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Auto de São Lorenço
Auto de São Lorenço
TEATRO
Martins Fontes
São Paulo 20 0 6
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Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . IX
Cronologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . XVII
Nota SOb7"e a presente edição . . . . . . . , . . . . . XXIII
TEATRO
Notas 193
INTRODUÇÃO
o TEATRO DE ANCHIETA
IX
músi ca , pela dança, pelo canto, pelos ritos religi osos .
Anchieta saberá tocar as notas mais profundas da alma
indígena, desenvolvendo um teatro voltado para os
primitivos habitantes do Brasil.
Sua primeira peça foi representada, provavelmen-
te, no Natal de 1561: foi o Auto da Pregação Universal,
que recebeu esse nome pelo fato de estar escrito nas
três línguas mais faladas 'na América portuguesa - o
português , a língua brasílica (em suas variantes tupi
e tupinambá ) e o castelhano.
Em 1577 foi representado em São Vicente aquele
que seria um esboço preliminar do Auto de Santa Úr-
sula. Sendo nomeado superior dos jesuítas do Brasil
em 1578, Anchieta passa a percorrer toda a costa bra-
sileira, a visitar casas religiosas, a fundar aldeias ou a
reorganizá-las. Por essa época acontece a fundação
de Reritiba, de Guaraparim, da aldeia dos Reis Magos
e de outras. Alguns autos importantes estão ligados a
esse período, como, por exemplo, o auto Na aldeia de
Guaraparirn - todo ele na língua brasílica.
Contudo, a fase mais importante da atividade dra-
mática de Anchieta corresponde à fase final de sua
vida, após sua saída do cargo de provincial, época essa
passada principalmente na capitania do Espírito San-
to. Com efeito, dos doze autos anchietanos que che-
garam às nossas mãos, oito foram escritos no Espíri-
to Santo.
x
tação do poeta Guilherme de Almeida. Foi represen-
tado pela primeira vez no adro da capela de São Lou-
renço, no primitivo núcleo da atual cidade de Niterói.
Isso ocorreu, segundo Cardoso (977), em 10 de agos-
to de 1587, quando Anchieta visitava a localidade na
qualidade de provincial.
A peça apresenta cinco atos. No primeiro deles
vemos o martírio de São Lourenço, morto no tempo
de Valeriano, censor do imperador romano Décio, por
volta do ano 258 d.e. São Lourenço era diácono do
papa Xisto n. Atado a correntes de ferro, ele foi açoi-
tado, esfolado e posto sobre grelhas em cima de um
braseiro.
No 2º ato vemos três diabos que querem destruir
a aldeia com suas maldades. Resistem a eles três perso-
nagens: São Lourenço, São Sebastião e o Anjo da Guar-
da, livrando a aldeia. Os diabos desse auto anchietano
tinham os mesmos nomes de antigos chefes tamoios
que lutaram na baía da Guanabara, mortos durante a
guerra contra os franceses, como aliados que eram
destes. Seus nomes eram, com efeito, Guaixará, Aim-
bírê, Sarauaia etc. Guaixará era um índio de Cabo Frio
derrotado por Araribóia e pelos soldados de Mem de
Sá em 1567. Aimbirê, por sua vez, era um índio de
Iperoig que tentou matar Anchieta quando este lá es-
teve como refém em 1563. Finalmente, Sarauaia era,
talvez, um espião dos franceses que traiu os índios
aliados dos portugueses.
No Auto de São Lourenço, esses três demônios são
acompanhados por outros parecidos, todos com no-
mes de chefes tamoios vencidos pelos portugueses:
Tataurana, Urubu, ]aguaruçu, Caburé.
O fato de São Sebastião ser incluído como perso-
nagem do auto explica-se por ele ser o patrono da re-
XI
cém-fundada cidade do Rio de Janeiro . Havia efetiva-
mente grande devoção a esse sa nto no início da Idade
Moderna, na fase do chamado "cato licismo guerreiro
cruzadista" do início da colonização da América es-
panhola e da portuguesa, quando a expansão colonial
era considerada um ato de acrescentamento da fé. São
Sebastião, um santo guerreiro morto a flechadas no
tempo do imperador romano Diocleciano (cerca de
286 d.C.), bem simbolizava aquele momento históri-
co , em que a guerra contra os franceses , na década de
sessenta do século XVI, apresentava-se como uma ver-
dadeira guerra santa.
O 2º ato é rico de detalhes a respeito da cultura
dos primitivos indígenas da costa brasileira. Nele ve-
mo s Guaixará ser recebido por uma velha índia que
o pranteia em sua chegada, prática conhecida como
saudação lacrimosa.
No 3º ato, após a derrota dos demônios e de seu
aprisionamento pelo Anjo, vemos os imperadores ro-
manos Décio e Valeriano sendo tortu rados no fogo
eterno, eles que haviam submetido São Lourenço à
morte num braseiro. Vemos aí um anjo a convidar os
diabos, a quem havia perseguido antes, a torturar os im-
peradores romanos. Assim , os santos servem-se dos
demônios como carrascos dos tiranos romanos.
É interessante observar que os imperadores fa-
lam castelhano. O uso do castelhano no auto será bem
compreensível, se lembrarmos a situação de bilingüis-
mo existente em Portugal no século XVI e a existência
de grande número de colonos de 'origem espanhola no
Brasil quinhentista.
Outra informação significativa do ponto de vista
lingüístico é o uso do guarani no auto , no trech o em
XII
que Valeri ano diz "xe akai" e o diabo Aimbirê per-
gunta- lhe se ele veio do Paragu ai, pois falava carijó,
i.e., guaran i. Além disso, Anchi eta lança mão em seus
autos das duas varian tes dialeta is mais usadas no Bra-
sil quinhe ntista, o tupi e o tupina mbá, o que enriqu e-
ce sobrem aneira sua obra lingüís tica, iniciad a com a
redaçã o de sua gramá tica da língua brasílica (essa gra-
mática foi public ada somen te em 1595 com o título
de Arte de gramá tica da língua mais usada na costa
do Brasil ),
Vemos ainda no 3º ato muita s referê ncias a práti-
cas cultur ais dos antigo s índios da costa, tais como a
antrop ofagia e a mudan ça de nome ao matar- se um
inimigo.
No 4º ato, vem o anjo acomp anhad o de duas per-
sonag ens alegór icas: o Temo r de Deus e o Amor de
Deus. Cada uma delas faz um sermã o em que busca
aprese ntar uma reflexã o sobre a vida human a e seu
destin o último e os frutos que traz para a alma do ho-
mem o seguim ento de Cristo .
Finalm ente, vemos no 5º ato uma dança de doze
menin os em louvor a São Louren ço. Essa dança fazia
parte de uma procis são de entron ização da image m do
santo na igreja, ou talvez fosse uma cerimônia levada a
efeito após a repres entaçã o do martír io. Obser vemos
aí o largo empre go da dança e da músic a no teatro an-
chieta no, presen te pratic ament e em todos os autos.
NA ALDEIA DE GUARAPARIM
XIII
Foi representado, pel a primei ra vez , na ald ei a d e
Guaraparim, no Espírito Santo, talvez no ano de 1585 .
Nele vemos alguns diabos que planejam domi-
nar a aldeia de Guaraparim, cada um a contar suas
façanhas e maldades . Nesse ínterim, pousa no meio
dos diabos a alma de um índio recém-falecido, Pirata-
raca, que os diabos tentam conduzir para o seu cami-
nho. A alma contesta as ~cusações dos diabos acerca
de sua vida passada, invocando a mãe de Deus. Final-
mente, o a njo o salva e expulsa os demônios , defen-
dendo a ald e ia. I
XIV
de batismo e de crisma, nomes esses bastante conhe-
cidos: Francisco Pereira, primeiro donatário da Bahia,
e Vasco Fernandes Coutinho, donatário do Espírito
Santo. A alma também argumenta que teria recebido
o perdão de Deus pelo arrependimento e pela con-
fissão. Ficando os diabos renitentes em seu propósi-
to de levar a alma consigo, esta grita por Nossa Se-
nhora e pelo Anjo da Guarda. Este vem em seu socor-
ro, fazendo os diabos fugirem. Finalmente, o Anjo faz
uma pregação aos índios.
BIBLIOGRAFIA
xv
Cardim, F., Tratados da terra e gente do Brasil. São
Paulo, Companhia Editora Nadonal/MEC, 1978.
Cassirer (1956), Myth and Language. Nova York,
Harper & Brothers, 1946..
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gua do Brasil dos primeiros séculos. Petrópolis,
Vozes, 1998.
- - , Anchieta, vida e pensamentos. São Paulo, Mar-
tin Claret, 1997.
Staden, Duas viagens ao Brasil. Belo Horizonte, Ita-
tiaia; São Paulo, EDUSP, 1974.
Valle, L. do, Vocabulário da língua brasílica. São Pau-
lo, F.F.C.L. da Universidade de São Paulo, 1952
(revista por Carlos Drummond).
XVI
CRONOLOGIA
XVII
Costa. Anchieta aparta na vila de São Vicente , no
atu al estado de São Paulo, na véspera do Nat al.
1554. Assiste à fundaçã o de São Paulo de Piratinin-
ga , com a celebração de uma missa no dia 25 de
janeiro, dia da conversão de São Paulo.
1555. Franceses calvinistas invadem a Baía da Guana-
bara, querendo ali instalar uma colônia.
1560. Os franceses são expulsos por Mem de Sá, ter-
ceiro governador-geral do Brasil.
Expulsos da Guanabara, os franceses instigam os
índios tamoios contra os portugueses. Os tamoios
criam uma liga destinada a acabar com a presença
portuguesa no sudeste do Brasil, a Confederação
dos Tamoios.
1561. É escrito o Auto da Pregação Universal, pri-
meira peça teatral feita no Brasil e início do teatro
brasileiro.
1562. A vila de São Paulo é atacada em 9 de julho
por milhares de índios inimigos, que queriam des-
truí-la. A vila resiste ao ataque.
1563. Anchieta e Nóbrega vão para Iperoig, concen-
tração de tamoios , para propor negociações com
os portugueses e se oferecem como reféns enquan-
to não se chegasse a um tratado de paz.
Anchieta, com grande risco de vida , permanece
sete meses como refém dos tamoios e em Iperoig
esboça, sem tinta nem papel, o poema Da Bem
Aventurada Virgem Maria, com quase 5.800 ve rsos.
Anchieta decora-os todos para, em outra época ,
escrevê-los.
1563. É publicada em Coimbra, anonimamente , a obra
De Gestis Mendi de Saa, de autoria de Anchieta. É a
primeira obra publicada da literatura brasileira , ain-
da que escrita em latim .
XVIII
1564. Os franceses retornam à Baía da Guanabara.
1565. Estácio de Sá, sobrinho de Mem de Sá, entra
na Baía da Guanahara e funda a cidade de São Se-
bastião do Rio de Janeiro. A guerra com os france-
ses e os tamoios dura o ano todo. Anchieta e Nó-
brega levam reforços de São Vicente para a Baía
da Guanabara. Anchieta serve como enfermeiro na
guerra.
Nóbrega manda-o para a Bahia para levar informa-
ções sobre a guerra ao governador-geral Mem de Sá.
Chegando à Bahia, Anchieta estuda Teologia para
poder ser ordenado sacerdote.
1567. Em Salvador, Anchieta é ordenado sacerdote
pelo segundo bispo do Brasil, D. Pedro Leitão. Re-
toma para o sul, onde assiste à segunda fundação
do Rio de Janeiro e do colégio dos jesuítas na ci-
dade recém-fundada. Volta para São Vicente, onde
ficará mais alguns anos.
1578. Anchieta é nomeado provincial da Companhia
de Jesus no Brasil, o mais alto cargo daquela or-
dem religiosa no país.
Dotado de espírito profético, Anchieta prevê a mor-
te do rei D. Sebastião na batalha de Alcácer Quibir,
na África, no mesmo dia em que aconteceu (4 de
agosto).
1584. Anchieta escreve a Informação do Brasil e de
suas Capitanias, o mais importante documento his-
tórico de sua autoria.
1587. É representado na Capela de São Lourenço,
hoje Niterói, o Auto de São Lourenço, sua mais fa-
mosa peça teatral.
1594. Já fraco e abatido, Anchieta recolhe-se à Capi-
tania do Espírito Santo, na localidade de Rerityba,
que hoje leva seu nome.
XIX
1595. É publicada em Coimbra, Portugal, a Arte de
Gramática da Língua mais Usada na Costa do
Brasil, primeira gramática de uma língua indígena
brasileira, obra de grande valor lingü ístico e mui-
to original para a sua época.
1596. Anchieta ausenta-se durante alguns meses da
aldeia de Rerityb a , indo para Vitória, a pedido de
seu superior.
1597. Falece em Rerityba , no atual estado do Espíri-
to Santo, em 9 de junho. Seu corpo foi levado por
um cortejo de três mil índios , por cem quilômetros,
até Vitória, onde foi sepultado no Colégio dos Je-
suítas, hoje o Palácio do Governo.
1609. Seu túmulo é aberto e seus ossos são dividi-
dos e levados para diferentes lugares, inclusive para
Roma.
1619-1622. São abertos os processos informativos
de Olinda, Bahia, São Paulo e Rio de Janeiro, que
visavam a apurar a santidade de Anchieta com vis-
tas a sua canonização.
1624. Filipe IV, rei da Espanha e de Portugal , pede
ao Papa a canonização de Anchieta .
1626-1629. Instauram-se os processos apostólicos em
Évora, Lisboa, Rio de Janeiro, 'São Paulo e Olinda.
1650. É publicado pela primeira vez o Poema da Vir-
gem, em Portugal.
1736. O Papa Clemente XII reconhece, em decreto,
as "virtudes heróicas" d e Anchieta , declarando-o
"venerável".
1877. A princesa Isabel , em nome de D. Pedro II, pede
ao Papa a cano nização d e Anchieta .
1897. No ter ceiro ce nte ná rio de sua morte , o correm
im portantes co nfe rências dos maiores nomes da cul-
xx
tura brasileira. Todos os bispos brasileiros pedem
por sua canonização.
1934. No quarto centenário do nascimento de An-
chieta 09 de março), muitas comemorações suce-
dem-se por todo o Brasil.
1963. Em nome dos três poderes da República, o se-
nador Danton Jobim entrega ao Papa Paulo VI um
pedido de beatificação de Anchieta.
1965. O presidente Castelo Branco institui o Dia de
Anchieta, a ser comemorado em todo o país na
data de 9 de junho de cada ano.
1980. No dia 22 de junho, em cerimônia solene na
Basílica de São Pedro, Roma, Anchieta é beatificado
pelo Papa João Paulo lI.
1986. O Ministério d a Educação e Cultura institui a
Comissão Preparatória das Comemorações do Quar-
to Centenário de Anchieta, ocorrido em 199 7.
,I
XXI
NOTA SOBRE A PRESENTE EDIÇÃO
XXIII
TEA TRO
,I
I
I
AUTO DE SAO LOURENÇO
PATO
4
12 ATO
5
13 . El fuego dei fue rte a mo r
.o h mi Dios!, co n q ue me amas,
más me q ue ma qu e las llamas
y brasas , con su cal or.
2ºATO
26 . Xe anhõ
kó taba pupé a-ik ó,
s-erek ó-ar-arno üí-t-e kó bo ,
xe r-ekó r-upi i moing óbo.
KGé suí a-só mamõ ,
arn õ taba r-apek óbo.
6
13. O fogo do forte amo r,
á m eu D eu sl, com qu e me amas ,
ma is m e que ima que as chamas
e b rasas, co m seu ca lor.
26. Eu somente
nessa aldeia morava ,
estando como seu guardião,
fazendo-a estar segundo minha lei.
Dali ia para longe,
outras aldeias freqüentando .
7
320 Abá serã xe iabé?
Ixé s-erobiar-y-pyra,
xe anhang-usu-rnixyra,
Gúaixarâ s-er-y-ba'e,
kúepe i moerapüan-y-mbyra.
8
32 . Quem será que é como eu?
Eu, aquele em que se deve
[acreditar,
eu , o diabão assado,
o que tem nome Guaixará,
o que é afamado por aí.
9
57 . Íe -m oyr õ, mor-ap iti,
IO-'u , tapuia r-ara .
agúasá , moro- potara,
manha na, syg üar aiy
- n'a-i-p otar-i abá s-elara .
68 .0-iko bé
xe pytybõ -an-am -eté,
xe pyr-i maràte kó-ara ,
xe irü-na mo o-kai- ba'e:
t-ubixá '-katu Aimbi r é,
apyab a rnoang aipap- ara .
10
57. Enraivecer-se, trucidar gente,
comer um ao outro, prender
[tapuias>,
a mancebia, o desejo sensual,
a alcovitice, a prostituição
- não quero que ninguém os deixe.
68. Existe
o que será meu verdadeiro auxiliar,
o que trabalha junto de mim,
o que arde comigo:
o chefão Aimbirê,
o pervertedor dos índios.
11
Fala com ele:
efoge.
12
Fala com ele:
efoge.
13
Güaixará: 99 . - Nd'a'e-i te'e,
nde r-atã-ngatu r-e sé
üi-ie -ko ka , úi-ie ro biá .
IOri, e-s-enõi angá,
küeíbo nde r-emí-moa üié.
Abâ-pe ere-moangaipá?
14
Guaixará· 99. - Por isso mesmo
em tua grande força
apóio-me. confio.
Vem, nomeia, oh, sim,
os que tu venceste por aí.
Quem fizeste pecar?
15
126. A'e, r'ak ó, i angaip â,
o-ie-mopaié-paiébo,
apyaba mbo'e-mbo'ebo
Tupana r-ekó r-ei á,
xe nhõ xe momba'etébo.
16
126. Elas, de fato, são más,
ficando a fazer pajelança,
ficando a ensinar os homens
a deixar a lei de Deus,
a honrar somente a mim.
17
152. Opá urn ã tarnüia s ó-ü,
o-kaia t-ará-p e o-upa.
Mokon hõ , Tupã r-a úsupa ,
kó taba pupé s-ek ó-ü,
o-ie-py syrõm o o-kup a.
18
152. Já todos os tamoios" foram,
estando a queimar no fogo .
Poucos, ama ndo a Deus,
nesta aldei a moram,
estando a salvar-se.
19
177. Ixé aé s-apy-sar-üera,
s-ekob é-aba r-esé.
Aimbiré. - Nd'e-'! te'e, ipó, ko'y
opá nde r-aúsup-ar-üera
pysyrõmo nde suí. ..
20
177. Eu mesmo sou quem o queimou,
no tempo em que ele vivia.
Aimbirê: - Não é à toa, certamente, que
[agora
todos os que te amavam
liberta de ti...
21
202 . Karaíba na s- er á-i ,
São Sebast ião, a 'e ,
o-mon dyk r-atá s- e sé,
i mondyia. N'o -p ytá-i
amõ abá maran -á '-pe.
22
202. Os cristãos não eram muitos;
São Sebastião, porém,
ateou fogo nelas,
espantando-os". Não ficou
ninguém no lugar ela batalha.
23
Güaixará: 227. - Aüié ipó!
Aipó nhê p'ipó ere-ikó,
Saraúai, manhan-aíba?"
Saraüaia. - Ovikó bé xe taygayba.
Ene'i! Ta-só mamõ,
ixé, Saraüai-oryba,
24
Guaix arâ: 227. - Muito bem!
Fazes isso, porven tura,
Saraua ia, espião maldoso?
Sarau aia: - Minha corage m ainda existe.
Eia, hei de ir longe,
eu, o alegre Sarauaia,
25
Fic a pas sea ndo com Aim birê
, e diz :
26
Fica passeando com Airnbirê, e diz:
27
Vêem São Louren ço com dois companheiros e dizem:
28
Vêem São Lourenço com dois companheiros e dizem :
29
S. Louren ço: 295. - A'e-p'ik ó?
Aimbt ré. - Xe iyboia , xe so kó ,
xe tarn üi-usu Aimbir é,
sukuri iu , tag üat ó,
tamand ü ã-aryr abeb ó:
xe anhan ga moro-p é!
311. Tupã aé ,
o karaíb a pupé,
i 'anga s-eté monha ng-i.
Güaix arâ: - Tupã? Té n 'ipó, anhê ...
Svekó-re i poxy-e té ,
s-ekó a 'e n 'i porang -i.
317 . I angaip á :
Tupã o-s-aü su-pe' a,
s-es ê o-iero biâ-be buia,
Afmbi ré: - Ygasá '-pe kaúi-tu ia,
a'e ré ia-mo mot á",
oioíâ g üaibi r-ekuia ...
30
S. Lourenço: 295 . - E este?
A imbirê. - Eu sou uma jibóia, eu sou um
[SOCÓ 37 •
eu sou o grande tamoio Aimb írê",
sucuriju, gavião,
tamanduá topetudo:
eu sou um diabo esquentador de
[gente!
31
323. O-í-m boapy abá kuiabá ;
'anga é s-ernim otara.
Moras eia r-erobi ara
i py'a ia-i-po rakâ,
n'o-mo et é-i o rnonha ng-ara ...
32
323 . Esvaziam os homens as cuias;
sombra é o que eles desejam .
A crença na dança"
enche seus corações;
não honram seu criador...
33
348 . Xe mi-te iep é i xuí!
Nde man han -am o t' o-ik ó-n el
O úaix arâ : - Nd 'o ro-m orn b e' u-i x ó-ne .
E-n he- mi, nde kyr iri.
Kor i é t'or o-m ond ó-n e.
ká;
Sara üaia: 353. - A-i e-m i-ng atu -pe
I' a üiet é na xe r-epiak-i. ..
S. Sebastião: - T'a- i-yb õ-nel Evie-pe 'a l
Evküâ ké suí raá!
- O-k er-L . Nd' ere -mo mb ak-
il
Gü aix ará .
i ker -e 'yrn-i,
S. Seb asti ão: 358 . - Pys aré kó
apy aba pob u-p obu ,
Sar aüa ia. - (Ai pó er- é sup i-ka tu ...)
34
348. Mas esconde-me tu dele!
Ele há de ser teu espião!
Guaixará: - Não te denunciarei.
Esconde-te, fica quieto.
Hoje mesmo hei de te mandar
[embora.
- Ide depressa!
Apressam-me estes meus súditos,
tendo, hoje, saudades de mim...
35
S. Sebastião: 369 . - Urnâ-b a'e?
Aimbir é: - Tapiia ra, tuiba'e ,
g üaibi, kunum i-güas u,
apyab a , kunhã -muku ,
xe boi á-ramo pabê,
xe p ó-pe a-rekó -katu .
36
S. Sebastião: 369. - Quais?
Aimbirê: - Os moradores da aldeia , velhos,
velhas, moços,
homens, moças,
todos como meus súditos
em minhas mãos bem os tenho .
37
S. Sebast ião: 395. - Emonã s-ek ó suí
arakai á s-apek ó-ú ;
mund é-pe i por-er as ó-ú.
Aimbi ré: - Arakaiá-te o-rnbo ry,
oioiá marã s-ekó- ú.
38
S. Sebast ião:395. - Assim, por causa de seu
(proce dimen to
os aracaj ás" os freqüe ntam;
para as armadi lhas eles levam gente.
Aimbi rê: - Mas os aracajás deleita m-se com
[eles;
igualm ente fazem o mal.
39
á-sab-i,
G úaixarâ: 420. - To! Aipó n'i pap
kúa rasy -rno o-ik é iep é-m o.
Op á tab a rno ang aip ab- i l
Aímbiré: - Anh ê, n'i t-ek oku ab- i,
ian d é mo mb uru me ém o...
om be' u,
S. Lou ren ço«, 425 . - O-i kob é iem
mo san ga mú eira b-y -iar a .
Abá 'ang a mar a'ar a
i pup é o-p üei rá'<katu ;
s-a kyp üer -í Tup ã r-ar a.
a-m e",
G üaix ar â. 435. - Ang aip ab- e'ym
o-n h em om b e'u- k atul
Aüi é kun um i-g úas u
o ekó -aíb -et é
o -lo- mim, o-i- kua ku,
40
Guaixará: 420. - Ó! Isso não seria possível contar,
ainda que o sol se pusesse.
Tudo a aldeia faz pecar!
Aimbirê. - Na verdade, não têm discernimento,
ter-nos-iam amaldiçoado (se o
[soubessem)...
41
S. Lourenço: 446. - I a rnotare 'ym -e t éb o ,
p e -rek ó-a í-aí.
Ixé n 'a-ieiyl i xuí ,
Tupã supé úi-ie ru ré bo,
i pytybõmo 'iepi.
461 . Airnbir é,
ia-rasó muru , ta üi é,
iandé r-oypyra rnoes ãia .
Afmbiré: - Kó xe 'ak-usu, xe r-ãnha...
Ié, kó bé xe püapê,
xe r-ü ai-pu ku , xe ryãía...
42
S. Louren ço: 446. - Detest an do-os muito,
tratai- os muito mal.
Eu não me afasto deles,
p ara Deus ora nd o ,
aju d a n do-os sempr e.
43
472. Pe-poreaúsu kori-ne;
pe-moyrô Pa'i Íesu,
kó taba pobu-pobu .
Pe r-apy t-atâ-endy-nel
S. Sebastião ao Aimbirê:
44
472. Estareis aflitos hoje;
irritastes o Senhor Jesus,
ficando a revirar esta aldeia.
Queirnar-vos-ão as chamas!
S. Sebastião ao Aimbirê.
45
488. E-lori,
mba 'e -nem, mb a 'e -po xy,
mba rá , mia rataka ka,
se bo'i, tarnarut aka'
Sa raüa ia. - Xe púerai , xe r-o pesyi.
A úi é! Te u m ê xe m omba ka!
46
488. Vem,
coisa fedorenta, coisa nojenta,
borá", maritacaca",
sanguessuga, tarnarutaca!"
Sarauaia: - Eu estou cansado, eu estou com
[sono.
Basta! Não me despertes!
47
Sara üaia. 514. - Aani, mosap y nh õ.
Kara íb-ok- y-pe üi-t-e k óbo,
xe p ó-pe nhote a-rasó .
Üi-po rabyk y-abo gúi-x óbo,
n 'i-por- i be'l xe ai ó.
48
Sarauaia: 514 . - Não, somente três.
Estando eu em casa de cristãos,
nas minhas mãos, somente, levei-as .
Indo eu para trabalhar,
não contém mais nada minha bolsa.
49
-- ---- - - -
50
Anjo: 539. - Filhos d e quem eram esses?
Sa rauaia. - Sei lá! Filhos de índios, ce rtame nte...
Eram compridas algumas cordas
nas grandes cabeças deles.
Seguiam as pessoas".
51
Saraüaia: 560 . - Akaigü á!
Ere-ké-pe, Gúaixará?
Nd'ere-iur-i xe r-epyka?
Guaíxará: - Teté marã e- ti-abo mã?
Rorê-ka'ê xe popüâ,
xe r-apy-abo, xe apypyka .
571. - Pe-r-ory,
xe r-a 'yr-et á, xe ri.
Kó a-ik ó pe pysyrõmo.
Aviur ybaka sui
pe r-ok-ybyia r-upi
iepi nhê pe pytybõmo .
52
Sarauaia. 560 . - Ai!
Dormes, Guaixará?
Não vens para me vingar?
Guaixará: - Ah, que dizes?
Lourenço tostado minhas mãos atou,
queimando-me, oprimindo-me.
571. - Alegrai-vos,
meus filhos , por minha causa.
Eis que aqui estou para vos libertar.
Vim do céu
pelo interior das vossas ocas 57
para vos ajudar sempre.
53
587.0í 'oí'á,
kó Ía nd é Iara b oiá,
Sã o Loure nço-an gaturama ,
o-s-arõ nh ê pe r-etarn a,
Anhan ga r-eiryk a pá,
peê-te , pe mopu 'ama.
54
587. Igualmente,
este súdito de Nosso Senhor,
o bondoso São Lourenço,
guarda vossa terra,
o diabo lançando fora
[completamente,
mas a vós, elevando-vos.
55
613 . Mernê -te n'ipó, pe 'anga
amotá , i poraüs ub-ok a,
ko 'arapu kui i pokok a,
i moays óbo, i momo ranga ,
t-ek ó-püer a r-ekoa boka.
623 . Peteum ê
pe poxy-r amo angiré ,
t'o-kan hê pe r-ekó- p úera
- ka'u, agúas â-nê-r nbúera ,
t-erno' erna, marã 'é,
io-apí xaba, rnaran d-úera .
56
613. Mas sempre, com certeza, a vossas
[almas
querendo bem, arrancando suas
[aflições,
sempre guiando-as,
aformoseando-as, embelezando-as,
modificando o velho modo de ser.
623. Guardai-vos
de serdes maus doravante ,
para que desapareçam vossas práticas
[antigas
- bebedeira, a velha mancebia fétida,
mentiras, dizer maldades,
ferimentos mútuos, antigas guerras.
57
639. Pe-ie-a üsub-u ká i xupé,
s-a üsupa , s-ek ó-pot á;
i pyrybé pe-rob i á,
pe r-erek ó-ara ab é,
i nhe'en ga mopó pá.
644. Pe-iori
pejbak a Tu pã kory,
pe py'a pupé s-erup a.
Ta pe-só pe-iek osupa
i potar- y-pyra ri,
i-i ypy-p e nhê pe-iup a.
Canti ga
58
639 . Fazei a ele amar-vos ,
amando-o , querendo sua vida ;
acre d ita i um pouco mais nele,
e em vosso guardião também,
suas palavras cumprindo todas.
644. Vinde
para vos voltar para Deus,
em vossos corações levando-o.
Que vades regozijar-vos
com O Desejado,
junto Dele estando vós.
Cantiga
59
,
I
f
,r
i
Volta
60
Volta
3º ATO
Depois de São Loure nço morto nas grelhas, o Anjo
fica em sua guard a e chama os dois diabos, Aimbi rê e Sa-
rauaia , que venha m afoga r a Décio e Valeria no, que fi-
caram sentad os em seus tronos .
61
Anjo: 677. - Nd e r-e m b ia r-a ma é
o -ikob é moru b ixab a .
São Loure n ço iuk á ré ,
t'o-kai nde r-atá pupé,
ta s-e py muru angaip aba .
62
Anj o: 677 . - O s que tu apresarás
são reis .
Após matarem a Sã o Lourenço,
qu e queimem em teu fogo ,
para que tenha reparação a maldade
[dos malditos".
63
703. S-ekoa Olé-pe gúaita k á
koipó gúaian â r-a'yra ?
To! Temim inô, serã ...
Aúieb etél Ta-'u pá
Íakar é-gúas u pepyra !
64
703 . Está pronto o guaitacá
ou o filho do guaianá?
Oh! Talvez um temiminó ...
Muito bem! Hei de comer todo
o banquete de jacaré-gua çu!"
65
Aimbiré: 729. - E-pyt á! Kag ú- ã'<pe nhõ ,
nde r-at ã-ngatu-pot á?
Manem-usu! Ambu 'a !
Sara üaia: - Akaigúál Ne'I, t'a-só
nde irü-mo, ta xe r-embiá...
744. - Tataürana,
e-ru ké nde musurana!
Urubu, Íagüarusu,
ingapema bé pe-ru!
Kaburé , iori e-nhana
t-obaiara t'ia-tul
66
Aimbir ê. 729. - Fica! Somente quando bebes cauim
tu queres se r valente?
Palermão! Centopéia!
Sarauaia: - Ai! Eia, hei de ir
comigo, para que eu tenha presas ...
744. - Tataurana",
traze aqui tua muçurana!"
Urubu, ]aguaruçu,
a ingaperna" também trazei!
Caburé", vem correndo
para que comamos os inimigos!
67
Urubu: 755. - Kó a-ikó
s-ygé-püera t'a-rasó
i nhy'ã-bebuia abé
xe r-aixó-güaibi supé.
O-u bé s-enha'ê-pepó,
t'o-moiy xe r-enondé.
68
Urubu: 755. - Aqui estou
para levar seu ventre
e também seus pulmões
para minha sogra velha .
Veio também sua panela,
para que ela os cozinhe diante de
[mim .
69
781. Ni Pompeyo, n i Ca t ón,
ni César . ni el Africano,
ningú n g riego oi troyano
pudieron d ar co nclusió n
a he cho tan soberano .
70
781. Nem Pompeu, nem Catão,
nem César, nem o Africano,
nenhum grego ou troiano'"
puderam dar conclusão
a feito tão soberano.
71
Valeriano: 806 . - Más me temo yo que viene
a sus tormentos vengar,
y a nosotros ahorcar...
[Ohl [Quê mala cara tiene!
Ya yo comienzo a temblar...
72
Valeriano: 806. - Mais temo que venha
seus tormentos vingar
e a nós enforcar...
Oh! Que má cara tem!
Já eu começo a tremer...
Valeriano:
I
827. - Oh! Que terrível figura!
Já não posso aguardar,
que me sinto queimar!
Vamos, qué é grande loucura
tal encontro aqui esperar.
73
832 . [Ay, ay! [Quê grandes calores!
No tengo ningún sosiego.
Décio: - [Ayl iQué terribles dolores!
[Ayl jQué hirvientes ardores ,
que me abrasan como fuego!
837 . jO h pasión!
jAyI de mí! que es el Plutón
que viene del Aqueronte,
ardiendo como tizón ,
a llevarnos, de rondón, I
74
832. Ai, ai! Que grande calor!
Não tenho nenhum sossego.
D écio. - Ai! Que terríveis dores!
Ai! Que ferventes ardores,
que me abrasam como fogo!
75
Afmbiré: 860. - To! Kasiana-p'ikó?
Kasiana nhê serã...
Xe r-oryb. Aúi é n'ipól
Kasian-amo t'a-ik ó;
a'e ré t'a-s-epenhan!
76
Aimbirê: 860. - Oh! Estes são castelhanos?"
Castelhanos, talvez...
Eu estou alegre. Muito bem!
Hei de ser castelhano;
depo is disso, hei de atacá-los!
77
Valeriano: 886. - Xe , a k ail...89
Afmbiré: - iVinist eis dei Paraguay,
que h abláis en ca rijó?"
Todas las lenguas sé y091.
E-s-epenhan , Sara üail
K ó nde mornboi-t-aba , kó!
Nde xe r-embiá-potá'-saba!
78
Valeria n o: 886. - Xe , a kail...
Aimb ir ê: - Vies tes d o Paraguai,
p ois fal a is e m c arijó?
Todas a s línguas sei eu .
Ataca-o, Sarauaia!
Eis tua ameaça, aqui!
79
913 . Porque el adio inveterado
de tu duro eorazón
no puede ser ablandado,
si no fuere martillado
eon agua dei Flegetón.
80
913 . Porque o ódio inveterado
de teu duro coração
não pode ser abrandado ,
se não for martelado
com água do Flegetonte.
81
939 . Mueho d eseo beber
vuestra sangre imperial.
No me lo teng áis a mal ,
que eon esto quiero ser
hombre de sangre real.
82
-------
83
965. Son fieros
de los bravos caballeros
que tienen lengua y no mano,
y por eso, tan ufano,
hoy quisisteis acogeros
al romance castellano.
84
965. São bravatas
dos bravos cavaleiros
que têm língua e não mão,
e, por isso, tão ufano,
hoje quisestes acolher-vos
ao romance castelhano".
85
D écio: 993. - Ésa es pena doblada,
qu e me causa más dolor:
que yo, universal sefior,
muera muerte deshonrada
de horca, como traidor.
86
D écio: 993. - Essa é pena dobrada,
que me ca us a mais dor:
que eu , universal senhor,
morra morte desonrosa
de forca, como traidor.
87
1019 . Mas que yo , en mi monarquía,
acabe con tal pregón,
muriendo como ladrón,
[es muy terrible agonía
y doblada confusión!
1029. O a Nero,
aquel cruel carnicero
del fiel pueblo cristiano.
Aquí está Valeriano,
vuestro leal cornpafiero.
jRecibidlo de su mano!
88
1019. Mas que eu, em minha monarquia,
acabe com tal pregão,
morrendo como ladrão,
é muito terrível agonia
e dobrada confusão!
1029. ou a Nero,
aquele cruel carniceiro
do fiel povo cristão" .
Aqui está Valeriano,
vosso leal companheiro.
Recebei-o de sua mão!
89
Airnbiré: 1046 . - jOh, cuánto que os agradezco
esa buena voluntadl
Yo, con liberalidad,
quiero daros gran refresco
para vuestra enferrnedad,
1051. en la cueva,
donde
I
el fuego se renueva
corl ardores perennales,
donde todos vuestros males
harán sempiterna prueba I
de dolores inrnortales.
90
Airnbirê. 1046. - Oh, quanto vos agradeço
essa boa von tad e!
Eu , com liberalidade,
quero dar-vos grande refresco
para vossa enfermidade,
1051. na cova,
onde o fogo se renova
com ardores perenais,
onde todos vossos males
haverão sempiterna prova
de dores imortais.
91
Décio: 1076. - Xe r-akub-eté kó mã!
Xe r-esy Lorê-ka'ê,
xe morubixaba bi ã.
ErT! Xe r-apy Tupã ,
o boiá r-epyka nh ê!
1087 . Pe-iori ,
pe-rasó muru , s-upi ,
iand é r-atá -p é s-apeka,
i monga'emo, i pokeka,
s-airnbé-katü-abo, s-esy,
i moiypa, i momembeka.
92
Décio: 1076. - Ah, como estou quente aqui!
Assa-me o Lourenço tostado,
embora eu seja um re i.
Ai! Queima-me Deus,
seu servo vingando!
1087 . Vinde,
levai o s malditos, erguendo-os,
para sapeca-los em nosso fogo ,
moqueando-os, embrulhando-os,
tostando-os bem, assando-os,
cozendo-os, derretendo-os.
93
1098. Anga lá ,
angalp á '-bora a-iuk á,
xe r-at á-pe s-ero 'a-ne :
apyab a , g üaibi, kunhã -ne ,
ko 'arapu kui xe r-ernbi á ,
s-eras óbo, i gü-abo pá-ne.
94
1098. Co mo a esses,
mat arei os q ue costumam pecar,
e m meu fogo fazendo-os cair comigo :
homens, ve lhas, mulheres,
se m p re se rão minhas presas,
levando-os, comendo-os todos,
4º ATO
95
1119. Um fogo foi o Temor
do bravo fogo infernal,
e, como servo leal,
por honrar a seu Senhor,
fugiu da culpa mortal.
97
Temor de Deus, com seu recado:
1151. El infierno,
con su fuego sempiterno,
ya te espera,
si no sigues la bandera
de la cruz,
en la cual muriô fesús
para que tu muerte muera"
98
Tem or de Deus, com seu recado:
1151. O inferno,
com seu fogo sempiterno,
já te espera,
se não segues a bandeira
da cruz,
na qual morreu Jesus
para que tua morte morra ."
99
1169. Fuego que nunca descansa,
mas siempre causa dolor,
y con su bravo furor
quita toda la esperanza
ai maldito pecador.
100
1169. Fogo que nunca descansa,
mas sempre causa dor,
e com seu bravo furor
tira toda a esperança
ao maldito pecador.
101
- ---- --- -- --- --- ------- -- - - - - - --
10 2
1194 . Do pecado que tu amas
São Lourenço tanto fugiu,
que mil penas padeceu,
e queimado nas chamas,
por não pecar, expirou.
103
1219. Pena sin fin te darán
en los fuegos infernales
tus deleites sensuales.
Tus tormentos doblarán,
Y tus heridas mortales.
104
1219. Pena sem fim dar-te-ão,
nos fogos infernais,
teus deleites sensuais .
Teus tormentos dobrarão
e tuas feridas mortais.
105
1247. iOh inse nsible !
tNo s ie nt es aquel terribl e
es panto , que cau sará
el juez, cua ndo vendr á ,
con carran ca muy horrib le,
y la muert e te dará,
1269 . jO h mohin o!
pues que verás, de contin o,
al horren do Lucifer,
sin nunca llegar a ver
aquel consp ecto d ivino,
de quien tienes todo ser,
106
1247. O h , insensível!
Não sentes aq uele terrível
espan to, qu e causará
o juiz, quando vier,
com carranca muito horrível,
e a morte te dará,
107
1275 . acaba ya de temer
a Dias, que siemp re te espera ,
corrie ndo por su carrera ,
pues no puede s suyo ser,
si no sigues la bande ra.
108
1275. acaba já por temer
a Deus, que sempre te espera,
correndo por sua carreira,
pois não podes ser seu
se não segues a bandeira.
109
1302. jHombre cíegol
tPor qué no comienzas luego
a llorar por tu pecado?
~y tomar por abogado
a Lorenzo, que en el fuego ,
por ]esús rnurió quemado?
110
1302. Homem cego!
Por que não começas logo
a cho rar por teu pecado,
e a tomar por advogado
a Lourenço, que, no fogo,
por Jesus morreu queimado?
111
Glosa e declaração do recado:
112
Glosa e declaração do recado:
113
1351. Este abismo de hartura ,
que nunca será agotado,
esta fuerite viva y pura ,
este río de dulzura ,
ama con todo cuidado.
114
1351. Este ab ismo de fartura,
que nunca se rá es go tado,
es ta fo n te viva e pura,
este rio d e doçura ,
ama com todo o cuidado.
115
1376. Entrególo por esclavo,
quiso que fuese vendido,
para que t ú, redimido
dei poder dei león bravo,
fueses siempre agradecido.
116
1376. Entregou-o por escravo,
quis que fosse vendido,
para que tu, redimido
do poder do leão bravo,
fosses sempre agradecido.
117
1401. Da tu vida por los bienes
que su muerte te ganó.
Suyo eres, tuyo no.
Dale todo cuanto tienes,
pues, cuanto tiene , te dio.
Despedida
,
1406. Alzad, mis hermanos, los ojos ai cielo.
Veréis a Lorenzo reinando con Dios,
al rey de los reyes rogando por vos,
que estáis celebrando su fiesta en el
Isuelo.
Laus Deo
118
- - - - - _ . ._ - ------------------- ------
Despedida
Laus Deo
119
Dança, que sefez na procissão de São Lourenço, d e
doze meninos:
120
Dança, que se fez na procissão de São Lourenço, de
doze meninos:
121
1443. Tvynys ê Tupã r-a üsuba
nde nhy'ã- rne erimba 'e.
Evrna'ê oré r-es él
T'oro- s-aüsu iandé r-uba,
iandé monha ng-ar- eté .
122
...
123
1472. T'oro- iase'o mern ê,
Pa 'i Tupã r-epia k-a 'upa.
T'o-ur kó 'a ra pupé
oré 'anga moaku pa.
FINIS
12 4
1472. Choremos sempre,
tendo saudades do Senhor Deus.
Que venha neste dia
para aquecer nossa alma .
FIM
125