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5 AVOZ DO PASSADO ——_Histéria Oral— PAUL THOMPSON ae? PAZ E TERRA c . a - (© Paul Thompson 1978, 198 ‘Traduzido do original em inglés The voice ofthe past - oral history Preparagdo: Carmem Simies Costa ‘Revisdo: Ana Mendes Barbosa ¢ Luis Henrique Nery Capa: Isabel Carballo ‘Dadios Interacionais de Catalogaso na Publicasio (CIP) (Camara Brasleta do Livro, SP, Brasil) ‘Thompson, Paul, 1935- ‘A.vor do passado : histéria orl / Paul Thompson ; 'tadupdo Lélio Lourengo de Oliveira. Rio de Janeiro : Paz eTerra, 1992 1, Histéria - Metodologia 2. Histévia oral I. Titulo. 92-2845 ©Dp-907.2 Indices para catdlogo sistemitico: 1. Histéria: Metodologia 907.2 2. Historia oral 907.2 EDITORA PAZE TERRA S/A Rus do Trnfo, 177 Sant ign, So Palo, SP CEP 01212010 Tel: (011) 3357-8399 Rus General Vendncio Flores, 305 ~ Sala 904 Tel: 021) 25128788 E-mail vends@puzstera come Home Page ww pzeetacombe Ipeeso 9 BrslPrinted in Brac A ENTREVISTA Ser bem-sucedido ao entrevistar exige habilidade. Porém, hd muitos estilos diferentes de entrevista, que vio desde a que se faz soba forma de conversa amigavel € intormal ate o estilo mais formal e controlado de perguntar, e o bom entrevistador acaba por desenvolver uma variedade do método que, para ele, produz ‘os melhores resultados e se harmoniza com sua personalidade. Hé algumas qualidades essenciais que o entrevistador bem-suce- dido deve possuir: interesse e respeito pelos outros como pessoas ¢ flexibilidade nas reagdes em relagio a eles; capacidade de de- ‘monstrar eomipteerisio e simpatia pela opinigo deles; e, acima de tudo, disposigao para ficar calado e escufat. Quem nio consegue patar de falar, nem resistir tentagao de discordar do informante, ou de Ihe impor suas proprias idéias, ird obter informagées que, ‘ou sio imiteis, ou positivamente enganosas. Mus 4 maioria das pessoas consegue aprender a entrevistar bem. O primeiro ponto é a preparagio de informagGes bisicas, por meio da leitura ou de outras maneiras. A importincia disso varia muito. A melhor maneira de dat inieio ao trabalho pode ser mediante entrevistas exploratérias, mapeando 0 campo € co- Ihendo idéias e informagées. Com a ajuda destas, pode-se definit © problema e localizar algumas das fontes para resolvé-lo. Do mesmo modo que a “entrevista piloto” de um grande levanta- ‘mento, uma entrevista de coleta de informagdes genéricas no ini cio de um projeto local pode ser uma etapa muito til. E natural- 254 mente no hé razo alguma para fazer uma entrevista, a menos que o informante seja, de algum mnodo, mais bem informado do que o entrevistador. Este vem pata aptender e, de fato, muitas vezes consegue que as pessoas falem exatamente dentro desse espirito. Por exemplo, Roy Hay descobriu, em sua pesquisa com os construtores navais de Clydeside, que, muitas vezes, “nossa prdpria ignorincia pode tornar-se itil. Em muitas ocasides, os trabathadores mais velhos recebiam minhas perguntas ingénuas com divertida tolerincia e me diziam ‘Nao, nio, gatoto, nao foi desse jeito’, ao que se seguia uma descrigao clara e detalhada do gue verdadeiramente acontecera”.! Nao obstante, 0 que se di na verdade & que, em geral, quanto mais se sabe, mais provével € que se obtenham informa- 36es histéricas importantes de uma entrevista. Por exemplo, se se stabeleceu, a partir dos jomais, a descri¢ao basica de uma deci- sio politica, ou de uma greve, seri possivel situar exatamente dentro dos acontecimentos a participagao do informante, idet até qile ponto sua experiéncia e observagées sao diretas, quais -ecordagdes sto de segunda mio, e reconhecer as falhas de me- niéria entre eventos semelhantes em momentos diversos — como as duas eleigdes gerais de 1910, ou as greves de 1922 ¢ 1926. esas informagbes bisicas podem, por sua vez, ter sido construi- Jas de maneira muito completa a partir de entrevistas anteriores, somo em relago 4 reconstrugio sistemitica da perseguigio ¢ da ‘esisténcia dos judeus durante a Segunda Guerra Mundial, ou dos novimentos guertilheiros locais na Itdlia, onde a importineia de 1m testemunho pode ser a de corroborar e preencher com deta- hes precisos os eventos, hora a hora, de um certo dia do ano de (014, quando a familia de um certo homem foi exterminada. Um controle semethante de detalhe pode ser estabelecido vara uma entrevista de histéria de vida, no caso de o sujeito ser ima personalidade publica, ou um escritor, ou possuit documen- os pessoais em quantidade suficiente. Muito embora parte desse naterial — como os préprios textos do sujeito — seja acessivel ates do inicio da entrevista, pode-se conseguir mais resultados 255 ‘com as primeiras entrevistas, que levem a corespondéncia, a descoberta de novos docufnentos e, finalmente, a mais entrevistas em outro nivel de indagagées. Claro que nem todo informante proeminente se dispde a submeter-se a um processo de pesquisa passo a passo. Thomas Reeves descobriu que entrevistar intelec- tuais liberais notte-americanos exigia uma preparagio trabalhosa completa. Freqiientemente, eram ocupadus demais para conec- der mais do que breves entrevistas, de modo que era essencial que se fizessem “perguntas espeeificas, muito bem fundamenta- das”. Ainda pior, se se parece “demonstrar hesitagao, ou estar procurando obter informagées ais cegas, o relacionamento entre 6s participantes de uma entrevista pode destruir-se rapidamente, Os intelectuais Tiberais parecem estar especialmente interessados ‘om tectar cuas credenciais para ser im historindor oral, mediante © exame de seu conhecimento do assunto em discussio. Senti muitas vezes, prineipalmente no inicio de uma sessio de entre- vistas, que eles é que estavam me entrevistando (..) Esse tipo de inquirigo séo estratagemas do status”? Esse tipo de informante exigente & raro. Nao obstante, mesmo num estudo histérico mais geral de uma comunidade ou de uma indistria, ¢ importante que se obtenha o mais ripido pos- sivel um conhecimento das priticas ¢ da terminologia locais. John Marshall, por exemplo, indica 0 quio enganosa pode ser a pergunta “Com que idade vocé deixou a escola?” nas cidades algodoeiras de Lancashire. Uma antiga fiandeira responderia: aos 14 anos; e apenas porque ele sabia que a maioria delas trabalhara em meio petiodo nos teares muito antes de deixar a escola — fato que elas davam por sabido — é que ele entio continuava com ouira a perguita: “Quando voce comesou a trabalhar?”.? “Muitos historiadores orais descobriram que um conhecimento bé- sico sobre os termos ¢ ttil, como um recurso para que se instaure respeito e confianga reciprocos. Beatrice Webb, dezenas de anos antes, disse a mesma coisa com sua perspicdcia caracteristica: Interrogat rigorosamente'um inspetor de fibrica sem saber distin- guir entre uma fibrica e uma oficina (.) constitui uma impertinéneia, E 256 xpecialmente importante ter familiaridade com termes téenicos ¢ com ‘seu uso correto. Comegar a entrevistar qualquer especialista sem ter esse ‘dominio nio apenas sera uma perda de tempo, como também pode levar um encerramento mais ou menos polida da entrevista, depois de algu ‘mas observages gerais e algumas opiniGes banais (.,) Pois os termos téenicos (..) sio ferramentas importantes para fazer com que surjam na consciéncia © na expressio 0s fatos ou sétie de fatos mais obscuros € incomuns; e precisamente esses eventos mais ocultos & que sio necessé- "ios para completa a anilise descrtivae para a verificagio de hipSteses* E isso no se aplica apenas ao especialista. Constitui igual “impertinéncia” submeter a interrogatério grande ntimero de traba- Ihadores de uma comunidade ou inchistria, sem primeiro se assegu- rar, na medida do possivel, de que as perguntas sio historiea- mente relevantes © estio corretamente formuladas para aquele contexto Um estudo mais amplo sobre mudanga social, que dependa de um espectro relativamente amplo de informantes, também exige que, antes das entrevistas, haja uma preparagio particular, mente cuidadosi da forma das perguntas. Fazer perguntas da me- Ihor maneita é evidentemente importante em toda entrevista. Contudo, ebta ¢ uma questio que pode provocar forte reagdo entre as historiadores orais, Pode-se estabelecer uma diferenga entre os chamados “questiondrios” de perguntas fechadas, cujos padrées légicos rigidamente estruturados inibem de tal modo a meméria que 0 “respondente” — a escolha desse termo € por si 86 sugestiva — fica reduzido a respostas monossilébicas, ou Iuito curtas; e, no outro extreme, néo propriamente uma “entre- "mas uma “conversa” livre em que a “pessoa”, o “portador- de-tradigao”, a “testemunha”, ou 0 “nartador” € “convidado a falar” sobre uin assunto de Interesse eomum.* A verdade € que é preciso grande destreza ¢ um informante bem escolhido, para que se possa, como George Ewart Evans, conseguir um material ex- traordinétio permanecendo “trangiilo e sem pressa”, dando 20 informante “todo o tempo que quiser para ir em qualquer dire- sao..." “Deixe que a entrevista flua. Nunca procuro controlé-la. O menos que se pode fazer é orientd-la e procuro fazer 0 menor 257 nimero possvel de perguntas(..) Todo o tempo necessitio, toda a fita necessiria, ¢ pousas pergunlas”* Essas poucas perguntas ba- ‘SGiam-se em longa experiéneia, associada a uma idéia clara, obtida antecipadamente, sobre o que cada um dos informantes pode relatar. (O argumento em favor de uma entrevista completamente livre em seu fluir fica mais forte quando seu principal objetivo no é a busca de informagées ou evidéncia que vallum por si miesmas, mas sim fazer um registro “subjetivo” de como um homem, ou uma vida, em sua totali- miuifier, olha para trés e enxerga a propr dade, ou em uma de suas partes. Exatamente 0 modo como fala sobte ela, como a ordena, a que dé destaque, 0 que deixa de lado, as palavras que escolhe, é que sio importantes para a compreen- io de qualquer entrevista; mas para esse fim, essas coisas se tornam o texto fundamental a eer estudado. Assim, quanta menos seu testemunho seja moldado pelas perguntas do entrevistador, — melhor: Contudo, a entrevista completamente livre nio_pode i, Apenas para comiégar, ji é preciso et Selects > social, 0 objelive deve Ser explicado, e pelo menos. uma pergunia injcial precisa ser feita;e isso tud6, juntamente com as pressupostos nao expressos, cria expectativas que moldam 0 que vem a seguir. Experimentos feitos com essa abordagem geralmente tém se mos- trado decepeionantes: Janet Askham descobriu que “isso tende a resultar num telato curto, ¢ até mesmo conciso™, simplesmente por- que “eles nao sabiam em que eu estava interessada”. Os relatos fluiam muito mais livremente assim que ela comegava a fazer perguntas.’ Mesmo para esse objetivo, é necessiria uma solugao coneiliatéria. No outro extremo, a busca de evidéncia “objetiva” do levanta~ mento clissico aponta na diregio de um espelho de incompreensio. O objetivo de uma entrevista deve ser revelar as fontes do viés, fun- damentais para a compreensio social, mais do que pretender que elas possam ser aniquiladas por um entrevistador desumanizado “sem um rosto que exprima sentimentos”.* Na verdade, nenhum historiador oral, que eu saiba, tem defendido o estilo de entrevista com questionério rigidamente inflexivel. 258 Realmente, as necessidades decorrentes de deterthinado tipo de pesquisa é que tomam essencial o planejamento antecipado das perguntas a fazer — por exemplo, em todo projeto em que 0 trabalho de entrevistar é repartido muma equipe, ou quando se utilizam entrevistadores pagos; ou quando o material se destina a ser utilizado para comparagdes sistematicas. Os méritos © defi- ciéncias das “duas escolas de entrevistas” esto muito bem resu- midos numa comparagio mais restrita, por Roy Hay: Em primeiro lugar, existe » abordagem “objetiva/comparat seralmente com base im questiontia ou, pelo menos, numa entrevista extremamente estrutrada, em que o entrevistador mantém 0 controle © faz uma série de perpuntas comuns a todos os respondents, Neste ca80, visa-se produzie um material que transcenda o respondente individual ¢ possa ser utilizado para fins comparativas (..) Na mio de entevistado res lexveise sensives, preparados para deixar de lado o rotiro quando necessirio, essa abordagem pode de fato gerar um material muito stil, as pode Ser fatal. Muito facilmente linkas de inqutigdo promissoras io interrompidas ¢, poe ainda, as pessoas séo obrigadas a ajustar-se 20 teyuena prodeterninado dos entrevistadorcsc,desse modo, grands éreas imporantes jamais sio estudadas. [No outro extremo, esti o didlogo que fli livremente entre 0 entre- vistador e 0 respondente, sem nenhum padtio fixe, no qual se acom- pana conversa para onde quer que ela vi. Ver por outta, esse método produz 0 mas inesperado e leva a linhas de inquirigdo completamente hhovas, mas pode muito facilmente degenerar em algo muito proximo do smexetin sobre fats sem importincia. Poe gerarquilomettos de ta gra ‘vada instil e problemas de selego etanscrigo impossives de soucionar” Alem disso, hd também o efeito das personalidades envolvi- das em cada entrevista especifica. Alguns entrevistadores so na~ turalmente mais conversadores do que outros e, assim, conse~ guem puxar pela lingua do informante (muito embora isto seja relativamente ineomum, sendo mais habitual que 0 efeito da ta- garelice seja o de fazer com que as pessoas se calem). E os in- formantes variam desde os muito falantes, que precisam de pow- cas perguntas apenas para dar o rumo ou, Vez por outra, uma pergunta muito especifica para esclarecer algum ponto que esteja obscure; até os relativamente lacénicos que, mediante estimulo, 259 perguntas bastante abertas e sugestes suplementates, podem re~ velar lembrangas muito mis ricas do que parecia possfvel de saida. Hii alguns prineipios bésicos para a elaboragio das pergun- tas, que se aplicam a todo tipo de entrevista. As perguntas devern set sempre tio simples e diretas quanto possivel, em linguagem comum, Nunca faga perguntas complexas ou de duplo sentido — em geral, apenas uma de suas metades seré respondida ¢, ¢m geral, ndo ficaré claro qual delas. Evite um fraseado que leve a juma resposta indefinida: por exemplo, pergunte “Com que fre- qiiéncia vocé ia a igreja?” € nao “Vocé ia a igreja com freqiién- cia?”. Claro que uma hesitagao de vez em quando no tem im- portincia, e até pode conseguir alguma simpatia por parte do informante, Mas estar freqiientemente confuso e pedindo descul- pas € slmplesmeme dcoeuinvettante © deve cor evitado especinl- mente como um modo de fazer perguntas pessoais delicadas, uma vez que s6 serve para passar pata o informante seu proprio constrangimento. Muito melhor ser fazer uma pergunta caute- Josa ou indireta, previamente elaborada ¢ proposta de maneira que demonstre seguranga. Isso mostra que vocé sabe o que est fazendo, de modo que é mais provvel que a atmosfera se man- tenha relaxada. Vocé precisard usar um tipo diferente de fraseado para esta- belecer fatos especificos e “para obter uma descrigo ou um co- mentario, Este tltimo exige um tipo de pergunta “aberta”, como “Conte-me a respeito de,..", “O que vové pensa/acha disso?", ou “Vocé pode me falar sobre isso?”. Outras palavras-chave para esse tipo de pergunta sio “explicar”, “estender-se sobre”, “co- mentar”, ou “comparar”. Se se trata de um t6pico realmente im- portante, vocé pode estinnular mais longamente: "Muito bem, entiio Feche os olhos e va me contando em seqiiéncia — 0 que voeé vé, 0 que vocé ouve...”. Também se pode sugerir uu descrigio fisica como um modo de chegar 4 avaliagio do cardter de alguém. No correr de toda a entrevista, sempre que vocé obtiver um fato insufictente, que considere que pode ser elaborado utilmente, vocé pode inserir uma interjeigo provoca- vocé estd em 260 “Isso parece interessante”; ou, mais diretamente, “Por que nio?”, “Quem era esse?”. O informante eiio, pegat a deixa. Se, depois de alguns comentitios, yoo’ quiser mais, pode ser mais enfético (“Isso € muito interes- ssante”), ou um pouco provocador (“Mas hé quem diga que..”), ou experimentar uma pergunta suplementar mais completa, Na maiotia das entrevistas, é muito importante que se use ambos os tipos de pergunta. Por exemplo, pode ter-he sido dito, eomo um ‘comentério geral, que “a gente se ajudava mutuamente”, “ramos todos uma grande familia na rua”, mas se vocé fizer uma per gunta especifiea como “quem, de fora da familia, ajudava quando fa nde estava doente”, pode ficar claro que a ajuda dos vizinhos constitufa menos uma pritica do que um ideal. Conseguir ir além das generalizagdes estereotipadas ou evasivas © chegar a lem- brangas detalhadas é uma das habilidades, ¢ das oportunidades, ‘isieas do trabalho de histéria oral Normalmente, deve-se evitar Ferguntas diretivas. Se voce apresentar suas proprias opinides, especialmente logo no inicio da entrevista, serd mais provavel que obtenha respostas que © jnformante considera que vocé gostaria de ouvir, e que, por isso, sero menos confiveis, ou duvidosas, como evidéncia. Hé algu- mas excegdes quanto a isso Se vocé sabe que alguém possui opinises muito firmes, particularmente da perspectiva de uma tninoria, pode ser fundamental demonstrat uma simpatia bésica fem relagio a elas para poder comegar. Do mesmo modo, para permitir a possibilidade de algumas respostas que, eonvencional- mente, seriam desaprovadas pela maioria das pessoas, pode ser melhor fazer uma pergunta que obrigue una resposta: “Voce pode me falar sobre um momento em que vocé teve que castigar ceveramente..2", "Naquele tempo, a maioria das pessoas trazia para casa objetos que pegavam na fabriea?” ou “Ouvi dizer que © prefeito era um homem de trato muito difieil para quem traba- Thava com ele” — forma essa que,.muito possivelmente, provo- ‘card uma reagao mais franca do que se empregar-se uma forma mais branda como “Sei que o prefeito cra uma pessoa muito ge- 261 ee nerosa € judiciosa. Voeé achava isso dele?” Porém, perguntas Jesse tipo so petigosas na anaioria das ocasides e normalmente ‘ao io eanvenientes. A maior parte das perguntas deve ser ela- tborada cuidadosamente para evitar que sugitan uma resposta. Isto, por si sé, pode ser realmente uma arte. Por exemplo, *Vocé sentia prazer em seu trabalho?” é uma pergunta forgada; “Voe® gostiva Ne seu ttabalho, ou nao?” ou “O que vocé achava de seu tra- balho?” so perguntas neutras. Finalmente, evite fazer perguntas que levem os informantes a pensar do modo que voce pensa, ¢ nao do modo deles. Por exemplo, a0 tratar de coneeitos como classe social, a informagio Gbtide seré uma evidéncia muito mais vigorosa se vocé estimular Ge informantes a apresentar os termos que habitualmente utilizam a seguir, passar 9 ntilizd-los na conversa que se seguir. E pro- cure datar os eventos fixando o tempo relativamente a idade cos informantes, ou a uma etapa de sua vida, tais como casamento, cou determinado emprego, ou casa. ‘Mesmo que vocé vi levar a cabo apenas um pequeno Pro- jeto pessoal de histéria oral, vale a pena pensar sobre 8 seqiiéncia ‘dos tépicos das entrevistas e sobre o fraseado das perguntas. A tectratégia da entrevista nio é responsabilidade do informante, mas ‘sua, E muito mais ficil orienté-la se vocé jé tiver um modelo ‘basico ‘im sua mente, de modo a que vocé possa passar com natural: Gade de uma pergunta para outra. Isso também toma mais fécil, mesmo quando voee faga digressdes, lembrar sobre © que voce ainda precisa fiear sabendo. Além disso, na inaioria dos projetos, Woee precisard de alguns fatos anteriores bisicos a respeito de todos os informantes (origem e ocupagiio da mie e do pai ¢ nas- ‘imento, instrugdo, empregos, casamento, ctv. do préprio infarm- ante), e ainda, muitas vezes, vocé sentir necessidade de perguntas basigas e suplementares sobre muitos tépicos. Se voce jé as tiver claboradae na cabega, e puder Iangar mo delas quando necessi- rio, sera mais facil concentrar-se sobre 0 que ‘esta dizendo o in- Founante, em vez de ficar pensando em como conseguir fazer um aparte. 262 Para muitos fins, uma relagdo de titulos abreviados como lembretes dos tépicos mends freqiientes é 0 bastante. Para um. trabalho em equipe, porém, ou para um projeto comparative de qualquer dimensdo, & conveniente haver um roteiro de entrevista elaborado de maneira mais completa. Exemplo disso, completado com instrugdes para os entrevistadores, esti ilustrado no apén- dice de Modelos de Perguntas. Um roteiro desse tipo pode ser vantajoso, desde que seja utilizado com flexibilidade e imagina- ‘sao; pois, em prinefpio, quanto mais claro estiver para voeé o que vale a pena perguntar e qual a melhor maneira de perguntar, mais voeé conseguird obter de qualquer tipo de informante. Com pes- soas relativamente reticentes que, logo de inicio, vio dizendo: “Tudo bem, contanto que vocé faga as perguntas”, isso é bastante cvidente: © informantes desse tipy sav Lastaiite cuinutis, Euliv, vocé pode, mais, ou menos, metodicamente, seguir 0 que esti no roteito. Com pessoas que falam bastante, o roteiro deve ser utili- zado de modo diferente. Se elas possuem idéia clara do que que- rem dizer, ou a diregao em que deve caminhar a entrevista, acom- panhe-as. E sempre que possivel evite interromper uma narrativa, Se voeé inteiompe uma histéria por consideré-la imelevante, es- tard interrompendo nio apenas essa, mas toda uma série de ofer- tas posteriores de informagdes que serdo relevantes. Mais cedo ‘ou mais tarde, porém, as pessoas desse tipo terio esgotado seu estoque imediato de recordagées ¢ elas mesmas indo querer que voce faga perguntas. Com essa espécie de informante serao ne- cessirias varias visitas e, depois, vocé pode reproduzir as grava- Ges feitas, conferindo com o roteiro 0 que foi coberto e 0 que vale a pena perguntar em sessdes subseqiientes. Neste caso, @ forma impressa do roteiro se toa particularmente itil. Normal- mente, porém, é muito melhor saber as perguntas, fazé-las direta- mente no momento oportuno, e manter o roteiro em segundo plano. Ele é essencialmente um mapa pam o entrevistador; pode: se recorrer a ele ocasionalmente, mas o melhor é té-lo na cabega. de modo que se possa percorter 0 territério com seguranga. Certas outras decisées precisam ser tomadas antes da entre- 263 vista, Em primeiro lugar, que equipamento deve ser_utilizado? Numa pequena parte de cantextos, a melhor resposta & nenhum- © simples ato de tomar notas, para no falar no uso do gravador, pode despertar a suspeita em algumas pessoas. O temor dos BF redores é bastante comum entre profissionais cuja étiea de tra- Lath dé grande énfase a confidencialidade e 20 segredo, tais ‘com funcionérios piiblicos, ou gerentes de bancos." Por razdes diversas, pode ser encontrado também entre pessoas muito Ve~ Thas, que sio hostis & nova tecnologia; entre minorias que sofre- ram perseguigées e que temem que qualquer informagio gravada possa cair nas mios da policia ou de autoridades ¢ ser wt ada contra elas; ou em comunidades muito fechadas, onde se teme tnexerico. Aleumas pessoas podem opor-se gravagio, mas no cue en tomem notas. Ainda que nenhuma das duas coisas se possa fazer, um entrevistador qualificado pode aprender 9 "exci @ vifciente das informagdes principais ¢ das frases essenciais para Jangé-las no papel logo depois, e fazer uma entrevista que valha a pena, Na verdade, até que 0 gravador fizesse que esse método parecesse, comparativamente, impressionista, essa era & pritica sociolégica mais comum. "A maioria das pessoas, porém, admitiro 0 uso do gravador com innito pouee-ansiedade e rapidamente deixardo de preoeu- par-se diretamente com ele, O'gravador pode até ajudar a centre- vista, Enguanto ligado, é um pouco mais provével que as Pessoas ve hmantenham dentro do assunto e que outros membros da fami- Tia se mantenham afastados. E muito freqiientemente, quando ele € desligndo, alguns fatos adicionais extremamente significativos podem ser fomecidos, 0s quais podetiam ter sido refreados, se po houvesse nenhum gravalur; informagSes que se pretende que © pesquisadot fique sabendo como pano de fundo, mas em cardter confidencial (e que, naturalmente, devem ser tratadas dentro desse espirit), Ao utilizar um gravador é importante no chamar ater: {go para o aparelho, nem distrair-se ccupando-se dele. Se for wma “dor novo, nid deixe de ler o manual que o acompanha, de pedir a alguém que mostre como funciona, ¢ ce treinar instald-lo e 264 fazé-lo funcionar. Antes de sair para a entrevista, verifique se esta funcionando ¢ se voeé tem no sé todos os componentes e fitas de que precisa, como também pilhas e adaptadores para tomadas. ‘Vocé pode também levar consigo diversos auxilios para a meméria, Um velho recorte de jornal ou um guia das ruas do lugar podem ser iiteis. George Ewart Evans muitas vezes leva uma ferramenta de trabalho. “Na zona tural, muitus vezes levo comigo uma velha foice serrilhada, Com aquilo ali, no é neces- siria nenhuma explicagio abstrata a respeito do que vocé estd indo fazer. O entrevistado vé o objeto e, se vocé escolheu bem, ele nao precisa de nenhum estimulo para se abrir, Ambos estamos desde o inicio diretamente dentro do tema.” Do mesto modo, se ele fosse encontrar um velho mineiro, levaria algum utensilio de uso comum dos mineiros." Coma a ponta central de suae entre vistas é o processo de trabalho, uma ferramenta desse tipo & um ponto de partida ideal. Se 0 assunto fosse a infincia em familia, uma pega de roupa seria melhor; ou no caso de uma historia de vida politica, um velho panfleto. Essus coisas podem também es- timular 0 aparecimento de cartas-antigas, didtios, recortes ¢ foto- gtafias, que € algo que Vale a pena estimular e que pode ser 0 tais-valioso subproduto de uma entrevista, A seguir, onde deve ser feita a entrevista? Deve ser um lugar‘em que oinformante se sinta a vontade. Em geral, o melhor lugar sera sua prépria casa. Isso é particularmente verdadeiro no caso de uma entrevista centrada na inffneia ou na familia, Uma entrevista no local de trabalho, ou num bat, ird ativar mais forte- mente outras dreas da meméria, e também pode ter como resul- tado uma mudanga para um modo de falar menos “respeitavel”. ‘Ut passeio pelo baltto pode tambem mostrar-se compensador ¢ estimular outras recordagées, Quase sempre, o melhor é ficar sozinho com o informante. A compleia privacidade proporéionars uma atmosfera de total confianga em que a franqueza se toma muito mais possivel. Em geral, isto se dd mesmo em relagdo a,um casal de velhos entre os quais haja particular intimidade. Claro que nem sempre é fii 265 encontrar um modo delicado de vé-los separadamente. (Isso é mais fiieil se voeé entrevistér os dois; ¢ especialmente se dois entrevistadores form juntos a easa do casal e ali se separarem, cada um em um cémodo.) ‘Appresenga de outra pessoa na entrevista néo sé inibe a fran- queza, como exerce uma sutil pressio no sentido de um teste- munho socialmente aceitivel. Felizmente, porém, nei tudo € deSvantagem. Um velho easal, ou um irmao e uma irmé, freqien- temente proporeionario eorregies de informagio positivamente iteis. Pode ser também que cada um estimule a meméria do outro, Esse efeito acentua-se ainda mais quando se reiine um ‘grupo maior de pessoas idosas. Nesse caso, haverd uma tendén- cia muito mais forte, do que privadamente, de que se apresentem enerallzagoes a respcitu dos velhos tempos} mas come eles dis- ccutem e trocam histérias uns com os outros, podem surgir alguns insights fascinantes. Claro que as narrativas, mais do que algo comum, devem set compreendidas em parte como formas de arte, que transmitem significados simbélicos — na verdade, 6 provavel que um mimero muito maior delas seja a respeito de utras pessoas. AS vezes, porém, um grupo, por exemplo mum bar, pode ser a tiniea via para se chegar ao mundo secreto de uma experiéneia de trabalho comum de sabotagem ou de roubo, ou ‘0s estratagemas secretos das cagadores clandestinos no campo. ( grupo pode também representar um recurso itil em outras situagdes. John Saville e um estudante pesquisador reuniram-se com trés Kderes do Movimento dos Trabalhadores Desemprega~ dos de Manchester, da década de 1930, e, em cinco horas de diseussio cooperativa, reconstruiram muitas das falhas da evi déneia de jomais que haviam reunido antecipadamente, Com fi guras piiblicas mais na defensiva, como os politicos eanadenses, Peter Oliver verificou ser eficiente um interrogatério minucioso eilv por dois ¢ até trés entrevistadores, e David Fdge usou uma entrevista triangular para seu trabalho sobre ridio-astrénomos. Beatrice Webb, muito embora defendesse vigorosamente a priva- cidade para as entrevistas normais, desenvolveu também uma 266 técnica de “entrevista por atagado” na atmosfera mais relaxada de eventos sociais, por ocasido de uma festa, “até mesmo lendo a sorte em suas mos, com todo tipo de resultados interessantes!”, nna mesa do jantar, ou no saldo de fumar, deseobriu que “se pode dis vezes fazer com que varios especialistas discutam entre si; e, desse modo, se calherio mais informagdes em uma hora do que se ‘conseguiria durante um dia inteiro com uma série de entrevistas”.” ‘Uma vez que as decisées preliminares tenham sido toma- das, vocé tem que fazer contato com 0 informante que escolheu. Pode escrever-lhe (utexando um envelope sobresctitado ¢ selado para resposta), ou as vezes procuré-lo pessoalmente ou por tele~ fone, Seré sempre mais facil se vocé puder dizer que foi uma outra pessoa das relagdes sociais do informante quem o recomen- dou, Vocé precisa explicar sucintamente 0 objetivo da pesquisa. ‘Sugira uma data possivel para uma primeira visita, mas sempre permita que o informante possa propor outra, ou possa recusat-se infeiramente a participar. Com urfia pequena parte de informantes, como politicos ou profissionais de nivel superior, pode ser pru- dente expor, de maneira mais completa, sua proposta de pesquisa fe como voc’ pretende utilizar a entrevista. Isso 0 ajudari a deci- dir-se pot recebé-lo ou nio, € deixar claro scu direito futuro de utilizar o material. Alguns deles podertio comegar a pensar nos t5pie0s que Ihe interessam ¢ a procurar alguns documentos anti- gos antes de vocé chegat. 'A maioria das pessoas provavelmente acharia desagradvel receber uma carta assim tao longa, de modo que é melhor esperar até o primeiro encontro. Comece entéo explicando o tema de seu projet vu de seu livro © « maneira como o infarmante pode auxi- lié-lo. Muitos dirio que nao tém nada de util para Ihe contar € -precisario que se reafirme que a experiéneia que possuem é pre- ‘los, que ela é desconhecida dos jovens cujas vidas foram muito diferentes ¢ fundamental para que se construa a verdadeira histé- ria social. Alguns ficario verdadeiramente surpresos com seu in- teresse e vocé precisari ser ainda tiais encorajador nas primeiras ctapas da entrevista. Alguns proporio explicitamente a questio 267 dda confidencialidade ¢ nio querer fornecer seus nomes. Seje franeo quanto a suas intengdes honre todas as promessas que fiser, A maioria das pessoas confiaré em que vooé serd disereto quanto ao que Ihe contarem — ¢ essa confianga deve ser respei- ida, Nao vineulem seus nomes, sem seu consentimento expl cito, a citagdes que sejam prejudiciais a eles proprios ou @ Seus vizinhos. 0 comego desse primeiro encontro € em geral 0 melior o> mento para perguntar se a entrevista pode ser gravada, embora as ‘vases isso possa ser mencionado no contato iniial. Alguns histo- Hiclores orais julgom que o primeiro encontro deve ser utilizado ‘emo uma visita exploratéria, curta, para preparar e conhecer um fnformante, sem usar o gravadot. O inconveniente disso € que, mesmo ao se procurar obter os fatos bisicos a respeito dos ante Tedentes do informante, ¢ diffell nao pencttar na cacéneia da me- noria. Vocé pode voltar aos mesmos dados numa segunda visita, mas provavelmente as mesmas coisas serio apresentadas de ma- heita muito mais bombéstica. Segundo minha prépria experién- cia, o melhor é por o gravador a funcionar logo que voce Poss, assim que vocé comece a falar. sso levanta uma outra questio controvertida entre os histo- riadotes omis — a qualidade da_gravagio. Para uma gravaglo jealmente boa, da qualidade exigida para um programa de radio, Vode deveria chegar com um bom_equipamento € utilizé-lo ade- Guadamente. Inflizmente, as mudangas téenieas fundamentals que a gravacio digital de audio implica significamn que, por al- guns anos mais, as escolhas serio difiecis, uma vez que wn equi- pamento caro pode tomar-se rapidamente obsoleto, Atualmente, vec’ pode obter o¢ melhores resultados com um aparelho de dois Sarretéis (de rolo), gravando a uma velocidade no menor que 3.75 polegadas por segundo (p.ps.). Um gravador de eassete de boa qualidade pode aproximar-se dessa qualidade de gravaglo (ainda que no para armazenarnento) a um custo mais baixos mas tum gravador de eassete barato, com mierofone embutido, seri absolutamente initil. Vocé précisard, sem duvida, de um micro- 268 fone separado e valeré muito a pena gastar algum dinheiro a mais na qualidade ele, Antes de‘ comegar, vocé provavelmente ter que eliminar problemas actisticos do cémodo, instalando cuida- dosamente 0 equipamento e posicionando o microfone, que pode ser preso 4 roupa do informante ou até colocado como um colar em tomo de seu pescogo. Enquanto nao estiver tudo pronto, vocé deve evitur falar a respeito do assunto que deseja gravar. Muito embora os produtores de ridio saibam como fazer tudo isso de um modo descontraido, em geral com pessoas com quem jamais se encontraram, nao hd diivida de que isso sempre aumenta um. pouco a tenstio do ambiente. Simples historiadores nao possuem © prestigio que tém os meios de comunicagiio de massa para sua- vitar 0s pedidos que fazem, nem os recursos financeitos para sr equipamentec como oa deles, ¢ nao Ihes resta vulla UpyaU Seitio Satisfazer-se com padres menos elevades. Isto, porém, nio quer dizer que nao valha a pena saber como tirar o maximo do aparelho que vocé tem, do mesmo modo que ndo ha nenhuma virtude especial em dirigit mal um carro, ou em datilografar sé com dois dedos, E hd algumas regras elementares que tomario melhor a qualidade das gravagées feitas com qualquer gravador. Em primeito lugar, procure utilizar um cémodo tranqjiilo em que Voce hio seja perturbado por vozes de outras pessoas e ‘onde nao haja outros ruidos fortes ou problemas aciisticos causa- dos por superficies rigidas. O barulho do trifego de fora pode ser abafado com 0 uso de cortinas, mas o crepitar do fogo soard sur- preendentemente forte na fita gravada, especialmente se o micro- fone néo estiver préximo da boca de quem fala. Em sua experiés cia com a gravacio de dialetos em casas comuns, Stanley Ellis Verificou que o ridio ¢ a televisio, o tique-taque de um reldgio, ou um candtio podem cstragar completamente uma gravagio (..) Deve-se observar bem aciistica do cémodo. Um cémodo pequeno, cheio de méveis ¢ com roupa dependurada num varal interno pode set um bom estidio, Uma ovinha grande ladrilhada e com paredes rebocadas pode produzir ‘enorme reverberagio suficiente para estragat toda a gravagio."* 269 'A seguir, pense onde colocar 0 gravador ¢ © microfone. Nunca'0s ecloque muito petto um do outro, sendio voce gravard o rufdo do préprio aparelho, O melhor lugar para o gravador é no ‘chio, fora da vista do informante mas onde vocé o possa obser var, olhando-o de vez em quando para ver se a fita estd perto de terminar, sem chamar atengdo para isso. O microfone niio deve ser colocado sobre uma superficie rigida, vibrante, nem muito distante de quem vai falar. Nao grave através de uma mesa de tampo rigido. Idealmente, o microfone deve estar a uns trinta centimetros da boca do informante. Se preferir sentar ao lado dele, voc’ pode segurar o microfone, com mio firme; ou pé-lo num pedestal, ou sobre uma almofada ou um pano dobrado sobre ‘uma mesa ao lado, Tudo isso pode ser feito muito rapidamente. Vooé pode enfatiza que ¢ a voz do informante que voc precisa & nio © som do relégio, do passarinho, ou do rédio. Ao mesmo tempo assegure-se de que o informante esteja sentado conforta- velmente, que no tenha deixado de usar sua cadeira favorita, Entio, ligue 0 gravador e deixe-o rodar, enquanto conversam. Reproduza 0 que tiver gravado para verificar que o nivel de gra- vvagio estd corretamente ajustado. Se o nivel estiver muito baixo, os ruidos de fundo dominarao a gravaco; se estiver muito alto, 0 som saira distorcido. Entdo, ponha de novo o gravador a funcio- nar e, a nio ser para trocar de fita, deixe-o rodar por todo o tempo que durar a sessao. E mau costume desligar 0 gravador quando 0 informante esta divagando fora do assunto, ou enquanto voeé faz as perguntas. E nunca comece fazendo uma abertura formal a0 microfone: “Esta fita é de Fulano entrevistando Beltrano em tal lugar": isso é uma coisa que formaliza e esfria o ambiente. Vocé pode deixar um espago livre no comeso da fita para acrescentar isso depois, se quiser — no antes, porém, porque pode ser tepro- duzido quando vocé fizer 0 teste inicial de gravagio. ‘Agora vocé esta pronto para langar sua pergunta inicial. O que acontece a seguir variars muito, dependendo do tipo de in- formante, do estilo de entrevista que voce prefere do que vocé quer saber. Mas aqui também hé algumas regras bisieas. Uma 270 entrevista é uma relagio social entre pessoas, com suas conven- oes priprias cuja violagao pode destrui-la, Fundamentalmente, esperarse que o entrevistador demonstre interesse pelo informante, petmitindo-Ihe falar 0 que tem a dizer sem interrupgdes constantes € que, se necessirio, propotcione ao mesmo tempo alguma orien- tagéo sobre o que discorrer. Por baixo disso tudo est uma idéia de cooperagio, confianga e respeito mituos. ‘Uma entrevista ndo é um diilogo, ou uma conversa. Tudo o que interessa é fazer o informante falar. Vocé deve manter-se 0 nais possivel em segundo plano, apenas fazendo algum gesto de apoio, mas no introduzindo seus préprios comentérios ou histé- tias. Essa nio € ocasiéio para vocé demonstrar seus conhecimen- ou seu charme. E nao se deixe perturbar com as pausas. Ficar «ain silencio pode ser um modo preeioso de permitit que um in formante pense um pouco mais e de obter um comentitio adicio- nal. Hora de bater papo € depois, quando o gravador for desli- ‘gado. Claro que vocé pode exagerar nesse sentido, e fazer com que o informante fique gaguejando por falta de um retorno seu. Ficar remoendo uma pausa em siléncio, depois de esgotado um assunto, é desanimador e antes que isso aconteca deve ser feita ‘uma pergunta firme. Mas em geral vocé nao deve fazer mais per- guntas do que o necessétio, de um modo claro, simples, e sem pressa, Mantenha o informante relaxado e confiante. Acima de tudo, nunea interrompa uma narrativa, Se vocé quiser, ao final da digressao, volte ao tema original, com uma frase como “Antes vocé estava dizendo...", “Voltando a...", ou “Antes de a gente continuar..”. Porém, se 0 informante quiser continuar numa nova linha, é axiomatic que se esteja preparado para acompanhé lo, Continue @ mostrar-se interessado durante toda a entrevista. Em vez de ficar sempre repetindo “sim” — 0 que soar tolo na gravagio — & muito fécil aprender a fazer a mimica da palavra, ngando # cubega, sortindo, erguendo as sobrancelhas, olhando para o informante de modo encorajador. Vocé precisa ter perfeita clareza sobre até onde chegou a entrévista e, sobretudo, evitar de Perguntar sobre uma informagio que jé tenha sido dada. Isso 271 exige meméria viva e intensy concentragio. Vocé pode achar que precisa tomar algumas notas a medida que vai avangando, em- bora seja melhor dispensar essa ajuda se puder, Ao mesmo tempo, vocé deve estar atento coeréncia das perguntas ¢ a contradigdes com outras fontes de evidéncia. Se tiver diivida a respeito de alpuma coisa, procure voltar ao assunto de outro an gulo, ou sugerindo, com tato e delicadeza, que talvez.haja uma opiniio diferente a respeito da questio — “Ouvi dizer que...” ou “Liem algum lugar que... Esp formante ou discutir com ele. Como observa mordazmente Bea- trice Webb: ialmente importante, porém, € nao contradizer © in- sEpubirse” ow alscutr€ desastivu, deve ve pormitie que 0 cliente cexprima livemente suas narrativas fcticias, desenvolva suas teorias sem propésito, use 08 argumentos mais tolos, sem qualquer objego OU eX- pressio de diseordancia ou de tidiculo."° Sem divida alguma, quanto mais voc demonstrar com- preensio e simpatia pelo ponto de vista de alguém, mais voce poderd saber sobre ele. Falar sobre o pasado pode despertar nemérias dolorosas que, por sila vez, despertam sentimentas intensos que, muito fortui- tamente, podem afligir um informante, Quando isso acontecer, dé-The um apoio generoso, como faria a um amigo. Com alguns informantes, pode ser mais prudente deixar as perguntas mais delicadas para uma etapa posterior da entrevista. Se for absolu- tamente fundamental obter uma resposta, espere até o fim, tal- vez até desligaudy © gravador. Nunea, porém, pressione de~ mais quando um informante parega estar na defensiva ow relutando em responder. Em geral, sera melhor procurar orien- tar-se no sentido de uma conclusio mais aberta, pedindo que resuma o que sentiu em relagdo a uma dada experiéncia, ou sc cha que hi algo a acrescentar. Uma entrevista que termina em tom de relaxamento sera mais pfovavelmente lembrada com pra- zer e levard a outra. 272 Voeé precisa sempre procurar estar sensivelmente cons- ciente de como seu informante esté se sentindo. Se parece in- quieto e s6 dé respostas muito concisas, pode estar cansado on indisposto, ou preocupado com o reldgio por causa de algum outro compromisso: nesse caso, encerre a sessio de gravagio o mais ripido que puder. Embora evitando estar sempre olhando para o rel6gio, adapte-se sempre a seus horttios, e chegue pon- tualmente quando estiver sendo esperado, para que ele nao fique tenso d sua espera. Em circunstincias normais, uma hora e meia ou duas horas seri em todo caso um tempo méximo razodvel, ‘Uma pessoa de idade, pelo interesse da situago, pode nao se dar conta do risco de se cansar excessivamente, mas certamente se arrependers disso depois, e pode nao querer repetir a experigncia. Nido saia imediatamente depois da sessin de gravagio. Voos deve ficar um poueo, dar algo de si, e mostrar simpatia e aprego em retribuigao ao que the foi dado, Accite um ché, se lhe oferece- Tem, e esteja disposto a bater papo a respeito da familia e de fotografias. Fsse pode set 0 momento em que mais provavel- ‘Mente podersio emprestar-lhe documentos. E uma boa hora para combinar uma nova visita. Vocé pode pensar em retribuir com alguma ajuda pritica imediata, cattegando ou pregando alguma coisa, vu com algum conselho sobre como fazer para resolver um problema que esteja preocupando o informante. Na verdade, como afirmou convincentemente Ann Oakley, as vezes pode ser “moralmente indefensével” abster-se de ajudar desse modo ¢ de compartilhar experiéncia, falando mansamente sobre si mesmo e suas idéias.'* Uma vez ou outra, este poders ser 0 comego de uma amizade duradoura. Mas aja com tato e cautelosamente. Nao dis- enta a respeito de assuntos que possam set controvertides, tais como comportamento dos adolescentes ou politica, o que poder contribuir para criar alguma reserva posteriormente. Em algumas situagdes de entrevista, pode ser oferecida uma hospitalidade mais grandiosa — um farto almogo com bebidas — que talvez. dé énfase ao problema normal de obtigagio mitua, Produzindo uma pressao para criar uma versio “oficial” da histé- 273 ria, Na maioria dos casos, porém, voce pode mostrar sensibili- dade ao utilizar o material que foi oferecido, ainda que ele contri- tua para uma conclusio sua que nao seja compartihada por seu informante. Quanto a isso, Beatrice Webb nio tem diividas: ‘Accite 0 que the for oferecido (.) Na verdade, quanto menos for- anal a situagio de entrevista, melhor. A atmosfera da mesa de jatar o¥ 0 ‘Dido de fumar é um "condutor” melhor do que o escrit6rio durante @ “xpediente(.) Uma vista conduzida pessoalmente a esta ou aquela f& frien ou instvigSo pode ser uma perspectiva sombria; pode até parecet dum desperdicio de esforgo examinar maquinarias ov instalagées que no Sr pode compreender, o¥ que foram vistas antes ad nauseam (..) Mas sent um ero nao aeltar, No corre dessa caminhadas eansalivas © espe- tas aborrcidas, podem ser lembradas ou evocadas experiencias que no teriam aflorado na entrevista formal no escrito.” © comentirio que ela faz baseia-se em seu proprio trabalho de pesquisa em que a situago normal de entrevista foi incomum ‘sob dois aspectos: tanto a entrevistadora quanto o informante provinham dos niveis mais altos da sociedade ¢ tinham ambos. aproximadamente a mesma idade. Em geral, os entrevistadores, sejam historiadores profissionais, ou mulheres casadas que geral- mente si contratadas para o trabalho de pesquisa, sio de classe mmédia € com seus 30 ou 40 anos. Seus informantes séo, geral- ‘mente, gente comum da classe trabalhadora ou da classe média €, ‘em trabalhos de histéria oral, freqiientemente muito mais velhos. ‘Assim, 4 sua modéstia habitual, acrescente-se & fragilidade da velhice ¢ uma particular vulnerabilidade ao desconforto ¢ a an- siedade. A alteragao desse equilibrio social pode ter implicagdes para o méiodo de entrevista, que devem ser tomadas em. conside- ragio. Por exemplo, uma entrevista com alguém do sexu vpusty freqiientemente provocard simpatia ¢ reagao positiva; ha, porém, confidéncias de certo tipo, por exemplo sobre comportamento se- xual, que provavelmente sio trocadas com mais facilidade entre pessoas casadas do mesmo sexo. Uma pessoa muito jovem, ou alguém de categoria muito superior, pode ter mais difieuldade em conquistar confianga. A raga pode oferecer outro tipo de barreira, 274 Por outro lado, uma pessoa com os mesmos antecedentes de classe operdria ¢ da mesma comunidade que o informante conse- guiré uma boa relagao inicial, muito embora posteriormente Possa encontrar dificuldade em fazer perguntas devido a um rede de relagdes comum, ou porque a resposta (muitas vezes errada- mente) parece ébvia. Do mesmo modo, pode-se enfrentar enor- mes problemas de reservas quando se entrevista alguém da pré- pria familia, Deve-se reconhecer que existem diferengas de antecedentes sociais ¢, sempre que possivel, enfrenti-las va- riandlo o estilo da entrevista. O problema que mais se repete é 0 apresentado pela perso- nalidade piblica como informante. Pessoas desse tipo so geral- ‘mente mais rigidas e competentes, e talvez também mais jovens, do que 0 informante tipico. Podem possuir uma idéia tao firme a fespeito da propria histéria, e do que é importante nela, que tudo que podem oferecer siio recordagSes estereotipadas. Freqiiente- mente, também, “no comer de longas carteiras na vida publica, terio desenvolvido uma carapaga protetora por meio da qual se protegem contra perguntas ineémodas e, embora paregam estar dizendo algo valioso, oferecem de fato 0 menos possivel”. Isso Pode ter se tomado um hébito Wo arraigado que “o sujeito, mesmo que tente ser franco e sincero, dari, quase sem pensar, as mesmas respostas-chavio que foram to convenientes em outras ocasides. Esse véu defensivo é que precisa ser tompido pelo en- trevistador™."* Vez por outra, a prépria inocéncia pode conseguir perfurar a carapaga. “Os politicos possuem a experiéneia que mais os capa- cita a serem eapares de lidar muito cabidamente com un joven e inocente historiador”, observa Asa Briggs, Porém, “alguém bem Jovem pode (..) conseguir um monte de coisas de um velho que io seriam obtidas por membros da mesma geragdo”. O mais das ‘eass, nilo existe alternativa a nio ser tentar ser “ao mesmo tempo, sensivel ¢ firme”."” Algumas das regras bisicas continuam a se aplicar: o perigo de interromper corn um interrogatério insistente ¢ por demais provocador, e também as vantagens de, por exemplo, 275 ‘um debate informal & mesa do jantar. Nao cbstante, varios histori Votes orais,tais como James Wilkie no México, Lawrence Good ‘vin no Sul dos Estados Unidos, e Peter Oliver no Canada, tém Yefendido a necessidade de “interrogar insistentemente” de modo muito mais vigoroso. O historiador oral, segundo Peter Oliver, Jifida que evitando uma postura de franca “oposigao”, rio deve hesitar em contestar as respostas que Fecebe © em csquadrinhar (.)"Om, vamos, senador, & claro que houve mais a respeito dsso..? © A Fulano afirma que... A maioria dos politicos slo tipos bastante ex: petientes e calejados; poucos deles se ressentirio por serem foreados & rover sua resposta inicial, se isso for feito cam tato€ habilidade, e mul The vere 6 desse modo é que o entrevistador desvendaré umn material ‘verdadeiramente significativo.”” Caso compardvel & 0 propercianarta pelos eminentes ridio- astrénomos entrevistados por David Edge. Eles mesclavam uma imagem muito idealizada da ciéneia, € do que ers importante para sua hist6ria, @ atitude defensiva necesséria para o éxito na politica competitiva de subvengies do mundo eientfico. Fle de- Senvolveu um método triangular no qual o ridio-astronomo era cntrevistado ao mesmo tempo por Edge que, como ex-cientista ¢ talvez amigo pessoal, € ja dominando segredos internos, estava farmado para contestar a respeito de questoes téenieas, e por Mike Mulkay, um socidlogo cientificamente ingénuo, alerta para lan- sgarse contra incoeréncias ¢ t6picos de interesse mais amplos. Em geral, era David Edge quem conduzia a entrevista, insistindo sobre detalles, contestando discutindo; Mike Mulkay entrava ‘como um “forasteito”, e muitas vezes havia uma mudanga per- ceptivel na vor do informante quando a pergunta Vinha dele. Essa feenica argumenttiva depende evidentemente, em parte. de algum tipo de co-participagéo num dado grupo social e, em partes de saber exatamente até onde se pode levar a contestagao. ‘Na situagio inversa extrema, os principais problemas do en- trevistadot encontram-se em nivel bastante diferente, na verdade mais basico. Um historiador europeu coletando tradigo oral na ‘Africa esté atuando dentro de uma cultura completamente es- 276 tranha, © geralmente preocupado em aprender algo de sua lingua € de suas regras bisicas. Entte os kuba, por exemplo, Jan Vansina descobriu que, a menos que todas as pessoas certas estivessem resentes € que fosse escolhido o local correto, apenas determi- nadas partes das tradigdes da tribo seriam relatadas. “Entre os akan, tinham que ser feitos sacrificios aos ancestrais antes que fossem recitadas certas tradigdes, de modo que 0 pesquisador de ‘campo deve estar munido de um cameiro ou de uma barrica de Tum para esse fim.” Os bushongo precisam que se thes fornega vinho de palmeira fermentado domesticamente e sé recitam suas tradigGes a noite, na presenga das reliquias de seus antepassados. Em seu pais, um historiador inglés sabe que nao deve tentar en- trevistar um taverneiro num dia feriado, ou um padre numa Sexta-feira Santa, ¢ pode concentrar a atengia sobre nuances so ciais menos elementares. Como também no precisa, em geral, depender de intérpretes, ou pagar para que lhe oferegam testemu- thos. A maioria das regras bisicas, como evitar perguntas direti- vas € a necessidade de sc asseguiar de que o informante esta relaxado, aplicam-se a quem coleta informagées na Africa como em qualquer outro lugar; ¢ com criatividade até mesmo alguns dos problemas peculiares podem ser postos uns contra os outros: Deve-se procurar perecber se o informante esti (..) impedido de sentirse tentado a prestar um falso testemunho a fim de cait nas boas “sragas dos pesquisadores de campo (..) O informante nio deve saber se © pesquisador de campo esté ou no interessado em seu testemunho, pois se souber, ele 0 distorceri. Por isso, os bons informantes nio devem set recompensados a prego mais alto que os maus (..) Além disso, durante a gravagio do testemunho, d tica para com a intiarm ‘ver- dadeitos sentimentos. Em Ruanda e em Burundi, onde gravei testemu hos em fita magnética, dei a entender que ndo compreendia uma s6 palavra da Lingua. O funcionério que me acompunhava explicatia ao in- formante o que ele tinha que fazer e, a seguit, 0 informante podia recitar o testemunho como quisesse, Estando convencido de que eu rio compreendia o que estava dizendo, achou que nio importava o nodo como o dissesse, e nio teve henhum motivo para distorcer a tradigio?* com, contado, deiner t 277 Em certo sentido, esse exercicio de ndo-comunteagay eultu- ral facititado pelo dinheiro é uma parddia de como entrevistar, tanto quanto os piotes exemplos de seducio e insinuaglo na tele- vedo da ex capital imperial. Esperamos que brevemente os afri- anos estejam eriando sua propria histéria oral. Mas esses casos xtremos so na verdade titeis para iustrar a necessidade de fle Sibilidade do método; © a possibilidade, também, de conseguir Sbter material de valor em eircunstncias extremamente adversas- Devemos, contudo, voltar ao historiador comum que deixa- mos batendo papo por sobre uma xicara de ché, Depois de deixar a pcal da entrevista, ainda ha trés coisas que devem ser fei Ein primeiro lugar, registre 0 mais ripido que puder todos os comentarios sobre o contexto da entrevista, a personalidade do informante, observagées adicionais feitas sem serem gravadas, € tc que talver ndo tenha sido dito. A seguir, coloque uma etiqueta ecfita ou na caixa. Depois, faga tocar a fita para conferir quats xs jnformagSes obtidas e © que voce ainda precisa obter. Em espe- cial, assegure-se de que possui os fatos essenciais a respeito do fafornante que todo historiador social gostard de saber para ut mar como evidencia: idade, sexo, residéncia e ocupagdo do in- formante € também a ocupagdo de seus pais. Ao mesmo tempo, ‘voce pode relacionar todos os nomes cuja grafia seja preciso con forir com o informante. Finalmente, se essa foi sua siltima visita, ‘voce pode verificar esses itens juntamente com sua earta de agra Yecimento (mais uma vez, enviando junto um envelope sobres- titado ¢ selado para resposta). Sera conveniente que essa Carta eafirme o objetivo getal da entrevista e, se for v easo, avente ns questées de confidencialidade ou de dircites autorais. De todo thodo, porém, ela seri um gesto de cortesia que send apreciado, E {Pesce tipo de euiadas pessoais, quase tanto quanto do conheci- mento histarico especializado, que depende 0 éxito na atividade de entrevistar. 278

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