verdade a salientar e que «O nosso Deus pelejará por
nós» (Ne. 4:20b). Como isso deve confortar o nosso coração! A batalha
é do Senhor. «Do Senhor é a guerra» e Ele está conosco «como um
poderoso Guerreiro» (Jr. 20:11). Estamos destinados à vitória, porque
Ele está conosco, em nós e é por nós. «E se Deus é por nós, quem será
contra nós?» (Rm. 8:31).
Meu amado irmão, há vitória para você. Levanta-se no meio do
seu abatimento e da luta, e solte um brado de triunfo. O Altíssimo,
supremo e soberano Criador, o Rei do universo, está do seu lado. A
vitória é sua, por causa de Jesus.

ASTÚCIA E FALSIDADE

«Quando Sambalate e Tobias e Gesem, o arábio, e o resto dos


nossos inimigos souberem que eu tinha edificado o muro e que nele já
não havia brecha alguma, ainda que até este tempo não tinha posto as
portas nos portais, Sambalate e Gesem mandaram dizer-me: vem,
encontremo-nos numa das aldeias da planície de Ono. Eles porém,
intentavam fazer-me mal» (Ne.6:1,2).
Esse é um plano maquiavélico. Parece uma tentativa de
aproximação, de aliança, de amizade, de dar uma trégua, mas o fim é
fazer parar a obra. A despeito de tudo, não há lugar para tréguas, para
depor as armas. O inimigo é falso e astucioso e arranja um modo de
distração. Jamais haverá lugar para compromisso com o mundo. Se
atentarmos para qualquer apelo da carne, do mundo ou do Diabo, que
sempre vem de um modo sutil, através de uma pessoa que parece
simpática e quer oferecer ajuda, será o fim. Cuidado com o
oferecimento de trégua. O objetivo é assassino.
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O modo de enfrentar essa nova forma de ataque, é a recusa ao
compromisso com o inimigo. «E enviei-lhes mensageiros a dizer:
Estou fazendo uma grande obra, de modo que não poderei descer. Por
que cessaria esta obra, enquanto eu a deixasse e fosse ter convosco?
Do mesmo modo me mandaram dizer quatro vezes; e do mesmo modo
lhes respondi» (Ne. 6:3,4).
Nós também não vamos descer. Quando vierem tentar discutir
conosco pontos de vista teológico, distrair-nos com seus argumentos,
não consintamos. Não paremos para discussões, para defesas e tudo
aquilo que nos afasta da obra diligente para o reflexo da imagem de
Jesus em nós. Temos um alvo: personalidades totalmente restauradas;
e isso significa que quando os ataques inimigos vierem contra nós, não
terão força de penetrar em nossa alma. As setas voltarão para o lugar de
onde vieram, e permaneceremos firmes. Significa que quando alguém
investe contra sua pessoa, você não fica triste, nem perplexo, nem
magoado, nem com insônia. Por quê? Não há brechas, Mas a obra não
terminou. Neemias se recusa a comprometer-se com o inimigo e isso
provoca mais uma forma de ataque.
«Então Sambalate, pela Quinta vez, me enviou o seu moço com
uma carta aberta na mão, na qual estava escrito: Entre as nações se
ouviu, e Gesem o diz, que tu e os judeus intentais revoltar-vos, por isso
tu estás edificando o muro, e segundo se diz, queres fazer-te rei deles...
vem, pois agora e consultemos juntamente» (Ne. 6:5-7).

ACUSAÇÃO e INTIMIDAÇÃO

Já que você não aceitou compromisso com o inimigo, ele vai


procurar caluniá-lo, ferir a sua reputação, destruí-lo; vai mentir a
respeito das suas palavras e dos seus verdadeiros propósitos; vai
denegrir a sua imagem. Já que ele não consegue destruí-lo, não
consegue impedir a obra de Deus em sua vida, nem ter um compromisso
com você, vai difamar seu nome diante das autoridades, para ferir a sua
reputação. Todo santo do Altíssimo, que anda segundo a Palavra, será
vítima dessas coisas. Mas assim como Neemias estava disposto a
vencer, cerrando sua vigilância, o mesmo deve acontecer com cada um
de nós.
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«Então mandei dizer-lhe: De tudo o que dizes, coisa nenhuma
sucedeu, mas tu mesmo o inventas» (Ne. 6:8).
Para o inimigo, apenas uma resposta seca, objetiva e direta.
Neemias toma conhecimento da razão da calúnia: «As suas mãos hão
de largar a obra, e não se efetuará» (v. 9). Volta-se, então, para Deus,
fonte de força e proteção e clama: «Mas agora, ó Deus, fortalece as
minhas mãos» (v. 9). Isso basta! Em outras palavras, «sejam
frustrados os planos inimigos, e estabeleçam-se os Teus desígnios
em minha vida». Quando o inimigo se levantar para denegrir sua
imagem, torcer suas palavras, trazer-lhe falsas acusações, não será o
fim. Deus não se afasta do Trono e Seu braço está estendido a seu favor.
Há triunfo para você no meio de todas as lutas. Fortaleça-se nEle e na
Sua Palavra. Deus conhece as intenções do seu coração e as acusações,
projetadas por Satanás contra você, não terão poder de esmagá-lo,
porque você está nEle. Jesus, Advogado, é Seu defensor.

FALSA PROFECIA

O inimigo é persistente e ainda tentará um ataque destruidor.


Desta vez, porém usará de uma sagacidade diabólica. Entrará no seu
ambiente, no seu mundo, no meio dos seus, daqueles que parecem ser
porta-vozes da Palavra de Deus, a fim de lhe trazer uma palavra de
profecia. Só que a fonte dessa profecia não é o Espírito de Deus.
Vencidas todas as táticas contra a edificação do muro, vem uma
última tentativa. Esta é de levar Neemias a pecar contra a Palavra do
Senhor. O templo possuía o lugar Santíssimo, onde só o sumo sacerdote
poderia entrar, e ainda assim, uma vez por ano. Mas eis que vem a
Neemias uma palavra: «Ajuntemo-nos na Casa de Deus, dentro do
templo, e fechemos as suas portas, pois virão matar-te; sim, de noite
virão matar-te» (Ne. 6:10) Parece uma revelação Divina e, portanto,
um conselho Divino para o caminho de escape. Mas essa palavra está
em oposição à própria Palavra de Deus quanto ao templo, e Neemias
tem logo o discernimento e replica: « Um homem como eu fugiria? E
quem há que, sendo tal como eu, possa entrar no templo e viver? De
maneira nenhuma entrarei» (Ne. 6:11).
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Você pode perceber a sutileza do ataque? «Foge», mas foge
para o Templo, onde está a presença de Deus. Se Neemias fizesse isso,
teria vencido no campo de batalha contra Sambalate, mas teria sido
destruído por pecar conta a Palavra do Senhor. Acontece que quem foi
testado em todas as batalhas, está determinado a seguir o plano Divino,
trazendo o coração cheio de temor de Deus, e não se deixará enganar.
Eis a sua atitude diante de tudo isso:
E percebi que não era Deus que o enviava; mas ele pronunciou
essa profecia contra mim, porquanto Tobias e Sambalate o haviam
subornado. Eles o subornaram para me atemorizar, a fim de que eu
assim fizesse, e pecasse, para que tivessem de que me infamar, e assim
me vituperassem. Lembra-Te, meu Deus, de Tobias e de Sambalate,
conforme estas suas obras, e também da profetisa Noadias, e dos
demais profetas que procuram atemorizar-me» (Ne. 6:12-14).
Os níveis de ataque inimigo dependem do nível em que nós
nos encontramos. Quando vivemos no Espírito, ele nos virá nesse
nível. Mandará falsas profecias e conselhos de homens, doutrinas de
homens e de demônios, para nos levarem à queda. Cerremos, portanto,
a vigilância em todas as áreas, enquanto trabalhamos em nossa alma.
Isso não nos deve amedrontar. O segredo é não ouvir os homens e
peneirar, pela Palavra de Deus escrita, tudo quanto nos vem em forma
de profecia. Se nos ativermos a Deus e à Sua Palavra, na dependência
constante do Seu Espírito, receberemos em nosso homem interior todas
as diretrizes para a nossa vida, e saberemos qual o caminho a seguir em
cada fase da luta.
Em todo o livro de Neemias a importância da oração e da Palavra
de Deus, é ressaltada. Se seguirmos os princípios que Neemias seguiu,
teremos os resultados que ele teve. E eis o que aconteceu:
«Acabou-se, pois, o muro aos vinte e cinco do mês de elul, em
cinqüenta e dois dias. Quando todos os nossos inimigos souberem
disso, todos os povos que havia em redor de nós temeram, e abateram-
se muito em seu próprio conceito; pois perceberam que fizemos esta
obra com o auxílio do nosso Deus» (Ne. 6:15,16).
O inimigo vai lhe respeitar, quando você vencer todas as suas
táticas e permanecer inabalável. Cedo descobrirá que não há caminho
de compromisso com ele e suas obras. Ele viverá enfurecido contra
você, rugirá como leão, mas seus queixos estarão cerrados. Não há
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brecha em sua vida pela qual ele possa entrar. Você será conhecido e
temido pelos demônios. Isso, porém, não lhe dará motivos para depor
as armas. Nunca se esqueça que a restauração da alma leva a vida
inteira. Hoje você pode pensar que chegou ao último estágio, para logo
descobrir que o apelo para cima e para a frente é constante. A
semelhança de Jesus é nosso alvo: «Até que Cristo se já formado em
vós» (Gl. 4:19). «Até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno
conhecimento do Filho de Deus, ao estado de homem feito, à medida
da estatura da plenitude de Cristo» (Ef. 4:13).
Lembre-se que esta restauração dos muros e das portas, tem
muito a ver com a defesa dos inimigos externos. É para conservar os
inimigos externos à distância; mas não é tudo. Agora é preciso
fortalecer-se por dentro. Enquanto isso acontece, é certo que não se
descuida da vigilância, pois o que foi conquistado, terá que ser
protegido e solidificado.
Neemias estabelece turnos de guardas para todo o tempo. Agora,
porém, há um outro passo a ser dado: o fortalecimento interior. Os
problemas externos são sempre reflexo do que acontece por dentro. Se
os muros tiverem que ser restaurados, é porque um dia foram
derrubados. Se isso aconteceu, é porque perderam a proteção Divina.
Se Deus os entregou ao inimigo, é porque se rebelaram contra Ele. Se
foi possível a restauração, é porque houve uma volta para Deus. É
tempo, pois, de fortalecer a alma para a solidificação da obra.

ORAÇÃO

Pai, eu Te louvo, porque «maior é O que está em mim do que


aquele que está no mundo». No meio de toda a oposição planejada no
reino das trevas e manifestada através de instrumentos humanos ou
circunstâncias, Tu me darás vitória. Reconheço que minha
determinação de expor-me ao Teu Espírito e à Tua Palavra para que
minha alma seja totalmente restaurada e refletida a beleza do Senhor
Jesus, despertará a fúria de Satanás contra mim, mas, com a Tua graça
e a assistência do Teu Espírito que em mim habita, não me deixarei
impressionar.
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Estou determinado a seguir a direção do Espírito na
restauração dos muros, portas, fontes e torres de vigia da minha
personalidade. O escárneo do inimigo, suas conspirações contra mim,
ameaças de morte ou atentados contra minha vida e saúde, serão
frustrados, em o Nome de Jesus, pois, pelo Teu Espírito, far-me-ás
saber suas maquinações e fortalecer-me-ás, enquanto me devoto à
oração., à Tua Palavra e ao trabalho que me tens proposto.
Confesso a convicção de que me darás sabedoria e revelação,
para discernir a astúcia do inimigo a fim de levar-me a compromissos
que me afastariam da obra diligente, e recusar-me-ei a retirar a mão
do arado. Com tua graça, Pai, não darei ouvidos às acusações e
difamações que tentam denegrir minha imagem; pois já morri, e minha
vida está escondida com Cristo. Em Ti. Por isso prosseguirei, enquanto
para Ti e para as instruções do Teu Espírito. Inclino meus ouvidos à
Sua voz, com um coração disposto a Te obedecer. Sei que o inimigo
não terá poder de me afastar do alvo, e Teus propósitos para minha
vida serão plenamente estabelecidos. No meio de toda a oposição, em
Cristo, sou mais que vencedor!
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Capítulo 4

FORTALECENDO
O MUNDO INTERIOR

Muros restaurados, portas restauradas, torres e fontes de água


restauradas...Estamos cercados e protegidos, firmados em Deus,
libertos do inimigo interno, mas vamos agora fortalecer-nos em nosso
homem interior. A vida cristã é um contínuo crescimento. Cada dia há
um novo desafio diante de nós, uma nova conquista, um novo chamado
a subir, a prosseguir e conhecer mais o Senhor. Seus caminhos, a
discernir melhor Sua voz.
Até que Cristo volte, teremos que lidar com imperfeições em
nosso caráter e jamais poderemos esquecer que a crucificação da carne,
bem como a submissão ao Espírito de Deus, é um desafio diário. É
arriscado repousar-se nas vitórias do passado. Cada dia precisaremos
vencer. Daí a necessidade de uma maior vigilância e fortalecimento
após uma grande vitória. A tendência de muitos é, depois da vitória,
alegrar-se, depor as armas e descansar. Isso é perigoso, pois o inimigo,
após perder uma batalha, há de reunir seus recursos para uma investida
mais feroz, a fim de tentar reconquistar o que perdeu. Nossa atitude,
portanto, deve ser de solidificar o que alcançamos, fortalecendo-nos
cada vez mais, pois cada nova batalha demandará um melhor preparo.

Fortalecimento Pela Palavra

No capítulo oito do livro de Neemias, que estamos considerando,


temos a primeira coisa que eles fizeram, após o tratamento com o
inimigo externo: voltaram-se para a Palavra de Deus. Todo o povo,
que podia compreender a leitura, tanto homens, quanto mulheres e
crianças, foi reunido na praça e o sacerdote Esdras trouxe a Palavra de
Deus e a leu perante o povo.
«E leu nela diante da praça que está fronteira à porta das águas,
desde a alva até o meio-dia, na presença dos homens e das mulheres, e
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dos que podiam atender; e os ouvidos de todo o povo estavam atentos
ao livro da lei...Então Esdras abriu o livro à vista de todo o povo se pôs
de pé. Então Esdras bendisse ao Senhor, o grande Deus; e todo o povo,
levantando as mãos respondeu: Amém. Amém. E, inclinando-se,
adoraram ao Senhor, com os rostos em Terra. Assim leram no livro, na
lei de Deus, distintamente; e deram o sentido, de modo que entendessem
a leitura... Então todo o povo se foi para comer e beber, e para enviar
porções, e para fazer grande regozijo, porque tinha entendido as
palavras que lhe foram referidas» (Ne. 8:3,5,6,8,12).

Quando a nossa alma é Restaurada, também é


Restaurada a Fome pela Palavra de Deus.

A Palavra começa a ocupar um lugar central na nossa vida; ela


será compreendida. Isso trará um quebramento do coração, e
«sacrifícios para Deus são um coração quebrantado e a um coração
quebrantado e contrito, não desprezarás, ó Deus» (Sl. 51:17).
A Palavra mexe com o nosso ser inteiro. É por isso que a atitude
do povo se manifesta numa variedade de posturas: pôs-se de pé,
levantou as mãos, inclinou-se, adorou, rosto em terra, entenderam o
sentido, choraram, comeram, beberam, deram, tudo porque «tinham
entendido as palavras que lhes foram referidas». Suas almas, seus
sentimentos, sensibilizaram-se com a Palavra de Deus. Emoções santas.
Suas lágrimas não eram de angústia; suas entranhas se moviam por
causa da Palavra de Deus. Que quadro lindo! Uma multidão de homens,
mulheres, jovens e crianças, sob o sol ardente, de pé, hora após hora,
ouvindo atentamente e respondendo, com adoração, a leitura da Palavra
de Deus.

A Palavra de Deus é
Instrumento de Restauração
Não existem experiências profundas, se elas não forem firmadas
na Palavra. Ela é a base de tudo. Leia, portanto, a Bíblia, estude a Bíblia,
ingira a Bíblia, absorva a Bíblia, ore a Bíblia, deixe que o seu ser inteiro
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seja saturado pelas palavras nela escritas, e o Espírito Santo as tornará
vivas em seu próprio coração; elas produzirão o devido fruto em toda
as áreas do seu ser. Uma das razões porque o povo de Deus anda
enfraquecido, é que esqueceu a Palavra. Guardou o Livro fechado, e ele
só funciona aberto, lido, absorvido, entendido, respondido e obedecido.
Mas quando você se expõe à Palavra, é fortalecido em seu espírito, em
sua alma, e até em seu corpo, porque as palavras de Deus «são vida
para os que as encontram, e saúde para todo o seu corpo» (Pv. 4:22).
Você já desenvolveu o hábito de ler a Bíblia devagar, mastigando
cada palavra, transformando-a em sua própria confissão e oração?
Quando fazemos isso, há um mover do Espírito em nós. «A exposição
das Tuas palavras dá luz» (Sl. 119:130). Ela motiva as orações, arranca
as confissões, leva ao quebrantamento, a um confronto da nossa alma
com Deus. Isso é trabalhar na alma pelo lado de dentro. Não nos
limitaremos a expulsar intrusos, e a fechar as brechas para o Diabo não
entrar. É preciso fortalecer a alma pelo lado de dentro, até que a
personalidade inteira reflita as virtudes do Senhor Jesus. Em outras
palavras, é preciso ornamentar a cidade, e para tanto, a Palavra é um
instrumento indispensável.

A Palavra Gera Novos Hábitos

Quando nos expomos à Palavra, são inevitáveis as descobertas


de hábitos e padrões que precisam ser mudados. No dia seguinte à
leitura da Palavra em praça pública, os líderes se reuniram para
examinar o Livro. Descobriram a ordenança com respeito à Festa dos
Tabernáculos, e logo o povo foi convocado a fazer conforme estava
escrito. É que o conhecimento da verdade gera, necessariamente, a
formação de novos hábitos. Era tempo de celebração, regozijo e muito
louvor a Deus. Isso é produto da atitude certa para com as palavras do
Altíssimo. Convém salientar, que em meio a todo o regozijo dos sete
dias de festa, a Palavra teve seu lugar de preeminência: « E Esdras leu
no livro de Deus todos os dias, desde o primeiro até o último» (Ne. 8:18
a).
A Palavra não pode se apartar em nenhuma ocasião da nossa
vida. Ela deve estar presente em todas as fases de tratamento da alma.
63
De fato, ela deve ser para nós o que o próprio ar representa. Não
podemos viver sem ela. A Palavra é Deus mesmo. Deus se expressa
pela Sua Palavra. Onde ela está, Deus está. Toda Palavra de Deus tem
poder de vida. Ela tem poder de libertar, de regenerar, de curar, de
salvar, de limpar, de lavar, de santificar, de nos levantar acima das
circunstâncias. A Palavra gera paz, gera saúde, gera força, gera alegria,
gera vida, a própria qualidade de vida que Deus tem. Que lugar, então,
ela terá dentro de mim? Ela é fonte inesgotável de toda a provisão de
Deus para meu viver. Terei dela tudo quanto me dispuser a ter, pela
determinação de a ela me expor continuamente.
Jesus disse em João 14:15: «Se me amais, guardareis os meus
mandamentos» . Se o amo de fato, quero conhecer os Seus preceitos
para poder obedecê-los. Se O amo, quero ouvir-Lhe a voz, e o modo
primário, pelo qual Ele nos fala, é através da Sua Palavra, pelo Seu
Espírito em nós.
O maior capítulo da Bíblia decanta a Palavra de Deus. É o Salmo
119. Extraindo alguns dos seus versículos, bem como do Salmo 19, ore
em voz alta a Palavra bendita:

ORAÇÃO

«a LEI DO Senhor é perfeita, e refrigera a alma; o testemunho


do Senhor é fiel, e dá sabedoria aos simples. Os preceitos do Senhor
são retos, e alegram o coração; o mandamento do Senhor é puro, e
aleluia os olhos. Mais desejáveis são do que o ouro, sim, do que muito
ouro fino; e mais doces do que o mel e o que goteja dos favos. Também
por eles o teu servo é advertido; e em os guardar há grande
recompensa» (Sl. 19:7,8,10,11).
«Escondi a Tua Palavra no meu coração, para não pecar contra
Ti.
Em Teus preceitos medito, e observo os Teus caminhos.
Deleitar-me-ei nos Teus estatutos; não me esquecerei da Tua
Palavra.
64
Desvenda os meus olhos, para que eu veja as maravilhas da
Tua lei.
Os Teus testemunhos são o meu prazer e os meus conselheiros.
Ensina-me, ó Senhor, o caminho dos Teus estatutos, e eu o
guardarei até o fim.
Deleitar-me-ei em Teus mandamentos, que eu amo.
Antes de ser afligido, eu me extraviava; mas agora guardo a Tua
Palavra.
Para sempre, ó Senhor, a Tua Palavra está firmada nos céus.
Oh! Quanto amo a Tua lei! Ela é a minha meditação o dia todo.
Oh! Quão doces são as Tuas palavras ao meu paladar! Mais
doces do que o mel à minha boca.
Lâmpada para meus pés é A Tua Palavra, e luz para o meu
caminho.
Maravilhosos são os Teus testemunhos, por isso a minha alma
os guarda.
A Tua Palavra é fiel a toda a prova, por isso o teu servo a ama.
Antecipo-me à alva da manhã e clamo; aguardo com esperança
as tuas palavras.
Os meus olhos se antecipam às vigílias da noite, para que eu
medite na Tua Palavra.
Anelo por Tua salvação, ó Senhor; a Tua lei é o meu prazer.
Que minha alma viva, para que eu Te louve; ajudem-me as Tuas
ordenanças».
(Salmo
119:11,15,16,18,24,33,47,67,89,97,103,129,140,147,148,174,175).
65
Fortalecimento Pelo Arrependimento.
E Confissão de Pecados

Um outro aspecto do fortalecimento interior, está no


arrependimento e confissão de pecados, descrito no capítulo 9.
Libertação não é substituto de arrependimento e confissão de
pecados. Absolutamente nada pode tomar o lugar do arrependimento.
Não há mudança, nem progresso, onde falta essa disposição. Satanás
nunca estabelece alguma base em qualquer área da nossa vida, sem
que primeiro conquiste algum direito legal. Esse direito é sempre
conquistado através das nossas próprias transgressões aos
mandamentos e princípios da Palavra de Deus. E, como resultado dessa
desobediência, uma brecha lhe é dada. Se há uma área prisioneira, é
porque um direito foi conquistado. Logo, a maneira de se fechar a
brecha é pelo arrependimento do pecado, confissão e conseqüente
abandono.
Qual a sua prisão hoje? O ódio, a amargura, o medo , a angústia,
o adultério, a depressão, o homossexualismo? Por que você chegou aí?
Porque deu lugar, As coisas não acontecem instantaneamente. O
inimigo vem, pelo lado de fora, tentar encontrar uma brecha, A brecha
surge quando andamos contrários à Palavra de Deus, aos padrões
Divinos. Suponhamos que a sua prisão é a mágoa. Por que ela se
instalou aí e fez morada? Pela falta de perdão ao que o ofendeu. Não
perdoar é andar em trevas, é abrir a porta à opressão demoníaca. Talvez
o problema seja a depressão. Qual a causa? Um hábito de não descansar
e confiar em Deus. Uma tendência à preocupação, contrária ao que
ensina a Palavra, dizendo que não devemos andar ansiosos por coisa
alguma. Não importa qual o tipo de prisão, a verdadeira raiz é uma só e
a solução também. É preciso descobrir-se onde o problema começou, o
tipo de transgressão ou atitude, para que haja a devida confissão da
culpa, arrependimento e mudança de direção.
«Ora, no dia vinte e quatro desse mês, se ajuntaram os filhos de
Israel em jejum, vestidos de sacos e com terra sobre as cabeças. E os
da linhagem de Israel se apartaram de todos os estrangeiros, puseram-
se em pé e confessaram os seus pecados e as iniquidades de seus pais.
E, levantando-se no seu lugar, leram no livro da lei do Senhor seu
66
Deus, uma Quarta parte do dia; e outra Quarta parte fizeram
confissão, e adoraram ao Senhor Deus» (Ne. 9:1-3)
Aqui encontramos uma atitude de pesar pelo pecado,
demonstrada na roupa de saco e terra sobre a cabeça. Esse era o modo
como o povo antigo manifestava a tristeza. Arrependimento envolve um
pesar, uma tristeza pelo pecado, uma dor no coração. Depois vem a
confissão, Confessar significa concordar com Deus quanto aos que
fizemos e quanto à solução para o problema. Todo arrependimento deve
levar-nos para Deus, pois só Ele pode nos perdoar os pecados e nos
purificar de toda a injustiça (I Jo. 1:9).
Uma outra atitude revelando a sinceridade do arrependimento, é
que se «apartaram dos estrangeiros». Isso implica em mudança de
atitude, em rejeitar o que havia sido incorporado e que contraria o plano
Divino. O arrependimento não é um mero sentimento de tristeza
passageira, divorciado de mudança. Ele sempre implica numa resposta,
uma ação para reparar o erro. O abandono ao pecado é uma
conseqüência natural do arrependimento.
A primeira mensagem de João Batista, preparando o caminho do
Senhor , incluía um grito por arrependimento para remissão dos
pecados: «Arrependei-vos, porque é chegado o Reino dos céus» (Mt.
3:1). A mensagem de Jesus seguiu o mesmo padrão: «Arrependei-vos»
(Mc. 1:15). «Se vos arrependerdes, todos igualmente perecereis»
(Lc.13:3,5). Os apóstolos pregaram a mesma mensagem: «Arrependei-
vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para
remissão de pecados; e recebereis o dom do Espírito Santo» (At. 2:38).
«Mas Deus, não levando em conta os tempos da ignorância, manda
agora que todos os homens em todo lugar se arrependam» (At. 17:30).
E essa proclamação incluía um apelo à demonstração prática da
experiência interior: «Anunciei... que se arrependessem e se
convertessem a Deus, praticando obras dignas de arrependimento»
(At. 26:20).
O arrependimento não é só para o pecador perdido, quando ele
vem a Jesus. Diante de cada deslize, há uma chamada ao reparo, Até
mesmo em Apocalipse, só nas cartas às Igrejas, há oito menções à
necessidade de arrependimento por parte das Igrejas. E as palavras de
Jesus soam outra vez aos nossos ouvidos: «Lembra-te, pois, donde
caíste, e arrepende-te, e pratica as primeiras obras; e se não,
67
brevemente virei a ti, e removerei do seu lugar o teu candeeiro,
se não te arrependeres» (Ap. 2:5).
Há muitas vezes em nós uma atitude de lançar sobre outros as
culpas dos problemas que enfrentamos; e há os que encontram um
caminho fácil de atribuir tudo ao Diabo. É certo que todo mal tem
origem nele, mas se não lhe dermos lugar, ele não poderá permanecer
em nosso território. O melhor é seguir o conselho da Palavra. «o que
encobre as suas transgressões, nunca prosperará; mas o que as
confessa e deixa, alcançará misericórdia» (Pv. 28:13). Somos
responsáveis por nossas próprias atitudes; devemos assumir nossa
culpa, e ir a Deus para receber o perdão e força para nos enveredar pelo
caminho bom e direito. Assim fazendo, estaremos na trilha da vitória.
Convém ler todo o capítulo nove. É uma tremenda oração de
confissão. Nela, como acontece com as orações de confissões de
pecado, os pais são incluídos, isto é, os antepassados. Muitas vezes
enfrentamos uma situação hoje que não é, necessariamente, resultado
de uma falta pessoal, mas da falta dos nossos pais. Apesar disso,
estamos amargando a conseqüência desse pecado. Assim acontecia com
muitos dos que estavam ali. Haviam nascido no cativeiro, para onde
seus pais foram levados, ou nasceram em Israel, após a destruição de
Jerusalém. Tanto o cativeiro quanto a destruição de Jerusalém e de todo
o Israel, eram resultado das transgressões dos que já haviam morrido,
em sua maioria. Mas apesar disso, eles agora sofriam a sua desolação.
Ninguém tinha dúvida que aquela situação era decorrente da
transgressão à Palavra de Deus e, portanto, o povo confessou a
transgressão que lhe deu origem , praticada por seus pais, como se fosse
o seu próprio pecado. Isso significa um reconhecimento da justiça de
Deus, uma firme renúncia às heranças pecaminosas dos antepassados e
disposição de não andar pelo mesmo caminho.
Existem princípios no reino do espírito, que devem ser
conhecidos e compreendidos, para que haja uma solução permanente
dos problemas, esse é um deles: A confissão diante de Deus,
acompanhada do arrependimento, fecha a brecha e cancela o
direito legal conquistado por Satanás para agir contra nós.
A oração do capítulo nove faz um relato da história da Aliança,
da promessa, das bênçãos advindas da obediência e as maldições
resultantes da desobediência. Ela deixa claro que o caminho da bênção,
68
é o caminho da obediência à Palavra. Toda a oração está permeada e
respaldada pela Palavra. Ela exalta a Deus, relembra Seus feitos para
com o povo, confessa os pecados e diz o porquê da sua opressão e
entrada do inimigo. É uma oração que reflete o conhecimento da
Palavra, o que nos ajuda a colocarmo-nos em nosso lugar, para que o
inimigo não tenha mais poder sobre nós.
Uma outra coisa que fazem naquele dia de confissão e leitura da
Palavra, é que terminam renovando a aliança com Deus. «Contudo,
por causa de tudo isso firmamos um pacto e o escrevemos; e selam-no
os nossos príncipes, os nossos levitas e os nossos sacerdotes» (Ne.
9:38). Essa atitude estabelece o fato de que o Senhor é sua defesa e
proteção. O que é uma aliança? É um contrato solene pelo qual tudo o
que é de Deus se torna nosso e tudo o que é nosso se torna de Deus. Nós
temos tudo de Deus, em Cristo Jesus, mas também Ele tem tudo de nós.
Sabemos que Ele nada nos negará, dentro do Seu plano de amor para a
nossa vida, mas também nada devemos negar-Lhe. Isto é uma aliança.
Renová-la significa confessar as transgressões ao espírito e à letra desse
contrato, e renová-lo diante de Deus. Não devemos esquecer que só
teremos tudo de Deus, quando Deus tiver tudo de nós.

Fortalecimento Pela
Dedicação dos Muros

A obra a que Neemias se propôs, está pronta. Os muros estão


restaurados, as portas no seu devido lugar, fontes com água, vigias em
seus postos de trabalho, em suma, a cidade está protegida e a adoração
a Deus no Templo pode acontecer sem problemas. O inimigo foi
vencido em cada fase. Os pecados foram confessados e abandonados.
Agora, tudo é dedicado a Deus com grande alegria:
«Ora, na dedicação dos muros de Jerusalém buscaram os levitas
de todos os lugares, para os trazerem a Jerusalém, a fim de celebrarem
a dedicação com alegria e com ações de graças, e com canto; címbalos,
alaúdes e harpas» (Ne. 12:27). «Naquele dia ofereceram grandes
sacrifícios, e se alegraram, pois Deus lhes dera motivo de grande
alegria; também as mulheres e as crianças se alegraram, de modo que
o júbilo de Jerusalém se fez ouvir de longe» (Ne. 12:43).
69
Temos visto a reconstrução dos muros como símbolo da nossa
alma, nossa personalidade. Deus nos criou em Sua imagem e
semelhança, mas o pecado nos desestruturou por completo. O Pai,
porém, em Seu amor insondável e graça sem medida, proveu-nos de
todos os recursos para encontrarmos, de volta, o que o pecado nos levou
a perder. O Espírito Santo, que é Deus mesmo, não se cansa em Sua
assistência bendita para que essa imagem do Criador seja restaurada em
nosso ser. O objetivo de tudo isso é a glória de Deus. Fomos feitos para
o louvor da Sua glória, somos sua propriedade, e a consagração da nossa
personalidade a Ele é o sinal de reconhecimento de que tudo vem dEle
e volta para Ele, porque dEle somos e nEle vivemos, nos movemos e
existimos (At. 17:28).
Deus nos chama a uma dedicação de amor. Tudo quanto temos e
somos, provém dEle. A própria obra de restauração da nossa
personalidade não seria possível sem o doce auxílio do Espírito de
Deus, esse amado Companheiro e Consolador. Será muito responder a
esse amor inaudito que desce do Trono de glória para buscar um ser tão
vil, quebrado e cheio de lama, como nós, a fim de restaurá-lo, embelezá-
lo e transformá-lo em vaso de honra? Nada no mundo se compara a
essa maravilhosa graça, como diz o velho hino, «maior que o meu
pecar» A entrega da vida inteira seria nada em comparação ao que Ele
faz por nós. Ao fim e ao cabo nada temos e nada somos de bom que não
provenha dEle mesmo. Nossa resposta adequada é uma incondicional e
absoluta consagração nas mãos do nosso Senhor e Rei. Você será capaz
de dizer ?
Pai reconheço que nada tenho e nada sou, que não tivesse
recebido de Ti mesmo. Formaste-me para o louvor da Tua glória, e
para a Tua glória quero viver. Fracassei tantas vezes! Minha vida
conheceu as marcas da invasão inimiga, foi tantas vezes ferida,
quebrada, espezinhada. Minha personalidade conheceu brechas, meus
muros tiveram tantas pedras caídas, minas portas sofreram o incêndio
inimigo e tomei tantas decisões erradas. Ainda assim tiveste
misericórdia de mim e vieste em meu auxílio, na Pessoa bendita do
Espírito Santo. O que alcancei até hoje no crescimento, libertação,
cura e restauração, revela Tua boa mão me conduzindo os passos.
Venho agora à Tua presença para dizer-Te que devolvo a Ti, com
alegria, tudo quanto do Teu coração de Pai recebi. Consagro todo o
meu ser inteiramente a Ti e, com Tua graça e assistência do Teu
70
Espírito, viverei para a Tua glória, com a firme consciência de que
pertenço a Ti.
Com uma consciência de que fomos separados para o uso
exclusivo de Deus, fugiremos do pecado. Na própria consagração dos
muros diz-se que «os sacerdotes e os levitas se purificaram, e
purificaram o povo, as portas e o muro» (Ne. 12:30). Era uma
purificação cerimonial. Quanto a nós, vivemos a realidade das figuras
do passado. O chamado à vida de consagração requer pureza constante.
Esta é a hora de nós também nos purificarmos de toda a contaminação
que poluiu nossa personalidade, como é próprio aos que se dedicaram,
sem reservas, ao Senhor, para viverem de modo digno e agradável
diante dEle. Assim fazendo, nosso espírito fluirá livremente, através de
uma personalidade sadia, e Deus nos poderá usar de modo que Seu
nome seja glorificado na Terra. Isso permitirá não apenas o gozo de
uma vida a Ele dedicada, mas também seremos transformados em
canais do Seu amor para alcançar aqueles que ainda se encontram
prisioneiros.
Deus tem investido em nossas almas, pela operação do Seu
Espírito, porque somos dEle. «Porque, quanto ao Senhor, Seus olhos
passam por toda a Terra, para mostrar-se forte para com aqueles
cujo coração é totalmente dEle» (2Cr. 16:9).
Uma forte consciência de pertencer a Deus nos impulsiona a
viver com dignidade na Terra. Rejeitaremos tudo o que é profano e
viveremos na santidade do Senhor, e o resultado disso será uma
comunhão cada vez mais estreita e um reflexo cada vez maior da beleza
de Cristo em nosso caráter. Veja-se agora nEle e diga:
«O Senhor chamou-me desde o ventre, desde as entranhas de
minha mãe fez menção do meu nome e fez a minha boca qual espada
aguda; na sombra da Sua mão me escondeu; fez-me qual uma flecha
polida, e me encobriu na Sua aljava; e me disse: tu és meu (minha)
servo(a); és (coloque aqui o seu nome), por quem hei de ser
glorificado» (Is. 49:1-3).
ORAÇÃO

Pai, coloco-me diante de Ti e exponho-me à Tua presença e à tua


Palavra. Tenho trabalhado em minha alma, sob a liderança do Teu
71
Espírito, buscando conservar os inimigos fora do meu arraial, sem
lhes dar brechas. Agora, porém, quero confessar-Te a fome pela Tua
Palavra. «Para sempre, ó Senhor, a Tua Palavra está firmada nos
Céus! Oh! Quanto amo a Tua lei! Ela é a minha meditação o dia todo.
Oh! Quão doces são as Tuas Palavras ao meu paladar! Mais doces do
que o mel à minha boca. Maravilhosos são os Teus testemunhos, por
isso a minha alma os guarda» (Sl. 119:89,97,103, 129). Tua lei é
perfeita e restaura a minha alma, pelo que a ela me devotarei cada vez
mais, sabendo que nela encontro direção para meus passos, pois ela é
«lâmpada para os meus pés e luz para meus caminhos» (Sl. 19:7;
119:105).
«Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração; prova-me, e
conhece os meus pensamentos; vê se há em mim algum caminho
perverso, e guia-me pelo caminho eterno» (Sl. 139:23,24). Quero andar
nos Teus caminhos com integridade de coração e santidade de vida.
Aborreço o pecado e arrependo-me até ao pó das transgressões contra
Tua Palavra. «Quem pode discernir os próprios erros? Purifica-me Tu
dos que me são ocultos» (Sl. 19:12). Dá-me a graça de um coração
inclinado ao arrependimento sempre que ele se fizer necessário. Estou
consciente da possibilidade de engano e queda e me inclino à Tua
Palavra para que os meus pés não resvalem. «Não me deixes cair em
tentação, mas livra-me do mal» (Mt. 6:13).
Meu Deus, é forte dentro de mim a consciência de que pertenço
a Ti. Novamente venho dizer-Te que tudo quanto sou e tenho procede
de Ti e volta para Ti. Não sou de mim mesmo. Do que me deste, ofereço
a Ti, sem reservas, com um coração voluntário e contrito. Tens tudo que
queres de mim. Nada me tens negado, em Cristo, meu Senhor. Nada
também quero negar-Te. Meu ser inteiro está dedicado a Ti, para o
louvor da Tua glória. Dispõe, pois, deste vaso que é Teu, do modo como
Te aprouver, para os Teus eternos propósitos, e isso será alegria e gozo
para este coração de filho que Te ama tanto e não pode viver sem Ti.
Eis-me outra vez aos Teus pés, Pai, dedicando o espírito, a alma e o
corpo a Ti. Isso até parece sem sentido, pois nada tenho que de Ti não
houvesse recebido, ainda assim quero que saibas que não há outro bem
que eu deseje além de Ti e todo o meu ser repudia qualquer tipo de vida
que não seja inteiramente consagrada a Ti. Aceita, pois, essa oferta
singela em amor, gratidão e devoção, de um ser que foi atraído por Ti e
encontra sua plena realização somente em Ti.
72
PARTE II

A CONQUISTA DA TERRA

Até aqui abordamos a figura da restauração dos muros, para falar


da nossa alma. Vimos vários princípios que muito nos ajudarão. Agora,
porém, vamos incorporar outra figura da história de Israel, que terá
muito a nos ensinar: trata-se da Conquista da Terra. Conquista e
restauração caminham juntas, pois o território foi assolado pelo inimigo
e, uma vez que é possuído, ainda resta uma obra de restauração. Lemos
em Deuteronômio 1:8:
«Eis aqui a Terra que pus diante de vós; entrai e possuí a Terra
que o Senhor com juramento deu a vossos pais, Abraão, Isaque e Jacó,
a eles e à sua descendência depois deles” (Dt.1:8).
Deus chamou Abraão e fez com ele uma aliança, pela qual toda
a Terra de Canaã seria sua e de sua descendência. Antes, porém, que o
povo entrasse nela, seria escravo por quatrocentos anos, depois do que
sairiam com muitos bens (Gn. 15:13-21). A Terra de Canaã, pois,
constituía-se uma herança prometida por Deus, à descendência de
Abraão, em possessão perpétua, de acordo com a aliança firmada. Os
anos se passaram e toda a Palavra de Deus se cumpriu. O povo, sob a
liderança de Moisés, chegaram no limiar da Terra, depois de ter provado
as mais tremendas manifestações de Deus que alguém já tivesse
testemunhado no mundo. Ali foi lembrada a promessa: «a Terra que o
Senhor com juramento deu a vossos pais e à sua descendência depois
deles». O fato estava estabelecido: a Terra é vossa. Legalmente, diante
de Deus, a Canaã era sua, por direito de promessa. Surgiu, então, uma
ordem: «Entrai e possuí a Terra». Em outras palavras: «Conquistai a
Terra». Eis aí o grande desafio que se coloca diante de nós!
73
Capítulo 5

PRINCÍPIOS DE CONQUISTA

Quando o povo de Israel estava no limiar da Terra Prometida,


após a morte de Moisés, e, agora, sob a liderança de Josué, o Senhor
falou:
«Levanta-te pois agora, passa este Jordão, tu e todo este povo,
passa este Jordão para a terra que eu dou aos filhos de Israel. Todo
lugar que pisar a planta do vosso pé, vo-lo dei, como eu disse a
Moisés» (Js. 1:2,3).
Deus também nos fez uma promessa. Estamos em aliança e Ele
nos deu o Reino, com tudo quanto ele tem. Tudo quanto é de Cristo
Jesus foi nos dado por herança, por direito de aliança. Nada fizemos
para merecê-lo, mas aprouve a Deus, pela Sua graça imensurável,
tornar-nos herdeiros do Seu Reino, nós que estamos em Jesus Cristo e
temos experimentado a Sua redenção. Ele nos arrancou da escravidão e
nos deu uma nova vida.
Canaã não pode ser um símbolo do céu, pois nela há gigantes,
há inimigos a serem vencidos. Tomá-la-emos, pois, como um
símbolo da nossa alma, isto é, da nossa personalidade. O domínio de
Deus em nosso espírito deve estender-se a todas as áreas do nosso ser.
Deus nos prometeu a plena posse de uma vida abundante e veremos
como nos apossarmos dela, orando para que o Espírito de Deus nos
ilumine e nos conduza a uma tremenda vitória.
O Dar é de Deus e o Possuir é do Homem

Diante dos textos lidos, parece haver uma contradição. Como


pode Deus declarar que «a Terra é vossa» e depois desafiar: «entrai e
possuí a Terra»? Afinal a Terra era ou não de Israel? Era. Mas Israel
teria que conquistá-la? Sim. Que paradoxo, dirá você. Sabemos porém,
que não há contradição na Bíblia. Acontece que Deus pensa e age de
modo diferente do homem (Is. 55:8,9). Precisamos descobrir Seus
pensamentos manifestos em Suas palavras. No presente caso, temos
74
uma primeira conclusão: O que é nosso por direito de promessa ou
aliança, não é usufruído automaticamente. Deus dá, mas compete a
mim possuir, conquistar. O que Ele me deu é legalmente meu,
contudo só me beneficio da bênção quando tomo uma atitude em
relação a ela e dela me aproprio.
O dar é de Deus, mas o possuir é nosso. Deus nos dá tudo em
Cristo Jesus, todavia compete a nós tomar posse de cada bênção
comprada na cruz do Calvário. E até que conheçamos cada aspecto das
bênçãos espirituais e delas nos apropriemos, todas elas, apesar de serem
legalmente nossas, não estarão afetando nossa vida. É como se não o
fossem. Tome, pois, nota de um princípio: O que lhe é dado, não é
automaticamente experimentado por você. Em outras palavras: a
verdade doutrinária não representa, automaticamente, a experiência. Na
realidade nada é automático.
Suponhamos que alguém lhe deu um presente: abriu uma
caderneta de poupança no seu nome. Acontece que você não tomou
conhecimento do fato. Você está passando necessidades e aquele
dinheiro seria mais do que suficiente para satisfazê-las. Pergunto:
Aquele dinheiro em seu nome, no Banco, lhe pertence? Claro que sim.
Resolve seu problema? Não. Por quê? Falta-lhe o conhecimento.
Ninguém poderá sacar aquele dinheiro que, legalmente, lhe pertence,
todavia sua ignorância a respeito dele impede que ele afete sua
circunstância.
Vamos agora imaginar uma outra situação. Você tomou
conhecimento da generosidade daquele que lhe seu o dinheiro,
entretanto, por alguma razão, você não vai ao Banco retirá-lo. Pergunto:
aquele dinheiro afeta sua circunstância? Não. Para que ele supra suas
necessidades, duas coisas são necessárias, e elas caminham juntas:
tomar conhecimento do que lhe pertence e lançar mão disso. Em
outras palavras, saber e tomar posse.
Paulo deixa a verdade que estamos focalizando clara, em
Romanos 6, quando aborda o fato de que já morremos em Cristo. No
versículo 6, ele declara: «Sabendo isto, que o nosso velho homem foi
crucificado com Ele, para que o corpo do pecado fosse desfeito, a fim
de não servirmos mais ao pecado» Isso eqüivale dizer: «Tome
conhecimento da sua morte. Você já foi crucificado» No verso 11, ele
declara: «Assim também vós considerai-vos como mortos para o
75
pecado, mas vivos para Deus, em Cristo Jesus». Ou seja, «tome
agora posse da sua morte, veja-se morto». Primeiro, saiba que morreu;
segundo, considere-se assim. Esse mesmo raciocínio aplica-se a tudo
quanto nos foi outorgado por direito de redenção.
Todas as riquezas inesgotáveis da graça de Deus já nos foram
dadas em Cristo. Mas enquanto não tomarmos conhecimento e posse de
cada uma delas, viveremos como se elas não nos pertencessem. Basta-
lhe passar pelas epístolas no Novo Testamento e sublinhar todos os
textos onde há expressões como «em Cristo», «por meio dEle», «nEle»
e você descobrirá que tesouro o Pai, em Cristo, colocou à sua
disposição. Todo o Reino é seu, por direito de redenção. Tome
conhecimento agora, pesquisando a Palavra, e você logo saberá o que
faz parte da sua herança em Cristo. Isso me faz lembrar uma história
acontecida na Rússia, nos anos de extrema perseguição aos cristãos,
contada por obreiros de «Portas Abertas».
Uma jovem costumava ir às reuniões clandestinas de uma
Igreja na Rússia comunista, à noite. Certo dia ela foi interpelada pelos
guardas, que indagaram aonde ela ia. Se ela o dissesse, não somente
seria presa, mas entregaria todo o grupo. Por outro lado, não se espera
que um filho de Deus fale a mentira. Naquela hora o Espírito Santo veio
em seu auxílio, conforme Jesus prometeu, e sua resposta foi: «Sabe,
meu irmão mais velho morreu, e nesta noite vamos reunir a família
para ler seu testamento, e eu vou ver a parte que me cabe».
Ela falou a pura verdade. Os guardas até se comoveram e deram
os pêsames. Jesus é nosso irmão mais velho; a família é a Igreja; e o
Testamento é a Palavra de Deus. Um testamento só tem validade,
quando morre o testador. Jesus já morreu, e o testamento está em pleno
vigor. Podemos tomar posse de tudo quanto está nele. Nosso nome está
lá, pois todo aquele que está em Cristo, torna-se herdeiro de todas as
coisas (Rm. 8:17).
Deus quer que Seu povo se levante e reine no meio de seus
adversários, tomando posse do que é seu, conquistando o território que
lhe pertence. O quadro da Igreja hoje, de um modo geral, é uma afronta
ao que Cristo fez por nós. Vemos muitos doentes, amarrados,
escravizados, cujas almas estão prisioneiras, feridas, destroçadas.
Não é possível continuar assim, quando Cristo pagou tão alto preço,
para que «Em todas estas coisas sejamos mais do que vencedores»
76
(Rm. 8:37). Temos que dar um «basta» a esse tipo de derrota,
descobrir o que está acontecendo e mudar de rumo, pois não pode haver
contradição na Palavra de Deus, que diz de Jesus: «Eu vim para que
tenhais vida e vida em abundância» (Jo. 10:10). Temos que nos
interrogar: «Como é que a vida do Espírito de Deus em mim, a redenção
que tenho em Cristo Jesus, pode me fortalecer para eu enfrentar as
situações adversas e andar em vitória?» Está claro que o plano de Deus
para você não é uma vida cheia de depressão, de opressão, tomando
comprimidos para poder dormir, cheia de tristeza, de lamentos,
murmurações, mágoas, chorando em cada esquina, com sentimentos
amargos, insatisfeitos, um espírito crítico e até miserável. Há uma vida
abundante para os filhos de Deus. A toda essa confusão diremos:
«Chega!» Tem que haver explicação e saída para tudo isso. E glória a
Deus que há!
A nossa ignorância dos princípios Divinos, expressos na Palavra
de Deus, é que nos torna presas vulneráveis ao inimigo, que tudo faz
para manter-nos em confusão e ignorância, para que ele nos possa
roubar mais facilmente o que é nosso por direito, mantendo-nos como
escravos quando somos príncipes; mendigos, quando somos filhos de
Rei; vencidos, quando a vitória é nosso direito. Chegou, porém, a hora
de os lançarmos por terra as prisões satânicas, subjugarmos os gigantes
da terra e entrarmos na plena posse de nossa herança em Cristo, porque
«o povo que conhece ao seu Deus se tornará forte e fará proezas»
(Dn. 11:32). E nessa conquista estamos poderosamente assistidos pela
promessa:
«O Deus eterno é a tua habitação, e por baixo estão os braços
eternos; Ele lançou o inimigo de diante de ti e disse: Destrói-o» (Dt.
33:27).
Estabeleçamos um fato: a Terra será conquistada pela batalha.
Há uma conquista. A terra é minha por direito de herança, de promessa,
mas compete a mim conquistá-la, e o modo de fazê-lo, é pela batalha.
Nosso espírito é recriado pelo Espírito de Deus, mas há áreas da alma
que precisam ser conquistadas. Existem batalhas a serem vencidas pelo
lado de fora e pelo lado de dentro. O desafio, pois, é subjugar os
inimigos internos e externos.
77
A Conquista Externa

A vida cristã é um constante desafio. Na restauração dos


muros, vimos Neemias trabalhando para não permitir a entrada de
estranhos na cidade. Aqui abordamos a necessidade de subjugar os
que se encontram no território, para entrar na plena posse da nossa
herança. O Senhor comanda:
«Levantai-vos, parti e passai o ribeiro de Arnom; eis que
entreguei nas tuas mãos a Siom, o amorreu, rei de Hebrom, e à sua
Terra; começa a te apoderares dela, contendendo com eles em peleja»
(Dt. 2:24).
Entre eles e a Terra Prometida existiam inimigos, que se
constituíam obstáculos. Deus os convoca à luta: «Levantai-vos, parti,
passai o ribeiro, apoderai-vos, contendei em peleja» A Terra era deles,
mas teriam que conquistar cidade, após cidade. Teriam que vencer cada
inimigo que nela habitava.
Nós estamos usando essa figura para falar da conquista que,
como herdeiros de Deus e Seus filhos, temos de realizar na nossa
própria alma. Há inimigos a serem vencidos. Quem são eles? Satanás,
todos os seus demônios e suas respectivas obras. «Pois não é contra
carne e sangue que temos que lutar, mas sim contra os principados,
contra as potestades, contra os príncipes do mundo destas trevas,
contra as hostes espirituais da iniquidade nas regiões celestes»
(Ef.6:12).
Tão logo entregamos nossa vida a Jesus, passamos para outro
lado e entramos numa batalha de vida ou morte. Satanás se
levantará contra nós de mil e uma maneiras, e precisamos logo saber
discernir a origem dos conflitos, para não estarmos esmurrando no ar,
lutando contra o inimigo errado.
Coloque na sua mente que o inimigo não é feito de carne e
sangue, não é uma pessoa humana, não são circunstâncias e coisas.
Pessoas, coisas e circunstâncias serão usadas como canais dessa luta,
mas o inimigo é invisível, espiritual, e deverá ser combatido e
vencido no reino do espírito, com armas espirituais. Tomando
consciência disso, já estaremos no caminho que conduz à vitória.
78
Satanás, com suas hostes, dominou o planeta Terra. As marcas
de sua influência estão na vida de todas as pessoas que aqui nasceram.
Apesar disso, Deus tem uma herança linda para nós, um caminho de
vitória, No entanto há inimigos que infestam a Terra, nossa alma, nossa
carne, Apear de tudo, não há razões para o pânico. Se nos ativermos aos
princípios Divinos, venceremos e conquistaremos toda a Terra.
A Autoridade Inimiga Já Foi Vencida
Olhando para a conquista de Israel, observamos que Josué
quebrou o poder das autoridades da Terra, comandando as batalhas que
culminaram na sua posse. Ainda havia inimigos presentes, mas o
principal estava feito: «Assim Josué tomou toda esta Terra conforme
tudo o que o Senhor tinha dito a Moisés; e Josué a deu em herança a
Israel» ( Js. 11:12 a ). Trinta e um reis foram vencidos (Js. 12:24), e
então os filhos de Israel podiam habitar em Canaã.
Josué é um tipo de Jesus. Ele foi à frente e venceu Satanás, seus
príncipes e potestades; venceu todas as hostes do inferno. Jesus já
destronou Satanás, já quebrou sua autoridade, Mesmo que hajam
demônios dispersos, verdadeiros bandidos que se recusam a reconhecer
sua derrota, o fato é que a autoridade inimiga está quebrada, nula,
sem efeito sobre nós, enquanto reconhecemos esse fato e nele nos
firmamos, na autoridade de Jesus.
Hoje estamos em Cristo e podemos viver a realidade dessa
posição. Paulo coloca essa verdade em termos vivos ao dizer: «E tendes
a vossa plenitude nEle, que é a cabeça de todo principado e potestade...
tendo sido sepultados com Ele no batismo, no qual também fostes
ressuscitados pela fé no poder de Deus, que O ressuscitou dentre os
mortos... e havendo riscado o escrito da dívida que havia contra nós
nas suas ordenanças, o qual nos era contrário, removeu-o do meio de
nós, cravando-o na cruz; e tendo despojado os principados e
potestades, os exibiu publicamente e deles triunfou na mesma cruz» (Cl.
2:10,12,14,15).
Estamos diante de uma figura militar. Quando um exército
vencia, tomava os soldados vencidos, despia-os das suas insígnias,
humilhava-os amarrava-os uns aos outros e entrava em sua terra
trazendo, assim, os inimigos vencidos, expostos ao desprezo, em
procissão. O mesmo aconteceu no reino do espírito. Jesus despiu as
insígnias de Satanás e suas hostes, quebrou-lhes o poder e autoridade
79
e os expôs ao desprezo. Isto nos faz soltar um grito de vitória! Dá-
nos ousadia, pois podemos enfrentar os inimigos de fora, porque eles
perderam suas reivindicações sobre nós. «Maior é Aquele que está em
nós» (I Jo. 4:4). Temos armas para vencer, temos o poder de Deus, o
Espírito do Senhor nos assiste. Então nós vamos alcançar a vitória. Por
causa disso o temor do Senhor cairá sobre o inimigo. Jesus, nosso Josué,
infundiu –lhes terror.

A Presença Inimiga Deve Ser Vencida

Jesus venceu e nos deu a Terra por herança. Isso quer dizer que
o Reino é nosso, legalmente nosso. Convém, no entanto, salientar, que
Satanás se recusa a aceitar sua derrota e tudo fará para reconquistar o
que perdeu, mesmo sabendo que, diante do tribunal eterno, não há
apelação.
Depois que Josué partiu, o inimigo não se deu por vencido, e a
conquista continuou. «Depois da morte de Josué os filhos de Israel
consultaram ao Senhor, dizendo: Quem dentre nós subirá primeiro aos
cananeus, para pelejar contra eles» (Jz. 1:1). Mas Josué não vencera
os reis? Acontece que apear dos reis terem sido derrotados, ficaram
pessoas de cada um desses grupos dentro da Terra, pelo que os filhos
de Israel teriam que conquistá-la palmo a palmo, sabendo que ela era
sua herança e o Senhor estava com eles.
Um dos enganos hoje é ignorar a existência de um conflito contra
nós, entregando-nos à acomodação, o que nos torna vítimas de Satanás,
que passa a controlar um número cada vez maior de áreas em nossa
alma. À medida que nos aproximamos dos tempos do fim, a luta se
intensifica. Há uma terrível invasão de demônios no planeta, por causa
do desespero de Satanás, sabendo que pouco tempo lhe resta pelo que
busca arrebanhar para si o máximo que puder. Como nunca, temos que
nos levantar numa posição de força, pois suas táticas são cada vez mais
sutis. Temos que conhecer suas estratégias, «para que Satanás não leve
vantagem sobre nós; porque não ignoramos as suas maquinações»
(2Co. 2:10b,11).
Precisamos lidar com a presença do inimigo. Lendo Juizes,
capítulo primeiro, versículos 19,21,27 e 28, vemos que a presença
80
inimiga ainda se fazia sentir. O mesmo acontece conosco. Enquanto
estivermos neste mundo, dominado por influências malignas, vivendo
numa carne que não foi redimida, sujeita ao erro e ao pecado, é certo
que estaremos engajados em uma batalha. A Bíblia não nos promete
uma passagem pelo mundo sem aflições, lutas e adversários. O que ela
nos assegura é recursos para a vitória.
O apóstolo João declara: «Quem comete pecado é do Diabo,
porque o Diabo peca desde o princípio. Para isto de Deus se
manifestou: para destruir as obras do Diabo» (I Jo. 3:8). A
manifestação do Filho de Deus significa confronto aberto para a
destruição das obras de Satanás. Nós fomos feitos filhos de Deus (Jo.
1:12) e nossa primeira profissão, na autoridade de Jesus, no poder do
Espírito Santo que Ele demonstrou e nos outorgou, é destruir também
as obras do Diabo em nossa vida. Jesus declarou taxativamente: «Em
verdade, em verdade vos digo: Aquele que crê em mim, esse também
fará as obras que Eu faço, e as fará maiores do que estas; porque eu
vou para meu Pai» (Jo. 14:12). Jesus enfrentou o Diabo e o venceu e
espera que nós agora o vençamos, com os recursos que Ele nos dá (Ap.
3:21). Coloque isso no seu espírito: você vai se programar para
vencer. Não há razão para uma única derrota, quando tudo quanto
é necessário para a vida de vitória já é seu, por direito de redenção.

Apropriando-nos do que nos é Dado

Eis um grande desafio: tomar posse do que Deus nos deu.


Quando pensamos em dádiva, geralmente vem à mente a idéia de
coisas. Queremos, porém considerar três grandes coisas que Jesus deu
à Igreja, da maior importância, para que tudo quanto nos foi prometido,
seja de fato possuído. Ei-las: uma comissão, uma armadura e uma
batalha. Pode até lhe parecer estranho falarmos dessas coisas.
Pensamos no que é nosso em Cristo apenas em termos de coisas
agradáveis. Será que não descobrimos ainda que só provará o sabor
da vitória que primeiro provou o furor da batalha? Jesus venceu
Satanás, mas não foi sem luta. Na realidade custou-Lhe o sangue, a
própria vida. Mas não estava só, nem sem recursos. O Pai e o Espírito
Santo assistiram-nO em todas as fases do confronto que culminou com
o retumbante triunfo que hoje nos garante a plena redenção.
81
A Comissão para a Igreja está em Mateus 28:18-20: «Foi me
dada toda a autoridade no Céu e na Terra. Portanto ide, fazei
discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho,
e do Espírito Santo; ensinando-os a observar todas as coisas que Eu
vos tenho mandado; e eis que Eu estou convosco todos os dias, até a
consumação dos séculos».
Temos a Autoridade de Jesus, temos a Sua Missão de levar aos
homens a Sua redenção e temos a Sua Presença, com tudo quanto ela
representa. Estamos do lado vencedor.
A Armadura para a Igreja está descrita em Efésios 6:10-18.
Isso envolve proteção. Temos uma cobertura, que nos permitirá sair
incólumes das batalhas mais violentas. Aqui está um texto que deve
estar cada dia diante de nós, pois não há tréguas. Vamos transcrevê-lo,
usando a versão Amplificada da Bíblia:
«Em conclusão, sede fortes no Senhor (sede revestidos de poder
através da vossa união com Ele); extraí vossa força dEle (aquela força
que seu poder ilimitado provê). Revistí-vos de toda armadura de Deus
(a armadura de um soldado fortemente armado, que Deus supre), para
que possais com êxito permanecer firmes contra (todas) as estratégias
e as maquinações do Diabo. Porque não estamos lutando contra a
carne e o sangue (contendendo apenas com oponentes físicos), mas
contra os despotismos, contra os poderes, contra (os espíritos mestres
que são) os governantes mundiais das trevas presentes, contra as forças
espirituais da maldade na esfera celestial (espiritual). Portanto,
revestí-vos da armadura completa de Deus, para que possais resistir e
permanecer firmes em vossa posição no dia mau (de perigo), e,
havendo feito tudo (que a crise exige), permanecer (firmemente em
vosso lugar). Estai, pois, firmes, (defendei vossa posição), tendo
ajustado o cinto da verdade em volta dos vossos lombos e tendo posto
a couraça da integridade e da retidão moral e posição correta com
Deus, e tendo calçados os vossos pés na preparação (para enfrentar o
inimigo com firme estabilidade, e agilidade, e a prontidão produzida
pelas boas novas) do Evangelho da paz. Levantai sobre tudo (cobrindo)
o escudo da fé salvadora, com o qual podereis apagar todos os mísseis
incendiários do maligno. Tomai também o capacete da salvação e a
espada que o Espírito maneja , que é a Palavra de Deus. Orai em todo
o tempo (em toda ocasião, em cada época) no Espírito, com toda
(maneira de ) oração e súplica. Para o mesmo fim conservai-vos alertas
82
e vigilantes com firme propósito e perseverança, intercedendo a
favor de todos os santos (O povo consagrado de Deus)» (Ef. 6:10-18).
A Batalha para a Igreja é a terceira coisa a lembrar. A
Comissão e a Armadura que nos são dadas, têm a ver com a Batalha a
ser travada. Sobre ela Paulo fala em 2 Coríntios 10:3-5. Vamos usar
novamente a versão Amplificada da Bíblia, para você poder ler a
Palavra com a maior compreensão possível.
«Porque embora andando (vivendo) na carne, não estamos
conduzindo nossa batalha de acordo com a carne, usando meras armas
humanas. Porque as armas de nossa luta não são físicas (armas de
carne e sangue), mas elas são poderosas em Deus para a derrubada e
destruição de fortalezas, (visto que) nós refutamos argumentos e
teorias e raciocínios e toda coisa orgulhosa e arrogante que se levanta
contra o (verdadeiro) conhecimento de Deus; e levamos cada
pensamento e propósito cativo à obediência de Cristo (o Messias, o
Ungido)»
Firmemo-nos na certeza de que enfrentaremos cada inimigo
externo que vier, e ele terá que se nos sujeitar, pois esta é a promessa :
«Sujeitai-vos, pois, a Deus; mas resisti ao Diabo, e ele fugirá de vós»
(Tg. 4:7).
«Sede sóbrios, vigiais. O vosso adversário, o Diabo, anda em
derredor, rugindo como leão, e procurando a quem possa tragar; ao
qual resisti firmes na fé, sabendo que os mesmos sofrimentos estão se
cumprindo entre os vossos irmãos no mundo» (I Pe. 5:8,9).

Conquista Interna

Vamos estabelecer um fato: Nosso espírito é recriado pelo


Espírito de Deus, numa obra miraculosa, que chamamos novo
nascimento ou regeneração. Nossa alma, porém, que é o mundo dos
pensamentos, das emoções e da vontade, precisa de restauração, ou
conquista, ou renovação. Podem ser muitas as figuras usadas, mas o
princípio é um só: Devemos nos conformar em nosso modo de
pensar, de agir, de decidir, com Cristo e os princípios Divinos
expressos na Palavra. Falaremos, portanto, dessa área da nossa vida,
83
usando o termo de conquista. Assim fazendo, estamos falando da
mesma coisa que aconteceu em Neemias, onde o termo restauração é
usado. O uso de tantas figuras é para tornar mais clara uma grande
verdade: há necessidade de uma conquista, uma tomada de posse, um
forçar o inimigo a reconhecer sua derrota e largar o que é nosso, um
conscientizar-se dos nossos direitos e um entrar em plena posse da
nossa herança.
Falando sobre a restauração dos muros, abordamos o significado
das portas, como lugar de decisão. Decidimos quem pode entrar por elas
e quem deve ficar do lado de fora. Agora, porém, vamos tratar dos
inimigos internos. Aqueles que teimam em continuar a nos afligir,
mesmo depois da restauração do templo, que significa o novo
nascimento. Vamos enfrentar de cara, até a vitória completa, a presença
e a ação do inimigo. Vamos nos despojar das suas marcas em nossa
personalidade e expulsar qualquer intruso que porventura esteja aí. Não
será sem confronto, já sabemos, mas em tudo temos a assistência do
Espírito Santo, e cada ameaça do Diabo só nos estimulará a prosseguir.
Coloque em seu coração uma grande verdade: quando lutamos
contra Satanás, ele fica enfurecido. Às vezes parecerá que as coisas
pioraram. Haverá novos tipos de pressão. Saiba que tudo isso é um bom
sintoma: a força contrária foi atingida em cheio e está reagindo. Algo
no reino do espírito, onde nossas batalhas se travam, está acontecendo.
Essa não é hora para depormos as armas ou nos deixarmos intimidar. É
isso que ele quer, mas nossa atitude será de um novo ânimo em Deus.
Fortalecer-nos-emos «na força de Seu poder» e lançaremos mão das
armas espirituais para o golpe fatal contra o inimigo. Esse golpe será
sempre dado com a Palavra de Deus, que é nossa Espada afiada de dois
gumes, e será usada em nossa boca.
Diante de nós se coloca um tremendo desafio de conquistar a
Terra pelo lado de dentro. Que Terra? A mente, a vontade e as
emoções. Nosso espírito não pode ser possuído por Satanás, se
passamos pela experiência do novo nascimento ou recriação do espírito,
mas ele se infiltra na carne e na alma, caso encontre alguma brecha. É
preciso que sejamos totalmente libertos de toda influência satânica, de
toda herança contrária à realidade da nossa nova vida como filhos de
Deus, pois o Seu propósito é que nos levantemos na Terra como reflexo
da vida do Senhor Jesus, refletindo Sua imagem e manifestando Sua
glória. Devemos nos parecer com Ele, ao ponto de o mundo poder olhar
84
para nós e dizer que João disse de Jesus: «Olhamos para Ele e vimos
a glória de Deus». Ou mesmo podermos dizer como o apóstolo Paulo:
«Sede meus imitadores como eu o sou de Cristo» (I Co. 11:1).
Jesus, nosso Josué, quebrou a autoridade do mal sobre nós, e isso
nos coloca numa posição de vantagem e de força. Paulo declara em
Colossenses 1:13: «e nos tirou do poder das trevas, e nos transportou
para o Reino do Seu Filho amado». É importante ter sempre em mente,
diante de toda a conquista e de todo o confronto, que a autoridade de
Satanás já foi quebrada e ele não possui qualquer poder ou
reivindicação legal sobre nós. Precisamos ter conhecimento disto e
deixá-lo saber que estamos cientes do fato. Ele reconhece tal verdade,
mas se não estivermos absolutamente certos dessa realidade, ele se
aproveitará da nossa ignorância para nos esbofetear.
Aqui vem a lembrança de mais um princípio: o que nos foi dado,
deve ser possuído. A obra redentora de Jesus, feita uma vez por todas,
garante-nos todas as bênçãos da aliança, desde a regeneração do
espírito, no passado, a vitória presente sobre o inimigo, até à
glorificação futura e ressurreição dos mortos. De nada temos falta.
Basta-nos estender a mão da fé e apropriarmo-nos de cada uma das
bênçãos.
A fé é o modo pelo qual possuímos cada bênção, e é sobre esse
princípio de fé que devemos viver, como diz Paulo: «Assim como
recebestes a Cristo Jesus, o Senhor, assim também nEle andai» (Cl.
2:6). Recebemo-lO pela fé e essa fé estende a autoridade de Deus sobre
cada área do nosso viver. O caminho da conquista da Terra é de fé em
Deus e Sua Palavra. Fiel é o que prometeu, e Ele também o fará.

Satanás Busca Roubar o Cristão

Jesus, ao estabelecer um contraste entre Sua obra e a de Satanás,


declarou: «O ladrão não vem senão para roubar, matar e destruir; eu
vim para que tenham vida, e a tenham em abundância» (Jo. 10:10). É
assim que Ele define o inimigo como ladrão. É ladrão e atrevido, não
respeitando o direito dos outros. Para enfrentá-lo, devemos estar
seguros da nossa posição. Além de ladrão, é mentiroso. Mente a
85
respeito de Deus, a respeito dele mesmo e a respeito de nós. Faz sua
guerra suja com um pacote de mentiras.
É impossível dar ênfase exagerada à necessidade de conhecermos
a Palavra de Deus. Ela nos ajudará a impedir que Satanás roube o que
é nosso. Ele entra até em nosso meio para cegar os nossos olhos à
verdade da Palavra, com o propósito de nos manter ignorantes da nossa
posição em Cristo, pois assim lhe será mais fácil conservar-nos como
miseráveis, quando somos legalmente ricos. Então, só um sólido
domínio da Palavra de Deus nos permitirá detectar seus ardis.
Vamos colocar diante de nós quatro lembranças: a primeira, é
que Satanás vai desafiar o crente. Ele desafiou até Jesus e não nos
tratará por menos. Nos dias em que vivemos, como nos aproximamos
do regresso de Jesus, sabendo que seus dias estão contados, a guerra
que ele faz contra nós conhece novos níveis e precisa ser enfrentada de
acordo.
Em segundo lugar, suas obras devem ser enfrentadas com uma
força superior. Essa força está no Espírito Santo, que operava em
Jesus, assistindo-O em cada aspecto da Sua vida e do Seu ministério, é
residente em nós e está à nossa disposição.
A terceira verdade a lembrar é que a Cruz é o centro da derrota
de Satanás (Cl. 2:15). Pelo poder da morte e ressurreição de Jesus, Ele
derrotou Satanás e é Senhor do Céu e da Terra. A cruz, símbolo de
maldição, tornou-se o grande símbolo da derrota de Lúcifer. Pelo
sangue vertido no Calvário, Ele ofereceu o sacrifício perfeito,
garantindo-nos plena redenção e libertação do poder das trevas.
Satanás é um inimigo derrotado.
A Quarta consideração. É que, apesar de Satanás ser um
inimigo derrotado, ele deixou forças dispersas na Terra. A ação do
inimigo ainda se faz presente. Até que a Igreja esteja pronta para ser
arrebatada e venha a consumação de todas as coisas , lidaremos com as
forças dispersas.
Diante de tudo quanto dissemos, concluímos: Possuir a Terra é
enfrentar o inimigo e suas obras. Não pode haver compromisso com
ele em nenhuma área. A Terra da promessa deve ser um lugar de
completa vitória. E será, se você estiver disposto a tratar com todas as
obras do inimigo, submetendo-se a Deus e resistindo ao Diabo.
86
Oração no Meio do Conflito Espiritual

Pai, eu me humilho debaixo da Tua potente mão, para que no


devido tempo me exaltes; lançando sobre Ti toda a minha ansiedade,
porque tens cuidado de mim. Sou sóbrio e vigilante, porque o meu
adversário, o Diabo, anda em derredor, rugindo como leão, e
procurando a quem possa tragar. Resisto-o firme na fé, sabendo que os
mesmos sofrimentos estão-se cumprindo entre os meus irmãos no
mundo. Tu, Deus de toda a graça, que em Cristo me chamaste à Tua
eterna glória, depois de haver sofrido por um pouco, Tu mesmo me hás
de aperfeiçoar, confirmar e fortalecer. A Ti seja o domínio para todo o
sempre. Amém (I Pedro 5:6-11).
Porque embora eu ande na carne, não milito segundo a carne,
pois as armas da minha milícia não são carnais, mas poderosas em
Deus, para demolição de fortalezas; derribando raciocínios e todo
baluarte que se ergue contra o conhecimento de Deus, e levando cativo
todo pensamento à obediência de Cristo (2 Coríntios 10:3-5).
Eu venço a Satanás pelo sangue do Cordeiro e pela palavra do
meu testemunho, e não amo a minha vida até a morte ( Apocalipse
12:11).
De ferro e de bronze sejam os meus ferrolhos; e como os meus
dias, assim seja a minha força. Não há outro, ó Jesurum, semelhante a
Deus, que cavalga sobre o Céu para a minha ajuda, e na Sua majestade
sobre as mais altas nuvens. O Deus eterno é a minha habitação, e por
baixo estão os braços eternos; Ele lançou o inimigo de diante de mim
e disse: Destrói-o (Dt. 3:25-27).
Não prosperará nenhuma arma forjada contra mim; e toda
língua que se levantar contra mim em juízo, eu a condenarei; esta é a
minha herança, como servo do Senhor, e a minha justificação procede
de Ti, Senhor (Isaías 54:17).
87
Capítulo 6

AS ARMAS ESPIRITUAIS
Quando Israel atravessou o Jordão e entrou na Terra, deparou-se
com a impenetrável Jericó. Suas armas e recursos não eram suficientes
para tomar a cidade. Mas o príncipe do Exército do Senhor apresentou-
se a Josué e lhe deu armas espirituais para a conquista. O mesmo
acontece conosco. Esta é a Palavra do Senhor:
«Embora andando na carne, não lutamos segundo a carne,
porque as armas da nossa milícia não são carnais, mas poderosas em
Deus, para destruir fortalezas...» (2Co.10:3,4).
Temos armas para demolir fortalezas e derrubar os muros
inimigos. Lancemo-nos, pois, à conquista. Estamos igualmente
respaldados pela promessa: «todo o lugar que pisar a planta do vosso
pé, vo-lo tenho dado» (Js. 1:3).

O Nome de Jesus Cristo

O Nome de Jesus representa a maior autoridade do Universo, e


diante dEle tudo se dobra. Paulo assim se expressa sobre Ele:
«Pelo que também Deus O exaltou soberanamente, e lhe deu o
Nome que é sobre todo Nome; para que ao Nome de Jesus se dobre
todo joelho dos que estão nos Céus, e na Terra, e debaixo da Terra, e
toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus
Pai» (Fp. 2:8-11).
Esse Nome é nosso e podemos usá-lo naquilo que Jesus mesmo
nos comissionou. Lutando contra Satanás, lançamos mão do Seu Nome,
como se Ele mesmo estivesse aqui. Jesus nos delegou essa autoridade:
«Em meu Nome expulsarão demônios...» (Mc. 16:17). «... deu-lhes
poder e autoridade sobre todos os demônios, e para curarem doenças»
(Lc. 9:1). «Eis que vos dei autoridade para pisar serpentes e
escorpiões, sobre todo o poder do inimigo; e nada vos fará dano
algum» (Lc.10:19).
88
O Nome de Jesus é a chave que nos abre os tesouros dos
Céus e tranca os poderes do inferno. Quando vamos ao Pai, em
oração, sabemos que as petições nos são garantidas por causa dEle e
quando vamos contra Satanás e suas hostes, sabemos que recuarão por
causa do Nome de Jesus, que é uma arma poderosa contra todas as
forças do inferno.
O poder está na arma. Precisamos saber usá-la. O Nome de
Jesus é arma sem igual e ela nos pertence. Temos o poder de
procuração, outorgado por Cristo mesmo, para agir na Terra em Seu
Nome. Isso quer dizer que Ele nos autoriza a usar Seu Nome no
cumprimento da missão que por Ele nos foi confiada.
O Nome de Jesus é: fonte de salvação (Mt. 1:21), Deus conosco
(Mt. 1:23), a esperança dos gentios (Mt, 12:21), porta para a filiação
Divina do que crê (Jo. 1:12), fonte de vida para quem crê (Jo. 20:31),
porta de salvação para quem O invoca (At.2:21), o único Nome pelo
qual somos salvos (At. 4:12), o meio para alcançarmos remissão dos
pecados (At.10:43), meio de santificação e justificação (I Co. 6:11), o
Nome SUPREMO, acima de todos os demais (Ef. 1:21, Fp.2:9), diante
de Quem todo joelho se dobra (Fp.2:10), o mais Excelente de todos
(Hb.1:4), o Fiel e Verdadeiro (Ap. 19:11), o Verbo de Deus (Ap. 19:13),
o Rei dos reis e Senhor dos senhores (Ap. 19:16).
Jesus é Aquele de quem Isaías falou: «Seu Nome será
Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade e Príncipe da
Paz» (Is. 9:6,7). Ele é o que se levanta no meio da Igreja e diz: «Não
temas; Eu sou o primeiro e o último, e o que vivo; fui morto, mas eis
que vivo pelos séculos, e tenho as chaves da morte e do hades» (Ap.
1:17,18). Esse é o Cristo que se volta para Sua Igreja e diz: «dou-te as
chaves do Reino dos Céus...» (Mt. 16:19). E essas chaves são o Seu
poderoso Nome, em Quem estão escondidos todo o poder, autoridade e
força. Estamos destinados à vitória. Aleluia!
É em Nome de Jesus que expulsamos demônios, pegamos em
serpentes, somos libertos dos ataques inimigos, falamos em novas
línguas e impomos mãos sobre os enfermos para que sejam curados.
(Mc. 16:17,18). NELE pregamos arrependimento para remissão dos
pecados (Lc. 24:47), e temos nossas orações respondidas e satisfeitas
nossas necessidades (Jo. 14;13,14;15;16). Por causa disso, nossa alegria
é completa (Jo. 16:23,24,26,27).
89
Os apóstolos usaram o Nome de Jesus na cura física (At.
3:6,16; 4:9, 10) e na expulsão de demônios (At. 16:18). Isso demonstra
como o Nome foi usado contra as obras malignas. Mas eles também se
regozijaram por sofrer afrontas por causa do Nome (At. 5:41), e
estavam prontos a morrer por Ele (At. 21:13).
O Nome de Jesus deve ser a força motora de todas as nossas
ações. «E tudo quanto fizerdes por palavras ou por obras, fazei-o em
Nome do Senhor Jesus, dando por Ele graças a Deus» (Cl. 3:17).
A autoridade de Cristo, como Conquistador de todas as hostes do
mal e de Satanás, não é inerente ao cristão, mas este lança mão dela
através do poder do Espírito Santo, pela fé. Crescemos no uso dessa
autoridade que nos foi delegada. O Espírito mesmo, à medida que a Ele
nos submetemos, capacita-nos a usá-la de modo efetivo.
O grau de autoridade demonstrado em nossa vida, será
determinado pelo grau de vitória pessoal. Quanto mais usamos o Nome
de Jesus e vemos os efeitos que isso produz, tanto mais se desenvolve
a nossa fé para fazê-lo. À medida que fazemos uso desse recurso
insubstituível em nossa batalha espiritual, e alcançamos a vitória, tanto
mais nos desenvolvemos em nossa ousadia e autoridade, Como em
todas as áreas da vida cristã, há um crescimento na consciência do que
o Nome de Jesus representa.
Antes de passar para um novo item, devemos lembrar uma
advertência que serve, não só para uso do Nome de Jesus, mas também
para o uso de todas as armas e armaduras espirituais:
«Todavia o firme fundamento de Deus permanece, tendo este
selo: O Senhor conhece os Seus, e: aparte-se da injustiça todo aquele
que profere o Nome do Senhor» (2Tm.2:19).
Para empregarmos o Nome de Jesus com autoridade, devemos
ter comunhão com Ele, em obediência à Sua Palavra e santidade de
vida: «Aquele que diz permanecer nEle, deve (como uma dívida
pessoal), andar e se conduzir do mesmo modo que Ele andou e se
conduziu a Si mesmo» (I Jo. 2:6- Amp.).
90
A Palavra de Deus

Lutamos sempre a partir de uma posição. A nossa posição se


firma na imutável e infalível Palavra de Deus. Ela se constitui a base da
nossa conquista e é nossa arma de combate, a «Espada do Espírito». Ela
nos deixa claro que temos autoridade sobre Satanás, delegada por Jesus,
e que estamos destinados à vitória:
«Eis que vos dei autoridade para pisardes serpentes e
escorpiões, e sobre tudo o poder do inimigo; e nada vos fará dano
algum» (Lc. 10:19).
«Sujeitai-vos, pois, a Deus; mas resisti ao Diabo, e ele fugirá de
vós» (Tg. 4:7).
«Sede sóbrios, vigiais. O vosso adversário, o Diabo, anda em
derredor, rugindo como leão, e procurando a quem possa tragar; ao
qual resisti firmes na fé, sabendo que os mesmos sofrimentos estão se
cumprindo entre os vossos irmãos no mundo» (I Pe. 5:8,9).
«Para isto o Filho de Deus se manifestou: Para destruir as obras
do Diabo» (I Jo. 3:8b).
«Filhinhos, vós sois de Deus e já o tendes vencido; porque maior
é aquele que está em vós do que aquele que está no mundo» (I Jo. 4:4).
«E eles o venceram pelo sangue do Cordeiro e pela palavra do
seu testemunho; e não amaram as suas vidas até a morte» (Ap. 12:11).
«Em verdade Eu vos digo: tudo o que proibirdes e declarardes
impróprio e ilegal na Terra, deve ser o que já é proibido no Céu, e tudo
que permitirdes e declarardes próprio e legal na Terra, deve ser o que
já é permitido no Céu» (Mt. 18:18 – Amp.).
Firmado na Palavra, resista Satanás pela mesma Palavra porque
«Deus não é homem para que minta, nem filho do homem para que se
arrependa. Porventura, tendo Ele dito, não o fará? Ou, havendo falado,
não o cumprirá?» (Nm 23:19). A Palavra é a Espada do Espírito
(Ef.6:17), e não há combinação mais poderosa do que o Espírito e a
Palavra. Quando misturados nas devidas proporções, o inimigo fica
certo de que é exposto e derrubado.
91
Os relatos da tentação de Jesus nos Evangelhos de Mateus e
Lucas dão-nos conta de que nosso Senhor enfrentou Satanás com a
Palavra de Deus. Diante de cada forma de tentação, Ele declarou: «Está
escrito» Ele soube aplicar uma porção específica da Palavra escrita à
situação adequada. Identificou também o erro quando o inimigo usou a
Palavra fora do seu contexto. Como precisamos saber manusear essa
arma espiritual!
Apocalipse, no capítulo doze, descreve um conflito nas regiões
celestes. No versículo sete, lemos: «Então houve guerra no Céu:
Miguel e os seus anjos batalhavam contra o dragão. E o dragão e os
seus anjos batalhavam».
O relato parece tratar-se de uma batalha dos anjos. Quando,
porém, continuamos a leitura, deparamo-nos com uma verdade
preciosíssima: os anjos de Deus travam nossas próprias batalhas e sua
vitória contra Satanás, é a vitória da Igreja. Mas tudo depende do
comportamento dos santos. Os versículos dez e onze explicam isso:
«Então ouvi uma grande voz no Céu, que dizia: Agora é chegada
a salvação, e o poder, e o Reino do nosso Deus, e a autoridade do Seu
Cristo; porque já foi lançado fora o acusador de nossos irmãos, o qual
diante de Deus os acusava dia e noite. E eles o venceram pelo sangue
do Cordeiro e pela Palavra do seu testemunho...»
Enquanto Miguel e os seus anjos lutavam, os filhos de Deus se
firmavam na Palavra, pelo que a vitória dos anjos, é a vitória dos que
foram lavados no sangue do Cordeiro e se firmam na Sua Palavra. Ela
é a posição na qual nos firmamos e tem fundamento sólido, porque é
eterna.
O modo de nos firmarmos na Palavra e usá-la como arma de
combate, é pela confissão. A Palavra é usada na boca, como nosso
testemunho. É claro que, para que isto aconteça, precisamos, primeiro,
estudá-la e guardá-la no coração, para que no momento do ataque ela
esteja na ponta da língua, carregada da fé que enche o nosso coração, e
seja liberada na unção do Espírito Santo, que habita em nós.
92
A Fé em Jesus

A fé é uma tremenda arma espiritual. João declara: «todo o que é


nascido de Deus vence o mundo; e esta é a vitória que vence o mundo:
a nossa fé» (I Jo. 5:4). Fé em Deus e Sua Palavra; fé no poder do Nome
de Jesus; fé nas promessas de Deus.
A fé não é «um salto no escuro», como muitos dizem, mas uma
certeza nascida de uma comunhão profunda com Aquele que nos deu a
Palavra. Nossa fé está firmada em Deus, que não pode mentir, e em
Sua Palavra. Quanto mais comungamos com Ele e com Sua Palavra,
tanto mais profunda é a nossa fé, porque a comunhão é a mãe da fé.
«Eu sei em quem tenho crido» será a experiência que nos trará
segurança de que embora enfrentando tribulações no mundo,
venceremos, como Ele venceu e nos garantiu que venceríamos.
A fé é expressa na palavra que sai da nossa boca. Porque cremos,
agimos, liberamos a palavra. Um exemplo disso está em Atos 16:18.
Havia uma jovem com um espírito adivinhador, que estava já por vários
dias perturbando as reuniões de Paulo. «Mas Paulo perturbado, voltou-
se e disse ao espírito: Eu te ordeno em Nome de Jesus Cristo que saias
dela. E na mesma hora saiu». Vai acontecer o mesmo conosco. A fé
nos estimulará, e abriremos a boca, e proferiremos a palavra de
autoridade que expressa nossa fé em Deus.
Olhando para a galeria dos heróis da fé, somos convencidos de
que foi a fé em Deus e Suas promessas que os fizeram triunfar. Vale a
pena beber da inspiração que o relato do capítulo onze de Hebreus nos
oferece. Salientamos alguns princípios da fé ali expressos.
Esses homens conheciam a Deus tanto através de uma
experiência pessoal, quanto por revelação. Porque O conheciam,
confiavam nEle. É o conhecimento de Deus e Sua Palavra que alimenta
a fé do coração. E a conseqüência disso é uma vitória sobre todo tipo
de investida. É assim que a fé se torna uma arma espiritual.
A fé é expressa em ação que se conforma com o propósito de
Deus. E cada vez que alguém se ajusta ao plano Divino, está
esbofeteando Satanás, pois ele não conseguiu desviá-lo do caminho da
fé, que resulta sempre em obediência. Vejamos como os heróis da fé
venceram:
93
1. Oferecendo sacrifício a Deus, de acordo com as
normas por Ele estabelecidas (Hb. 11:4).
2. Andando com Deus. Quanto mais perto de Deus alguém anda,
tanto mais distante do domínio de Satanás (Gn. 5:24; Hb. 11:5b).
3. Trabalhando no projeto de Deus para a libertação. É assim
que Noé é arrancado e salvo do meio de uma geração inteira que
pareceu no seu pecado (Hb. 11:7). Pela fé venceu o mundo e sua
destruição.
4. Obedecendo aos desafios de Deus. «Pela fé Abraão, sendo
chamado, obedeceu... e saiu sem saber para onde ia» (Hb.11:8).
5. Renunciando o passado com suas facilidades, para viver na
Terra como peregrino (Hb.11:9).
6. Seguindo a Deus em qualquer lugar e em quaisquer
circunstâncias (v. 8,9).
7. Olhando para além do que é visível. «Porque esperava a
cidade que tem os fundamentos, da qual o arquiteto e edificador é
Deus» (Hb.12:10).
8. Firmando-se na promessa. «Pela fé, até a própria Sara
recebeu a virtude de conceber um filho, mesmo fora da idade,
porquanto teve por fiel aquele que lho havia prometido» (Hb. 11:11).
9. Confessando a palavra da fé. «Todos estes morreram na fé,
sem terem alcançado as promessas; mas tendo-as visto e saudado, de
longe, confessaram que eram estrangeiros e peregrinos na Terra»
(Hb.11:13).
10. Recusando-se a voltar atrás e permanecendo em sua
escolha (Hb. 11:15,16).
11. Consagrando-se, sem reservas a Deus. Tendo Deus acima
de tudo e de todos, pelo que nada Lhe será negado (Hb. 11:17,18).
12. Falando as bênçãos do futuro, como se elas já fossem
presentes (Hb. 11:20-22).
13. Planejando o futuro de acordo com as promessas (Hb.
11:22).
94
14. Não temendo o homem diante do imperativo da
obediência (Hb.11:23).
15. Identificando-se com o povo herdeiro das promessas
(Hb.11:25).
16. Abandonando o Egito (domínio de Satanás) com firmeza e
sem medo da ira do adversário (Hb. 11:27).
17. Caminhando sobre os obstáculos, sob o comando do
Altíssimo, sabendo que eles seriam subjugados diante da obediência da
fé (Hb. 11:29).

Tomando a exemplo desses servos de Deus, a fé nos garantirá a


vitória. Deles a Palavra testemunha incisivamente: «Por meio da fé
venceram reinos, praticaram a justiça, alcançaram promessas,
fecharam a boca dos leões, apagaram a força do fogo, escaparam ao
fio da espada, da fraqueza tiraram forças, tornaram-se poderosos na
guerra, puseram em fuga exércitos de estrangeiros, as mulheres
receberam pela ressurreição os seus mortos...» (Hb. 11:33-35 a).

O Sangue de Jesus

Um dos textos fascinantes em Apocalipse, que reflete o furor de


uma batalha e a grandiosidade da vitória, está no capítulo 12. Já nos
referimos a ele, falando sobre a Palavra, mas agora queremos destacar
outro aspecto: o sangue do Cordeiro.
«Então houve guerra no Céu: Miguel e os seus anjos batalhavam
contra o dragão. E o dragão e os seus anjos batalhavam, mas não
prevaleceram, nem mais o seu lugar seu achou no Céu. E foi
precipitado o grande dragão, a antiga serpente, que se chama o Diabo
e Satanás, que engana todo o mundo; foi precipitado na Terra e os seus
anjos com ele. Então ouvi uma grande voz no céu, que dizia: Agora é
chegada a salvação, e o poder, e o Reino do nosso Deus, e a autoridade
do Seu Cristo; porque já foi lançado fora o acusador de nossos irmãos,
o qual diante do nosso Deus os acusava dia e noite, E eles o venceram
95
pelo sangue do Cordeiro e pela palavra do seu testemunho; e não
amaram as suas vidas até a morte» (Ap. 12:7-11).
O sangue fala de uma nova aliança que quebra o poder do pecado
(Hb. 9:11,12,24,26,28). Quando se diz que «venceram pelo sangue»,
significa que vencemos, firmados no que o sangue de Jesus representa.
O sangue de Jesus é o sangue da nova aliança, pela qual nos
unimos a Deus. Nele há vida eterna, união com o Pai, ressurreição,
alimento (Jo.6:53-57). Por ele somos justificados (Rm. 5:9); por ele
temos a redenção e remissão dos pecados (Ef. 1:7; Cl.1:14); por meio
dele nos aproximamos de Deus (Ef. 2:13); ele é o preço pago para que
sejamos totalmente do Senhor (At. 20:28; I Pe. 1:18, 19); é instrumento
da nossa santificação (Hb. 13:12), e também da libertação do pecado
(Ap. 1:5.6). E nós estamos sob a cobertura do sangue.
O capítulo 9 de Hebreus descreve o efeito que o sangue de Jesus,
derramado pelo Seu sacrifício na cruz, tem sobre nós, quando nos
arrependemos dos nossos pecados e nos voltamos para Deus, recebendo
a Jesus como nosso único Senhor e Salvador. Por ele Jesus nos obteve
eterna redenção (v. 12), garante a posse das promessas no tempo
presente (v. 15), põe em vigor atual o testamento (v. 17), Jesus está
diante da face de Deus, por nós (v. 24), aniquila o pecado de uma vez
por todas, santifica, purifica nossa consciência de obras mortas, enfim,
garante-nos uma completa redenção. O sangue de Jesus, portanto, não
apenas nos purifica de todo o pecado (I Jo. 1:7), mas é a base da nossa
vitória diária e será motivo do nosso cântico de vitória no Céu (Ap.
7:9-14).
O modo de usarmos o sangue de Jesus como arma espiritual, é
testemunhando com nossa boca o que ele representa. Em assim fazendo,
deixamos que Satanás saiba que sabemos o que somos e temos em
Cristo Jesus e que sabemos aplicar os benefícios do sangue do Cordeiro
de Deus às nossas necessidades. Isso faz com que ele fuja de nós.
Satanás tem medo, horror do sangue de Jesus, pois Seu sangue
derramado não somente é a base da nossa vitória, como também a
base da derrota de Satanás.
O sangue de Jesus é o fundamento, a base, de toda autoridade
humana sobre o inimigo. Portanto, devemos ser agressivos e ousados
no uso do conhecimento dessa verdade. Devemos resistir Satanás com
a verdade da Palavra de Deus. Devemos testificar a ele o que o sangue
96
representa para nós. «Adestra as minhas mãos para a peleja» (Sl.
18:34 a ), ensinando-me a manejar a verdade Divina em combate. «O
povo que conhece o seu Deus se tornará forte e fará proezas» (Dn.
11:32).
O Espírito de Deus

Jamais venceremos sozinhos. Não há em nós mesmos poder para


a batalha, nem conhecemos as estratégias de guerra. Mas Deus nos deu
Seu Espírito, fonte de todo o poder. E como é glorioso pensar que essa
fonte de poder é residente em nós e nos conduzirá em triunfo! Paulo
declara:
«Ou não sabeis que o que se une à meretriz, faz-se um corpo com
ela? Porque, como foi dito, os dois serão uma só carne. Mas, o que se
une ao Senhor é um só espírito com Ele... OU não sabeis que o vosso
corpo é o santuário do Espírito Santo, que habita em vós, o qual possuís
da parte de Deus, e que não sois de vós mesmos?» (I Co. 6:16,17,19).
O Espírito Santo é residente no coração de todo aquele que
passou pela experiência do novo nascimento. Ele é a fonte de todo o
poder, de toda sabedoria e vida. Ele é Senhor na Igreja e nos foi dado
como Consolador, Ajudador, Conselheiro e Mestre. Já falamos do seu
papel na restauração dos muros da nossa alma, e agora queremos
salientar o poder que nEle opera.
Toda a obra que Jesus realizou foi no poder do Espírito. Depois
que o Espírito desceu sobre Ele, em Seu batismo, cheio do Espírito, foi
levado para o deserto, pelo mesmo Espírito, e por Ele guiado. Após
este período, Lucas registra: «Então voltou Jesus para a Galiléia, no
poder do Espírito; e a Sua fama correu por toda a Galiléia» (Lc. 4:14).
Ele disse expulsar demônios pelo Espírito de Deus e Atos 10:38 declara:
«...concernente a Jesus de Nazaré, como Deus O ungiu com o Espírito
Santo e com poder; o qual andou por toda a parte, fazendo o bem e
curando a todos os oprimidos do Diabo, porque Deus era com Ele».
Fazer o bem e curar os oprimidos do Diabo é um confronto aberto
contra seu domínio.
De nós, Jesus diz: «Como o Pai me enviou a mim, Eu vos envio
a vós» (Jo. 20:21). Isso quer dizer que Ele nos transferiu Sua missão e,
com ela, os recursos espirituais para o seu pleno desempenho. O grande
97
recurso é o poder e a força do Espírito Santo. É por esta razão que Ele
advertiu aos discípulos que não se ausentassem de Jerusalém, até que
do Alto fossem revestidos de poder (Lc. 24:49). Todo o trabalho
desempenhado por eles, após o Dia de Pentecoste, quando o Espírito
desceu sobre ele e a promessa foi cumprida, revestindo-os de poder,
demonstra que esses discípulos estavam operando no mesmo poder do
Espírito Santo que Jesus operara. Só assim se desbarataram as forças
satânicas, pois só com o poder do Espírito Santo estaremos numa
posição de força maior que todos os poderes das trevas.
Paulo deixa claro que o segredo do sucesso do seu ministério
estava nesse poder:
«Porque não ousarei falar de coisa alguma senão daquilo que
Cristo por meu intermédio tem feito, para obediência da parte dos
gentios, por palavra e por obras, pelo poder de sinais e prodígios, no
poder do Espírito Santo...» (Rm 15:18,19 a). «A minha linguagem e a
minha pregação não consistiram em palavras persuasivas de
sabedoria, mas em demonstração do Espírito e de poder» (I Co. 2:4).
«Porque o Reino de Deus não consiste em palavras, mas em poder» (I
Co. 4:20).
Por esta razão a súplica de Paulo a Deus, a favor dos santos, é:
«que segundo as riquezas da Sua glória, vos conceda que sejais
robustecidos com poder pelo Seu Espírito no homem interior» (Ef.
3:16). Na Versão Amplificada lemos assim:
«Que Ele vos conceda do rico tesouro da Sua glória, que sejais
fortalecidos e reforçados com grandioso poder no homem interior pelo
Espírito Santo, (Ele mesmo habitando em vosso mais profundo ser e
personalidade)».
O Espírito é residente em você, se é que você já provou o novo
nascimento, e, com Ele, todo o poder de Deus. Ele é sua força, defesa e
proteção em todas as lutas. Você nunca lutará sozinho, nem será
deixado à mercê. Os recursos insondáveis do poder de Deus estão à sua
disposição.
Tanto a habilidade quanto o poder ou força lhe pertencem.
Poderíamos pensar num soldado para entender a diferença entre força e
habilidade. A farda representa a habilidade e as armas representam o
poder. Você está habilitado a lutar, porque é filho de Deus e o Espírito
98
é residente em você, e tem todas as manifestações do Espírito de Deus
e as armas espirituais para devastar as hostes adversárias.
Dispare as Armas

As armas mais potentes do mundo estão nas suas mãos. Não há


razão para uma única derrota. Você age em nome da autoridade
suprema do Universo, Jesus; possui a espada mais penetrante que a
Terra já conheceu, a Palavra de Deus; está escudado na maior vitória
do mundo, a fé em Deus e Sua Palavra; tem a proteção mais
impenetrável que se conhece, o sangue do Cordeiro; transporta no
coração o poder explosivo do Espírito Santo de Deus. Você tem tudo
para vencer sempre. É só disparar as armas.
Essas armas espirituais são disparadas pela boca, numa confissão
de fé. Você pode fazê-lo através da oração, da confissão, do comando,
do grito. Jesus falou, e Satanás foi vencido, os demônios foram
expulsos, as doenças fugiram, o mar se aquietou, a paz entrou no
coração e os mistérios de Deus se fizeram conhecidos. Israel gritou, sob
o comando de Deus, e os muros de Jericó ruíram por terra.
Satanás não conhece a linguagem da mansidão. Ele deve ser
enfrentado com rigor, com uma palavra dura, na autoridade, unção e
poder do Espírito Santo, nosso Ajudador. E, diante dessas armas
disparadas através dos nossos lábios, ele terá que recuar.
99
Capítulo 7

A ARMADURA DE DEUS

Quem desce ao campo de batalha, terá que se proteger. Deus


não nos envia sem a devida proteção. Proveu-nos uma armadura
espiritual para isso mesmo e a ordem é: «tomais toda a armadura de
Deus, para que possais resistir no dia mau e, havendo feito tudo,
permanecer firmes» (Ef. 6:13). O texto de Efésios 6:10-18 apresenta as
diversas peças dessa armadura e vamos olhar para elas analisando dois
aspectos: As Formas de Ataque do Inimigo, por um lado, isto é, a
estratégia que ele usa contra nós e A Proteção de Deus ou contra –
ataque da nossa parte.
O Cinto da Verdade

«Estai, pois, firmes, tendo cingidos os vossos lombos com a


verdade» (Ef. 6:14). Cada peça da armadura já indica o tipo de ataque
que será desfechado, pois ela visa exatamente proteger a área de ataque.
A primeira apresentada é um confronto entre a verdade de Deus e o
engano de Satanás. Desde o Éden, ele tenta conquistar o homem pela
mentira, engano, a meia-verdade. Jesus, falando sobre seu caráter
mentiroso, diz em João 8:44: «Ele é homicida desde o princípio, e
nunca se firmou na verdade, porque nele há verdade: quando ele
profere mentira, fala do que lhe é próprio; porque é mentiroso, e pai
da mentira».
A Bíblia nos adverte que nos últimos tempos haveria uma
proliferação de espíritos enganadores (I Tm 4:1). O principal foco de
engano é acerca do caráter de Deus. O que Satanás fez no Éden com
Eva, continua fazendo através dos seus emissários. Para além de mentir
quanto ao que Deus é e diz, torcendo Suas palavras e dando às mesmas
um outro sentido, ele tenta nos iludir quanto ao que nós mesmos somos.
Uma das grandes áreas de ataque é o que somos em Cristo Jesus. Ele
busca convencer-nos de que não há jeito para nós; que vamos viver no
pecado até o fim; que somos impotentes, que não há nada que possamos
fazer contra as circunstâncias adversas. Para além disso, vem o engano
100
quanto ao caminho pelo qual devemos andar, o plano de Deus para
a nossa vida. Ele tudo fará para seguirmos uma direção oposta à vontade
de Deus ou até mesmo um caminho paralelo.
O nosso contra-ataque a todo engano é a Verdade. Ela nos
capacita para a batalha. O ponto de referência para confrontar todas as
coisas, a fim de sabermos se elas estão do lado enganador ou de Deus,
é a Palavra. Jesus orou: «Pai, santifica-os na verdade: a Tua Palavra é
a verdade» (Jo. 17:17). É com essa verdade revelada na Palavra de
Deus, que devemos nos cingir. E o que isso significa? Vamos encontrar
uma referência, ao cingir-se, em Êxodo 12, quando da instituição da
Páscoa. A ordem foi: «Assim pois o comereis: os vossos lombos
cingidos, os vossos sapatos nos pés, e o vosso cajado na mão...» (Ex.
12:11). O significado é preparo para aquilo que se tem que fazer.
Cingir-nos com a verdade, é estarmos preparados para qualquer tipo de
batalha. A Palavra nos prepara, nos qualifica para a tarefa.
Em Lucas 12:35, encontramos outra referência ao cingir os
lombos: «Estejam cingidos os vossos lombos e acesas as vossas
candeias». Aqui a referência é à prontidão. Nunca sabemos quando o
conflito virá. O texto diz que devemos tomar a armadura «para que
possais resistir no dia mau» (Ef. 6:13). Quando é o dia mau? Não
sabemos. Mas quando ele vier, devemos estar prontos para vencer. Na
hora da crise não existe condições de preparo. Hoje é o dia de nos
cingirmos com a verdade, pelo estudo, meditação, confissão e
obediência à Palavra de Verdade.
Pedro nos exorta a cingir os lombos do nosso entendimento (I Pe.
1:13), o que destaca a importância da mente estar preparada. É nela que,
primeiro, recebemos e decodificamos a mensagem. As mentiras de
Satanás são atiradas em nossa mente e precisamos ter armazenada a
verdade para que possamos discernir qualquer pensamento de engano e
logo rejeitá-lo, seguindo a verdade.
101
A Couraça da Justiça

«Estai, pois, firmes, tendo... vestida a couraça da justiça» (Ef.


6:14).
O ataque inimigo nesta área se manifesta em forma de acusação.
Apocalipse 12:10 se refere a Satanás como o «acusador dos
irmãos. Ele tanto nos acusa diante de Deus, como diante de nós
mesmos, lançando sentimentos de culpa até por pecados confessados,
abandonados, e, portanto, perdoados. Nosso desespero vem quando
cremos no que ele diz a nosso respeito, em vez de crermos no que Deus
diz.
Uma outra forma de ataque, e a condenação. O inimigo investe
nessa área, lançando em rosto as mais diversas formas de condenação
na mente. Induz outros também a serem instrumentos de juízos
condenatórios, com o fim de nos esmagar. Mas Romanos 8:1 declara:
«Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em
Cristo Jesus».
Um modo de ataque ainda sutil na área da justiça, é o orgulho
espiritual, a confiança na própria bondade, uma consciência de justiça
própria. Esse é um ataque violento, mais perigoso que a condenação e
a acusação. Não temos justiça ou mérito próprio. Tudo que desfrutamos
em Deus é por causa de Jesus Cristo.
Nossa proteção contra essas investidas, é estarmos cobertos com
a justiça de Deus. Deus, em Cristo, nos justificou, e hoje estamos numa
posição adequada diante dEle: a de filhos. Porque Jesus pagou o preço
da nossa redenção, nossos pecados foram perdoados e toda
condenação contra nós, por parte do Diabo, é nula.
Devemos permanecer na justiça de Deus, e os ataques nessa área
serão vencidos. A verdade da Palavra a esse respeito é:
«... a justiça de Deus pela fé em Jesus Cristo para todos os que
crêem; pois não há distinção... ao qual propôs como propiciação, pela
fé, no seu sangue, para demonstração da sua justiça por ter Ele, na Sua
paciência, deixado de lado os delitos outrora cometidos; para
demonstração da Sua justiça neste tempo presente, para que Ele seja
102
justo e também justificador daquele que tem fé em Jesus» (Rm.
3:22,25,26).
Portanto, Satanás não pode penetrar a armadura da justiça de
Deus. Estamos firmados na verdade de 2 Coríntios 5:21: «Aquele que
não conheceu pecado, Deus o fez pecado por nós; para que nEle
fôssemos feitos justiça de Deus». Por causa disso a justiça de Deus nos
foi imputada (Rm 4:6,11,22). Não é algo que possamos merecer, mas
recebemos quando da nossa regeneração. Deus nos tornou justos (Rm.
5:19). A Bíblia se refere aos filhos de Deus como justos (Mt. 13:43,
25:37,46; Tg.5:16; I Pe. 3:12). Jesus Cristo é o Justo (I Jo. 2:1) e o
nascido dEle também é justo (I Jo. 2:29;3:7). Essa é nossa posição
diante de Deus. A consciência desse fato nos protegerá contra os
ataques acusatórios de Satanás.
A realidade da proteção com a couraça da justiça tem tremendas
implicações. Romanos, capítulo seis, detalha como o pecado perdeu seu
domínio sobre nós e não mais tem poder de nos controlar. Hoje somos
servos da justiça, vivemos na justiça e estamos libertos do pecado, cujo
poder foi quebrado sobre nós, e por esta razão estamos livres para
resistir o inimigo, vivendo sob a cobertura da justiça de Cristo, que nos
justificou dos nossos pecados e nos considera justos pelo sangue que
Ele verteu como preço de redenção das nossas vidas.

Os Sapatos do Evangelho da Paz

«Calçados os pés com a preparação do evangelho da paz» (Ef.


6:15). Aqui o inimigo traz perseguição, para nos sufocar e tirar-nos de
campo; mentiras para perturbarem nossa paz; compromisso com o erro,
em vez do confronto aberto; e a passividade, que nos leva à perigosa
acomodação.
O compromisso com o pecado ou a simples complacência, é uma
tática muito usada. Muitos na Igreja estão passivos, aceitando tudo
quanto vem, sem reagir, sem exigir o que é seu. O contentamento com
a situação e o amor ao conforto, são uma fuga da luta que deve ser
travada. Ezequiel 16 fala dos pecados de Sodoma, que refletem o amor
à vida fácil (Ez. 16:49). Com os pés calçados na preparação do
Evangelho da paz, não seremos enlaçados pelos pecados de Sodoma.
103
Nossos pés devem sempre seguir o caminho da paz com Deus
e com os homens. Isso está longe de significar paz com Satanás e suas
hostes. Quando ele usa uma pessoa para fazer guerra contra nós,
caluniar-nos para que sejamos perturbados, andaremos em paz com
aquela pessoa, pois ela não é a origem do conflito, mas estaremos em
guerra contra ele, que é quem está por trás. Veja o exemplo de Jesus em
Mateus 12:18-20:
«Eis aqui o meu servo que escolhi, o meu amado em quem a
minha alma se compraz; porei sobre Ele o meu Espírito, e Ele
anunciará aos gentios o juízo. Não contenderá, nem clamará, nem se
ouvirá pelas ruas a Sua voz. Não esmagará a cana quebrada, e não
apagará o morrão que fumega, até que triunfe o juízo».

O Escudo da Fé

«Tomando sobretudo o escudo da fé, com a qual podereis apagar


todos os dardos inflamados do maligno» (Ef. 6:16). Satanás vai tentar
minar a nossa fé com três armadilhas: a incredulidade, a dúvida e o
medo. A vitória que vence o mundo é a nossa fé (I Jo. 5:4). «Sem fé é
impossível agradar a Deus» (Hb. 11:6) e «o justo viverá da fé» (Rm.
1:17). Ele sabe disso tudo, logo planejará um golpe nessa área.
Howard Pitman, narrando sua visão do reino do espírito, quando
da sua morte, declara que a cada crente é destacado um demônio que o
conhece e tem um registro de todas as suas fraquezas. Ele usa isso na
batalha para dissuadir o crente com suas acusações. Essas acusações são
os «dardos inflamados». Mas temos água para apagar as chamas dessas
setas: uma porção particular da verdade Divina, que Paulo chama
«Escudo da fé». Esse escudo, portanto, é uma palavra específica,
extraída da Bíblia, para um ataque específico.
A fé está firmada na obra de Cristo por nós. Pedro declara:
«Simão Pedro, servo e apóstolo de Jesus Cristo, aos que conosco
alcançaram fé igualmente preciosa na justiça do nosso Deus e Salvador
Jesus Cristo» (2 Pe. 1:1). Nossa fé repousa no fato de que somos salvos
pela graça. É essa verdade Divina que apaga os dardos inimigos. Nós
não nos firmamos no que somos, mas no que Ele fez por nós.
104
Portanto, diante de todas as acusações inimigas, poderemos declarar
a verdade de Isaías 54:17, que na versão Amplificada da Bíblia declara:
«Nenhuma arma que é forjada contra Ti prosperará, e toda
língua que se levantar contra Ti em juízo tu mostrarás que está no erro.
Essa (paz, justiça, segurança, triunfo sobre a oposição) é a herança
dos servos do Senhor (aqueles em quem o Servo ideal do Senhor é
reproduzido); essa é a justiça ou a vindicação que eles obtêm de Mim
(isso é o que lhes imputo como a sua justificação), diz o Senhor».
A incredulidade é uma arma inimiga muito perigosa, pois ela
afronta a Deus e nos impede de entrar na plena posse da nossa herança
(Hb. 4:2; 3:19); daí a razão das investidas contra a fé. A dúvida é a mãe
da incredulidade. Ela é o caminho para a perda das bênçãos de Deus.
Ela foi responsável por Pedro afundar nas águas, sob o olhar de Jesus
((Mt. 14:30,31). O medo é a antítese da fé.
Vamos usar a fé como escudo. Ela protege o homem completo.
Com ela cada investida inimiga não terá poder de penetrar. Ela apagará
as chamas da incredulidade, da dúvida e do medo, porque ela resiste
ativamente o inimigo. «... o vosso adversário, o Diabo, anda em
derredor, rugindo como leão, e procurando a quem possa tragar; ao
qual resisti firme na fé» (I Pe. 5:8b, 9 a).

O Capacete da Salvação

«Tomai também o capacete da salvação» (Ef. 6:17). O


capacete protege a cabeça. O centro da cabeça é, sem dúvida, a mente.
Logo, o ataque inimigo se fará sentir na mente. É nela que se travam as
batalhas. A mente é a sede da alma e nela Satanás tenta semear seus
pensamentos. Uma mente carnal, voltada para o mundo dos sentidos,
representa uma presa fácil ao adversário (Rm. 8:6). A mente renovada
com a Palavra permanece em trevas (Ef. 4:18).
A salvação de Deus inclui a mente. Ela é um capacete que deve
ser usado. Convém lembrar que toda essa armadura, da qual estamos
falando, é de Deus e Ele no-la dá, para que lancemos mão dela para
nossa defesa e proteção. Como em todas as coisas, Ele dá e nós
tomamos posse.
105
O conselho do apóstolo é: «E vos renovar no espírito da vossa
mente» (Ef. 4:23). Essa renovação fará com que tenhamos sempre
presente as verdades da Palavra de Deus em nossa mente, de tal modo
que facilmente detectaremos a natureza dos ataques lançados sobre nós.
Fará também com que estejamos libertos das memórias do passado,
vendo-nos agora em Cristo. Levar-nos-á ainda a quebrar as prisões que
o envolvimento com ocultismo e seitas possa ter deixado sobre a mente.

A Espada do Espírito – A palavra de Deus

Tomai... a espada do Espírito, que é a Palavra de Deus» (Ef.


6:17).A forma de ataque aqui é lançar dúvida sobre a Palavra de Deus,
coma famosa pergunta: «É assim que Deus disse?» Uma pergunta
maliciosa, com a introdução do engano propositado, objetivando a
nossa destruição. Ele torce a Palavra. Causa confusão na mente, para
que não se entenda a verdade. Paulo assim se expressa a respeito: «O
deus deste século cegou os entendimentos... » (2 Co. 4:4).
Outra forma de investida é roubar a palavra do coração, para que
ela não produza o seu fruto (Mt. 13:19). Ele faz isso de muitas formas.
Mas não para aí. Começa sempre com sutileza diabólica e termina com
uma ofensiva mais aberta. Uma dessas táticas. É infiltrar-se no meio
dos santos com «doutrinas de demônios» (I Tm. 4:1). Falando nisso, é
bom que se deixe claro que «doutrina de demônios» é um ensino cuja
origem está em Satanás. São pensamentos influenciados por ele. Isso
nada tem a ver com ensino sobre demônios. Há aqueles que confundem
as coisas e nem mencionam o nome do inimigo, fazendo tudo para
ignorá-lo, escondidos atrás de uma falsa segurança. Mas se analisarmos
os ensinos dos Evangelhos, veremos que há mais referência a Satanás e
aos demônios, do que aos anjos. Temos que conhecer o inimigo e suas
táticas, a fim de vencê-lo. Conservar-nos em ignorância sobre quem ele
é, como age e qual a nossa autoridade sobre ele, já é evidência do seu
engano, porque em assim procedendo não nos constituiremos uma
ameaça para seu reino e, por sua vez, ser-lhe-á mais fácil pôr-nos fora
de ação.
Contra esse nível de ataque, isto é, lançar dúvidas sobre a Palavra
de Deus com os seus questionamentos, torcê-la, tirá-la do coração do
106
ouvinte e trazer doutrinas de demônios, vamos usar nossa arma
ofensiva: A Espada do Espírito. Veja que até aqui se falou de armadura
de defesa e proteção. Agora estamos falando de ataque.
A Espada é usada em nossa boca. Na visão de Jesus no capítulo
um de Apocalipse, a espada afiada de dois gumes está em Sua boca. Em
Apocalipse 19:15 lemos: «Da Sua boca saía uma espada afiada, para
ferir com ela as nações; Ele as regerá com vara de ferro...» Nós,
também, seguiremos nos passos do Mestre e usaremos a espada em
nossa boca, o que eqüivale dizer que vamos abrir a boca e, em voz alta,
citar a Palavra de Deus, de acordo com a forma de ataque, e venceremos
o inimigo. Foi assim que os santos mencionados em Apocalipse
venceram: «pelo sangue do Cordeiro e a palavra do seu testemunho»
(Ap. 12:11).
Não tenha medo de repreender a Satanás. Abra a boca. Essa é a
linguagem que ele conhece. É com a Palavra de Deus na ponta da
língua, proferida com ousadia e na autoridade de Jesus, que atacamos o
inimigo. Ele tem que se vergar diante da Palavra viva, que procede da
boca de Deus, mesmo quando o canal da libertação dessa Palavra é a
nossa própria boca.
Aprenda a declarar a verdade sobre a qual você se firma. Isso
naturalmente vai exigir de você conhecimento do que está escrito. Mas
não foi assim que Jesus enfrentou as tentações de Satanás? «Está
escrito» é uma arma poderosa, contra a qual não há apelação. Por
exemplo, se o medo bate à sua porta, abra a boca e grite: «Deus não me
deu espírito de medo, mas de poder. Espírito de medo, eu te resisto, em
Nome de Jesus. Não te dou lugar. Rua, em Nome de Jesus!. Se o
abatimento lhe vem, fazendo com que se sinta só, abra a boca e grite:
«espírito de engano, eu te resisto, em Nome de Jesus». Escuta o que a
Palavra diz: «não te deixarei nem te desampararei». Não estou só. O
Pai, o Filho e o Espírito Santo estão comigo e sou maioria».
Diante de todo ataque, fale a Palavra. Hoje, fale a Palavra,
amanhã, fale a Palavra. Não se canse, pois o Diabo não desiste e tentará
testar sua resistência para o combate. Lembre-se de que ele tem muita
experiência com a raça humana e sabe o que leva alguém a depor as
armas. Fortifique-se em Deus e aprenda a falar a Palavra hoje, amanhã,
depois e sempre. E enquanto você fala a Palavra, verá que essa arma
será energizada pelo Espírito Santo, pois a espada é sua e Ele caminha
107
sempre de mãos dadas com a Palavra para cumprirem o
propósito de Deus Pai.
Concluindo as considerações sobre nossa armadura espiritual,
diríamos que Deus preparou a Igreja para os ataques do inimigo. Não
precisamos temer a fúria de nenhuma investida, enquanto estivermos
firmes, fortalecidos no Senhor e na força do Seu poder, tendo sobre nós
toda a armadura que Ele colocou à nossa disposição, em todo o tempo.
108
Capítulo 8

ENFRENTANDO O INIMIGO

«Uma Igreja agressiva confrontar-se-á com um reino


espiritual. A palavra para a Igreja é que ela se levante e reine com
Cristo no meio dos inimigos». A declaração em Salmos 110:2, é
enfática: «O Senhor enviará de Sião o cetro do teu poder. Domina no
meio dos teus inimigos». É uma ordem. Vamos enfrentar o inimigo e
não lhe dar as costas. Vamos forçá-lo a recuar e reconhecer sua derrota
e autoridade que a Igreja tem em Cristo. Estamos em uma verdadeira
guerra espiritual, onde a vitória depende do mais persistente.

A Hierarquia Satânica

No reino espiritual existe uma força organizada sob o comando


de Satanás, o Príncipe das Trevas, que faz guerra contra a Igreja. É uma
hierarquia poderosa e enfurecida (Ef. 6:12), que precisa ser enfrentada
com tenacidade. Convém lembrar que, na maioria dos casos, a guerra é
lançada contra nós através de instrumentos humanos, especialmente
aqueles mais próximos ou que nos dizem respeito. Nosso inimigo, pois,
não é o patrão, o empregado, a sogra, o marido, o governo ou a
circunstância. O adversário está por trás daquela pessoa e nossas armas
serão disparadas contra ele e não seu instrumento.
É preciso saber-se distinguir que é o inimigo. Ele é a potência
invisível que domina o presente sistema mundial, o mundo de trevas. A
Terra é do Senhor, mas Deus entregou a sua administração ao homem
(Sl.115:16), por um período de tempo, e o homem tem dado sua
autoridade a Satanás, servindo de instrumento seu para operar no
planeta. Virá o dia em que o verdadeiro dono da Terra intervirá e o porá
fora de ação. Até que isto aconteça, porém, teremos batalhas cerradas,
para as quais temos que nos preparar.
109
A Bíblia chama Satanás de «o deus deste século» (2 Co. 4:4),
isto é, da massa de pensamentos e filosofias que domina o presente
sistema mundial. É por isso que João nos adverte:
«Não ameis o mundo, nem as coisas que no mundo há. Se alguém
ama o mundo o amor do Pai não está nele. Porque tudo o que há no
mundo, a concupiscência da carne e, a concupiscência dos olhos e a
soberba da vida, não vem do Pai, mas sim do mundo. Ora, o mundo
passa, e a sua concupiscência; mas aquele que faz a vontade de Deus
permanece para sempre» (I Jo. 2:15-17).
Em outras palavras, devemos estar em franca oposição com o
mundo e seu sistema, porque quem está por trás dele são as potências
invisíveis, representadas pelos agentes secretos do quartel-general do
mal (forças estranhas): principados (líderes), as potestades
(autoridades), dominadores deste mundo tenebroso (os espíritos
mestres que são governantes mundiais do presente mundo das trevas),
forças espirituais do mal nas regiões celestes, na atmosfera (Ef. 6:12).
A tradução de J. B. Philips de Efésios 6:12 assim se expressa:
«Porque a nossa luta, como agora sabeis, não é contra um
inimigo físico; é sim, contra as organizações e poderes espirituais, pois
temos como inimigo a potência invisível que domina este mundo de
trevas, representado pelos agentes secretos do quartel-general do
mal».
Quando Lúcifer se rebelou contra Deus, levou consigo um grande
número de anjos, talvez um terço deles (Ez. 28:18;Ap.12:4). É por isso
que a Bíblia fala do «Diabo e seus anjos» (Mt. 25:41). Analisando o
significado das palavras no grego, apresentadas em Efésios 6:12, temos:
1. Espíritos Governantes - «Arche» - Quer dizer: «Magistrados,
poderes, principados, começo». Começo aqui se refere ao tempo ou
ordem. «Principados» refere-se aos espíritos poderosos do primeiro
escalão que se revoltaram contra Deus. Eles hoje são os que formam o
conselho governante de Satanás. Seria seu «Gabinete de Ministros».
São chamados «Príncipes» (Dn 10:20). A palavra tem o sentido de «os
primeiros, os preeminentes governantes-chefes».
Há várias referências na Bíblia a essa classe de anjos de Satanás:
«Porque eu estou certo de que, nem a morte, nem a vida, nem
anjos, nem principados, nem coisas presentes, nem futuras, nem
110
potestades... nos poderá separar do amor de Deus, que está em
Cristo Jesus nosso Senhor» (Rm. 8:38,39).
«Então virá o fim, quando Ele entregar o Reino ao Deus e Pai,
quando houver destruído todo principado, bem como toda a potestade
e poder» (I C. 15:24 SBB).
«Muito acima de todo principado, e autoridade, e poder, e
domínio, e de todo o Nome que se Nomeia, não só neste século, mas
também no vindouro» (Ef. 1:21).
«Para que agora a multiforme sabedoria de Deus seja
manifestada, por meio da Igreja, aos principados e potestades nas
regiões celestes» (Ef. 3:10).
«E tendo despojado os principados e potestades, os exibiu
publicamente e deles triunfou na mesma cruz» (Cl. 2:15).
2. Potestades – Autoridades - «Poder Delegado» - «exousia» -
O poder de reinar ou governar. O poder exercido por governantes ou
outras autoridades em posição elevada, em virtude do seu ofício. A
palavra fala de «autoridades que permitem ou impedem». Têm poderes
executivos. Esse grupo de governantes é a autoridade que delega o
poder. A palavra exousia» denota não tanto a magistratura de uma corte,
mas o poder que governa e é sinônimo de »arche» (domínios ou
governos, autoridades e tronos). Em I Coríntios 15:24 e Colossenses
2:15 há referência a todas as autoridades e poderes malignos, que se
opõem a Jesus Cristo. (Ver Ef.
1:21,2:2;3:10;6:12;Cl.1:16;2:10,15;Ipe.3:22).
3. «Os Príncipes do mundo destas trevas» - Governadores
Mundiais - «Kosmokrator». «Os senhores do mundo». A palavra vem
de «kosmos», isto é, «mundo» e «krator», isto é, «governadores». Fala,
portanto, do «sistema de governos». Eles são responsáveis por lutarem
contra a verdadeira luz e levar o povo às trevas, cegando-lhes os olhos
e enviando trevas às almas dos homens. A Versão Amplificada da
Bíblia traduz como «os espíritos mestres, que são governantes mundiais
do presente mundo das trevas» (Ef. 6:12).
Quando oramos por aqueles que estão dominados pela cegueira
de Satanás e aqueles em religiões pagãs, estamos guerreando contra
esse tipo de inimigo. Ele governa sobre nações, através do seu poder de
111
cegar a mente dos homens. Exerce também autoridade sobre
diferentes sistemas de governos do mundo.

4. Forças espirituais do mal nas regiões celestes -


«pneumatikos poneria»: Maldade espiritual.

«Pneumatikos» vem da raiz da palavra «pneuma», que significa


«espírito». «Poneria» significa «iniquidade», maligno», «atividades de
natureza má», «depravação». Fala de alguém que não somente é
maligno, mas todas as suas obras são igualmente más. Tudo quanto faz
afeta outros de um modo negativo. Pode significar o mal em si, que
opera e inspira os principados, autoridades e governadores das trevas.
Assim como a paz, amor e bondade motivam o bem nos seres angélico-
celestiais, também o sentido oposto é uma realidade. Esse terrível mal
espiritual motiva e controla o mundo espiritual de Satanás. Também
fala da frente de batalha; os soldados que executam as atividades
malignas demoníacas na vida dos homens.
«Regiões Celestes» - Lugar onde as forças satânicas operam. O
capítulo dez de Daniel é muito elucidativo quanto ao conflito nessas
regiões, entre os anjos de Deus e os anjos de Satanás, tendo o homem
como o ponto central da questão. Do estudo da Bíblia concluímos a
existência de pelo menos três Céus. Paulo se refere ao terceiro Céu em
2 Coríntios 12:2-4. Se há terceiro, é lógico concluir-se que há primeiro
e segundo. O primeiro Céu é o firmamento que vemos e nos envolve
(Gn.1:6-8). Entre a atmosfera que envolve a Terra dos homens e o
terceiro Céu, habitação de Deus, estão as «regiões celestes», o que
chamamos de segundo Céu. Ali Satanás e seus anjos caídos fazem
morada e dali operam. Eles se movem para o primeiro Céu a fim de
realizarem sua obra de engano, opressão e destruição dos homens.
Satanás mesmo se dirige à região do terceiro Céu para acusar os santos
diante de Deus (Jó 1:6-12; Ap.12:10). É, portanto, no segundo Céu que
os agentes inimigos interceptaram as respostas às nossas orações,
tentando impedir que elas cheguem até nós, como é demonstrado na
experiência de Daniel.
Há uma guerra constante no reino espiritual e é lá que, primeiro,
as batalhas são travadas e também vencidas. A Igreja tem que saber
112
onde está a origem das guerras desencadeadas contra ela e como as
mesmas se processam. Precisa conhecer as táticas de guerra inimiga e
as armas que Deus nos dá para vencê-las. A vitória da Igreja acontecerá
quando esta aprender a conhecer os principados e prevalecer contra
eles.
Para haver um rompimento espiritual nas nações, nas vidas de
nossas famílias, dos homens e em nós mesmos, precisamos reconhecer
que os verdadeiros inimigos contra os quais lutamos são forças
espirituais da maldade ao redor de nós.

Reinando Com Cristo

«O Senhor enviará de Sião o cetro do seu poder, dizendo:


domina entre teus inimigos» (Sl.110:2). Deus convoca Sua Igreja para
assumir uma posição ofensiva contra as forças das trevas, subjugando-
as. Ele não espera nada menos do que vitória. Quando lemos as cartas
que Jesus enviou às Igrejas, encontramos nelas uma mensagem para o
vencedor. Jesus é o vencedor de todas as batalhas e é o nosso
Comandante em Chefe, e espera que assumamos nossa posição de
autoridade contra todas as hostes organizadas do mal forçando-as a
bater em retirada.
A base do domínio da Igreja sobre o adversário, em primeiro
lugar, está na posição que Cristo ocupa hoje: Sentado à direita do
Pai, em posição de autoridade, «muito acima de todo governo, e
autoridade, e poder, e domínio, e de todo o Nome que é citado acima
de todo título que possa ser conferido não somente no presente século
e neste mundo, mas também nos séculos e no mundo que estão por vir.
E Ele colocou todas as coisas debaixo dos Seus pés e O constitui o
Cabeça universal e supremo da Igreja uma autoridade exercida
através da Igreja , Sl. 8 a qual é o Seu corpo, a plenitude dAquele
que enche tudo em todos porque naquele corpo vive a completa medida
dAquele que torna tudo completo, e que enche tudo em todo lugar com
Ele mesmo (Ef.1:21-23-Amp.).
113
Em segundo lugar, a posição da Igreja hoje. Ela é o Corpo
de Cristo. Sua autoridade é baseada no fato de que ela está em Cristo e
Ele está na mais alta posição de autoridade.
«Porque nEle habita corporalmente toda a plenitude da Deidade
(a Divindade) dando completa expressão da natureza Divina. E vós
estais nEle, feitos completos e tendo vindo à plenitude da vida em
Cristo vós também estais cheios com a Divindade – Pai, Filho e
Espirito Santo – e alcançais a completa estatura espiritual. E Ele é a
cabeça de todo governo e autoridade de cada principado e potestade
angélico» (Cl. 2:9,10-Amp.).
Aí está a razão porque a Igreja pode se levantar e reinar no meio
dos seus inimigos. Ela está vitalmente ligada à cabeça, de onde emana
a autoridade (Ver Ef. 1:22,23;2:6:I Co.6:17;Rm.7:4).
Para além da Igreja estar ligada a Cristo, ser o Seu Corpo, ela tem
uma herança (Ef. 1;18), que é Cristo mesmo, e está sentada com Ele nas
regiões celestes (Ef. 2:5-6). Falhar em reconhecer e tomar posse dessas
bênçãos, é expor-se à derrota no campo de batalha.
Diante de tudo isso, a Igreja deve alargar o cetro do seu
domínio, indo de conquista em conquista, até tomar posse de toda a
Terra que lhe foi dada em herança, o que eqüivale dizer, de todas as
bênçãos que já são suas em Cristo Jesus (Ef. 1:3).
O reino de Deus deve se expandir, e isso implica não só num
alargamento de fronteiras, mas também num aprofundamento do Seu
domínio no coração dos homens, que envolve todo o ser. O salmista
declara:
«O Teu trono, ó Deus, subsiste pelos séculos dos séculos; cetro
de equidade é o cetro do Teu Reino» (Sl. 45:6). «Por Ti derrubamos os
nossos adversários; pelo Teu Nome pisamos os que3 se levantam
contra nós» (Sl. 44:5).
114

Entrando Para Libertar

Quando entramos na Terra, temos um alvo: conquistá-la por


completo. Libertá-la da presença e da ação do adversário. O modo
de fazer isto é, em primeiro lugar, resistindo. «Resisti ao Diabo
(Permanecei firmes contra ele), e ele fugirá de vós» (Tg. 4:7 – Amp.)
Isso implica em que haverá ataques frontais, pressões e até opressões.
Insistimos, porém, na importância da persistência e tenacidade no
resistir aos ataques inimigos. Deus tornará a nossa fronte dura como a
pederneira, e pela resistência contínua, na autoridade do Nome de Jesus,
iremos alargando a área do nosso domínio.
O segundo modo de operar a libertação da Terra é «ligando» o
,inimigo: «Em verdade vos digo: Tudo quanto ligardes na Terra será
ligado no Céu; e tudo quanto desligardes na Terra será desligado no
Céu» (Mt. 18:18). A Versão Amplificada assim traduz:
«O que proibirdes e declarardes ser impróprio e ilegal na Terra
deve ser o que já é proibido no Céu, e o que permitires e declarardes
próprio e legal na Terra deve ser o que já é permitido no Céu».
Como isto funciona? É simples. O Reino de Deus tem uma
constituição, que é a Palavra de Deus revelada e registrada num livro
chamado Bíblia. Jesus nos revestiu da autoridade do Seu Nome e, por
assim dizer, somos seus oficiais de justiça, para fazer cumprir a lei e a
ordem no planeta, de acordo com os decretos estabelecidos pelo
Altíssimo em Sua Palavra. Conhecendo-os, ser-nos-á fácil julgar cada
circunstância de acordo com o padrão estabelecido, e dar o veredito:
ligado ou desligado. Em outras palavras, proibido ou permitido, legal
ou ilegal. Nossa palavra terá força de lei e, por causa do poder e
autoridade que ela representa, terá que ser obedecida por Satanás e seus
anjos. Não por causa de algum poder inerente que tenhamos, mas por
causa da autoridade que Cristo nos delegou.
Existem situações em que a resistência não basta. Quando há uma
área em que o inimigo penetrou, um cerco e bloqueio, uma outra pessoa
precisa entrar em cena para ajudar a quebrar o cerco e «afastar o
bloqueio». Isso chamamos de libertação. Como saber que há
necessidade de um ato libertador? Quando há uma área na vida que está
115
fora de controle. Quando alguém diz: «Não consigo me libertar» de
alguma coisa, é sintoma de invasão e a área precisa de libertação. Essa
libertação deverá ser administrada por outros crentes que exercerão
autoridade e expulsarão o inimigo.
Por muito tempo a Igreja tem estado na defensiva ou em franca
passividade. Chegou a hora dela se levantar e dizer que quem manda
aqui é Jesus e ela, pois como Seu corpo, tem poderes para enfrentar e
subjugar o adversário. A cabeça comanda e o corpo executa. A vitória
é da Igreja e a glória, de Jesus.
116
PARTE III

A CONQUISTA DA MENTE

O IMPERATIVO Divino é a conquista da Terra por dentro e por


fora. Tendo considerado o confronto aos poderes satânicos, voltemo-
nos para o mundo da alma, a terra pelo lado de dentro, isto é, a mente,
a vontade e as emoções. Começaremos pela mente, que é a sede da
alma.
Nosso espírito é recriado pelo Espírito Santo, que passa a habitar
nele. Somos transformados em santuário, mas a nossa alma precisa ser
restaurada. Do contrário, intrusos virão pelo lado de fora, entrarão em
nossa alma e bloquearão o nosso espírito. Nosso espírito se expressa
através da personalidade, dos pensamentos, sentimentos, atitudes, do
corpo. E se não pusermos a mente, bem como as emoções, vontade e
corpo, em linha com a Palavra de Deus, a vida do Espírito dentro de nós
será sufocada. Mas o propósito de Deus é que o inimigo permaneça do
lado de fora.
Nossa dificuldade reside no fato de que permitimos que o inimigo
convivesse muito tempo conosco, e muitas das suas ações têm estado
incorporadas ao nosso modo de viver. Porém chegou a hora de
erradicarmos essas obras malignas, que Paulo chama «obras da carne».
Se não tem havido mudanças em sua vida, desde o seu novo
nascimento, algo está errado. Quem nasce, precisa crescer,
desenvolver-se e caminhar, progressivamente, rumo à maturidade. E o
presente estudo visa ajudar-nos a alcançar esse objetivo.
Abordaremos nesta parte a mente, que consideramos ser a sede
da alma. O lugar onde primeiro as batalhas são travadas. Que o Espírito
Santo nos ajude a ter uma mente renovada com a Palavra de Deus.
117
Capítulo 9

A IMPORTÂNCIA DA MENTE

Consideramos a importância da mente, a sede da alma. A


mente, ou pensamento, ou intelecto é algo de um valor extraordinário.
Deus deu ao homem uma capacidade de pensar, raciocinar, refletir,
criar. Basta olharmos para todas as construções e realizações que nos
cercam, e veremos as marcas dessa inteligência, dessa mente.
Deus deu ao homem uma Terra despida de construções outras
que não a natureza. Aí começou o seu trabalho. Está comprovado que,
apesar de tudo, o homem não usou dez por cento de sua capacidade
intelectual. Ele tem criado maneiras de superar muitas das suas
limitações. Por exemplo: ele queria fazer com que seus pensamentos
fossem gravados, e inventou o alfabeto, a imprensa, as máquinas; quis
comunicar-se com as multidões, e criou um modo de ampliar a sua voz,
o que fez surgir o microfone; quis comunicar-se com outras pessoas à
distância, e inventou o rádio, o telefone; quis gravar a imagem, e surgiu
a televisão; quis encurtar as distâncias, e fez a carroça, a bicicleta, o
avião, etc; quis vencer o problema da escuridão, e descobriu a
eletricidade e fez uso dela. As doenças o assolam, e ele tem descoberto
meio de vencê-las através de medicamentos, de operações, de
transplantes e enxertos. Ele está sempre a descobrir, a inventar. Parece
não haver limites para as invenções de sua mente prodigiosa.
Convém aqui ressaltar que essas invenções e criações do homem
nada têm a ver com a criação de Deus, que daquilo que não existe faz
surgir o que Lhe apraz, e da própria morte faz brotar a vida. Contudo o
homem usa sua mente para descobrir leis físicas e lançar mão do
existente para formar alguma coisa, a fim de melhorar suas condições
de vida. Desde a roupa que nos cobre ao teto que nos abriga, tudo traz
atrás de si as marcas dessa inteligência. Que coisa maravilhosa e
tremenda é a mente!
Mas também que coisa terrível e horrorosa é a mente humana
sem Deus! Infelizmente ela tem sido igualmente usada para maquinar o
mal. Ela criou todos os mecanismos para ludibriar o seu irmão, roubá-
lo, destruí-lo. A mente do homem está corrompida por causa do pecado
118
que lhe é inerente. A natureza pecaminosa, herdada de Adão, se
manifesta também em suas criações e realizações. É aí que temos as
armas mortíferas que destroem seu próximo. De fato, existem bombas
tão poderosas que basta um louco apertar um botão e, em poucos
instantes, todo o planeta será destruído.
Nossa sociedade é constantemente assaltada pelas mais
engenhosas expressões da mente para causar o pânico e a dor, através
de roubos, sequestros e assassinatos. Olhe toda a engenhosidade para
assaltar bancos, casas e pessoas; todo tipo de filme pornográfico e
violento, que semeia o pecado e a corrupção; toda forma de jogo para
extorquir o que pertence ao seu irmão, e assim por diante.
Aí estão amostras das marcas da mente do homem, criando o bem
e criando o mal. Imaginemos o que seria a mente restaurada! Há que se
conquistá-la e sujeitá-la a Deus, para que encontre seu potencial
projetado por Ele para o bem da humanidade e para a glória do seu
Criador. A mente deve ser conquistada até que cada pensamento seu
seja sujeito à obediência de Cristo Jesus. Em outras palavras, até que
cada idéia, pensamento ou raciocínio esteja em perfeita harmonia com
a Palavra de Deus. O comando da Palavra é claro:
«Amarás, pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de
toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de todas as tuas forças»
(Mc. 12:30).
Nosso relacionamento com Deus envolve o ser inteiro e o
homem só encontrará a plenitude das suas faculdades, dadas por
Ele, quando elas estiverem direcionadas para Deus mesmo. Dentre
essas faculdades, queremos agora destacar o «entendimento», ou
seja, a mente.

Os Pensamentos – Um Campo de Batalha

A mente não apenas é a sede da alma, mas é também um campo


de batalha. Nela alcançamos a vitória ou a derrota. Ela é tão
importante que se constitui o primeiro alvo de Satanás no Jardim do
Éden. E o modo pelo qual ele iniciou seu ataque foi através de imagens
e pensamentos. A imagem gera o pensamento. Em outras palavras, a
119
imagem é a mãe do pensamento. Este, por sua vez, gera o
sentimento e o sentimento provoca a reação.
Essa sempre será a estratégia do Diabo. Com imagens e
pensamentos ele traz a angústia, o medo, a insegurança, a depressão, a
mágoa, a falta de perdão, a rebeldia, a incredulidade, o pecado. Essas
duas coisas, imagens e pensamentos, são os elementos básicos com
que Satanás trabalha na mente do homem para destruí-lo. Essas imagens
serão sempre geradas no reino físico e os pensamentos serão sempre
misturados com o engano: um pouco de verdade e um pouco de erro,
para que o homem seja levado ao engano quanto ao caráter de Deus,
quanto ao próprio homem e quanto a Satanás.
Os pensamentos que o inimigo gera na mente do homem dar-lhe-
ão uma idéia distorcida de quem Deus é, de quem o Diabo é e de quem
o homem é. Nesses bombardeios ele pode levar o homem a dois
extremos: ou ao orgulho ou à auto-depreciação. Tanto o complexo
de superioridade como o complexo de inferioridade, embora pareçam
opostos entre si, têm uma só raiz: a distorção da imagem do homem,
provocada por ataques inimigos na área dos pensamentos. Quando
alguém se isola, ou é agressivo, ainda que pareçam duas reações
opostas, têm ambas a mesma origem. As reações são diferentes, mas a
origem é exatamente a mesma: é o bombardeio de Satanás na
personalidade do homem, com o fim de distorcê-la até que não mais se
vislumbre nela a imagem de Deus. E tudo começa na mente.
Olhando ao nosso redor, logo ficaremos estarrecidos com a
abundância de manifestações do controle de Satanás sobre a mente dos
homens. Hoje há um verdadeiro programa organizado por Satanás e sua
hostes, para possuir a mente das pessoas de nossa geração, a fim de se
tornar mais fácil o controle de Anticristo, que está para se manifestar.
Mas o Espírito de Deus quer nos ajudar na conquista da mente para
Cristo.
Há duas pessoas disputando a posse da nossa mente, uma do
lado de fora e a outra do lado de dentro: Do lado de fora, Satanás e
do lado de dentro, o Espírito Santo. A quem você a submeterá? A
mente é sua, apesar da informação mentirosa do Diabo, de que você não
pode controlá-la. Ela é sua, e você tem autoridade sobre ela, para
incliná-la para onde quiser. Você determinará quem terá domínio sobre
a mesma, que pensamentos e imagens serão nela abrigados. Chegou a
120
hora de conquistar sua mente a fim de colocá-la na direção certa. Ela
terá que ser liberta e restaurada. Se há intrusos, é preciso expulsá-los; é
imperativo limpá-la, reconquistá-la e fortalecê-la, para que ela seja
instrumento de Deus e não de Satanás; que ela seja usada para projetar
pensamentos e imagens gerados em Deus e não no reino do adversário.
A principal tática de Satanás é a distorção da verdade de
Deus na mente do homem. Só há um caminho de se contrapor a esse
tipo de ataque: é com a Palavra da Verdade implantada na mente e no
coração. Para que se possa discernir um engano, há que se ter um
ponto de referência, e este é a Palavra da Verdade.
Você será capaz de tomar uma decisão de qualidade, para que sua
mente seja transformada em um depósito da Palavra de Deus e não das
mentiras de Satanás? Tudo quanto fazemos e dizemos é o reflexo do
que está em nossa mente. Nossas decisões e atitudes estão refletindo o
que ali se estabeleceu. Para que haja mudança de pensamentos, ações e
reações, decisões e realizações, a fonte que alimenta a mente deve
mudar, pois todas essas coisas são fruto do que está na mente, dos seus
princípios, imagens, idéias, raciocínios e imaginações. Mas Deus quer
que sejamos o reflexo do Senhor Jesus também em nosso modo de
pensar. Aceite o desafio de expulsar o que é contrário à vida de Cristo
e a incorporar o que dEle vem.
Como já dissemos, Satanás tem um projeto maquiavélico de
controlar a mente dos homens a fim de levá-los à adoração do
Anticristo. Em nossos dias a investida nessa área parece sem
precedentes. Nossa luta para que o domínio pertença ao Espírito de
Deus, não deve também conhecer precedentes.

Como a Porta é Aberta ao Inimigo

1. Possuir uma mente não renovada, o que significa uma


mente não ajustada aos padrões expressos na Palavra de Deus.
Paulo diz que o «deus deste século cegou o entendimento dos
incrédulos» (2 Co. 4:4). Por que razão ele cega o entendimento? Porque
antes que a mensagem possa penetrar no espírito, ela terá que atingir o
entendimento. Em 2 Coríntios 3:14, Paulo declara que os filhos de Israel
121
não entendiam a leitura do velho pacto porque «o entendimento lhes
ficou endurecido», pelo que um véu estava em seus olhos, impedindo a
revelação da Palavra. Uma mente não renovada é cega e endurecida.
Para além disso leva a práticas que revelam a natureza da ira,
como lemos em Efésios 2:3: «todos nós também andávamos nos desejos
da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e
éramos por natureza filhos da ira, como também os demais» . Se
fazemos a vontade dos nossos próprios pensamentos, estaremos no
caminho perigoso da passividade da mente, e uma mente passiva,
como veremos mais tarde, é campo aberto para a infestação maligna.
Em Colossenses 1:21 lemos: «A vós também, que outrora éreis
estranhos, e inimigos no entendimento pelas vossas obras más». Aqui
fala-se de uma mente hostil. Portanto, uma mente não renovada é
cega, endurecida, passiva e hostil. Isso tudo só revela uma mente
natural que não consegue entender as coisas do Espírito (I Co. 2:14), o
que não convém aos santos.
Quando chegamos a Jesus, o que temos armazenado em nossa
mente muitas vezes nada tem a ver com a nova vida. Nossa mente
funciona como um computador: só sai o que entrou como programa. O
programa que está na mente precisa ser mudado, pois, vezes sem conta
está tão escondido, e ainda assim nos momentos mais inconvenientes
vem à tona. O que fazer? Reprogramar a mente com o programa da
Palavra de Deus.
2. Uma mente carnal, que está baseada na carne, nos sentidos.
«A inclinação da carne é morte» (Rm. 8:6). A Versão Amplificada
assim traduz: «agora a mente da carne que é o senso e raciocínio
sem o Espírito Santo é morte...». Nossa mente pode ser inclinada para
a carne ou para o espírito. Compete-nos decidir. Inclinar-se para a carne
significa ser dominado pelo reino dos sentidos, isto é, o que se ouve o
que se vê e o que se sente. Inclinar-se para o espírito quer dizer pensar
nas coisas de Deus, na Sua Palavra. Ser carnal é agir de acordo com os
próprios pensamentos, o próprio raciocínio, tomar as decisões baseadas
na vontade própria, alheia à Deus, seguir seu próprio caminho. Ser
espiritual é aceitar na própria mente as razões de Deus, Seus
pensamentos, e tomar as decisões de acordo com eles.
122
3. Admitir mentiras e enganos na mente.
Isso acontece quando nós aceitamos raciocínios divergentes da
revelação bíblica, muitas vezes por simples ignorância. Encontramos
por toda a parte os erros doutrinários. Geralmente as pessoas não
buscam na Palavra um confronto com a verdade e se expõem a tudo
quanto ouvem, sem questionar, faltando-lhes a diligência no estudo e a
comparação do que ouvem com o que está escrito na Bíblia. Aceitam
tradições de homens ou expressões da sua incredulidade, como se
fossem a verdade de Deus. E isto abre a mente ao engano e à
mentira de Satanás, sendo uma porta para sua invasão.
4. A passividade da mente.
Isso ocorre quando a pessoa deixa seus próprios poderes de
pensar em inércia e recebe todo pensamento que vem de fora ou que
vem desse estado de passividade. Se não usarmos nossa mente, nossa
inteligência, ela também não será usada por Deus. Espíritos
malignos terminarão controlando-a, pois para que eles o façam
buscam uma mente vazia e uma vontade passiva. É um grande engano
pensar-se que, para andarmos no espírito, teremos que suprimir a
mente, as emoções ou a vontade. Deus nos deu uma alma para que
seja usada e não supressa. Nosso culto a Deus, nossa submissão à
sua vontade, é algo inteligente, racional, resultado de uma análise,
uma resposta, uma escolha, uma decisão da vontade. O propósito
de Deus é que nossa alma seja restaurada e não suprimida. Nossa
mente deve ser renovada e não aniquilada. Se alguém seguir o
caminho da não renovação da mente e da passividade, fatalmente se
exporá a maus espíritos.
Os demônios gostariam de possuir todos os homens. Para tanto
trabalham na pessoa até que sua mente fique passiva, o que resultará
numa vontade igualmente passiva. Quando isso acontece, é-lhes fácil
infiltrarem-se com pensamentos estranhos, que ficam fora de controle.
É por aí que começa um processo que termina em possessão.
123
Características de Maus Espíritos

Os pensamentos de maus espíritos sempre invadem do lado de


fora, entrando pela mente. Nós temos capacidade de pensar, refletir,
raciocinar. Escolhemos em quem colocar nosso pensamento. Aqueles,
porém, invadem pelo lado de fora, com pensamentos alheios à nossa
escolha ou controle. Entram sem se fazerem avisar. É preciso rejeitar,
de pronto, esse tipo de invasão, pelo exercício da nossa vontade. Se
não forem abortados imediatamente, minarão nossa mente e
estabelecerão um domínio na área invadida.
A segunda característica a considerar é que os pensamentos de
maus espíritos forçam, empurram e coagem o homem a agir
imediatamente. É algo repentino, que procura levar a pessoa a agir
irrefletidamente. São acompanhados de um certo ímpeto para que a
pessoa aja contrário ao bom senso. Suponhamos que alguém está em
casa e, de repente, vem um impulso acompanhado de um pensamento:
«atire-se da janela». Isso é pensamento de demônio suicida. Se ele tem
a mente passiva, será levado a obedecer tal impulso.
Cuidado com tudo quanto lhe impulsiona a agir
imediatamente, sem refletir, mesmo quando parece vindo de Deus,
pois o Espírito não coage, não empurra. Ele atrai, guia, conduz. Se,
por exemplo, estamos numa reunião, o pastor está pregando e se levanta
um crente e traz uma palavra fora da hora e diz: «Foi o Espírito que me
obrigou a falar; eu não me pude conter», podemos ter a certeza de que
estamos diante da manifestação de um outro espírito, que não o de
Deus. Os maus espíritos é que obrigam. «O espírito do profeta está
sujeito ao profeta» (I Co. 14:32).
A terceira características é que seus pensamentos confundem e
paralisam a mente e fazem com que a pessoa já não pense de modo
claro. Confusão mental, «branco na mente», é sintoma de influência
estranha. Tudo isso tem um objetivo: o controle da alma para dominá-
la sem problemas. Sabendo, no entanto, discernir esses sintomas,
facilmente poderemos recusar tudo quanto vem de fora, com o auxílio
do Espírito Santo e um sólido conhecimento da Palavra de Deus.
Não podemos esquecer que o homem é um ser integral. Se
separamos o espírito da alma e do corpo, é apenas para questão de
124
estudo. Vivemos, no entanto, como um ser integral, usando os
poderes espirituais, intelectuais, emocionais, volitivos e físicos, tudo
dentro dos limites da Palavra de Deus. Qualquer pensamento ou
doutrina que visa aniquilar um desses elementos ou deixá-los fora de
controle, labora em erro.
125
Capítulo 10

A PASSIVIDADE DA MENTE

A passividade da mente é uma estratégia e o principal alvo de


Satanás, a fim de dominar o homem. Para que ele exerça esse domínio,
precisa de uma mente passiva, que se habitua a não raciocinar, filtrar o
que ouve, pois assim acontecendo, tudo quanto é lançado nela fica e,
consequentemente, produzirá seu fruto. A passividade, portanto, é um
meio para atingir um fim: o controle absoluto do homem.
Engano e Passividade

Alcançando seu alvo de tornar a mente do homem passiva,


Satanás agora prende sua vítima pelo engano. O que é o engano? É
uma convicção errada acerca de qualquer coisa, sem que a pessoa
tenha a menor consciência de erro. Ela se convence de que aquilo é a
verdade e sua mente está fechada a qualquer pensamento contrário às
suas convicções, até que um confronto com a verdade desperte nela o
questionamento e a mudança. A pessoa em engano não sabe que está
enganada. Precisamos, pois clamar a Deus, com intensidade, para que3
sempre nos revele as áreas de engano em nossa vida. Isso deve ser
acompanhado de um estudo acurado das Escrituras, confrontando
nossas convicções com o que está escrito, usando nosso raciocínio, sob
a luz do Espírito de Deus.
Se colocarmos em nossa mente o fato de que todos nós somos
vulneráveis e sujeitos ao erro, conservar-nos-emos sob vigilância. Até
mesmo certos ensinos bíblicos, que são tão importantes, como a
rendição do nosso «eu» a Deus e a nossa «morte em Cristo», podem ser
levados a extremos e degenerar em passividade da mente, da vontade e
do corpo. Satanás busca em nós uma condição propícia para a obra dos
seus maus espíritos e, depois do pecado aberto, a melhor forma é a
passividade.
Deus sempre apela para o uso das nossas faculdades, mas
Satanás procura suprimi-las. Ele quer um homem passivo,
escravizado à sua vontade, para que possa facilmente manipulá-lo,
126
enquanto Deus apela à nossa vontade e espera uma rendição
inteligente, uma decisão de obedecer de boa mente Sua Palavra.
As forças das trevas gostariam de transformar o homem num
autômato, uma máquina, alguém passivamente dirigido por suas garras
estranhas e invisíveis. Deus, porém, quer ver um homem livre ,
inteligente, que coopera com Ele, um ser que reflete a imagem de Deus,
em pleno domínio de seus poderes, que não se deixa cominar por
nenhuma força alheia à sua vontade. Sua própria rendição ao Criador é
feita no pleno uso desses poderes. Sem uma clara compreensão dessas
coisas será fácil ao inimigo lançar-nos no engano.

Sinais de Engano

Um espírito fanático é o primeiro sinal de alerta. Ele não


consegue ver as coisas por um ângulo mais aberto. Tem uma mente
fechada e recusa-se até mesmo a analisar um pensamento contrário ao
que ele acha ser a verdade. É dogmático, intolerante e dado a discussões
calorosas sobre seus pontos de vista. Tais pessoas julgam-se «senhoras
da verdade» e afirmam ter a revelação de Deus, mesmo que suas idéias
sejam totalmente contrárias ao bom senso de interpretação. E por que
isso acontece? Pela passividade da mente, que recebe todo um ensino
ou tradição e, mesmo lendo a Bíblia, não consegue ver o que está lá. A
pessoa lê a Bíblia também com uma mente passiva. Ela recebe um
ensino e assimila-o sem conferir as coisas. Muitas vezes, desde a
infância, ela recebeu uma orientação e passa a vida sem questioná-la.
Se ouvir algo diferente, fechará sua mente e logo o rejeitará.
O fanatismo religioso tem sido a causa de muita tragédia na
história da Igreja de pontos de vista doutrinários, quando os
interlocutores se agridem com palavras e fervem por dentro, são uma
clara evidência desse espírito fanático. Há um zelo cego no fanático,
que o leva à briga e à intolerância.
A mente sã pode ter pensamentos diferentes dos demais, mas não
se deixa envolver por entusiasmos descontrolados. Ela é capaz de ouvir
coisas com as quais não concorda, sem ser discordante, respeitando o
ponto de vista do outro e não permitindo que esse tipo de divergência
afete sua comunhão com o seu próximo.
127
O fanatismo é o responsável pelo legalismo religioso, bem
como o tradicionalismo cego. Quando olhamos para as páginas do
Novo Testamento vemos como ele mostrou suas garras algozes. Jesus
foi constantemente afligido por ele. Porque Jesus curava no Sábado, os
líderes religiosos se insurgiam contra Ele, acusando-O de quebrar a Lei,
quando Jesus estava quebrando apenas suas tradições humanas. Quando
Jesus não seguia seus costumes, por eles mesmos impostos, sem
comissão Divina, logo era acusado. Por causa desse espírito fanático,
levaram Jesus à morte. Paulo também andou às voltas com esse espírito
fanático. Ele mesmo foi vítima do seu engano, mas um confronto só,
com o Cristo ressurreto, fê-lo render-se. Qualquer pessoas que viva
em engano e tem uma mente aberta, não se endurecerá diante da
verdade revelada por Deus.
Direção vinda através de uma mente passiva é sujeita ao
engano. A Palavra nos adverte: «Amados, não creais a todo espírito,
mas provai se os espíritos vêm de Deus; porque falsos profetas t<êm
saído pelo mundo» (I Jo. 4:1). Para que possamos provar os espíritos,
teremos que usar tanto nossas faculdades espirituais, como também as
intelectuais, pois as impressões do espírito são transmitidas à mente e
compete-lhe analisá-las à luz da Palavra escrita, o que exige uma mente
ativa. Se isso não ocorre, todo tipo de engano não terá dificuldades em
se infiltrar. A pessoa pode receber uma direção que parece Divina, mas
não é. Todas as faculdades que temos, procedem de Deus e não foram
criadas para ficarem inativas. Nossa mente deve cooperar com o espírito
e ser capaz de receber dele a direção, de modo tão claro como entende
os sentidos e deles recebe direção.
Há quem julgue que não se deve questionar aquilo que parece ser
revelação e direção sobrenaturais. Se recebe uma profecia de alguém,
logo aceita. Acontece que isso é pecar contra o mandamento de provar
todos os espíritos. Todos os canais humanos, por mais usados que
sejam por Deus, são imperfeitos e não se pode aceitar cegamente uma
palavra, sem prová-la. Todos os sonhos, visões, pensamentos,
revelações e direções devem ser primeiro testados à luz da Palavra
escrita e as convicções que Deus nos traz ao coração. Tudo quanto
vem de Deus suporta o teste. Assim ocorrendo, será mais difícil às
forças das trevas nos levarem a uma passividade mental, que é porta
escancarada para o engano.
128
O mal entendimento da verdade é outro sintoma produzido
pela passividade da mente. A pessoa ouve uma mensagem e isola uma
frase de todo um contexto, sem um esforço intelectual de análise do que
foi ouvido e chega a conclusões que nada têm a ver com o que foi
ouvido. O mesmo ocorre com a leitura da Palavra. Toma uma frase e
não a estuda à luz de toda a revelação, e expõe-se ao engano. Pode
ocorrer ainda que ouça certos chavões ou ensinos baseados em apenas
uma parte da verdade e, por falta do uso da análise à luz de toda a
revelação bíblica, ela sucumbe ao engano. Vejamos alguns exemplos:
«Sou mais que vencedor» (Rm. 8:37). Engano: «Eu não devo ter
a minha própria mente». Verdade: Ninguém tem automaticamente a
mente de Cristo. Ela é residente no cristão, porque o Espírito Santo
habita nele, mas isso não retira a mente do cristão e a transforma na de
Cristo. Sua mente precisa ser renovada, para ir se conformando com a
de Cristo. Em segundo lugar, ele deverá se submeter à liderança do
Espírito e finalmente ter a Palavra habitando dentro de si. Tudo isso
exige tempo e crescimento, que é um processo.
«Deus me falou». Engano: «Eu sou liderado pelo Espírito, logo
não preciso da mente». Verdade: Deus fala através do meu espírito, e
minha mente deve estar em linha com meu espírito e entender o que
Deus está falando.
A verdade não colocada em equilíbrio com outras verdades,
se torna erro. Um sistema de doutrina construído sobre uma única
faceta da verdade, pode levar ao engano. O equilíbrio está em «todo o
conselho de Deus» (At. 20:27). Se alguém só prega poder, ou só cura,
ou só libertação, ou só batismo no Espírito Santo, uma única faceta da
verdade, seja ela qual for, o engano facilmente se estabelecerá. O ensino
da Bíblia abrange todos os aspectos da vida cristã e todos nós temos de
ser instruídos em todos eles, como Jesus mesmo declarou:
«...Ensinando-os a guardar todas as coisas que Eu vos tenho
ordenado...» (Mt. 28:20).
Todas as doutrinas bíblicas estão interligadas e se completam
num todo harmônico, dentro de um plano estabelecido por Deus.
Quando olhamos para a Bíblia como um todo, descobrimos a presença
de um Deus de plano, de propósito, de objetividade, de beleza, de
harmonia. Todos os ensinos se encaixam perfeitamente dentro desse
plano geral. Eis a razão porque quando alguém toma uma única
129
doutrina, e sobre ela constrói todo um sistema, labora em erro e leva
aquela verdade a extremos.
Uma mente fechada à luz e à verdade, é um sinal seguro de
engano. Toda mente fechada demonstra prisão. Ela adota a atitude de
«tenho tudo», «tenho a última revelação», »eu sou o único certo», «pelo
meu ministério virá o avivamento». Quem julga ter a última palavra em
todas as coisas e adota uma atitude de intolerância em relação aos que
entendem de modo diferente alguma doutrina, revela estar dominado
pelo erro ou engano. Quando Deus traz uma luz sobre algum aspecto da
revelação bíblica, não a traz para uma só pessoa. O testemunho interior
quanto àquela verdade virá a muitos. Se alguém é a única pessoa a
entender uma verdade de um modo diferente dos demais, existe uma
boa probabilidade de engano.
A mente do homem está em trevas e é influenciada pelo mundo,
pela carne, por tradições de homens, pela cultura e pelos sentidos. Ela
pode chegar a conclusões erradas, ser bitolada e aceitar o erro. Torna-
se necessário, portanto, termos a mente aberta à luz da revelação
Divina. Se reconhecemos o fato de que todos nós somos tendentes ao
erro, isso nos deixará abertos a confrontar nossas posições com a
Palavra.
Um dos enganos em nossos arraiais teológicos, é estudar a Bíblia
a partir de conclusões de uma pessoa em um dado período da História
da Igreja. Até mesmo as conclusões de concílios são passíveis de erro.
Existem vários ensinos que têm sido passados de geração em geração,
a partir dessas conclusões. Contudo os comentários Bíblicos, livros,
compêndios teológicos, revelam apenas o entendimento da pessoa que
o escreveu e seu nível de experiência naquela fase de sua vida. A
revelação de Deus é dinâmica; o mover do Espírito é dinâmico e temos
que acompanhá-lo. Assim como o homem tem crescido no
conhecimento das leis criadas por Deus desde o princípio, a Igreja, à
medida que caminha para a maturidade, deve crescer no conhecimento
das revelações Divinas, expressas na Bíblia desde os tempos em que
elas foram escritas. Para evitarmos os laços do engano, devemos estar
sempre voltados ao exame das Escrituras, na dependência do Espírito
Santo, em atitude de humildade e obediência.
130
Sintomas de Passividade

Muitas vezes, a passividade da mente é provocada por uma falta


de compreensão do lugar da mente na vida de uma pessoa rendida à
vontade de Deus e submissa à direção do Espírito Santo. Há quem
julgue que a submissão exclui o uso das faculdades mentais, que Deus
não precisa do nosso intelecto. A realidade, porém, é que Ele usa o que
o homem tem. Ele tanto precisa de um Pedro pescador, sem muita
cultura, como de um Paulo bem treinado, para atingir filósofos e
governantes. O trabalho ou desenvolvimento da mente não embaraça a
operação de Deus na nossa vida. O que a embaraça é o não uso dela,
pois isso leva à passividade, que é porta aberta para invasão de forças
malignas. O uso da mente por essas forças impede o desenvolvimento
da vida cristã, mas o saudável e normal desenvolvimento das faculdades
mentais, é imprescindível para uma atitude de rendição inteligente e
cooperação com Deus.
O homem é um ser ativo, dotado de ações e reações. Quando
existe inatividade onde uma ação se faz necessária, estamos diante
de uma clara manifestação de passividade da mente. Onde existe
uma ação descontrolada, como se a pessoa fosse uma máquina sem
controle, também a manifestação da passividade está presente. Na falta
de ação ou na ação descontrolada, deparamo-nos com uma obra
maligna, que tenta eliminar o uso normal do raciocínio, que, por sua vez
leva a decisões acertadas. Um ser humano, em plena posse de suas
faculdades usa-as de acordo com sua vontade. Quando alguém diz:
«não posso pensar», «não consigo lembrar», «não consigo me
concentrar», em outras palavras, onde há uma incapacidade de domínio
da situação, alguma coisa está errada. A mente está pesada, prisioneira,
a pessoa sente somo se algo a amarrasse.
A esta altura você já deve estar pensando: «será que minha mente
é passiva?» Como saber se a passividade mental está se infiltrando em
mim? Analisando os sintomas. Vejamos alguns deles:
Pensamentos repentinos. A mente é invadida por pensamentos,
idéias e imagens que a bombardeiam e chegam sem aviso prévio. É algo
que vem de fora. Não procede de uma reflexão ou concentração, que é
fruto de uma decisão de se debruçar sobre um determinado assunto. Os
sintomas da passividade envolvem pensamentos que são verdadeiros
131
intrusos que penetram sem serem convidados. Esse tipo de coisa
acontece acidentalmente com todas as pessoas, mas havendo uma
mente ativa, eles são logo abortados. Quando isso ocorre com
freqüência e a mente não os rejeita de pronto, aí, então, poderemos
considerá-la afetada pela passividade.
Paradas repentinas do pensamento. A parada repentina é o que
poderíamos chamar de «branco na mente». Em horas mais
inconvenientes, sem qualquer explicação plausível, a mente para e o
pensamento, ou raciocínio, ou análise, é interrompido. Existe aí uma
nítida interferência externa. Convém enfatizar que, na vida do cristão,
os ataques não procedem de um coração impenitente, que já foi
redimido, recriado pela obra regeneradora do sacrifício de Jesus por nós
e pela operação do Espírito Santo. Eles procedem de uma fonte exterior,
Satanás, ou da carne, que não foi redimida, ou ainda de uma mente não
renovada.
Pensamentos prisioneiros de certos padrões. Por exemplo:
pensamentos de rejeição. A pessoa vê tudo, analisa tudo a partir da
rejeição. Sua conclusão das circunstâncias e atitudes das pessoas é
irreal, porém, em sua mente, aquilo é uma realidade. Isso acontece em
relação ao medo, à preocupação ou outra área qualquer. O julgamento
das coisas não reflete uma análise da realidade, mas conclusões tiradas
a partir desses pensamentos de rejeição, medo, preocupação, complexo,
etc. Todo o modo de pensar é marcado por esses sentimentos negativos,
que convivem com a pessoa e tornam de fato seus pensamentos a eles
cativos.
Imaginação descontrolada. Aqui falamos de uma imaginação
falsa sobre as pessoas e coisas, fora da realidade. Uma mente dominada
por fantasias constantes. Diante das circunstâncias e das pessoas a
imaginação fica sem rédeas e, consequentemente, impede uma reflexão
clara e acertada da situação.
Sonhos. Uma mente dada a divagações, a construção de
«castelos no ar», cheia de fantasias. Todos já tiveram a experiência de
divagar uma vez ou outra, mas a mente passiva é assolada com
freqüência pelas fantasias, sem controle, e os sonhos irreais.
Insônia. Muita insônia é motivada por pensamentos
descontrolados ou mesmo pelos sonhos e fantasias, ou ainda pelo hábito
de pensamentos de medo, rejeição e preocupação. No momento em que
132
a pessoa vai dormir, esses pensamentos povoam a mente, produzem
tensão e afastam o sono natural.
Esquecimento. Um esquecimento freqüente é um claro sintoma
de passividade mental. É evidente da falta de concentração, de ordem e
análise na mente. Isso quer dizer que um esquecimento casual possa
revelar a presença de passividade. Falamos daquilo que se torna um
padrão, uma constante. É claro que, aos primeiros sintomas, deveremos
dar o grito de alerta, e assumir o controle da mente, para que ela não
seja dominada por forças estranhas.
Falta de concentração. O problema aqui se manifesta na
incapacidade de concentrar a mente ou atenção por muito tempo em
alguma coisa. Parece que os pensamentos estão sempre «voando», ao
sabor do «vento». Existe uma atenção passiva, que é facilmente
despertada, mas uma pessoa normal tem controle sobre sua mente e é
capaz de dirigir sua atenção ao que ela deseja. Quando isso não
acontece, estamos diante de um sintoma de passividade.
Perda da habilidade de comunicação. Aqui tratamos de um
grau elevado de passividade A habilidade de comunicar os pensamentos
e idéias vai sendo afetada. Os pensamentos são confusos e torna-se
difícil expressá-los e fazer-se entender.
Incapacidade de raciocinar. Todos os seres humanos são
dotados de raciocínio. Quando existe um bloqueio mental, a tal ponto
que a pessoa não desenvolve um raciocínio claro, estamos diante de um
sinal de perigo. A incapacidade de raciocinar aponta para uma prisão na
mente. De fato todos os sintomas abordados evidenciam uma obra
maligna, que visa suprimir o uso da faculdade de pensar, raciocinar,
refletir, julgar, comparar, decidir, com o fim de dominá-la.
133
Capítulo 11

SOLUÇÃO DE DEUS
PARA A PASSIVIDADE

Coloque a Armadura de Deus. (Ef. Cap.6)


Ela nos foi dada para proteção. Dentro dessa armadura,
destacamos três peças importantes na luta contra a passividade: O
capacete da Salvação, que protege a mente contra o engano; o Cinto
da Verdade, que protege contra as mentiras de Satanás e a Espada do
Espírito, que é a Palavra de Deus. Todas essas peças têm a ver com a
aplicação da verdade, que é o antídoto do erro. O engano é exposto pela
verdade. Por ela somos capazes de discerni-lo e vencê-lo. «Conhecereis
a verdade e a verdade vos libertará» (Jo. 8:32). Quando isso acontece
experimentamos a realidade da promessa: «Tu conservarás em perfeita
paz aquele cuja mente está firme em Ti; porque Ele confia em Ti»
(Is.26:3). Se firmo a minha mente em Deus, Satanás não me demoverá
facilmente.
«Não andeis ansiosos por coisa alguma; antes em tudo sejam os
vossos pedidos conhecidos diante de Deus pela oração e súplica com
ações de graças; e a paz de Deus, que excede todo o entendimento,
guardará os vossos corações e os vossos pensamentos em Cristo Jesus.
Quanto ao mais irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto,
tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que
é de boa fama, se há alguma virtude, esse há algum louvor, nisso
pensai» (Fp.4:6-8).
O engano é expulso pela Palavra. Se a mente é aberta, um
confronto com a verdade da Palavra a leva a discernir o erro e trabalhar
na sua libertação. A verdade está expressa na Bíblia. Paulo nos exorta
a «Não vos conformeis com este mundo, mas transformais-vos pela
renovação da vossa mente, para que experimentais qual seja a boa,
agradável e perfeita vontade de Deus» (Rm. 12:2). E como saber a
vontade de Deus? Na Sua Palavra. Quando começamos a expor a mente
à Palavra de Deus, ela vai sendo renovada, restaurada, a verdade vai
sendo impressa, reconhecemos o erro e temos condições de rejeitá-lo.
134
Como descobrimos que temos um erro em nossa vida? Quando nos
confrontamos com a verdade. A Palavra traz luz ao nosso entendimento,
e discerne os propósitos do coração, como está escrito:
«Porque a Palavra que Deus fala é viva e cheia de poder
tornando-a ativa, operante, energizadora e efetiva; ela é mais afiada
do que qualquer espada de dois gumes, penetrando até a linha divisória
do fôlego da vida (alma) e o imortal espírito, e juntas e medulas das
partes mais profundas de nossa natureza, expondo e peneirando e
analisando e julgando os verdadeiros pensamentos e propósitos do
coração» (Hb. 4:12 – Amp.).
Se você for honesto, tomar a Bíblia porque quer crescer e
conhecer a revelação, numa disposição de obediência, pronto para o
confronto com a verdade e a mudança necessária, o Espírito Santo lhe
trará luz, você irá crescendo e aquilo que porventura você incorporou
ao longo do caminho e contraria a verdade de Deus, será exposto,
reconhecido e rejeitado, porque onde penetra a verdade, o engano é
exposto. Consideremos, pois, algumas medidas práticas:
Localize a fonte de problema e sofrimento. Não tente fugir. É
doloroso perceber que fomos vítimas da passividade e do engano, mas
não há o que temer. Deus está conosco para nos conduzir à luz e à
vitória. O caminho é encarar de frente a dificuldade, pedindo ao Espírito
que revele o coração do problema.
Espere para ser iluminado pela luz de Deus, expressa em Sua
Palavra, sob a direção do Seu Espírito. Não admita ser simplesmente
assolado por um espírito de dúvida, mas espere no Senhor enquanto
analisa a questão e estuda a Palavra. A luz virá por certo.
Resista cada mentira lançada em sua mente com textos da
Bíblia que se ajustam ao seu caso. Saiba que é um confronto real entre
a verdade e o erro. Satanás tentará segurar a área que antes dominava,
mas pela sua resistência, sua determinação e firmeza no combate por
uma completa libertação, as forças contrárias serão abaladas,
demolidas.
Lance fora, uma a uma, cada mentira e suas obras. À medida
que você é convencido de uma verdade rejeite a mentira que se lhe opôs
e que estava em sua mente. Pode ser que você tenha recebido todo um
corpo de doutrina cheio de enganos. Cada um dos ensinos errados
135
deverá ser lançado fora, com determinação, com o auxílio do
Espírito Santo, à medida que a luz chega.
Deixe a luz da Palavra penetrar cada área de sua vida. Deus
conhece os propósitos do seu coração. Onde há sinceridade e busca,
Deus vem em seu socorro. Se você se expõe sinceramente à luz de Deus,
ela irá penetrando. Não se assuste com o processo. Parecerá às vezes
doloroso, às vezes demorado, mas o doce Consolador estará ao seu lado
para orientá-lo em cada área e conduzi-lo em triunfo.
Renove a mente. Depois de ter colocado a armadura de Deus,
tendo-se preparado para a batalha, exposto sua mente à verdade de
Deus, começa um sério trabalho de renovação. Nosso padrão de
pensamentos depende daquilo que tem sido lançado na mente.
Portanto, a primeira coisa a ser feita, no que concerne à renovação, é
examinar a fonte de seus pensamentos. A estrutura de conceitos,
filosofias e pensamentos, foi construída com que ensinos? Muitas vezes
estamos sendo alimentados pelos pensamentos do mundo, pelos
conceitos expressos nos jornais e na televisão, ensinos enganosos de
alguma linha de ocultismo, pela leitura de filosofias influenciadas pelo
espírito do erro, paganismo ou idolatria, e por conceitos religiosos
extraídos de mentes dominadas pelas trevas.
Enfatizamos aqui em princípio: nosso padrão de pensamento
depende do que alimenta nossa mente. E aqui vai um conselho: nunca
ouça ou leia alguma coisa, com uma mente passiva. Nunca se exponha
a qualquer forma de ensino, conceitos, princípios, idéias, filosofias e
raciocínio, sem confrontá-los com o padrão da verdade, que é a Bíblia.
Para que isso possa acontecer, você precisa de um conhecimento
sólido da Bíblia. Qualquer exame exige um ponto de referência. O
estudo regular e sintético da Palavra de Deus é fundamental na
renovação da mente. Não estamos falando de uma leitura casual da
Bíblia, mas de um estudo acurado. Para que um princípio seja
assimilado e estabelecido, temos que nos expor a ele repetidamente.
Está provado que precisamos ler alguma coisa de oito a dez vezes, para
poder assimilá-la. Isso significa que um conhecimento razoável da
Bíblia exige uma leitura repetida. Para além disso, vem o estudo, a
memorização, a meditação, como um modo de viver. As coisas que
fazemos automaticamente, são aquelas que se incorporam aos nossos
hábitos , pela repetição. Deveríamos estar tão cheios da Palavra e com
136
a mente tão renovada que, diante de qualquer desafio, a Palavra
aplicável àquela situação pudesse vir à tona sem esforço.
Traga cada pensamento em obediência a Cristo (2Co. 10:5).
A Palavra de Deus deve ser a fonte dos nossos pensamentos. Cada
pensamento intruso que não está em perfeita linha com ela, deve ser
levado prisioneiro a Cristo. O que isso significa? Tomar consciência de
cada pensamento estranho e «dar o grito»: «Alto lá, rejeito este
pensamento e o sujeito a Jesus!» Convém salientar que 2 Coríntios
10:4,5 fala de fortalezas construídas com pensamentos:
«Porque as armas da nossa luta não são físicas armas de carne
e sangue, mas elas são poderosas em Deus para a derrubada e
destruição de fortalezas, visto que refutamos argumentos e teorias e
raciocínios e toda coisa orgulhosa e arrogante, que se levanta contra
o verdadeiro conhecimento de Deus: e levamos cada pensamento e
propósito cativo à obediência de Cristo (O Messias, o Ungido)».
(V.Amp.)
A tática de Satanás é edificar em nossa mente verdadeiras
fortalezas, através de raciocínios argumentos, teorias, pensamentos,
imaginações, idéias, enfim, um padrão de pensamento contrário à
Palavra de Deus. Usando a própria verdade, torná-los-emos prisioneiros
de Cristo Jesus.
Liberte sua mente da carne (Rm. 8:7). O que isso quer dizer?
Não estimule a carne. Muitos vivem voltados para os sentidos, o mundo
da matéria, da carne. Mas a inclinação da carne produz a morte. Quem
deixa sua mente se levar por ela fica com o raciocínio embotado e
distorcido. Vivendo numa sociedade que tudo faz para gratificar a
carne, entregue aos seus prazeres, devemos vigiar e encher a mente com
as imagens extraídas da Bíblia, e não da enxurrada de sensualidade que
é despejada sobre nós através de todos os meios de comunicação.
O crente tem a responsabilidade de renovar sua mente. Não
há modo de dar expressão à vida de Deus em nosso espírito, sem um
programa de renovação da mente. Com a Palavra de Deus. A salvação
tem que atingir nossa mente, do contrário não haverá posse da Terra,
das bênçãos destinadas aos filhos de Deus. Há um potencial em nosso
espírito recriado que, para encontrar plena expressão, precisa de uma
mente renovada, pois sem que isso aconteça, não há como fluir. A
137
mente tanto pode ser canal de libertação de vida no espírito, como
instrumento de resultados a serem colhidos.
Deixe que o arrependimento tenha a sua perfeita obra. Sem
ele, jamais haverá mudanças duradouras. A libertação permanente não
ocorre sem o arrependimento, como já demonstramos. Se há cadeias em
nossa mente, é porque um lugar foi dado ao adversário. É
imprescindível agora localizá-lo, expor-nos ao arrependimento e deixar
que ele produza sua obra purificada e pacificadora em nós. Por meio
dele, cancelamos qualquer direito que tenha sido da do às forças das
trevas, e nos abrimos ao auxílio do Espírito Santo.
A passividade é expelida pela ativação da mente. Tome uma
decisão. A mente será ativada, em primeiro lugar, por uma decisão da
vontade. Tudo quanto fazemos na vida passa, necessariamente, por uma
tomada de posição. Diga para si mesmo: «esta mente é minha e vou usá-
la. Não permitirei que forças estranhas a controlem». Essa tomada de
posição é imprescindível para vencer as pressões externas que
certamente virão. O homem tem uma vontade livre, outorgada pelo
próprio Deus, e nem Satanás pode violá-la. Guarde isso em seu espírito:
Satanás só tem o direito que nós lhe damos. No momento em que
assumimos uma posição firme, intransigente, sem retorno, contra ele e
seus princípios e a favor de Deus e Seus princípios, ele não tem
alternativa senão recuar. Qualquer mudança em nossa vida passa,
necessariamente, por uma firme tomada de posição, uma decisão.
Exercite a mente tomando iniciativas. Em cada ação que se faz
necessária, não dependa de outros para tomarem a decisão por você.
Tome a iniciativa de decidir de acordo com o seu julgamento da
situação. Se você não tem exercitado sua mente em tomar decisões,
talvez lhe parecerá difícil, a princípio, mas prossiga, e estará dando
passos para a libertação da passividade mental, tão danosa à alma,
espírito e corpo. Muitos se sentem incapazes de tomar decisões, até
quanto ao que comprar, ao que vestir e ao que comer. Pais super-
protetores, que educaram seus filhos tomando as decisões que lhes
competia, são uma das causas para esse tipo de problema. Mas seja qual
for a origem da sua dificuldade, resolva tomar decisões, ainda que
algumas, a princípio, não sejam as melhores. Não entre em pânico, se
isso vier a acontecer. É melhor errar em campo, do que ficar do lado de
fora, como espectador, sem nunca entrar nele, por medo de errar.
138
Também aprendemos dos próprios erros, e estes podem ser
instrumentos de amadurecimento.
Exercite a mente pensando. Desenvolva o hábito de pensar,
raciocinar, lembrar e entender. Exercite a mente, organizando seu dia,
refletindo sobre textos da Palavra, analisando o que ouve, o que faz,
fazendo planos. Não vira cada dia sem refletir, sem planejar. A mente
responde ao exercício, à semelhança do corpo. Quando se começa um
sistema de exercícios físicos haverá dores nos músculos, letargia no
corpo, mas depois de algum tempo estes estarão respondendo sem
dificuldade. O mesmo ocorrerá com sua mente. Se você não está
habituado a estudar, memorizar, comparar, refletir, analisar, vai parecer
difícil, mas não desista. Pense, pende, pense e Deus virá em seu auxílio.
A incapacidade de parar para pensar é brecha para o inimigo se infiltrar.
Não deixe sua mente solta, a divagar; não permita o «branco» na
mente. Force-a a pensar. Há muitas ocasiões de ociosidade mental que
poderão ser usadas nesse exercício. Por exemplo, enquanto viaja em
qualquer tipo de transporte, caminha pelas ruas, faz um trabalho
manual, rotineiro, que não exige concentração mental. Que tempo
maravilhoso para direcionar os pensamentos para Deus, para a
intercessão, o louvor, a adoração, a meditação da Palavra! Um bom
hábito para quem tem carro é colocar um toca-fitas e ouvir a leitura da
Bíblia ou mensagens gravadas e até mesmo hinos que estimulam à
oração. Quem trabalha em casa na cozinha ou em outra atividade
manual, pode fazer o mesmo. Quem se exercita pode usar o tempo para
recordar textos bíblicos. Quem usa o transporte coletivo pode
memorizar versículos escritos em pequenos cartões ou de uma caixa de
promessas. Há inúmeras maneiras de usar o tempo de ociosidade da
mente para ativá-la.
O importante é conduzir a mente ao lugar onde ela será edificada,
renovada e controlada. Direcione-a sempre para a Palavra, para Deus e
às coisas que são de cima e ela responderá a essa disciplina. E não se
esqueça: a fonte de seus pensamentos deve ser a Palavra de Deus.
Determine o estado de normalidade e lute por ele até o fim.
Qual o ideal? Qual o plano de Deus para você? Como deve ser uma
mente sadia? Descobrindo a resposta a essas perguntas, você tomará
consciência de como deve ser e , então, é só trabalhar no sentido de se
aproximar cada vez mais do ideal. E é bom lembrar que tudo isso
139
obedece a um processo que pode ser mais ou menos lento, de acordo
com a atitude e o investimento de tempo e esforço de cada um na sua
própria restauração.
140
Capítulo 12

UMA MENTE LIVRE

Qual o padrão de Deus para a mente do seu filho? Como


reconhecer que ela é livre? Analisaremos algumas das características da
mente que encontrou sua libertação em Cristo.
Os pensamentos sujeitos a Cristo constituem-se a primeira
característica. «Derribando raciocínios e todo baluarte que se ergue
contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo pensamento à
obediência a Cristo» (2 Co. 10:5). Levar cativos os pensamentos à
obediência de Cristo significa fazer com que cada um deles, que foi
abrigado na mente, esteja em linha com a Palavra de Deus. A palavra
«obedece», no grego é «hupakoe», que vem de «hupo», «sob», e
«akouo», «ouvir»- Ela significa ouvir atentamente, ouvir com
condescendente submissão, assentir e concordar. É usada para
obediência em geral, aos comandos de Deus e a Cristo.
• Mente em linha com o seu espírito recriado é outra
característica. (Rm. 8:6). Kenneth S. Wuest assim traduz
Romanos 8:5-8: «Os que são habitualmente dominados pela
natureza pecaminosa colocam suas mentes nas coisas da
natureza pecaminosa, mas aqueles que são habitualmente
dominados pelo Espírito colocam suas mentes nas coisas do
Espírito. Porque ter a mente dominada pela natureza
pecaminosa é morte, mas ter a mente dominada pelo Espírito é
dominados pelo Espírito colocam suas mentes nas coisas do
Espírito. Porque ter a mente dominada pela natureza
pecaminosa é morte, mas ter a mente dominada pelo Espírito é
vida e paz;
porque a mente dominada pela natureza pecaminosa é hostil a
Deus, pois ela não se sujeita às ordens da lei de Deus, nem é capaz de
fazê-lo. Portanto, todos quantos estão na esfera da natureza
pecaminosa não são capazes de agradar a Deus».
Uma mente livre para se concentrar, perceber, lembrar,
raciocinar e compreender. Deus nos fez seres inteligentes, e toda
141
mente sadia pode se concentrar naquilo que quiser e por tempo
considerável. Compreender as coisas, ser capaz de análise, reflexão,
julgamento e raciocínio, é algo normal. A mente livre não tem
dificuldade em nenhuma dessas áreas. Ela está em plena posse dos seus
poderes inerentes, outorgados por Deus.

Três Princípios do Espírito

1. O Espírito Santo revela a vontade de Deus no espírito do


homem para que este a conheça.
O homem interior, isto é, seu espírito, é o lugar onde as
comunicações de Deus acontecem. «O espírito do homem é a lâmpada
do Senhor» (Pv. 20:27). «O Espírito mesmo testifica com o nosso
espírito que somos filhos de Deus» (Rm. 8:16). Em nosso espírito
acontece o entendimento das coisas espirituais. Ali são recebidas as
impressões , a luz e direção de Deus para os Seus filhos. Não é no corpo,
nem na mente, que o plano de Deus para nossa vida é revelado e, sim,
em nosso espírito humano recriado pelo Espírito de Deus. O veículo
dessa comunicação é o Espírito de Deus.
2. Através da mente o cristão compreende o significado da
revelação e age de acordo com ela.
A mente não é aniquilada, mas recebe e decodifica as mensagens
do espírito. O espírito humano recriado e habitado pelo Espírito Santo
recebe a comunicação, a impressão, a luz e, por sua vez, transmite-as à
mente. É na mente que a direção será analisada à luz da Palavra; nela
tudo será julgado de acordo com a revelação escrita. A mente renovada
com a Palavra não terá problema em entender a revelação acontecida
no espírito, decidindo, portanto, andar de acordo com ela.
3. Com sua vontade a pessoa age de acordo com a revelação.
A cooperação do espírito e da mente é necessária à compreensão
da vontade de Deus. Só então o homem pode tomar uma decisão
consciente a respeito da direção espiritual. Haverá sempre uma
submissão inteligente, no pleno uso de suas faculdades aos propósitos
de Deus revelados no homem interior. É assim que o espírito e alma
caminham em interdependência.
142

Confissão

Faça agora em voz alta uma confissão, apropriando-se do que


temos estudado. Coloque sua mãos na testa, como forma de tornar mais
real sua decisão de controle da sua mente:
«A minha mente, sede da minha alma, não será depósito para o
lixo de Satanás, mas para a Palavra de Deus. Renová-la-ei a com a
Palavra de Deus. Em Nome de Jesus, expulso da minha mente todo
pensamento, toda imagem, todo raciocínio, todo princípio, toda
conclusão e toda estrutura de pensamento que não se ajusta à Palavra
de Deus. Tomo cada pensamento cativo à obediência do Senhor Jesus.
Coloco sobre a minha cabeça, o capacete da salvação e me cinjo
com a verdade. Disponho-me a renovar minha mente, a usá-la, a pensar,
raciocinar, refletir, estudas a Palavra de Deus, até que ela reflita a mente
de Jesus, residente em mim, na Pessoas do Espírito Santo. Pai, firmo a
minha mente em Ti e «Tu conservarás em perfeita paz, aquele cuja
mente está firme em Ti, porque confia em Ti».
Em Nome de Jesus, rejeito toda cadeia construída em minha
mente. Pai, vem agora, pelo poder do Teu Espírito, quebrar toda prisão
na minha mente, todo engano, toda a fortaleza construída desde a
infância, Expulso toda a passividade da mente e toda influência
maligna. Na autoridade de Cristo Jesus, desalojo todo pensamento que
Lhe é contrário. Resisto as forças invisíveis das trevas que tentam
perturbar a minha mente com pensamentos de dúvida, rebeldia,
incredulidade, sensualidade, mentira, pornografia, angústia, depressão,
medo, mágoa, ódio, amargura e coisas semelhantes, em Nome de Jesus.
Todas as cadeias da mente jogo agora por terra, no Nome de
Senhor Jesus. E agora venha a Tua luz e Tua paz sobre a minha mente.
Vem Tu, agora, pelo Teu poder, cingir minha mente com o Teu Espírito.
Reforça a guarda dos teus anjos em volta de mim, num mundo tão
conturbado. Pai, fortalece minha mente, minha vontade e meu espírito.
Recebo agora Tua paz para minha mente, minhas emoções e meu
corpo. Concede-me a vitória, para que minha mente se levante renovada
e eu seja um canal transparente, através do qual as revelações do Teu
143
Espírito fluam. Liberta-me de tradições humanas e dá-me a graça de
viver na Tua presença, com uma mente livre e inteiramente consagrada
a Ti. Disponho-me a trabalhar para que ela seja um depósito da Tua
Palavra e reflita cada vez mais a mente do Senhor Jesus. Dou-Te graças
porque farás infinitamente mais do que penso e Te peço, em Seu
maravilhoso Nome».

Leis da Mente

1. O homem busca em que colocar a sua mente: na carne ou


no espírito (Rm. 8:6).
É ele quem determina onde ela habitará, Se atender ao conselho
bíblico, estará em Deus: «Se, pois, fostes ressuscitados com Cristo
para uma nova vida, compartilhando portanto Sua ressurreição da
morte, objetivai e procurai os ricos, eternos tesouros que estão no
alto, onde Cristo está, sentado à direita da mão de Deus Sl. 110:1. E
colocai vossas mentes e conservai-as no que está no alto (as coisas
mais elevadas), não nas coisas que são da terra» (Cl. 3:1,2-Amp.).
2. O espírito produz vida e paz. A carne produz morte.
O que o homem vai manifestar em suas atitudes dependerá de
onde ele colocar sua mente. Manifestamos em nossas atitudes o tipo
de alimento que danos à nossa mente. Se colocamos a mente no
espírito, a personalidade manifestará a vida e a paz de Deus; se a
inclinamos para a carne, suas marcas se farão presentes.
3. Toda direção de Deus é transmitida pelo espírito.
Para que o homem receba direção de Deus, é evidente que sua
mente terá que estar voltada para o espírito. A própria Palavra é
entendida no reino espiritual. A fé opera no reino do espírito e é nesse
reino que a Palavra funciona e é compreendida. Ela é inspiração Divina,
e só pelo espírito será recebida. A Bíblia não é como os demais livros,
que são entendidos meramente pelo intelecto. Ela é inspirada por Deus,
nascida no reino espiritual, e toda direção transmitida através dela, é
primeiro recebida no espírito.
144
4. A direção recebida nos dá uma oportunidade de fazer
uma escolha.
A direção recebida, por si só, não chega. Ela exige agora uma
decisão de aceitá-la ou rejeitá-la. Quando o conhecimento da Palavra
de Deus nos chega, temos a possibilidade de ignorá-lo ou mudar nossa
atitude a fim de que esta seja ajustada a tal conhecimento. Por exemplo:
se você se expuser ao ensino contido nestas páginas, porém na da fizer
a respeito, as verdades aqui expressas não afetarão a sua vida. Mas
havendo uma escolha de abraçá-las e viver de acordo com elas, tudo
será diferente. Como em todas as demais áreas, há um lado que diz
respeito à ação Divina e o outro diz respeito à resposta do homem. Deus
nos dá a luz, e nós andamos de acordo com ela. Dele vem a direção,
e nós a obedecemos.
5. Uma mente perturbada é danosa à vida espiritual (Fp. 4:6-
8;Is.26:3).
A palavra, no entanto, apresenta a solução para que a mente seja
clara, livre de toda forma de perturbação. Em Filipenses 4:6-8 está um
grande segredo: «Não andeis ansiosos por coisa alguma; antes em tudo
sejam os vossos pedidos conhecidos diante de Deus pela oração e
súplica com ações de graças; e a paz de Deus, que excede todo o
entendimento, guardará os vossos corações e os vossos pensamentos
em Cristo Jesus. Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo
o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é
amável, tudo o que é de boa fama, se alguma virtude, e se há algum
louvor, nisso pensai»
Todo pensamento que não passa na peneira de Filipenses 4:8,
seja estrangulado, completamente abortado. Um bom hábito é
memorizar este versículo e analisar Cada pensamento à luz do que nele
está escrito.
6. A mente não deve ser governada pelas emoções.
Paulo declara em 2 Timóteo 1:7: «Porque Deus não nos deu o
espírito de covardia, mas de poder, de amor e de moderação». A Versão
Amplificada assim traduz: «Porque Deus não nos deu um espírito de
timidez (de covardice, de temor e medo servil e bajulador), mas Ele
nos tem dado um espírito de poder, de amor e de calma, e mente
equilibrada, e disciplinada e auto-controle».
145
7. A cabeça deve ser conservada em estado de humildade.
Paulo, em conversa com os anciãos de Éfeso, declara: «Vós bem
sabeis de que modo me tenho portado entre vós sempre, desde o
primeiro dia em que entrei na Ásia, servindo ao Senhor com toda a
humildade, e com lágrimas e provações que pelas ciladas dos judeus
me sobrevieram» (At. 20:18,19).
Uma atitude humilde era marca do apóstolo. Se formos capazes
de conservar uma mente humilde, Deus poderá fazer alguma coisa
através de nós. É uma mente humilde que é capaz de reconhecer a
necessidade de restauração e nos levar a trabalhar por ela, através da
sua renovação. Se alguém está cheio de si, nunca se desenvolverá. Se
alguém tem um conceito exagerado de si mesmo, dominado por uma
mente orgulhosa e auto-suficiente, jamais prosperará. A atitude do
«tendo tudo», «sei tudo», «sou o melhor», é sintoma de prisão e engano.
Contudo, desenvolvendo uma mente humilde, haverá possibilidade de
progresso..
8. A Palavra de Deus deve ser colocada na mente (Hb. 8:10).
Há uma promessa na Bíblia muito interessante, falando do tempo
em que a Palavra de Deus não mais estaria apenas na pedra, mas no
próprio entendimento e no coração: «Ora, este é o pacto que farei com
a casa de Israel, depois daqueles dias, diz o Senhor; porei as minhas
leis no seu entendimento, e em seu coração as escreverei; eu serei o seu
Deus, e eles serão o meu povo» (Hb. 8:10). A Versão Amplificada
assim traduz: «Porque esta é a aliança que farei com a casa de Israel
depois daqueles dias, diz o Senhor: imprimirei minhas leis sobre suas
mentes, até mesmo sobre os meus pensamentos mais profundos e
entendimento, e as gravarei em seu corações, e Eu serei o seu Deus e
eles serão o meu povo».
Temos no texto acima a presença da mente e do espírito. Coração
é sinônimo de espírito. Os dois estão juntos. A palavra escrita chega
primeiro à mente, e desce depois ao espírito, onde é compreendida. As
impressões de Deus chegam inicialmente ao nosso espírito, mas a
Palavra escrita chega primeiro à mente. Portanto, A Palavra deve ser ali
gravada, para que possa chegar ao coração.
146
9. A mente não deve operar independentemente da
liderança do espírito.
Mente e espírito devem caminhar de mãos dadas. Ignorar um ou
outro, é laborar em erro.
Nossa conclusão é: O crescimento espiritual e a renovação da
mente vêm quando deixamos a verdade de Deus penetrar em cada
parte do nosso pensamento. A palavra diz: «transformai-vos pela
renovação da vossa mente...» (Rm. 12:2) e «e vos renovar no espírito
das vossa mente» (Ef. 4:23). Kenneth Wuest, em seu comentário de
Efésios, cita Vicent, que diz:
«O objetivo do apóstolo é estabelecer a auto-atividade moral da
vida cristã. Portanto, pneuma (espírito) é aqui o princípio de vida mais
elevado no homem, pelo qual a razão humana, vista do seu lado moral
(o órgão do pensamento e conhecimento moral) é informada. A
renovação acontece, não na mente, mas no espírito dela; mudança não
é na mente psicológica, quer em sua essência ou em sua operação; nem
tão pouco na mente e como se fosse uma mudança superficial de
opinião sobre pontos de doutrina ou prática: mas é no espírito da
mente; naquilo que dá a mente tanto sua capacidade quanto seu
material de pensamento. Não é simplesmente no espírito como se
repousasse na obscuridade e na quietude mística; mas é no espírito da
mente; no poder que, quando transformado ele mesmo, altera
radicalmente a completa esfera do mecanismo interior (Eaddie)».
A renovação do «espírito da nossa mente» é um imperativo. Esta
vem, quando permitimos a verdade de Deus permear cada área do nosso
ser. «Lavrai o campo alqueivado» (Os. 10:12). Assim ocorrendo, não
somente nossa forma de pensamento é alterada, mas, acima de tudo,
nossas atitudes passam a se conformar com os princípios Divinos que
agora dominam nosso sistema de pensamento, extraídos da própria
Palavra de Deus. Isso fará com que experimentemos a realidade das
palavras de Jesus: «As palavras que Eu vos falo são espírito e vida» (Jo.
6:63).
147
Oração por Estabilidade Mental e Emocional

Estive cansado e oprimido, mas vim a Ti, Senhor Jesus e me deste


descanso. Tomei sobre mim o Teu jugo e tenho aprendido de Ti, que és
manso e humilde de coração; tenho encontrado descanso para a minha
alma, porque o Teu jugo é suave e o Teu fardo é leve (Mt. 11:28-30).
Resta ainda um repouso sabático para o povo de Deus. Pois
aquele que entrou no descanso de Deus, esse também descansou de
suas obras, assim como Deus das Suas. Ora, à vista disso, procuro
diligentemente entrar naquele descanso, para que eu não venha a cair
no mesmo exemplo de desobediência (Hb. 4:9-11).
Tu me conservarás em perfeita paz, porque minha mente está
firme em Ti e confia em Ti (Is 26:3).
Tenho muita paz, porque amo a tua lei, e nada me fará tropeçar
(Sl. 119:165).
As armas da minha batalha espiritual são poderosas em Deus.
Com elas derrubo as fortalezas que Satanás construiu na minha mente.
Sujeito todos os meus pensamentos à obediência de Cristo. Três das
minhas armas espirituais são: proclamação da Palavra, ações de graça
e louvor. (Baseada em 2 Co. 10:3-5).
Não ando ansioso por coisa alguma; ante em tudo meus pedidos
são conhecidos diante de Ti, ó Deus, pela oração e súplica, com ações
de graça; e a Tua paz, que excede todo o entendimento, guarda o meu
coração e os meus pensamentos em Cristo Jesus. Finalmente, tudo o
que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é
puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma
virtude e se há algum louvor, nisso penso (Fp. 4:6-8).
148
PARTE IV

A CONQUISTA DA VONTADE

A vontade do homem é uma das grandes dádivas outorgadas por


Deus. Ela expressa a essência do seu ser e revela o grau de experiência.
É o fator determinante de todas as escolhas da vida e nada é realizado
pelo homem sem o exercício de tão importante faculdade. É, portanto,
imprescindível a sua conquista, a fim de que todas as suas decisões
cooperem para o bem e não para o mal.
O criador deu ao homem uma vontade livre e nunca coage, força
ou controla. No uso dela, escolhas são feitas que determinam sua vida
diária e seu destino eterno. A vontade é o que fica entre o bem e o mal,
aquela parte do homem que quando ligada à vontade de Deus, traz uma
união que gera uma harmonia entre a criatura e o Criador, libera o poder
de Deus e completa salvação. A vontade do homem é tão sagrada que
Deus respeita a sua decisão. Se o homem decidir rejeitar a Deus para
sempre, Ele ainda assim respeitará sua escolha.
Depois de estudarmos sobre a conquista da mente, a seqüência
lógica é a conquista da vontade. Uma depende da outra, Uma mente
livre exige uma vontade livre, Que o Espírito de Deus traga luz e
entendimento, enquanto nos debruçamos sobre a conquista da vontade.
149
Capítulo 13
O POTENCIAL DA VONTADE

Dissemos que a Terra por dentro deve ser conquistada, isto é, a


Terra da mente, da vontade, das emoções e do corpo. Qualquer área a
ser tratada envolve o uso da vontade.
Nossas decisões determinarão onde passaremos a eternidade
e que tipo de pessoas seremos na Terra. Logo, é de suma importância
a conquista da vontade, para que ela seja um instrumento de Deus e não
do mal em nossa vida, permitindo-nos usar esse órgão de decisão para
nosso próprio bem.
Deus criou o homem com capacidade para tomar decisões. A
vontade, dissemos, fica entre o bem e o mal. Temos dois caminhos e é
ela quem vai determinar a qual deles iremos seguir. Podemos fazer
nossas escolhas. Por causa da imagem de Deus no homem, ele possui o
que chamamos de «livre arbítrio», isto é, a capacidade de tomar
decisões. Essa habilidade outorgada por Deus é tão sagrada, que nada,
nem ninguém poderá levar o homem a agir contrário ao seu querer. Daí
porque a estratégia de Satanás contra ele consiste em trazer prisões à
mente e enfraquecer a vontade, para que o seu potencial não seja usado.
Deus deu ao homem uma vontade livre. Se a vontade de
alguém se torna prisioneira, é por causa da sua própria atitude de não
lançar mão dela. Ainda assim é possível ao homem mudar de rumo,
escolhendo o caminho da liberdade que lhe é oferecido em Cristo.
Cada um de nós está usufruindo as conseqüências de nossas
próprias escolhas. E a maior tragédia é lançar mão de um privilégio
Divino, como o da escolha, para nossa destruição. Que Deus nos
conceda a graça de sermos restaurados em nossa vontade, pois somos
livres para determinar o caminho pelo qual iremos seguir.
O homem permanece no pecado pelo uso de sua vontade livre.
Ninguém pode eximir-se da culpa de viver contrário a Deus. O homem
tem uma tendência herdada de nossos primeiros pais, de responsabilizar
outros, ou as circunstâncias, pelas suas escolhas, mas isso é irreal. O
homem é livre para escolher e, portanto, responsável. Se ele vive no
pecado, é porque gosta dele, decidiu permanecer nele. Ainda assim tem
150
a liberdade de mudar de pensamento e decidir dar-lhe a costas e
voltar-se para Deus.
A vontade do homem é seu eu real. Ela está na origem de todas
as escolhas e decisões. De fato a vontade revela o caráter do próprio
homem. É impossível separá-lo dela, pois expressa o que ele é e tem
dentro de si mesmo. Não existe qualquer área em sua vida que não seja
por ela afetada. Vale a pena, portanto, investir em sua restauração, para
que ela se harmonize com o propósito Divino para o qual foi dada.
A Vida Espiritual Começa Com Uma Escolha
Jesus declarou: «Pai, se queres, passa de mim este cálice;
contudo, não se faça a minha vontade, mas a Tua» (Lc. 22:42). Jesus
tinha vontade? Tinha. Qual era? Fazer a vontade do Pai, Aqui Ele não
revela ausência de vontade própria, mas a disposição de abrir mão dela
a favor da vontade do Pai, reconhecendo-a como a melhor para a Sua
vida. Aqui está o verdadeiro exercício do livre arbítrio, em harmonia
com o Pai, que no-lo outorgou. Conquistar a vontade é alcançar a plena
liberdade para rejeitar o mal e seguir o bem, a verdade, o caminho
proposto pelo Pai. O homem é uma criação moral de Deus, responsável,
livre, dotado de poder de escolha e pode, perfeitamente, rebelar-se
contra o domínio do pecado em sua vida e tomar a decisão irrevogável
de, à semelhança de Jesus, poder dizer: «A minha comida é fazer a
vontade do meu Pai que me enviou e realizar a Sua obra» (Jo. 4:34).
Entregamo-nos a Jesus, por uma escolha. Nossa entrada no
caminho da salvação, passa por uma escolha, uma tomada de decisão.
Vivemos na Sua presença e O servimos, por uma escolha. É verdade
que Deus é quem toma a iniciativa de nos buscar, mas somos nós que
respondemos, decidindo aceitar ou rejeitar Sua oferta de amor.
Quando ouvimos o Evangelho, este entrou pelos nossos ouvidos,
nossa mente o entendeu, nossos sentimentos foram despertados, desceu
ao nosso espírito e a vontade disse sim. Por causa dessa escolha Deus
nos tornou livres. E Sua vontade é que todo o potencial do que Ele nos
deu, seja plenamente usado para nosso bem e Sua glória.
A vontade de Deus deve-se tornar o alvo da nossa vida, em
vez do eu. Sabemos que todo o desejo e propósito de um Pai que nos
ama tanto, a ponto de nos enviar o que de mais precioso tinha, Seu Filho
Amado, Jesus Cristo, é o melhor; é para nosso bem. Abraçar Sua
151
vontade, como nosso alvo supremo, é fazer a nós mesmos o maior
bem da vida. O que é o arrependimento real, senão o abandono da
vida centralizada no eu, a favor da vontade do Criador e Pai? A
salvação liberta o homem, não só de sua carne natural, mas também de
sua vontade emanada de um eu independente de Deus, que quer seguir
seu próprio caminho, sem perceber que isto o levará à destruição. Abrir
mão da vontade que brota desse eu independente, nem sequer pode ser
chamado de renúncia, porém a escolha mais sensata que um homem
inteligente pode fazer.
A vida espiritual é mais do que emoções e intelecto. Deus quer a
salvação da nossa vontade. Isso quer dizer que estaremos em condições
de analisar dos caminhos, reconhecer qual é o melhor e poder decidir a
favor deste. A vontade salva, restaurada, ou conquistada, é aquela que
é livre para escolher e seguir firmemente o caminho de Deus.

A Vontade do Homem Unida à Vontade de Deus

A união com Deus implica em harmonia. Essa harmonia envolve


uma identidade na visão, princípios e vontade. Quando a vontade do
homem se une à de Deus, a conseqüência natural é a obediência.
Um só coração com Deus. Ele logo se torna o supremo bem da nossa
vida, nosso amor maior.
Desobediência significa simplesmente rejeitar a vontade
Divina e seguir a sua própria. Se a obediência é fruto da união com a
vontade do Pai, a desobediência é a alienação da mesma, o que resulta
na destruição da alma. Para seguir-se o caminho de Deus, há que se
desistir de suas próprias obras.
Da união com Deus brota um único coração. Haverá uma
harmonia entre a vontade do homem e a de Deus. Falha em se tornar
«um coração» com Deus, traz fracasso, como no caso da esposa de Ló
e de Balaão. Aquela terminou transformada em uma estátua de sal e
este, destruído pela espada.
Vale a pena aqui ressaltar um grande princípio: «Não faça
provisão para o eu». Ele é cruel e não se dá por satisfeito. Terá que
encontrar o caminho da cruz, como disse o Mestre: «E quem não toma
152
a sua cruz, e não segue após mim, não é digno de mim» (Mt. 10:38).
Tomar a cruz é desistir de si mesmo, abrir mão da sua independência e
da vontade pecaminosa, rendendo-a incondicionalmente a Deus. Isso
não quer dizer um aniquilar da vontade, mas uma rendição voluntária e
consciente. «Não mais eu, mas Cristo vive em mim» (Gl. 2:20). E saiba:
nada pode ser plenamente realizado fora do consentimento da vontade
de Deus.

A vontade, Censor dos Pensamentos

Nosso subconsciente é um reservatório de experiências


passadas. Torna-se necessário uma vontade livre para que seja um tipo
de censor dos pensamentos gerados de tais experiências. Não acontece
que muitas vezes coisas do passado aparecem nos sonhos? Estão lá
dentro, inconscientemente nos afetando. Qual a estratégia inimiga? Ele
usa aquilo que está armazenado no porão do subconsciente, ou mesmo
do inconsciente, na nossa alma, para nos combater. É daí que vêm as
imagens do passado, que machucam, ferem, entristecem, produzem
suores frios, palpitações, depressões e toda sorte de sofrimento
emocional, mental, físico e espiritual. A mente passa a ser bombardeada
por pensamentos influenciados pelas experiências passadas negativas.
Existem muitas coisas lançadas, através dos anos, no porão do
nosso subconsciente e do inconsciente. Nos momentos mais
inconvenientes elas vêm à tona, manifestando-se igualmente em nossa
atitudes. Essa é uma realidade à qual não podemos fugir, se quisermos
ir até às últimas conseqüências na conquista de tudo quando Deus nos
deu em Cristo.
Quando o inimigo usa o subconsciente para projetar
pensamentos em nossa mente consciente, estamos diante de uma
guerra declarada contra nós. É aqui que entra o uso de uma vontade
restaurada. Ela tem poder de receber ou rejeitar esses pensamentos. As
experiências do passado não têm que afetar o nosso presente, se
soubermos lançar mão da liberdade que temos em Cristo para subjugar
o inimigo. A vontade terá que resistir e pôr fora de ação esses
pensamentos, cujo propósito é minar nossa resistência e afastar-nos da
comunhão com Deus.
153
Quando a vontade cessa de resistir a Satanás em alguma
área, ele assume o controle da mesma. Se a vontade não se posiciona
contra esses intrusos, eles se instalam na mente e produzem seu fruto
daninho. Mas há que resistir sempre. A Bíblia nos adverte que o Diabo
anda à volta, a busca de uma brecha. Ele não desiste em seus planos
malignos. Por exemplo: quando vamos orar silenciosamente, a mente
se dispersa. Compete à vontade entrar em ação e tomar os pensamentos
cativos à obediência de Cristo (2Co. 10:4,5). Outras vezes, vamos ler a
Bíblia, e pensamentos outros entram no caminho. Novamente a vontade
deve tomar as rédeas e não admitir outra imagem ou pensamento que
não seja o que está sendo lido na Palavra de Deus.
Uma das maneiras práticas de usar a vontade nesse tipo de
batalha, é orar e ler em voz alta. Ao perceber-se uma interferência,
toma-se logo uma decisão, age-se. A vitória não é necessariamente
daqueles que não caem, mas dos que se recusam a permanecer no
chão; daqueles que têm garra, persistência, que tomam uma decisão de
qualidade e se a têem a ela; que não aceitam a condenação do Diabo,
nem seu domínio tirano.
Consideremos, por exemplo, como podemos ser derrotados, se a
vontade não entrar em ação, rejeitando pensamentos intrusos. Alguém
nos caluniou. A lembrança aquilo vem à mente e deixamo-la ali. Daqui
a pouco os sentimentos estão feridos. Um pouco mais, e a amargura se
instala. No passar dos dias o ódio domina nosso ser e somos lançados
em trevas. O agravamento da situação segue seu curso, e a alma se torna
totalmente prisioneira. Estaremos andando em completa derrota. O que
fazer, então? Estrangular os pensamentos ou lembranças na hora, sem
dar-lhes chance de se instalarem. Isso exige uma decisão da vontade, e
disso depende a vitória.
Satanás não terá condições de destruir o servo de Deus que
aprende a lançar mão da sua vontade para seguir o caminho proposto
por Deus. Lembre-se, querido leitor, de que você pode recusar a se
dobrar diante do inimigo, e Deus estará do seu lado assistindo-lhe com
todos os recursos da Sua graça. As forças invisíveis das trevas farão
pressão para levá-lo à derrota, contudo, se você estiver determinado a
não ceder, elas te4rão que desistir. Deus nos chama a ingressar no
exército dos últimos dias, que trava uma batalha ferrenha. Ele quer nos
treinar para que, na luta, não sejamos destruídos, porém vencedores. E
154
uma forma de treinamento é a restauração de toda a nossa
personalidade.
A renovação da mente traz força à vontade e liberta do jugo.
Quando estudamos sobre a conquista da mente, abordamos a questão.
Aqui queremos apenas salientar que uma vontade verdadeiramente livre
está intrinsecamente ligada a uma mente renovada com a Palavra de
Deus. Se temos separado as faculdades da alma, é somente por questões
de estudo, mas elas formam um todo inseparável, e a liberdade de uma
depende também da outra. É assim que se torna impossível uma vontade
restaurada, sem o saudável hábito da renovação da mente, levando-a a
se conformar com os princípios expressos na Palavra de Deus. É através
dessa renovação, que nos conscientizamos do que somos e temos em
Cristo, bem como das estratégias inimigas e o modo de vencê-las. Com
isso a tentação perde sua força.
Jesus disse: «Vem aí o príncipe deste mundo, e ele nada temem
mim» (Jo. 14:30). Ele queria dizer que Satanás não conseguia levá-lo a
agir de acordo com suas insinuações e influência. Nada nas palavras,
pensamentos ou atitudes do Mestre manifestou qualquer resquício de
tal influência. O inimigo não tinha por onde entrar. Jesus estava casado
com os desígnios do Seu Pai. Nós também poderemos falar como Nosso
Senhor Jesus, quando nossa vontade estiver inteiramente em harmonia
com a do nosso Pai Celeste.
155
Capítulo 14

A PRISÃO DA VONTADE

A vontade tem toda a possibilidade de se tornar prisioneira, como


acontece com a mente ou qualquer outra área da nossa vida. O homem
que não conhece a Deus, já vive sob o domínio do pecado e no reino
das trevas, ainda que não esteja consciente do fato. Agora porém,
estamos falando do cristão, daquele que já teve uma experiência com
Cristo. Apesar disso, Satanás tentará estabelecer o maior número de
bases que ele puder, em áreas da alma e do corpo. Analisaremos,
portanto, como a vontade pode ser aprisionada.

Prisão Pelo Engano

A mentira ou engano é a estratégia mais comum usada pelo


inimigo para tornar o filho de Deus prisioneiro em alguma área de sua
vida. Esse engano é instilado dentro dos seus próprios conceitos da
Palavra de Deus. O objetivo final é impedir a ação, o uso da vontade,
uma tomada de posição. Assim como Satanás estabelece uma estratégia
para a passividade da mente, o faz em relação à vontade e toda a
personalidade do homem, para tornar mais fácil o seu controle. E o
cristão não escapa às suas investidas. Há que se estar alerta, pois seus
golpes serão sutis e ele se intrometerá exatamente na compreensão da
própria Bíblia, introduzindo o engano. Analisaremos alguns exemplos
de como uma verdade bíblica pode ser torcida e provocar a prisão da
própria vontade:
1. «Cristo vive em mim» (Gl. 2:20).
Conceito errado: Eu não vivo de modo algum. Se não vivo, não
tenho que fazer uso da minha vontade.
Conceito correto: Eu vivo pela fé no Filho de Deus. Não deixo
de viver; o modo de viver é que é diferente, não mais de acordo com
um «eu» insubmisso, mas em união com Cristo, Meu Senhor, a quem
racional, consciente e livremente me entrego.
156
Princípio: Deus não requer a auto-aniquilação para que Sua
vida se manifeste. Ele quer a submissão.
2. «Eu estou crucificado com Cristo» (Gl. 2:20).
Conceito errado: Estou morto e devo praticar a morte. Não
tenho mais vontade.
Conceito correto: Morri com Cristo, mas ressuscitei com Ele
para viver. Não ando em morte, mas na vida ressurreta de Jesus.
Princípio: O propósito de Deus para o crente não é a morte, e
sim , a vida. Houve uma morte para o pecado, mas hoje há uma
completa novidade de vida.
2. «Eu estou crucificado com Cristo» (Gl. 2:20).
Conceito errado: Estou morto e devo praticar a morte. Não
tenho mais vontade.
Conceito correto: Morri com Cristo, mas ressuscitei com Ele
para viver. Não ando em morte, mas na vida ressurreta de Jesus.
Princípio: O propósito de Deus para o crente não é a morte, e
sim, a vida. Houve uma parte para o pecado, mas hoje há uma completa
novidade de vida.
3. «Deus opera em mim» (Fp. 2:13).
Conceito errado: Eu não opero, apenas me submeto e Deus
opera tanto o querer como o realizar.
Conceito correto: Uma vez que tenho Seu poder em mim, posso
fazer todas as coisas através de Cristo. Eu opero, não na minha
suficiência, mas na Sua. Decido agir de acordo com a direção de Deus
e Sua suficiência me assiste na execução da obra.
Princípio: Deus nunca deixa de lado a vontade do homem. Ele
nunca lhe requer que cesse o uso de suas faculdades para experimentar
Sua operação.
4. «E bem assim o Espírito Santo, que Deus deu àqueles que
Lhe obedeceu» (At. 5:32).
Conceito errado: Devo submeter meu ser inteiro ao Espírito
invisível.
157
Conceito correto: Obedecerei a Deus Pai, através do
Espírito.
Princípio: O Espírito não pensará através de minha mente, não
sentirá através de minha emoção, nem decidirá através de minha
vontade. O Espírito Santo guia através de impressões Divinas no
espírito do homem e este responde, no pleno uso de suas faculdades.
5. «Em tudo daí graças» (I Ts. 5:18).
Conceito errado: Aceitarei todas as circunstâncias como sendo
a vontade de Deus.
Conceito correto: Eu me submeterei a Deus em todas as
circunstâncias, porque no meio de todas elas Ele me dará vitória.
Princípio: Submissão a Deus e resistência ao mal devem
caminhar juntos (Tg. 4:7).
6. «Quando estou fraco, então é que sou forte» (2Co.12:10).
Conceito errado: Desejo ser fraco, para que possa ser forte.
Conceito correto: O crente não escolhe a fraqueza; o crente
fraco será fortalecido por Deus. No meio das lutas ele encontra em Deus
a sua força.
Princípio: Deus é suficiente em qualquer estado em que
possamos nos encontrar.
7. «Seja feita Tua vontade» (Mt. 6:10).
Conceito errado: Deus escolhe por mim; eu não tenho que
escolher.
Conceito correto: Eu tenho vontade, mas confronto a minha
com a de Deus e decido escolher fazer a Sua vontade. Em outras
palavras, faço a vontade de Deus no exercício da minha própria
vontade.
Princípio: Deus nunca substitui Sua vontade pela do homem. Ele
apela à decisão deste.
158
Passividade da Vontade

Toda obra demoníaca na vida do homem obedece a um processo


que se agrava com o passar do tempo, caso algo não seja feito para detê-
la e erradicá-la. A passividade faz parte do processo. A pessoa deixa de
ser ativa no uso de sua vontade. Se ela não usa sua vontade, suas ações
serão determinadas por outras fontes. Cada vez que alguém vive ao
sabor das circunstâncias, está em terreno escorregadio.
Deus não pode usar o crente de vontade passiva, porque ela
não está mais funcionando e Deus não força ninguém a agir. Ele
apela a uma decisão livre da vontade, Ele convida, o homem responde;
Ele pede, o homem entrega; Ele dá, o homem recebe. Tudo implica no
uso da vontade e no tomar de uma decisão consciente.
Os maus espíritos tiram vantagem da passividade da vontade e
impelem a pessoa a seguir impulsos, fora de seu controle. Portanto, se
o homem não usa sua vontade, Deus também não a usará e ela ficará
exposta à manipulação de demônios.
Princípios Básicos de Distinção
Deus não quer nos despersonalizar. Ao estudarmos a Bíblia
vemos as características individuais de cada escritor. Todos eles foram
inspirados pelo Espírito Santo de Deus, ainda Assim cada um deixou as
marcas da sua personalidade. Basta lermos os Evangelhos, que narram
a vida de Jesus, e logo veremos o cuidado de Mateus em respaldar com
o Velho Testamento as revelações do que ele estava escrevendo; o estilo
mais seco e irreverente de Pedro, no Evangelho de Marcos; a mente
treinada e organizada de Lucas, acompanhada de uma maior reverência
no relatar os fatos. Em João está presente a mescla de si mesmo com o
Mestre, de modo que às vezes passa quase despercebido onde termina
as palavras de Jesus e começa seu próprio comentário. Cada um com
características próprias, mas todos usados por Deus, preservando-lhes a
identidade.
Nos demais escritores está igualmente essa distinção. Há um
Jonas teimoso, a quem Deus não força, mas convence; um Jeremias
chorão, que luta com sua própria vontade, mas termina se rendendo:
«Persuadiste-me, Senhor, e eu persuadido fiquei» (Jr. 20:7); um Paulo
de vontade férrea e, ainda assim, submisso a Deus, portador de uma
159
personalidade multifacetária, mas de coração totalmente inclinado
ao Pai. Há um Barnabé tolerante e paciente, contrastando com a firmeza
e intransigência de Paulo, no incidente com Marcos. Enfim, está claro
o respeito de Deus pela vontade do seu servo, sua individualidade e
características peculiares mesmo na rendição do seu querer, não são
aniquiladas, mas alvo de restauração.
Deus quer hoje um exército de homens e mulheres de vontade
firme, determinada, que não se deixa andar ao sabor das ondas de
pressões das circunstâncias, mas sabe o que quer e persegue o alvo com
uma determinação que não vacila. São estes os que olham o Diabo na
cara e dizem: tu não tens nada em mim! São os que vão dizer «não» ao
pecado, à carne, ao mundo, ao Diabo, aos homens e às circunstâncias,
quando se fizer necessário, «com unhas e dentes». São aqueles que não
se dobram diante das dificuldades e nem vão chorar na primeira
esquina, por causa de alguma adversidade. Não temerão a guerra ou o
furacão. As tempestades poderão vir, mas eles não serão abalados, nem
deprimidos em meio ao seu furor. Tudo isso porque tomaram uma
decisão de qualidade: «Seguirei o caminho de Deus Pai a qualquer
preço. Nada me demoverá dele».

Sintomas da Passividade

1. Inércia ou indolência na vontade. Essa inércia é


caracterizada pela incapacidade de dominar uma situação. A vida é
movida por muita confusão, grandes obstáculos. O momento exige uma
tomada de posição, mas a pessoa protela para um amanhã que nunca
chega. Tem dificuldade em decidir.
2. Inconstância – muitas tarefas inacabadas. A inconstância é
a ausência da continuidade. Você começa um projeto e o interrompe no
meio, se é que não fica de lado logo no início. Começa uma coisa, larga-
a pelo caminho; começa outra, deixa-a para trás, a estrada está cheia de
construções inacabadas. Um dia você que uma coisa no dia seguinte
quer outra. Em suma, não sabe o que quer e não termina o que começa.
3. Incapacidade de concentração da mente. Não exerce
domínio sobre os pensamentos. Isso revela uma vontade passiva,
porque não há uma decisão firme de se concentrar. A vontade tem poder
160
de ordenar à mente: «concentra-te1». O ser inteiro é sujeito à
vontade do homem e ele pode impor a qualquer área do seu corpo,
mente, sentimentos e mesmo o espírito, o que fazer.
4. Inércia física, ações mecânicas. A passividade da vontade
pode-se revelar até no corpo. A pessoa é dominada por uma inapetência
física, agindo mecanicamente, em resposta a estímulos externos e não
a decisão da sua vontade. Essa atitude favorece grandemente a
permanência da depressão. Depressa a pessoa se atira na cama e
entrega-se à indolência, o que escancara as portas para toda sorte de
opressão maligna.
5. Incapacidade de tomar decisões ou iniciativa. As pessoas
querem que se tome as decisões por elas, até nas pequenas coisas, como
o que comprar, o que comer, o que vestir, onde ir, e assim por diante.
Quando deixamos que outros tomem as decisões que nos dizem
respeito, estamos fugindo da responsabilidade das conseqüências de
tais decisões. Deus, porém, estabeleceu o princípio pelo qual o homem
é livre para escolher e é responsável pelas conseqüências de suas
próprias escolhas, tanto boas quanto más.
161
Capítulo 15

LIBERTAÇÃO DA VONTADE

Não existe prisão que não possa ser quebrada, quando nos
expomos às verdades da Palavra de Deus. Se você pôde discernir áreas
prisioneiras em sua vontade, não se desespere. A obra gloriosa de Cristo
no Calvário, por você, permanece operante e tem poder para quebrar os
mais resistentes grilhões, se tão somente você se expuser aos princípios
libertadores da Palavra, que iremos agora considerar.
1. Exposição do engano pelo recebimento da verdade. O
engano é detectado pelo confronto com a verdade. Só o conhecimento
desta pode levar à libertação da passividade da vontade. A liberdade
sem esse conhecimento é absolutamente impossível. Jesus
taxativamente declara. «Conhecereis a verdade e a verdade vos
libertará» (João 8:32).
Disponha-se a saber a verdade sobre si mesmo. Admita que o
crente é suscetível ao engano. Se alguém se esconde atrás da capa de
invulnerabilidade, jamais terá chance de progresso ou de libertação.
Somos todos suscetíveis ao engano e, por isso, precisamos adotar uma
posição de humildade e coragem de enfrentar os problemas de frente,
dispostos a saber a verdade sobre nós mesmos, a fim de que algo seja
feito para o devido conserto.
Uma das maneira de conhecer-se a verdade sobre si mesmo, é
analisar as observações e críticas daqueles que são mais chegados.
Provavelmente haverá algo de verdade e que merece ser considerado.
Seja como for, uma atitude sadia se caracteriza por: admitir áreas de
engano, descobrir que terreno foi dado ao inimigo, e não esquecer que
a penetração deste é determinada pelo grau de passividade.
2. A quebra da passividade pela ativação da vontade. A
vontade é ativada respondendo-se à vontade de Deus. Cada vez que
você toma conhecimento de algo que agrada a Deus e decide fazê-lo,
está ativando sua vontade. Um modo prático de fazer isto é ler a Bíblia
e marcar as ordens e princípios encontrados na leitura, e depois praticar
aquilo que está escrito.
162
Por exemplo, a Bíblia diz «bendizei os que vos perseguem»
(Mt. 5:44). Tomando conhecimento disso, você faz uma lista daqueles
que o perseguem, e passa a abençoá-los. Assim procedendo, você estará
se exercitando na prática da vontade de Deus, pois Sua vontade está
expressa em Sua Palavra, para além de estar ativando sua própria
vontade.
A vontade é energizada pela fé. A fé é sempre ativa. É pela
obediência, pela ação, pela resposta, que a fé se manifesta. Quando você
está andando em fé, está ativando a vontade, pois não há nada passivo
na fé; ela sempre exige uma ação.
Volte a considerar os princípios que governam a vida de fé,
apresentados no capítulo cinco. Você verifica que todos os heróis da fé
tinham uma vontade firme, direcionada para Deus. Quanto mais alguém
é capaz de crer, mais firme ficará em sua vontade para escolher em
harmonia com o plano de Deus, que é sempre o melhor.
A vontade é fortalecida pela verdade. Quanto mais você se
expõe à verdade, tanto mais é fortalecido em sua vontade, pois, sabendo
qual é a verdade acerca de determinada coisa, consequentemente o
engano é erradicado naquela área, e isso leva à tomada de decisões. Sua
própria busca da verdade e exposição a ela, já é fruto do uso do seu
privilégio de decidir.
O homem de vontade livre analisa a veracidade dos fatos para
poder tomar uma postura diante deles. Ele busca a verdade a fim de que
a decisão seja de acordo com ela. Conhecendo-a, ele se posiciona do
seu lado. É assim que a verdade fortalece a vontade, para que esta faça
escolhas coerentes.
O poder do Espírito Santo em nosso espírito é a força que
pode expulsar as prisões da vontade. Ele habita em nosso homem
interior e Seu poder está à nossa inteira disposição. Reconheça, pois,
cada uma das cadeias, e volte sua vontade contra elas, até a vitória total,
com a força do Espírito que é sua, em Cristo Jesus.
Com uma assistência tão tremenda, como é a do Espírito de Deus,
não há desculpas para qualquer fracasso. Saiba que você está destinado
a ser completamente livre para usar todas as potencialidades que Deus
lhe outorgou e conta com a maior força do Universo para despedaçar
todas as ataduras da alma.
163
3. O Exercício da vontade pela tomada de decisões. A
pessoa passiva não age por vontade própria. A libertação desse cativeiro
passa por uma deliberação da vontade. Firme-se, portanto, em suas
decisões e rompa com a inconstância. Você tem tido dificuldades
nessa área? Comece com pequenos alvos para a semana. Decida fazer
algo que não costuma fazer, e vá estabelecendo alvos maiores, à medida
que se atém ao que decidiu. Quem sabe, uma visita a um amigo
descrente, para lhe falar de Jesus; ou até mesmo um certo número de
versículos a serem memorizados! O importante é que você estará
rompendo com as cadeias do Diabo em sua vida, pois enquanto tiver
uma vontade passiva, nem ele vai lhe respeitar.
Esteja disposto a tomar decisões erradas. Esta afirmação até
pode parecer estranha, mas é indispensável à vitória. Quem não entra
em campo por medo de errar, nunca sai da posição de espectador
passivo. Nada faz. Não permita que o inimigo use um erro seu para
destruir sua vida. Podemos e, na próxima oportunidade, já não
cometeremos a mesma falta. Se a criança se deixasse dominar pelo
medo de cair, hoje ninguém andaria. Se alguém não se dispuser a cair
de uma bicicleta, jamais conseguirá dominá-la. O risco de se cometer
erros não deve ser obstáculos à tomada de decisões na vida.
Aceite a responsabilidade de tomar decisões. Há muitos que
temem tomar decisões, por medo das conseqüências. Não seja assim
com você. É verdade que a decisão traz responsabilidade, mas Deus
dotou o homem não só do poder de decidir, mas também da
responsabilidade. O homem é responsável pelo que escolhe. Se
escolhe mal, não deve colocar a culpa sobre o outro, mas admitir o erro
e prosseguir rumo ao crescimento e ao ajuste com a vontade de Deus,
na obediência da qual o homem será bem sucedido.
Pare de ser guiado por circunstâncias. Não seja movido pelos
ventos que sopram de um lado ou de outro. Muitos preferem ser guiados
por circunstâncias a fazer uma escolha, contudo isso torna os grilhões
sobre a vontade mais cruéis e destruidores. A passividade sugere que
Deus está tomando todas as decisões para a pessoa, porém a realidade
é que ela está sendo levada ao sabor de forças que fogem ao seu
controle. Deus nos aponta o caminho a seguir, no entanto compete a nós
o tomar as decisões.
164
4. A vontade tem uma batalha a ser travada: «Resisti ao
Diabo» (Tg. 4:7b). Oponha-se ao domínio do inimigo. Resista-o com
firme determinação. Enquanto você não se levantar em seu homem
interior , dominado por um espírito de resistência e perseverança, a
passividade continuará instalada e o domínio inimigo estabelecido.
Rebele-se agora contra toda a prisão da alma. Levante-se com firmeza
e reaja. Não se entregue a nada; nem ao medo, nem à mágoa, tristeza,
insegurança, depressão, ou toda forma de pecado, vício, e domínio. Dê
o grito contra tudo quanto tenta conservá-lo em prisão e resista a toda
forma de domínio satânico.
Recupere todo o terreno perdido. Se o Diabo ocupou alguma
área da sua vida, não se dê por vencido. Cristo e todos os Seus recursos
da graça estão à sua disposição para vencer. Recupere a área sob
domínio inimigo e determine vencer cada nova investida. Em Cristo,
«mais que vencedor!».
Trabalhe ativamente com Deus para o ,uso de cada parte de
sua personalidade. Desenvolva pensamentos sadios, emoções santas e
decisões certas. Deus está trabalhando em você, pela operação do Seu
doce Espírito e Sua maravilhosa Palavra. Você pode cooperar com Ele,
inclinado-se aos suaves impulsos do Espírito em seu coração, e às
convincentes verdades da Palavra. Use o potencial que Deus lhe deu e
deixe sua personalidade desabrochar como a flor sob a luz do Seu olhar,
e a semelhança do Senhor Jesus começará a se manifestar em sua vida.
Observação: No estágio inicial de combate, os sintomas
parecerão tornar-se piores do que antes. É como se quanto mais se luta,
menos força se tem. Mas apesar dessa sensação, na realidade há uma
melhora. Esses sintomas apenas demonstram que a resistência produziu
seu efeito: o inimigo sentiu pressão e está tentando sua última chance
de conservar o território uma vez possuído. Portanto, não se
impressione. A vitória está diante de você, se persistir em seguir o
caminho proposto por Deus.
5. A vontade no controle do espírito, mente e corpo, garante
liberdade. Uma vontade rendida a Deus é de grande valor, pois ela
exercerá domínio sobre todas as áreas da personalidade e da vida, em
perfeita harmonia com Deus.
165
O espírito precisa do controle da vontade. «Como a cidade
derribada, que não tem muros, assim é o homem que não pode conter
o seu espírito» (Pv. 25:28).
A mente precisa estar sujeita à vontade. «Derribando
raciocínios e todo baluarte que se ergue contra o conhecimento de
Deus, e levando cativo todo pensamento à obediência de Cristo» (2Co.
10:5).
O corpo deve ser instrumento e servo do homem. «Antes
subjugo o meu corpo e o reduzo à submissão, para que, depois de
pregar a outros, eu mesmo não venha a ficar reprovado» (I Co. 9:27).
6. Uma vontade ativa é necessária para manter libertação em
qualquer área da vida. É por esta razão que a estratégia do inimigo
contra a vontade é a passividade. A pessoa se torna complacente e
indefesa. A ordem do Senhor, porém, é: «Possuí a Terra!» Haverá
momentos de verdadeiro conflito e dor, porque onde há conquista, há
luta. Quando alguém se dispõe a reconquistar território perdido, as
forças invisíveis das trevas, que mantinham suas garras nas áreas que
estão sendo conquistadas, tentarão agarrar-se ao território uma vez
possuído, ,mas com firmeza na luta, sabendo que os poderes do Céu
estão do nosso lado, a vitória é uma realidade. Vencemos, «pelo sangue
do Cordeiro e a palavra do nosso testemunho» (ap. 12:11).

ORAÇÃO

Graças te dou, ó Pai por me haveres criado conforme Tua


imagem e semelhança. Agradeço-Te a faculdade de decidir e escolher.
Reconheço que me deste uma vontade livre para agir de acordo com os
Teus propósitos. Sou livre para praticar o bem a seguir a Verdade.
Lançando mão da minha liberdade de escolha, decido seguir o
Teu caminho e fazer a Tua vontade. Teus propósitos são elevados,
santos , puros, perfeitos e eternos e a eles inclino o meu coração.
Renuncio meus próprios caminhos e planos, submetendo-os aos Teus,
porque reconheço-Te como meu Senhor Supremo e entreguei-Te todo
o meu ser, mediante uma decisão da minha vontade.
166
Digo-Te agora, como Jesus, no passado: «A minha comida é
fazer a vontade do meu Pai que me enviou a realizar a sua obra»
(Jo.4:34). «Não se faça a minha vontade, mas a Tua» (Lc. 22:42b)«. O
passado e o futuro para Ti são um eterno presente e não importa o que
o futuro me reserva, sei que será glorioso, porquanto ele está em Ti.
Recuso-me a seguir o erro e a decidir-me pela carne, pelo mundo
ou por Satanás. Tua verdade, Pai, iluminará meu coração. Coma
direção do Teu Espírito, saberei discernir o Teu plano, e alegremente
o seguirei, numa atitude de obediência e rendição incondicional da
minha vontade a Ti.
Rejeito toda e qualquer prisão na minha vontade. Minha
obediência a Ti será a expressão da incansável busca do conhecimento
do Teu plano, para que a ele me possa submeter inteligentemente,
consciente das conseqüências da minha decisão.
Meu Pai, reconheço que ainda estou a caminho da maturidade,
e corro o risco de não discernir claramente tua vontade em alguma
área da minha vida. Quero, porém, dizer-Te que tens liberdade de
interferir na minha vida e mostrar-me o erro. Livra-me do engano e de
desviar-me dos Teus caminhos. O que mais quero fazer na vida é andar
de acordo com a Tua santa vontade.
De toda a minha vontade busco a Ti, Senhor, e Te encontro, e Tu
me dás descanso ao redor (2 Cr. 15:15b). «Deleito-me em fazer a Tua
vontade, ó Deus meu; sim, a Tua Lei está dentro do meu coração» (Sl.
40:8). «Ensina-me a fazer a Tua vontade, pois Tu és o meu Deus; guie-
me o Teu bom Espírito por terreno plano» (Sl. 143:10).
«Eis-me aqui para fazer a Tua vontade E nessa vontade tenho
sido santificado pela oferta do corpo de Jesus Cristo, feita uma vez para
sempre» (Hb. 10:9,10), pelo que clamo do mais profundo do meu ser:
Seja feita a Tua vontade em minha vida, de um modo tão perfeito, como
ela é feita no Céu, e viverei para a Tua glória! Amém.
167
PARTE V

CONQUISTA DAS EMOÇÕES

Já estudamos sobre a conquista da mente e da vontade. Agora


vamos estudar sobre a conquista das emoções, que são um alvo
constante dos bombardeios inimigos. Os problemas emocionais são
mais visíveis e mais dolorosos. Uma ferida das emoções desencadeia
uma série de dificuldades que se arrastam pela vida, até que seja
alcançada uma cura permanente, que só acontece em Jesus.
O inimigo investe contra o homem ainda no ventre materno.
Crianças inocentes são seu alvo permanente, para que levem pela vida,
feridas que as impedem de ser livres e se tornar a pessoa que Deus quer
que elas sejam. As mágoas, amargura, falta de perdão, insegurança,
medo, rejeição e complexos, são evidências dessa obra. E a opressão do
inimigo permanece, até que de alguma forma seja revelada, e desfeita.
A Igreja está sofrendo com feridas na alma. Há muitos
prisioneiros, não só no mundo lá fora, mas também dentro do Corpo.
Essas feridas conservam-no dividido e se constituem uma brecha para
o inimigo habitar na Terra e deixar suas marcas nefandas.
As pessoas com feridas emocionais, têm dificuldade de se
relacionarem no lar, passando pela Igreja e se estendendo à sociedade.
O medo, a sensibilidade e a desconfiança são causa de atritos e as
separam.
A conquista das emoções visa lidar com essas questões e sará-las
de tal modo que a harmonia nos relacionamentos consigo, com Deus e
com as pessoas, se transforme numa experiência. Restauração,
libertação e cura do Corpo de Cristo, é seu alvo maior. Quando isso
acontecer, a plenitude de Cristo, o Cabeça, fluirá através de cada
membro.
168
Capítulo 16

AS FERIDAS DE SATANÁS

Satanás tem um projeto de ferir cada pessoa que nasce neste


mundo. As feridas são-lhe um instrumento de destruição de vidas,
começando ainda na mais tenra infância, até mesmo no ventre materno.
No seu ódio maquiavélico contra o homem, criado conforme a imagem
de Deus, investe contra ele, ainda em sua formação, desferindo seus
golpes ferinos para que a pessoa nasça e cresça com uma personalidade
deformada. Essa é a razão porque não encontramos uma única pessoa
com a personalidade totalmente sadia.
Quantos, em meio aos seus conflitos, buscam os psicólogos e
psiquiatras a fim de encontrarem alívio, para logo descobrirem que eles
próprios estão carecendo de libertação! Por quê? Porque não será pela
psicologia ou psiquiatria que a personalidade do homem será
restaurada. Poderá haver algum alívio, mas mudança permanente e
harmonia real, só Deus pode dar ao homem. Ele o criou e o conhece
bem, podendo imediatamente localizar a causa dos problemas e aplicar-
lhes o remédio sarador.
Queremos logo declarar que o Espírito Santo no cristão, esse
Assistente, Consolador, Guia e Mestre. Se nós nos abrirmos a Ele e à
Palavra de Deus, irá revelar a causa do nosso comportamento. Ele vai
colocar o dedo na origem da questão e trazer uma cura radical. Muitas
vezes alguém passa anos em aconselhamento, sem conseguir localizar
a causa de seus conflitos. Acontece que todos os conflitos da alma têm
sua verdadeira origem no reino invisível, derivados de uma desarmonia
com Deus. Portanto, temos que buscar a Deus e Sua Palavra; temos que
depender do Espírito Santo para efetuar a cura da nossa alma. Coloque,
pois, isto em seu espírito: todos os problemas têm uma origem
espiritual e há recursos em Deus para a solução. Se Satanás planejou
ferir todos os homens, saiba que Cristo, que é o mesmo ontem, hoje e o
será eternamente, veio «pôr em liberdade os feridos» (Lc. 4:18). Ele
veio desfazer as obras do inimigo em nossa vida. E sua obra redentora
não visa apenas libertar-nos da condenação eterna, mas sarar-nos por
inteiro, e realizar em nosso ser uma obra tão profunda que possamos ir
169
perdendo as marcas da natureza pecaminosa e crescendo na
semelhança de Cristo Jesus, conforme é o propósito do Pai (Rm 8:29).
Nós somos o produto de todas as experiências de nossa vida.
É verdade que quando nascemos, trazemos os traços hereditários, mas
são as diversas experiências, especialmente no início da vida, que vão
formar o caráter.
As experiências do passado marcam hoje nosso modo de ser, de
agir e de sentir. Muitas delas são desastrosas e deixam seqüelas para o
resto da existência terrena, caso não haja uma profunda cura, que só
pelo Espírito de Deus e a aplicação da Palavra, pode ser consumada.
Satanás aproveita-se de cada experiência negativa para impedir o
crescimento emocional, a fim de que a pessoa não atinja o potencial
projetado por Deus para o ser humano. Aí está a razão porque crianças
inocentes são o primeiro alvo para as feridas de Satanás, visando
distorcer a sua personalidade.

O Que É a Personalidade

A personalidade é aquilo que a pessoa é. O Novo Dicionário


Aurélio, da Língua Portuguesa, assim define: «Caráter ou qualidade do
que é pessoal. O elemento estável da conduta de uma pessoa; sua
maneira habitual de ser; aquilo que a distingue da outra».
O que faz de um ser vivo, uma pessoa? Sua capacidade de
pensar, de sentir e de decidir. Em outras palavras, ele tem uma mente
que pensa raciocina, reflete, analisa, tem vontade, e pode escolher,
decidir. A personalidade, portanto, é o mundo dos pensamentos, dos
sentimentos e das decisões.
Deus é uma pessoa e possui todos esses poderes pessoais em
plenitude. Ele criou o homem «conforme a Sua imagem e semelhança»
(Gn. 1:26). Deus é uma pessoa! Deus pensa, sente e quer! Ele outorgou
ao homem os mesmos poderes que, antes do pecado, funcionavam em
perfeita harmonia com o Criador. É por isso que Satanás odeia o homem
e o levou ao pecado. A queda trouxe a degeneração do homem e seus
poderes foram corrompidos. Cada pessoa que nasce já traz a semente
170
da desestrutura. Satanás vale-se disso e inflige mais golpes para que
até o crescimento emocional e mental seja bloqueado.

As Feridas Emocionais
Danificam a Personalidade

Quando alguém é ferido nas suas emoções, para de crescer.


Pode crescer fisicamente, mas o crescimento físico não revela a
maturidade emocional. Alguém pode ser adulto, fisicamente falando,
mas criança nas emoções. O processo natural seria o homem crescer em
todas as áreas. Onde isso não ocorre, há um nítido sintoma de golpes
nas emoções, que terão de ser sarados para que o crescimento seja
retomado.
O propósito de Deus é que Seus filhos alcancem uma qualidade
de vida saudável, tanto no espírito, quanto no corpo, na mente, na
vontade e nas emoções. É por isso que o Espírito Santo tem trazido tanta
luz à Igreja sobre cura interior e libertação, o que eqüivale dizer,
restauração da alma, amadurecimento da noiva do Cordeiro. Antes que
ela seja chamada à glória, Deus quer sará-la, pois só uma Igreja liberta
de todas as prisões do espírito e da alma, terá condições de enfrentar o
inferno e dizer: «Satanás, tu não tens nada em mim; eu estou aqui para
fazer violência contra o teu reino».
Nossas reações diante do presente são determinadas pelas
experiências do passado. Se analisarmos o que há por trás de cada
reação de agressividade, medo, fuga, passividade, Jesus veio nos
libertar também do nosso passado. Há provisão para o vencermos.
«Pelo que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas
já passaram; eis que tudo se fez novo» (2 Co. 5:17).
Essa novidade de vida não implica em que soframos um tipo de
amnésia. É natural que nos lembremos de acontecimentos passados,
mas ele já não mais afetarão nosso presente. Tomando posse da
realidade de que o passado perdeu sua reivindicação de domínio sobre
nós, as atitudes presentes serão o reflexo dos princípios Divinos, pelos
quais vivemos, e não de velhas experiências traumáticas.
171
Vamos lidar com memórias antigas e sujeitá-las a Cristo hoje,
pois nEle não temos passado. Quando viemos a Cristo, nosso passado
morreu, isto é, legalmente deixou de ter domínio sobre nós. Agora
compete-nos tomar posse dessa nova criação em Cristo Jesus, e viver
de acordo com ela, nunca mais deixando que esse passado embarque
nossa presente caminhada rumo à glória, pois Jesus já lidou com ele e
nos faz andar em completa novidade de vida.
Nossa percepção do tempo presente, pode ser distorcida pelas
mágoas do passado. Quando isso acontece, a avaliação das
circunstâncias e das pessoas que nos cercam é distorcida. Atrás de um
temperamento que se fere com qualquer coisa, está um passado
marcado por feridas emocionais.
A incapacidade de reagir normalmente às situações do
presente, revela prisão ao passado. E isso vai se manifestar em todos
os relacionamentos e situações. Glória a Deus que há provisão em
E quando nossa alma está restaurada, liberta das velhas prisões,
nenhum problema terá o poder de nos abater. Nenhuma crise conseguirá
nos sufocar, pois nossas atitudes diante de qualquer situação, dependem
do que está em nossa alma.

O Propósito de Satanás é Ferir

Quando Deus confrontou Satanás, após a queda dos nossos


primeiros pais, declarou: «Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a
tua descendência e o seu descendente. Este te ferirá a cabeça e tu lhe
ferirás o calcanhar» (Gn. 3:15). Está claro que ele feriria o descendente
da mulher. Quem é ele? Primeiramente refere-se a Jesus. Mas, por
extensão, a todo nascido de mulher, isto é, nós.
Está escrito que o homem seria ferido, mas também está escrito
que a cabeça do agressor seria esmagada. Esta é uma boa nova, pois
ferida no calcanhar é facilmente sarada, mas esmagamento de cabeça é
golpe fatal. Podemos nos gloriar em Deus porque Jesus, que se tornou
Filho do Homem, foi ferido pela morte, contudo quebrou o poder
inimigo, vencendo-o para sempre e colocando à nossa disposição Sua
172
retumbante vitória. Se, portanto, Satanás tem prazer em nos ferir,
Deus, em Cristo, tem prazer em nos sarar.
Um dos exemplos bíblicos de como Satanás busca um plano de
ferir, encontra-se registrado no livro de Jó. Lendo o relato da Bíblia
sobre as provas pelas quais ele passou, vemos a crueldade inimiga, que
se compraz em esmagar a alma humana. Quando Deus fez um elogio
ao seu servo, Satanás acusou-o de insinceridade e motivos egoístas
ocultos. Ele queria dizer: «Deus, minhas marcas no homem são tão
profundas, que ele só Te serve por interesse. Jó só e assim por causa
de todas as riquezas e a saúde com as quais o cumulaste».
Deus permitiu a Satanás tocar nos bens e na saúde de Jó. Ele,
então, foi abatido, mal compreendido pelos amigos e, aparentemente,
maltratado por Deus. Satanás só deixou a esposa. Sabe por quê? Porque
era seu instrumento para ferir ainda mais. Diante de um quadro de
sofrimento, ela disse a Jó: «Blasfema de Deus, e morre!»
Ele também não tirou os amigos, pois estes eram seu instrumento
de acusação e calúnia. Vieram, não para consolar, mas para insinuar que
Jó vivia em pecado oculto, era perverso e seu sofrimento era
conseqüência do mal que ele praticava, embora este não fosse do
conhecimento geral. Satanás é especialista em usar as pessoas mais
chegadas como instrumentos de feridas emocionais.
Em tudo isto está o retrato dos projetos infames de Satanás para
esmagar a alma humana. Ele tem prazer em ferir, quebrar, esmagar,
espezinhar, oprimir, diminuir, acuar. Mas, louvado seja Deus, porque a
história de Jó também revela que o homem crente se levantará do pó e,
mesmo em meio a toda prova, dirá em confiança:
«Eu sei que o meu Redentor vive, e por fim se levantará sobre ao
Terra. Depois revestido este meu corpo da minha pele, em minha carne,
verei a Deus» (Jó 19:25, 26 SBB).
Para além disso, crescerá no meio da luta, e poderá também
dizer:«Eu te conhecia só de ouvir, mas agora os meus olhos Te vêem»
(Jó 42:5 SBB). E no fim do capítulo, a mais espetacular vitória: O
Senhor virou o cativeiro de Jó, quando este orava pelos seus amigos; e
o Senhor de u a Jó o dobro do que antes possuía» (Jó. 42:10). Aleluia!
Deus é especialista em transformar os golpes inimigos
contra seus filhos, em ocasiões de dobrada bênção.
173
Coloque isto no seu espírito: É Satanás quem rouba e
destrói e é Deus quem dá e edifica; Satanás fere, Deus sara. Deus é
muito bom ! Deus é Pai! Pode ser Deus para o mundo, mas para o
cristão, além de Deus, é seu Pai. Portanto, quando as feridas e opressões
vêm, estamos diante de uma obra satânica e não Divina. Muitas vezes
ele tenta nos iludir para fazer-nos crer que os esmagamentos de alma,
pelos quais estamos passando, foram dados por Deus, pois assim os
aceitaremos passivamente. Isso é pura mentira do Diabo. Ele é o
opressor, o acusador. Deus é Quem nos livra das angústias e nos sara.
Seu Espírito em nós não nos condena; Ele convence, guia, restaura.

Jesus Foi Ferido em Nosso Lugar

O sacrifício de Cristo no Calvário, foi vicário, isto é, substituto,


em nosso lugar. A implicação de tal verdade é , que não temos que
carregar o fardo de algo que Ele já suportou. Eis o que a Palavra diz:
«Ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e esmagado
por causa das nossas iniquidades...» (Is. 53:5). «... Ao Senhor agradou
moê-lo...» (Is. 53:10). Mas glória a Deus, «o castigo que nos traz a paz
estava sobre Ele, e pelas suas feridas fomos sarados» (Is.53:5b).
O Diabo feriu, mas a ferida de Jesus se tornou o nosso
instrumento de cura. Todo o sofrimento de Jesus na cruz do Calvário
foi como nosso substituto, a fim de quebrar o domínio de Satanás sobre
nossas vidas e comprar-nos uma eterna redenção, que é extensiva a
todas as áreas do nosso ser. Isso em direito legal quer dizer que, se Jesus
foi o nosso substituto, não temos direito de sofrer o que Ele já sofreu
em nosso lugar. Ele recebeu em Sua alma e em Seu corpo todo tipo de
ferida que Satanás inflige ao homem, como seu substituto legal.
Vejamos:
Jesus foi traído por um amigo íntimo, seu tesoureiro, um
discípulo escolhido. «O que mete comigo a mão no prato, esse me
trairá» (Mt.26:23). Você foi traído? Jesus o foi em seu lugar, sabe o
que isso significa, e estende Suas mãos marcadas para lhe trazer a cura.
Ele está com você no meio da traição e lhe curará as feridas.
174
Jesus foi Rejeitado. Isaías declara: «Era desprezado, e
rejeitado dos homens; homem de dores, e experimentado nos
sofrimentos; e, como um de quem os homens escondiam o rosto, era
desprezado, e não fizemos dEle caso algum» (Is. 53:3). João disse que
«Ele veio para o que era Seu e os seus não O receberam» (Jo. 1:11).
Até sua família O rejeitou. Seus irmãos disseram que Ele estava louco
(Jo 7:1-5; Mc.3:21). Quando Ele entrou em Jerusalém, derramou
lágrimas sobre a cidade, porque sabia que a Sua rejeição traria sérios
problemas para eles mesmos. Você foi rejeitado? Jesus sofreu a sua
rejeição e sabe o que é isto, por isso mesmo Se torna um Salvador capaz
para derramar o bálsamo sobre essa ferida de rejeição, e curá-la.
Jesus foi acusado. Uma das acusações era que Ele era um
mensageiro de Satanás: «Mas os fariseus, ouvindo isso, disseram: Este
não expulsa os demônios senão por Belzebu, príncipe dos demônios»
(Mt. 12:24). Se você está sofrendo acusação ou mesmo o seu ministério,
saiba que antes que isso acontecesse, acusaram Jesus e o Seu ministério.
Ele sabe o que é ser acusado injusta e caluniosamente e pode trazer-lhe
alívio.
Quando Jesus agia contrário a uma das interpretações rabínicas
quanto à guarda do Sábado, era acusado de quebrar o mandamento,
quando de fato Ele quebrava apenas a tradição de uma corrente
teológica de interpretação. Feridas do Diabo.
Jesus foi odiado. Na sua condenação à morte vemos o ódio nas
autoridades e na voz do próprio povo: «É réu de morte!» «Mata-O!»
«Crucifica-O!» «Fora com este!» Você foi vítima de um ódio feroz?
Alguém querido teve sua vida ceifada por causa dele? Jesus sabe o que
é isto e pode agora dar-lhe vitória.
Jesus foi esquecido, abandonado. Na hora extrema , enquanto
julgado e crucificado, muitos seguidores desapareceram e os próprios
discípulos fugiram, deixando-O a enfrentar Seu sofrimento sem o
conforto de sua presença amiga e companheira. Apenas um dos doze
estava ao pé da cruz, juntamente com as mulheres. As desprezadas e
rejeitadas mulheres foram as que não se ausentaram e testemunharam
Seu sofrimento, morte, sepultura e, como recompensa, também a Sua
ressurreição. Viram o Cristo ressurreto e ouviram Sua voz.
Você foi esquecido e abandonado no momento em que mais
precisava daquela pessoa amada? Jesus conhece o seu coração e diz:
175
«Eu sei o que é isto e estou aqui para colocar minha mão sobre o
teu ombro, segurar-te pela mão e conduzir-te em triunfo. Não estás só.
Não te deixarei, nem te desampararei».

Jesus foi rejeitado, acusado, odiado, esquecido, abandonado.


Sofreu todo tipo de ferida na alma, antes que nós fôssemos atingidos.
Ele sabe o que é ser rejeitado, Ele sabe o que é ser ferido, conhece o que
você está enfrentado e pode dizer-lhe: «Eu sei exatamente o que tu estás
passando, porque já passei pela mesma coisa, sei como te sentes e por
isso posso sarar o teu coração, e poderás dizer: «O castigo que me
traz a paz estava sobre Ele e pelas suas feridas eu sou sarado» (Is.
53:5).
Olhe para Jesus! Ele foi ferido no corpo, foi ferido na alma, ferido
nas emoções; os amigos O desprezaram, os seus O rejeitaram; odiado,
caluniado pelas próprias autoridades religiosas, esquecido, mas tudo
por nossa causa. Para quê? Para nos sarar. «Eu vim sarar os corações
quebrados». Diz Ele, e isso inclui o seu próprio coração, amado leitor.

Os Principais Alvos de Satanás

As crianças inocentes são seu primeiro alvo

Elas não têm condições de analisar as circunstâncias. Tornam-se


vítimas indefesas e, por esta razão, um alvo para ataques inimigos.
Analisemos como as feridas se instalam numa criança:
Antes mesmo do nascimento. Circunstâncias, as mais adversas,
na concepção e gestação do bebê exercem influências negativas sobre
ele. Os filhos ilegítimos são, inevitavelmente, feridos. Uma criança que
cresce sem saber quem é o pai, está marcada para o resto da vida. Leva
em sua alma uma profunda ferida e crescerá com muitas carências
emocionais. Uma criança que sofreu a tentativa de um aborto, passa por
um trauma que aleija sua personalidade.
Há quem julgue que a criança nada percebe, mas isso é um
engano. Em muitas civilizações, mesmo pagãs, as mulheres grávidas
176
são protegidas para que não sejam vítimas de emoções fortes e
choques que poderiam afetar o feto no ventre materno. Hoje sabemos
que tudo quanto ocorre durante a gestação, tem reflexo sobre a criança.
As tensões entre o casal, morte, separação, divórcio, maus-tratos,
rejeição da gravidez, tudo afeta a saúde emocional do bebê.
A infância é afetada através de pais cruéis, abusos físicos e
sexuais e castigos desumanos. Quando olhamos para as crianças de
rua, marginalizadas, no vício, no roubo e até mesmo no crime, estamos
apenas diante dos resultados dessas feridas. Satanás se aproveita delas
e as brutaliza, aleija sua personalidade e domina-as por completo. São
vítimas de golpes na alma. Só Jesus, com Seu poder, mediante a
operação do Seu Espírito e da Sua Palavra, pode entrar no mais
profundo da alma e sarar essas feridas. Glória a Deus porque nEle há
poder . Não importa quão profundas sejam as feridas, Ele tem poder de
quebrar o seu furor e trazer cura e perfeito equilíbrio.
A rejeição também pode vir na infância, quando há a presença
de muitos filhos. A criança pode se sentir isolada, preterida, e vai
crescendo com feridas, pois ela não consegue analisar a situação e
entender a falta do amor, carinho e atenção de que ela precisa para um
desenvolvimento sadio.
Uma terrível consequência das feridas através dos pais, é que
transferimos para Deus a imagem dos relacionamentos terrenos,
tornando-se difícil, portanto, um relacionamento correto com o Pai
Celestial. Se houve um pai cruel, essa é a imagem que a criança
terminará transferindo para Deus. Se não houve a presença de um pai
ou se o pai a abandonou, será difícil um relacionamento com Deus como
Pai, mesmo na idade adulta. Poderá até ver a Deus como Senhor, mas
para vê-lO como um Pai de amor, só mediante uma cura dessas feridas
passadas.
É esta situação? Um pai cruel, um pai que não expressou amor,
que abandonou o lar ou mesmo que você nem conheceu porque não
sabe quem é, ou morreu ou não se interessou por você? Temos uma boa
notícia: você não tem que transferir para Deus a imagem dos seus pais.
O Espírito de Deus lhe dará a verdadeira revelação do Pai e você poderá
chegar diante dEle e dizer: «Aba! Paizinho!» e terá um relacionamento
restaurador de todo o seu ser.
177
Os filhos de Deus são também visados por Satanás

No momento em que alguém nasce de novo, a primeira coisa que


recebe de outros é rejeição, ferida. As críticas ferinas entram logo em
ação, em casa, na escola ou no trabalho. São táticas satânicas para
trazerem a calúnia, o desprezo, o ódio, a mágoa, a rejeição, com o fim
de levar a pessoa a desistir de seguir a Jesus. Se não consegue, fará tudo
para machucar.
Não somente o novo crente, mas também os novos na vida cheia
do Espírito, são vítimas de suspeita e rejeição. O objetivo é levá-los ao
desencorajamento e silenciá-los. Na sua própria congregação o ataque
se fará sentir.
Alguém está sendo poderosamente usado por Deus em alguma
área de ministério, e logo as investidas se fazem sentir, trazendo
calúnia, crítica, rejeição através até de colegas, amigos e colaboradores.
Quando os golpes são bem sucedidos, o ministérios pode até ser
destruído por mentiras e divisões.
Aí está a estratégia de Satanás: ferir, ferir, ferir. Ele aleija através
da incompreensão, falsa acusação, rejeição e medo. Mas existe uma
posição em Deus em que nenhuma das suas investidas terá mais poder
de nos ferir e destruir. Elas serão desferidas, mas não permitiremos que
nos atinjam. As setas ainda virão, mas não nos hão de atingir. Nossos
muros estarão restaurados e libertos de intrusos. Em outras palavras,
estarão de pé; nossas portas com ferrolhos e trancas, no lugar; nossas
torres de vigilância operacionais. As setas poderão vir, mas não faltará
a água da Palavra para apagar esses dardos inflamados do maligno, e
nós não seremos abatidos, nem destruídos, nem espezinhados.
Diante de tudo isto você poderá dizer: Como posso não ser
atingido?
Até Jesus sofreu as agonias da alma e disse: «Minha alma está
triste até a morte» (Mt. 26:38)! Sim, mas Ele levou sobre Si todas as
nossas feridas, para que não tenhamos que levá-las outra vez. «Pelas
Suas feridas fomos sarados» /Is. 53:5).
178

A Prisão das Mágoas

Vimos que todos os homens serão alvo das feridas de Satanás.


As feridas, se não forem tratadas, degeneram-se em mágoas. Atrás,
portanto, das feridas, se esconde um plano maquiavélico: tornar-nos
prisioneiros da mágoa. No entanto, se Cristo nos libertou, pelo poder da
Sua morte, sepultura e ressurreição, não nos deixaremos ser prisioneiros
de nada, nem de ninguém. Não podemos dar-nos ao luxo de ficar
magoados. Ponha isto no seu coração: «Em nenhuma circunstância
posso aceitar a mágoa, pois se isso acontecer, terei sido apanhado na
gaiola do Diabo».
A recomendação da Palavra de Deus é: «Deixemos todo
embaraço e o pecado que tão de perto nos rodeia...» (Hb 12:1). O autor
de Hebreus está usando a figura de uma corrida. No capítulo onze, ele
mostra uma galeria de heróis que correram e venceram e agora torcem
pelos que estão no campo, para que também vençam. É a corrida da fé,
a corrida da vida cristã. Para que haja vitória, ele recomenda que se olhe
para Jesus , o autor e consumador da fé, e que tudo quanto possa
embaraçar os nossos passos, seja deixado para trás. Haverá algo que nos
embarace tanto, quanto um coração cheio de mágoa? Não importa o
grau de bombardeio, a mágoa é uma prisão cruel.
As Feridas Prendem
Prendem à pessoa que fere. O que aceite as feridas, torna-se
prisioneiro. Primeiro, da pessoa que o feriu. Se você está magoado com
alguém, tornou-se seu escravo. Você o carrega atrelado à sua mente e
sentimentos o tempo todo. Vai para a cama, dorme, anda com ele, não
se aparta dele em momento algum, e por isso é atormentado por um
companheiro indesejado. Solte-o! Quando você p libera, a primeira
pessoa a ser liberada é você mesmo.
Prendem a amargura da ferida. Os sentimentos são
alimentados com a mágoa. É como se você tomasse um prego
enferrujado e começasse a mexer numa ferida. O sangramento será cada
vez maior. Quem se concentra nos golpes, termina prisioneiro deles.
179
Uma terceira prisão é a incapacidade de amar e ser amado.
Hoje há muitos lares destruídos porque duas pessoas feridas e magoadas
partiram para o casamento e nenhuma delas tinha capacidade de amar.
Os relacionamentos são construídos a partir de carências emocionais,
de feridas e mágoas acumuladas por causa de experiências passadas.
O pecado nem sempre é a ocasião ou motivo imediato pelo
qual Satanás ocupa um lugar na vida de uma pessoa. As feridas
podem se transformar nessa ocasião, caso sejam aceitas e alimentadas.
Ninguém escolhe ser ferido, e nem sempre tem culpa de o ser, mas
deixar que a ferida infeccione e contamine todo o sistema, pela
aceitação da mágoa, é abrir a porta para a ocupação inimiga, e isso nos
torna culpados.
Jesus veio libertar aqueles que estão feridos. Ele veio libertar
aqueles que estão presos por dentro. As prisões espirituais são
quebradas por princípio espirituais, logo, a completa liberdade está em
Jesus. Ele é a Cabeça de Sua Igreja e deseja ser o sarador do Seu próprio
Corpo.
O crescimento e o ministério cristãos podem ser embaraçados
pelos pesos e amarras das feridas e mágoas. Os relacionamentos
humanos também são prejudicados por elas. Não existe maneira de
passarmos pelo mundo, sem que Satanás tente nos destruir. Portanto, o
que temos de fazer é aprender a lidar com a situação e sair vitoriosos
diante de cada nova investida. Hoje, se já há prisões do passado, vamos
expô-las ao poder libertador e Jesus e aprender a viver em liberdade.
180
Capítulo 17

RAÍZES DE AMARGURA

Vimos como Satanás tem uma estratégia de ferir todos os


homens. As feridas produzem mágoas e estas, por sua vez,
desencadeiam a amargura e problemas vários, que se agravam cada vez
mais. Ela é o terreno propício para toda sorte de mal. Representa uma
estratégia do inimigo para provocar a separação e o ódio entre as
pessoas.
A amargura é a maior arma à disposição de Satanás e, por meio
dela, ele tem deixado um rastro de destruição na Igreja, tudo porque
irmãos cristãos deixam de lado o princípio do amor e do perdão.
O que é amargura? É um sentimento de mal-estar, produzido pela
ferida, ressentimento e mágoa. Esse sentimento dá lugar à quebra de
comunhão e relacionamentos.
Muitos cristãos são como uma maçã quando cai, e é ferida. Por
vários dias não há sinal de estrago. Depois aparece uma mancha escura;
a parte podre fica saliente e a maçã se estraga. É assim que a amargura
funciona depois da ferida. Surge um incidente que parece não provocar
danos. Acontece que, em vez de se tratar da aparente machucadela, ela
é alimentada. Há uma reação em cadeia. Primeiro, vem a ferida,
aparentemente sem problemas. Segundo, a feria é acalentada em banho-
maria, acariciada, lembrada. Terceiro, aquela área começa a manifestar
sinais de apodrecimento, ao se expressar em reações negativas, como
silêncios vingativos, respostas ríspidas, isolamento, agressões. O fim é
uma pessoa amargurada, cuja presença é evitada porque faz mal.
Como se alimenta uma ferida? Por exemplo: você recebe um
bilhete com palavras duras. Você o lê e relê, chegando ate mesmo a
decorá-lo. Isso provoca sentimentos desagradáveis e você começa a
monologar com a pessoa no mesmo tom. Ou alguém disse uma coisa
desagradável e você fica revivendo a cena. Essa é a maneira de
alimentar as feridas que o Diabo lhe infligiu. Vai terminar apodrecendo.
Você está em alguma atividade em casa, ou na rua, ou no trabalho, ou
andando, ou deitado, e a mente se detém no incidente, lembrando a
181
palavra dura, o ato de ingratidão de alguém querido, o esquecimento
do seu aniversário, a incompreensão do cônjuge, e assim por diante.
Sempre que sua mente se detém em lembranças desagradáveis,
você está abrindo o caminho para que a ferida se degenere em
amargura.
A Palavra de Deus diz taxativamente:
«Que ninguém seja faltoso, separando-se da graça de Deus; nem
haja alguma raiz de amargura que, brotando, vos perturbe e, por meio
dela, muitos sejam contaminados» (Hb.12:15).
A amargura é apresentada aqui como uma raiz e que, portanto,
vai se aprofundando, crescendo e produzindo seu fruto, afetando todo o
estado de alma com a perturbação e contaminação dos que estão à volta.
Temos que tratar das feridas, antes que se forme uma raiz de
amargura. Não adianta você dizer: «o Diabo não entra aqui». Dê-lhe
uma brecha, e veja se ele não entra? Se você nasceu de novo, ele não
tem acesso ao seu espírito, mas a sua alma pode até ser infestada de
demônios, se você permite que a amargura e o ódio o dominem, pois o
inimigo habita na Terra por causa da amargura. Se você andar
contrário à Palavra, será atingido. Ora, a Palavra diz: «Não haja
alguma raiz de amargura».
Note o que temos dito: Satanás nunca constrói uma base em
alguma área da sua vida, sem que primeiro conquiste, para isto, um
direito legal. Ele vêm lhe ferir, Qual é o seu objetivo? Possuí-lo.
Compete a você receber a ferida, e alimentar a mágoa, a amargura virá.
Seu coração estará amargurado, a alma cheia de ódio, de falta de perdão
e, nesta hora, ele entrará e destruí-lo-á e você sucumbirá. Poderá até
mesmo chegar a uma situação em que algum demônio nesta área vai lhe
dominar. E se você se torna prisioneiro, precisará de uma libertação.
Saiba, o inimigo habita na Terra por causa da amargura.

A AMARGURA – O VENENO DA ALMA

A amargura é resultado de feridas emocionais. Em primeiro


lugar, provenientes do relacionamento entre pais e filhos, como
vimos no item sobre feridas. A estratégia é usar os mais próximos de
182
nós, porque quanto mais próximos, tanto mais profundos serão a
feridas. Se fosse apenas uma questão de estranhos nos machucarem,
seria mais fácil lidar com a situação. Os próprios pais, de quem não se
pode separar e cuja memória é impossível de ser apagada, são os
instrumentos mais eficazes dessas feridas que provocam a amargura na
alma.
O relacionamento entre marido e mulher é outra fonte de
feridas. Depois do relacionamento pais e filhos, o mais próximo é entre
os cônjuges. Atrás da maioria das paredes das casas do ,mundo inteiro,
ocorrem as mais diferentes cenas que deixam atrás de si um rastro de
dor, lágrimas, sofrimento e sentimentos amargurados.
Que ódio cruel o de Satanás, que usa os mais queridos, mais
amados , mais próximos, de quem se espera o amor, aconchego,
compreensão, conforto e carinho, para estraçalhar o mais
profundamente as almas dos homens! Graças a Deus por Jesus Cristo,
que nos proveu um grande livramento e nos conduzirá à glória eterna.
A amargura envenena todo o sistema da pessoa. Manifesta-se
de muitas formas, por exemplo, no que ela fala. O amargurado deixa
extravasar em sua conversa o que vai na alma. É por isso que ela se
torna contagiosa, contaminando o ambiente que a cerca. É vista também
nas atitudes da pessoa, que passa a ser ríspida, crítica e vingativa ou
fechada.
A amargura manifesta-se ainda através de enfermidades físicas,
tais como problemas nervosos, insônia, dor de cabeça, esgotamento,
artrite , pressão alta, palpitações, taquicardia, úlceras, doenças de pele,
e tantas outras. A maioria das enfermidades hoje é de fundo emocional
e revela a incapacidade das pessoas de lidarem com os problemas da
vida.
Entre oitenta a noventa por centro dos que buscam os
consultórios e fazem exames de laboratório, não se constatam
problemas físicos. As pessoas se sentem verdadeiramente doentes, mas
seus sintomas são provocados pelas angústias, temores, mágoas,
pressões e amarguras. São problemas psicológicos, diria o médico. Para
nós são problemas de ordem espiritual, afetando a alma e o corpo. Todo
aquele que encontra o caminho da confiança em Jesus e da obediência
à Palavra de Deus, andando no Espírito, não será vencido por esses
males.
183
A amargura contamina não só sua vítima, mas também os
que a cercam. A contaminação de outros acontece porque
frequentemente a amargura se manifesta numa atitude crítica. A língua
está afiada para criticar a tudo e a todos. Nada está bem. A conversa do
amargurado gira em torno de suas próprias feridas, reais ou imaginárias,
e o ambiente à sua volta se torna desagradável e provoca mal-estar.
Hebreus 12:15, na Linguagem de Hoje, diz: «cuidado, para que
ninguém se torne como uma planta amarga que cresce e prejudica
muita gente com o seu veneno».
A amargura é também responsável pela construção de
paredes de isolamento. Primeiro, porque as pessoas se afastam, por
não se sentirem bem. Se cada vez que a pessoa fala, despeja um «rosário
de amarguras» nos ouvidos dos que a cercam, estes tenderão a evitá-la,
e assim o amargurado traz sobre si um novo mal, o do isolamento, pelo
que sua dor se agrava ainda mais. O remédio não é buscar alguém em
quem descarregar nossas mágoas, mas ir a Jesus para sarar nossas
feridas.
O amargurado, por outro lado, se isola por medo de ser mais
ferido. Quando alguém faz declarações como: «Não confio em
ninguém», «não creio em ninguém», «eu prefiro ter um cachorro amigo
do que um amigo cachorro», ele está refletindo as raízes de amargura,
que o levam a fechar-se em seu mundo- É uma forma de proteção. Há
um medo e desconfiança das pessoas. O medo de que as feridas internas
e fraquezas sejam reveladas, também está por trás do isolamento. As
pessoas se escondem atrás de uma máscara. Quem não tem o que
esconder, não teme o convívio das pessoas.
A solidão é outra forma de isolamento. Ela não é marcada pelo
número de pessoas que está à nossa volta, mas é um estado da alma.
Alguém pode se sentir só em meio a uma multidão. Por outro lado, pode
estar perfeitamente seguro e feliz, estando sozinho. Ninguém pode
sentir-se só, quando tem um relacionamento sadio com Deus.
A amargura sempre resulta em relacionamentos quebrados.
Quando alguém lhe dá lugar, seu relacionamento com a família e os
amigos sofre constantes choques. Isso afasta dela as pessoas, e o diálogo
é evitado, para não provocar maiores problemas. Quantas vezes isso
resulta na separação definitiva entre pais e filhos e entre marido e
184
mulher. Uma atitude crítica para com os outros faz com que o
amargurado seja evitado.
Por tudo quanto dissemos, e muito mais, está claro que a
amargurada é de fato o veneno da alma, que lança em trevas o que por
ela é dominado e contamina o ambiente, pelo que deve haver todo
empenho em se obedecer a ordem da Palavra de Deus:
«Exercitai a precaução e estai de sobreaviso para vigiar um ao
outro, para que ninguém se aparte e falhe em reter a graça de Deus
(Seu favor imerecido e bênção espiritual), afim de que nenhuma raiz de
ressentimento (rancor, amargura, ou ódio) brote e provoque problemas
e amargo tormento, e muitos sejam contaminados e manchados por
ela» (Hb. 12:15-V.Amp.).
• Sintomas de Relacionamentos Quebrados

Deus nos criou para uma vida de comunhão não só com Ele, mas
igualmente com os nossos semelhantes, especialmente os que nos são
mais próximos. Quando alguém se deixa levar por mágoas e falta de
perdão, a comunhão é quebrada e isso provoca vários males, O primeiro
deles é a cegueira espiritual.
A Palavra de Deus declara: «Aquele que diz estar na luz, e odeia
a seu irmão, até agora está nas trevas. Aquele que ama a seu irmão
permanece na luz, e nele não há tropeço. Mas aquele que odeia a seu
irmão está nas trevas, e anda nas trevas, e não sabe para onde vai;
porque as trevas lhe cegaram os olhos» (1 Jo. 2:9-11).
Veja aqui a cadeia: a ferida traz a mágoa, a mágoa traz a
amargura, a amargura provoca o quebrar dos relacionamentos entre
os irmãos, o que traz cegueira espiritual. Não andar em comunhão é
andar em trevas, o que traz sérias conseqüências.
Primeiro, a cegueira nos impede de agir com sabedoria. Se
andarmos em trevas, não saberemos como agir. Não teremos suficiente
luz para analisar a situação, e agiremos por impulsos do momento, ou
julgamentos precipitados, sem a luz das Palavra.
Em segundo lugar, essa cegueira vai impedir-nos de ver-nos a
nós mesmos pelos olhos da Palavra, ou como de fato somos. A pessoa
185
em trevas torna-se o centro de sua própria vida; a auto-comiseração
toma conta dela, levando-a a exigir dos outros toda a atenção para si.
Vive remoendo mágoas e fazendo confissões negativas. Vê-se apenas
como injustiçada, coitadinha, machucada, desprezada, enfim, uma
vítima.
A cegueira impede-nos ainda de ver os outros como eles
realmente são. Por pior que alguém seja, há algo de bom nele. Conta-
se uma lenda que Jesus, certo dia, caminhava com seus discípulos e
passavam por uma caveira de jumento, no fim da decomposição do seu
corpo. O mau cheiro era insuportável e os discípulos reclamaram,
tapando o nariz. Jesus, olhando para ela, disse: «Vejam que dentadura
tão bonita!» Moral da história: Apesar da carniça, Jesus pôde ver algo
de belo. Quem anda na luz, saberá descobrir os valores das outras
pessoas, mas quem anda na luz, saberá descobrir os valores das outras
pessoas, mas quem anda em trevas só verá trevas.
A insensibilidade para com os demais é um outro grave
sintoma dos relacionamentos quebrados. A vida se torna egocêntrica.
Gira em torno de si mesma. O demais são excluídos. Isso resulta numa
indiferença para com as necessidades dos outros. Quem vive voltado
para dentro de si, revivendo suas mágoas e problemas, fica alheio ao
que se passa ao seu redor, em indiferença total. E essa atitude egoísta
chega até a provocar morte. É semelhante ao Mar Morto, em Israel, que
recebe as águas do Jordão e do mar da Galiléia, mas nada dá. Por isso
não há vida nele.«Ninguém vive para si». Há um ditado popular que
diz: Quem não vive para servir, não serve para viver».
Imaturidade emocional é outro sintoma. O crescimento
emocional é interrompido por ocasião da ferida, e só é retomado quando
a cura ocorre. Imaturidade significa agir como criança e não como
adulto. Já dissemos que a personalidade não amadurece com o corpo. A
maturidade emocional é distinta da física. Para que ela ocorra, há que
acontecer a cura e libertação de todas as feridas e mágoas.
186
Sintomas da Falta de Perdão

A amargura só tem lugar onde faltou o perdão. Viver nela, é


viver sem perdão, e isso traz terríveis consequências. Quando o perdão
não ocorre logo no momento da ferida, esta vai produzir o
ressentimento. O ressentimento se transforma em amargura, que, por
sua vez leva à acusação. A acusação se transforma em ódio, que, por
sua vez, lança no engano e este se transforma em perversão.
Você pode se sentir magoado com os outros, consigo mesmo e
com Deus. Essa mágoa o torna culpado, e onde há culpa, há sintomas.
Quais são eles?
Se você tem mágoa de si mesmo, os sintomas são: sentimento
de culpa, de inferioridade, auto-compaixão, auto-depreciação,
complexo, indignidade, vergonha, ódio, podendo até a atitude extrema
do suicídio.
Se você tem mágoa de outros, os sintomas são: ressentimento,
amargura, mágoa, raiva, ódio, vingança, retribuição, podendo até
chegar ao assassinato.
Se você tem mágoa de Deus, os sintomas são: dúvida,
questionamento, incredulidade, e rebelião. Você duvidará da Palavra,
não acreditará nela e, e última instância, terminará em rebelião aberta
contra Deus.
A prevenção contra tais sintomas é permanecer
continuamente no espírito de perdão. Quando Satanás vier para ferir,
não aceite a ferida. Libere-a através do perdão. Faça-o imediatamente.
Não veja a pessoa que o fere. Veja Satanás usando aquela pessoa que
você ama, para lhe ferir. Ela é apenas instrumento. Nossa luta não é
contra pessoas, mas contra as forças das trevas que usam as pessoas (Ef.
6:12).
187

Capítulo 18

A FORÇA DO PERDÃO

«Muitos cristãos estão sendo atormentados por causa da falta de


perdão. A falta de perdão dá ao inimigo uma reivindicação legal e ele
entra a fim de oprimir e atormentar. Amargura, que é o resultado da
falta de perdão, é o terreno para a semeadura de toda a obra do maligno.
Satanás não respeita o crente que vive com mágoa e falta de perdão».
O perdão é o caminho para a libertação da amargura, da
mágoa e da ferida. Pelo perdão, abrimos o caminho para Deus trazer à
nossa alma a cura e restauração. Logo, vamos tomar uma decisão de
entrar no passado e perdoar todos quantos nos feriram, e nos armar para
que, da próxima vez, não guardemos mais o ressentimento; liberaremos
a pessoa antes que o Diabo tome proveito daquela atitude, daquela
palavra, daquela circunstância, para nos destruir, e estaremos vivendo
em vitória, pois andar em perdão, é andar em vitória.
Há uma força tremenda no perdão. Por ele caminhamos na luz e
paz de Deus. Andando em perdão, não há como o inimigo possa
penetrar em nossa alma, através das suas feridas, acusações e calúnias.
Tal atitude liberará a bênção de Deus sobre nós, conservará nosso
coração em paz com Deus e deixará livres os que forem instrumentos
dos esbofeteamentos de Satanás.
Estamos lidando com uma conquista. Perdoar é ter as emoções
sob controle, conquistadas. Tome, portanto, uma decisão de sempre
perdoar e declare:
«Eu vou me levantar e reinar no meio dos meus adversários, Não
permitirei que o espírito da amargura me domine. Eu tenho a
autoridade do Nome de Jesus e vou usá-la para expulsar todo intruso
e deixar que a Palavra de Deus entre e me purifique de toda a
contaminação desses intrusos na minha alma. E a partir daí vou
encarnar a Palavra de Deus até que as feridas do Diabo não consigam
mais entrar dentro de mim. Determino seguir o caminho do perdão, a
qualquer preço».
188
Mas não se esqueça do capítulo sobre «Oposição Satânica».
Esta é uma batalha que precisa ser travada até à vitória final. Haverá
contra-ataques, mas não desista, Novos hábitos são adquiridos pela
repetição.
Há uma lei de semeadura e ceifa ensinada na Bíblia, Portanto,
liberte e seja libertado. Quando você liberta os que o ofenderam, o
primeiro a experimentar libertação é você mesmo. Vejamos o que Jesus
diz sobre o assunto:
«Não julgueis e não sereis julgados; não condeneis, e não sereis
condenados; perdoai e sereis perdoados. Daí e ser-vos-á dado; boa
medida, recalcada, sacudida e transbordando vos deitarão no regaço;
porque com a mesma medida com que medis, vos medirão a vós» (Lc.
6:37,38).
Muitas vezes o versículo trinta e oito é usado com referência a
ofertas. Pode haver uma aplicação aí, por causa da lei de semeadura e
ceifa , mas o assunto primário aqui é outro. Tem a ver com julgamento,
com perdão, com misericórdia; tem a ver com «amai os vossos
inimigos» com «orai pelos que vos perseguem». «Daí!» Daí o quê? Daí
misericórdia, daí perdão; «daí e ser-vos-á dado. Boa medida». De quê?
De amor, de perdão, de misericórdia. O que isto que dizer? Que em
troca, você vai ser amado, perdoado, alcançará misericórdia. Se você
semeia perdão, ceifará misericórdia.
Está claro que o perdão é a chave para a libertação da
amargura. Mas o que é Perdão? Há várias palavras gregas empregadas
no Novo Testamento, que destacam os vários aspectos do seu
significado. Vejamos algumas:
«Aphiemi» - Denota o perdão de dívidas (Mt. 6:12), cancelando-
as completamente, e de pecados (Mt. 9:2,5,6). Implica em libertação,
deixar ir, mandar embora. O substantivo «aphesis», denota despedida,
libertação (Mc. 3:29).
«Charizomai» - atribuir um favor incondicionalmente. É usado
para o ato de perdão, tanto Divino (Ef. 4:32), quanto humano (Lc.
7:42,43): libertar (At. 25:11,16). «Então, despedindo as multidões»
(Mt. 13:36).
«Apoluo» - libertar ou liberar, livrar alguém de alguma coisa,
deixar ir.
189
«Mulher, estás livre da tua enfermidade» (Lc. 13:12)
«E o Senhor daquele servo... mandou-o embora e perdoou-lhe
a dívida» (Mt. 18;27).
Perdoar, portanto, é deixar livre, soltar, libertar, despedir,
mandar embora, atribuir um favor incondicionalmente àquele que nos
feriu. É não levar em conta o mal causado; é não reter a mágoa ou ferida;
é agir como se o incidente nunca houvesse acontecido. O perdão de
Deus é o padrão para o perdão humano. Como Deus perdoa, devemos
perdoar.

A Falta de Perdão Prende ao Passado

Quem não perdoa é prisioneiro do seu passado. Perdeu a


capacidade de viver no presente. Daí porque se fere tanto, pois diante
de cada atitude ele revela dificuldade em analisar a situação como de
fato ela é, no momento. Ele encara o presente com os olhos do passado.
A amargura do passado flui nos relacionamentos presentes.
Muitas vezes alguém se revela ferido com um incidente e o suposto
autor da ferida leva um susto, pois não consegue conceber como a
pessoa possa ter-se magoado com aquilo. O problema não é o incidente
do momento, e sim um coração amargo, que traz o passado para o agora,
gerando sérios problemas nos relacionamentos do presente.
Quem não perdoa é prisioneiro das pessoas do passado. Está
com sua mente e memórias constantemente cheias de lembrança
daqueles que foram instrumentos de mágoas. Essa atitude, no reino do
espírito, pode conservar alguém em seu pecado por falta de perdão. São
tremendas as palavras de Jesus em João 20:22-23: «E havendo dito isto,
assoprou sobre eles, e disse-lhes: Recebei o Espírito Santo. Aqueles a
quem perdoardes os pecados, são-lhes perdoados; e àqueles a quem os
retiverdes, são-lhes retidos». Isto implica em que o perdoado está livre
porém, a quem não se perdoa é conservado em prisão.
Olhemos para Jesus na cruz: odiado, rejeitado, espezinhado,
ferido, mas ainda assim soltou os seus algozes, ao dizer: «Pai, perdoa-
lhes, porque não sabem o que fazem» (Lc.23:34). Jesus os estava
liberado, para que tivessem uma chance de se converter. O mesmo fez
190
Estêvão, ao orar: «Senhor não lhes imputes este pecado» (At. 7:60).
Acreditamos que Saulo foi liberado ali. Se conservamos os algozes
prisioneiros, pela falta de perdão, não somente seremos prejudicados,
mas eles também o serão.
Quantas vezes pais são responsáveis por esse tipo de atitude. Não
concordam com o casamento de um filho, ou uma profissão, e
conservam-no retido em sua falta de perdão. O filho é prejudicado. Isso
também pode ocorrer até com a liderança de uma Igreja, que retém um
membro transgressor, e o Diabo se aproveita para esbofetear ainda mais
aquela pessoa.
Por conservar o pecado de alguém, você se torna como ele. E
aqui vai um princípio: «Perdoe, e se torne como Deus, que é
perdoador; retenha o pecado e se torne como o que o feriu.»
Portanto, seja perdoador. Lembre-se: a falta de perdão não se altera
com o tempo. Quanto mais se demora a perdoar, tanto mais enraizada
ficará a amargura, que é alimentada pela ausência do perdão.
Quem não perdoa é atormentado por demônios. Em Mateus
18:21-35, Jesus aborda o assunto do perdão e deixa uma séria
recomendação a ser seguida: devemos perdoar setenta vezes sete, isto é
ilimitadamente (vs. 22.23). Logo depois Ele mostra as implicações de
recusa de um servo em perdoar.
Trazendo a história para nossos dias , Ele fala de um servo que
devia o equivalente ao salário de sessenta milhões de dias de trabalho
(dez mil talentos. Um talento valia seis mil dias de trabalho, ou
denários). Não tendo com que pagar, pediu misericórdia ao credor. Este
perdoou-lhe toda a dívida. Mas o servo encontrou-se com alguém que
lhe devia o equivalente ao salário de cem dias de trabalho, que, por sua
vez, pediu-lhe misericórdia, por não ter com que pagar. Ele não lhe deu
ouvidos, lançando seu conservo na prisão. O relato bíblico a partir daí
declara:
«Então o seu Senhor, chamando-o à sua presença, disse-lhe:
Servo malvado, perdoei-te toda aquela dívida, porque me suplicaste;
não de vias tu também ter compaixão do teu companheiro, assim como
eu tive compaixão de ti? E, indignado, o seu Senhor o entregou aos
verdugos , até que pagaste tudo o que devia. Assim vos fará vosso Pai
Celestial, se de coração não perdoardes, cada um a seu irmão»
(Mt.18:32-35).
191
O Senhor chama de «servo malvado» o que não perdoa e o
seu fim é ser entregue aos «verdugos», isto é, aos atormentadores.
Quem são estes? Verdadeiros demônios. Deus é um Deus de legalidade.
Sua bênção só pode fluir livremente sobre um servo, quando este anda
de acordo com a Constituição do Reino. Se a desobediência ocorrem
ele fica fora da proteção Divina e, em vez das bênçãos abundantes, vêm
os atormentadores.
Como alvos de tão grande perdoadora a nós manifesta por um
Deus de tanto amor e misericórdia, qual deverá ser nossa atitude para
com nossos ofensores? Certamente a mesma de graça, perdão e
misericórdia, que nosso Pai Celeste expressa no trato para conosco. Há
uma força no perdão, que nos torna livres em Deus. Livres do
passado. Livres dos instrumentos de feridas e libertadores. Oremos,
pois como Jesus nos ensinou, e façamo-lo de todo o coração:
... e perdoa-nos as nossa dívidas, assim como nós também temos
perdoado aos nossos devedores; e não nos deixeis entrar em tentação,
mas livra-nos do mal (Mt. 6:9-13).

O Perdão Libera Perdão

Quando perdoamos alguém, colocamo-nos na posição em que o


perdão de Deus nos será liberado. Quem perdoa, é perdoado.
Jesus é taxativo ao declarar: «Porque se perdoardes aos homens
as sua ofensas, também vosso Pai Celestial vos perdoará a vós; se,
porém não perdoardes aos homens, tampouco vosso Pai perdoará
vossas ofensas» (Mt. 6:14,15).
Em Marcos 11:23-26, encontramos o tremendo ensino da
autoridade e fé para remover montanhas; o poder da oração da fé em
operação, pelo uso da palavra. Mas tudo isso está na dependência de um
coração perdoador. A fé sem perdão, não opera; a autoridade sem
perdão, é um desastre, Jesus é categórico ao dizer:
Quando estiverdes orando, perdoai, se tendes alguma coisa
contra alguém, para que também vosso Pai que está no Céu, vos perdoe
as vossa ofensas. Mas se vós não perdoardes, também vosso Pai, ,que
está no Céu, não perdoará as vossas ofensas (Mc. 11:25,26).
192
O pecado não perdoado torna-nos prisioneiros de
Satanás. Para andarmos na bênção, deixando as mãos de Deus livre
para nos cumular dos tesouros da Sua graça, teremos necessariamente
que andar perdoados diante dEle, dos outros e de nós mesmos. O
caminho é este: sempre perdoados e sempre perdoando.
O nosso perdão libera o perdão de Deus para os outros. Quando
entendermos o bem que nosso perdão faz, não somente a nós, como
também ao ofensor, jamais conservaremos alguém retido, pela nossa
falta de perdão. Há uma grande verdade expressa por Jesus, em Mateus
18:18, quando Ele declara que o que ligamos na Terra , é ligado no Céu,
e o que desligamos na terra, é desligado no Céu. Isso implica em que
nossa atitude na Terra tem influência no reino do espírito. Nosso perdão
a alguém abre o caminho não só para as bênçãos fluírem sobre nossa
vida, mas igualmente sobre a vida do ofensor. Se queremos ser canais
para a libertação de todos os homens, perdoaremos a todos também.
Quando alguém transgride, torna-se culpado. Se o ofendido
libera o ofensor, no reino do espírito ele é liberado para receber as
bênçãos de Deus, incluindo o Seu perdão.
Nosso perdão libera a cura de Deus. Existem muitas
enfermidades provenientes da falta de perdão. Vimos como as mágoas,
que são a mãe de muitos tipos de perdão, envenenam todo o sistema
orgânico e provocam muitos tipos de doenças. Para as enfermidades
assim produzidas, só há um meio de cura: o perdão. Esse perdão deverá
ser tríplice. Como as mágoas podem ser contra si mesmo, contra outros
e contra Deus, assim deverá ser o perdão. Onde ela chegou, deve entrar
o perdão para expelí-la com todo o seu veneno mortífero.
Talvez você precise perdoar a si mesmo. Não importa quem seja
o alvo da falta de perdão, os efeitos são iguais. Você pode prender-se
pela falta de perdão por erro que você mesmo cometeu. Quantas vezes
a mente é atormentada por causa de acusações, pecados passados,
transgressões! As faltas são confessadas, mas o espírito acusador está
presente e a pessoa sucumbe à culpa, sem aceitar o perdão de Deus para
si, nem o seu próprio.
Satanás muitas vezes lança mão de uma queda do passado para
lhe esbofetear, mas não importa qual tenha sido seu pecado; não
importa o tamanho da sua transgressão, Deus é maior do que ela e «onde
abundou o pecado, superabundou a graça» (Rm. 5:20). Deus cobrirá a
193
multidão dos seus pecados. Você pode chegar diante de Deus e
confessá-los- E que maravilhosa verdade: o perdão de Deus é uma
tremenda provisão para você: «Se confessarmos os nossos pecados Ele
é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda a
injustiça» (I Jo. 1:9). E se Deus o perdoa, você também vai se perdoar,
porque não é maior do que Ele.
Quando pecamos, temos de fato que sentir profundo pesar e nos
arrepender diante de Deus; temos que confessar a abandonar o pecado
cometido. Mas uma vez que o nosso coração se move, rejeita a
transgressão e se volta para Deus, Satanás não tem mais autoridade de
lançar em rosto a condenação desse pecado, porque o Senhor lança para
trás de nós as nossas transgressões, e, conforme a Palavra nos diz: «Eu,
eu mesmo, sou o que apago as tuas transgressões por amor de Mim,
e dos teus pecados não me lembro mais» (Is. 43:25). No reino do
espírito, Jesus cancela a dívida que era contra nós, e podemos nos
levantar e entrar no Santo dos Santos, sem nenhum complexo de culpa,
como se nunca houvéramos pecado, porque Deus nos aceita como
justos diante dEle, por causa do sangue do Cordeiro que foi derramado
em nosso lugar e devidamente apropriado pelo arrependimento e
confissão.
«De sorte que somos embaixadores por Cristo, como se Deus por
nós vos exortasse. Rogamo-vos, pois, por Cristo que vos reconcilieis
com Deus. Aquele que não conheceu pecado, Deus o fez pecado por
nós; para que nEle fôssemos feitos justiça de Deus» (2 Co. 5:20,21).
Perdoado, agora você está em condições de perdoar aos outros.
Já falamos muito sobre o assunto, mas convém lembrar alguns
princípios : Se o meu relacionamento com o irmão não for edificado na
base do perdão, Deus não aceitará minha oferta, meu serviço a Ele. As
palavras do Mestre são contundentes:
«Se estiverdes apresentando a tua oferta no altar, e aí te
lembrares d que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa ali a tua
oferta, e vai reconciliar-te primeiro com teu irmão, e depois vem
apresentar tua oferta» (Mt. 5:23,24).
Por quê? Porque se Deus aceita minha oferta, é sinal de que Ele
aceita minha comunhão; se Ele aceita minha comunhão, significa que
eu estou aborrecendo meu irmão e com a comunhão quebrada com ele,
a Bíblia dia que eu estou andando em trevas, logo, a minha comunhão,
194
a minha oferta, não serão aceitas por Deus. É assim que a mágoa se
torna o maior destruidor da fé da comunhão com Deus.

O perdão de Deus deve ser o nosso padrão:


«Antes sede bondosos uns para com os outros, compassivos,
perdoando-vos um aos outros, como também Deus vos perdoou em
Cristo» (Ef. 4:32).
«Suportando-vos e perdoando-vos uns aos outros, se alguém
tiver queixa contra outro; assim como o Senhor vos perdoou, assim
fazei vós também» (Cl. 3:13).
Há outros que não conseguem perdoar a Deus. Estão magoados
com Ele. Estão feridos e não têm coragem de di-lo, mas sua mágoa
escondida deixa suas marcas em sua própria saúde física e emocional.
Pode acontecer que tenha havido a morte do pai ou da mãe, quando você
era criança, ou de um filho, ou mesmo um cônjuge, alguma catástrofe
na vida, e você diz: «Por que Deus permitiu?» No fundo você está
ferido, pensando que Deus tinha poder de impedir o que lhe pareceu ser
uma tragédia, e não o fez. Sua alma está envenenada e você está doente.
Se este é o caso, sua cura passa pelo perdão também a Deus. Saiba que
Ele lhe ama e quer trazer cura completa à sua vida.
Jamais espere um sentimento para poder perdoar. Perdão não é
sentimento, e decisão da vontade. É um ato de obediência a Deus.
Você decide perdoar. O sentimento virá depois. Não diga: «eu não sinto
nada». Não é o que você sente que determina sua ação, mas o que você
decide, e quando você entra em ação, o poder de Deus virá em sua
assistência. Ao liberar a pessoas que o ofendeu, Deus tirará a sua ferida
e a cura cedo brotará.
Como está sua alma? Agora mesmo, o Espírito de Deus está com
você, para ajudá-lo a liberar o perdão. Tome, pois, uma decisão de
perdoar todos os que no passado lhe ofenderam; perdoe-se por ter-se
deixado praticar o que você condena; aceite o perdão de Deus em sua
vida e se Ele já lhe deu o Seu perdão, você não é maior do que Deus,
para reter a culpa. Libere os outros e seja liberado. Se há mágoa contra
Deus, faça o mesmo e sua cura nascerá, lançando sua alma numa nova
manhã de alegria e paz consigo, com os outros e com Deus.
195
Aplicação Prática

1. Faça uma lista dos relacionamentos do passado que foram ou


são maus. Coloque cada nome. Deixe que o Espírito Santo o dirija,
trazendo à lembrança o que deve ser lembrado.
2. Analise cada um dos relacionamentos e descubra as razões
porque era maus. Anote-as. Não tente fugir da realidade.
3. Lide com cada relacionamento e libere a pessoa pelo perdão.
Traga cada caso diante de si e diante de Deus e, nominalmente, por uma
deliberação da sua vontade, perdoe a cada um.
4. Você poderá descobrir que nem sempre a culpa foi do outro,
como você julgava, e deverá pedir perdão àqueles a quem você ofendeu.
Caso a pessoa já tenha morrido, faça-o apenas diante de Deus.
5. Você precisa pedir perdão a pessoa pela sua atitude não
perdoadora, caso ela tenha conhecimento disso. Se sua atitude é
desconhecida, não é sábio abordar o assunto, pois ela pode não estar
preparada para isso e feridas poderiam ser causadas. Confesse a falta
diante de Deus e mude de atitude.
6. Se as pessoas a quem você precisa perdoar ou pedir perdão,
não estão ao alcance da sua voz, pessoalmente, ou pelo telefone,
escreva. E então deixe que aquele mesmo espírito perdoador que Deus
tem manifestado para com você, domine seu coração e se manifeste
pelos outros, e você estará crescendo na imagem do Senhor Jesus e
sendo motivo de glória para Deus Pai.

ORAÇÃO

Pai, sei que me amas e me exponho a Ti, para que Teu amor,
derramado pelo Teu Espírito em meu coração, inunde o meu ser inteiro
e eu possa agora liberar todos quantos no passado e no presente foram
instrumentos de feridas na minha alma. Sei que as que mais me feriram
são exatamente as que mais amo, e reconheço que era Satanás quem
estava por trás delas, com o intuito de destruir a minha vida. Agora eu
declaro diante de Ti, ó Pai; eu solto______________(diga o nome da
196
pessoa), com a força que me deste e libero o perdão e amor que de
Ti recebo, em nome de Jesus. Solto meu pai, minha mãe, meus
professores, parentes, colegas, vizinhos, todos________________ (vá
citando os nomes um a um), vai em paz! Eu te perdôo e te amo com o
amor de Jesus. A prisão da mágoa está agora desfeita, no nome de
Jesus! Sou filho de Deus e sou perdoador.
Jesus, tomaste o meu lugar e foste ferido, rejeitado, traído,
esquecido, por mim, para que pela Tuas feridas eu seja agora sarado.
Vejo-Te na cruz sofrendo, e ainda assim bradando com tanta ternura:
«Pai perdoa-lhes porque não sabem o que fazem!». Portanto, eu
assumo agora o meu papel de filho de Deus e Teu servo e, com a graça
que procede de Ti para mim, eu digo: Pai Celeste,
perdoa_________________ (cite os nomes), porque ele(a) não sabia
o que estava fazendo, Não lhe imputes este pecado. Perdoa-o, como eu
mesmo o tenho perdoado!
Meu Deus, bem sei que o perdão não depende de um sentimento,
mas de uma decisão da minha vontade; portanto, eu decido agora
perdoar a todos aqueles que me feriram ou me estão ferindo. Teu
Espírito está derramado do Teu amor em meu coração e eu o libero
para meus ofensores. Sei que o amor não é um sentimento da lama, mas
uma virtude de um espírito recriado pela Tua semente Divina. Não
importa o que eu sinta agora, decido perdoar e amar a todos, em nome
de Jesus.
Pai sei que guardei estas mágoas, ressentimentos e feridas por
muito tempo. Confesso-Te agora o meu pecado e recebo o Teu perdão,
pelo sangue de Jesus, derramado para minha completa redenção.
Senhor Jesus, naquela cruz estavam os meus pecados. Fui causa
da Tua ferida. Teu sofrimento era resultado das minhas quedas, meu
erros, fracassos, meu pecado. Peço-Te perdão. Sei que me amas e me
aceitas. Sei que me perdoas, Senhor. Teu amor me atraiu e nele quero
viver.
Pai, eu me vejo perdoado e me entrego totalmente em Tuas mãos.
Venha agora o Teu Espírito sarando e curando minhas feridas.
Aquieto-me na Tua presença e recebo a Tua cura e Tua paz que excede
todo o entendimento, em Cristo Jesus, meu Senhor.
197
Levanto as mãos para Ti e confesso: com Tua graça, sou um
perdoador. Perdoei todos quantos me feriram e me ferem e aceito
desafio de não mais aceitar as feridas que Satanás quiser provocar
contra mim no futuro. Recusarei todas elas, num passo de fé , na
autoridade do Senhor Jesus Cristo, no poder do Espírito Santo e no Teu
amor em meu coração. Deixei ir em paz meus ofensores e comando
Tuas bênçãos sobre eles. Sejam prósperos e todos os Teus caminhos .
Aproprio-me da Tua cura para toda raiz de amargura. Expulso
a mágoa da minha alma e me banho no Teu amor de Pai. Graças te dou
por tão grande libertação e tão indizível amor que agora invade todo o
meu ser. Graças por Cristo, meu Senhor, que me proveu, pela Sua
morte e ressurreição, a mais completa vitória! Amém!
198
Capítulo 19

RAÍZES DE REJEIÇÃO

O homem foi criado à imagem de Deus (Gn.1:26). Para que ele


cresça com uma personalidade sadia, deve ajustar-se aos princípios
estabelecidos pelo Criador para o seu pleno desenvolvimento. A
principal necessidade que ele tem, é de amor, porque Deus mesmo é
amor (I Jo. 4:8), e estabeleceu o amor como a base dos relacionamentos
entre Ele e os homens e entre estes e os seus semelhantes.
Dentre as necessidades básica para um desenvolvimento sadio da
personalidade do ser humano, estão três coisas: o amor, a aceitação e
a compreensão. Quando esse amor, que é a base de tudo e gera a
compreensão e a aceitação, é negado, profundas carências, feridas e
raízes de rejeição vão brotar. O amor gera segurança; a aceitação
provoca a confiança e a compreensão desperta o bem-estar. Quando
vem a rejeição, que é a negação de tudo isso, o mundo interior é
desestruturado e surgem verdadeiros aleijões de personalidade. E a
conseqüência é a incapacidade de amar e receber amor.
É aí que Satanás entra, pois já vimos que seu objetivo é nos ferir
e que o grau da ferida depende da importância ou proximidade afetiva
daquele que Nos fere. Quais as pessoas mais próximas de nós? Os pais
e os cônjuges. Portanto, as maiores feridas virão através deles. Vimos
também que quem não recebe amor, não saber amar, nem ser amado.
Quando porém, alguém é sarado, mesmo que não haja recebido amor,
receberá tanto de Deus, que é a fonte do amor, que em vez de viver no
fracasso por causa de uma experiência passada, usará aquela
experiência para compreender e ajudar os que estão em necessidade.
O que é rejeição? É uma ferida profunda, que pode destruir a
vida da pessoa. Naturalmente há graus de rejeição, cujos efeitos são
proporcionais. Queremos, porém, dizer logo de início que, em Cristo,
todas as raízes de rejeição poderão ser arrancadas, pois não há maior
demonstração de amor por nós, do que o Filho de Deus renunciar a
glória no Céu, tornar-se homem, nosso irmão, e pagar o preço da nossa
eterna redenção. Aprendemos, pois, com Deus, a não ser efetuados pela
rejeição de quem quer que seja.
199
A cruz poderia ter sido a maior tragédia, porque ela é o quadro
da mais atroz rejeição, no entanto ela se tornou a base da nossa própria
regeneração, restauração e cura. A grande rejeição de Jesus foi
transformada no caminho da nossa salvação. Aleluia! Assim também,
as rejeições que sofremos ao longo da vida, poderão ser transformadas
em instrumentos para que nosso caráter seja refinado e reflita a beleza
do Mestre.
Em Isaías 53:2,3, deparamo-nos com o quadro da rejeição sofrida
por Jesus, como nosso substituto, para que, através de tudo quanto ela
representou, fôssemos sarados. O versículo três declara:
«Era desprezado, e rejeitado dos homens; homem de dores, e
experimentado nos sofrimentos; e, como um de quem os homens
escondiam o rosto, era desprezado, e não fizemos dEle caso algum».

Fontes de Rejeição

As mesmas fontes usadas para trazer feridas na alma, são


instrumentos de rejeição. Na família, temos a primeira fonte. As
necessidades de amor, aceitação e compreensão devem ser, primeiro,
satisfeitas no aconchego do lar. Se isso não ocorre, estamos diante da
formação de um problema. Vejamos onde a rejeição pode se manifestar:
Antes do nascimento. Uma gravidez indesejada, por quaisquer
que sejam os motivos: fruto de adultério, relações antes do casamento,
estupro dentro e fora do casamento, problemas econômicos,
enfermidade. Não importa o motivo, o fato da mãe não desejar a
criança, deixa nesta as marcas de rejeição, mesmo que ela jamais tome
conhecimento disso. O estado psicológico da mãe se reflete na criança,
antes mesmo de nascer.
No nascimento. Há muitas circunstâncias no nascimento que
podem provocar a rejeição, como os traumatismos de parto, uma falta
de leito que força a mãe a se comprimir, uma dificuldade que leva ao
uso de aparelhos que machucam, um parto sem assistência, a morte da
mãe na hora do parto, a rejeição pelo pai da criança, etc. A ausência de
amor e aceitação, na hora do nascimento, marcam o bebê, que crescerá
com raízes de rejeição.
200
Crianças adotadas. A criança gerada está ligada à mãe, tanto
pelo sangue, quanto pela emoções. Se ela é entregue a outros, que não
os verdadeiros pais, não importa o quanto seja amada, uma marca fica
em sua alma.
A falta de demonstração de amor por parte dos pais, é um grave
problema. Eles podem amar, mas se não souberem comunicar seu amor,
a criança interpreta como rejeição. Muitos pais, porque não receberam
demonstração de amor, não são demonstrativos. Mas a criança não
entende isso. Ela não interpreta comida na mesa como amor. Para ela,
amor é toque, abraços, beijos, atenção. Ela quer sentir o amor através
de atitudes de carinho, aceitação e compreensão. Ela quer ser carregada
nos braços, sentar-se no colo dos pais, ouvir expressões de amor e
carinho. Se isso não acontece, ela se sentirá rejeitada.
Pais que sofrem de rejeição e nunca experimentaram uma cura,
são tendentes a manifestar a rejeição, e cria-se uma cadeia: os pais
foram rejeitados, não demonstram amor aos filhos e estes, por sua vez,
quando formam os seus lares, fazem o mesmo.
O alcoolismo dos pais é outra fonte, pois quando o álcool entra
em operação a pessoa pode agir irracionalmente. O alcoólatra e o
drogado agem muitas vezes fora de si e se tornam violentos, agressivos,
intratáveis. Seus filhos são uma constante vítima de agressões físicas e
verbais e, consequentemente, de rejeição.
A substituição do amor por coisas é outro equívoco. Num
mundo onde todos correm e trabalham tanto, muitas vezes as crianças
são entregues a creches ou à sua própria sorte. Pode não lhes faltar
brinquedo, roupa, comida e escola, mas faltando-lhes o amor
demonstrado em tempo com ela, a rejeição se instala.
Pais preocupados também provocam rejeição. A criança precisa
de atenção. Se os pais estão tão inquietos com tanta coisa, que não têm
paciência ou tempo para ela, com certeza interpretará tal atitude como
de rejeição. As marcas certamente ficarão.
A crítica indevida para a criança (compensação). Às vezes os
pais queriam seguir uma determinada profissão, mas, por algum
motivo, não o conseguiram. Agora querem forçar o filho a seguir a
carreira desejada, como uma forma de compensação. Isso prejudica o
filho. Ele crescerá com rejeição.
201
Quando a criança entra na adolescência, surgem muitos
conflitos que os pais não conseguem entender. O filho se isola, busca
outros lá fora, esconde, não se abre, torna-se amargo, de difícil
relacionamento, às vezes volta-se para a droga, a bebida, a
licenciosidade. As raízes de rejeição podem bem estar por trás dessas
atitudes.
Como é importante os pais tudo fazerem para demonstrar amor,
compreensão e aceitação aos seus filhos, falando com eles, abraçando-
os, beijando-os, colocando-os no colo, dando-lhes atenção, tratando-os
com respeito, com carinho e com amor, pois assim fazendo, estarão
contribuindo para a formação de uma personalidade mais sadia.
Se você já está descobrindo que foi vítima da rejeição, não se
abata. Estamos analisando o problema, para encontrar a saída. Deus está
derramando abundantemente do Seu amor sobre você, e o amor de
Deus e o remédio perfeito para a saída da rejeição.
«A imagem do pai é o modelo sobre o qual a criança
estabelece seu relacionamento com Deus». Se ela não provou o amor
do pai, precisará de cura e libertação para experimentar o amor de Deus,
e ter com Ele um relacionamento estável.
Depois do lar, a escola é o lugar mais importante na formação de
sua personalidade, pois lá a criança passa grande parte de sua vida. Ali
pode estar uma fonte de rejeição, quando os professores não são
sensíveis às necessidades das crianças.
As críticas cruéis de professores, que trazem embaraço e
vergonha à criança no meio dos colegas, podem provocar a rejeição. A
criança que é vítima de castigos imerecidos, por falta de uma
investigação dos fatos e sensibilidade para com seus problemas, sente-
se rejeitada.
Os grupinhos e exclusivismo na escola, que podem vir através de
problemas de regionalismo, raça, posição social ou roupa, levam a
criança a sentir-se discriminada. Uma atitude de rejeição porque ela
não se enquadra dentro das exigências do grupo deixa suas marcas
profundas.
Fracassos na escola também podem causar rejeição. Uma criança
que não consegue praticar esporte como as demais, termina se isolando
e sentindo-se rejeitada. Um problema de memória ou mesmo de visão
202
e de saúde pode levá-la a um mau aproveitamento e seu fracasso
deixa marcas em sua própria personalidade, por causa das raízes de
rejeição que se formam.
A sociedade também pode contribuir para gerar raízes de
rejeição. Os preconceitos raciais e de classe, por exemplo, provocam
atitudes discriminatórias que, por sua vez, isolam as pessoas e as
marcam com sua rejeição.
A falha em aceitar certos valores sociais, também traz rejeição.
Quando alguém age de modo diferente dos demais, pode ser rejeitado.
Por exemplo, no modo de vestir, nos hábitos sociais. Por questões
religiosas ou éticas, uma certa pessoa não usa um determinado tipo de
vestimenta nem tem um certo tipo de comportamento comum aos
demais e, por isso mesmo, ela é rejeitada pela sociedade na qual está
inserida, o que dói.
Sentir-se rejeitado pelos homens é uma coisa. É dolorido, mas é
suportável. Julgar-se rejeitado pelo próprio Deus, é desastroso. O
homem é suscetível à rejeição por causa do pecado. A culpa da
transgressão traz auto – rejeição e leva o homem a fugir de Deus, por
se sentir rejeitado. Quando os pais dizem ao filho que não faça uma
determinada coisa, e ele desobedece, o sentimento de culpa o leva a
evitar a sua presença. É o mesmo que acontece com o homem, em
relação a Deus. Ele é pecador, está em falta e se isola. Adão e Eva no
Jardim são um exemplo clássico disso. Ouvindo a voz de Deus, fogem
e se escondem em folhas de figueira. Sentem-se rejeitados, por causa
da culpa. No acróstico a seguir vemos quanta coisa o pecado provocou.
Fuga da presença do Deus de amor, Pai provedor e Supremo Criador.
Orgulho, que leva a desejarem ser iguais a Deus e independentes dEle.
Leviandade, agindo precipitadamente, movidos pela serpente.
Horror da alma e do espírito por perderem a comunhão com Deus.
Ansiedade diante de um futuro incerto fora do Jardim de delícias.
Solidão de Deus, de Sua presença e companhia.
Dor na alma e um corpo sujeito à dor e à morte
Engano do pecado, ao darem ouvidos a Satanás, um enganador.
203
Frustração por verem que sua desobediência só lhes acrescentou o
mal.
Inferioridade conseqüente da perda da vida eterna e a entrada da morte
Ganância em possuir o que Deus não intentada dar-lhes.
Usurpação, desejando uma posição não intentada por Deus.
Exílio da presença de Deus e do Jardim, seu primeiro lar.
Infidelidade ao Criador que lhes dera a vida e todas as coisas.
Revolta por terem caído e a amargar as conseqüências do pecado.
Amargura em sua alma por causa de todos os males que lhes vieram.

Por causa da culpa, consequente do pecado, o homem é mais


capaz de aceitar a rejeição do que o amor de Deus e dos homens. Mais
depressa ele crê na rejeição, do que no amor.

Sintomas da Rejeição

As raízes de rejeição deixam na personalidade os mais diversos


tipos de distorção, desde os mais imperceptíveis às sua manifestações
grosseiras. Dentre os principais sintomas, destacamos alguns.
Imaturidade emocional. Como já falamos, no momento da
ferida o crescimento emocional é interrompido. O mesmo ocorre com a
rejeição. Se o amor leva a um crescimento emocional adequado, a
rejeição bloqueia esse crescimento, e a pessoa rejeitada permanece
imatura. E ela convive com o problema em todas as esferas do seu dia
a dia. Não sabe reagir com equilíbrio e bom senso diante das situações
da vida.
Aqui está a causa para muitos conflitos no casamento, e, vezes
sem conta, sua destruição: há um menino e uma menina que entram
para um tipo de relacionamento que exige maturidade. São adultos
no físico mas, porque levam um quadro de rejeição, agem como
crianças. As carências afetivas e a incapacidade de lidar com as
204
pressões e exigências normais da vida, logo virão à tona. Se cada
um espera ter do outro o que não lhe foi dado na infância, a dificuldade
se agravará, pois se cada um não pensar no que tem para dar ao outro,
em vez de no que o outro tem para lhe dar, o ajustamento do casal se
tornará muito difícil.
Uma menina que não teve o amor de pai, provavelmente
buscará aquele amor no casamento. Um menino que não teve o amor
de mãe, também poderá ser vítima do mesmo engano. Contudo, nenhum
marido poderá ser pai para a esposa, e nenhuma mulher poderá ser mãe
para seu marido. Os cuidados que uma criança indefesa exige dos pais,
não poderão ocorrer no casamento.
O amor, a aceitação e a aprovação são necessários à
maturidade emocional. Se isto faltou, bem podemos estar diante dos
sintomas de imaturidade. O que fazer? É impossível voltar-se ao
passado para um recomeço. A solução é uma cura para esse passado de
rejeição, a fim de que o crescimento seja retomado. Prevenimos que não
é algo instantâneo. Novos hábitos de pensamentos terão que ser
formados. Mas em Cristo a cura é uma certeza.
Um tipo de amor «aspirador» é outro grave sintoma. Ninguém
consegue preencher tal tipo de amor. Nem a família, nem os amigos.
Ele se caracteriza por uma excessiva dependência emocional, que leva
a pessoa a tentar sugar do outro toda a atenção e amor, sem, contudo,
nunca se satisfazer, pois essa é uma atitude doentia. No casamento, o
amor «aspirador» provoca sérios problemas. O autor dos Provérbios,
falando sobre coisas que fazem estremecer a Terra, cita «a mulher
desdenhada quando se casa» (Pv. 30:23). Em outras palavras, a mulher
rejeitada. Ela tenta preencher o vazio deixado pela rejeição e causa
sérios problemas no relacionamento, por não satisfazer seus desejos.
É como se o marido dissesse para a esposa: «Eis-me aqui, com
todas as minhas necessidades afetivas, com todo meu vazio e fome
insaciável de amor e atenção; dou-lhe uma maravilhosa oportunidade
de realizar uma grande obra de caridade». Os dois estão vazios e não
correspondem às expectativas um do outro. Aí começam as encenações.
Por exemplo, a mulher está sempre na cama, doente, a fim de ser
mimada, de chamar a atenção do marido. Ele chega do serviço de
cabeça quente, querendo descansar, mas ela que atenção, que ele venha
brincar com ela, como faria o pai que lhe faltou.
205
O marido, por sua vez, tem o mesmo problema: quer
encontrar a mãe na esposa. Que ela cuide dele como uma mãe cuida do
seu bebê. E como ela não lhe traz a »mamadeira», o conflito se instala.
São duas crianças. E, não raro, tem início a guerra do silêncio, das
palavras monossilábicas, da cara feia, o jogo das lágrimas, das
agressões, exigências e cobranças.
O amor «aspirador» se torna também problemático nas amizades.
Nunca se satisfaz, sempre buscando receber atenção e tentando impedir
que o amigo a dê a outros. É daí que vêm os ciúmes doentios. Ninguém
conseguirá preencher esse tipo de amor. Se você tem sido vítima dele,
não tente mais conquistar atenção, amor e compreensão, pois sua maior
necessidade é de cura, o que lhe trará as emoções em equilíbrio, e os
relacionamentos sadios.
A pessoa se torna asfixiante em suas relações. Não dá fôlego,
sempre em cima do outro, numa tentativa de monopolizar a atenção,
como faz uma criança. Parece sugar a vida da outra pessoa.
Outro sintoma é uma atitude adoradora. O centro de sua vida
gira em torno daquele de quem a pessoa emocionalmente imatura busca
extrair o amor.
A vítima do «amor aspirador» pode facilmente odiar aquele de
quem ela não conseguiu receber o que queria. Ela é escrava de seus
próprios sentimentos. Sua insatisfação não tem limites porque o eu é
um deus tirano e nunca se satisfaz. Se alguém se tornou vítima de tal
coisa, o caminho não é a busca de preencher um vazio impreenchível,
mas receber cura para essa terrível doença da alma.
Pessoas com uma história de relacionamentos quebrados têm
caído na tragédia do amor »aspirador».

Alvos e coisa também não podem preencher o vazio. Atrás de


uma busca exagerada de coisas, pode bem se esconder uma raiz de
rejeição. A pessoa está procurando preencher uma falta que nem sempre
sabe de quê. Ela se atira à busca de possessões. Isso poderia lhe dar um
«status» e ela seria aceita. As possessões podem ser um indicativo de
206
sucesso, uma forma de auto-afirmação, para conquistar a atenção, o
aplauso.
Até mesmo sua carreira pode ser o instrumento que,
inconscientemente, ela usa para preencher o vazio de um amor e
aceitação que lhe foram negados na infância. Por ela vem a aceitação
almejada.
Rela pode ainda partir para o intelectualismo. Isso poderá atrair
a atenção das pessoas e dar-lhe reconhecimento. Enfim, coisas, coisas.
Mas seu mundo interior continua carente, pois coisa nenhuma neste
mundo satisfará uma alma rejeitada, até que se encontre com Deus e
descubra nEle o verdadeiro amor e seja restaurada no mais profundo do
seu ser.
Poderíamos concluir de tudo isso que uma dedicação extrema
bem pode indicar um vazio interior. Isso leva a pessoa a ser
totalmente egocêntrica. Tudo quanto faz e busca gira em torno de si
mesma. Seu vazio pode ainda levá-la à busca do prazer, da auto-
gratificação, onde puder encontrá-la. Muitos se entregam ao sexo, à
lascívia, à perversão sexual, tudo a busca de uma satisfação da alma,
que nunca acontece. É por essa razão que as pessoas se afundam cada
vez mais em busca das coisas, do dinheiro, da fama, do sexo, porque o
seu eu doente jamais se satisfaz.
A solidão e o medo são dos sintomas mais atormentadores.
Todos os homens já sofreram uma ou outra forma de rejeição. Dissemos
que as conseqüências dependem do grau da ferida. A estrutura
psicológica e espiritual de cada um vai determinar o modo de encarar
as situações de rejeição, pelo que suas marcas variam de intensidade de
pessoa para pessoa. Os sentimentos de solidão e medo, que levam
alguém a construir muros para se proteger de novas feridas e rejeições,
não fogem à regra.
A manifestação do sintoma em pauta pode variar de uma atitude
interior a uma exterior: Interiormente, cheio de insegurança, solidão,
temores, auto-compaixão. Pode até parecer despercebido à maioria dos
que o rodeiam, mas lá por dentro há um mundo de desestrutura e
sofrimento, que se manifestará nos relacionamentos mais próximos.
Exteriormente, isola-se dos demais ou se torna competidor. Tudo
porque ele está dominado pelo medo da rejeição.
207
A auto-rejeição é mais um sintoma destruidor. Ela provoca
a perda do valor próprio, tão danoso ao equilíbrio emocional e
espiritual. A consciência de que se foi rejeitado por outros, já é
desagradável. Rejeitar-se a si mesmo, é uma tragédia. A pessoa aceita
a rejeição de outros como indicativo de sua indignidade. Quantas vezes
alguém declara: «Eu não presto mesmo para nada!», «Eu não sei fazer
nada!», «Eu sou um fracasso!». Ele está apenas deixando transparecer
mais um dos sintomas das raízes de rejeição.
A auto-imagem negativa é outra marca da auto-rejeição. A
pessoa tende a comparar-se com outros, o que é um terrível engano. Isso
provoca um complexo de inferioridade, que a infelicita ainda mais. Mas
é imperioso lembrar que cada pessoa difere da outra e tem suas próprias
potencialidades e características que, devidamente desenvolvidas,
manifestação a riqueza e beleza projetadas por Deus para cada
personalidade.
A auto-rejeição pode ainda provocar o criticismo. Este, na
maioria dos casos, pode ter duas manifestações: a auto-crítica doentia,
em que a recriminação está presente, e a crítica aos outros, em forma de
julgamento e condenação. A pessoa nunca está bem consiga mesma,
nem acha que os outros estão. Não importam as circunstâncias, seu
horizonte está sempre escuro. O problema, porém não jaz na
circunstância, mas na alma ferida, A solução, portanto, não se encontra
no mundo exterior, porém em Deus mesmo e Sua Palavra que, pelo
poder do Espírito Santo, mudará a imagem interior.
Querido leitor, pare de estar se recriminando. Deus ama você
exatamente como você é, não importa sua estrutura, seu peso, sua cor,
sua cultura, seus traços físicos, suas rejeições. Você é único para Ele;
por você Ele deu Jesus a fim de pagar o preço da sua redenção e mais
completa libertação. Deus precisa de você sarado, com uma
personalidade bela, refletindo a glória de Jesus.
A rejeição destrói a identidade própria. O rejeitado busca se
identificar com outra pessoa. Em vez de desenvolver todo seu potencial
para que seja o melhor que ele pode ser, busca imitar outros. Por vezes
se projeta na pessoa de um ídolo ou do grupo. Adolescentes buscam
com freqüência identificar-se com seu grupo. Adultos buscam sua
identidade em uma profissão, na Igreja, no clube, etc.
208
O homem foi eito à imagem de Deus. É no seu Criador,
portanto, que ele encontrará sua real identidade. A personalidade sadia
é aquela que se deixa crescer na imagem e semelhança de Deus Pai,
manifestada em Jesus. Ninguém na Terra jamais viu o Pai, mas Jesus
veio como homem e nos revelou como um filho de Deus deve ser. A
boa notícia é que Ele providenciou tudo quanto é necessário para
descobrirmos nossa identidade nEle e crescermos em Sua semelhança.
A pessoa com rejeição não se relaciona adequadamente com
Deus. Tende a se relacionar pelas obras, como uma forma de conquista.
Com freqüência tenta-se substituir o amor pelo ativismo. Todavia,
nosso relacionamento com Deus é baseado na Sua graça e no que Cristo
fez por nós.
Nossas obras devem ser apenas uma expressão de um
relacionamento, e jamais um substituto dele. Quantos trabalham tanto
para Deus, mas nenhuma intimidade têm com Ele. Pelo serviço, buscam
sua aceitação. A aceitação do Pai, no entanto, está em Seu próprio amor
e na obra redentora de Cristo em nosso lugar.
A rejeição mina a fé. A pessoa dominada pelas raízes de rejeição
não consegue olhar para as promessas de Deus como sendo suas, mas
de um outro mais digno, mais amado. Por isso mesmo ela não estende
o braço da fé para se apropriar delas.
Um relacionamento instável com Deus, pode bem revelar um
problema de rejeição.
Destacamos ainda a incapacidade de amar e receber amor,
como um dos sintomas da rejeição, dos mais nefastos, se é que podemos
classificar tantas marcas destruidoras que maculam a personalidade do
homem projetado para refletir a imagem e a glória do seu Criador.
Tendemos transferir para nossos relacionamentos atuais o que
nos afetou em nossa formação. Se nos faltou a expressão de amor,
temos dificuldade também em manifestá-la, Se fomos vítima do
desamor, da falta de carinho, de aceitação e de compreensão, é provável
que manifestemos a incapacidade de agir de modo diferente, a menos
de haja uma mudança profunda que, graças a Deus, pode acontecer pela
operação da Palavra e do Espírito Santo.
209
As inibições em expressar amor e a dificuldade em recebê-lo
de outros, é apenas um reflexo de raízes de rejeição. Mas tudo pode
mudar, e vai mudar, em nome de Jesus.
Você já deve estar dizendo: Será que alguém escapou dessas
raízes? Provavelmente não, em menor ou maior grau. Mas o que
fizemos até aqui foi tomar consciência da origem e explicação para
muitos dos nossos defeitos de personalidade. Feito o diagnóstico,
vamos a cura?
210
Capítulo 20

SAÍDA DA REJEIÇÃO

1. Perdoe os que o rejeitaram


Já lidamos extensivamente com este assunto quando estudamos
sobre Raízes de Amargura. O perdão aplicado aos que nos forem é o
mesmo a ser aplicado aos que nos rejeitam, pois a própria rejeição traz
ferida e também provoca raízes de amargura. Qualquer libertação
passa, necessariamente, pelo perdão. Ele tem uma força invencível.
Há um poder espiritual no perdão, que abre os recursos do Céu a nosso
favor e detém os poderes do inferno.
Convém relembrar que perdoamos por um ato da vontade.
Quando dizemos: «Quero perdoar», vai dizer: «Eu posso, em Cristo que
me fortalece» (Fp. 4:13).
E agora com amor do Pai, libere o perdão àqueles que o feriram.
Foi Satanás quem tentou destruí-lo. As feridas e as rejeições que lhe
vieram, foi ele quem tentou lhe infligir. Portanto libere o amor e o
perdão de Deus a todos quantos o rejeitaram e feriram. É importante
que você cite cada nome que o Espírito Santo traz à sua lembrança,
diante de Deus. Coragem! O Pai está com você nesse ato de obediência
à Sua Palavra. Diga:
«Em nome de Jesus, eu recebo dentro de mim o perdão do meu
Deus, o amor do meu Deus e Pai. Paizinho, é com esse Teu amor, com
esse Teu perdão, que eu agora libero todos aqueles que foram
instrumentos para me ferir, desde o meu nascimento, e até a minha
concepção; eu começo a liberar agora, com o amor de Jesus, com o
Seu perdão com a força do Teu Espírito e a Sua assistência, todos
aqueles que foram instrumentos de rejeição na minha vida (cite os
nomes).
Pai com o Teu amor e o Teu perdão liberei todos aqueles que
me feriram ou me rejeitaram. Eu me levanto agora na Tua presença,
com todas as brechas fechadas. Eu sou um perdoador. Eu perdôo, como
Tu perdoas; eu amo, como Tu amas e por isso, na autoridade do Senhor
211
Jesus, eu me levanto agora contra todos os inimigos que
encontraram lugar na minha alma, por causa das minhas mágoas e
rejeições.
Declaro neste momento: espírito de ódio, estás amarrado e
expulso, em nome de Jesus. Espírito de amargura, de medo, vingança,
ressentimento, auto-compaixão, crítico, invejoso, raiva, amargura,
todo intruso, toda depressão, toda opressão, estais amarrados e
expulsos, em nome de Jesus. Eu resisto as forças das trevas. Ordeno a
toda força maligna que se instalou na minha alma, que saia correndo
agora, em nome de Jesus. Não permito mais que permaneçam em minha
alma. <Estou sarado; estou perdoado. Sou amado. Fecho as brechas
para o inimigo e viverei de agora em diante na vitória do Senhor, com
auxílio do Espírito Santo, em nome de Jesus.
Pai eu te louvo porque na Tua presença estou livre de feridas, de
traumas e de rejeições. Eu Te louvo porque estás em mim. Liberei todos
quantos me ofenderam; perdoei a todos quantos me machucaram e me
levanto na Tua presença livre, perdoado e perdoando, em nome de
Jesus. Recebo Teu perdão e Tua cura. Aceito-me a mim mesmo, como
Tu me aceitas e andarei na Tua liberdade. Glória ao Teu Nome!
Aleluia!
2. Libere toda a rejeição para Cristo
Em Isaías 53:3, Jesus é apresentado como o mais rejeitado entre
os homens. A Versão na Linguagem de Hoje assim se expressa: «Ele
foi rejeitado e desprezado por todos; Ele suportou dores e sofrimentos
sem fim. Era como alguém que não queremos ver; nós nem mesmo
olhávamos para Ele e O desprezávamos». Em suma, Jesus sofreu nossa
rejeição. Não se esqueça: Ele estava na cruz tomando o seu lugar, por
sua causa, pagando a penalidade da sua culpa, sofrendo todo tipo de
ferida que o Diabo projetou contra você, com o objetivo de trazer-lhe
salvação, vitória, cura, restauração e todas as bênçãos.
Um dos nomes mais lindos de Jesus é: Emanuel, que quer dizer,
«Deus conosco». Que expressão de amor, de compreensão e de
aceitação! Deus conosco não indica apenas Sua presença no mundo dos
homens, mas presente em nossas dores, lutas e desesperos.
Identificação!
212
Se você acha que tem sido rejeitado, Jesus experimentou essa
dor num grau indescritível. No Jardim do Getsêmane, Ele disse: «A
minha alma está profundamente triste até a morte. Ficai aqui e vigiai
comigo» (Mt. 26:38-SBB). Em meio às terríveis angústias da alma, tão
intensas que o levantaram a transpirar sangue, quis a companhia dos
discípulos, mas estes dormiram na sua indiferença à dor do Mestre.
Você e eu éramos o motivo de tal sofrimento; aquele era o preço da
nossa cura.
Jesus «nos dias da Sua carne, tendo oferecido, com grande
clamor lágrimas, orações e súplicas ao que o podia livrar da morte, e
tendo sido ouvido por causa da Sua reverência, ainda que era Filho,
aprendeu a obediência por meio daquilo que sofreu» (Hb. 5:7,8)
Abriu a Sua boca e chorou em alta voz, diante dos portais da
morte, nossa morte, o preço da nossa redenção. Ó amor indizível!
O quadro da rejeição de Jesus na cruz é muito dramático.
Discípulos fugitivos, multidões enfurecidas, os poderes do inferno em
manifestação. Mas a maior agonia vem quando Jesus se sente
abandonado pelo Pai. Ele lança mão do Salmo 22 e faz sua oração:
«Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste? Por que estás
afastado de me auxiliar, e das palavras do meu bramido? Deus meu,
eu clamo de dia, porém Tu não me ouves; também de noite, mas não
acho sossego... Mas eu sou verme, e não homem; opróbrio dos homens
e desprezado do povo. Todos os que me vêem zombam de mim,
arreganham os beiços e meneiam a cabeça, dizendo:
Confiou no Senhor; que O livre; que Ele O salve, pois nEle tem
prazer...» (Sl. 22:1-3,7,8).
A ausência de Deus no meio do sofrimento é a pior forma de
rejeição. Foi o que o Mestre enfrentou. Naquele momento era a oferta
queimada pelo seu pecado e pelo meu que estava no altar do sacrifício.
As trevas, dores, vergonha, angústia e rejeição eram o que o pecado
trouxe ao homem e Jesus estava ali em nosso lugar, par que «pelas suas
feridas fôssemos sarados».
O que lhe resta agora? Liberar sobre Jesus toda a rejeição da sua
vida. Você não precisa mais carregá-la, pois o Senhor da Glória já a
levou sobre Si e venceu. Faça agora uma troca. Entregue-Lhe a rejeição
213
que o atormenta e receba, em troca, Seu amor inaudito e sua paz sem
fim. E aqui está a Palavra do Senhor, Aproprie-se dela:
«Não temas, porque não será envergonhada(0); e não te
envergonhes!, porque ao sofrerás afrontas; antes t esquecerás da
vergonha da tua mocidade, e não te lembrarás do opróbrio da tua
viuvez. Pois o teu Criador é o teu marido; o Senhor dos exércitos é o
Seu nome; e o Santo de Israel é o teu Redentor, que é chamado o Deus
de toda a Terra. Porque Deus te chamou como a mulher (o homem)
desamparada(o) e triste de espírito; como a mulher (homem) da
mocidade, que fora repudiada(0), diz o Senhor» (Is. 54:4-6). «Pois Eu
te restaurei a saúde, e te sararei as feridas, diz o Senhor; porque te
chamaram a repudida (0) dizendo É Sião (coloque seu nome), a qual já
ninguém procura» (Jr. 30:17).
3. Aceite o fato de que você é amado
Há um amor maior do que tudo quanto você já experimentou e
pensa ser possível. É o amor de Deus. »Deus é amor» (I Jo. 4:8). Amar
é a essência do Seu ser e Seu amor não depende do ser amado, mas de
Si mesmo, que é a fonte e a essência do verdadeiro amor.
Deixe-se banhar agora nesse amor Divino, impossível de se
descrever, que flui do Trono, através do doce Espírito Consolador para
seu próprio coração. Amor maior não há. Ele é fonte de redenção, de
cura, de paz, segurança e libertação. Deixe neste mesmo instante que o
Espírito, canal das bênçãos de Deus, traga um verdadeiro batismo desse
amor em seu coração. Deixe-o inundar-lhe o ser inteiro.
Amor que dá o melhor para resgatar o ser amado: «Porque
Deus amou o mundo (você) de tal maneira que deu o Seu Filho
unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a
vida eterna» (Jo. 3:16). Jesus veio ao mundo por causa de você. Ele é a
maior dádiva do Pai em sua vida. Ele faz a diferença.
Amor que suporta o tempo e a prova. «Sabendo Jesus que era
chegada a Sua hora de passar deste mundo para o Pai, e havendo
amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim» (Jo. 13:1).
Você é um discípulo de Jesus? Nada diminuirá Seu amor por Aquele
que é Sua possessão.
Amor sem igual. «Ninguém tem maior amor do que este, de dar
alguém a sua vida pelos seus amigos» (Jo. 15:13). E olhe que Ele
214
entregou por você Sua vida na infame cruz. Não o fazia por alguém
santo, que O amava e O servia. «Mas Deus dá prova do Seu amor para
conosco, em que, quando éramos ainda pecadores, Cristo morreu por
nós» (Rm. 5:8).
Amor que conquista. Jesus não se dá por satisfeito enquanto não
o vir totalmente liberto das marcas de Satanás e em glória com Ele, tudo
por causa do Seu imenso amor. «Cristo amou a Igreja, e a Si mesmo Se
entregou por ela, a fim de a santificar, tendo-a purificado com a
lavagem da água, pela Palavra, para apresentá-la a Si mesmo Igreja
gloriosa, sem mácula, nem ruga, sem qualquer coisa semelhante, mas
santa e irrepreensível» (Ef. 5:25b-27). Você é parte dessa Igreja e alvo
desse amor.
Amor que toma a iniciativa. Você nem sequer teria condições
de iniciar uma busca. Por isso Deus tomou a iniciativa de lhe procurar.
«Nisto está o amor: não em que tenhamos amado a Deus, mas em que
Ele nos amou a nós, e enviou Seu Filho como propriação pelos nossos
pecados. Nós amamos, porque Ele nos amou primeiro» (I Jo. 4:10,19).
Seu relacionamento com Ele depende apenas de uma resposta. Ele fez
tudo, você só precisa aceitar esse amor com tudo o que ele envolve.
Amor que promove um perdido à posição de filho. A Bíblia
declara enfaticamente:
«Eis que eu nasci em iniquidade e em pecado me concebeu minha
mãe» (Sl. 51:5); que «todos nós somos como o imundo, e todos as
nossas justiças como trapo de imundícia; e todos nós murchamos como
a folha, e as nossas iniquidades, como vento, nos arrebatam» (Is. 64:6);
que «todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus» (Rm. 3:23);
que «não há justo, nem sequer um. Todos se extraviaram; juntamente
se fizeram inúteis. Não há quem faça o bem, não há nenhum só»
(Rm.3:10,12).
Apesar, porém, de tudo isso, desse quadro de perdição e miséria,
o amor de Deus nos encontra para nos arrancar da lama, purificar,
redimir, sarar, restaurar e, acima de tudo, elevar-nos à gloriosa posição
de filhos.
«Vede que grande amor nos tem concebido o Pai: que fôssemos
chamados filhos de Deus; e nós o somos. Por isso ,o mundo não nos
conhece; porque não conheceu a Deus. Amados, agora somos filhos de
215
Deus, e ainda não é manifesto o que havemos de ser. Mas sabemos
que, quando Ele se manifestar, seremos semelhantes a Ele; porque
assim como é, O veremos» (I Jo. 3:1,2).
Mil vezes Aleluia! Se você ao menos pudesse descortinar o que
tudo isso representa! Ser filho é ser herdeiro, é ter direito de comunhão,
amor e vida com o Pai. Oh! Que amor glorioso! Que graça inaudita,
sem medida, indizível, eterna!
Deus olha para você agora, com aquele coração de Pai que só Ele
pode ter, e com aquele amor extravasante que só Ele conhece, e diz:
«Foste precioso(a) aos meus olhos, e és digno(a) de honra e eu
te amo. Atraí-te com cordas humanas, com laços de amor, pois que com
amor eterno te amei e com benignidade te atraí. Eis que nas palmas
das minhas mãos te gravei; os teus muros estão continuamente diante
de Mim. Pode uma mulher esquecer-se do seu filho de peito, de maneira
que não se compadeça do filho do seu ventre? Mas ainda que esta se
esquecesse, eu, todavia, não me esquecerei de ti. Quando teu pai e tua
mãe te rejeitarem, Eu o Senhor, te acolherei. Meu amor por ti não é
menor do que o amor que tenho pelo meu Filho Jesus. Não temas,
porque eu sou contigo. De maneira alguma te deixarei, nem te
desampararei. Eu estarei contigo todos os dias da tua vida e, por fim,
te conduzirei à glória. Embriaga-te, portanto, no meu amor e ele te será
cura, libertação, gozo, vitória e paz. (Is. 43:4; Os. 11:4; Jr. 31:3: Is.
49:15,16;Sl.27:10;Jo. 17:23; Hb.13:5: Mt.28:20: Jo. 14:2,3).
Você agora pode dizer:
«Eu aceito o Teu amor de Pai. Eu sou do meu Amado e o meu
Amado é meu. Pai, tu me amas a mim, com a mesma intensidade de
amor com que amas a Jesus. Eu agora recebo o Teu amor e me vejo em
Ti. Eu te amo, com o mesmo amor com que me tens amado. És meu
amor maior e o supremo bem da minha vida. Banho-me no Teu amor
eterno e Te dou também todo o meu amor, ainda que tão imperfeito,
mas repassado da mais profunda gratidão e rendição sem medida»
4.Encontre sua identidade em Cristo
Se você entregou sua vida a Jesus, agora é um filho de Deus, co-
herdeiro com Cristo (Rm 8:16,17). Os tesouros da graça foram
colocados à sua disposição. Você foi feito segundo a imagem de Deus,
para louvor da Sua glória (Gn. 1:26;Ef. 1:14)
216
É verdade que o pecado maculou a imagem de Deus no
homem. Mas Jesus assumiu a forma humana e era na Terra a verdadeira
imagem do Pai, «o resplendor da Sua glória e a expressa imagem do
Seu ser (Hb. 1:3; Cl. 1:15). Hoje o propósito de Deus, em Cristo, é
restaurar essa imagem no homem, para que ele encontre sua real
identidade de filho de Deus, com tudo o que isso representa (Rm. 8:29).
O Espírito de Deus opera no crente a regeneração e continua Sua obra
até que ele seja glorificado no Céu. Paulo assim se expressa sobre o
assunto:
«E todos nós, com rostos descobertos, (porque nós) continuamos
a contemplar (na Palavra de Deus) como em um espelho a glória do
Senhor, estamos sendo constantemente transfigurados na Sua
verdadeira imagem num sempre crescente esplendor e de um degrau de
glória a outro; (pois isto vem) do Senhor (que) é o Espírito» (2Co. 3:18-
V.Amp.).
Você é «feitura Sua». Em outras palavras, Deus o criou em
Cristo, Paulo declara: «Porque somos feitura Sua, criados em Cristo
Jesus para as boas obras, as quais Deus antes preparou para que
andássemos nelas»(Ef. 2:10). Quando você nasceu de novo, sofreu uma
profunda operação do Espírito Santo e da Palavra de Deus, pela qual o
domínio do pecado e a reivindicação que Satanás tinha sobre sua vida,
foram quebrados. Você é propriedade de Deus, porque é Sua feitura.
Você é uma nova criação. No momento em que você passa pela
experiência de conversão a Deus, há uma tremenda obra do Espírito
Santo em seu homem interior, que Jesus chama de novo nascimento. É
como se o passado não mais contasse e houvesse um recomeço. A
Palavra é clara ao dizer: «Pelo que, se alguém está em Cristo, nova
criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo»
(2Co. 5:17).
Quando você começa a aceitar sua nova identidade em Cristo,
mudará a auto-imagem. Deixará de se ver pelos olhos de seus próprios
fracassos, e começará a ter a visão do que Deus quer fazer em sua vida.
Saiba que Deus não está impressionado com o que você é ou pareça ser
agora. Ele está mais impressionado com o que Ele pode fazer em
você e através de você, por meio de Cristo Jesus.
Um dos modos para encontrar sua nova identidade, é estudar as
Epístolas da Bíblia e apropriar-se de todos os versículos que falam do
217
que o crente é e deve ser em Cristo. Onde houver expressões como
«em Cristo». «nEle», «por meio dEle», «com Ele» e similares, pare e
marque o texto. Analise-o Aproprie-se dele. Por exemplo:
«E, se filhos, também herdeiros, herdeiros de Deus e co-
herdeiros de Cristo» (Rm. 8:17). Agora diga: «Sou filho de Deus. Sou
herdeiro de tudo quanto Lhe pertence. Jesus é Seu Filho9 primogênito,
e tudo quanto é do Pai, é dEle. Eu me tornei filho. Estou em Cristo,
logo, tudo quanto é de Cristo, é também meu. Seu co-herdeiro»
É isso que chamamos apropriar-se da Palavra. Aplique-a à sua
situação. Veja-se como a Palavra o vê. Tome posse do que a Palavra diz
que é seu. Faça, em Cristo, o que ela diz que você pode fazer, e você
estará dizendo «adeus para sempre» às raízes de rejeição, pois terá a
consciência de que é amado e aceito por Deus, e Seu amor e aceitação
lhe serão bastante.

5.Aceite-se a si mesmo
Já falamos sobre a necessidade de aceitar o perdão de Deus e
perdoar-se a si mesmo. Queremos aqui apenas reforçar a importância
da auto-aceitação. Se Deus me aceita como sou, introduz-me em Sua
família, ama-me com um amor eterno e metem como Sua propriedade
exclusiva, devo aceitar a mim mesmo. É verdade que ainda estou longe
de ser o ideal de Deus. A estatura do Varão Perfeito, Cristo Jesus, é o
meu alvo. Mas vou prosseguir de fé em fé, de vitória em vitória e de
glória em glória. Ele aperfeiçoará o que me concerne e me conduzirá,
em Cristo, em constante triunfo, porque em todas as coisas, em Cristo,
somos mais do que vencedores» (Rm. 8:37).
A aceitação de si mesmo envolve duas coisas: Perdoar seu
passado e receber o amor do Pai. As duas questões foram amplamente
abordadas agora compete-lhe apenas apropriar-se das verdades da
Palavra nessas áreas e usufruir dos seus efeitos saradores.
6. Clame por libertação e receba cura
Os ouvidos do Pai estão atentos ao seu clamor. A operação do
Seu Espírito em você eliminará as raízes de rejeição e seu crescimento
será retomado. A prisão e a opressão resultantes dessas raízes serão
quebradas, bem como os enganos de Satanás, Os poderes demoníacos
218
que trabalham nessas áreas serão vencidos em nome de Jesus.
Lembre-se de que em Deus não há rejeição.
Coloque-se agora diante de Deus e abra o coração. Ele diz:

«Eu te chamei desde o ventre, desde as entranhas de tua mãe fiz


menção do teu nome e fiz a tua boca qual espada aguda; na sombra da
Tua mão me escondeste, fizeste-me qual uma flecha polida, e me
encobriste na Tua aljava; e me disseste: Tu és meu (minha) servo(a);
és (coloque seu nome), por quem hei de ser glorificado» (Is. 49:1-3).
Entre agora no seu passado. Você não veio ao mundo pela
escolha do homem. Você veio ao mundo pela escolha de Deus. Antes
que seus pais nascesses, Ele já lhe havia chamado pelo nome. O Senhor
esteve presente na sua gestação. Ele não o rejeitou. Ele ama você.
Quando você nasceu. Ele estava ali e comissionou em anjo para lhe
acompanhar. Ao longo dos anos da infância, da adolescência, da
juventude, da maturidade ou da velhice, Ele trem estado presente.
Deixe-o agora pegar todas as suas raízes de rejeição e arrancá-las de
uma vez. O Pai, o Filho e o Espírito Santo estão presentes para trazer a
vitória de que você precisa.
Receba agora assistência do Espírito Santo Consolador. Talvez
você nunca tenha conversado com Ele. Tem sido um companheiro
esquecido, ignorado. No entanto você é filho de Deus e Ele habita em
seu coração.
«ão discernis e entendeis que vós (toda a Igreja de Corinto) sois
o templo de Deus (Seu santuário), e que o Espírito de Deus tem Sua
habitação permanente em vós (para estar em casa, coletivamente e
como uma Igreja e também individualmente)?» (I Co. 3:16)
Portanto, você não está só; o doce Espírito Santo está ao seu lado.
Fale com Ele agora:
«Amado companheiro, eu não sabia que podia me relacionar
contigo. Quantas vezes Te esqueci! Que bom que estás comigo!
Conselheiro amigo, quedo-me aos teus pés, para ouvir os conselhos que
transmites ao meu coração. Mestre amado, ensina-me, pois quero
aprender de Ti. Tu inspiraste a Palavra, portanto Tu me ensinarás.
Ajudador amigo, as tarefas às vezes me parecem difíceis, mas olho
219
agora para Ti, em busca de ajuda. Advogado Divino, que maravilha
saber que defendes minha causa, como se ela fosse Tua! Não consigo
compreender tão grande amor, mas meu coração aceita a dádiva do
Pai. Eu te amo, Espírito de Deus, querido Companheiro, Confortador,
Consolador, Guia, Mestre, Advogado, Ajudador, Fortalecedor. És a
fonte da minha vida!»

ORAÇÃO

Pai eu me sinto confortável em Tua presença, com a consciência


de que sou teu filho amado, aceito por Ti. Coloco-me despido diante de
Ti, como coração escancarado. Deixo de lado toda resistência; tiro as
máscaras. Nada posso esconder de Ti; tudo é patente aos Teus olhos.
Pela operação do Teu Espírito, revela-me as causas dos problemas que
me atormentam. Reconheço que queres realizar Tua obra completa
dentro de mim, e me submeto a Ti sem reservas. Tens liberdade em mim.
Quero seguir-Te até que minha personalidade inteira seja inundada
pela Tua presença e a imagem de Jesus vá se refletindo em meu caráter,
e eu seja absorvido pela glória do Cordeiro.
Querido Jesus, olho para o Calvário e contemplo-Te na cruz
sangrando, vertendo sangue inocente por causa dos meus pecados. A
coroa de espinhos ferindo Tua fronte bendita; Tuas costas dilaceradas
pelos açoites algozes; Teus pés e mão varados pelos pregos; toda dor,
zombaria, escarneo, afronta, vergonha e horror da cruz. Vejo as trevas
que envolveram a Terra toda e a ausência do Pai que Te causou tanta
agonia! Tudo por mim! Que tremendo o preço da minha redenção! Que
amor indizível! Que graça sem medida! Que misericórdia inaudita!
Jesus, eu me rendo aos Teus pés com tudo quanto tenho e sou.
Aliás, tudo quanto sou e tenho provém de Ti e a Ti o devolvo com uma
gratidão maior que as palavras e um amor profundo que, mesmo
imperfeito, é Teu. Senhor Jesus, vejo sobre Ti, naquela cruz, todos os
meus pecados, minhas quedas, fracassos e derrotas; vejo ali minha
maldição, condenação e morte; vejo sobre Teu Corpo sangrento
minhas mágoas, amarguras, ressentimentos, ódios e rejeições; todas as
minha dores e misérias espirituais, emocionais e físicas, vejo-as na
cruz. Meu coração quebrantado diante de Ti não vê mais sentido de eu
220
carregar toda essa infâmia maldita sobre minha vida.
Humildemente aceito a Tua oferta de amor e deixo aso Teus pés todas
as conseqüências do pecado que marcaram a minha vida. Em troca de
todo o mal, recebo Tua própria vida e Te confesso como meu único
Senhor e Deus.
Trindade santa, banho-me no Teu amor e aproprio-me das
bênçãos da redenção. Ofereço minha vida a Ti, como expressão do meu
próprio amor e gratidão. Deixa-me ser um canal transparente do Teu
amor e graça por todos os homens, de modo que glorifique o Teu Nome
na Terra e conduza muitos ao Lar Eterno. Amém!
221
Capítulo 21

A CURA INTERIOR

Cristo amou a sua Igreja e sacrificou-se por ela, 26a fim de


santificá-la, tendo-a purificado com o lavar da água por meio da
Palavra, 27e para apresentá-la a si mesmo como Igreja
gloriosa, sem mancha nem ruga ou qualquer outra imperfeição,
mas santa e inculpável. (Ef 5:25-27-BKJ)

O Espírito Santo está preparando a Noiva (Igreja) para o Noivo


(Cristo). O ministério de cura interior ou restauração da alma é o
embelezamento da Noiva. O Espírito deseja tirar as «manchas» e
«rugas» e trazer a Igreja unida como um só Corpo. Vemos o ministérios
de cura interior capacitando cada junta a ser unida à outra junta no
Corpo, e cada junta coberta com a paz e o amor. A Igreja precisa receber
essa obra unificadora e embelezadora, preparando-se para a volta de
Jesus. Sua Igreja nasceu há quase dois mil anos atrás. Nasceu como
criança, como todas nascem. Mas nasceu destinada a desposar o
Cordeiro. Uma criança não pode ser desposada. .Todavia esta Igreja
está alcançando sua maturidade e este é verdadeiro de tudo quanto
temos estudado até aqui.
Quando falamos de cura interior, estamos falando de uma obra
de libertação, restauração e cura de todas as áreas da nossa
personalidade, para que possamos nos levantar e demonstrar, na própria
experiência os efeitos transformadores da operação do Espírito Santo e
da Palavra, não só no nosso espírito, mas também na mente, nas
emoções e na vontade.
Recapitulando alguns princípios analisados no estudo sobre a
Conquista da Terra, diríamos:
1. Deus quer que nós nos levantemos e reinemos no meio dos
nossos adversários
2. Há adversários que operam do lado de dentro e outros do lado
de fora e todos devem ser vencidos.
222
3. A terra é nossa. Em outras palavras, tudo quanto Cristo
comprou na cruz do calvário é nosso, por direito de Redenção.
4. Apesar do novo nascimento, há gigantes que ainda podem
permanecer na alma. Estes devem ser subjugados, expulsos e o terreno
deve ser limpo de suas marcas. A presença e obras do inimigo devem
ser removidas.
5. O dar é de Deus, e o possuir é do homem. Todas as bênçãos
são legalmente minhas, mas só se tornam parte da minha experiência,
quando delas me aproprio, uma a uma.
6. Conquistar a Terra pelo lado de fora, é deixar que os demônios
permaneçam longe de nosso território.
7. Conquistar a Terra pelo lado de dentro, é possuir a mente, as
emoções, a vontade e o corpo, sujeitando-os aos padrões da Palavra.
8. A missão de Satanás é ferir, com o propósito de destruição. Ele
o faz usando pessoas chegadas.
9. Feridas imediatamente tratadas, logo saram. Do contrário são
infeccionadas e invadidas por elementos estranhos (opressão de
demônios).
10. As feridas são tratadas pela aplicação imediata do perdão de
Deus.
11. Alimentar a mente com lembranças desagradáveis do passado
é porta aberta para a mágoa e a armagura. Isso infecciona a ferida.
12. O tratamento de uma ferida infeccionada exige a limpeza dos
elementos estranhos, isto é, libertação, mediante a expulsão dos
intrusos:
ódio, mágoa, ressentimento, medo, desconfiança, depressão e
coisas semelhantes.
13. O modo de permanecermos livres das feridas e sua
consequências, é exercitar o perdão, como um modo de viver.
14. A rejeição é uma forma deferida de Satanás, que nega as
necessidades básicas da vida humana: amor, compreensão e aceitação.
15. A rejeição é eliminada pela presença e aceitação do amor de
Deus.
223
16. As obras do inimigo na Terra estão ligadas a raízes, que
precisam serem eliminadas: amargura, rejeição, rebelião, orgulho e
ocultismo.
17. As raízes são arrancadas pelo arrependimento e perdão.
18. Deus tudo proveu para uma vida livre, cheia do seu amor,
perdão e graça. Jesus é a provisão de Deus para nós.
19. O propósito de Deus para seu Filho é que este cresça de tal
modo a alcançar a estatura de Jesus Cristo, conformando-se com Sua
semelhança. Para isto Ele investe em cada um, individualmente. Ele nos
conhece pelo nome e sabe tudo sobre nosso passado, presente e futuro.
«Senhor, Tu examinaste a fundo a minha alma é conheces todas
as coisas a meu respeito. Tu sabes o que acontece comigo quando estou
descansando ou quando estou caminhando. Tu conheces de longe cada
um dos meus pensamentos.
Tu sabes tudo o que eu vou dizer antes da palavra ser formada
em minha boca. Tu criaste todas as partes internas do meu corpo; Tu
uniste todas estas partes para forma o meu corpo, enquanto eu ainda
estava no ventre de minha mãe.
Tu conhecias perfeitamente cada parte do meu corpo enquanto
eu ainda estava sendo formado no ventre da minha mãe, como a
semente que cresce debaixo da Terra.
Antes mesmo do meu corpo tomar forma humana Tu já havias
planejado todos os dias da minha vida; cada um deles estavam
registrado no Teu livro.
Senhor, como são importantes para mim os Teus pensamentos
sobre a vida! São tantos que não consigo contar; são como os grãos da
areia nas praias. A cada novo dia, quando acordo, fico mais perto de
ti» (Sl.139:1,2,4,1315-18- A Bíblia Viva).
Que cuidado o Pai tem com você e comigo! A Palavra diz mais:
«pai de órfãos e juiz de viuvas é Deus em Sua santa morada. Deus faz
que o solitário viva em família; liberta os presos e os faz prosperar»
(Sl.68:5,6).
Você bem pode dizer: «Nunca estou só. Nunca enfrento nada
sozinho. Aquele que me ama muito e fez um registro dos meus dias está
224
sempre comigo. Nunca me deixará, nem me abandonará. Ainda que
meu Pai, minha mãe ou cônjuge, ou amigos me abandonem, o Senhor
me recolherá. Ainda que uma mãe se esqueça de seu filho, o Senhor
não me esquecerá».
Pedro diz que fomos eleitos, segundo a presciência de Deus (I Pe.
1:2). Isso quer dizer que na sua capacidade de conhecer o futuro tão
bem quanto o passado, Ele já sabia que você haveria de nascer, ouvir
Sua Palavra e responder sim ao Seu amor. É por isso que venho agora
desfazer todos os seus jugos. Isaías 9:4 declara, na tradução da Bíblia
Viva:
«Deus vai quebrar as correntes que prendem o Seu povo, vai
acabar os sofrimentos da escravidão, vai quebrar o poder dos que
maltratam o povo...»
A cura interior visa primeiro, quebrar as corrente que prendem
a alma. Deus mesmo está quebrado estas correntes que prendem o Seu
povo na mente, nas emoções, na vontade, no corpo, no espirito.
Em segundo lugar, Ele vai acabar com as feridas da escravidão
que Satanás trouxe ao Seu povo.
Em terceiro lugar, Ele vai quebrar o poder dos que maltratam
o Seu povo, o cetro do opressor. Tudo porque nos ama, tem interesse
em nós. Deus quer sarar o Seu povo. Se Satanás veio ferir, Deus vai
sarar. Cura faz parte do ministério de Jesus. Não somente cura espiritual
e física, mas também emocional, como diz a Palavra:
«O Espírito do Senhor Deus está sobre mim, porque o Senhor
Me escolheu para levar as boas notícias da salvação aos desanimados
e aflitos. Ele me mandou consolar os que tem o coração partido,
anunciar liberdade aos presos e dar vista aos cegos...Ele me mandou
consolar os que estão chorando e dar a todos os que estão de luto em
Israel, uma bela coroa em vez de cinzas sobre a cabeça, perfume de
alegria em vez de lágrimas de tristeza no rosto, roupas de festa e louvor
em vez de um espírito triste e abatido. Porque o Senhor vai plantar este
povo; eles serão fortes e belos como carvalhos, e darão glória a Ele»
(Is. 61:1,2b,3-A Bíblia Viva).
225
Propósito da Cura interior

O Embelezamento da Noiva

Jesus quer uma Noiva bela e para isso Ele deu a vida:
«Cristo amou a Igreja e a Si mesmo se entregou por ela, afim de
a santificar, tendo-a purificado com a lavagem da água, pela Palavra,
para apresenta-la a Si mesmo Igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga,
sem qualquer coisa semelhante, mas santa e irrepreensível»
(Ef.5:25,26,27).
Cristo deu-Se a Si mesmo pela Igreja com um propósito definido:
1. Santificá-la e purificá-la (Ef. 5:26). Santificar-se significa
separar para o uso exclusivo. Jesus comprou a Igreja com Seu sangue e
ela é de Sua propriedade exclusiva. Para Sua glória e a glória de Deus
Pai. Por causa dessa separação, Ele a purifica das contaminações do
espírito e da carne, pela aplicação da Sua Palavra. Ele é santo e puro e,
para que esta Igreja mantenha com Ele uma comunhão de amor, terá
que desenvolver as virtudes do Cabeça em seu próprio caráter. E a
recomendação bíblica é: «Ora, amados, visto que temos tais promessas,
purifiquemo-nos de toda a imundícia da carne e do espírito,
aperfeiçoando a santidade no temor de Deus» (2 Co.7:1). Jesus quer
uma Igreja purificada de toda a contaminação.
2. Ter para si mesmo uma Igreja gloriosa. Isso eqüivale dizer,
ter Suas marcas de pureza e santidade, refletindo em seus atos e modo
de ser a glória de Deus em seu coração. Essa é uma obra que o Espírito
Santo realize no coração do crente submisso e obediente.
A glória de Deus fala de Sua santidade e poder. «As vezes ela é
apresentada como algo brilhante, diante da qual o homem se enche de
temor. Para alguém comungar com essa indescritível glória terá que
ser transformado. E a obra de Jesus em Sua Igreja visa isso mesmo.
O Dicionário Enciclopédico da Bíblia, redigido por A Van Den
Born, da Editora Vozes, comenta: «Geralmente glória é um termo
técnico, escatológico, significando a participação em todos os bens
messiânicos do reino de Deus e do Cristo glorificado. Como, porém, a
226
vocação divina para a futura glória já opera, a esperança dessa glória
não é vã, sendo garantida pela posse do Espírito Santo, por isso mesmo
a glória é concebida, como já possuída na presente vida (I Ts. 2:12;
Rm.5:2,5;8:23;2Co. 5:2).»
«E aos que predestinou, a estes também chamou; e aos que
chamou, a estes também justificou; e aos que justificou, a estes também
glorificou» (Rm. 8:30).
3. Uma santa sem manchas nem rugas. Mancha, nódoa, marca
e borrão, falam de feridas. Jesus quer uma Igreja sem feridas
(manchas), totalmente sarada. Há aqui 2 aspectos que poderíamos
salientar. O primeiro é a ausência de mancha moral, a pureza do caráter.
Jesus providenciou recursos para que a Igreja tenha uma vida digna de
um Senhor tão santo e perfeito. O ouro aspecto é das manchas ou feridas
da alma. Ele quer removê-las. Seu propósito é que Sua Noiva não seja
como a mação machucada, com uma mancha negra que contamina todo
seu sistema. Ele quer curar as feridas para que a Igreja não seja enfeada
pelos danos que ela causa. É disto que trata a cura interior: uma alma
sem feridas, ressentimentos, mágoas e ódio.
Rugas são uma marca da idade. As rugas falam do passado.
Jesus também quer também curar o passado da Igreja. Curar suas
memórias, para que elas não lhe tragam rugas, isto é, não seja
prisioneira do passado com suas tragédias e marcas profundas. Isso
acontece pela libertação do passado e a apropriação da realidade de que
«se alguém está em Cristo» o passado perdeu seu domínio sobre ele. É
uma completa novidade de vida. Como se libera o passado? Perdoando
os que foram canais de experiências desagradáveis e tendo as memórias
saradas pelo Senhor Jesus.
4. Uma Noiva que é plenamente amadurecida
«Até que todos cheguemos à unidade da fé e do pleno
conhecimento do Filho de Deus, ao estado de homem feito, à medida
da estatura da plenitude de Cristo; para que não nós sejamos meninos,
inconstantes, levados ao redor por todo o vento de doutrina, pela
fraudulência dos homens, pela astúcia tendente à maquinação do erro;
antes, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é
a cabeça, Cristo» (Ef. 4:13-15).
227
Esta Escritura destaca alguns princípios:
A plenitude de Cristo é recebida por um cristão amadurecido. Ele
deve crescer em tudo.
A imaturidade torna a pessoa vulnerável ao engano e domínio do
homem. Facilmente ela é manipulada.
A imaturidade provoca instabilidade interior, mas o cristão
amadurecido não tem inconstância em sua personalidade.
O crescimento vem através de «seguir-se a verdade em amor».
É maravilho notar que a transformação a ser operada na Igreja é
realizada por Cristo mesmo. Ele é a sua cabeça, o Salvador do corpo,
deu-Se a ela sem reservas, ama-a a toda prova, santifica-a purifica-a e
Há de apresentá-la a Si mesmo, como Sua propriedade, que Ele resgatou
pelo preço da Sua morte.
Jesus mesmo consumará a obra de redenção na Igreja, tornando-
a gloriosa, sem manchas, nem rugas, mas santa e irrepreensível.
Levanta-se, então, a pergunta: E qual o papel da Igreja em tudo isso? A
palavra chave é submissão, o que eqüivale dizer, entrega, rendição.
Tudo quanto você tem de fazer agora, portanto, para que seja
embelezado e apresentado como Noiva gloriosa ao Cordeiro, é colocar-
se em Suas mãos, em completa rendição. O resto, Ele mesmo o fará.

A Unificação da Igreja

Se Jesus está embelezando Sua Igreja, devemos logo considerar


que Jesus tem uma única Igreja. Olhando o lado de cima, Ele vê um
todo. Ele possui uma única noiva. Quando irmãos se ferem e combatem
uns aos outros, estão revelando imaturidade. A cura da Igreja gera sua
unidade. Antes que Jesus venha buscar Sua Noiva, ela deverá chegar à
unidade da fé. A oração de João 17 será respondida.
A unificação da Igreja não significa queda dos nomes que
identificam as diferentes denominações. Cada pessoa tem um nome, e
não existe mal nisso. O mal reside em se menosprezar o outro e julgar-
se superior a ele. Como, então, virá a unidade? Pelo Espírito operando
num Corpo sarado e amadurecido. Paulo declara:
228
«Do qual o corpo inteiro bem ajustado, e ligado pelo auxílio
de todas as juntas, seguindo a justa operação de cada parte, efetua o
seu crescimento para edificação de si mesmo em amor» (Ef. 4:16).
Numa Igreja unificada as paredes de medo, rejeição,
superioridade e divisão, devem cair. Num corpo que experimenta
cura interior, não há barreiras. Cada um olha para o outro e o vê como
verdadeiro irmão, sem atritos, competições ou complexos. Reconhece
nele a mesma vida de Cristo que habita em seu próprio coração.
Os membros devem estar interligados. A própria palavra
«Igreja» ou «Corpo», implica na multiplicidade de membros, que têm
um elo de ligação entre si. Cada um de nós é parte do outro irmão é
deve a ele estar ligado pelo sangue do Cordeiro e pelos laços do amor
de Deus.
O corpo precisa estar unido para receber a plenitude da
Cabeça. Todas as manifestações do Espírito Santo, todos os dons e
ministérios, estão presentes na Igreja de Jesus Cristo na Terra. Mas não
há uma única pessoa, ou denominação, que tenha tudo. Para que
possamos receber tudo quanto Ele tem para o Seu Corpo, precisaremos
estar unidos aos demais. Portanto, o amor deverá fluir de um para
outro como elo de ligação.

ORAÇÃO

Pai, eu fui feito à Tua imagem. É verdade que o pecado destruiu


em mim esta imagem. Mas eu ouvi a Tua Palavra, abriu meu coração,
recebi a Tua semente e o Espírito Santo veio sobre mim e fez nascer
dentro de mim um filho para Ti. Meu espírito foi recriado e agora
minha alma está exposta ao Teu Espírito e à Tua Palavra, para ser
totalmente restaurada, liberta e sarada.
Eu me deixo embelezar pelo mover do Teu Espírito e da Tua
Palavra, removendo de mim todas as manchas e rugas, Sei que Tu estás
também purificando o Corpo, sarando as nossas feridas, para que
sejamos um, em amor, e cresçamos em tudo nAquele que é a nossa
cabeça, Cristo, até atingirmos a estatura de Noiva e a semelhança do
Senhor, de acordo com o Teu propósito de amor, graça e misericórdia.
229
A Chave Para a Cura Interior

A principal chave para uma cura interior é lidar com o passado,


na presença do Senhor: A libertação do passado, com todas as suas
tortuosidades, é imprescindível à cura. Se todas as feridas mágoas e
rejeições, têm sua causa no passado; se as atitudes de hoje são o reflexo
do que aconteceu no passado; para que o presente e o futuro sofram
mudança, há que marcar uma linha divisória entre o hoje e o ontem e
prosseguir para o amanhã sem as cadeias do que ficou para traz.
Esquecendo-nos das coisas que para traz ficam, e avançando
para as que estão adiante (Fp. 3:13).
Quando liberamos o passado ele não mais tem força de nos
oprimir no presente e não será embaraço para o futuro. E a glória de
Deus, porque temos recursos para entrar em nosso passado e alcançar
vitória para que ele não nos afete no presente, e possamos andar na mais
completa novidade de vida, diante de Deus e dos irmãos.
Convém ainda lembrar que este passado não vai apenas até o
nosso nascimento, as até gerações passadas. As maldições de família
que nos afetaram também poderão ser quebradas pelo poder de Jesus
Cristo, que nos resgatou de todas elas, fazendo-se maldição em nosso
lugar e nos garantindo libertação.
1. O perdão libera o passado.
Como já estudamos, no momento em que exercitamos o perdão,
três coisa acontecem:
- As feridas são liberadas. Não mais machucam, nem doem.
- As pessoas são liberadas. Não mais mágoa, porém amor.
- Nós somos liberado. Não mais prisão, mas liberdade.
2. Deixe Jesus curar as feridas do passado.
Você fez sua parte perdoando, tomando uma posição. Porém
você sabe que não é a sua força ou esforço, que soluciona o problema.
É com a força de Jesus que você perdoa e ama. NEle somente está a
solução. O que você não pode fazer, Ele faz. Você se coloca em Sua
230
mãos e Ele aplica a cura necessária. Jesus transcende o tempo. Ainda
o que ficou escondido, Ele traz há tona e quebra a sua prisão.
3. A cura interior não elimina a lembrança do passado, mas
remove a dor daquela memória.
Não há uma amnésia, mas o sofrimento que o incidente provoca
quando recordado, desaparece.
O Alvo da Cura Interior é a Paz

Paz com os outros; paz consigo mesmo; paz com Deus.


«O deus de paz em breve esmagará a Satanás debaixo de vossos
pés» (Rm.16:20).
«E a paz de Deus que excede todo o entendimento, guardará os
vossos corações e os vossos pensamentos em Cristo Jesus» (Fp. 4:7).
«Tu conservarás em perfeita paz aquele cuja mente está firme em
Ti; porque ele confia em Ti» (Is. 26:3).
Jesus é o Príncipe da Paz. Onde há um toque da Sua mão, a paz
se faz sentir. A paz é um estado de espírito, que não se abala, mesmo
quando os ventos são contrários. Ela é liberada em nosso homem
interior pelo Espírito de Deus.
Quando a alma está sarada, a guerra pode nos cercar, mas nós
estamos em paz. Alguém se levanta contra nós, porém estamos em paz.
No meio do perigo, permanecemos tranqüilos; há uma dívida a ser paga,
guardamos a serenidade; há uma crise na vida, conservamo-nos calmos.
Por que? Estamos seguros em Deus, no Seu cuidado e amor. Há paz e
ela independe das circunstâncias, porque o nosso ser se concentra no
Príncipe da Paz. Ele diz para nós:
»Deixo-vos a paz, a minha paz voz dou; Eu não vo-la-dou como
o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize». (Jo.
14:27).
231
Passos para a Cura Interior

1. Localize os problemas

Distinga entre a superfície e a raiz dos problemas. Geralmente o


que vemos é o incidente do momento. Acontece que este não é de fato
o problema, mas um sintoma. Suponhamos que há uma briga entre o
casal, provocada por algo que aparece muito insignificante, tornando-
se difícil o relacionamento. Se apenas a questão em pauta for tratada,
não há solução permanente, pois aquele conflito é somente uma
manifestação do que foi construído no mundo interior.
A superfície envolve um incidente cheio de culpa e de mágoa. É
o que no momento está em evidência. A raiz do problema tem muitos
distúrbios de memórias construídas sobre uma raiz, que se esconde no
passado. Localizar a raiz, portanto, é o que se tem de fazer para um
tratamento radical. Por exemplo: você está com dor de cabeça e toam
uma aspirina. A dor passa, mas logo está de volta. Por quê? Porque
aquela dor é apenas um sintoma de algum mal em outra parte do
organismo. Para que a cabeça não volte a doer é preciso descobrir-se a
raiz do mal e tratá-la. O mesmo ocorre com os problemas emocionais.
2. Limpe a ferida
Amarre e expulse os elementos estranhos que entram na ferida,
infeccionando-a. Isto é feito no uso da autoridade do Senhor Jesus.
Você pode resistir aos inimigos que se instalaram na alma. Abra a boca
e ordene a cada um que se retire. Enfrente-os com firmeza, sabendo que
quando resistimos o Diabo , ele vai fugir de nós (Tg. 4:7). E faça isso
dando nome a cada tipo de intruso, como medo, depressão, auto-
compaixão, mágoa, ressentimento, etc. Diga: «mágoa , eu te desalojo e
te expulso da minha alma, em nome de Jesus»
3.Peça que o Senhor quebre todos os laços de sangue até a
terceira e quarta geração

Se você verifica que hoje está enfrentando um tipo de problema


que era característico de seus pais, avós e bisavós, provavelmente houve
232
uma transferência, por causa dos laços de sangue. Até quando você
vai ao médico com algum problema físico, ele interroga se há outros
casos na família. Existe uma transmissão tanto de bênçãos quanto de
maldições, de geração em geração. Entre, portanto, no seu passado,
aplicando os direitos de redenção nessas heranças indesejadas. Diga:
Eu nasci de novo e sou uma nova criação, em Cristo Jesus. Ele
me resgatou da maldição da Lei, fazendo – Se maldição e meu lugar,
para que a benção fosse minha. No nome de Jesus cancelo toda
influência negativa dos meus antepassados sobre mim, declarando-as
ilegais. Apropriam-me da benção que é minha por direito de redenção.
4. Libere o passado.
Através do perdão, como já foi amplamente estudado.
Caminhando com Jesus no seu passado, e deixando que Ele sare
cada memória desagradável, com o auxílio do Espírito Santo.
Tornando-se uma criança diante de Deus. Não haverá problema
insignificante para Deus, se foi o suficientemente grande para marcar a
sua alma. Aquiete-se na Sua presença com humildade, confiança e
simplicidade, como uma criança o faria nos braços da sua mãe, e deixe
que Ele aplique o bálsamo sarador onde este se faz necessário
(Mt.18:3).
Peça a alguém para orar com você. (Mt. 18:19). Há um poder na
oração de concordância. Um conselheiro, algum crente amadurecido
pode ajudá-lo. Isto não quer dizer que você não possa orar sozinho. O
Espírito de Deus está presente. Mas se o problema tem se agravado
muito e você tem se sentido incapaz de sozinho alcançar vitória, busque
ajuda.
Lembre-se que Jesus já sofreu sua feridas (I Pe. 2:24). Se Ele já
o fez, você não precisa faze-lo novamente. Transfira para Ele, toda a
ferida e receba em troca a Sua cura.
5. Quebre o jugo de Satanás
Suas obras estão ligadas a raízes. Apesar de pessoas terem sido
instrumentos de ferida, Satanás está por trás desses incidentes. Isto
deve ser reconhecido de pronto, para que os olhos sejam tirados das
pessoas e a luta seja travada com o verdadeiro arquiteto do mal. Seu
233
jugo através das raízes de mágoa, rejeição, orgulho, rebeldia e
ocultismo, deve ser quebrado na autoridade de Jesus.
A presença e poder do inimigo precisam ir embora. E irão onde
houver resistência, em nome de Jesus e uma determinação de seguir o
caminho proposto pela Palavra de Deus, com o auxílio do Espírito
Santo.
Precaução:

1. Cura interior não é cavar todo o lixo do passado. O que já foi


vencido não deve ser desenterrado. Você lida apenas com o que o
Espírito de Deus traz à tona. E isso é um processo. Hoje Ele pode revelar
uma área a ser tratada e amanhã outra.
2. Não se envolva em introspecção. A introspecção pode tornar-
se doentia. Quando alguém se coloca diante de Deus e roga: «Sonda-
me, ó Deus» , Ele o fará.
3. O ministérios de cura é do Senhor, portanto devemos ser
sensíveis ao que Ele está fazendo.
4. Não sistematize a obra do Espírito Santo. Cada um de nós tem
uma experiência diferente e o modo do Espírito lidar conosco, pode ser
diferente do que Ele faz com outros. Fuja das fórmulas.
5. A fé deve ser fortalecida para enfrentar a realidade de uma
memória que dói. Não empurre; não pressione. A submissão ao Espírito
e obediência à Palavra são a parte do homem. A cura vem de Deus.

Advertências

1. Haverá batalha espiritual. Aquele que dominou por tanto


tempo uma área, não sairá sem resistência. O capítulo sobre Oposição
Satânica, mostra como lhe dar com esta dificuldade. Resista até o fim e
a vitória será sua. E não se esqueça que as batalhas procedem a vitória.
Depois de cada uma delas você estará qualificado para níveis mais
elevados de confronto. Portanto, não se assuste (I Pe.
5:8,9;Fp.4:13;Jo.8:36).
234
2. Cura interior é um processo. Não é algo que acontece
instantaneamente e uma única vez. É um processo de programação de
todo o modo de viver e encarar as situações da vida. E hoje uma área
pode ser exposta e tratada, mas mais tarde a obra naquela mesma área
será aprofundado. Deus, Sua sabedoria, não traz tudo à tona de uma vez.
Ele lida conosco um passo de cada vez, área por área, e assim vai
embelezando nosso caráter.
3. Deus já fez a Sua parte para o curar; o irmão fez a dedo,
ministrando a você. Agora compete-lhe fazer a sua parte. Se você não
agir e fizer a parte que lhe cabe, conforme ensino da Bíblia, nada
acontecerá.
5. Não se esqueça de que Deus ama você. A contínua
consciência desse fato o ajudará no processo de cura e
restauração, ao longo da vida.

Proclamação

Ó Senhor, deveras sou teu servo; sou teu servo, filho da tua serva;
Soltaste as minhas cadeias» (SL.116:16).
Senhor, Tu me preservarás de todo o mal; guardarás a minha vida.
Guardarás a minha saída e a minha entrada, desde agora e para sempre
(Salmo 121:7-8).
Tu és a minha luz e a minha salvação; a quem temerei? Tu és a minha
força
Da minha vida; de quem me recearei? Quando os malvados
investiram contra mim, para comerem as minhas carnes, eles, meus
adversário e
meus inimigos, tropeçaram e caíram.
Ainda que um exercício se acampe contra mim, conservarei a minha
confiança. Uma coisa Te pedi, Senhor, e a buscarei: que possa morar na
Tua Casa todos os dias da minha vida, para contemplar a Tua
235
Formosura, e inquirir no Teu templo.
Pois no dia da adversidade me esconderás no Teu pavilhão; no
recôndito
do Teu tabernáculo me esconderás; sobre uma rocha me elevarás.
E agora será exaltada a minha cabeça acima dos meus inimigos que
estão
ao redor de mim; e no Teu tabernáculo oferecerei sacrifícios de júbilo;
cantarei, sim, cantarei louvores a Ti, Senhor! (Salmo 127:1-6).
236

DECRETO

O Deus Eterno é a tua


Habitação, e por baixo de ti estão
os braços eternos. Ele lançou o
inimigo de diante de ti e disse:
Destrói-o

Mas o povo que conhece ao


seu Deu, se tornará forte, e
fará proezas

Deuteronômio 33:27
Daniel 11:32b

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