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XIII CONGRESSO BRASILEIRO DE SOCIOLOGIA

29 de maio a 1º de junho, UFPE, RECIFE, PERNAMBUCO

GT: GT 20: SEXUALIDADES, CORPORALIDADES, TRANSGRESSÕES

Entre amores e vapores: as representações das masculinidades inscritas


nos corpos nas saunas de michês

Autor: Elcio Nogueira dos Santos- Pontifícia Universidade Católica- SP

E-mail: elcio_santos6@yahoo.com.br
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Introdução
Este texto faz parte de uma pesquisa mais ampla, minha pesquisa sobre a prostituição
entre homens em espaços fechados, mais especificamente, nas saunas de michês
existentes na cidade de São Paulo. Tal pesquisa ainda está em andamento, seus dados
não podem ser tomados como conclusivos. No entanto, as idas ao campo nos últimos
meses, em duas saunas localizadas em dois diferentes bairros de classe média da cidade
de São Paulo, trouxeram algumas pistas e questões que podem ser apresentadas,
aprofundadas e debatidas. É na tentativa de aprofundamento destas pistas e de
levantamento de hipóteses que este texto é apresentado. Minha pesquisa e,
conseqüentemente este texto, dialoga com os estudos sobre homossexualidade1
masculina no Brasil, mas, busca uma interface com os estudos de gênero, mais
especificamente com os estudos sobre as masculinidades.
Diferentes masculinidades, diferentes corpos,
Gayle Rubin (1993) em um artigo seminal, propõe pensarmos uma teoria radica da
sexualidade. A autora propõe que se pense a sexualidade em termos de estratificação
pois, segundo ela, mesmo concordando-se com Foucault sobre a hipótese repressiva,
haveriam sexualidades mais aceitas socialmente e outras marcadamente mais
“reprimidas”. Deste modo Rubin propõe um modelo piramidal que seria constituído desta
maneira: no ápice da pirâmide estaria o “bom sexo”, o “sexo normal”, o sexo
heterossexual, voltado para a procriação. Seguindo do ápice da pirâmide para baixo,
vamos encontrando formas sexualmente recriminadas pela sociedade. Na base da
pirâmide, encontramos os homossexuais, os transexuais, os praticantes de sexo S/M,
as/os profissionais do sexo, enfim todas as práticas sexuais condenadas pela psiquiatria
oitocentista até os nossos dias e não voltadas à procriação.
Rubin (1993, pág. 33), sugere que se pense sexualidade e gênero como duas
categorias analíticas radicalmente distintas. Para a autora, gênero: “afeta a operação do
sistema sexual, e o sistema sexual têm manifestações especificas de gênero. Mas,

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Simões (2004) alerta para o risco que corre todo o trabalho que envolve práticas eróticas entre homens.
Segundo o autor, termos como Homossexual ou gay são carregados de conotações ideológicas e políticas nem
sempre traduzem da melhor maneira tais pessoas. Em concordância com Simões (2004) o autor deste texto
também utilizará, preferencialmente, termos como “homens que fazem sexo com outros homens” ou
“erotismo do mesmo sexo”, utilizados por Green (2000), pois, como aponta Simões (2004; pág. 416), tais
termos “são mais precisos analiticamente”. Quando utilizar termos como homossexual ou gay espero que o
leitor compreenda que falo de uma forma socialmente construída de expressão de afetos, sexualidade,
significados e identidades e não de uma posição essencialista deste autor.
3

embora sexo e gênero estejam relacionados eles não são a mesma coisa e eles formam
as bases de duas distintas arenas de práticas sexuais2”
Em nossa pesquisa, nas saunas de michê em São Paulo, notamos que apesar das
práticas sexuais entre homens serem o alvo deste mercado, práticas estas fortemente
mediadas pelo dinheiro, o gênero surge como forte moeda de troca entre seus
participantes. Neste mercado, em que se consideram como corpos abjetos (BUTLER,
2003), corpos discursivamente não “masculinos”, como mulheres e transexuais; um
mercado que Perlongher (1987) definiu como da “prostituição viril” (destaque meu),
sugiro que a grande demanda deste mercado, seriam certos marcadores de
masculinidades nos corpos de michês e clientes.
As palavras de um cliente clarificam o que estou dizendo: Você quer coisa mais
gostosa que comer o cu de um macho? Não tem nada melhor que cu de macho. Eu lhe
pergunto o que é um “macho”. Ele: Ah! É um cara com um tórax bem definido, com braços
fortes, um corpo bonito. Ou na confidência de uma transexual feita a mim, no interior da
sauna: Eu gosto vir aqui, tenho muitos amigos aqui. Mas a sauna não é para qualquer
uma não[refere-se a outras transexuais]. Elas vêm aqui, querem tirar a roupa, mostrar as
tetas e o pau pros caras, elas não sabem se comportar, dão muita baixaria. Ficam
desafiando os clientes paquerando os garotos. Eu não, você não reparou, eu estou de
toalha, ando de biquíni duas peças, para cobrir os seios e o resto, canto, danço mas fico
na minha. Afinal meu bem, isso aqui é um ambiente de homens3.
Faz-se necessário então, pensar na intersecção de sexualidade e gênero
mantendo-os como campos de lutas sociais distintos, como sugere Rubin (1993). Temos
que evitar ao máximo cair na armadilha binarista macho- fêmea, natureza- cultura, e, em
uma sexualidade linear que seria decorrente do gênero. Sobre este binarismo, Bento
(2006, pág. 21), em um argumento com o qual concordamos nos diz: “a dicotomia
natureza (corpo) versus cultura (gênero) não tem sentido, pois não existe um corpo
anterior à cultura; ao contrário ele é fabricado por tecnologias precisas”.
Deste modo, a pergunta que nos fazemos neste texto é: O que é masculinidade
em uma sauna de michê? Qual o valor, de compra e subjetivo que os corpos de michês e
clientes adquirem nestes espaços? Qual o valor da prática sexual comercializada? A

2
Tradução livre.
3
Após um protesto ocorrido na porta da sauna X, em 2003, (sobre este protesto e suas conseqüências ver
FRANÇA, 2006), e com medo de represálias em função da lei 10.948 do Estado de São Paulo que proíbe
discriminação sexual em bares, restaurantes, cinemas, lojas, as saunas passaram a permitir o ingresso de
transexuais em seus ambientes. Em todas as visitas que fiz as duas saunas sempre encontrei, em ambas,
transexuais.
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arquitetura das saunas tem algo a nos dizer sobre isso? Responder a essas perguntas
implica um espaço bem maior que este texto, termos concluído a pesquisa e mesmo
assim, penso, não as responderíamos com segurança. Elas nos servem de norte para
este texto e a continuidade da pesquisa.
Conforme apontam Cornwall & Lindisfarne (1996) “masculinidades” são
relacionais, contingentes, construídas discursivamente em relação às mulheres e a outras
formas de masculinidade. As autoras contestam uma suposta “masculinidade”
hegemônica sob a qual outras masculinidades estariam seriam submetidas. Discutindo o
termo macho man e as diferentes variações e significados que este adquire, desde sua
origem na cultura latino- americana até os paises anglo-saxões, as autoras afirmam que a
aceitação de uma “masculinidade” hegemônica, universal, têm implicações políticas que
acabam por essencializar formas de expressão do masculino e, aparentemente, manter
sua suposta “dominação”.
A masculinidade hegemônica, segundo as autoras, tem como aporte teórico o
construcionismo social, manteria a divisão sexuada dos corpos como algo biológico,
portanto “natural”, já dado pela natureza. Ou seja, a categoria “sexo” serviria como uma
folha de papel em branco sobre a qual seriam construídas identidades de gênero e
sexualidade; não superando assim o impasse, caro à antropologia, entre natureza X
cultura, cabendo à natureza o sexo biológico, e a cultura, o gênero socialmente
construído. Ainda, que tal aceitação não leva em conta uma outra discussão: como as
relações de poder são forjadas dentro das diferentes expressões de masculinidades.
Cornwall &Lindisfarne (1996, pág. 20) nos dizem: “nosso interesse está na
compreensão de como as relações de força e fraqueza são geradas, e como, em
qualquer campo particular, atribuições de masculinidade são assumidas ou impostas. No
entanto nós sugerimos que estas atribuições nunca são exclusivas nem permanentes,
não obstante, existe sempre um sistema singular que define o sucesso e a falha como
sujeitos de gênero, em termos absolutos ou duradouros4”
Assim, as autoras sugerem que masculinidades são relacionais; entre si e com as
mulheres, localizadas culturalmente, assimétricas, tanto nas relações estabelecidas com
as mulheres como com outros homens e que, estudos antropológicos levem em conta as
diferentes formas de expressão das masculinidades entre si e em diferentes contextos
culturais. Para as autoras, as masculinidades são contingentes.: “nós desejamos chamar
formas privilegiadas de masculinidade que mascaram como sendo unitárias

4
Tradução livre.
5

‘masculinidades hegemônicas’. Tal construção dominante determina o padrão contra o


qual outras masculinidades são definidas. Nós desejamos nos referir a estas últimas,
masculinidades contingentes, como ‘variantes subordinadas5’”(1996, pág. 20)
O corpo humano vem sendo problematizado pela antropologia desde o ensaio
seminal de Marcel Mauss sobre as técnicas corporais. Neste ensaio o autor demonstra
que, muito mais do que construtor da cultura o corpo é por ela construído. Ou seja, são as
regras, limites, festas, enfim, as manifestações culturais que moldam nossos corpos como
equipamentos da cultura à qual pertencemos.
Elias em seu Processo civilizador aponta claramente que, o que nos parece uma
série de regras de “bom comportamento” social, ou de comportamentos “inatos”
“inconscientes” de sujeitos isolados da sociedade, que não seriam condizentes com o
restante de uma sociedade “bem educada”, de uma civilização tida como “superior” nada
mais são que técnicas corporais aprendidas pelos seres humanos ao longo dos séculos e
com as mudanças políticas que se instalavam na Europa desde a idade média. Enfim, o
corpo como instrumento de distinção entre pessoas.
Foucault em Vigiar e punir e a História da sexualidade- a vontade de saber, aponta
para o corpo como uma agência de resistência e empoderamento dos sujeitos, perante si
mesmos e perante os outros. Para Michel Foucault o corpo não é um dado biológico,
“natural”, mas é uma construção discursiva em que se localizam as construções de
gênero, sexualidade e empoderamento, ou seja, não há um corpo, um gênero, uma
sexualidade biológica pré-discursiva, mas que estas são constructos discursivos6. Para
ele, os corpos são disciplinados, punidos, contidos, limitados, instados a falar de si e de
sua sexualidade, de seu “verdadeiro sexo”.
Como quer Foucault, nós os vitorianos, não vivemos uma época de grande
repressão sexual, como sugerem algumas teorias, especialmente psicanalíticas, mas sim,
através das praticas discursivas regulatórias da nascente sociedade burguesa, fomos
sendo incitados a falar cada vez mais de sexo, de sexualidade, de nossa “verdadeira”
sexualidade, de sermos “verdadeiros” homens e mulheres, por assim dizer, no século XIX,
seguindo-se Foucault, as ciências médicas, biológicas e pedagógicas criam o “verdadeiro”
sexo que se liga ao “verdadeiro” gênero. E assim criam-se os dispositivos da sexualidade
que sustentaram o sistema sexo/gênero como profundamente interconectado. Neste

5
Tradução livre.
6
Aqui é importante observar a critica que Butler (2003) faz a Foucault. Como demonstra a autora, Foucault
em seu prefacio a Herculine Barbin- um hermafrodita, faz alusão aos desejos de Herculine como se estes
fossem pré-discursivos. O autor deste texto concorda com Butler.
6

sistema, a sexualidade é dependente do gênero, tido então pelos saberes da época como
“natural”, essencialmente biológico e que sustenta o que será considerado a “boa” e
“normal” prática da sexualidade. Ou, a heteronormatividade.
As saunas de michês- diferenciando espaços
Em São Paulo, existem numerosas saunas voltadas para o público homossexual,
algumas “abrigam” michês7, profissionais do sexo, outras não8. O que nos interessa neste
texto são as saunas de michê, mais especificamente duas delas, aqui designadas como X
e Y9. A sauna Y foi fundada em 1980, sendo considerada por seus clientes como a mais
tradicional de São Paulo, a sauna X começou suas atividades em 1992 e no dia
13/04/2007, comemorou seu décimo quinto aniversário com uma festa que, segundo seu
gerente, às 22:00 contava com mais de 500 pessoas em seu interior: um recorde.
Ficando-se por três horas em média, uma vez por semana, no interior das saunas,
em seu salão principal, o que se pode notar, em ambas, é uma profusão de corpos:
jovens, mais envelhecidos, negros, orientais, seminus, de clientes e michês. A maioria de
seus freqüentadores circula, em seu interior, utilizando uma toalha na parte inferior do
corpo. Pode-se notar também alguns clientes trajados dos pés a cabeça. E este é um
código de comportamento no interior da sauna. O cliente trajado, indica para o michê,
com alguma segurança, segundo me informou R. um michê, 19 anos, solteiro, bissexual,
de que este ou está esperando alguém, já teria um compromisso, ou está na sauna para
encontrar os amigos e relaxar, descansar. O mesmo código de trajes também é valido
para os michês. Não se circula de roupas em vários ambientes nas duas saunas, como
por exemplo, o dark- room, as salas de vídeo, os privês. Varias coisas diferenciam uma
sauna da outra mas ambas têm em comum, corpos, corpos nus ou vestidos construídos
discursivamente como masculinos.

7
Sobre o termo “michê”, sua origem e os mais diversos significados ver Perlongher (1987). Aqui utilizarei os
termos michê ou boy para designar profissionais do sexo masculino que trocam sexo por dinheiro com outros
homens. Sobre o termo “michê” é interessante lembrar a conversa que mantive com um profissional do sexo
em uma sauna. Segundo ele: o termo michê é muito ruim. Porque lembra a putaria, sabe? Todo mundo gosta
da putaria, mas ninguém quer ser chamado puto. Ninguém. Eu e todo mundo aqui prefere boy. É menos
preconceituoso.
8
É importante se ressaltar que o profissional do sexo não possui qualquer vinculo empregatício com a sauna.
Ele paga sua entrada no estabelecimento. É cobrado dele um valor menor que o valor cobrado do cliente, mas,
de qualquer modo, é cobrado. O que este profissional cobra do cliente pelos seus serviços sexuais é entre ele e
o cliente, não passa pela nota final.
9
Em função da privacidade dos freqüentadores e dos profissionais do sexo envolvidos nesta pesquisa, optei
por não nomear e nem mesmo trocar os nomes das saunas. Como espero demonstrar durante o texto, a
simples identificação do espaço pode identificar proprietários e freqüentadores. Incluo nesta categoria os
michês.
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As saunas que são objeto deste texto contêm amplos espaços, com imensas
áreas construídas. Possuem numerosos privês- quartos para a prática sexual-, american
bar, amplos salões que contêm mesas e cadeiras tipo praia, de plástico. Estes salões dão
uma visão panorâmica dos chuveiros utilizados geralmente pelos michês e pode-se assim
observar seus corpos. E uma sauna seca e outra a vapor. Apresentam uma diversificada
programação semanal para seus freqüentadores que vai desde shows com Drag-
Queens, macarronadas e apresentações de Karaokê, em que cantam clientes e boys.
Possuem ainda um palco em que são realizados os shows e o karaokê. Alguns clientes,
freqüentam ambas as saunas ao menos uma vez por semana desde a sua fundação,
trocam e-mails, fazem churrascos em suas casas para outros clientes e boys, criando o
que se pode chamar de redes de amizade entre si e com alguns michês. Tais redes,
como me confidenciou um cliente, têm sua origem na sauna. Estes clientes seriam
habitues das saunas. Mas é importante se destacar uma outra modalidade de cliente: o
cliente “ocasional”, ou seja, o cliente que não pertence a nenhuma destas redes, vai a
uma sauna ocasionalmente, faz um “programa10” com um profissional do sexo e vai
embora.
Quanto aos profissionais do sexo e sua freqüência nas saunas não encontramos a
mesma situação. Os boys que freqüentam a sauna Y não freqüentam a sauna X e vice-
versa. Segundo um michê, 21 anos, casado, pai de dois filhos: não meu, lá não dá liga,
sabe?Liga? os boys de lá são tudo metido à besta. Não falam com ninguém, eles se
acham. Os clientes? Também. Ninguém te trata como gente. Este depoimento aponta
para uma diferenciação feita a mim por clientes e profissionais do sexo sobre as duas
saunas. Para muitos clientes, a sauna X é a melhor de São Paulo, pois, apresenta desde
um espaço mais amplo e limpo, claro- seus salões são totalmente iluminados-, com um
show melhor, boys esteticamente mais bonitos, com corpos mais bem definidos; mas, em
contrapartida, seus preços estão muito acima do que deveria ser cobrado, os boys não se
deixam tocar (no corpo) e não permanecem na mesa com o cliente caso este não queira
fazer um “programa”.
Segundo um cliente, R. 48 anos, solteiro, executivo financeiro: os michês nunca
são os mesmos, eles não vão constantemente à sauna. Aqui é tudo muito plástico,
pasteurizado, você pode sair com um boy diferente cada vez que vem aqui e isso quebra

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Os profissionais do sexo utilizam-se do termo “programa” para designar a prática sexual que ocorre com
um cliente no interior da sauna. Conforme informe Piscitelli (2005), a palavra “programa” não traduz a
complexidade de serviços oferecidos no mercado do sexo, inclusive nas saunas aqui mencionadas. Mantenho
o termo pois é o termo que os profissionais do sexo utilizam para a troca de sexo por dinheiro.
8

o encanto da situação. Perguntei a ele o que seria um “michê pasteurizado” e “poder


tocar” no boy. Suas palavras: Na sauna X chega um garoto super bonito perto de você, na
sua mesa. Você está sentado, ele te olha nos olhos, aperta sua mão e diz: ‘vamos brincar
um pouquinho, hoje?não ta a fim de relaxar e se livrar do stress?’ Se o cliente disser não,
não quero, cheguei agora, der qualquer desculpa para não fazer sexo, o garoto
gentilmente agradece e vai embora e não volta nunca mais, nem te olha na cara pro resto
da noite. Na sauna Y o garoto vem, massageia suas costas, faz quase que as mesmas
perguntas. Se você disser que não ta a fim ele pergunta se pode sentar na sua mesa. Se
você disser que pode ele começa a conversar, te pede para pagar um suco para ele, te
pergunta como foi o dia, ele tenta te ‘ganhar”, entende?isso é legal. Parece uma
conquista.
A sauna Y, segundo o mesmo cliente, apresenta um ambiente que facilita o cultivo
da amizade entre clientes, é mais “descontraída”, os profissionais do sexo são constantes,
ou seja, se você for durante a semana encontrará o mesmo michê e que o cliente pode
tocar no corpo do profissional do sexo.
A masculinidade em negociação- a importância dos orifícios
Como são as negociações neste mercado em que opera a “ordem do nu”? Como
observei várias vezes, se o cliente não chamar o profissional não se aproxima11. Quando
isso ocorre, o discurso de aproximação do boy é semelhante em ambas às casas. Ele
chega até o cliente, olha nos olhos, estende a mão para um aperto, se apresenta e
pergunta: Então? Chegou agora? Você não está a fim de um sexo gostoso, de uma
brincadeira, de uma boa sacanagem para relaxar? Caso o cliente concorde, ele se senta
e começa uma negociação que envolve cada detalhe da prática sexual que irá ocorrer,
em ambas as saunas.
O cliente pergunta: Você faz o que? O profissional: Sou “liberal12”, faço de tudo.
Sou carinhoso, chupo, beijo, enfim faço um sexo bem gostoso. Se o cliente for um cliente
mais habituado ao espaço e não conhecer o boy, podem surgir outras perguntas como:
Você é ativo mesmo? To cansado de pagar uma coisa e fazer outra...O michê pode
mostrar alguns limites quanto à prática sexual. O cliente: Você é ativo ou passivo? O boy:
sou ativo. Não gosto muito de chupar, mas adoro ser chupado. Beijo, acho legal, posso
até dar uma chupada, mas não dou[o anus]. Isso não. Mas, o limite pode se dar quanto à

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Isto apesar de ser tomado como uma regra não escrita, nem sempre é observada por alguns michês. Alguns
se aproximam mesmo não sendo chamados.
12
A palavra “liberal” é usada neste contexto como indicativa de que o michê pode atuar tanto no sentido
“ativo” do ato, ou seja, penetrar, como no sentido “passivo”, ser penetrado sexualmente.
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“atividade” e outras situações que podem ocorrer durante o ato. O profissional pode
preferir ser “passivo” mas não gostar de sexo oral. Deste modo sua resposta, em geral é:
prefiro ser passivo, me sinto melhor assim. Mas eu não chupo. Só se for de camisinha e
um pouco só. Não gosto de sentir um pau na minha boca. Acertadas as práticas sexuais e
o preço, na sauna X, cliente e michê vão quase que imediatamente para o prive. Na
sauna Y, michê e cliente podem ficar bebendo e conversando por longo tempo até irem
para o prive.
Quando inquiridos sobre serem “passivos” com um cliente, ou o que eles sentiam
pelo corpo de um homem mais velho, com sinais visíveis da idade, suas respostas foram:
C, 19 anos, solteiro, grau de instrução, ensino médio, bissexual: Eu curto, acho o maior
barato. Especialmente se for com um cara mais velho. Não, não rola com um cara da
minha idade, sabe, o papo de um garoto da minha idade é bem chato, eles não sabem
falar. O coroa sabe o que faz, o sexo é mais maduro, mais experiente. Pergunto se ele se
sente menos “homem” se tiver que ser “passivo” C: de jeito nenhum! Por que o prazer ia
me deixar menos homem? Sai fora meu, não é por aí não. Você sabe, eu faço até
lavagem. É..., preciso cuidar do corpo e também é muito chato sujar um cliente. Tem boy
aqui que já sujou o cliente. Isso é ruim.
F, 21 anos, solteiro, grau de instrução, ensino fundamental: as primeiras vezes que
vim aqui, na [sauna X] o dono me falou que não tinha essa de não dar. Que se eu
quisesse continuar vindo aqui, era para atender o cliente, que é ele que paga a conta. A
primeira vez que eu tive que dar[ser passivo]foi muito ruim, doeu bastante, ficou uns dois
dias ardendo e doendo e eu fiquei sem vim aqui por um mês. Aí a grana acabou, tinha
que achar mais grana, pagar o aluguel, o presente da garota, essas coisas. Voltei e tive
que fazer passivo. Não foi tão ruim, foi até bom, era um cliente carinhoso, sabia como
chegar, foi legal. Então eu falei: por que não? Grana é grana, tanto faz se eu dou ou se eu
como. Eu quero é a grana. Eu lhe pergunto se ele seria “passivo” fora da sauna:
Ah!...acho que não. Aqui tem a grana né, meu? Lá fora não dá. Aqui o cliente é legal,
ninguém vai saber, mas lá no mundão? Ah! Não, não mesmo. Isso marca. Seria bom se o
mundo não fosse assim, mas é.
Sobre o corpo do cliente: C:eu gosto de cara grisalho. Com uma certa barriguinha.
A gente tem aonde pegar, além disso o sexo é mais gostoso, mais maduro. Um cara mais
velho te inspira mais segurança. Não sei porque, mas você tem aonde se apoiar. F: você
faz “coisas” com um homem mais velho que não faz com um homem mais novo. Ele sabe
10

o que ta fazendo, não é cheio de “não me toques” ele sabe dar e receber prazer. Barriga?
Olha eu gosto. É sinal de maturidade. De que o cara chegou lá, venceu na vida.
Segundo um michê, V, 21 anos, solteiro: meu, eu dei umas três vezes, dói muito,
não dá não. Dei porque precisava da grana, se não, não dava. Sei lá, não é uma coisa de
homem. Não gosto de dar. Eu lhe pergunto se ele gosta de ir sauna, de transar com
homem. Ele: quem não gosta não vem pra cá. Não vem mesmo. Eu adoro isso aqui.
Sabe, eu tenho uma teoria, é só minha, mas eu vou dividir com você: o boy que diz que
não gosta ta mentindo. Quem não gosta disso aqui, ta catando latinha, pegando papelão,
assaltando, mas não vem aqui. Eu beijo, chupo, só não dou, porque dói. Qué dizer, eu até
dou se a grana for boa, no mínimo o dobro do programa comum.
O que se nota neste tipo de negociação é que espaços como a boca e o anus,
considerados como espaços masculinos que não podem ser penetrados por um órgão
sexual masculino, pois isto implicaria em perda total da masculinidade tornam-se os
objetos principais da negociação. Tomando como referência, valores de “masculinidades
privilegiadas”, e espaços como a boca e o anus, “variantes subordinadas” destas
masculinidades passam a negociar espaços- tabu, do corpo masculino. Pode-se sugerir
que masculinidades e espaços corporais dos homens são fluidos, não apresentando
fronteiras fixas, definidas, em certos contextos sociais.
No entanto, temos que assinalar que estas negociações se dão amparadas e
justificadas pelo dinheiro. Neste sentido, ser “passivo” durante o ato sexual, fazer lavagem
intestinal para se impedir a saída de excrementos pelo anus, suportar uma certa dor
durante o ato, todas estas práticas significam antes de mais nada, se adequar as
necessidades da clientela, da busca por mais dinheiro e de ascensão e diferenciação
profissional em um ambiente bastante competitivo.
Um outro dado que surge, como já apontava Simões (2004), o “coroa” é altamente
valorizado no mercado do sexo e suas inscrições corporais como, barriga e cabelo
grisalho surgem como “moeda forte” de negociação mas, por questões subjetivas: “o
coroa é maduro, faz um sexo maduro, ele chegou lá”. Neste sentido, as inscrições
corporais do coroa são símbolos do homem burguês, produto de um sistema binário,
sexual e de gênero. Tais discursos apontam mais para o discurso da heteronormatividade
em que o homem é o “grande modelo”.
O pênis- uma importante inscrição de masculinidade
Tomemos duas cenas. A masturbação e uma briga. Cena 1) É interessante se
destacar o comportamento de alguns michês, em ambas as saunas. Na tentativa de
11

atraírem seus clientes, estes michês masturbam-se até o ponto da ereção e circulam com
seus membros à mostra, em uma espécie de competição “masculina”, o tamanho do
pênis. Tomando-se o pênis como um dos maiores símbolos da masculinidade e do
machismo, pois ele simboliza “virilidade”, “potência” etc.; não nos esquecendo de que, no
mercado do sexo, o que se espera do consumidor- se levarmos em conta apenas os
estereótipos que rondam este mercado e descartarmos todos os outros tipos de
consumidores e ofertas- seja a procura por este tipo de símbolo, considerando-se o
tamanho e forma cilíndrica, estes michês tentam apontar para a sua “masculinidade
hegemônica”, dominadora e penetrante, ou, o “macho possuidor das bichas”. Entretanto,
qual é a resposta de seu “público alvo”, ou, o cliente da sauna: não é o tamanho do pau
que importa, mas o que se faz com ele. Esses caras tentam se exibir, é só isso. Vê se
algum cliente chama? Não chama não.
Cena 2) Durante a apresentação dos go-go boys, na festa de 15 anos da sauna X,
dois clientes e dois michês conversavam animadamente na mesa ao meu lado. Em um
dado ponto da conversação, um dos michês grita: O palhaço, tira a mão do meu pau!
Falou? Meu pau não é para qualquer vagabundo não! Imediatamente os dois clientes, que
soube depois, tinham ido juntos à sauna, levantaram e, enquanto um cliente segurava o
michê pelo colarinho da camisa o outro foi dar um soco em seu rosto. O outro michê, que
estava junto, interceptou o soco e rapidamente desferiu um soco no rosto do cliente que
segurava o michê. Todos em volta se afastaram e, por alguns minutos, a sauna se
assemelhou bastante aos mais diferentes botequins de São Paulo, a diferença com os
botequins e as brigas de “boteco” é de que havia um palco na sauna, a musica estava
tocando e neste palco estavam dançando rapazes com sungas que mal cobriam o sexo e
com seus pênis em total ereção.
É importante se destacar que era a primeira vez que este michê ia a sauna. Pode-
se dizer que, para ele, certos códigos de comportamento nestes espaços seriam
desconhecidos. Não é totalmente incomum que um cliente um pouco “mais ousado” tente
ou mesmo toque no pênis do rapaz, entretanto, quando isso acontece, geralmente o
michê esta apenas de toalha, como disse acima a roupa no interior da sauna é um código
de distinção e um deles é tornar o corpo inviolável.
Estas cenas apontam para as tensões existentes entre as diversas manifestações
das masculinidades. O cliente, nota que esta sendo posto em uma condição
supostamente subalterna, de ser penetrado, dominado; re-atualiza os discursos de poder
existente neste mercado e se põe em uma situação de dominação. Nega o tamanho do
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pênis do michê, supostamente maior que o dos demais e aponta para uma possível
ignorância do profissional quanto ao uso do órgão sexual: não é o tamanho do pau que
importa, mas o que se faz com ele. O cliente mostra também, mais uma faceta do poder
utilizado por certas masculinidades; o dinheiro: Vê se algum cliente chama? Não chama
não.
Já o michê que tem seu pênis tocado, se sente colocado na mesma posição de
inferioridade quanto ao outro masculino, reage então com códigos de uma masculinidade
tradicional. Atualiza o poder existente em poder físico, agressão direta. Nesse sentido, o
pênis, passa a ser considerado intocável, é uma importante inscrição de masculinidade.
Quando um homem toca o membro sexual de um outro homem em público, este gesto
assume o significado de questionar tal masculinidade, de associar o sujeito tocado com a
homossexualidade, de “inferioriza-lo”, de torna-lo objeto do desejo do mesmo sexo e isto
mesmo em um espaço francamente homoerótico. Pode-se sugerir, a partir destas cenas
que, masculinidades estão em constante tensão e disputa. Suas inscrições corporais,
simbólicas, são atravessadas por marcadores sociais diferentes como, status financeiro e
um suposto saber sobre o uso de partes do corpo, que as valorizam ou inferiorizam em
um mesmo espaço.
Mas não é apenas o sexo, à mostra ou tocado, orifícios, “atividade” ou
“passividade” durante o ato sexual que diferenciam inscrições corporais de masculinidade.
A roupa, para alguns profissionais do sexo, mostram-se importantes instrumentos de
diferenciação das zonas de sexuais. Por exemplo, também se nota que alguns michês
circulam com um short, tipo bermuda. A explicação dada para o uso do short é
interessante. Segundo um michê, M. 18 anos, solteiro: eu resolvi por o short hoje, é tanta
exposição que o cliente cansa. Às vezes a bermuda atrai mais que a toalha, o cliente fica
imaginando o que tem por baixo. O bermudão fica meio caído, assim, aparece a cueca,
da uma destacada na bunda. Eu não tenho muita bunda, então eu tenho que dar um jeito
de mostrar que ela é boa. Já um outro michê, E. 19 anos, que se auto- idêntica como gay:
eu só ando de short,eu sou muito magro, a toalha acaba prejudicado meu corpo, o short
não, ele destaca. O que ele destaca? Ele destaca minha bundinha que é redondinha,
minhas coxas que não são muito grossas mas que aparecem com o short e disfarça o
tamanho do meu pênis. Sabe, ele não é grande, mas por debaixo do short parece outro.
Em um espaço em que opera a “ordem do nu”, as roupas surgem como
importantes pontos de diferenciação e destaque de outros que concorrem neste mercado,
com atributos supostamente melhores, e também servem como importantes marcadores
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de masculinidade e de destaque corporal. Assim como afirma Bento (2006,pág.162), em


seu trabalho com transexuais, sobre a importância da estética do vestuário: “Esse corpo
sexuado fala por intermédio das roupas, dos acessórios, das cores(...)Se o corpo é
plástico, manipulável, operável, transformável, o que ira estabiliza-lo na ordem
dicotomizada dos gêneros é sua aparência de gênero”.
Concluindo
Como se pode observar pelos depoimentos dos profissionais do sexo e dos
clientes das saunas de michê, são múltiplas as inscrições de masculinidade nos corpos
de ambos. Se o pênis assume um local privilegiado nestas inscrições, no entanto, ele não
está só. Podemos acrescentar a boca, o anus e os sinais de envelhecimento de homens
mais velhos. Ser penetrado não significa necessariamente ser “bicha” neste universo.
Pelo contrário, pode-se sugerir pela fala do inicio deste texto que, ser considerado
“macho” e ser penetrado por um cliente, aumenta seu valor como mercadoria corporal
neste segmento do mercado do sexo. Deste modo sugere-se que, nestes espaços,
“machismo” não signifique necessariamente ser o que “penetra”, mas pode significar, às
vezes, ser “penetrado”.
Neste segmento do mercado sexual surge uma importante diferenciação: as
roupas. Se, conforme aponta Dutra (2007), as roupas masculinas não saíram muito do
tradicional, ou seja, camiseta jeans e tênis, sendo que até mesmo os mercados
alternativos utilizam essa formula em suas vendas para os homens, roupas estas que
mais escondem do que destacam a silhueta masculina, nas saunas de michês as roupas
são utilizadas para destacar as diversas partes do corpo masculino. Nesse sentido, a
roupa aqui, se insere como importante marcador de masculinidade rompendo com as
barreiras tradicionalmente atribuídas ao vestuário.
Se volume do abdome, cabelos grisalhos, e certas marcas corporais como rugas
faciais significam para alguns homens envelhecimento e perda de potência, neste
mercado estas marcas significam inscrições de uma masculinidade em franca atividade,
potente e mesmo desejada.
Assim, o corpo surge como “soberano” para michês e clientes. É ele que desfila,
sem nome, coberto apenas por uma toalha pelos espaços da sauna. Deste modo, surgem
vários comentários sobre o tórax: eu gosto de um peito cobertos de pelo, é mais
masculino(...) não, com pelos não! É nojento. Da impressão de sujeira.(...)esses boys
ficam se depilando, depois dizem que são homens! Estes comentários parecem
corroborar com as teses de Malysse (2007,pág.104). O autor nos diz: “as partes
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superiores (braços, ombros, peitorais) representam os atributos da virilidade, enquanto as


partes inferiores (os quadris, nádegas, pernas) encarnam os atributos da feminilidade”.
Nos parece que homem olha para homem sim, mas não só para o pênis. O tórax e seus
pelos são uma inscrição de masculinidade e tem um papel privilegiado na paquera deste
mercado. Neste sentido, nota-se, neste mercado, não apenas as práticas homoeróticas,
mas também a dicotomia dos gêneros através da exposição de seus corpos nus e na
negociação que se estabelece em seus lugares- tabu.
Tais inscrições apontam para masculinidades em franca tensão e negociação, nos
mostram também que, locais corporais, “proibidos” socialmente para outros homens,
tornam-se fonte de prazer e ganho financeiros em relações sexuais com outros homens.
Em outras palavras, valores tidos como “inegociáveis” por certas masculinidades, cedem
lugar para uma certa profissionalização na prostituição entre homens em espaços
fechados. Negociações que são atravessadas por diferentes marcadores sociais como,
gênero e geração. Mas não nos esqueçamos do mediador mais importante neste
mercado: o dinheiro. Como disse um michê: Grana é sempre bom. Quem não quer?
Tanto faz ser “ativo” ou “passivo” o que importa é a grana.
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