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02/09/2022 20:83 PDFs viewor bhttps://doi.org/10.24933/horizontes.v36i1.593 108 Base Nacional Comum Curricular e curriculo da Educagio Fisica: qual o lugar da Diversidade cultural? Marcio Antonio Raiol dos Santos” Pedro Paulo Souza Brando ‘Resumo Este artigo tem o objetivo de discutir a BNCC e como esta apresenta a perspectiva da Diversidade cultural a partir do curriculo cultural da Educacdo Fisica. A partir da andlise concluimos que: A BNCC trata a Diversidade cultural com superficialidade e torna-se contraditéria ao se estruturar por habilidiades e competéncias; em relagaio a0 Curriculo da Educagio fisica, expressa o potencial de apenas alguns conteiidos nessa temitica, quando é necessério que todos os conhecimentos sejam contextualizados para que os sujeitos de todos os grupos sejam contemplados com um curriculo em uma perspectiva cultural, Palavras-chave: Diversidade Cultural; Curriculo; Educagao Fisica. National Curricular Common Base and Physical Education curriculum under the perspective of the Cultural diversity Abstract This article aims to discuss the curriculum of Physical Education in the perspective of cultural diversity, focusing on primary education based on an analysis of the National Curricular Common Base, The Cultural Curriculum of Physical Education is the theoretical matrix chosen to carry out this discussion. From the analysis we conchide that; The BNCC treats Cultural diversity with superficiality and becomes contradictory when structuring by skills and competences; the document articulates with neoliberal logic and remains in eclecticism: In relation to content, it expresses the potential of only some content in this theme. Keywords: Cultural diversity; Curriculum; Physical Education, Introdugio Este estudo tem 0 objetivo de discutir a Base Nacional Comum Curricular, aprovada pelo Conselho Nacional de Educagto, e como esta apresenta a perspectiva da diversidade cultural a partir do custiculo da Educacio Fisica, tendo como referéncia tedrica o Curriculo cultural da Educagao Fisica proposto por Neira (2011a). Para isso, dividimos este artigo em trés seedes: na primeira, apresentaremos a Diversidade cultural enquanto fendmeno e suas implicacdes no curticulo escolar, principalmente no que tange ao curriculo da Educacdo fisica no Ensino Fundamental. Na segunda seco, analisamos como 0s documentos oficiais das politicas educacionais para 0 Ensino Fundamental precursores da BNC trataram e vém tratando a Diversidade cultural e quais os possiveis impactos no curriculo da Educacdo Fisica escolar. Na terceira seco, discutimos a BNCC pela perspectiva da Diversidade cultural, investigando de que forma esse documento trata a temitica e quais aS aproximagdes e distanciamentos entre os ‘mesmos. *Endereco EletrOnico: marsraiol@gmail.com ~ Endereeo Eletronico: pedropaulo_151@hotmail.com hitps:revistahorizontes.usf edu rthorizontesiarticloview!5931263 Diversidade Cultural: conceitos, raizes historicas ¢ implicagoes no Curriculo A Diversidade Cultural, de acordo com Kiyindou (2005), pode ser entendida como a muultiplicidade de culturas, subculturas e populacdes que compartilham de valores e ideais comuns em cada grupo. O mesmo autor alega que esse termo também viria a sec usado para definir a coexisténcia de diferentes culturas em um mesmo espago. Para Hanashiro e Carvalho (2008), a Diversidade cultural & definida como a representacdo de pessoas pertencentes a grupos claramente distintos do ponto de vista de suas culturas, vindo a ser a mistura de individuos diferentes culturalmente em uma sociedade na qual essas culturas sto compartiladas. Gomes (2007, p. 17), por sua vez, acredita que a Diversidade cultural “pode ser entendida Como a construcdo histérica, cultural e social das diferengas” que vio além das caracteristicas genéticas visiveis descritas pelos fatores biolégicos, ‘mas so criadas pelas pessoas em um meio social também produzido por estas. Fleury (2000) conceitua a Diversidade ane 02/09/2022 20:83 PDFs viewor 106 Marcio Antonio Raiol das Santos, Peciro Peatlo Souza Brandao cultural como uma mistura de pessoas interagindo socialmente com identidades diferentes, que formam grupos com varias caracteristicas, sendo minoritérios ou majoritérios. Estes tiltimos possuem privilégios em relacio aos demais devido as relagdes de poder estabelecidas historicamente. Hall (2015) define tres concepedes de identidade: a do sujeito do Luminismo; sociolégico; pés-moderno, ‘A concepeto sociolégica descrita por Hall (2015), em particular, versa sobre 0 didlogo entre esse sujeito e os outros a sua volta. A identidade, portanto, era formada nao apenas pelo “eu”, mas: pela sua interago com a sociedade, na qual os ‘outros mediavam as relacdes do sujeito com os valores ¢ 08 simbolos presentes no meio social Sendo assim, essa se relaciona com os pressupostos da Diversidade, Esse fendmeno dé-se concomitantemente com a construgdo dos processos identitarios, que, de acordo com Gomes (2007), acontecem de forma interacional, em wm didlogo entre as culturas, entre 0 individuo e 0 contexto social em que vivem, Historicamente, a Diversidade cultural se constituit: como campo de estudo cientifico entre os séculos XIN e XIV para legitimar a5 hierarquias culturais que pregavam a superioridade de uma cultura sobre as outras (KADLUBLITISKI; JUNQUEIRA, 2009). Na contemporaneidade, a Diversidade cultural comesou a ser explorada por estudos da area da administrac#o e economia, como ‘uma alternativa de “gerit” a Diversidade cada vez mais presente mas empresas (HANASHIRO; CARVALHO, 2005), Como fendmeno, a Diversidade cultural aparece como resisténcia a0 proceso de globalizacto, definida por Hall (2015) como um: complexo de forgas de mudancas que wltrapassam, fronteiras e conectam as pessoas, as instimuigdes e as cculturas, resultando em transformagdes no espago © no tempo. A. globalizagao vem atada aos avancos tecnolégicos e econémicos frutos de um projeto neoliberal. © Neoliberalismo, segundo Matos (2008), & uma corrente que surgi pés-segunda ‘guerra mundial, na Europa Ocidental ena América do Norte, No entanto, teve seu marco durante a crise do petréleo na década de 1970. Entre os principais teéricos estio Ludwig Von Mises, Friedrich Hayek Milton Friedman, ‘A ideologia neoliberal tem como princfpios: @ pouca ou nenhuma intervengio do Estado na economia e no mercado de trabalho, sendo este Hor ntes, v.36, m. 1, p. 108-118, janJabr. 2018 hitps:revistahorizontes.usf edu rthorizontesiarticloview!5931263 apenas um facilitador com a flexibilizacao de leis € regras para a economia; a privatizaggo de empresas estatais; a defesa da propriedade privada como fundamento da liberdade individual; a livre cireulacio do capital e 0 favorecimento da globalizagiio (MATOS, 2008). Portanto, atende a0 ‘modo de produgio capitalista © favorecimento da globalizacto faz com que esse processo rompa fronteiras nacionais e siga interesses de mercado que buseam a universalizacdo de hAbitos e costumes. De acordo com Silva ¢ Brandim (2008), a globalizacdo se configura como ‘um proceso contraditério, pois, ao mesmo tempo que ‘tenta padronizar as culmuras, tendo como referencia a cultura euro-americana e branca, consoante ao paradigma hegeménico, faz emergir € conecta as culturas, favorecendo os intercdmbios culturais tanto pelas trocas de informacdes facilitadas pelas tecnologias de comunicacao, quanto pela facilitacdo da circulacto de pessoas. Dados os riscos de opressao as culturas dos diversos grupos no mundo, Hall (2015) destaca que os movimentos de resisténcia & globalizagao vem reforcando identidades locais e despedacando as identidades nacionais, que foram construidas, em grande parte, com opressio. Ainda segundo 0 autor, novas identidades vio sendo formadas pelos intercdmbios cultura. Esse proceso aumentou as discussdes sobre a Diversidade cultural © 0 reconhecimento das diferencas. Essas discussdes comegam a ser travadas com mais frequéncia durante a década de 1990 e, para evitar maiores problemas advindos das opressdes que a globalizacio fazia sobre a Diversidade, o sistema capitalista resolveu atender as reivindicagdes dos movimentos de resisténcia (SILVA; BRANDIM, 2008). Com. isso, 05 paises criaram_politicas piiblicas com o intuito de mediar o didlogo com a Diversidade na esfera mundial. Em 2001, a Declaracdo Universal sobre a Diversidade Cultural foi uma tentativa de promogao da. Diversidade, resultando, em 2005, na convengaio sobre promogaio e protectio da Diversidade cultural, realizada pela Organizacao das Nagdes Unidas para a Educacao, Cigncia e Cultura UNESCO (SILVA; BRANDIM, 2008). Além desses eventos, 05 paises, durante a década de 1990 e os anos 2000, passaram a adotar politicas puiblicas de promocao da Diversidade em diversas reas, principalmente da Educagto. A discussio que inicialmente tratava do acesso dos membros dos diversos grupos a Educagdo escolar ana 02/09/2022 20:83 PDFs viewor Base Nacional Comum Curricular e curriculo da Edueagao Fisica: qual o lugar da Diversidade cultural? 107 teve a necessidade de avangar para a discussdo do curriculo, pois algumas arestas ainda precisavam ser aparadas, no que tange ao direito de grupos diversos 4 Educacao escolar (SILVA: BRANDIM, 2008). ‘A principal dificuldade girava em torno da democratizacdo do ensino que apenas dew acesso coletivo a uma Educago escolar. A partir de entdo, a grande massa adentra a escola com toda a stia Diversidade, mas 0 cutriculo permanecia voltada para a classe dominante, pois os saberes dessa classe so mais valorizados que os das demais. Do ponto de vista da cultura, elegeu-se uma cultura hhegeménica, mais valorizada, 0 que continuow mantenido a escola como um espaco desigual (NEIRA, 2011a) Para atender a esas caréncias, diversos documentos oficiais vem sendo publicados no Brasil desde a década de 1990, como a Lei de Diretrizes & Bases da Educagdo Nacional (LDB:9394/96); os Pariimettos Curriculares Nacionais (PCN’s): a Conferéncia Nacional da Educagao Bésica; as Referéncias para a Formacio de Professores Indigenas; as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educagao das Relagves Etnico-Raciais e para 0 Ensino de Histéria e Cultura Afro-Brasileira e Africana e Orientagdes e as Agdes para a Educagao das Relagdes Etico-Raciais. Todos esses documentos foram prommlgados durante a vigéncia do Governo Lula, que compreende o periodo entre 95 anos de 2003 e 2010 (KADLUBITSKI; JUNQUEIRA, 2009). Quanto ao curriculo, esse é um campo com linhas de pensamento construidas historicamente, que podem ser didaticamente divididas de uma forma geal em teorias tradicionais, criticas © pés- riticas. AS tradicionais, cujo surgimento ocorreu no inicio do século XX, preconizam os curriculos escolares de forma prescritiva e linear com o intuito de atender aos interesses do modo de produgao capitalista. Esses modelos sé passaram a ser uramente contestados na década de 1960 em varios locais a0 mesmo tempo (movimento reconceptualista, nos Estados Unidos e “Nova Sociologia da Educasao”, na Inglaterra, por exemplo) (SILVA, 2010). AS teorias criticas surgem como questionamento as ideias tradicionais, pois 0 curriculo nio pode ser neutro, uma ver que o conhecimento que é ensinado visa aos interesses da classe burguesa (SILVA, 2010). Louis Althusser & um dos autores que criticam a forma como 0 curriculo era tratado. Para Althusser, as teorias hitps:revistahorizontes.usf edu rthorizontesiarticloview!5931263 tradicionais tinham 0 conhecimento como forma de aceitagdo do modo de produgao capitalista e das condigdes privilegiadas da classe burguesa. Por meio do curriculo, a escola, portanto, se tormava um, dos aparelhos de controle ideoldgico do Estado, que, por meio do convencimento ou da forca, ‘mantém suas instituigdes como repressoras (SILVA, 2010), A partir de ent@o, 0 curriculo passava a ter uum posicionamento e comecava a questionar a alienacdo das massas na sociedade burguesa sob a tica marxista. Segundo Lopes ¢ Macedo (2011), Passeron e Bourdieu também compdem a gama de autores de abordagem critica, visto que definem os processos culturais como sendo importantes na ‘mamutencdo das relagdes de classe, pois a cultura das classes dominantes, conforme explica Silva (2010), sao as que teriam valor social e, assim, se transformam em capital cultural que se manifesta de virias formas, desde 0s gostos ¢ hibitos até as formas institacionalizadas: tinslos, diplomas certificados. Portanto, as relagbes de poder se estabelecem a partir das Iutas de classe e hd um compromisso da perspectiva critica com a classe trabalhadora, Essas ideias, mais tarde, chegam a0 Brasil e influenciam as diversas reas do conhecimento (SILVA, 2010) No caso da Educaco Fisica como disciplina, esta chega a0 Brasil na transicao do século XIX para 0 século XX, com fortes ligagdes, com as teorias tradicionais do curriculo, petmanecendo com essas caracteristicas por varias fiases de sua histéria (SOARES, 1994). Em seu primeiro momento, essa disciplina teve 0 objetivo de construir um novo homem capaz de suportar as demandas do modo de producio capitalista, O que ficou conhecido como Educacao Fisica higienista no século XIX preconizava o nacionalismo e 0 patriotismo, dava énfase a promocio da satide e visava a formacio de individuos fortes e livres dos maus habitos, considerados obstaculos para o desenvolvimento da sociedade. Esses principios nortearam o Brasil em uma repiblica recém-criada, que buscava a modernizagdo do pais com o intwito de deixar para tris 0 atraso (SOARES, 1994). Betti (1991) afirma que, em meados dos anos 30, a Educacdo Fisica ganhava uma nova caracteristica que ficou conhecida como Militarista, que consistia no desenvolvimento do corpo e da petsonalidade por meio do método utilizado pelos militares franceses. O autor destaca que as politicas Hoy ntes, v. 36, n. 1, p. 108-118, jan abr. 2018 ane 02/09/2022 20:83 PDFs viewor 108 Marcio Antonio Raiol das Santos, Peciro Pentlo Souza Brandao educacionais da época davam énfase aos valores nacionalistas, mas se diferenciavam da perspectiva hhigienista pelas suas tendéncias eugénicas, que visavam a putificagto da raca por meio do aperfeicoamento fisico e da formagio das qualidades morais. ‘A partir da subida dos militares ao poder em 1964, 0 Estado vive um clima de guerra e uma perspectiva ideologica de seguranga nacional. Surge, portanto, desse contexto a necessidade de ctiar instrumentos de controle ideolégico, de fortalecer a populagdo e desenvolver 0 patriotismo para uma possivel guetra contra as ameacas a0 regime (BETTI, 1991). Dessa forma, a Educagto Fisica teve um papel fundamental para a ditadura militar, pois possuia caracteristicas de disciplina, ordem ¢ Fespeito © adequava-se perfeitamente ao modelo ideolégico o Estado. O incentivo a essa disciplina, portanto, ganhava forea na legislactio educacional, pois ela era enxergada como um dos instrumentos para a formacio do homem integral, que, seguindo a concepeao da época, se tratava do individuo apto para a guerra (BETTI, 1991). Com as medidas adotadas, 0 Esporte passa a set 0 conteiido hegeménico da Educagao Fisica, mais precisamente o Esporte de alto rendimento, voltado para a formacao de atletas nas escolas, 0 que promoveu a exclusio de mmitos alunos, pois nem todos tinham aptidéo para 0 Esporte competitive. Assim, 0 incentivo ao Esporte de alto rendimento no curriculo da Educacto Fisica escolar colaborava para a formacto de individuos aptos a servir 0 pais em uma possivel guerra, alm de inculcar os principios competitivistas do modelo capitalista e promover a disciplina, a ordem e 0 respeito pelo regime, auxiliando, portanto, na contencio de revoltas, uma adequagao ao modelo econdmico (BETTI, 1991). A alienasdo promovida pelo Estado brasileiro se refletin no esvaziamento critico da Educagdo Fisica nas escolas, pois 0 método esportivo presente no curriculo assentava-se no) ensino tecnicista e mecanicista, sem qualquer reflexto sobre sua pritica, focando seus objetivos educacionais na perfeigdo dos gestos téenicos dos ‘movimentos com repetigdes exaustivas (BETTI, 1991). Na década de 1980, hi um movimento renovador na Educagao Fisica. Na perspectiva do curriculo critico, esse movimento buscou desatar esa disciplina do seu cardter acritico, construido historicamente, ¢ culminow com a formulagdo de Hor ntes, v.36, m. 1, p. 108-118, janJabr. 2018 hitps:revistahorizontes.usf edu rthorizontesiarticloview!5931263 abordagens pedagégicas, com destaque para a critico-superadora e a critico emancipatéria (KUNZ, 1994). A primeira consiste em uma abordagem especifica da Educacao Fisica, a qual valoriza a formaco de individuos que rompam com a ideologia dominante e possam intervir criticamente na sociedade, sobretdo no viés politico. A. abordagem critico-superadora, portanto, centra suas ideias na Iuta de classes, questiona as ideias dominantes e abre espaco para a reflexto sobre os contetidos a serem abordados no curticulo da Educagdo Fisica, justamente com 0 objetivo de romper com a logica capitalista (COLETIVO DE AUTORES, 1992), ‘A segunda, por seu turmo, se caracteriza pela formagio critica dos sujeitos por meio do desenvolvimento da autonomia, da compreensto da realidade social em que 0s sujeitos vivem © por meio da reflexo. Essas competéncias podem conduzir os individuos a intervirem ea transformarem a sociedade, especialmente quanto a0 desenvolvimento da autonomia (HENKLEIM; SILVA, 2007) ‘No sentido de ampliar 0 debate da huta de classes, as teorias pés-criticas, segundo Pinheiro (2009), surgem como —complemento aprofundamento da visio critica. Essas teorias, caracterizam-se por dar voz a sujeitos ocultos no Ambito das teorias tradicionais e ndo to abordados has teorias ccriticas. Essa perspectiva afirma que, assim como existem disparidades relacionadas as classes, essas disparidades também esto presentes na cultura, etnia, género, raga e sexualidade (SILVA, 2010). De acordo com Silva (2010), no ambito das teorias —pés-criticas, —diversas——_correntes problematizam as relagtes de poder nos campos especificos. A pedagogia feminista, por exemplo, aborda 0 campo do género, promove a contestacto da sociedade patriarcal © toma como base o privilégio de recursos materiais e simbélicos da sociedade. O curriculo étnico-racial faz suas criticas, a estrutura quanto as desigualdades relacionados a aca, sendo 0s grupos émicos objetos da discusstio do favorecimento de uma determinada raga sobre as, etnias cousideradas ~minoritirias, mas que igualmente fazem parte do contexto escolar e social. © curriculo multicultural estuda questdes culturais, presentes na escola sob 0s principios de inclusto e emancipagao, —possibilitando superar 05 reduicionismos e as contradigbes Reforgando essa ideia, Ribeiro (2016) defende uma concepedo curricular em diilogo entre ana 02/09/2022 20:83 PDFs viewor Base Nacional Comum Curricular e curriculo da Edueagao Fisica: qual o lugar da Diversidade cultural? 109 0s olhares criticos e pés-criticos. Como defendem, 0s autores, devemos, portanto, —abordar aproximagdes entre essas ideias. Tais aproximacoes que tange as teotias pés-criticas, mas esquecerem-se da totalidade, da sociedade de classes do capitalismo, conforme discutem as teorias criticas. Henri Giroux alega ainda que as teorias pos-criticas so teorias criticas com enfoques diferentes, Essas influéncias tomam dificeis 0 estabelecimento dos limites de onde terminam as petspectivas de uma teoria e onde iniciam as da ‘outra (RIBEIRO, 2016), Sendo assim, por trabalharmos com a perspectiva da Diversidade cultural, optamos por assentar este artigo em um posicionamento pés- ctitico a0 discorrer sobre uma temitica mais espetifica quanto a0 debate dessas_perspectivas. Deixamos claro, no entanto, que nao pretendemos desprezat as teorias criticas, mas aprofundar a discussto para compreender os desafios para tausformagto do cutticulo escolar de modo a atender & diversidade cultural presente na escola (NUNES; RUBIO, 2008). pensamento pés-critico busca dar voz aos ‘grupos que antes eram silenciados pelo curriculo hhegeménico e, por essa razio, apresenta como proposta um curriculo que possa considerar as culturas dos diversos grupos presentes na escola © valorizar as diferengas. Por conta disso, tomaremos como base 0 Curriculo cultural da Educagao Fisica. concepcio foi formulada por Neira (20116) e tem. como pressupostos: 1- Reconhecer a Diversidade © promover 0 diilogo entre as culturas; 2+ Levar em consideracdo a cultura dos alunos ¢ confronté-la com a cultura escolar, pois os alunos também precisam ter acesso i cultura dominante; 3- Considerar as priticas corporais como artefatos de identidade dos sujeitos, que possibilitam 0 _aproveitamento conhecimentos trazidos pelos sujeitos para a escola. com 0 objetivo de obter transformagdes sociais; hitps:revistahorizontes.usf edu rthorizontesiarticloview!5931263 consistem, primeiramente, na contestagio das _teorias tradicionais do Curriculo, pois Ribeiro (2016) destaca que teéricos como Henri Giroux e Peter McLaren absorvem ideias de ambas a5 teorias, tornando-as hibridas, e conseguem compreender as relagdes de poder na discussio das diferencas, no 4- Contestualizar as priticas corporais para que os alunos pertencentes a0s grupos minoritérios sejam contemplados com conhecimentos que estejam relacionados a sua realidade (NETRA, 201 1a): S- Tgualar a cultura popular com a cultura escolar por meio de um entrecruzamento desses saberes, estabelecendo um diflogo entre eles e, assim, proporcionar uma formacdo tumana de resisténcia a padronizacdo promovida pelo curriculo colonizado pelos ideais hegemdnicos, no qual existe uma tinica cultura valorizada (NEIRA; NUNES, 2011) De acordo com esses pressupostos, Lima ¢ Neira (2010) afirmam que as priticas corporais hibridizam a maneira em que ocorre 0 entrecruzamento das Culturas 0 didlogo dos diversos grupos. Todas as manifestacdes da cultura cotporal, portanto, deverdo ser tematizadas na escola, tanto as hegeménicas quanto as, historicamente marginalizadas, atribuindo 0 mesmo valor a todas elas. © curriculo cultural da Educagto Fisica se aproxima dos conceitos pés-criticas e rompe, portanto, com a ldgica homogeneizadora do cutticulo. Os ideais dominantes tomam coma do curriculo escolar com o objetivo de difundir uma cultura universal a partir de seus preceitos, deixando de lado ou dando menos importéncia aos. grupos minoritérios presentes no Ambito escolar (NETRA, 2011a) A. partir da cultura dominante, a Diversidade cultural, representada pelos grupos oprimidos, aparece na escola como 0 “diferente” e 0 “estranhio” e seus integrantes devem, nesse espaco escolar, se apropriar da “verdadeira cultura” — a cultura branca e eurocéntrica — para sairem da ignordncia (NEIRA, 2011a). Como forma de resisténcia, o curriculo, em uma perspectiva critica, contesta 0 modo. de produco capitalista com suas concepgdes que vio além de uma série de normas técnicas a serem seguidas (SILVA, 2010). © curriculo pés-critico enxerga os desafios © as relagdes de poder com base na luta de classes, valorizando-a, ampliando a discussio das identidades e aproximando as diferencas a partir de uma relagao que mio apenas ultrapassa. a convivéncia tolerante, como também estabelece ‘uma constante troca de experiéncias para contestar 0s prineipios dominantes (SILVA, 2010) Horizontes,v. 36, . 1, p. 105-118, janJabr. 2018 sine 02/09/2022 20:83 PDFs viewor 110 Marcio Antonio Raiol das Santos, Peciro Peal Souza Brandao E sob 0 prisma do curriculo cultural da Educacdo Fisica que dialogaremos com a BNCC, no que se refere a0 curriculo do Ensino Fundamental nna sta versdo final aprovada em dezembro de 2017. Passaremos pelos documentos anteriores & Base para analisar a construcao do curriculo comum que vai orientar estados e municipios, além de examinar como este dialoga com a Diversidade cultural ‘quais serio as principais lacunas deixadas levando em consideracdo 0 momento politico atual. ALDB ¢ os Parfimetros Curriculares Nacionais: precursores de uma base comum e da Educacio Fisica como componente curricular oficial De acordo com Rodrigues (2006), as politicas educacionais, implementadas na década de 1990, sofreram influéncia direta das politicas neoliberais, pois havia a necessidade de formar um. novo modelo de trabalhador para servir a0 mercado, especialmente pelas pressdes geradas por éraios internacionais como o Banco Mundial e a UNESCO, instituigdes que claramente defendem ‘um projeto neoliberal A eleicao do presidente Fernando Collor de Melo a0 poder, portanto, dew inicio a0 projeto neoliberal (que prosseguiu no governo seguinte) & 4s reformas curriculares que pretendiam formar essa nova mio de obra para servir a esse modelo, no contexto do final do Governo Fernando Henrique Cardoso. Rodrigues (2006) aleza em sua anilise, realizada no tiltimo ano de mandato FHC, que este foi o que melhor pés em prética a cartilha ditada pelos organismos burgueses internacionais. E nesse contexto que a Lei de Diretrizes e Bases da Educacio Nacional (LDB) (BRASIL, 1996) entra em vigor, durante 0 governo FHC. A carta magna do pais, como ji sinalizava a LDB, também fez mencio & construcio de uma base comum curricular que seria elaborada em. colaboragio com os estados ¢ os municipios. Apesar do avango das politicas neoliberais, Kadlubitski e Junqueira (2009) afirmam que a LDB foi a primeira tentativa de satisfazer 03 anseios da valorizacao da Diversidade cultural no Brasil, ‘mesmo que de forma timid Essa tentativa reflete-se no artigo 26-A. Ele assegura que “Nos estabelecimentos de Ensino Fundamental e de Ensino Médio, piiblicos e privados, toma-se obrigatério o estado da histéria € cultura afto-brasileira e indigena” (BRASIL. 1996) € concede um destaque a importancia das diversas culturas para a formagao da sociedade brasileira. Hor ntes, v.36, m. 1, p. 108-118, janJabr. 2018 hitps:revistahorizontes.usf edu rthorizontesiarticloview!5931263 Ainda no texto da lei, 0 termo “Diversidade cultural” aparece de forma mais explicita no artigo 33, 0 qual se refere ao respeito A Diversidade cultural e religiosa no pais. Cabe ressaltar que a série de marcos legais que estabelecem reformas curriculares no Brasil possui um caréter impositivo, mesmo que de forma sutil, Um modelo “centro-periferia” (RODRIGUES, 2016), por exemplo, € caracteristico das reformas curriculares de um projeto neoliberal, pois no institui qualquer espécie de didlogo com a sociedade. No caso da Educagdo, ndo hi dilogo ou consulta com especialistas que vivenciam 0 campo, Um exemplo marcante dessa politica & de acordo com Rodrigues (2006), a organizacto dos PCN’s, um documento que visava a orientar os sistemas na construgdo de seus curriculos, embora nao fossem obrigatérios, como o préprio vocibulo “pardmetro” nos remete. ‘Kadlubitski ¢ Junqueira (2009) alertam que, apesar de 0 documento introdutétio do primeiro € segundo ciclos explicitar a importincia de adequar contetidos, critérios de avaliago © objetivos a Diversidade cultural, 0 documento referente a0 terceiro e quarto ciclos do Ensino Fundamental elenca a Diversidade como tema transversal € nao como uma temitica inserida em todas as dreas Além disso, Os PCN’s apresentam algumas dificuldades estruturais pelo fato de serem construidos com base em reformas curriculares ocorridas na Espanha na Inglaterra, uma cépia de modelos de outros paises com —contextos completamente distintos do nosso. O Estado brasileiro, inclusive, convocou 0 mesmo consultor que participou das reformas nesses paises, 0 psicélogo espanhol César Coll (RODRIGUES, 2006), Se lermos 05 dois principais capitulos de Coll (1996), podemos perceber que os PCN’s io passavam de uma copia fiel da obra do autor, que teve sua primeira verso publicada no ano de 1987, inchuindo 95 quadros e esquemas presentes no livro. Portanto, ambos apresentam ecletismo tanto em, seus aspectos gerais quanto nos especificos de cada campo do conhecimento (RODRIGUES, 2006). ‘Adentrando a Educagao Fisica, percebemos a utilizagao de dois termos distintos para definir 0 objeto de estudo da disciplina: 1) Cultural Corporal: definida em uma seco especifica do documento direcionado ao primeiro e segundo ciclos do Ensino Fundamental intitulada “Educagio Fisica como Cultura Corporal” BRASIL, 1997. p.23), determinada pelo Coletivo de Autores (1992, p. 26) ane 02/09/2022 20:83 PDFs viewor Base Nacional Comum Curricular e curriculo da Edueagao Fisica: qual o lugar da Diversidade cultural? A como “conhecimentos socialmente produzidos © historicamente acumulados pela humanidade”; 2) Cultura Corporal de Movimento: estabelecida no documento para o terceiro e quarto ciclos em uma segio intitulada “Educacio Fisica e a Cultura Corporal de Movimento” (BRASIL, 1998, p.27), que € diferenciada por Bracht (1999) por conferir 20 ‘movimento a especificidade da Educacao Fisica No mais, a estrutura dos PCN’s na area de Educacio Fisica revela como principios norteadores a diversidade, a inclusio, a integracao ¢ 0 convivio social. Darido et al. (2001) destaca como avanco 0 principio da incluso na area da Educagao Fisica presente no documento. Em contraponto, Rodrigues (2006) revela que, embora a incluso abranja também 0 engajamento dos educandos nos mais vatiados grupos sociais ¢ nfo apenas na escola, esse conceito € tomado a partir de um ponto de vista superficial ‘AS discussdes época da elaboracto dos PCN’s fazem parte de uma discusstio que era considerada superada e consolidou os Parimetros como um documento que nao levou a neahuma definigho de curriculos dos sistemas e das instituigdes escolares. Entretanto, com 0 advento da BNCC, algumas delas voltam a tona (NEIRA; SOUZA JUNIOR, 2016). A partir disso, no caso da temética da Diversidade cultural, surge o seguinte questionamento: Qual € 0 trato e quais s40 os avangos da BNCC em relagio a Diversidade cultural no curriculo escolar, principalmente no campo da Educagto Fisica? ‘A seguir, apresentaremos a estrutura da BNCC e destacaremos quais as interfaces desse documento com a Diversidade cultural no curriculo da Educaco Fisica no Ensino Fundamental. Base Nacional Comum Curricular (BNC) aproximacces ¢ distanciamentos com o curriculo cultural da Educacao Fisica A BNCC € um documento normative do Ministério da Educagio (MEC) com 0 objetivo de hortear as propostas curriculares dos sistemas estaduais, nminicipais instimuicdes de ensino de todo o Brasil e possui um cardter de articulago, tanto com 0 Plano Nacional de Educacao (PNE) © Conferéncia Nacional de Educago (CONAE), quanto com outras politicas, como a formactio de professores e as acdes para _melhoria da infraestrutura das escolas (BRASIL, 2017) Além disso, passou por um proceso de consulta piiblica disponivel no site do MEC, por hitps:revistahorizontes.usf edu rthorizontesiarticloview!5931263 meio do qual recebeu contribuicdes de todas as partes do pais, 0 que ndo ocorreu na elaboracdo dos PCN’s. Tal processo, portanto, pode ser considerado um avango. © documento teve duas versdes antes da publicago de sua versdo final no ano de 2017. Sua segunda Versio jé sofren intimeras criticas por parte de teéricos que a analisaram. As formulacdes presentes na BNCC causaram um grande debate, nfo apenas no aspecto geral da Educagto, mas também nos campos especificos do conhecimento. Na Fducagio Fisica, por exemplo, diversos intelectuais se posicionaram diante do texto. Moreira et al. (2016) alezou que o documento apenas & um mecanismo melhorado para atender as demandas neoliberais. A BNCC surgiv para atender as pressdes dos éngtos internacionais, como 0 FMI € a UNESCO. A exemplo dos PCN’s, tem como finalidade adequar as _politicas, educacionais para methor servir ao capital. A autora ressalta que uma das grandes complicacdes para que esse documento atenda aos interesses neoliberais e nao a classe trabalhadora é o fato de nao apresentar uma concepgao de sociedade e de homem, muito menos de Educacdo, que orientaria a formacao que um curriculo comum proporcionaria, sendo essa proposta permeada pelo ecletismo. No entanto, Boscatto et al. (2016) defende que & necessirio um curriculo comum para ser implementado com vistas a melhorar os indices do IDEB como uma das metas do Plano Nacional de Educaco (PNE). A partir desse ultimo argumento, Moreira et al. (2016) destaca que, a0 favorecer 0 sistemas nacionais de avaliagio, a BNCC se coloca em favor da simples obtengao de resultados e deixou o aprendizado secundarizado. © IDEB (fndice de Desenvolvimento da Educagdo Basica) € um indicador de qualidade da Educaco Bisica brasileira criado em 2007 e baseado nos mecanismos de avaliacdo externa. Esse indice, de acordo com Chirinéa e Brando (2015 ‘uma das politicas implementadas para satisfazer as recomendagdes do Banco Mundial, no que diz respeito & qualidade da Educacio. No entanto, essa qualidade € pautada na légica de mercado da ideologia neoliberal. Um dos mecanismos que formam o IDEB sio 0s testes padronizados como a Prova Brasil, que integra os grandes sistemas de avaliacio. A padronizacao da avaliacao também fez com que o curriculo fosse padronizado para atender as normas dessas avaliagdes. A padronizacao do curriculo leva a0 privilégio de conhecimentos de cariter Hoy ntes, v. 36, n. 1, p. 108-118, jan abr. 2018 ma 02/09/2022 20:83 PDFs viewor 112 Marcia Antonio Raiol das Santos, Peciro Peatlo Souza Brando omiinante, 0 que demonstra a intengo dos sistemas de avaliago em atender aos interesses dos ‘organismos intemacionais, pois 0 IDEB se coloca como indicador de resultados e nao de qualidade, de tal modo que os resultados so a prioridade das politicas neoliberais (CHIRINEA; BRANDAO, 2015), Além disso, segundo Chirinéa Brando (2015), essa légica responsabiliza a escola e os professores pelos possiveis fracassos na obtencto ddas metas estabelecidas, sem levar em cousideragao ‘outros fatores que contribuem para 0 insucesso nas avaliagdes, como 0 sucateamento das escolas, a desvalorizagio e a precarizacao do trabalho docente e 0 curriculo que no atende aos interesses do pliblico que adentra o espaco escolar. A priotidade em relacdo a obtencio de resultados, que leva & padronizagao do curticulo, foi percebida ‘no estreitamento de alguns campos do conhecimento, como a prépria Eduucacao Fisica, em favor dos conhecimentos da Lingua Portuguesa ¢ da Matemitica, que slo as disciplinas presentes nos sistemas de avaliagzo. ‘A redug3o do papel, nfo apenas da Ediucagio Fisica, mas de todo o curriculo, de acordo com Moreira et al. (2016), reduz também a fangt0 social da escola e © trabalho do professor a um oficio de transmissio de saberes, ao invés de ensino dos conhecimentos, esvaziando a escola de contetido, Sobre a funcdo social da escola, Sacristén (2000) aponta que se trata de fornecer uma Educacdo que possibilite ao sujeito a leitura da realidade em que vive, dos significados e da compreensao do mundo, com o objetivo de intervir para a transformago dessa realidade por meio do pensamento critico e reflexivo. Esse papel & antagénico aos interesses do projeto neoliberal das classes dominantes, cujo 0 objetivo ¢ preparar os individuos para 0 mercado de trabalho, a fim de formar um exército de reserva para a logica capitalista. B esta a inteng3o de um curriculo que atende aos principios neoliberais (SACRISTAN, 2000), ‘As principais convergéncias entre as criticas estavam relacionadas & fala de clareza em muitos aspectos do documento, Rodrigues (2016), por exemplo, questionou a falta de clareza nos eritérios utilizados para a escolha de contetidos que terio um maior espaco no eurriculo, Outro fator que chama a atenclo 2 superficialidade com a qual conceitos to caros para o campo académico sto evidenciados na redagio do documento a partir de uma Hor ntes, v.36, m. 1, p. 108-118, janJabr. 2018 hitps:revistahorizontes.usf edu rthorizontesiarticloview!5931263 apropriagio negligente. Uma dessas confusdes causadas pela falta de clareza dos conceitos & quanto ao priprio objeto de estudo da Educagao Fisica, ora chamado de Cultura Corporal, ora chamado de Cultura Corporal de Movimento, que apresentam _perspectivas diferentes (NEIRA; SOUZA JUNIOR, 2016). A falta de clareza persiste na articulagao dos contetidos com os temas especiais. Para Rodrigues (2016), ainda no esto nitidas as formas como essa articulacao se daré. © mesmo também vale para a integragio entre os componentes da rea da Linguagem. ‘Quanto a0s contetidos, Neira e Souza Junior (2016) “defendem como proposital a nfo discriminagao deles, pois os docentes devem ser encarregados de pensi-los de acordo com a singularidade de cada local. Moreira et al. (2016) se contrapde a essa perspectiva com o argumeato de que 0s contetidos ficam localizados de forma abstrata e reduzida, além de nao haver progressao entre os mesmos. Para Moreira et al. (2016), todas essas incongruéncias no documento tém uma nica finalidade: tomar a BNCC um aparato que responsabilizari a escola, os professores e os alunos pelos seus fracassos, segundo a ldgica neoliberal de resultados obtidos em testes dos sistemas nacionais de avaliacio. Em 2017, a versao final aprovada pelo Consetho Nacional de Educagdo—sofreu transformacdes em relacio as versdes. anteriores ‘Uma das principais mudancas foi a organizacao dos principais fundamentos presentes na proposta por competéncias gerais comuns a toda a Educagao Bisica e conectados a principios éticos, politicos & estéticos. Os principios orientam a construgo das comperéncias especificas de area, transforma-se depois nos componentes curriculares e tornam essa estruturagio com base nesses fundamentos 0 principal diferencial da BNCC em relacdo aos documentos normativos escritos anteriormente (BRASIL, 2017) ‘AS etapas de escolarizacio possuem componentes curriculares contidos as areas do conhecimento. Estas, por sua vez, estdo divididas de acordo com Brasil (2017) em: Linguagens: Lingua Portuguesa, Edueacio Fisica, Arte e Lingua Inglesa; Matemitica; ana 02/09/2022 20:83 PDFs viewor Base Nacional Comum Curricular e curriculo da Edueagao Fisica: qual o lugar da Diversidade cultural? 113 3+ Cigneias da Natureza: Cigncias; 4- Cigncias Humanas: Historia e Geogratia; Cada rea do conhecimento possui aprendizagens essenciais, que si chamadas de habilidades. 14 que & um curriculo orientado por competéncias, 03 contetidos sito denominados de objetos de conhecimento organizados em unidades temiticas. Como podemos perceber, a BNCC surge com uma proposta baseada em habilidades e competéncias, 0 que geta conflitos para a construgio de um curriculo que valorize a Diversidade cultural, pois, apesar de a Diversidade estar citada nas competéncias gerais do documento, no enxergamos possibilidades efetivas, niio apenas de reconhecimento como também de sua valorizagio em um curriculo acorrentado a habilidades e competéncias, Esse discurso superficial sobre a Diversidade presente no texto da BNC reflete 0 pensamento de Neira (2011b), pois 0 tratamento igualitério, ao invés de se expressar em uma perspectiva critica diante da Diversidade, posiciona- se em diregio 4 uniformizardo dos padrdes hegeménicos. As habilidades e comperéncias 18m 0 vvigs de moldar o individuo para atuar na légica da sociedade neoliberal No que se refere a sesdo da Educagio Fisica, a insergdo desse componente na drea de Linguagens & justificada pelo fato de as priticas corporais serem “textos culturais passiveis de leitara e producto” (BRASIL, 2017. p.171) por conta dos sentidos e significados que 05 grupos atribuem a esas manifestagdes que adotam 0 conceito de Cultura Corporal de Movimento. Seguindo essa concepcdo, 0s contetidos esto. organizados em seis unidades teméticas: Brincadeiras © Jogos, Dangas, Esportes, Ginésticas (demonstragio, — condicionamento—fisico—e conscientizacao corporal), Lutas © Praticas Corporais de aventura, Os contetides sto distribuidos levando em consideragao as competéncias para cada bloco, mas ilo sio todos trabalhados em todos 0s blocos, somente Dangas, Esportes € Gindsticas. 05 Jogos as Brincadeiras nfo estdo presentes no iltimo bloco. AS lntas esto ausentes do primeiro e as priticas corporais de aventura estdo inseridas apenas nos dois iiltimos blocos dos anos finais do Ensino Fundamental. Os conhecimentos das priticas corporais, as hitps:revistahorizontes.usf edu rthorizontesiarticloview!5931263 competéncias e as habilidades sao articulados com oitto dimensdes do conhecimento: Experimentacio, Uso e apropriacto, Frui¢do, Reflex sobre a aco, Constructo de valores, Anilise, Compreensto ¢ Protagonismo comunitério. © texto da BNCC explica cada uma das dimensdes no contexto das priticas corporais e a Educagao Fisica nos anos iniciais e finais do Ensino Fundamental eno Ensino Médio, Como 0 foco da discussio aqui estabelecida & 0 Ensino Fundamental, vamos apresemtar 0 que a BNCC estabelece para os anos iniciais e finais Ensino Fundamental desse nivel de educagao basica. Entre as onze competéncias especificas de Educaco Fisica para o Ensino Fundamental, apenas a competéneia mimero oito possui relacao direta com a Diversidade no curriculo quando esta afirma “reconhecer as praticas corporais como elementos: constitutivos da identidade cultural dos povos e grupos”, (BRASIL, 2017, p. 221), E nesta perspectiva que Neira (2008) enfatiza que o conjunto de conhecimentos das praticas corporais € definido como um conjunto de fatores de identidade dos sujeitos, pois estas so 0 que diferenciam os sujeitos e fazem-nos pertencer a determinados grupos, Por conta desta gama de identidades produzidas a partir das priticas corporais, Neira (2011a) ressalta a importancia de contextualizar tais praticas no ambiente escolar. Assim, acreditamos que possa ser construido um curriculo na perspectiva da Diversidade cultural, enxergando a contextualizacto como tima forma de romper com a produc de identidades iguais e, com isso, evitando a universalizagao de uma determinada cultura sobre as outras, Nos anos iniciais, a unidade temética Brincadeiras e Jogos traz os elementos da cultura popular e local como foco do primeito bloco. Nele, Vetificam-se as brincadeiras © 08 jogos tradicionais, além das priticas de origem africana e indigena, 0 que demonstra uma tentativa de reconhecimento da Diversidade cultural nessa unidade temitica, O ‘mesmo acontece na unidade de Dancas para o primeiro e segundo blocos ¢ na unidade de Lutas para 0 segundo bloco. que nos chama a atencdo é que, apesar de esses trés contetidos tratarem de temas relacionados A Diversidade cultural, 0s conhecimentos de Gindsticas e Esportes, a0 que nos parece em uma anilise inicial, ainda esto classificados de forma tradicional e aleatsria Esporte ¢ trabalhado no primeiro bloco e, Horizontes,v. 36, . 1, p. 105-118, janJabr. 2018 ona 02/09/2022 20:83 PDFs viewor 114 Marcio Antonio Raiol das Santos, Peciro Peal Souza Brandao nas habilidades presentes nesse conteiido, nio & possivel enxergar nenhum trato com a Diversidade cultural, © que nos leva a acreditar que a forma como 0 Esporte é inserido na BNCC mais uma vez reproduziré os métodos tradicionais do ensino e a logica social hegeménica. © mesmo € constatado ‘nas Gindsticas, pois a Gindstica geral_ganha destaque nos dois blocos dos anos iniciais do Ensino Fundamental. Quanto ao trato com a diversidade cultural nos contetidos “Brincadeiras ¢ Jogos”, Dangas Lutas apresentados no quadro geral da BNCC (BRASIL, 2017, p. 183), nas _habilidades observamos a énfase na valorizagio da cultura popular e regional e no reconhecimento e no respeito das diferencas em combate ao preconceito. No segundo bloco, € dado um destaque especial para as priticas de matrizes africanas © indigenas como forma de valorizagio cultural. No entanto, cabe ressaltar que 0 simples reconhecimento ¢ a celebragdo das diferencas ¢ da Diversidade cultural no garantem a contemplagio dos grupos minoritérios na escola, tampouco garante a valorizago da Diversidade cultural, pois 0 ‘rato superficial dos objetos de conhecimento da BNCC pode surtir 0 efeito inverso (NEIRA, 20112). ‘Neira (20112) explicita que um curriculo que assegure a Diversidade cultural aborda de forma critica as diferencas, as identidades e os processos de discriminagao. Ou seja, ndo se trata apenas da boa convivéncia entre os diversos grupos no ambiente escolar, mas da resisténcia em combater as opressdes ¢ a discriminac@o em toro das identidades culturais. © autor problematiza, por exemplo, quais 0s empecillios que 0 curriculo enfienta a0 considerar as priticas corporais de matrizes africanas e indigenas, como 0 Maculelé e as Lutas e Dangas indigenas e africanas, Um dos cuidados no trato com esses conhecimentos é a forma pela qual esses contetidos podem reforcar o curriculo com um cariter plobalizante. E importante saber, por exemplo, se 0 {rato com as priticas corporais africanas e indigenas vai realmente a0 encontro do reconhecimento da Diversidade ou afirmard o pensamento eurocéntrico de que indios e atricanos sto todos iguais e celebrar a Diversidade de maneira superficial, sem qualquer titicidade e problematizagio dos processes discriminatérios que esses povos_enfrentaram, historicamente. O texto dé margem para ambas as respostas, pois @ sua propria estrutura nos deixa em chivida sobre esse questionamento, jé que as habilidades Horizontes, v.36, n.1, p. 105-118, jan/abr. 2018 hitps:revistahorizontes.usf edu rthorizontesiarticloview!5931263 apresentadas nos conteiidos de “Jogos € Brincadeiras”. Dangas e Lutas em todos os blocos dos anos iniciais parecem ter sido copiadas umas das outras, sem qualquer cuidado na redacdo inserida Portanto, um documento que nao tem esses cuidados em sua redago nfo nos transmite credibilidade para afirmar com veeméncia se as propostas de valorizagio das identidades culturais realmente corroborario para a construcio de um, cutticulo da Educacao Fisica em uma perspectiva cultural. ‘Nos anos finais do Ensino Fundamental, a Educagdo Fisica parece distanciar-se mais ainda da Diversidade Cultural. A unidade temitica de “Brincadeiras ¢ Jogos”. por exemplo, possuia nos anos iniciais varios elementos de valorizacao da cultura regional e local © agora se reduz aos jogos: eletrOnicos em apenas um dos dois blocos. As unidades temiticas Dangas, Lutas, Esportes e Gindsticas permanecem com a mesma proposta, descolada da Diversidade cultural. Os dois tiltimos também apresentam essa caracteristica nas habilidades dos objetos de conhecimento, Em alguns casos, como nas “Brincadeiras € Jogos” e nas Dangas no primeiro loco, conseguimos identificar alguns elementos que apontam para o trato da Diversidade, mesmo que de forma timida, ao mencionar que essas_priticas devem apontar para a valorizagao © respeito aos “sentidos e significados atribuidos a. eles por diferentes grupos sociais” (BRASIL, 2017. p.191) Apesar disso, nas priticas comporais de aventura mio conseguimos identificar nas habilidades nenhuma articulacao com a valorizagao e 0 reconhecimento da Diversidade, sendo essa unidade temética uma novidade prescrita pela BNCC, pois nem os PCN’s nem as concepgdes de Cultura Corporal e Cultura Corporal de Movimento apresentavam essas_priticas. como um dos conhecimentos da Educacdo Fisica, a0 menos no de forma isolada, como se encontra nesse documento, ‘Hii avancos nas unidades tematicas de Lutas ‘nos dois blocos e na unidade de Dancas no segundo bloco. Nessa tiltims, hé duas das quatro habilidades que tratam da Diversidade cultural (BRASIL, 2017, p. 195): 1. “Expetimentar e fiuir dangas de salao, valorizando a diversidade cultural respeitando a tradigao dessas culturas”: “Analisar as caracteristicas (ritmos, son 02/09/2022 20:83 PDFs viewor Base Nacional Comum Curricular e curriculo da Edueagao Fisica: qual o lugar da Diversidade cultural? 11S gestos, coreografias e muisicas) das danas de salio, bem como suas transformagbes histéricas e os grupos de origem’” © respeito a tradigio das culturas € um importante passo para a sua valorizacao. Mais do que isso, Kadhubitiski e Junqueira (2009) defendem ‘uma ressignificagio da Diversidade, fazendo com que esta rescinda as hierarquias culturais que fandamentam a desigualdade dentro e fora da escola, pois & importante também conhecer as identidades dos diferentes grupos. Com mais elementos que apontam para a Diversidade, a unidade temitica de Lutas tem as seguintes habilidades que seguem nesta direcao (BRASIL, 2017, p.193, 197): ‘dentificar as caracteristicas (cédigos, rimais, elementos téenico-titicos, indumentiria, materiais, —instalagdes, instituigdes) das lutas do Brasil” 2. “Problematizar —preconceitos esterestipos de género, sociais e étnico- raciais relacionados ao universo das Iutas © demais. praticas corporais estabelecer acordos objetivando a construcdo de interagdes referenciadas na solidariedade, na justica, na equidade enorespeito”: ‘Discutir as transformagbes histéricas, o processo de esportivizagio ea midiatizacao de uma ou mais Iutas, valorizando e respeitando as culturas de origem’. Neira (20118) frisa que um curticulo sob uma perspectiva cultural, que valorize a Diversidad, precisa criar recursos de resisténcia as discriminagdes e as injustigas sociais, Com isso, a problematizagao de estereétipos e preconceitos & importante para que esses recursos sejam criados & que 0s membros dos grupos _historicamente ‘marginalizados sejam contemplados. Diane disso, reconhecer as diferencas exige © conhecimento —dessas-—diferengas. E imprescindivel, portanto, 9 conhecimento das culturas de origem dessas préticas corporais, seus processos histéricos e 03 elementos que as constiraem como pratica Em se tratando das Lutas brasileiras, as Lutas de matrizes africanas, afro-brasileiras © indigenas posstiem um potencial para esse trato com hitps:revistahorizontes.usf edu rthorizontesiarticloview!5931263 a Diversidade, especialmente no ambito cultural. Historicamente, 05 povos indigenas e afticanos sofreram processos de opressio e assimilacto da cultura dominante, como se esta fosse a cultura pura ou a verdadeira cultura. Sendo assim, a prépria problematizagao da cultura pode ter um forte apoio ‘no potencial das Lutas brasileiras, ‘No entanto, ainda nos inquieta a proposta de um curriculo baseado em _habilidades e comperéncias pela contradi¢to que ais. componentes apresentam diante da construcao de um curriculo que valorize a Diversidade cultural. Vale ressaltarmos que 0 modelo de “habilidades competéncias” foi inserido no processo de ‘mudaneas da BNC (precisamente da segunda para a terceira versdo), que se deu com as transformacdes, do contexto politico brasileiro no ano de 2017. Tal fato culminow com mudangas drasticas em todas as dreas, como retirada de direitos, cortes, nas politicas de assisténcia social, reducto do salério minimo e reformas no campo da Educacto. Com claros objetivos de favorecer 0 empresariado, logo 0 modo de produgao capitalista, as medidas do atual governo no émbito educacional reduzem os objetivos da BNCC aos principios prescritivos das concepedes tradicionais do curriculo para formar individuos para o mereado, Comsideracoes finais Partindo do que foi exposto, podemos chegar a algumas conclusdes como 0 fato de, desde a década de 1990, algumas politicas publicas educacionais vém sendo implementadas 0 reconhecimento da Diversidade no curriculo educacional nacional, como os PCN’s ¢ a LDB. No entanto, 0 tema da Diversidade cultural aparece como transversal, quando deveria estar presente em todos os contetidos trabalhados. Além do mais, um possivel avango para a contemplaco da Diversidade cultural que poderia ocorrer com 0 advento da BNCC nao se concretiza no documento, resultado da descontinuidade causada pelos acontecimentos politicos no pais. A BNCC nao define qual concepeao do objeto da Educacio Fisica a ser utilizado, pois ora utiliza “Cultura Corporal”, ora “Cultura Corporal de Movimento”. Além disso, nfo apresenta uma concepetio de formactio humana nem de sociedade e atende aos interesses neoliberais ao se apropriar de forma superficial de conceitos importantes para o campo académico. A propria Diversidade cultural € ‘tratada com superficialidade. Hoy ntes, v. 36, n. 1, p. 108-118, jan abr. 2018 ane 02/09/2022 20:83 PDFs viewor 116 Marcio Antonio Raiol das Santos, Peciro Peutlo Souza Brandao Além do mais, a BNCC acaba tornando-se contraditéria ao tentar contemplar a Diversidade em_ uum curriculo estrururado por habilidades e competéncias, definindo padrdes de formacto dos educandos, pois, um curriculo a favor da Diversidade cultural deve ser aberto as identidades ‘marginalizadas, 0 que se torna dificil em um curriculo amarrado em habilidades e competéncias. Posto isso, a BNCC torna-se apenas um documento com’ nuances diferenciadas, se comparada aos PCN’s, mas mao apresenta diferenciais significativos dos Parimetros elaborados na década de 90, assim como nao rompe com a ldgica neoliberal. A BNCC permanece no ecletismo e ainda evidencia o estreitamento da Educacdo Fisica ¢ de outras disciplinas em relagao a ‘Matemética e 4 Lingua portuguesa, o que demonstra a clara intengao da BNCC em atender as demandas, das grandes avaliagdes realizadas pelo MEC para dar uma resposta aos organismos internacionais, Em relagio aos contetidos, a BNCC express 0 potencial de apenas alguns contetidos (Dangas, “Jogos © Brincadeitas” © Lutas) na temitica da Diversidade cultural, que aparece de forma esporidica em alguns momentos do documento, mas mio é contemplada em todos os contetidos, como observamos nos Esportes e nas Gindsticas, que permanecem com o mesmo carter tradicional. Tais conclusdes demonstram a necessidade de um debate maior em relacdo ao curriculo da Educacdo Fisica e o potencial de seus contetidos para teméticas importantes na formacdo dos educandos, pois mais importante do que ensinar conteiidos com seus aspectos técnicos e especificos € a formagao humana e, para isso, determinados temas, como a Diversidade Cultural, devem perpassar por todos estes. Referéncias BETTI, M. Educagiio Fisica e sociedade. 1* ed. Si0 Paulo: Movimento, 1991. BRACHT, Valter. A constituigao das teorias pedagégicas da educagio fisica. Cad, CEDES [online], vol. 19, n. 48, 1999. p.69- 88, BRASIL. Ministério da educacto. Lei de Diretriz ¢ Bases da Educacao Nacional —LDB n° 9.394/96, Brasilia: Presidéncia da Repiblica, Casa Civil, Sub- Hor ntes, v.36, m. 1, p. 108-118, janJabr. 2018 hitps:revistahorizontes.usf edu rthorizontesiarticloview!5931263 Chefia para Assuntos Juridicos, 1996. 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