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FUNDAMENTOS DE DINÂMICA

FERROVIÁRIA

9-Esforços na via e Descarrilamento


Introdução
◼ Um acidente ferroviário causa danos ao
património, a infraestrutura ao material rodante
e provoca a interrupção da circulação dos trens.
Pode, ainda, causar vítimas e danos ao meio
ambiente. Além desses danos desgasta a
imagem das empresas operadoras. Ou seja,
sob qualquer ponto de vista precisa ser evitado.
No mínimo, é uma perda de recursos.
◼ A correta analise indicará a causa e evitará
novas ocorrências
◼ Pouca literatura

DINÂMICA FERROVIÁRIA
Introdução

Fonte ANTT
DINÂMICA FERROVIÁRIA
Teoria do Acidente

DINÂMICA FERROVIÁRIA
Teoria do Acidente

Modelo de Causa e Acidente


Modificada pelo Prof J Reason
DINÂMICA FERROVIÁRIA
Fatores Humanos
◼ Comportamento humano como um risco
◼ Muitos investigadores sofrem pressões, as
quais podem estar relacionadas a:
❑ Pressão ocasionada pelos colegas;
❑ Pressões comerciais ou de departamento;
❑ Falta de tempo;
❑ Falta de recursos;
❑ Necessidade de sucesso;
❑ Conflitos de interesse; e
❑ Falta de treinamento.

DINÂMICA FERROVIÁRIA
Fatores Humanos
◼ Quanto à parcialidade do investigador, tem-se
comportamentos como:
❑ Tendência a confiar fielmente em uma informação;
❑ Permitir que passem despercebidas ou de ignorar
evidências que vão contra aquilo que ele já acredita;
❑ Esperar um determinado resultado e, por isso,
inconscientemente manipular ou interpretar mal os dados a
fim de encontrar o resultado esperado;
❑ Tendência a procurar ou interpretar informações de forma
a confirmar certos conceitos prévios;
❑ Dar foco apenas a um determinado aspecto do evento;
❑ Apresentar detalhes críticos às informações que
contrariam crenças anteriores e aceitar sem julgamento
informações que confirmem tais crenças.

DINÂMICA FERROVIÁRIA
Fatores Humanos
◼ Erros

TIPOS DE
ERROS
BÁSICOS FALHA DE ATENÇÃO
DESLIZE Ingerência
Omissão
AÇÃO NÃO Retrocesso
INTENCIONAL Falta de Ordenação
Erro de Horário

FALHA DE MEMÓRIA
LAPSO Omissão ou
Esquecimento de itens
ATOS Planejados
IMPRUDENTES
ERROS BASEADOS EM REGRAS
ERROS Má aplicação da boa Regra
Aplicação de uma Regra Ruim
AÇÃO ERROS BASEADOS EM CONHECIMENTO
INTENCIONAL
Muitas variáveis
VIOLAÇÃO DE ROTINA
VIOLAÇÃO
VIOLAÇÃO EXCEPCIONAL
ATOS DE SABOTAGEM

DINÂMICA FERROVIÁRIA
Objetivos da Investigação e Definições
◼ As investigações de acidentes ferroviários devem
estabelecer tipicamente que:
◼ Os eventos que levaram ao acidente ou incidente;
◼ As causas imediatas ou em outras palavras “os atos ou
condições abaixo do padrão que expliquem o que ocorreu
naquele momento e naquele local?”;
◼ As causas sublinhares que foram fatores pessoais, do
emprego ou da organização que criaram condições no
local do acidente/incidente;
◼ Os melhoramentos necessários no sistema para eliminar
ou minimizar o risco desses acidentes ou incidentes
voltarem a ocorrer;
◼ Os melhoramentos necessários para mitigar as
consequências desses acidentes ou incidentes.

DINÂMICA FERROVIÁRIA
Teoria do Descarrilamento
◼ Defeitos no veiculo:
❑ Eixo quebrado;
❑ Roda ou pneu solto;
❑ Componentes ou mola da suspensão quebrada;
❑ Super aquecimento ou corte do rolamento do
eixo;
❑ Rodas trancadas/bloqueadas.

DINÂMICA FERROVIÁRIA
Teoria do Descarrilamento
◼ Defeitos da Via Permanente
❑ Alargamento da bitola;
❑ Trilho quebrado;
❑ Via empenada por ação térmica;
❑ Falha de formação / via empenada.

DINÂMICA FERROVIÁRIA
Teoria do Descarrilamento
Operações
• Carregamento desequilibrado;
• Sinal ultrapassado em perigo nas pontas das agulhas
dos jacarés;
• Colisões com trens/amortecedores de parada (buffer
stop);
• Mal gerenciamento das agulhas;
• Erro de controle/sinalização;
• Excesso de velocidade;
• Objeto de descarrilamento deixado em um trilho.

DINÂMICA FERROVIÁRIA
EFEITOS DOS VEICULOS NA VIA
Elevados esforços dinâmicos

❑ Deterioração da Geometria da Via

❑ Desgaste e danos

❑ Ruído

DINÂMICA FERROVIÁRIA
EFEITOS DA VIA NOS
VEÍCULOS

◼ SEGURANÇA

◼ Conforto

◼ Desgaste e danos

DINÂMICA FERROVIÁRIA
NECESSIDADE DE
ENTENDIMENTO

◼ Redução do risco de acidentes


◼ Aumento do nivel de conforto
◼ Redução da degradação da geometria da via
◼ Redução do desgaste
◼ Redução do ruido e vibração dos veiculos

DINÂMICA FERROVIÁRIA
ENTENDENDO A INTERAÇÃO
RODA TRILHO

◼ Descarrilamento por subida da flange


◼ Conicidade da roda e bitola
◼ Elevação da roda
◼ Irregularidade cíclicas da via- ressonância
◼ Velocidade critica

DINÂMICA FERROVIÁRIA
ANGULO PREVISTO NA CURVA

A roda externa do primeiro eixo negocia a curva


DINÂMICA FERROVIÁRIA
SEÇÃO TRANSVERSAL DA FLANGE NO
CONTATO

DINÂMICA FERROVIÁRIA
TRECHO EM RETA (PLANO)

DINÂMICA FERROVIÁRIA
ÂNGULO DE ATAQUE POSITIVO

DINÂMICA FERROVIÁRIA
ÂNGULO DE ATAQUE NEGATIVO

DINÂMICA FERROVIÁRIA
EXEMPLO DA CONFIGURAÇÃODA RODA
COM ANGULO POSITIVO

DINÂMICA FERROVIÁRIA
ANGULO 0 ZERO

DINÂMICA FERROVIÁRIA
ANGULO POSITIVO

DINÂMICA FERROVIÁRIA
ANGULO NEGATIVO

DINÂMICA FERROVIÁRIA
FORÇAS ATUANTES NO CONTATO
RODA-TRILHO NO MOMENTO DO
DESCARRILAMENTO

DINÂMICA FERROVIÁRIA
FORÇAS ATUANTES NO CONTATO
RODA-TRILHO NO MOMENTO DO
DESCARRILAMENTO

◼ Resolvendo
R= V cos  + L sin …. 1.
Para haver segurança ao descarrilamento

◼ Forças de descarrilamento < forças de estabilização


L cos  + R > V sin 
◼ Substituindo R na equação 1
 L cos  +  (V cos  + L sin ) > V sin 
 L (cos  +  sin ) > V (sin  -  cos )
L (sin  −  cos  )

V (cos  +  sin  )

DINÂMICA FERROVIÁRIA
EQUAÇÃO DE NADAL(1908)

L tan  − 

V 1 +  tan 

Para segurança: LHS precisa ser pequeno. RHS


precisa ser grande.
L → Baixo
V → Alto
 → Baixo

tan  → Grande
DINÂMICA FERROVIÁRIA
ANÁLISE DE ESTABILIDADE
Formula de Nadal
Trilho seco 0.33
L tan  − 
 Trilho molhado 0.25
V 1 +  tan  Trilho Lubrificado Rail 0.13
Trilho oxidado 0.6

•para =68º, =0.25


RHS próximo a 1.4, arredondado para 1.0 por
medida de segurança
•É um dos critérios para estabilidade do
material rodante
DINÂMICA FERROVIÁRIA
DINÂMICA FERROVIÁRIA
DINÂMICA FERROVIÁRIA
FATORES QUE AFETAM A
SEGURANÇA

Ângulo da Flange

◼  = 90º indica maior segurança


◼ Contudo, com uma pequena variação a roda
sobe no trilho.
◼ Reduções na profundidade da flange pode
acarretar propensão ao descarrilamento

DINÂMICA FERROVIÁRIA
FATORES QUE AFETAM A
SEGURANÇA
Inclinação da Flange
◼ Para a maioria dos rodeiros  = 68º 12’ (flange
2.5:1)
◼ Em locomotivas, o rodeiro externo tem grande
angularidade para curvas e AMVs. Por
uniformidade, o memo  é adotado para todas
as rodas.
◼  de 700 em locos até 110 kmph

◼  de 600 em locos acima de110 kmph

DINÂMICA FERROVIÁRIA
FATORES QUE AFETAM A
SEGURANÇA
◼ Dificuldade em saber os valores de V, L, ,  e
excentricidade no instante do descarrilamento.
◼ O calculo pela formula de Nadal fica prejudicado.
◼ Análises qualitativas estudando a magnitude dos
defeitos via/veiculo e a forma como eles
contribuem para a propensão ao descarrilamento,
precisam ser feitos.

DINÂMICA FERROVIÁRIA
DEFEITOS E CARACTERISTICAS
QUE AUMENTAM O ANGULO DE
ATAQUE
◼ Folga de bitola excessiva
◼ Friso fino
◼ Folgas nos truques
◼ Curvas de raios pequenos
◼ Eixos extremos de bases multiplas sujeitos
a grandes angularidades, comparado com a
roda interna

DINÂMICA FERROVIÁRIA
O PROCESSO DE SUBIDA DO FRISO

DINÂMICA FERROVIÁRIA
DEFEITOS QUE CAUSAM
DESALINHAMENTO CONSTANTE

◼ Rodas com diametros diferentes no mesmo eixo


◼ Freios mal regulados atuando mais de um lado que
de outro
◼ Desgaste dos rolamentos
◼ Aquecimentos dos eixos
◼ Altos coeficientes de atrito

DINÂMICA FERROVIÁRIA
ANÁLISE DE ESTABILIDADE

• V & L – valores instantaneos medidos nas rodas e


nos trilhos

• HL = Força horizontal medida no nivel do eixo

• V = (Vertical) coeficiente de mola medido x real

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Limite de Valores L/V vs duracao

DINÂMICA FERROVIÁRIA
Alívio de Roda
Efeitos do Twist
Mesa sem molas

DINÂMICA FERROVIÁRIA
Efeitos do Twist

◼ Carga nominal da roda: metade da carga do eixo obtida


quando veículo sem defeitos com carga não excêntrica
estaciona na pista em nível com geometria perfeita.
◼ Carga instantânea da roda: carga real da roda em
qualquer momento durante o movimento.
◼ Carregamento da roda: A carga instantânea da roda é
maior que a carga nominal da roda.
◼ Descarregamento da roda: a carga instantânea da roda
é menor do que a carga nominal da roda.

DINÂMICA FERROVIÁRIA
Efeitos do Twist
( Mesa com molas )

DINÂMICA FERROVIÁRIA
Efeitos do Twist

◼ Quando o apoio em D está desnivelado, o contato não será perdido,


uma vez que a mola compactada sob D tem chance de alongar.
◼ Instantaneamente D é descarregado, mas o reajuste da carga ocorre
ao longo da diagonal AD causando redução da carga em A e
trazendo de volta alguma carga em D.
◼ A carga vertical não balanceada devido ao descarregamento de D,
causa redução adicional da mesa inteira causando re-compressão
de todas as 4 molas.
◼ Como resultado, B e C recebem mais carga causando uma
compressão adicional.
◼ A recompressão da A e D traz de volta mais alguma reação de carga
sobre eles.

DINÂMICA FERROVIÁRIA
Investigação de Descarrilamento
Estágios de uma Investigação
◼ Avaliação inicial do local;
◼ Gravação/preservação das evidências do local;
◼ Testes padrão, pesquisas e inspeção;
◼ Processamento de dados, cálculos e
ajuntamento de provas;
◼ Testes especiais nos trilhos e componentes;
◼ Inquérito formal;
◼ Relatório;
◼ Ações de controle; e
◼ Monitoramento/feedback.
DINÂMICA FERROVIÁRIA
Investigação do Local - Coleta de
Evidências
Factual
Evidência factual é aquela que pode ser claramente
verificada. A mesma pode tomar muitas formas: matéria
física, como exemplo, um trilho quebrado, rodas
danificadas, dados (como medidas da geometria da via,
voltagens, horários dos trens, leituras impressas por
computador), ou evidências vindas de pessoas (o que elas
fizeram, disseram, ouviram, etc).
Circunstancial
Evidências circunstanciais são uma coleção de fatos que
oferecem provas ou explanações indiretas sobre um
evento.

DINÂMICA FERROVIÁRIA
Investigação do Local - Coleta de Evidências
Evidências Disponíveis: Podem ser recuperadas
ou gravadas a qualquer hora, não representando
uma prioridade
Evidências Recuperáveis:. Algumas evidências
serão afetadas pelo processo do descarrilamento,
entretanto são recuperáveis e não mudarão
significativamente se forem necessárias para
exames ou medições em um estágio posterior.
Evidências Perecíveis: É essencial que qualquer
evidência perecível seja rapidamente identificada.

DINÂMICA FERROVIÁRIA
Descarrilamento em AMVs e
Cruzamentos
◼ Descarrilamento nas chaves no sentido
agulha jacaré
◼ Subida de Friso
◼ Problemas no posicionamento das Agulhas
◼ Agulha em Reversão
◼ Descarrilamento nas Passagens em Nível
◼ Cotas de Salvaguarda;

DINÂMICA FERROVIÁRIA
Especialização em Transporte Ferroviário de Carga © | Instituto Militar de Engenharia (IME)

KIT INVESTIGAÇÃO
• Track Star e outros
equipamentos(levantamentos)
• Necessidade de equipamento simples e de
baixo custo
• Nem sempre será viável o acesso ao local do
acidente pela linha
• Necessidade de restabelecer o trafego
• Possibilitar a investigação preventiva, antes de
ocorrer o descarrilamento
Metalurgia Ferroviária (EF 107000)
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KIT INVESTIGAÇÃO
• Trena(30m ou 50M)
• Trena 2m
• Nivel digital e Mira Codigo de barras
• Regua de Bitola
• Versine
• Voidmeter
• Miniprof
• Tribometro
• GPS submetrico
• Planilha ou software para analise

Metalurgia Ferroviária (EF 107000)


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Croqui do Levantamento da Via

Levantamento feito
a cada metro

No mínimo 60 -55
m antes do
-60
POD e 20 m
-65
depois 25

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Nível digital e mira código de barras

Metalurgia Ferroviária (EF 107000)


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Regua de Bitola

Metalurgia Ferroviária (EF 107000)


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Versine

Metalurgia Ferroviária (EF 107000)


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Voidmeter

Metalurgia Ferroviária (EF 107000)


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Miniprof

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Tribometro

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Software(Planilha)

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Cadastramento dos Descarrilamentos
◼ Importância da Correta GPS
Localização dos
Descarrilamentos
❑ Corrigir os problemas que
ocasionaram o descarrilamento
❑ Evitar que o descarrilamento ocorra
de novo

DINÂMICA FERROVIÁRIA

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