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Introdução á Sociologia

1.1) Ciências sociais e Sociologia


O que é a Sociologia:
- A Sociologia estuda o comportamento da sociedade;
- A realidade social é o objeto de estudo das ciências sociais que, no entanto, se
desdobra em várias ciências sociais a fim de a conhecer melhor e nela intervir.

Objeto de estudo = realidade social

Realidade social:
- conjunto de fenómenos que se produzem e reproduzem na sociedade.
- unidade indivisível e complexa analisada de diferentes perspectivas.
- pluridimensionalidade e interdisciplinaridade.

A unidade e a complexidade do social


- A pluralidade dos ramos das ciências sociais não significa que se possa dividir quer
a realidade social quer os seus fenómenos particulares em compartimentos
perfeitamente separados. Pelo contrário, a realidade social constitui uma unidade
indivisível e complexa, cuja análise pode ser efetuada segundo perspectivas
disciplinares.

- Quando os cientistas sociais se referem à análise histórica ou outra, estão apenas a


usar um recurso linguístico que visa ajudar a compreender uma realidade
pluridimensional, dividindo-a artificialmente de acordo com os seus interesses
disciplinares próprios - sem que, todavia, se deva confundir essa divisão disciplinar
com a realidade social, que é sempre una.

Unidade do social: uma realidade estudada de diferentes perspectivas

A interdisciplinaridade
- Ao tentarmos compreender um fenômeno tomando-o isoladamente dos restantes
factos sociais com os quais interage e do contexto que o envolve e condiciona, está
condenado a sofrer graves limitações.
- Isto será diferente se houver uma investigação conjugada e complementar das
várias ciências sociais ou uma ação interdisciplinar. O que revela mais capaz de
produzir conhecimentos integrados, completos e profundos, mais próximos da
realidade social entendida como uma totalidade.

1.2) Génese e objeto da Sociologia


A formação da Sociologia:
- O surgimento histórico da Sociologia como disciplina científica foi inicialmente
impulsionado pelas profundas transformações da “dupla revolução”, no final do
século XVIII: a Revolução Industrial e a Revolução Francesa. Estes dois processos
revolucionários operaram uma ruptura radical com os modos de vida característicos
das sociedades anteriores, fundando uma nova ordem social - o mundo
contemporâneo.
- Auguste Comte criou o termo “sociologia”;
- Karl Marx e Herbert Spencer, os quais produziram algumas das mais importantes
análises científicas da sociedade do seu tempo, tendo sido precursores da
Sociologia tal como hoje a conhecemos.
- A dobragem do século XIX para XX assinala o início da consolidação da Sociologia
enquanto forma de conhecimento científico.
- Émile Durkheim e Max Weber, destacavam-se enquanto fundadores dos alicerces
teóricos fundamentais da disciplina, influenciando de modo decisivo as gerações
vindouras de sociólogos.

Os factos sociais como objeto da Sociologia:


- Factos sociais forneciam a "matérias-primas" da Sociologia. “maneiras de agir, de
pensar e de sentir exteriores ao indivíduo, e dotadas de um poder coercivo em
virtude do qual se lhe impõem”
- As condutas individuais são determinadas pelos factos sociais que envolvem os
indivíduos, não dependendo da sua vontade. São relativas, variando consoante as
sociedades ou ao longo do tempo dentro da mesma sociedade.

Por exemplo (suicidio):


- Signitivas regularidades sociais a partir da comparação de várias séries de dados
estatísticos, relacionando-as com outros aspectos da sociedade. Deste modo
chegou-se a conclusao de que existem forças sociais externas ao indivíduo que
influenciam as taxas de suicídio

Surgimento da Sociologia:
- “Dupla Revolução”: Revolução Industrial (nível econômico) e Revolução Francesa
(nível político e social). Isto gerou uma ruptura radical com os modos de vida e gerou
o Mundo Contemporâneo.
- Diferentes perspectivas analíticas das profundas mudanças sociais.

Émile Durkheim: (ACABAR)


- Factos sociais:
- maneiras de agir, de pensar e de sentir exteriores do indivíduo.

Max Weber

Introduz o conceito de ação social. Designando a Sociologia como uma ciência


compreensiva e interpretativa, deu primazia à dimensão individual da realidade social
através da análise do sentido que os indivíduos atribuem às suas ações, acentuando o seu
carácter intencional.

Enquanto Durkheim privilegiava as regularidades duradouras que se verificam nos


fenómenos sociais, Weber afirmou o caráter singular e único desde fenômenos,
empenhando-se em compreender e interpretar o sentido da ação social através das suas
configurações históricas.
Forte influência exercida pela estrutura social dos nossos atos e disposições mentais, não
deixamos, porém, de ser indivíduos relativamente autónomos: fazemos escolhas acerca das
nossas condutas, ou seja, atribuímos um certo sentido às nossas ações individuais, que
desencadeamos intencionalmente.

Portugal

A Afirmação da Sociologia enquanto novo campo científico foi um processo tardio, lento e
repleto de obstáculos.

Início da institucionalização da Sociologia no nosso país só na década de 60. Deu-se a


criação do primeiro centro de investigação em ciências sociais (GIS). O regime ditatorial
considerava “incomoda" a análise sociológica da realidade portuguesa, pelo que esta
disciplina se encontrava arredada dos vários níveis de ensino e a profissão de sociólogo era
inexistente.

De 1974 até à atualidade tem conhecido um notável surto de crescimento.

Em suma, a sociologia conseguiu libertar-se de alguns condicionalismos históricos que


sobre ela pesavam e, implantou-se decisivamente na sociedade portuguesa, na dupla
condição de ciência e de profissão.

1.3) Construção do conhecimento científico na Sociologia

Conhecimento científico e conhecimento do senso comum

O ser humano tenta compreender e interpretar a realidade que o rodeia, este


comportamento resultou na construção de um conhecimento prático sobre a realidade, que
lhe permite lidar com os diferentes fenômenos do seu cotidiano e organizar a sua vida
pessoal e social. Este conhecimento é chamado conhecimento do senso comum.

O senso comum é o conhecimento vulgar e prático com que no quotidiano orientamos as


nossas ações e damos sentido à nossa vida.
O conhecimento científico veio pôr em causa muitas das crenças do senso comum. O
mesmo, através da criação e do desenvolvimento de métodos de observação rigorosos e
controlados, permitiu esclarecer as causas de diversos fenómenos naturais e prever e
controlar alguns deles.

Processo de Investigação:
- Analisar cientificamente um fenômeno, rutura com o senso comum e produção do
conhecimento científico (vigilância constante).

Enquanto nas ciências físicas e naturais os objetos de estudo são parcial ou completamente
exteriores ao cientista, nas ciências sociais e humanas o cientista faz parte do seu objeto de
estudo, ele próprio é um ser humano é um ser social.
Exemplo:
- As nossas perspetivas pessoais acerca do ato de copiar em provas de avaliação e a
forma como lidamos com esse mesmo ato podem ser estudadas, compreendidas e
explicadas de forma científica, através do recurso a determinados procedimentos
que estudaremos adiante.

A ruptura com o senso comum

Se considerarmos que o conhecimento do senso comum se baseia no aparente, no


subjetivo e em explicações simplistas, facilmente se percebe que qualquer cientista social
deve ultrapassar estas noções redutoras e procurar ver para além do óbvio, das suas
opiniões pessoais e das ideias preconcebidas que circulam na sociedade sobre os
fenômenos sociais.

O sociólogo deve manter uma atitude de vigilância constante e relativizar o seu


conhecimento prático sobre a realidade durante a produção do conhecimento científico. Não
se trata de uma tarefa fácil, dado que, enquanto atores sociais, todos necessitamos deste
conhecimento prático nas nossas interações. Ele é indispensável à nossa vida pessoal e em
sociedade. De facto, muito do nosso conhecimento do senso comum é baseado em estudos
cujos resultados foram de tal forma divulgados que passaram a integrar aquele
conhecimento. Esta é a razão por que muitas vezes sentimos que os resultados das
pesquisas sociológicas coincidem com as ideias que já tínhamos acerca de determinados
fenômenos sociais.

Conhecimento do senso comum:


- Subjetivo = é pessoal, baseia-se em opiniões
- Espontâneo = surge da informação obtida através dos nossos sentidos, do aparente
- Errático = é construído aleatoriamente ao longo da vida de cada indivíduo
- Ingénuo = é assimilado sem sentido crítico
- Dogmático = acreditamos nele como se tratando de verdades inquestionáveis

Conhecimento científico:

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