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Biologia I – Aula 02- Drummond

1. Glicídios (cont.)
1.1. Funções
Energética
1.1.1. Função estrutural
A função primordial dos glicídios é energética, representando energia potencial na forma de
glicose. Ao lado da glicose, os lipídios também representam energia potencial. O lipídio tem muito
mais energia, mas tem baixo índice respiratório (logo, consome muito oxigênio). É a característica
mais cobrada em provas.
Obs.: aeração ou ventilação, processo físico de entrada e saída de ar para obtenção de oxigênio,
difere de respiração. A respiração é a transformação de energia potencial em energia cinética,
processo químico.
A respiração pode ocorrer de duas maneiras: aeróbica (utilizando O2) ou anaeróbica (sem utilizar
O2). A aeração é útil à respiração aeróbica. O organismo humano utiliza a respiração anaeróbica
nos músculos (fermentação).
A molécula que representa energia cinética do organismo é a ATP: adenosina trifosfato. Em última
análise, respirar é transformar glicose em ATP, retirando a energia da glicose e transferindo-a à ATP.
O mesmo processo ocorre sobre o lipídio (remover a energia contida no ácido graxo e transferir à
ATP).
No processo aeróbio, a quebra da glicose é total, liberando CO2 e H20; na anaeróbia, é parcial,
com liberação de ácido lático.
Obs.: o conteúdo energético demandado em certas atividades físicas é tão alto que a respiração
aeróbia, sozinha, não consegue suprir. Nestes casos, o músculo complementa com o processo de
fermentação (respiração anaeróbia). É a liberação de ácido lático que provoca dores musculares.
O grande aporte de glicose vem do amido (polissacarídeo formado a partir da glicose) – polímeros
(cadeias) de glicose. O amido é a reserva vegetal, encontrada em grandes quantidades (célula
vegetal é protegida e não sofre plasmoptse, guardando grandes quantidades de glicose). Também
se encontra glicose estocada no organismo animal por meio do polímero glicogênio, armazenado
principalmente no fígado e nos músculos.
Os músculos armazenam glicose por conta da grande demanda energética dos processos de
distensão e contração muscular. Esta energia cinética vem da molécula de ATP, abastecida com a
energia da glicose. Não há, porém, em excesso; em poucos minutos de atividade aeróbica, todo o
glicogênio reservado nos músculos é consumido. O músculo não libera glicose para o sangue.
O fígado é responsável por 80% de todos os processos metabólicos do organismo animal. A glicose
que o fígado utiliza serve para equilibrar a taxa de glicemia quando baixar, como no caso de jejum
ou de atividades físicas. Não é, portanto, utilizada pelo próprio fígado, mas liberada no sangue em
casos de hipoglicemia. É o fígado que contém a grande reserva, portanto, já que a reserva
muscular não é móvel.
1.1.2. Função estrutural
No caso do organismo vegetal, o glicídio tem função estrutural, na formação da parede celular
(celulose).
1.1.3. Reguladora
A atividade reguladora é marcada pela atividade das pentoses desoxirribose e ribose, que
estruturam DNA e RNA.
1.2. Metabolismo básico dos glicídios
A glicose é a molécula mais importante como fonte potencial de energia dos organismos vivos em
geral, especialmente dos animais. É fundamental que as taxas de glicose estejam equilibradas.
Para o ser humano, é essencial a manutenção das taxas de glicose dentro de taxas de normalidade.
A glicemia normal humana (de jejum) está entre 80 e 99 mm/dL (miligramas por decilitro de
sangue). Uma série de hormônios está envolvida no processo de manutenção glicêmica: insulina e
glucagon (produzidos pelo pâncreas) e adrenalina e corticoides (produzidos pelas glândulas
suprarrenais).
Obs.: a cabeça do pâncreas é responsável pela produção de suco pancreático, envolvido no
processo de digestão. Na parte de trás, a cauda do pâncreas, há conjuntos celulares chamados
ilhotas de Langerhans, divididos em células alfa, que produzem o glucagon, e células beta, que
produzem insulina.
No instante em que o organismo está hiperglicêmico, o pâncreas se sensibiliza com a alta taxa de
glicose e libera a insulina, aumentando a permeabilidade das células do fígado à glicose; a
insulina é hipoglicemiante. Ex: quando o humano consome vegetais (macarrão), cheios de amido –
amido é polímero de glicose, o que naturalmente leva a uma hiperglicemia após a digestão (as
taxas chegam a 280 mm/dL).
O glucagon, por sua vez, é liberado pelo pâncreas quando o organismo está hipoglicêmico, para
mobilizar o fígado de modo a liberar glicose para o sangue; é um hormônio hiperglicemiante. Ex:
organismo em jejum. No caso da hipoglicemia de exercícios físicos, o glucagon só reage quando as
reservas de glicogênio do músculo estiverem totalmente esgotadas.
No caso da atividade física, porém, a ação da adrenalina é muito mais notável, por conseguir
mobilizar a glicose muscular (já que a ação do glucagon é meramente hepática). A adrenalina e sua
ação muscular fomenta a liberação de glicídio pelos músculos. Além da adrenalina, na atividade
física são liberados os corticoides, de mesma ação.
Obs.: chama-se a criação (absorção) de glicogênio pelo fígado e pelo músculo de glicogenogênese
(gênese = criação) – podendo ser, pois, hepática ou muscular. Como visto, o hormônio que
estimula a glicogenogênese é a insulina, já que é a partir da hiperglicemia que o hormônio é
liberado para aumentar a permeabilidade das células do fígado e criar as reservas de glicogênio. A
quebra de glicogênio é a glicogenólise (lise = quebra), para liberação de glicose em caso de
redução da taxa de glicose ou demanda das reservas musculares em caso de atividade física. A
glicogenólise é estimulada pelo glucagon.
Obs.2: o organismo humano é capaz de produzir glicose a partir de moléculas de origem não
glicídica, em caso de necessidade de glicose pelo organismo, como, por exemplo, a partir de
lipídios e proteínas. É a chamada gliconeogênese (neo = novo). Quando se realiza atividade física
constante, é porque os lipídios estão sendo transformados em glicose, a ser utilizada pelo músculo.
Quem realiza estes processos são adrenalina e corticoide.

Gliconeogênese é otima, esteticamente!


A glicose que ultrapassa os limites de armazenamento no fígado e no músculo são transformadas
pelo organismo em lipídio (gordura), processo feito pelo fígado, em um trabalho inverso ao da
gliconeogênese. Estudaremos este processo posteriormente.
Assim, o organismo pode transformar lipídio em carboidrato – os hormônios que mais estimulam
este processo são adrenalina e corticoide, liberados com atividade física. Esta adrenalina, uma vez
esgotadas as reservas de açúcar, atinge o tecido adiposo, quebrando a gordura. Esta gordura libera
substâncias rapidamente transformáveis em glicose, a ser utilizada pelo músculo – é a nova
criação de glicogênio nos músculos, proveniente da gordura. Por este motivo, o jejum não é a
forma correta de emagrecimento: lá, o primeiro hormônio a ser liberado é o glucagon, o qual não
ativa a gliconeogênese a partir da gordura, e sim retira as reservas do fígado, o que nada interfere
na estética. O jejum só começa a mobilizar adrenalina e, consequentemente, os lipídios, quando a
taxa de glicemia fica inferior a 50 mm/dL (tremores, desmaios etc.).
2. Lipídios
São moléculas orgânicas apolares e, portanto, hidrofóbicas, com baixo índice respiratório, usadas
como reserva energética. Como visto, o acúmulo de lipídios não é potencialmente prejudicial ao
organismo como o é o acúmulo de glicídios (estes, com afinidade à água, poderiam ser absorvidos
pelas células e levar à explosão, pelo estado de turgência. Não obstante, não são a reserva
energética preferencial pelas células, conforme vimos, por exigir muito O2 para sua queima (baixo
índice respiratório), o que demandaria uma aeração excessiva.
2.1. Classificação
Todo lipídio é formado pela associação de duas moléculas (funções orgânicas): álcool (glicerol ou
colesterol) + ácido carboxílico chamado ácido graxo, que tem mais de 16 átomos de carbono. Os
álcools que podem formar lipídios são o glicerol e o colesterol. A classificação dos lipídios se baseia
no álcool que o compõe.
a) Glicerídeos: são as moléculas mais utilizadas como reserva energética; o tecido adiposo é
fundamentalmente composto por glicerídeos. Os glicerídeos são lipídios que derivam do glicerol.
b) Esteroides: os esteroides são lipídios derivados do colesterol. Esteroides são hormônios sexuais.
c) Fosfolipídeos: também derivam do álcool glicerol.

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