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AD1 – 2021.

Fundação Centro de Ciências e Educação a Distância do Estado do Rio de Janeiro

Centro de Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro

Universidade Federal Fluminense

Curso de Licenciatura em Letras- UFF / CEDERJ

Disciplina: Literatura Brasileira III

Coordenadora: Profª Flávia Amparo

Questão 1 (3,5): Ao lermos sobre o Arcadismo na Unidade 2, fica evidente que havia um desejo, em
inúmeros escritos de nossos poetas árcades, de associar a predileção pela natureza a um padrão de
escrita clássica que retomava valores da cultura greco-romana. É sobre essa interessante
característica da poesia árcade de que nos fala, como tantos outros críticos literários que se
debruçaram sobre o assunto, Massaud Moisés no trecho que destacamos abaixo. Após revisar os
conteúdos e ler atentamente os textos 1 e 2, discuta de que maneira Tomás Antônio Gonzaga, na
Lira VII, consegue unir esses dois importantes pilares do Arcadismo ao tecer elogios à sua amada
Marília. Retire trechos da Lira para fundamentar sua resposta.

É evidente na poesia a presença do elogio as belas formas da natureza. Tomás utiliza uma linguagem
clássica e evoca na figura da amada as belezas naturais.
“Vou retratar a Marília,
A Marília, meus amores;
Porém como?
Se eu não vejo
Quem me empreste as finas cores:
Dar-mas a terra não pode;
Não, que a sua cor mimosa
Vence o lírio, vence a rosa,
O jasmim e as outras flores.”
No trecho citado, ele compara a beleza de sua musa, Marília, a beleza das flores. Evocando assim um
dos pilares do Arcadismo, que é o amor ao ideal e a beleza natural. Em outro trecho:
“[...] Entremos, Amor, entremos,
Entremos na mesma esfera,
Venha Palas, venha Juno,
Venha a deusa de Citera.
Porém não, que se Marília
No certame antigo entrasse,
Bem que a Páris não peitasse,
A todas as três vencera.” Vemos aqui a presença explícita de ideais clássicos, de deusas Romanas
associadas a beleza e novamente a comparação a sua amada Marília que, segundo ele, seria a mais
bela entre todas.
Questão 2 (3,5): Tanto o texto 3 quanto o texto 4 apresentam um relato de violência contra os
indígenas brasileiros; o primeiro integra o livro O povo brasileiro, de Darcy Ribeiro, obra em que o
sociólogo discute a nossa formação enquanto povo. O segundo, de registro mais recente, é o início
de uma notícia que anuncia mais um assassinato indígena no estado do Maranhão. A partir da
análise dos dois fragmentos abaixo e também da leitura atenta da Introdução do livro de Darcy
Ribeiro (página 19 a 26), explique, com suas palavras, por que costumamos nos referir à formação da
identidade brasileira como um processo que favoreceu a miscigenação, mas que teve como base a
violência e a opressão? Em seguida, discuta de que forma os grandes abismos sociais e étnicos
existentes hoje no país podem ser relacionados a essa maneira como se deu o processo de
construção identitária do brasileiro, sem se esquecer de contemplar, em sua resposta, a situação
atual dos indígenas no território nacional.

A miscigenação no Brasil ocorreu sim, de forma violenta. Os colonos raptaram e estupraram muitas
mulheres indígenas, além de escravizar os membros da mesma comunidade e também os africanos,
trazidos ao Brasil. A imposição do catolicismo, a obrigatoriedade do trabalho, a visão de
superioridade sob o que denominaram como selvagem ainda tem reflexos óbvios na sociedade
atual. Essa suposta superioridade autodeclarada é um passaporte para o contínuo julgo,
esquecimento e violência contra qualquer som ou cor que destoe do padrão vigente.
Esse racismo velado está presente como um fantasma na nossa visão periférica: a pobreza, o alto
índice de prisões e assassinatos de negros, o assassínio indiscriminado de povos indígenas, a vil
exploração de terras protegidas e agora, recentemente, uma aberração que estende seus tentáculos
ao que denominaram justiça: o marco temporal. A tese sugere que os povos só terão direito a terras
demarcadas em data anterior a promulgação da Constituição, em 5 de outubro de 1988. Mais uma
vez ouvimos o eco de uma velha música, mais uma vez o interesse em explorar, violentar e apagar o
patrimônio de um povo em prol de interesses financeiros e da sede de poder. A violência e a
opressão são os pilares da sociedade Brasileira, desde seu parto forçado e sombrio a atual
adolescência marcada pela intolerância, ignorância e estupidez. Aparentemente a ilha Brasil era
apenas uma visão de maravilha ou, para os corações ainda esperançosos, um mapa perdido de um
futuro que será construído por aqueles que acreditam na existência de um só povo.

Questão 3 (3,0): Na plataforma virtual, acesse a Unidade 2 e assista ao vídeo “Leituras perigosas” e
ao filme “Os Inconfidentes”, este na seção “seu material indica”. Também aproveite para reler a aula
4 a respeito da ligação entre a literatura e a sociedade no Brasil do século XVIII. Com base no que leu
e assistiu, explique de que maneira alguns escritores árcades envolveram-se na tentativa de
propagação da cultura letrada e de conquista de liberdade política no Brasil Colônia, dando
exemplos de ações intentadas por esses intelectuais na luta contra a opressão imposta pela
Metrópole. Em seguida, fale como o vídeo e o filme ilustram essa participação ativa dos intelectuais
no cenário político e cultural brasileiro do século XVIII.

Alguns intelectuais representantes do Arcadismo, como por exemplo Silva Alvarenga, ajudaram a
fomentar o conhecimento e o amor a literatura, algo que não era interessante ao poder vigente, que
preferia manter o povo sob a sombra da ignorância. Silva Alvarenga foi responsável por fundar a
Sociedade Literária do Rio de Janeiro, uma reunião de literatos e amantes do conhecimento, além de
possuir e manter volumes proibidos pela metrópole, com um acervo de mais de duzentos livros. Essa
perseguição a cultura é bem retratada no vídeo “leituras perigosas" na figura de um oficial que
deseja a qualquer custo interrogar um homem acusado de trazer volumes proibidos, (livros que
eram tidos como pecaminosos e iam contra a monarquia) independente do homem estar
gravemente ferido. O homem, que trazia livros para o personagem do médico que o atende, acaba
por identificar o comprador em um instante de lucidez, o que vem a culminar na prisão do doutor.

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