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OLHARES PLURAIS E

MULTIDISCIPLINARES NA
PESQUISA E EXTENSÃO

Martha Bohrer Adaime


Liziany Müller
Maria Aparecida Nunes Azzolin
[Organizadores]
Esta obra é de acesso aberto.
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Profa. Dra. Liziany Müller, UFSM.

Prof. Dr. Camilo Darsie de Souza, UNISC.

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Profa. Dra. Francielle Benini Agne Tybusch, UFN.


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(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Índices para catálogo sistemático:


1. Pesquisa e extensão : Ensino superior : Educação: 378.175
Eliete Marques da Silva - Bibliotecária - CRB-8/9380

10.48209/978-65-5417-027-7

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APRESENTAÇAO

Toca o sino, som agudo e insistente, antes mesmo do sol nascer, às 4 horas
da madrugada. Todos os homens saem de seus quartos, compostos apenas por
uma cama e uma escrivaninha, onde a bíblia sagrada descansa solitária. Esses
quartos são chamados de celas. Os homens arrastam-se com seus mantos pesa-
dos, em cadência. Silêncio profundo. Reúnem-se em um grande salão para fa-
zerem suas orações. Rir, conversar, trocar ideias são punidos com rigor, porque
são pecados. Cantos e louvores são proferidos antes mesmo do desjejum. Após
os rituais matutinos, saem para as salas, para começarem os estudos diários dos
livros permitidos pela Igreja. Parece que estou descrevendo uma cena do filme,
“O nome da rosa”, de 1986, realizado a partir do livro do Umberto Eco. Na
verdade, estou descrevendo um dia comum, em uma instituição de ensino na
Idade Média, no Ocidente, no início do século XII. Na Idade Média, a Universi-
dade acontecia dentro dos mosteiros, em vez de professores, tinham-se monges
e estava ligada ao ensino, talvez alguma pesquisa, desde que não contrariasse
os dogmas da fé. Extensão? Nem pensar! O povo não tinha acesso nenhum ao
que acontecia nos mosteiros, não precisam saber ler e o conhecimento que ne-
cessitavam era apenas para o cultivo de produtos para alimentação e criação de
animais, a qual grande parte ia para o sustento dos Mosteiros/Universidades.
Não existia ensino democrático e dialógico. Não existia cidadania. O conheci-
mento era para poucos, e esses poucos, só dispunham de conhecimentos dentro
de uma redoma imposta pela religião.

No Brasil, a primeira universidade nasceu a partir do Decreto 14.343, em


1920, no Rio de Janeiro. Souza (2012, p.51) relata que o surgimento dessa uni-
versidade foi porque necessitavam, por questões diplomáticas, dar o título de
doutor honoris causa ao rei da Bélgica. Então, uniram a Escola Politécnica, a
Escola de Medicina e a Faculdade de Direito, criando a Universidade do Rio de
Janeiro. Brasil! Meu Brasil brasileiro, como cantava João Gilberto. Os motivos
da criação da primeira universidade no país, não foram muito nobres. O “jeiti-
nho brasileiro”, já fazia parte da cultura da nação, mas foi um passo importante
para o ensino superior no país.

Pesquisa, ensino e extensão, três dimensões, que juntas podem fazer so-
nhos tornarem-se realidade, direitos serem assegurados, vidas serem salvas e
inovações criadas. A Constituição Federal promulgada em 1988, trouxe um
novo vento de esperança, assegurando direitos, até então cerceados pela Di-
tadura Militar, iniciada em 1964. A Constituição Cidadã, em seu artigo 207,
estabelece a indissociabilidade entre o ensino, pesquisa e extensão, formando o
tripé que sustenta o Ensino Superior brasileiro até os dias atuais. A lei magna do
país, também assegura que cada segmento tenha “igualdade em tratamento por
parte das instituições de ensino superior, que, do contrário, violarão o preceito
legal”. O e-book Olhares Plurais e Multidisciplinares na pesquisa e extensão,
ora colocado à disposição do público, apresenta algumas possibilidades reais,
onde teoria e prática, pesquisa e extensão, nos presenteiam com exemplos de
práticas que possibilitam transformações, dinamizando a pesquisa e conversan-
do com a comunidade.

A indissociabilidade da pesquisa, ensino e extensão, não pode ser apenas


letras em um papel oficial, ela precisa acontecer na prática. Paulo Freire (1996,
p.32) nos ensina que “não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino”. E
o resultado da pesquisa e do ensino, precisam sair para fora dos pórticos da
universidade, em trabalhos de extensão. A Extensão é um caminho para a uni-
versidade descobrir o mundo e o mundo descobrir que a universidade existe, já
dizia Cristovam Buarque (1989).
Paulo Freire, patrono da Educação brasileira, em seu livro “Ação Cultu-
ral para a liberdade” (2002, p.10) diz que “Estudar é, realmente, um trabalho
difícil. Exige de quem o faz uma postura crítica, sistemática. Exige uma disci-
plina intelectual que não se ganha a não ser praticando-a”. É dessa forma que
possibilitará que cada vez mais o ensino, a pesquisa e a extensão possam estar
em sincronia com o processo de ensino e aprendizagem. Com isso o ensino
se torna mais leve e deixa de ser difícil e pesado. Mas para que isso aconteça
faz-se necessário que a universidade tenha um Projeto Comum, ou seja, vários
caminhos, mas um único propósito: o ensino de excelência, democrático e dia-
lógico. O mesmo autor, que possuía uma mansidão em falar, mas era firme em
defender o direito para cada um e para cada uma, de uma educação equânime,
democrática e cidadã, nos ensinou que mudar é difícil, mas é possível. Por isso
acredito, que este livro que está sendo disponibilizado aos leitores (as), pode
contribuir com exemplos práticos, das dimensões do ensino superior, quais se-
jam, pesquisa, ensino e extensão, sendo percebidos de forma concreta e ativa.

Ciência? Consciência? Pó que a ‘strada deixa


E é a própria ‘strada, sem ‘strada ser.
É absurda a oração, é absurda a queixa.
Resignar(- se) é tão falso como ter.
Coexistir? Com quem, se estamos sós?
Quem sabe? Sabe o que é ou quem são?
Quantos cabemos dentro de nós?
Ir é ser. Não parar é ter razão.
Segue o poema [Qualquer caminho leva a toda parte] de Fernando pes-
soa (In  Pessoa, QUALQUER CAMINHO LEVA A TODA PARTE [ Fernando
Pessoa ]ando. Poesia. 1918 - 1930. Fernando Pessoa: edição Manuela Parreira
da Silva, Ana Maria Freitas, Madalena Dine. São Paulo: Companhia das Letras,
2007, p. 87-88):

Na formação de um mundo melhor, os educadores estão


com a força da sua esperança, crendo que, na marcha das
gerações, se irá operando uma transformação lenta, mas
segura de ideologia dos homens e dos povos, aproximando-
-se de uma condição mais perfeita, num mundo mais feliz.
SUMÁRIO

CAPITULO 1

A TESSITURA DA INTERDISCIPLINARIDADE E DA INOVA-


ÇÃO COMO O FUTURO NA PESQUISA, NO ENSINO E NA
EXTENSÃO: A REFLEXÃO DA TRANSFORMAÇÃO PHY-
GITAL E DAS TENDÊNCIAS IMERSIVAS NOS PROJETOS
EXTENSIONISTAS...............................................................................11

Antonio Aparecido de Carvalho


Neli Maria Mengalli
Reginaldo Braga Lucas
doi: 10.48209/978-65-5417-027-1

CAPITULO 2

A EXTENSÃO COMO ESTRATÉGIA DE FORMAÇÃO EM


ARTES CÊNICAS NA UNIFESSPA ............................................34

Renan Lucas Israel Nascimento da Silva


doi: 10.48209/978-65-5417-027-2

CAPITULO 3

BEETHOVEN, DARWIN E FREUD: INFLUÊNCIAS DA VIENA


FIM-DE-SIÈCLE NA POÉTICA DE GUSTAV KLIMT ...........53

Nathalia Magdalena Uliana Gomes


doi: 10.48209/978-65-5417-027-3
CAPITULO 4

TE MOVE: PELAS ONDAS DE RÁDIO INOVANDO NA


EDUCAÇÃO...............................................................................64

Maria Aparecida Azzolin


doi: 10.48209/978-65-5417-027-9

SOBRE AS ORGANIZADORAS.....................................................81

SOBRE OS AUTORES......................................................................84

10
Olhares plurais e multidisciplinares na pesquisa e extensão

A TESSITURA DA INTERDISCIPLINARIDADE E DA INOVAÇÃO COMO O FUTU-


RO NA PESQUISA, NO ENSINO E NA EXTENSÃO: A REFLEXÃO DA TRANSFOR-

CAPÍTULO 1
MAÇÃO PHYGITAL E DAS TENDÊNCIAS IMERSIVAS NOS PROJETOS EXTEN-
SIONISTAS

Antonio Aparecido de Carvalho


A TESSITURA DA INTERDISCIPLINARIDADE
Neli Maria Mengalli
E DA INOVAÇÃO COMO O FUTURO NA
Reginaldo Braga Lucas
PESQUISA, NO ENSINO E NA EXTENSÃO:
Introdução
A REFLEXÃO DA TRANSFORMAÇÃO
PHYGITAL E DAS TENDÊNCIAS IMERSIVAS
Lê-se a respeito de interdisciplinaridade, de inovação e de experiências exitosas no ensino su-
perior ou da necessidade desses elementos estarem contidos no ensino, nas pesquisas ou nas
NOS PROJETOS EXTENSIONISTAS
atividades e nas ações extensionistas. Inovação e experiências exitosas são marcadas como possi-
bilidades de qualidade nos cursos ou nas instituições.

A tessitura da interdisciplinaridade comAparecido


Antonio a inovação édecerzida com o elemento futuro que é uma
Carvalho
referência a partir do passado e do presente. Do passado, porque tem os dados e as informações
Neli Maria Mengalli
para as análises e para as interpretações e, do presente, pois o planejamento pode ser modificado
para o futuro desejado. Reginaldo Braga Lucas
Em relação ao futuro, a lembrança do conto A Christmas Carol, de Charles Dickens, foi trazida à
Doi: 10.48209/978-65-5417-027-1
tona na obra traduzida de Senge (2013, p. 188) com a escrita que o futuro que ocorrerá se ele
[Ebenezer Scrooge] continuar no caminho atual. É então que ele acorda. Ele percebe que não é
prisioneiro dessas realidades. Percebe que tem outras opções. Ele opta por mudar, afinal, no pre-
Introdução
sente, é possível analisar o passado e corrigir os processos e os encaminhamentos dados.

No contexto do capítulo, tem-se a reflexão a respeito da transformação phygital e das tendências


Lê-se a respeito de interdisciplinaridade, de inovação e de experiências
imersivas nos projetos de extensão universitária. Na transformação, tem-se pessoas, paradigmas,
processos e,
exitosas nonoensino
phygital,superior
tem-se a junção
ou da do físico com o digital,
necessidade dessesmas como a palavra
elementos é herança
estarem da
conti-
língua inglesa, o físico é physical.
dos no ensino, nas pesquisas ou nas atividades e nas ações extensionistas. Ino-
Desde o início dos anos 90, do século XX, com a popularização da rede mundial de computadores
vação e experiências
e com a globalização, exitosas são
as possibilidades marcadas
digitais como
crescem em possibilidades
relevância decidadãos
para os (ciber) qualidade
que
viviam no ciberespaço que Lévy (1999, p. 27) escreveu como o suporte da inteligência coletiva
nos cursos ou nas instituições.
[...] uma das principais condições de seu próprio desenvolvimento, logo, considera-se as pessoas
que compartilham informações, dados e o conhecimento explicitável ou (co) criam com outras

11
Olhares plurais e multidisciplinares na pesquisa e extensão

pessoasAe,tessitura da interdisciplinaridade
com o advento com a inovação
das chamadas novas tecnologias, é cerzida
a escalabilidade com
aumentou. o ele-
mento futuro
As mudanças que é uma
de paradigma referência
devem a partir
ser escritas do passado
e este capítulo é uma epossibilidade
do presente. Do pas-
de pensar nos
documentos oficiais das instituições de ensino superior para evidenciar as inovações na pesquisa
sado, porque tem os dados e as informações para as análises e para as interpre-
e no ensino, assim como registrar as práticas exitosas a fim de evidenciar a qualidade máxima
tações e,edo
que existe quepresente,
é praticadapois o planejamento
na instituição. Os projetospode ser modificado
extensionistas costumampara o futuro
ser inovadores,
porém como escrever ou registrar, muitas vezes, fica na memória e na oralidade docente, discente
desejado.
e da comunidade do entorno.

Em relação
Foram lidos ao futuro,
muitos artigos a lembrança
a respeito do projetos
de inovação nos conto “A Christmas
de extensão Carol”, nos
universitária, de
trabalhos foram vistas inúmeras definições do que seria o conceito de inovação. Pode-se afirmar
Charles Dickens, foi trazida à tona na obra traduzida de Senge (2013, p. 188)
que alguns princípios são trazidos da indústria e da área de negócios. Neste capítulo pretende-se
com a escrita
enfatizar que oa pesquisa
que o ensino, “futuro eque ocorrerá
a extensão se ele [Ebenezer
universitária Scrooge]
não se dissociam continuar
e que juntos trans-
formam culturalmente, economicamente e socialmente as comunidades que estão vinculadas às
no caminho atual. É então que ele acorda. Ele percebe que não é prisioneiro
instituições de ensino superior por meio de polos que estão no país e de polos internacionaliza-
dessas realidades.
dos, ou seja, Percebe
são abertos que
polos em tempaíses
outros outras
paraopções.
estudantesEleque
opta por mudar”,
residem em outros afinal,
territó-
rios e para alunos que se interessam pelos cursos.
no presente, é possível analisar o passado e corrigir os processos e os encami-
A indissocialização é uma realidade, assim como os desafios da interdisciplinaridade e da inova-
nhamentos
ção na Ciência,dados.
contudo existem elementos que ainda precisam ser desvelados para interligar a
interdisciplinaridade na inovação nas instituições de ensino superior. As práticas interdisciplinares
rompem No contexto
padrões, do ecapítulo,
hábitos costumes tem-se a reflexão
para a (co) a respeito
criação e para a produçãoda de
transformação
conhecimento
conjunto. Aeinteligência
phygital é coletiva
das tendências e deve mitigar
imersivas as fragmentações
nos projetos para a formação
de extensão integralNa
universitária. de
pessoas que tomam decisões estratégicas.
transformação, tem-se pessoas, paradigmas, processos e, no “phygital”, tem-se
O presente e o futuro nas transformações phygitais nas atividades extensionistas, no ensino e na
apesquisa
junçãosão
doreferências
físico com parao muitas
digital, mas como
conversas a palavra
com os é herança
diversos atores da língua
na instituição, vistoingle-
que a
qualidade,
sa, a inovação
o físico e as práticas exitosas estão nos projetos presentes e serão conhecidas por
é “physical”.
avaliadores internos e externos, no futuro precisam estar convergentes com o propósito, com a
missão,Desde
a visão eoos valoresdos
início institucionais
anos 90,no douniverso
séculovolátil,
XX, incerto,
com a complexo e ambíguo.
popularização da rede
Os elementos
mundial dos projetos de extensão
de computadores e com adevem ter relação as
globalização, com a volatilidade, com
possibilidades a incerteza,
digitais cres-
com a complexidade e com ambiguidade nas mais diferentes tendências imersivas em termos
cem em relevância
tecnológicos. para das
As possibilidades os (co)
(ciber) cidadãos
criações que viviam
devem interligar polos eno ciberespaço
outras que
instituições para
a qualidade
Lévy nas p.
(1999, práticas pedagógicas
27) escreveu e andragógicas.
como o suporte da inteligência coletiva [...] “uma
das principais condições de seu próprio desenvolvimento”, logo, considera-se
Ensino, Pesquisa e Extensão Universitária são Indissociáveis
as pessoas que compartilham informações, dados e o conhecimento explicitá-
vel ou (co) criam com outras pessoas e, com o advento das chamadas novas
As pesquisas e as aulas cumprem a função social na extensão universitária e na indissociabilidade
tecnologias, a escalabilidade aumentou.
do tripé: ensino, pesquisa e extensão, que está articulado com as políticas públicas educacionais
e com as políticas da instituição. O cumprimento das legislações são verificados em instrumentos

12
Olhares plurais e multidisciplinares na pesquisa e extensão

As mudanças
de avaliação institucionalde paradigma
e de devemque,
cursos. Percebe-se sernos
escritas e esteoficiais
documentos capítuloe nosémateriais
uma pos- de
divulgação, as ações são evidenciadas.
sibilidade de pensar nos documentos oficiais das instituições de ensino superior
Em 2019, a Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP, registrou que realizou, em 2015, a pro-
para evidenciar as inovações na pesquisa e no ensino, assim como registrar as
moção da igualdade racial e do combate ao racismo. Planejou-se em âmbito nacional, com a cria-
práticas
ção do seu exitosas a fim de
Núcleo de Estudos evidenciar colocando
Afro-Brasileiros, a qualidade máxima
a instituição que existe
em sintonia e marcos
com os que é
legais que regulamentam o tema para as atividades meio e fim no ensino superior (GARCIA, 2019,
praticada na instituição. Os projetos extensionistas costumam ser inovadores,
p. 25). A ação extensionista teve início na sala de aula com o ensino.
porém, como
Como ensino e aescrever
pesquisa, aou registrar?
extensão Muitasprecisa
universitária vezes,ser
fica na memória
o modo e na
de inserção oralida-
social com a
aproximação
de da instituição
do docente, de ensino
do discente e dasuperior com a sociedade.
comunidade A transformação social, econô-
do entorno.
mica e cultural ocorre nas sedes e nos polos que podem estar próximos ou distantes, inclusive,
Foram
em outros lidos muitos artigos a respeito de inovação nos projetos de exten-
países.

são universitária,
Gandolfi et al. (2018, p.nos
92) quais foram
perceberam constatadas
e escreveram váriasquedefinições
em artigo acerca
a relação com do que
a comunidade
era caráter fundamental para a renovação da academia a partir da inclusão mútua entre o saber
seria o conceito de inovação. Pode-se afirmar que alguns princípios são trazi-
popular e o saber acadêmico gerando proposta de pertencimento, ou seja, a transformação social
dos da indústria
e cultural a partir deeprojetos
da áreaque
de visam
negócios. Neste
processos capítulo pretende-se
de transformação e de (auto)enfatizar que
transformação
dos atores participantes.
o ensino, a pesquisa e a extensão universitária não se dissociam e que juntos
O desenvolvimento social costuma ocorrer a partir do conhecimento prévio e sem preconceitos
transformam culturalmente, economicamente e socialmente as comunidades
para não macular as culturas, apenas com o compartilhamento dos saberes para a resolução dos
que estãoverificados.
problemas vinculadas É aàs instituições
cultura de ensino
da comunidade superior nas
que predomina porações
meioextensionistas.
de polos que As
pessoasno
estão buscam
país ae mudança,
de polosneste sentido a instituição oferta
internacionalizados, o que
ou seja, desenvolveu
são nas pesquisas
abertos polos em ou-e
no ensino nas salas de aulas ou nos sistemas de gestão de aprendizagem.
tros países para estudantes que residem em outros territórios e para alunos que
A aproximação dos pesquisadores com a comunidade pode ser feita por projetos coordenados
se
pelointeressam pelos
corpo docente cursos.
e pelo corpo técnico-administrativo. O suporte técnico e material costuma
ser feito pela instituição por meio da Pró-Reitoria de Extensão que divulga, que trata os dados do
cadastroAcom
indissocialização
base na Lei Geral é
deuma realidade,
Proteção de Dadosassim como
e certifica os desafios Algumas
os participantes. da interdis-
ativi-
ciplinaridade e dasão
dades extensionistas inovação naeditais
oriundas de Ciência, contudo existem elementos que ainda
de financiamento.

precisam ser desvelados


Os financiamentos podem serpara interligar
externos a interdisciplinaridade
ou internos, as ações extensionistasnaenvolvem
inovação nas
investi-
mento para o atendimento à comunidade e para o desenvolvimento local ou regional. Lacerda
instituições de ensino superior. As práticas interdisciplinares rompem padrões,
(2014, p. 9) escreveu no trabalho apresentado no III Congresso Internacional de Ciência, Tecnolo-
hábitos e costumesque,
gia e Desenvolvimento paranaabase
(co)docriação
processoe de
para a produção da
desenvolvimento deeconomia,
conhecimento con-a
nota-se que
importância da valorização do ensino dentro de um esforço conjunto de integrar, cada vez mais,
junto. A inteligência é coletiva e deve mitigar as fragmentações para a forma-
a universidade em sua região com uma relação mútua de benefícios, isto é, a instituição age no
ção
local integral de para
ou no região pessoas que tomam
a transformação decisões
econômica estratégicas.
e para a melhoria da vida de pessoas físicas e
jurídicas e tem o retorno com o conhecimento construído com a comunidade.
O presente e o futuro nas transformações phygitais nas atividades exten-
Ainda que existam dificuldades orçamentárias para as atividades de extensão, como evidenciou o
sionistas, no ensino eFederal
ex-reitor da Universidade na pesquisa
da Bahia esão referências
Universidade para
Federal do muitas conversas
Sul da Bahia, com
Naomar de Al-
meida Filho, em entrevista para a Revista Entreteses, que com o tripé acadêmico é possível mitigar

13
Olhares plurais e multidisciplinares na pesquisa e extensão

osdesequilíbrio
o diversos atores na entre
financeiro instituição,
as verbasvisto
para aque a qualidade,
pesquisa, a inovação
o investimento e as
no ensino práticas
e orçamento
para a extensão universitária com os esforços dos diferentes atores na instituição (CARNAÚBA,
exitosas estão nos projetos presentes e serão conhecidas por avaliadores in-
2019, p. 6).
ternos e externos, no futuro. Tais projetos precisam estar convergentes com o
Inovar socialmente requer aplicações de dinheiro em pesquisas para que o conhecimento científi-
propósito, com a missão, a visão e os valores institucionais no universo volátil,
co beneficie a comunidade local ou regional com o desenvolvimento econômico, social e cultural.
incerto, complexo
Furlan et al. e ambíguo.
(2021), pretenderam propor um modelo a ser tomado como referência e revelar o
protagonismo da academia com a instituição de ensino superior como responsável para o estí-
mulo deOs elementos
ações dos projetos
empreendedoras de extensão
e inovadoras para que asdevem ter relação
transformações sociaiscom a vola-
e econômicas
tilidade,com
ocorram com a incerteza,
a utilização com inovadoras.
de interfaces a complexidade e com ambiguidade nas mais
diferentes
As atividadestendências imersivas
extensionistas em termos
se integram à matriztecnológicos.
curricular e à As possibilidades
organização das
da pesquisa,
constituindo-se
(co) criaçõesem processo
devem interdisciplinar,
interligar polospolítico educacional,
e outras cultural,
instituições paracientífico, tecnológico,
a qualidade nas
que promove a interação transformadora entre as instituições de ensino superior e os outros
práticas pedagógicas e andragógicas.
setores da sociedade com a produção e a aplicação do conhecimento que precisa estar articulada
com o ensino e com a pesquisa (Brasil, 2018).
Ensino, pesquisa e extensão universitária são
Na legislação, a articulação entre a extensão universitária, a pesquisa e o ensino, caso os cursos
indissociáveis
superiores sejam ofertados na modalidade a distância, as atividades extensionistas devem ocorrer
na região do polo de apoio presencial, no país ou no exterior, precisam ser presencial, salvo em
caso deAs
crise sanitária, como
pesquisas ocorreucumprem
e as aulas a necessidade do distanciamento
a função social. As instituições
social na extensão universitá-de
ensino superior podem regulamentar de acordo com a oferta do curso. A mobilidade interinstitu-
ria e na indissociabilidade do tripé: ensino, pesquisa e extensão, que está arti-
cional entre os discentes e os docentes está prevista quando houver parcerias entre instituições.
culado com as políticas públicas educacionais e com as políticas da instituição.
O cumprimento das legislações é verificado em instrumentos de avaliação ins-
Os Desafios da Interdisciplinaridade e da Inovação na Ciência
titucional e de cursos. Percebe-se que, nos documentos oficiais e nos materiais
de divulgação, as ações são evidenciadas.
No processo educacional, com caráter cultural e científico, está a extensão universitária com
Ema2019,
ações com a Universidade
comunidade Federal
interna e externa de São Paulo
da instituição. - UNIFESP,
Nos projetos, registrou que
está o compartilhamento
do conhecimento
realizou, vinculado
em 2015, ao ensino e às
a promoção dapesquisas
igualdade desenvolvidas.
racial e do A realidade
combate da ao
comunidade
racismo.é
transformada com as ações extensionistas, logo, a responsabilidade social e cultural da instituição
Planejou-se em âmbito nacional, “com a criação do seu Núcleo de Estudos
é efetivada.
Afro-Brasileiros, colocando a instituição em sintonia com os marcos legais que
O respeito à diversidade, à sustentabilidade e aos direitos humanos é regido por legislação e
regulamentam o temaabertas
efetivado em atividades para as atividades
para a populaçãomeio e fim no ensino
em atendimento, superior”
em cursos (GAR-
de atualização,
CIA, 2019, p. 25). eDestaca-se
em aperfeiçoamentos quepara
em qualificação essaasação iniciou
pessoas na sala de
da comunidade de aula
modocom o ensi-
presencial ou
online.
no, logo, a ação extensionista estava indissociável com o ensino.
Sangiogo, Kohn e Freitas (2022, p. 69), enfatizam que após a análise dos projetos de extensão,
Entende-se
verificaram que
que eles [os a extensão
projetos] utilizamuniversitária precisaentre
do trabalho cooperativo ser odiscentes
modo eda inserção
docentes dos
cursos da unidade, como maneira de produzir um elo com a comunidade e assim contribuir na
social com a aproximação da instituição de ensino superior com a sociedade.
construção, troca e/ou difusão do conhecimento, ou seja, os atores sociais interagiram de modo

14
Olhares plurais e multidisciplinares na pesquisa e extensão

A transformação
(co) social, econômica
operativo e relacionou-se e cultural
a área de Química ocorre
no contexto nas sedes e
da comunidade. nos polos que
Os atoresestar
podem próximos
sociais, ou de
no contexto distantes,
atividadesinclusive, em modificam
extensionistas, outros países.
hábitos, transformam o
pensar e o agir da comunidade em processos contínuos de (re) modelações de paradigmas nas
salas deGandolfi et aulas
aulas ou nas al. (2018,
online. Ap.reflexão
92) perceberam e escreveram,
está na pesquisa que evidencia em artigo, “que
o desenvolvimento
contínuo de melhoria para a qualidade de vida das pessoas direta ou indiretamente.
a relação com a comunidade era caráter fundamental para a renovação da aca-
Os desafios, no processo de indissocialização do tripé acadêmico e de planejamento e de execu-
demia a partir da inclusão mútua entre o saber popular e o saber acadêmico
ção do projeto, têm elementos novos e antigos no viés formativo. Segundo Gonçalves (2015, p.
gerando
1231), são proposta de pertencimento”,
também indissociáveis ou seja,Interdisciplinaridade
- Interação Dialógica, a transformação esocial e cultural
Interpessoalidade,
[...] Impacto
a partir de na Formação
projetos dovisam
que Estudante e Impactode
processos e Transformação
transformação Social e está
e de de acordo
(auto) com
transfor-
o Fórum Nacional de Pró-Reitores de Extensão das Instituições de Ensino Superior Públicas
mação dos
Brasileiras atores participantes.
- FORPROEX.

No desafio referente à interdisciplinaridade, Oliveira et al. (2021, p. 397) escreveram que a narra-
O desenvolvimento social costuma ocorrer a partir do conhecimento pré-
tiva de interdisciplinaridade mostra-se de difícil operacionalização em um contexto marcado pela
vio e sem preconceitos
especialização e fragmentaçãopara não macular
do conhecimento as culturas,
científico, apenas
desta forma, com oconcluem
os autores comparti-
que
a problemática pode estar na rede de pesquisadores e nas instituições. O diálogo entre as áreas é
lhamento dos saberes para a resolução dos problemas verificados. É a cultura
necessário, os atores sociais estão aprendendo a fazer.
da comunidade que predomina nas ações extensionistas. As pessoas buscam a
Entretanto, o constante aprendizado deve ser evidenciado em mudanças de atitudes e de com-
mudança e, No
portamentos. nesse sentido,
artigo a instituição
de D’Ambrosio (2011, p. oferece
6), tem-seoque:
queadesenvolveu nas pesqui-
gaiola que hospeda a ciência
moderna tem a forma de um tripé: [...] a lógica aristotélica, [...] o determinismo newtoniano e
sas e no ensino nas salas de aulas, ou ainda, nos sistemas de gestão de aprendi-
[...] sistemas formais [...], logo, o fundamento da territorialização está presente no momento da
zagem.
aula, mas tem as relações de causas e efeitos, as normas, as implicações, as relações sociais e as
teorias ou leis em conhecimentos consagrados na (des) territorialização. O social, a inovação e a
A aproximação
cientificidade estão em umdos pesquisadores
mesmo contexto. com a comunidade pode ser feita por
projetos
A coordenados
interdisciplinaridade pelo corpo
e a inovação fazemdocente e pelo
parte da (des) corpo técnico-administrativo.
territorialização e são estruturas para as
mudanças de paradigmas na constante ruptura de narrativas que ocorrem na produção do conhe-
O suporte técnico e material costuma ser feito pela instituição por meio da
cimento científico na academia. Nos sistemas socioeconômicos e socioecológicos, as abordagens
Pró-Reitoria
teóricas denas
e práticas, Extensão que áreas,
mais diferentes divulga, que trata
se completam e oos dadosnodo
exercício, cadastro com
desenvolvimento de
novas competências e de habilidades que envolvem a interdisciplinaridade e a inovação, está na
base na Lei Geral de Proteção de Dados e certifica os participantes. Algumas
criação e (co) criação de modos de governança acadêmica em relação aos mais diferentes inte-
atividades extensionistas são oriundas de editais de financiamento.
resses.

No curto prazo, a gestão é da inovação incremental para o aperfeiçoamento dos processos e dos
Os financiamentos podem ser externos ou internos, as ações extensio-
serviços. Na gestão de médio prazo, tem-se a inovação radical para a mudança de paradigmas nas
nistas envolvem
pessoas, investimento
na criação de para
novos processos e deoserviços.
atendimento à comunidade
A inovação disruptiva, paraeo para
longo oprazo,
de-
envolve os processos tecnológicos para as soluções dos problemas existentes nas questões de
senvolvimento local ou regional. Lacerda (2014, p. 9) escreveu no trabalho
ensino, de pesquisa e de extensão universitária.
apresentado no III Congresso Internacional de Ciência, Tecnologia e Desenvol-
Sangiogo, Kohn e Freitas (2022, p. 65-66), estabeleceram que inovação era sinônimo de renova-
vimento
ção, e nesseque, “nao estudo
sentido, base do processo
refutou, atravésde
dadesenvolvimento da economia,
revisão de literatura, alguns nota-se
conceitos como mu-

15
Olhares plurais e multidisciplinares na pesquisa e extensão

que a mudança
dança, importância da valorização
inovadora, do ensino
mudança progressiva, dentroplanejada
mudança de um esforço
e processoconjunto
de mudança,de
logo, as inovações, no curto, no médio e no longo prazo, devem ocorrer na organização do currí-
integrar, cada vez mais, a universidade em sua região com uma relação mútua
culo educacional prescrito, emergente e real, nas abordagens, nas metodologias, nos métodos e
nas benefícios”,
de técnicas para o isto é,eapara
ensino instituição age nonos
a aprendizagem, local ou nadisciplinares
materiais região para a transforma-
e multidisciplinares,
nas avaliações, na tecnologia como estratégia e nas relações entre os diferentes participantes do
ção econômica e para a melhoria da vida de pessoas físicas e jurídicas e tem o
processo científico.
retorno com o conhecimento construído com a comunidade.
Silva et al. (2021, p. 159), afirmam que o termo inovação rompe conceitos e práticas preestabeleci-
das, influenciando como as pessoas se comportam e aprendem, assim, os desafios, no atendimen-
Ainda que existam dificuldades orçamentárias para as atividades de ex-
to das necessidades ou nos diagnósticos desvelados na pesquisa, as soluções criadas e (co) criadas
tensão, como
são para as evidenciou
oportunidades o ex-reitor
de transformar da Universidade
a comunidade Federaluniversais.
para os contextos da Bahia e Uni-
versidade Federal do Sul da Bahia, Naomar de Almeida Filho, em entrevista
para a Revista
O Presente Entreteses,
e o Futuro que comPhygital
da Transformação o tripé acadêmico é possível mitigar o dese-
quilíbrio financeiro entre as verbas para a pesquisa, o investimento no ensino e
orçamento para a extensão universitária com os esforços dos diferentes atores
A interdisciplinaridade e a inovação estão na transformação que é considerada phygital, logo, a
na instituição
revisão (CARNAÚBA,
dos paradigmas educacionais 2019, p. 6).
e científicos inclui a web 3.0 e os mundos imersivos, afinal a
(ciber) sociedade emergente está presente nas instituições de ensino superior.
Inovar socialmente requer aplicações de dinheiro em pesquisas para que
A escalabilidade com a web 3.0 e o phygital são elementos do estar junto virtual, proposto por
oValente
conhecimento científico
(2005, p. 85), que parabeneficie
o processo adecomunidade
construção delocal ou regional
conhecimento com o de-
por intermédio de
meios para a comunicação
senvolvimento gere umsocial
econômico, alto grau de interação
e cultural. entre professor
Furlan e alunos,
et al. (2021), que estão em
pretenderam
espaços diferentes, contudo a transposição do presencial ou o híbrido para as representações grá-
“propor um modelo a ser tomado como referência e revelar o protagonismo
ficas ou holográficas de pessoas não pode ocorrer sem a mudança de paradigma quanto à técnica
da
e aosacademia” com a instituição de ensino superior como responsável para o
recursos computacionais.

estímulo de ações
Destaca-se que empreendedoras
a tecnologia e inovadoras
é entendida como para
estratégia, que que Silva
segundo as transformações
(2001, p. 839), os
recursos computacionais contribuem fortemente para condicionar as estruturas - a ecologia - das
sociais e econômicas ocorram com a utilização de interfaces inovadoras.
sociedades, no ensino, na pesquisa e na extensão universitária, existe a contribuição sine qua non
para a existência das tomadas
As atividades de decisõesse
extensionistas estratégicas
integrampara a transformação
à matriz curricular dos
e àcontextos e para
organização
a mitigação das desigualdades com a equivalência.
da pesquisa, constituindo-se em processo interdisciplinar, político educacional,
Não pode ocorrer o que o Professor José Armando Valente relatou para Gomes (2020) na entrevis-
cultural, científico, tecnológico, que promove a interação transformadora entre
ta intitulada “A Tecnologia não é bem Explorada na Educação” e publicada no Jornal “O Estado de
as
Sãoinstituições de ensino
Paulo”, a respeito superior
da utilização e os outros
de softwares setores
e hardwares [...]da
umsociedade com aaprodu-
puxadinho, usando própria
dinâmica da sala de aula, com o aluno olhando um quadro durante quatro horas. Esperavam que
ção e a aplicação do conhecimento que precisa estar articulada com o ensino e
o estudante fosse ficar olhando a tela por quatro horas, como dito, um absurdo que não pode
com
existir anas
pesquisa
dinâmicas(Brasil, 2018).
educacionais phygitais.

Tem-se que as equipes multidisciplinares e os atores envolvidos precisam conhecer e saber uti-
Na legislação a articulação entre a extensão universitária, a pesquisa e o
lizar as plataformas, os softwares, a inteligência artificial e os outros recursos avançados, como
ensino, caso
multiversos, comos cursos superiores
metaversos sejam
e aplicações com oferecidos
realidades virtuaisnae aumentadas.
modalidadeNoeducação a
presente, de

16
Olhares plurais e multidisciplinares na pesquisa e extensão

distância,
acordo com deve ocorrer
o professor, presencialmente
as tecnologias não estãona região
sendo do poloexploradas
devidamente de apoio,nas
noatividades
país ou
educacionais.
no exterior, salvo em caso de crise sanitária que exija o distanciamento social.
A transposição do presencial para o phygital tem de ocorrer baseada nos princípios da educação
As instituições de ensino superior podem regulamentar de acordo com a oferta
5.0 e da (ciber) educação e com a devida compreensão de que o smartphone é um dispositivo
do curso.
móvel A mobilidade
que contempla interinstitucional
o digital, entrecom
a combinação do físico os discentes e osjustaposição,
o digital é uma docentes estánão
de palavras, mas de dimensões das vidas dos atores participantes das atividades acadêmicas de
prevista quando houver parcerias entre instituições.
modo que as vivências e as experiências estejam presentes e façam sentido para o pessoal e para
o profissional sem improvisos ou incômodos para a adaptação na transição.
Os desafios da interdisciplinaridade e da inovação
O artificial na transição do presencial para o phygital não corrobora para as mudanças de
na ciênciaou seja, não é mais possível verificar o que se faz no presencial para fazer no
comportamento,
digital. A importância da inovação para a adaptação às novas demandas é grande e precisa estar
nos documentos oficiaiseducacional,
No processo da instituição, incluindo a experiência
com caráter doseusuários
cultural nos canais
científico, estáespecíficos
a exten-
para o processo educacional.
são universitária com ações com a comunidade interna e externa da instituição.
A oferta de soluções para os participantes do processo educacional requer preparo dos diversos
Nos projetos, está o compartilhamento do conhecimento vinculado ao ensino e
agentes nas instituições de ensino superior. A comunidade precisa de alternativas mais práticas,
às
compesquisas desenvolvidas.
apresentações intuitivas e queAsejam
realidade da para
eficientes comunidade
solucionar éastransformada com
demandas sociais, as
cultu-
rais ou econômicas. A adaptação envolve pessoas, tal qual a acomodação.
ações extensionistas, logo, a responsabilidade social e cultural da instituição é
Segundo Park e Burgess (2014, p. 134), na adaptação, as modificações são orgânicas e são trans-
efetivada.
mitidas biologicamente; enquanto o termo acomodação é usado com referência às mudanças de
hábito, O respeito
que à diversidade,
são transmitidos, à sustentabilidade
ou podem e aos direitos humanos
ser transmitidos, sociologicamente, isto é, sob aé forma
regi-
de tradição social. Destaca-se que, no contexto do capítulo, a adaptação é a modificação com o
do por legislação e efetivado em atividades abertas para a população em atendi-
aprendizado para o ajustamento funcional.
mento, em cursos de atualização, em aperfeiçoamentos e em qualificação para
A adaptação ao phygital tem foco na adaptação que corresponde aos ajustes funcionais para as
as pessoas
pessoas da comunidade
e na adaptação estruturaldepara
modo presencial
as instituições, ouasonline.
após adaptações, deve-se investigar se
a acomodação é o resultado mais coerente, inovativo e exitoso para a adaptação no sistema de
Sangiogo,
gestão do Kohn
aprendizado e Freitas
que ocorre (2022,
de modo p. 69),
phygital, istoenfatizam que após
é, se as mudanças a análise
funcionais dos
e estrutu-
projetos de extensão,
rais foram efetuadas verificaram
com sucesso que elesde[os
ou se precisarão (re)projetos]
modelagem“utilizam
quanto ao do trabalho
problema que
se soluciona. A abertura de diálogo é essencial para mitigar adaptações no projeto.
cooperativo entre discentes e docentes dos cursos da unidade, como maneira
A Comissão Própria de Avaliação pode mensurar a qualidade das adaptações e das acomodações
de produzir um elo com a comunidade e assim contribuir na construção, troca
com instrumentos e evidenciar para o corpo diretivo os resultados. Enfatiza-se que os contextos
e/ou difusão
culturais dodevem
e sociais conhecimento”,
ser respeitados,ou seja, osdescrição
conforme atores de
sociais interagiram
Breternitz de modo
(2021, p. 168): não há
construção
(co) de novos
operativo conhecimentos se
e relacionou-se estes de
a área nãoQuímica
considerarem
no os saberes da
contexto da população
comunidade. e suas
realidades culturais, tampouco a phygitarização dos sitemas não pode minimizar a cultura e a
sociedade
Os daatores
comunidade. As no
sociais, atividades da extensão
contexto universitária
de atividades estão próximas modificam
extensionistas, das dores do
outro e, em alguns casos, podem tocar pontos sensíveis.
hábitos, transformam o pensar e o agir da comunidade em processos contínuos
de (re) modelações de paradigmas nas salas de aulas ou nas aulas online. A re-

17
Olhares plurais e multidisciplinares na pesquisa e extensão

flexão
O Pensarestá na pesquisa
Projetos queExtensão
Phygitais na evidencia o desenvolvimento contínuo de melhoria
Universitária

para a qualidade de vida das pessoas direta ou indiretamente.


A cultura e o social são bases para os projetos. O econômico, na maioria dos casos, deve ser moti-
Os desafios, no processo de indissocialização do tripé acadêmico e de
vo de intervenção com a vontade de inovar para a comunidade e para a instituição que propõe a
planejamento e de
ação ou a atividade execuçãopara
extensionista do que,
projeto, têm elementos
no resultado novos
e na avaliação, seja epossível
antigos no viés
verificar em
que medida houve o êxito com a criatividade e com a (co) criação.
formativo. Segundo Gonçalves (2015, p. 1231), “são também indissociáveis
A partir de 2023, a carga horária total, 10%, para todos os cursos é direcionada para as atividades
- Interação Dialógica, Interdisciplinaridade e Interpessoalidade”, [...] Impacto
de extensão. As ações extensionistas podem mitigar a evasão, a redução da inadimplência e pro-
na Formação
piciar a captaçãodo Estudante
de mais e Impacto
estudantes, e Transformação
entretanto Social”
o perfil dos egressos e estáser
deve sempre deverificado
acordo
no
com mercado
o Fórumem constante
Nacionaltransformação,
de Pró-Reitores inclusive o phygital. Os
de Extensão dasformatos podemde
Instituições serEnsino
cursos,
oficinas ou prestação de serviços comunitários com ou sem parcerias interinstitucionais.
Superior Públicas Brasileiras - FORPROEX.
A presença dos acadêmicos precisa ser garantida e assegurada, os estudantes tanto de cursos pre-
senciaisNo
quanto dos cursos
desafio na modalidade
referente a distância, têm atividades
à interdisciplinaridade, Oliveiraextensionistas.
et al. (2021,Os p.
projetos
397)
incluem o phygital, porque as transformações ocorrem no presente e é um modo de levar a sede
escreveram
no polo e trazerque a “narrativa
o polo deA interdisciplinaridade
para a sede. comunidade do polo temmostra-se de difícil
de ter proximidade comopera-
toda a
cionalização em um contexto
instituição, as metodologias ativas e asmarcado
abordagenspela
têmespecialização e fragmentação
a inovação nas práticas do
exitosas, o efetivo
atendimento às demandas da sociedade que é parte do institucional.
conhecimento científico”, desta forma, os autores concluem que a problemá-
No phygital, o problema é o foco, a solução é um modo de resolução. Os gestores das atividades
tica pode estar na rede de pesquisadores e nas instituições. O diálogo entre as
extensionistas precisam conhecer o problema na causa raiz, os projetos devem evidenciar nos
áreas é necessário
documentos oficiais, a ecriatividade
os atoresesociais
a inovaçãoestão aprendendo
na solução. a fazer.
A formação docente e do corpo téc-
nico-administrativo, como política institucional, tem de ser de modo continuado e com garantias
Entretanto,emo eventos
para a participação constante aprendizado
técnicos, deve ser
artísticos, culturais evidenciado
e científicos, em mudanças
bem como para cursos
de desenvolvimento pessoal com práticas consolidadas, institucionalizadas e publicizadas. O de-
de atitudes e de comportamentos. No artigo de D’Ambrosio (2011, p. 6), tem-
senvolvimento social, pessoal e profissional inclui a formação que inclui pós-graduação lato sensu
-se que:sensu.
e stricto “a gaiola que hospeda a ciência moderna tem a forma de um tripé: [...]
aA formação
lógica aristotélica, [...]processo,
é uma parte do o determinismo newtoniano
visto que, para e [...]
haver práticas sistemas
inovadoras formais
e exitosas na
instituição,
[...]”, logo,deve existir a mudança
o fundamento de comportamentoestá
da territorialização dos profissionais
presente nodamomento
instituição.da
Segundo
aula,
Assumpção (2019, p. 5) cabe à instituição continuar a contribuir para o enfrentamento das crises
mas tem as relações
contemporâneas, de causas
oferecendo subsídiosecientíficos,
efeitos, as de normas,
forma éticaase comprometida
implicações,com as relações
a emanci-
sociais
pação e as teorias
humana, ou leis éem
a transformação paraconhecimentos consagrados
todos os atores participantes na (des)deterritoria-
das atividades ensino, de
pesquisa e de extensão universitárias.
lização. O social, a inovação e a cientificidade estão em um mesmo contexto.
Nos projetos phygitais, as metodologias devem ser ativas, segundo Mengalli (2020, p. 235), no
Acom
trabalho interdisciplinaridade e a percebe-se
as metodologias ativas, inovação ofazem
domínioparte da (des)daterritorialização
e o estímulo criatividade para
a transformação e para a renovação que se constitui na incorporação, na inserção do novo na
e são estruturas para as mudanças de paradigmas na constante ruptura de nar-
novidade, o ato de renovar existe para o melhoramento e para a qualidade nos processos e nos
rativas que ocorrem na produção do conhecimento científico na academia. Nos
resultados.

18
Olhares plurais e multidisciplinares na pesquisa e extensão

sistemasque
Sugere-se socioeconômicos e socioecológicos,
seja pensado em modelos, as abordagens
nos projetos, que teóricas
sejam de rotação e práticas,
por estações, pois
as pessoas podem estar presentes, distantes geograficamente ou de modo híbrido. Algumas ins-
nas mais diferentes áreas, se completam e o exercício, no desenvolvimento de
tituições têm pólos em outros países, assim todas as pessoas e culturas podem enriquecer. É
novas competências
preciso compreender queeasde habilidades
atividades que
são para os envolvem a interdisciplinaridade
diferentes estilos de aprendizagem e comeosa
mais diversos dispositivos móveis e fixos e conexões. Todas as demandas devem ser atendidas,
inovação, está na criação e (co) criação de modos de governança acadêmica em
as aprendizagens com mudança de comportamento precisam existir para que as pessoas sejam
relação aos mais
contempladas com a diferentes interesses.
transformação.

Acadêmicos separados,
No curto estudantes
prazo, a gestãoseparados nas estações,
é da inovação por polos. Cada
incremental poloocom
para atividades
aperfeiçoa-
diferentes a respeito de um mesmo assunto ou tema. O tempo de cada atividade deve ser deter-
mento
minado parados cumprir
processos e dos serviços.
o planejamento Na da
estratégico gestão de médio prazo,
ação extensionista. tem-se
No pólo 1, podeaexistir
ino-
avação
leituraradical
de textospara
inseridos no sistema
a mudança dede gestão de aprendizagem
paradigmas nas pessoas,comnaa temática
criaçãodefinida.
de novos Já,
os alunos do pólo 2 podem assistir vídeos com a curadoria do coordenador e dos professores da
processos e de serviços. A inovação disruptiva, para o longo prazo, envolve os
turma para encontrar teorias relacionadas ao tema. Os estudantes do pólo 3 podem estudar as
processos tecnológicos
regiões para registrar parainerentes
os contextos as soluções dosOsproblemas
ao tema. existentes
alunos do pólo 4 levantamnas questões
dados e criam
infográficos a respeito da temática e os participantes do pólo 5 apontam os riscos referentes ao
de ensino, de pesquisa e de extensão universitária.
assunto. Tendo mais polos, criam-se mais atividades que têm de ser compartilhadas para que, na
rotação de atividades, o trabalho não seja de um grupo, mas de todos que participaram da ação
Sangiogo, Kohn e Freitas (2022, p. 65-66) estabeleceram “que inovação
de transformação.
era sinônimo de renovação, e nesse sentido, o estudo refutou, através da revisão
Os acadêmicos estão unidos por sistemas de gestão de aprendizagem institucionalizado, no digital
de literatura,
os resultados alguns
podem conceitos
ser (co) como
criados por todosmudança, mudança
os estudantes, inovadora,
que atuam mudança
como sujeitos ativos.
O fechamento para concretizar o aprendizado pode ser um e-book com escrita baseada nas nor-
progressiva, mudança planejada e processo de mudança”, logo, as inovações,
mas técnicas podendo ser distribuído gratuitamente para as comunidades. Espera-se que todos
no curto,
tenham no médiotodas
internalizado e noaslongo prazo,
propostas e os devem
formatosocorrer na organização
de desenvolver o tema parado
tercurrícu-
uma pro-
dução técnica coletiva
lo educacional para a resolução
prescrito, de umeproblema
emergente ouabordagens,
real, nas para a transformação da comunidade.
nas metodologias,
nos métodos e nas técnicas para o ensino e para a aprendizagem, nos materiais
As Tendências Imersivas
disciplinares em Tecnologias
e multidisciplinares, nas avaliações, na tecnologia como estraté-
gia e nas relações entre os diferentes participantes do processo científico.
Na atualidade, a web já não é somente 1.0 ou 2.0, mas 3.0, os mundos imersivos e a realidade
Silvacom
aumentada et al. (2021, p. 159)
a virtualidade ganhamafirmam que oem“termo
mais espaço que osinovação rompepodem
seres humanos concei-
ser
tos e práticaspor
representados preestabelecidas,
avatares ou por influenciando como as
representações gráficas pessoas se. comportam
e holográficas Os objetos são e
potenciais e o blockchain armazena as informações de transações que ocorrem no (ciber) espaço.
aprendem”, assim, os desafios, no atendimento das necessidades ou nos diag-
O armazenamento mudou e as (info) vias têm lógicas que são feitas para mitigar os vazamentos de
nósticos desvelados na pesquisa, as soluções criadas e (co) criadas são para as
informações. O modo como as pessoas criam, (co) criam e transacionam os dados e as informa-
oportunidades
ções mudam a tododeinstante
transformar a comunidadedepara
com o desenvolvimento novosos contextos
softwares, universais.
aplicativos e aplicações.
O ensino e a pesquisa se modificaram muito ao longo dos anos com os recursos computacionais,
os projetos com as atividades extensionistas precisam ser refletidos com os elementos da trans-
formação phygital e tendências imersivas.

19
Olhares plurais e multidisciplinares na pesquisa e extensão

O presente e o futuro da transformação phygital


As tendências incluem pessoas e dão equivalência, logo, os direitos das pessoas em relação às
barreiras metodológicas e tecnológicas são legítimos, a instituição é responsável pela qualidade
na inclusão e pelas inovações para os projetos que respeitem as diferenças. Martins (2006, p. 19)
salientaAque,
interdisciplinaridade
no âmbito da extensãoeuniversitária,
a inovaçãopara estão na as
pensar transformação
transformações que é con-
sociais [...] é
necessário pensar na inclusão social de várias camadas da sociedade, inclusive nas camadas que
siderada phygital, logo, a revisão dos paradigmas educacionais e científicos
atingem as pessoas com deficiência, o phygital tem mais espaços para a inclusão e para a acessi-
inclui
bilidadeametodológica.
web 3.0 e os mundos imersivos, afinal a (ciber) sociedade emergente
está presente
Ampliando nas instituições
os horizontes de com
tecnológicos ensino superior. a todos os acadêmicos, em ambien-
a equivalência
tes imersivos, é possível resolver problemas relacionados com os objetivos do desenvolvimento
A escalabilidade
sustentável, na agenda 2030, com a web(2019,
Carnaúba 3.0 ep.o115),
phygital sãonoelementos
baseado discurso dedo estar junto
profissionais da
Unifesp, afirma que o tema sustentabilidade é a resposta para crises instituídas ou iminentes da
virtual proposto por Valente (2005, p. 85) que, para o processo de construção de
sociedade contemporânea, sendo papel da universidade pública adotar uma postura ativa na pro-
conhecimento
pagação das metaspor intermédio
estabelecidas, ou de
seja,meios para a na
no presencial, comunicação gere umoualto
modalidade a distância grau
em meta-
versos, os problemas de ordem sustentável devem ser resolvidos com a comunidade.
de interação entre professor e alunos, que estão em espaços diferentes. Contu-
Nota-se que a minoria das instituições de ensino superior estão em mundos imersivos, contudo,
do, a transposição do presencial ou do híbrido para as representações gráficas
em algum momento do futuro, estarão em metaversos ou em espaços que são tendências no
ou holográficas
futuro, de pessoas
logo, o importante não podeposto
não é a tecnologia, ocorrer semseratransparente
que deve mudança no de processo
paradigmaedu-
cacional. Silva (2001, p. 842) assevera que a prática e as investigações mostram que as tecnologias
quanto à técnica e aos recursos computacionais.
são parte de um vasto pacote de mudança, asseguram apenas uma parte do processo, isto é, as
metodologia precisam de softwares e de dispositivos móveis e fixos para a concepção, para a pro-
Destaca-se que a tecnologia é entendida como estratégia, que segundo
dução do conhecimento e para as práticas exitosas.
Silva (2001, p. 839), os recursos computacionais “contribuem fortemente para
As tendências tecnológicas podem vir a ser realidades, no entanto dependerão do conhecimento
condicionar as serem
das pessoas para estruturas - a ecologia
implementadas. - dasdesociedades”,
No início no ensino,
2021, foi perguntado para na pesquisa
oitenta e sete
estudantes do primeiro ano do curso de Administração de uma faculdade na Grande São Paulo:
e na extensão universitária, existe a contribuição sine qua non para a existência
Você é atento (a) às novidades e tendências tecnológicas? A Figura 1 traz o resultado:
das tomadas de decisões estratégicas para a transformação dos contextos e para
Figura 1: Você é atento (a) às novidades e tendências tecnológicas
a mitigação das desigualdades com a equivalência.

Não pode ocorrer Fonte:


o queElaborado pelos autores,
o Professor 2021.
José Armando Valente relatou para
Observa-se
Gomes que umnapouco
(2020) mais deintitulada
entrevista cinquenta por
“Acento (57,5%) respondeu
Tecnologia não é bem que estava atento,
Explorada na
42,5% responderam que não estavam atentos. Eram acadêmicos que iniciavam o curso de Ad-
Educação”
ministração e e publicada
precisavam noatentos.
estar Jornal Desta
“O Estado
forma, ade São Paulo”,
instituição a respeito
de ensino e o corpoda utili-
docente
entenderam
zação que o papelesocial
de softwares da instituição
hardwares de ensino
[...] “um superior éusando
puxadinho, incluir nas atividadesdinâmica
a própria de ensino
ou de extensão as novidades do mundo tecnológico.
da sala de aula, com o aluno olhando um quadro durante quatro horas. Espera-
Os metaversos tão propagados, por exemplo, nem são tão novidades, Leite e Mengalli (2022, p.
vam que o estudante
49) escreveram fosse ficar
que o metaverso olhando
é, dentre a tela por
as tendências quatro horas”,
da transformação como
digital dito, um
da atualidade,
a que vem se anunciando como uma disrupção, capaz de mobilizar o mercado e demandar novos
absurdo que não pode existir nas dinâmicas educacionais phygitais.

20
Olhares plurais e multidisciplinares na pesquisa e extensão

ajustes Tem-se quedas


na estratégia as equipes
empresas,multidisciplinares
logo, as instituições deeensino
os atores envolvidos
superior não podemprecisam
se isentar
de trazer para o ensino e para as pesquisas o que está no mercado.
conhecer e saber utilizar as plataformas, os softwares, a inteligência artificial e
As inovações tecnológicas envolvem mudanças de paradigmas tanto para a instituição quanto
os outros recursos avançados, como multiversos, com metaversos e aplicações
para a comunidade. Se a transformação não foi iniciada para a inovação ou para as experiências
com realidades
exitosas, virtuais
é preciso iniciar come aaumentadas. No presente,
competição, porque, de acordo
segundo Park com
e Burgess o professor,
(2014, p. 129), no
limite criado pelo processo cultural, a lei, o costume e a tradição impõem, já a competição tende
as tecnologias não estão sendo devidamente exploradas nas atividades educa-
a criar uma ordem social impessoal em que cada indivíduo, sendo livre para perseguir seu próprio
cionais.
benefício, e, em certo sentido, é obrigado a fazê-lo, basta que todos queiram
para que os benefí-
cios, o bem-estar e a qualidade sejam concretizados por meio de equipes com planos adequados
A transposição
para estabelecer do presencial para o phygital tem de ocorrer baseada nos
os serviços.

princípios
A competiçãoda educação
pode 5.0entretanto
ser o início, e da (ciber)
o planoeducação e com
de ação precisa ser aefetivo
devidae a compreen-
realização da
ação extensionista tem de ocorrer de verdade para que se tenha o resultado para ser mensurado.
são de que o smartphone é um dispositivo móvel que contempla o digital, a
Identificam-se as dores e propõem-se soluções acadêmicas e científicas com inovação tecnológica
combinação do físico com
que incluam as transformações o odigital
para é logo,
phygital, umaajustaposição, não de palavras,
inventividade, a utilização da web 3.0 emas
dos
softwares, a qualidade de vida e o bem-estar das pessoas, bem como a experiência da comunida-
de dimensões das vidas dos atores participantes das atividades acadêmicas de
de, precisam ser consideradas para a mudança social, cultural e econômica.
modo que as vivências e as experiências estejam presentes e façam sentido para
oConsiderações
pessoal e para
Finaiso profissional sem improvisos ou incômodos para a adaptação
na transição.
Concluiu-se que a indissocialização da extensão universitária com a pesquisa e com o ensino é
O artificial na transição do presencial para o phygital não corrobora para
necessária para a qualidade na instituição de ensino superior e que os avanços tecnológicos são
as mudanças
importantes parade comportamento,
as transformações ou seja, não
na comunidade, é mais possível
principalmente, verificar
a econômica. o que
As avaliações
institucionais e de curso buscam evidências quanto à qualidade em práticas inovadoras ou práti-
se faz no presencial para fazer no digital. A importância da inovação para a
cas exitosas.
adaptação às novas demandas é grande e precisa estar nos documentos oficiais
Os documentos oficiais: Plano de Desenvolvimento Institucional, Projeto Pedagógico Institucio-
da
nal,instituição, incluindo
Projeto Pedagógico a experiência
do Curso dos usuários
e atas de reuniões nosque
evidenciam canais específicos
as políticas para
institucionais

oprecisam
processoestar alinhados com o discurso e com a realidade que se quer transformar. É necessário
educacional.
modificar a comunidade com projetos, entretanto as ações carecem de reflexão para a continui-
dade ou a correção do fluxo na implementação. Os resultados dependem do planejamento e da
A oferta de soluções para os participantes do processo educacional requer
execução, logo, a avaliação deve ser constante por parte do corpo diretivo e da Comissão Própria
preparo dos diversos agentes nas instituições de ensino superior. A comunidade
de Avaliação.

precisa deque
Acredita-se alternativas mais mais
sejam necessárias práticas, compara
pesquisas apresentações intuitivas
evidenciar as ações e que se-
extensionistas, no
futuro, com projetos que incluam o phygital. As atividades inovadoras e com interdisciplinares de-
jam eficientes para solucionar as demandas sociais, culturais ou econômicas. A
vem ser evidenciadas nos documentos oficiais para que os avaliadores consigam entender como
adaptação envolve
ocorreram e quais forampessoas, tal qual
os resultados. a acomodação.
A conformidade com as políticas institucionais e com as
políticas públicas precisam estar expressas nos mais diferentes materiais, a publicização deve ser

21
Olhares plurais e multidisciplinares na pesquisa e extensão

Segundo
feita nos Park meios
mais diferentes e Burgess (2014, p.
de disseminação. 134), na adaptação, as modificações
As bolsas
são de pesquisa
orgânicas e sãodevem ter a inovaçãobiologicamente;
“transmitidas como mote e os recursos devemo ser
enquanto próprios
termo ou de
acomo-
agências de fomento. A tessitura da interdisciplinaridade e da inovação com o futuro podem ocor-
dação é usado
rer no presente comcom referência
a organização às mudanças
curricular, de hábito,com
com as metodologias, que são transmitidos,
os sistemas de gestão de
aprendizagem,
ou podem ser com o conhecimento
transmitidos, científico explicitável,isto
sociologicamente, com é,
os materiais
sob a formade ensino, com pos-
de tradição
sibilidades phygitais e com as relações entre os diversos atores na instituição de ensino superior.
social”.
A avaliaçãoDestaca-se
é um modo de que, no contexto
verificar do ser
o que precisa capítulo,
corrigidoaouadaptação
fortalecido.é a modificação

com o aprendizado
A reflexão para oextensionistas
acerca dos projetos ajustamento funcional.
e das tendências imersivas carecem de muitas pes-
quisas interinstitucionais, nacionais e internacionais para a verificação do impacto na comunidade
A adaptação
acadêmica e do entornoaodaphygital temOsfoco
instituição. na adaptação
projetos que corresponde
ainda têm muito aos ajus-
para ser inovadores tanto
administrativamente quanto interdisciplinarmente e multidisciplinar para o desenvolvimento de
tes funcionais para as pessoas e na adaptação estrutural para as instituições,
mais políticas para a produção e para disseminação do conhecimento científico.
após as adaptações, deve-se investigar se a acomodação é o resultado mais
A escalabilidade do conhecimento consagrado para a sustentabilidade e para a equivalência das
pessoas inclui
coerente, o individual
inovativo e o coletivo
e exitoso parapara as transformações
a adaptação culturais,
no sistema desociais,
gestãoeconômicas
do apren-e
phigitais. O futuro da pesquisa, do ensino e da extensão universitária está nos planos e nos docu-
dizado que ocorre
mentos oficiais de modo
e legislações phygital,
institucionais no isto é, seaas
presente, mudanças
tessitura funcionais
da inovação e estru-
e das atividades
exitosasforam
turais com a interdisciplinaridade
efetuadas com sucesso está na contribuição de cadade
ou se precisarão ator participante
(re) modelagem do processo.
quanto
No texto “Fixing the Flawed Approach to Diversity”, Krentz et al. (2019) escreveram acerca da
ao problema que se soluciona. A abertura de diálogo é essencial para mitigar
necessidade de estabelecer metas estratégicas com prioridade nos maiores desafios de diversi-
adaptações no projeto.
dade. No contexto deste capítulo, é importante ouvir os muitos colaboradores participantes do
processo ou do serviço para que as iniciativas atendam os problemas específicos da comunidade.
A Comissão Própria de Avaliação pode mensurar a qualidade das adap-
Os proponentes do projeto de extensão e a instituição têm de ter a compreensão dos problemas
tações e dasasacomodações
para projetar com
soluções efetivas. instrumentos
A Comissão Própria edeevidenciar para ovezes,
Avaliação, muitas corpotemdiretivo
dados e
informações para a escrita dos projetos para a escalabilidade do conhecimento científico, para a
os resultados.
redução Enfatiza-se
das desigualdades e paraque os contextosdoculturais
a sustentabilidade planeta. e sociais devem ser res-
peitados, conforme descrição de Breternitz (2021, p. 168): “não há construção
de novos conhecimentos se estes não considerarem os saberes da população e
Referências:

suas realidades culturais”, tampouco a phygitarização dos sistemas não pode


minimizar
ASSUMPÇÃO, aR.cultura
Extensãoee Cultura
a sociedade
na Trilhada
docomunidade. As atividades
Conhecimento. Editorial. da extensão
Revista EntreTeses, São
Paulo, n. 12, p. 5, nov. 2019. ISSN 2525-538X. Disponível em: <https://www.unifesp.br/reitoria/
universitária estão próximas das dores do outro e, em
dci/images/DCI/revistas/Entreteses/EntreTeses12_nov2019.pdf>. alguns
Acesso em: 23casos, podem
ago 2020.
tocar pontos
BRETERNITZ, sensíveis. e Inclusão na Extensão Universitária: Um Relato de Experiência. Cida-
D. Diversidade
dania em Ação: Revista de Extensão e Cultura, Florianópolis (SC), v.5, n.1, jan/jun. 2021.

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Resolução nº 7, de 18 de dezembro de 2018. Brasília: Distrito Federal, 2018. Estabelece as Di-

22
Olhares plurais e multidisciplinares na pesquisa e extensão

O pensar projetos phygitais na extensão


retrizes para a Extensão na Educação Superior Brasileira e regimenta o disposto o disposto na
Meta 12.7 da Lei nº 13.005, de 25 de junho de 2014, que aprova o Plano Nacional de Educa-
universitária
ção - PNE 2014-2024 e dá outras providências. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/index.
php?option=com_docman&view=download&alias=104251-rces007-18&category_slug=dezem-
A cultura e o social Acesso
bro-2018-pdf&Itemid=30192>. são bases
em 11para os projetos. O econômico, na maioria
abr 2022.

dos casos, V.deve


CARNAÚBA, ser motivo
Um Caminho para de intervenção
o Diálogo com a vontade
entre Universidade de inovar
e Sociedade. paraRevista
Entrevista. a co-
EntreTeses, São Paulo, n. 12, p. 6-10, nov. 2019. ISSN 2525-538X. Disponível em: <https://www.
munidade e para a instituição que propõe a ação ou a atividade extensionista
unifesp.br/reitoria/dci/images/DCI/revistas/Entreteses/EntreTeses12_nov2019.pdf>. Acesso em:
para
23 agoque,
2020.no resultado e na avaliação, seja possível verificar em que medida
houve o êxito Sustentabilidade
_____________. com a criatividade e com
na Ponta a (co)
do Lápis. criação.
Agenda 2030. Revista EntreTeses, São Paulo,
n. 12, p. 113-115, nov. 2019. ISSN 2525-538X. Disponível em: <https://www.unifesp.br/reitoria/
A partir de 2023, 10% da carga horária total, para
dci/images/DCI/revistas/Entreteses/EntreTeses12_nov2019.pdf>. Acessotodos
em: 23osago
cursos,
2020. será
direcionadaU.para
D’AMBRÓSIO, as atividades de como
A Transdisciplinaridade extensão. As ações
Uma Resposta extensionistas
para podem
a Sustentabilidade. mi-
NUPEAT–
IESA–UFG, v.1, n.1,ajan./jun,
tigar a evasão, redução 2011,
da p.1–13, Artigo 1. e propiciar a captação de mais estu-
inadimplência
DICKENS, C. A ChristmasoCarol.
dantes, entretanto, perfilMineola, New York:deve
dos egressos Doversempre
Publications, 1991. 80p.
ser verificado no merca-
FURLAN, J. P.; Beneton,
do em constante L. B.; Beneton, V.
transformação, B.; Silva, L.o R.
inclusive A Instituição
phygital. Os de Ensino Superior
formatos podemcomoser
Geradora de Inovação Social: Uma Proposta de ROADMAP para a Transformação Social. Revista
cursos, oficinas
Inovação, Projetos eou prestação
Tecnologias de serviços
- IPTEC, São Paulo,comunitários com ou
9 (2), (2021, jul./dez.) sem parcerias
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cia,n. têm
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incluem o phygital, porque as
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Universitária e do corpo Regional.
e o Desenvolvimento técnico-administrativo,
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23
Olhares plurais e multidisciplinares na pesquisa e extensão

como política
nacional institucional,
de Ciência, tem de ser de Universidade
Tecnologia e Desenvolvimento. modo continuado
de Taubaté.e Departamento
com garantiasde
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com Deficiência: de comportamento
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humana”,
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galli (2020,
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M. Inovação no Contexto daativas,
Extensãopercebe-se
Universitáriao-
Conceitos e Possibilidades na Área de Química. Expressa Extensão, Pelotas, v. 27, n. 1, p. 63-76,
domínio e o estímulo da criatividade para a transformação e para a renovação
jan-abr, 2022.
que se constitui na incorporação, na inserção do novo na novidade”, o ato de
SENGE, P. M. A Quinta Disciplina: Arte e Prática da Organização que Aprende. 38. ed. [tradução:
renovar
Gabriel existe
Zide Neto].para
Rio deoJaneiro:
melhoramento
Editora Best eSeller,
para2013.
a qualidade
644p. nos processos e nos
resultados.
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Folha de Rosto: Revista de Biblioteconomia e Ciência da Informação, Cariri, v.7 n.2. maio-ago,
2021. Sugere-se que seja pensado em modelos, nos projetos, que sejam de ro-

tação B.por
SILVA, estações,
D. da. poisé as
A Tecnologia umapessoas podem
Estratégia. estar
In: Paulo Diaspresentes,
& Varela de distantes geografi-
Freitas (org.). Actas da
II Conferência Internacional Desafios 2001. Braga: Centro de Competência da Universidade do
camente ou de modo híbrido. Algumas instituições têm pólos em outros países,
Minho do Projecto Nónio, pp. 839-859, 2001.
assim todas as pessoas e culturas podem enriquecer. É preciso compreender
VALENTE, J. A. A Espiral da Espiral de Aprendizagem: O Processo de Compreensão do Papel das
que as atividades
Tecnologias são para
de Informação os diferentes
e Comunicação estilos de
na Educação. aprendizagem
232p. e com os
Tese de Livre Docência. mais
Instituto
de Artes. Universidade
diversos dispositivosEstadual de Campinas.
móveis e fixos eCampinas,
conexões. 2005.
Todas as demandas devem ser
atendidas, as aprendizagens com mudança de comportamento precisam existir
para que as pessoas sejam contempladas com a transformação.

24
Olhares plurais e multidisciplinares na pesquisa e extensão

Acadêmicos separados, estudantes separados nas estações, por polos.


Cada polo com atividades diferentes a respeito de um mesmo assunto ou tema.
O tempo de cada atividade deve ser determinado para cumprir o planejamento
estratégico da ação extensionista. No pólo 1, pode existir a leitura de textos
inseridos no sistema de gestão de aprendizagem com a temática definida. Já, os
alunos do pólo 2 podem assistir vídeos com a curadoria do coordenador e dos
professores da turma para encontrar teorias relacionadas ao tema. Os estudan-
tes do pólo 3 podem estudar as regiões para registrar os contextos inerentes ao

tema. Os alunos do pólo 4 levantam dados e criam infográficos a respeito da
temática e os participantes do pólo 5 apontam os riscos referentes ao assunto.
Tendo mais polos, criam-se mais atividades que têm de ser compartilhadas para
que, na rotação de atividades, o trabalho não seja de um grupo, mas de todos
que participaram da ação de transformação.

Os acadêmicos estão unidos por sistemas de gestão de aprendizagem ins-


titucionalizado. No digital, os resultados podem ser (co) criados por todos os
estudantes, que atuam como sujeitos ativos. O fechamento para concretizar o
aprendizado pode ser um e-book com escrita baseada nas normas técnicas po-
dendo ser distribuído gratuitamente para as comunidades. Espera-se que todos
tenham internalizado todas as propostas e os formatos de desenvolver o tema
para ter uma produção técnica coletiva para a resolução de um problema ou
para a transformação da comunidade.

As tendências imersivas em tecnologias

Na atualidade, a web já não é somente 1.0 ou 2.0, mas 3.0, os mundos


imersivos e a realidade aumentada com a virtualidade ganham mais espaço
em que os seres humanos podem ser representados por avatares ou por

25
Olhares plurais e multidisciplinares na pesquisa e extensão

representações gráficas e holográficas. Os objetos são potenciais e o blockchain


armazena as informações de transações que ocorrem no (ciber) espaço.

O armazenamento mudou e as (info) vias têm lógicas que são feitas para
mitigar os vazamentos de informações. O modo como as pessoas criam, (co)
criam e transacionam os dados e as informações mudam a todo instante com
o desenvolvimento de novos softwares, aplicativos e aplicações. O ensino e a
pesquisa se modificaram muito ao longo dos anos com os recursos computacio-
nais, os projetos com as atividades extensionistas precisam ser refletidos com
os elementos da transformação phygital e tendências imersivas.

As tendências incluem pessoas e dão equivalência, logo, os direitos das


pessoas em relação às barreiras metodológicas e tecnológicas são legítimos,
a instituição é responsável pela qualidade na inclusão e pelas inovações para
os projetos que respeitem as diferenças. Martins (2006, p. 19) salienta que, no
âmbito da extensão universitária, para pensar as transformações sociais [...] é
necessário pensar na inclusão social de várias camadas da sociedade, inclusive
nas camadas que atingem as pessoas com deficiência, o phygital tem mais es-
paços para a inclusão e para a acessibilidade metodológica.

Ampliando os horizontes tecnológicos com a equivalência a todos os aca-


dêmicos, em ambientes imersivos, é possível resolver problemas relacionados
com os objetivos do desenvolvimento sustentável, na agenda 2030, Carnaúba
(2019, p. 115), baseado no discurso de profissionais da Unifesp, afirma que “o
tema sustentabilidade é a resposta para crises instituídas ou iminentes da socie-
dade contemporânea, sendo papel da universidade pública adotar uma postura
ativa na propagação das metas estabelecidas”, ou seja, no presencial, na moda-
lidade a distância ou em metaversos, os problemas de ordem sustentável devem
ser resolvidos com a comunidade.

26
Olhares plurais e multidisciplinares na pesquisa e extensão

Nota-se que a minoria das instituições de ensino superior está em mundos


imersivos, contudo, em algum momento do futuro, estarão em metaversos ou
em espaços que são tendências no futuro, logo, o importante não é a tecnologia,
posto que deve ser transparente no processo educacional. Silva (2001, p. 842)
assevera que a “prática e as investigações mostram que as tecnologias são parte
de um vasto pacote de mudança, asseguram apenas uma parte do processo”,
isto é, as metodologia precisam de softwares e de dispositivos móveis e fixos
para a concepção, para a produção do conhecimento e para as práticas exitosas.

As tendências tecnológicas podem vir a ser realidades, no entanto depen-


derão do conhecimento das pessoas para serem implementadas. No início de
2021, foi perguntado para oitenta e sete estudantes do primeiro ano do curso
de Administração de uma faculdade na Grande São Paulo: Você é atento (a) às
novidades e tendências tecnológicas? A Figura 1 traz o resultado:

De acordo com as respostas, tem-se que um pouco mais de cinquenta


por cento (57,5%) respondeu que estava atento, 42,5% responderam que não
estavam atentos. Eram acadêmicos que iniciavam o curso de Administração e
precisavam estar atentos. Desta forma a instituição de ensino e o corpo docente
entenderam que o papel social da instituição de ensino superior é incluir nas
atividades de ensino ou de extensão as novidades do mundo tecnológico.

Os metaversos tão propagados, por exemplo, nem são tão novidades, Lei-
te e Mengalli (2022, p. 49) escreveram que o “metaverso é, dentre as tendências
da transformação digital da atualidade, a que vem se anunciando como uma
disrupção, capaz de mobilizar o mercado e demandar novos ajustes na estraté-
gia das empresas”, logo, as instituições de ensino superior não podem se isentar
de trazer para o ensino e para as pesquisas o que está no mercado.

27
Olhares plurais e multidisciplinares na pesquisa e extensão

As inovações tecnológicas envolvem mudanças de paradigmas tanto para


a instituição quanto para a comunidade. Se a transformação não foi iniciada
para a inovação ou para as experiências exitosas, é preciso iniciar com a com-
petição, porque, segundo Park e Burgess (2014, p. 129), no limite “criado pelo
processo cultural, a lei, o costume e a tradição impõem, já a competição tende
a criar uma ordem social impessoal em que cada indivíduo, sendo livre para
perseguir seu próprio benefício, e, em certo sentido, é obrigado a fazê-lo”, bas-
ta que todos queiram para que os benefícios, o bem-estar e a qualidade sejam
concretizados por meio de equipes com planos adequados para estabelecer os
serviços.

A competição pode ser o início, entretanto o plano de ação precisa ser


efetivo e a realização da ação extensionista tem de ocorrer de verdade para que
se tenha o resultado para ser mensurado. Identificam-se as dores e propõem-se
soluções acadêmicas e científicas com inovação tecnológica que incluam as
transformações para o phygital, logo, a inventividade, a utilização da web 3.0
e dos softwares, a qualidade de vida e o bem-estar das pessoas, bem como a
experiência da comunidade, precisam ser consideradas para a mudança social,
cultural e econômica.

Considerações finais

Concluiu-se que a indissocialização da extensão universitária com a pes-


quisa e com o ensino é necessária para a qualidade na instituição de ensino
superior e que os avanços tecnológicos são importantes para as transformações
na comunidade, principalmente, a econômica. As avaliações institucionais e de
curso buscam evidências quanto à qualidade em práticas inovadoras ou práticas
exitosas.

28
Olhares plurais e multidisciplinares na pesquisa e extensão

Os documentos oficiais: Plano de Desenvolvimento Institucional, Projeto


Pedagógico Institucional, Projeto Pedagógico do Curso e atas de reuniões evi-
denciam que as políticas institucionais precisam estar alinhadas com o discurso
e com a realidade que se quer transformar. É necessário modificar a comunida-
de com projetos, entretanto as ações carecem de reflexão para a continuidade
ou a correção do fluxo na implementação. Os resultados dependem do planeja-
mento e da execução, logo, a avaliação deve ser constante por parte do corpo
diretivo e da Comissão Própria de Avaliação.

Acredita-se que sejam necessárias mais pesquisas para evidenciar as ações


extensionistas, no futuro, com projetos que incluam o phygital. As atividades
inovadoras e com interdisciplinares devem ser evidenciadas nos documentos
oficiais para que os avaliadores consigam entender como ocorreram e quais
foram os resultados. A conformidade com as políticas institucionais e com as
políticas públicas precisam estar expressas nos mais diferentes materiais, a pu-
blicização deve ser feita nos mais diferentes meios de disseminação.

As bolsas de pesquisa devem ter a inovação como mote e os recursos


devem ser próprios ou de agências de fomento. A tessitura da interdisciplinari-
dade e da inovação com o futuro podem ocorrer no presente com a organização
curricular, com as metodologias, com os sistemas de gestão de aprendizagem,
com o conhecimento científico explicitável, com os materiais de ensino, com
possibilidades phygitais e com as relações entre os diversos atores na institui-
ção de ensino superior. A avaliação é um modo de verificar o que precisa ser
corrigido ou fortalecido.

A reflexão acerca dos projetos extensionistas e das tendências imersivas


carecem de muitas pesquisas interinstitucionais, nacionais e internacionais para
a verificação do impacto na comunidade acadêmica e do entorno da institui-
ção. Os projetos ainda têm muito para ser inovadores tanto administrativamen-

29
Olhares plurais e multidisciplinares na pesquisa e extensão

te quanto interdisciplinarmente e multidisciplinar para o desenvolvimento de


mais políticas para a produção e para disseminação do conhecimento científico.

A escalabilidade do conhecimento consagrado para a sustentabilidade e


para a equivalência das pessoas inclui o individual e o coletivo para as trans-
formações culturais, sociais, econômicas e phigitais. O futuro da pesquisa, do
ensino e da extensão universitária está nos planos e nos documentos oficiais e
legislações institucionais no presente, a tessitura da inovação e das atividades
exitosas com a interdisciplinaridade está na contribuição de cada ator partici-
pante do processo.

No texto “Fixing the Flawed Approach to Diversity”, Krentz et al. (2019)


escreveram acerca da necessidade de estabelecer metas estratégicas com prio-
ridade nos maiores desafios de diversidade. No contexto deste capítulo, é im-
portante ouvir os muitos colaboradores participantes do processo ou do serviço
para que as iniciativas atendam os problemas específicos da comunidade.

Os proponentes do projeto de extensão e a instituição têm de ter a com-


preensão dos problemas para projetar as soluções efetivas. A Comissão Própria
de Avaliação, muitas vezes, tem dados e informações para a escrita dos projetos
para a escalabilidade do conhecimento científico, para a redução das desigual-
dades e para a sustentabilidade do planeta.

Referências
ASSUMPÇÃO, R. Extensão e Cultura na Trilha do Conhecimento. Editorial.
Revista EntreTeses, São Paulo, n. 12, p. 5, nov. 2019. ISSN 2525-538X. Dis-
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30
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33
Olhares plurais e multidisciplinares na pesquisa e extensão

CAPÍTULO 2

A EXTENSÃO COMO ESTRATÉGIA


DE FORMAÇÃO EM ARTES CÊNICAS
NA UNIFESSPA
Renan Lucas Israel Nascimento da Silva
Doi: 10.48209/978-65-5417-027-2

Introdução

O teatro foi a mais alta forma de conhecimento na Grécia antiga, em que


este faziam uso da ferramenta para fins pedagógicos. Isso veio se perpetuando
e se faz uso dele com esse objetivo até hoje. No entanto, as técnicas foram mo-
dernizando-se e ganham outras finalidades além do fazer pedagógico.

Em Roma, o teatro fazia parte da política de pão e circo, que objetivava


dar entretenimento as pessoas e mascarar problemas sociais. Já na Idade Média,
o teatro é utilizado como forma de ensinamentos dos dogmas da igreja católica
e por crítica a ela também, mas o segundo era bastante perseguido.

Com o renascimento, a arte remodela-se, principalmente na Inglaterra


com Shakespeare. Na Espanha, na França e na Itália com a Commedia dell’ar-
te, em que novas roupagens traziam inovações na temática e nas técnicas, as

34
Olhares plurais e multidisciplinares na pesquisa e extensão

quais passam a ter mais sistematizações, embora a história do teatro pauta-se


mais na obra dramatúrgica à técnica.

Com a Ascenção da burguesia, tem-se o teatro romântico, que retrata,


no palco, temáticas voltadas a burguesia. Já no Teatro Realista e naturalista,
fundamentam-se em teorias evolucionistas e deterministas, passando a montar
espetáculos positivistas e retratando o dia a dia das comunidades mais vulnerá-
veis.

Já a arte na modernidade/contemporaneidade é repleta de vertentes e


métodos de atuação, bem como as de Stannislavski, Bertolt Brecht, teatro do
absurdo, teatro expressionista e entre outros, que configuram e contribuem na
prática cênica atual.

Hoje, o teatro tem sido visto como algo supérfluo à formação do sujeito,
mas o fato é desconstruído quando analisa-se as contribuições da prática no
cotidiano, nas atividades e no fazer científico da comunidade.

Carreira (2006) coloca a arte cênica em status de fazer científico, uma


vez que possui método e apresenta resultados para as diversas formas de sua
contribuição na sociedade. O fato é de que há, ainda, uma grande necessidade
de trazer espaços que contemplem a temática do fazer teatro para dentro das
instituições, assim, trabalhando-o em seu dia a dia com as ferramentas possí-
veis por meio dele.

Nesse sentido, é importante salientar os benefícios da prática teatral, de-


senvolvida por meio de cursos de extensão na Universidade Federal do Sul e
Sudeste do Pará (UNIFESSPA), que tem mobilizado pessoas a construir um
novo olhar sobre a arte.

É importante analisar os objetivos da ação extensionistas e descrever os


seus impactos:

35
Olhares plurais e multidisciplinares na pesquisa e extensão

1 Ofertar formação na área de teatro, fomentando a cultura teatral na Uni-


fesspa e criando espaços de diálogos com a comunidade. 2 Compreender
conceitos e pressupostos, aplicando-os a prática cênica, assim, articulando
teoria e prática. 3 Compreender o trabalho do ator e a construção da per-
sonagem, assim, desmistificando estereótipos do teatro e dando real valor
ao teatro, isto é, reconhecer que a arte não é algo supérfluo. (PROEX/UNI-
FESSPA, 2019, p. 1)

A partir disso, pode-se depreender o desenvolvimento pessoal e acadê-


mico dos sujeitos partícipes do processo de formação, uma vez que estes traba-
lharão jogos e aspectos relacionados a concentração e entre outras práticas que
são presentes no cotidiano. Além disso, deve-se dar destaque ao momento em
que se propõe a inserção da cultura teatral dentro dos espaços da universidade,
em que trabalhar arte, desconstruindo estereótipos e paradigmas historicamente
construídos, torna-se mais complexo.

Com isso, o objetivo deste estudo é descrever o processo formativo e


analisar suas contribuições para a formação dos partícipes, não só acadêmica,
mas de outros setores que a arte pode permear e contribuir no desempenho das
atividades.

Cabe ressaltar que o trabalho segue uma abordagem qualitativa e preocu-


pa-se com o processo, não só com os resultados das ações desenvolvidas, isto
é, com o desenvolvimento de cada sujeito que fez parte do projeto em questão.

É importante destacar que o artigo apenas analisa as formações em confi-


guração de curso de 60h, sendo que as ações não se limitam apenas a este fim,
mas desenvolve espaços de diálogos a partir de outras configurações como as
palestras, encontros, minicursos e oficinas, Portanto, o estudo segue este viés,
assim, podendo ser aprofundado, posteriormente, para as outras atividades das
ações institucionais de extensão na Unifesspa.

36
Olhares plurais e multidisciplinares na pesquisa e extensão

Desenvolvimento/fundamentação teórica

Existem bastantes pressupostos que podem embasar a prática teatral e


seus métodos. Porém, para fins de análise, destacamos três a saber: Dennis Di-
derot, Constantin Stannislavski e Bertolt Brecht.

Elege-se estes teóricos por conta das suas contribuições à arte e por serem
os pioneiros em suas teorias, além de embasar a prática formativa desenvolvida
nos espaços de extensão da Unifesspa.

Dennis diderot

Diderot foi o primeiro a escrever uma teoria sobre o trabalho do ator,


pois as produções eram voltadas à sistematização do texto, assim, esquecendo
o ator. Nesse sentido, esquece-se que os pilares do teatro são a dramaturgia,
direção e dramatização, cabendo o trabalho apenas ao primeiro.

Com isso, Diderot cria algumas regras para normatizar o trabalho do ator,
pois ele compreendia que, muitas vezes, o trabalho não se dava da devida for-
ma. O ponto forte do seu trabalho é o de não deixar o ator se levar pelas suas
emoções, pois elas poderiam prejudicar o trabalho.

Este sendo prejudicado pelo sentimento e comprometendo a atuação,


uma vez que este deveria apenas encenar o sentimento de forma mais verda-
deira para iludir o público da realidade. Nesse sentido, o autor corrobora para o
que, mais tarde, afirmará Stannislavski.

Stannislavski

Ao perceber que não havia uma técnica a ser seguida por seus compa-
nheiros do teatro russo, em que estes atuavam apenas pela inspiração, Stannis-

37
Olhares plurais e multidisciplinares na pesquisa e extensão

lavski desenvolve sua teoria física do trabalho do ator, em que se fundamenta


em uma concepção psicológica do trabalho e da construção da personagem.

Para Stannislavski (2006), o ator deve ter sentido a devida emoção para
representá-la, pois afirma que não se faz o que não se sentiu. O autor afirma
que “o trabalho do ator é a busca do outro” (STANNISLAVSKI, 2006 p. 33),
assim deve adotar a realidade e a identidade do outro para sua manifestação.
Além disso, há uma grande necessidade de dominar o seu inconsciente, ou seja,
o consciente ter controle do subconsciente para a atuação.

Quando o ator não consegue ter este controle, deve obter uma memória
de algum sentimento semelhante ao da personagem para a encenação. Mas,
caso ainda não funcione, o ator deve dispor, no palco, de um objeto que o faça
reviver o sentimento e da vida a personagem.

Cabe ressaltar que a metodologia stannislavskiana é uma das mais difun-


didas no mundo.

Bertolt Brecht

Rompendo com o teatro dramático, Brecht preocupa-se com as questões


sociais derivadas do capitalismo e se fundamenta em pressupostos marxistas
para sua teoria cujo nome é o distanciamento do ator. Brecht faz uma reformu-
lação nos pilares da arte, assim, o texto passando a um teor argumentativo, em
que tinha por objetivo conscientizar, deixando para trás a purgação e a catarse.

Seu teatro tem teor de denúncia e propõe um distanciamento entre o autor


e a personagem, em que seu trabalho é o de atuar, demonstrando ao público que
ocorre uma encenação, sem iludir a plateia.

Brecht (2000) defende que a emoção da ilusão da realidade impede o pú-


blico de analisar criticamente o contexto, assim, não alcança o objetivo propos-

38
Olhares plurais e multidisciplinares na pesquisa e extensão

to. Para ele a emoção deve elevar a razão e fazer com que os sujeitos tornem-se
ferramentas de transformação social, assim, alterando o seu contexto.

Nesse sentido, Brrecht (2000) fundamenta-se em pressupostos marxistas,


em que se preocupou com as mazelas derivadas do capitalismo, bem como a
exploração do proletário ao proletariado. Portanto, pode se dizer que o teatro
brechtiano também é dialético.

Teatro e extensão

Para Freire (1977), devemos tornar o aprendido em apreendido, isto é,


conseguir compreender e aplicar o conhecimento. Em sua obra, Freire defende
que este é um dos principais papel dos extensionistas, além de estabelecer uma
relação dialógica entre as partes constituintes da relação.

Partindo deste pressuposto, as ações de teatro visam essa relação além de


seus outros objetivos, estabelecendo um diálogo indissociável com a comuni-
dade e se alinhando com a política nacional de extensão.

Materiais e métodos

Este estudo é de caráter analítico, em que busca analisar o andamento


da ação extensionista, que desenvolveu cursos de extensão na área das artes
cênicas no ano de 2019 na Unifesspa. Também, segue metodologia qualitativa
como descreve Bogdan e Biklen (2004):

1º) A pesquisa qualitativa tem o ambiente natural como fonte direta dos da-
dos e o pesquisador como instrumento-chave; 2º) A pesquisa qualitativa é
descritiva; 3º) Os pesquisadores qualitativos estão preocupados com o pro-
cesso e não simplesmente com os resultados e o produto; 4º) Os pesquisa-
dores qualitativos tendem a analisar seus dados indutivamente; 5º) O signi-
ficado é a preocupação essencial na abordagem qualitativa [...]. (BOGDAN
E BIKLEN,2004, p. 47 - 50)

39
Olhares plurais e multidisciplinares na pesquisa e extensão

O estudo analisa o diário de registro do coordenador da ação, em que


consta o registro e o andamento das atividades desenvolvidas ao longo do pro-
cesso formativo em teatro. Como descreve Severino (2007) para o pesquisador,
é muito importante realizar estudos, debruçando-se sobre documentos que não
foram analisados ainda. Além disso, analisa-se as fichas de avaliação, preenchi-
das pelos partícipes ao final do processo de formação.

É importante salientar que para além da adoção de um método qualita-


tivo, é, também, uma tomada de posicionamento político, uma vez que tem
se dado mais valor as pesquisas quantitativas, assim, desmerecendo a análise
qualitativa, que constitui-se com um dos objetivos das formações, em que se
busca desconstruir que a arte não é ciência. Portanto, vale a máxima de que o
processo é o mais fundamental nas descrições e análises.

Para fins didáticos, divide-se em dois momentos a análise, em que a pri-


meira descreve, ao mesmo tempo que analisa, as ações dos cursos de formação
desenvolvidos na Unifesspa, no marco temporal do ano de 2019. Assim, tam-
bém, descreve seus participantes e resultados ao final do processo formativo.

O segundo momento, aponta a eficácia das formações ao analisar e apon-


tar as contribuições do teatro. Este corrobora na discussão de desconstruções de
paradigmas relacionados de forma equivocada ao teatro.

No referente a trechos de falas dos relatórios e questionários, vale ressal-


tar que utiliza-se nomes fictícios para preservar a identidade dos participantes
das formações.

40
Olhares plurais e multidisciplinares na pesquisa e extensão

Resultados e discussão
Processos formativos e partícipes

Esta sessão é destinada a descrição das atividades e partícipes dos cursos


desenvolvidos durante o ano de 2019 na Universidade Federal do Sul e Sudeste
do Pará. Conforme supracitado, as ações desenvolvidas nas dependências da
Unifesspa no ano de 2019 ocorriam em três fases a sua metodologia e organi-
zação.

Observa-se, no quadro abaixo, os módulos e os objetivos referente:

Quadro 1- Organização do curso

MÓDULO OBJETIVOS

Este objetiva discutir os desdobramentos


Fundamentos históricos,
que a história do teatro possui, seus principais
teóricos e metodológicos
pressupostos teóricos e os principais expoentes
da prática cênica.
do teatro conforme o nível do curso.

Objetiva o desenvolvimento do trabalho


Práticas corporais e jogos corporal, em que prepara o corpo para a atuação
e a construção da personagem.

Objetiva o trabalho de construção da busca


Práticas psicológicas do outro, em que há, também, a compreensão
e construção da personagem. de uma realidade no trabalho da identidade
da personagem.

organização metodológica geral do curso.

Fonte: autor

41
Olhares plurais e multidisciplinares na pesquisa e extensão

Conforme expresso acima, observa-se que o curso segue um rigor no que


tange a metodologia de sua formação. No primeiro momento, em que se discute
acerca dos postulados, cabe salientar que os cursos são desenvolvidos em três
níveis a saber: 1ºbásico, 2º intermediário e 3º avançado.

No primeiro nível, discute-se acerca dos postulados da arte que se voltam


para a prática da retórica e da poesia, já, o segundo discute postulados em torno
da arte da conversação, pautada em expoentes renascentistas e, principalmente,
no teatro de Shakespeare. Por fim, o terceiro discute postulados do teatro de
ilusão da realidade e do teatro épico de Bertolt Brecht.

As discussões são formatadas em estilo de minicursos, em que os for-


madores apresentam os fundamentos e desenvolvem o debate. Cabe salientar
que este primeiro momento é fundamental para que se possa compreender que
teoria fundamenta a prática, uma vez que todo processo de formação é funda-
mentado em um pressuposto, além de que desconstrói mistificações acerca da
prática teatral.

No segundo módulo, trabalha-se a preparação do corpo do ator para a


cena, em que o objetivo é a desconstrução do corpo do ator para a construção
do corpo da personagem. Esta prática é compreendida do trabalho dos jogos
corporais e atividades físicas. A cada nível da formação, intensificam-se, tor-
nando-se mais complexas em seu desenvolvimento e aprimorando o trabalho,
uma vez que para Stannislavski (2006) o trabalho do ator não é uma mera ins-
piração, mas resultado de um trabalho sistemático.

Sendo assim, o trabalho do ator de preparação corporal é indispensável


para sua entrada na cena. Portanto, no que se refere a este módulo, depreende-
-se que o seu trabalho é um requisito para a construção da personagem.

42
Olhares plurais e multidisciplinares na pesquisa e extensão

Por fim, o trabalho da personagem compreende uma sucessão de técnicas


e sequências para sua construção. Segundo Berguer e Luckmann (1985), o ator
necessita da criação de uma realidade inicialmente, isto é, o ator precisa cons-
truir e compreender a realidade em que a personagem se insere porque, vale res-
saltar, os comportamentos são dados a partir das convenções e do convívio em
sociedade, em que, segundo Vygotsky (2007), os seres humanos internalizam
os conceitos a partir do contado com a sociedade. Partindo desta premissa, a
construção de uma realidade é fundamental para a construção da identidade da
personagem, em que seus comportamentos dependem de uma realidade, cujo
resultado demanda de estudos e dedicação do ator para alcançar uma proposta
mais humanística de sua produção.

Para ilustrar, por exemplo, uma personagem cuja identidade é indiana


não teria tanto afeto com um cachorro em cena como uma personagem bra-
sileira, pois a cultura, principal fator determinante da identidade, não são as
mesmas, em que suas realidades são distintas. Pelo fato supracitado que se de-
senvolvem os laboratórios de construção da personagem, que podem ocorrer de
forma psicológica ou a convivência em contexto semelhante. Por esse motivo,
é fundamental que o partícipe investigue e conheça também aspectos culturais
da personagem que será encenada, tornando-se capaz de colocar-se no lugar de
outro sujeito e outro espaço, afim de alcançar sutileza na apresentação teatral.

As técnicas também variam bastante, em que no primeiro se focaliza em


uma atuação mais simples, para que os partícipes comecem a ter contato com
a encenação. Já, nos segundo nível, tem-se o trabalho, sistematizado na teoria
física, no que descreve Stannislavski (2006) ao trazer concepções e rigor na
construção da personagem.

No terceiro, o nível fundamenta-se no que descreve Brecht (2000) ao


construir a teoria do distanciamento do ator e a elevação do senso crítico. Com
isso, no quadro abaixo, elenca-se as formações e a quantidade dos partícipes.

43
Olhares plurais e multidisciplinares na pesquisa e extensão

Quadro 2- As formações e participantes

QUANTIDADE
FORMAÇÃO
DE PARTÍCIPES

Introdução às práticas teatrais: fundamentos


40
e expressividade

Introdução às práticas teatrais: fundamentos


42
e expressividade

Práticas intermediárias de interpretação cênica 22

Práticas avançadas de interpretação cênica 20

Práticas introdutórias de interpretação cênica 25

Fonte: autor

Como visto acima, foram seis ações desenvolvidas ao longo do ano, em


que participaram pessoas dos diferentes perfis, idades, identidades de gênero,
cor e credo. Todas as formações foram disponibilizadas aos discentes, docentes
e comunidade externa da Unifesspa, assim, objetivando atingir um maior nú-
mero de pessoas, a fim de construir uma cultura participativa em teatro na Uni-
fesspa, em que todos pudessem ter acesso às produções teatrais desenvolvidas
pelos cursos. Como resultado dessas práticas, montaram-se cinco espetáculos
teatrais, em que cada curso criava a partir das concepções e pressupostos ado-
tados.

O quadro três traz, respectivamente, as montagens desenvolvidas.

44
Olhares plurais e multidisciplinares na pesquisa e extensão

Quadro 3- Apresentações

NÍVEL ESPETÁCULO

Básico A manifestação da Matinta Pereira

Básico O agito das águas

Intermediário O enigma de capitu

Avançado Violência ou loucura:

Básico A lenda de Joana a Virgem

Fonte: autor

As apresentações foram disponibilizadas a todos que desejassem parti-


cipar, de forma gratuita e sem qualquer cobrança. O auditório, a cada apresen-
tação, aumentava em quantidade de expectadores, assim, o que remete a um
crescimento da participação nos espaços destinados ao teatro.

Utilizou-se o auditório central da Unifesspa Unidade I e o teatro da pre-


feitura de Marabá, Cine Marrocos, o qual possui parceria com as atividades da
Universidade, assim, fomentando a cultura artística na cidade.

No tocante ao objetivo de fomentar a cultura teatral na Unifesspa, com-


preende-se os espaços de apresentação como a ferramenta, que atinge um nú-
mero maior de pessoas, estimando cerca de 500 sujeitos alcançados com as
ações de apresentação e 149 com as ações formativas. Cabe ressaltar que, para

45
Olhares plurais e multidisciplinares na pesquisa e extensão

fins de análise deste artigo, estudou-se apenas as ações de formação compreen-


didas como os cursos, limitando-se a este fim portanto, não se aborda outros
espaços como os encontros, minicursos, oficinas e palestras.

Contribuições do teatro

Segundo Carreira (2006), a prática teatral é ciência, pois utiliza-se de


método e fundamentação para o seu desenvolvimento, assim, quebrando o
paradigma de que o teatro é supérfluo. Nesse sentido, Vygotsky (1930) afirma
que a arte é uma necessidade do ser humano, o que reflete a ficha de avaliação
analisada ao final da formação, em que os partícipes parabenizam a ação e re-
forçam o desenvolvimento de mais espaços, além do seu estado de bem-estar
corporal e emocional proporcionado pela arte. Há um trecho da ficha de avalia-
ção de um partícipe bem interessante a analisar:

“A Arte, como fenômeno natural do animal Humano sempre está presente


em nossa formação expressiva, mesmo que imperceptível na maioria das
vezes. O Teatro, uma de suas principais vertentes, se agrega ao nosso co-
tidiano tomando uma diversidade de formas, levando o maior número de
pessoas. Comigo não foi diferente: já criança criava personagens, mundos
e cores que me permitisse transcender ao que sou e o que me fiz, desper-
tando assim a euforia que encontra todos aqueles que se permitem embalar
nos braços da Arte.” (GLÓRIA, 2019)

Acima, pode-se afirmar que a arte é muito importante na formação do


ser humano com descreve Vygotsky (1930) e reafirma o partícipe. Nesse passo,
o trabalho desenvolvido tem mais relevância em seu processo ao resultado,
assim, podendo afirmar que quem viveu o processo, teve a oportunidade de en-
contrar o teatro em seu dia a dia e buscar técnica para desenvolver a arte, uma
vez que esta é ciência.

É bem importante salientar que o curso traz aulas de fundamentação, o


que, de certa forma, diferencia-se de outros, mas tal busca compreender a evo-

46
Olhares plurais e multidisciplinares na pesquisa e extensão

lução da técnica e forma de fazer a ciência teatral para que se possa construir o
conhecimento e experimentar das diversas técnicas, desde as mais simples às
mais sofisticadas e interacionistas.

Com isso, Stannislavski (2005) desmistifica o trabalho e a preparação do


ator, em que este afirma ser um processo muito mais complexo do que aparen-
ta, em que este buscará uma interação, inicialmente, entre ator e personagem,
assim, o que gerou um conflito entre os partícipes, mas com o processo de inte-
ração e orientação, a partir da psicologia da personagem, pôde-se construir um
novo olhar acerca disso e buscar resultados, que foram imensuráveis.

Como resultado desse processo, o autoconhecimento do corpo e seus li-


mites foram perceptíveis na fala e no desenvolvimento ao longo do processo,
em que a partir dos jogos e exercícios de corporeidade, chegou-se a esses re-
sultados. Os partícipes constroem corpos diferentes, respeitando seus limites,
aproximando-se da interação com a personagem, assim, manifestando-a.

Ainda no que tange a psicologia da personagem, cabe ressaltar que as


discussões fomentam e qualificam o trabalho do ator, pois processos comple-
xos de realidade, interação, compromisso e, principalmente, psíquicos são es-
tabelecidos e postos em prática.

Nesse sentido, o ponto trivial é o distanciamento entre o ator e a persona-


gem pois a busca do outro de compreender o outro e viver, ainda que encenada,
a realidade do outro gera um grande conflito, em que o papel do ator é manifes-
tar a essência da personagem, utilizando de métodos pré-concebidos e referente
ao nível de formação.

Outro ponto a destacar é o trabalho de desmistificação de conceitos rela-


cionados ao teatro. Abaixo observa-se o relato de um partícipe:

47
Olhares plurais e multidisciplinares na pesquisa e extensão

“As crenças, conceitos e julgamentos que povoavam meu imaginário em


relação ao trabalho do ator e a construção da personagem, antes de ter aces-
so ao material técnico-científico do curso, eram pautados em uma intuição,
algumas vezes equivocada das artes cênicas, outras vezes acertada. Nesse
sentido, desconhecia a importância de um enredo consistente, do cenário,
dos figurinos e da caracterização para a constituição de uma realidade cê-
nica, que vai apoiar a constituição da identidade da personagem, conceito
este que agora me parece claro: “a personagem pertence a uma realidade
que gera uma identidade com um conjunto de papeis a serem desempe-
nhados”. Ficou evidente, a partir daí, porque não se pode dizer que atuar é
fingir: na verdade, o ator cria, constrói uma personagem, ele empresta seu
corpo e seus recursos para que essa personagem ganhe vida, e não apenas
“incorpora” um papel. A personagem é, assim, fruto de um trabalho árduo,
técnico, e não de uma incorporação metafísica. A importância dos ensaios
nesse processo também era desconhecida por mim.” (TIFANE, 2019)

Como pode-se observar acima, o sujeito realiza um grande trabalho de


desconstrução do seu imaginário, demonstrando, anteriormente ao curso, um
cenário com equívocos e um trabalho simplificado do ator, mostrando desco-
nhecer o conjunto de técnicas que se valem para a construção do trabalho cêni-
co. Ainda no relato acima, cabe ressaltar a mudança de concepção do sujeito,
em que este se apropria da teoria e consegue aplica-la e mais, compreender e
expressar a sua importância e o seu detalhamento. Reconhecer que o trabalho
do ator é grande e se apoiando em construções de realidade e identidade, pode-
-se considerar um grande avanço para a sonhada construção da cultura teatral.

Com isso, muitos sujeitos tornam-se formadores em suas comunidades,


assim, reproduzindo o sentido da extensão, em que se forma o sujeito para este
levar ainda mais e aplicar o conhecimento em suas comunidades. Desta forma,
conseguimos aproximar a universidade da comunidade, nessa troca dialógica.

Com isso, o trabalho de formação é para formadores, ou seja, multiplica-


dores do conhecimento e da aplicação da técnica, ajundando a difundir mais o
discurso da arte, linguagem e ciência cênica. Em se tratando de diálogo, a apre-
sentação, produto final, é outra forma de estar dialogando com a comunidade,

48
Olhares plurais e multidisciplinares na pesquisa e extensão

pois traz a comunidade à Universidade e a Universidade à comunidade, em que


contribuem na construção dos espaços e, também, podem ter espaços de entre-
tenimento, pois, segundo Brecht (2000) o teatro também deve divertir além de
elevar o senso crítico.

Uma vez tocando em senso crítico, com a adoção de práticas fundamen-


tadas no teatro de engajamento, usa-se a ferramenta como elemento de trans-
formação social, funcionando como gatilho para o despertar do senso crítico, a
partir da argumentação e a encenação da realidade, despertando sentimentos de
transformação como descreve Brecht (2000).

Portanto, pode-se compreender os resultados das ações como eficazes


e transformadoras desde a concepção a prática, em que sujeitos partícipes, ao
terem contato com a arte, modificam o seu olhar sobre ela e o mundo.

Considerações finais

Considerando que a extensão é a ferramenta utilizada para desenvolver


os espaços formativos em teatro, nota-se a relevância e seus pontos de efi-
ciência no desenvolvimento da ação, conseguindo estabelecer a relação entre
teatro, universidade e sociedade. Assim, verifica-se a presença da comunidade
nos espaços nas formações, nos resultados e de outras formas, bem como a ex-
tensão das atividades formativas nas comunidades por meio de partícipes das
formações.

Por conseguinte, a partir do que foi discutido, os benefícios da prática


teatral, desenvolvida por meio de cursos de extensão na Universidade Federal
do Sul e Sudeste do Pará (UNIFESSPA), que tem mobilizado pessoas a cons-
truir um novo olhar sobre a arte tem um valor imensurável para todos nós.

49
Olhares plurais e multidisciplinares na pesquisa e extensão

Esta relação é extremamente importante, pois aproxima os sujeitos de


um espaço que é deles e que está a serviço da comunidade. Um outro ponto,
é a desconstrução do paradigma de que a arte é supérflua e objetiva, apenas,
divertir, mas que se volta a contribuir muito com a sociedade e com a ciência,
uma vez que esta também é ciência.

Nas experiências semanais com os partícipes, foi notável como eles es-
tavam entusiasmados em fazerem parte do projeto e conforme se sentiam mais
livres para falar, mostravam-se mais despojados e confiantes. Além disso, o
relacionamento entre as pessoas que faziam parte do projeto se fortaleceu na
medida em que se conheciam mais, chegando a formar laços de amizades entre
os partícipes.

Reconhecendo que arte é ciência e faz parte do campo das linguagens,


é colocar em evidência as ciências humanas, assim, não a inferiorizando as
ciências exatas e de saúde, as quais são mais valorizadas por um maior retorno
financeiro. O teatro tem seu retorno financeiro, mas o seu maior papel é a trans-
formação humana, pois linguagem é poder e pode transformar várias realida-
des, principalmente as marginalizadas pelo capitalismo.

Destaca-se a partilha de momentos relevantes trazidos pelos partícipes


como o engajamento de cada um em descobrir novas facetas de sua realidade
ao mesmo tempo em que havia um diálogo com o grupo em uma dinâmica sur-
preendente. É por esse motivo que o projeto precisa continuar, uma vez que há
multiplicadores nesse processo, pois os partícipes que concluíram o 3º nível do
curso de teatro já pode repassar seu aprendizado a outras pessoas.

Ao se fundamentar em um método, demonstra que há uma organização e


um rigor metodológico no desenvolvimento das ações, em que pauta em méto-
dos que se preocupam com a eficácia do trabalho. Também, ainda em transfor-

50
Olhares plurais e multidisciplinares na pesquisa e extensão

mações sociais, ao adotar Brecht como fundamento para um teatro transforma-


dor, além de se fundamentar, demonstra as suas preocupações com as questões
sociais e que está além do entretenimento, pois objetiva persuadir seu auditório
a ter uma ação diferente, isto é, modificar seu contexto.

Em se tratando do trabalho do ator, é significativo seguir a preparação e


o contexto de facção do trabalho, pois técnicas, bem como os laboratórios de
construção, jogos e outros utilizados são extremamente produtíveis no que se
refere a à prática teatral. E é a partir dessa metodologia que foi possível repen-
sar técnicas teatrais que também poderiam ser feitas em sala de aula, uma vez
que grande parte dos partícipes eram de Licenciatura. Nesse sentido, a cada
passo da formação, os próprios participantes notavam que as técnicas teatrais
que lhe eram ensinadas poderiam ser transmitidas para outras pessoas, assim, o
curso de extensão ultrapassou barreiras e alcançou indivíduos de fora do con-
texto universitário.

Além disso, observa-se que as práticas transcendem ao palco, isto é, são


formas de comunicações e expressões do pensamento, assim contribuindo, tam-
bém, no dia a dia acadêmico ou laboral dos sujeitos. Com isso, o artigo se limita
a estudar apenas estes aspectos da formação, podendo ampliar em pesquisas
futuras sobre as outras ações e oportunizando espaço a outros pesquisadores no
aprofundamento dos pontos descritos aqui.

Referências
BERGUER, P. L. LUCKMANN T. A construção social da realidade. Petrópo-
lis: Vozes, 1985.

BRECHT, B. História mundial do teatro. São Paulo: Perspectiva, 2000

BOGDAN, R. & BIKLEN, S. K. (1994). Investigação qualitativa em educação:


uma introdução à teoria e aos métodos. Porto, Portugal: Editora Porto. BOR-
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51
Olhares plurais e multidisciplinares na pesquisa e extensão

CARREIRA, A. L.; CABRAL, B. A. V. O Teatro como Conhecimento. In: AS-


SOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO EM AR-
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FREIRE, P. Extensão ou comunicação? São Paulo: Paz e Terra, 1977.


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vel em <https//proex.unifesspa.edu.br/ultimas-noticias/996-inscri%C3%A7%-
C3%B5es-abertas-para-curso-de-extens%C3%A3o-em-artes-c%C3%AAni-
cas.html> acesso em: 28 de outubro de 2019.

SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do Trabalho Científico. 23ª ed.


São Paulo: Cortez, 2007.

SIMÕES, Eduardo. A construção da personagem pelo olhar da psicologia so-
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download/2516/2408 acesso em 18 de abril de 2019.

STANISLAVSKI, Constantin. A preparação do ator. Rio de Janeiro: Civilização


brasileira, 2005

STANISLAVSKI, Constantin. A construção da personagem. Rio de janeiro: Ci-


vilização brasileira, 2006

VIGOTSKI, Lev Semionovitch. imaginación y el arte em la infância. Disponí-


vel em: <http://www.antorcha.net/biblioteca_virtual/pedagogia/vigotsky/indi-
ce.html>. Acesso em: 27/08/2008. (Trabalho original publicado em 1930).

VYGOTSKI, L. V. Formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes,


2007.

52
Olhares plurais e multidisciplinares na pesquisa e extensão

CAPÍTULO 3

BEETHOVEN, DARWIN E FREUD:


INFLUÊNCIAS DA VIENA FIM-DE-SIÈCLE
NA POÉTICA DE GUSTAV KLIMT
Nathalia Magdalena Uliana Gomes
Doi: 10.48209/978-65-5417-027-3

Introdução

O presente trabalho configura-se como um artigo realizado como requisito


estabelecido para a conclusão da disciplina de História da Arte I, ministrada pelo
professor Dr. Mauricius Farina, no curso de Pós-graduação em Artes Visuais
– UNICAMP. Para isso, realizou-se uma investigação sobre as influências
contidas nas obras de Gustav Klimt, a partir do cenário artísticos/histórico
da Viena Fim-de-siècle e seus desdobramentos na burguesia austríaca, com o
objetivo de apontar possíveis aproximações entre a obra do artista com outras
figuras históricas que se tornaram referentes neste momento, como Ludwig
van Beethoven, Charles Darwin e Sigmund Freud. Portanto, realizou-se uma
pesquisa bibliográfica, revisando artigos e publicações sobre o tema. Contudo,
uma noção introdutória do período histórico torna-se estritamente necessária
para uma melhor compreensão acerca das influências encontradas na obra de
Gustav Klimt e sua relevância perante esse cenário.

53
Olhares plurais e multidisciplinares na pesquisa e extensão

Viena fim-de-siècle

A cidade de Viena passou por uma grande transformação durante a


segunda metade do século XIX. A classe média liberal da Áustria tornou-se
energizada e forçou a monarquia absoluta, comandada pelo imperador Francisco
José, a evoluir ao longo de linhas mais democráticas. De acordo com J. Molina
(2010), neste período, o imperador mandou derrubar as muralhas ao redor de
Viena, surgindo, assim, a famosa Ringstrasse, um complexo de avenidas com
casas comerciais e prédios públicos — o Parlamento, a Prefeitura, a Casa da
Ópera, o Teatro, o Museu de Belas Artes, o Museu de História Natural, e a
Universidade de Viena — que deveriam ser erguidos juntamente com palácios
para a aristocracia, e grandes edifícios de apartamentos para a burguesia.

Segundo Eric Kandel (2012), na década de 1860, a maioria dos austríacos


sentiu que sua nação estava em transição. A visão progressista da classe média
obteve um efeito particularmente profundo na comunidade judaica1. A cidade
de Viena passou a ter uma das mais avançadas infraestruturas da Europa.
Consequentemente, Viena no fim-de-siècle revelou-se um dos terrenos mais
férteis para a cultura histórica da modernidade. As inovações intelectuais nas
mais diversas áreas — na música, filosofia, economia, arquitetura e psicanálise
— romperam seus laços com a perspectiva histórica essencial para a cultura
liberal novecentista em que foram gerados.

Quase simultaneamente, área após área, a intelligentsia da cidade realizou


inovações, que vieram a ser identificadas em toda a esfera cultural europeia
como “escolas” vienenses — principalmente na psicologia, história da arte
e música. Mas, mesmo nos campos onde as realizações austríacas tarda-
ram mais a obter o reconhecimento internacional — literatura, arquitetura,
pintura e política, por exemplo —, os austríacos entregaram-se a reformu-
lações críticas ou transformações subversivas de suas tradições, que foram
reconhecidas pela sua sociedade como radicalmente novas, quando não
efetivamente revolucionárias (SCHORSKE, 1988 p. 21).

1 Como resultado, o número de judeus em Viena aumentou de 6,6% em 1869, para 12% em 1890,
causando um tremendo impacto no surgimento do Modernismo (KANDEL, 2012).

54
Olhares plurais e multidisciplinares na pesquisa e extensão

Para Kandel (2012), os avanços em biologia, medicina, física, química e


economia, trouxeram consigo a percepção de que a ciência não era mais uma
província estreita e restrita aos cientistas, mas havia se tornado parte integran-
te da cultura vienense. Nesse contexto de nomes tão singulares como Freud,
Mahler, Schnitzler e Otto Wagner, surge Gustav Klimt, com sua esplêndida e
pulsante obra.

Desta forma, a vida de Gustav Klimt coincidiu com as épocas de esplen-


dor e decadência de Viena. Klimt desenvolveu sua obra pictórica na virada do
século XIX, exercendo grande influência na modernização da pintura vienense.
Famoso por seus muitos romances e celebrado por seus quadros de mulheres
carregados de erotização em suas composições, Klimt apresenta-se como uma
das principais figuras da era de ouro cultural de Viena, antes da Primeira Guerra
Mundial (Dorling Kindersley, 2017).

Gustav klimt e a secessão de viena

Giulio Argan (1992, p. 212) descreveu Klimt como um artista “extrema-


mente culto e sensível, refinado às raias da morbidez, mas também ligado à
uma fórmula decorativa própria, cheia de implicações simbolistas”. Para Jan-
son (2010), Klimt possuía fascínio pelos padrões orgânicos e pelos significados
psicológicos que estes podem transmitir.

Gustav Klimt foi um dos fundadores e o primeiro presidente da Secessão


Vienense, uma organização vanguardista que integrava um movimento interna-
cional de secessões aliadas, iniciado em Munique, e que se alargou à Berlim. A
Secessão de Viena “não só fornecia uma alternativa à academia conservadora,
mas seu objetivo incluía a exaltação e inclusão das artes decorativas, com a
filosofia de ‘arte total’ “(JANSON, 2010, p. 949).

55
Olhares plurais e multidisciplinares na pesquisa e extensão

Gesamtkunstwerk, ou “obra de arte total”, é a integração de muitas for-


mas de artes para criar uma experiência unificada. Apesar de se tratar de uma
ideia antiga, que remete ao antigo Egito, foi usado pela primeira vez no século
XIX pelo compositor alemão Richard Wagner. Segundo Wagner, “Um artista
se sentiria plenamente realizado apenas com a unificação de todas as formas de
arte à serviço de um esforço artístico comum”. (BUGLER, 2019 p. 286).

De acordo com Schorske (1988), a Secessão de Viena proclamava sua


função regeneradora, dando à sua revista o nome de Ver Sacrum2 (Primavera
Sagrada). A década que se seguiu à fundação da Secessão, viu também a trans-
formação e invenção do artista Gustav Klimt como o conhecemos hoje: “de
um respeitado e competente pintor acadêmico, num protagonista de um dos
mais audazes movimentos vanguardistas da Europa na virada do século XIX”
(NATTER, 2018, p. 71). As exposições da Secessão de Viena possibilitaram à
sociedade e artistas da época o contato com diversas obras de outros artistas,
como Munch, Van Gogh, Rodin, entre outros. Este contato também influenciou
o desenvolver da linguagem pictórica de Klimt. O estilo acadêmico inicial de
Klimt lhe valeu sucesso e encomendas oficiais, mas nos anos que se seguiram
ele foi atraído pela arte de vanguarda de outras partes da Europa, e começou a
desenvolver seu próprio estilo, “fundindo temas simbolistas, elementos do Im-
pressionismo e do Art Nouveau, e até mesmo influências do período Bizantino”
(Dorling Kindersley, 2014, p. 307).

Entre as exposições da Secessão, destacou-se a de 1902, dedicada à Bee-


thoven. Na exposição, arquitetura, pintura, escultura e música juntaram-se num
todo coerente em torno da celebração à vida e música de Beethoven, em parti-
cular de sua Nona Sinfonia, que no evento foi executada por Gustav Mahler. O

2 O título se baseia num ritual romano de consagração de jovens em épocas de perigo nacional.

56
Olhares plurais e multidisciplinares na pesquisa e extensão

magnifico Friso de Beethoven (Figura 1) de Klimt, foi o maior esquema inte-


grado que sobreviveu do artista (NATTER, 2018 p. 89). A exposição foi conce-
bida como uma forma de obra de arte completa para criar uma homenagem ao
compositor alemão Beethoven. Ocupando três paredes, o friso deve ser lido de
forma linear — do mesmo modo que alguém ouviria uma sinfonia, ou seja, ins-
pirado na estrutura musical da própria composição musical (BUGLER, 2019).

O primeiro painel (na parede de esquerda) representava A Aspiração à Fe-


licidade; o segundo (central), as forças inimigas; e o terceiro (na parede
direita), A Alegria, nobre centelha divina. O catálogo descrevia a cena do
seguinte modo: “O gigante Tifeu, contra quem os deuses lutaram em vão;
suas três filhas, as Górgonas. A doença, a loucura, a morte. A luxúria, o
impudor, a desmesura. Aflição contínua. Os anseios e os desejos da huma-
nidade voam por cima e além deles” (Folha de São Paulo, 2007 p. 51).

Figura 1 – Friso de Beethoven – painel 3

Fonte: http://mundoalemdaspalavras.blogspot.com/2012/06/gustav-klimt-1862-1918-o-friso-de.
html

O nascimento e o triunfo da Secessão coincidiram com a evolução de


Klimt, que, de acordo com Natter (2018), foi simultaneamente progenitor e

57
Olhares plurais e multidisciplinares na pesquisa e extensão

parteiro do mais significativo período de arte austríaca do século XX. A Seces-


são chegou ao seu fim em 1908, após conflitos entre os integrantes e o cenário
da eminente Primeira Guerra Mundial.

Gustav klimt e a psicanálise

Na virada do século XIX, Klimt alcançou uma mistura única de simbo-


lismo sombrio, alegria humana, e realismo expressivo, que resultou num corpo
substancial de “pinturas altamente emocionantes e intensamente ornamentadas,
tendo como centro a figura feminina” (NATTER, 2018 p. 102). Viena foi o lo-
cal de nascimento da psicanálise, o que pode em parte explicar a preocupação
de Klimt (no trabalho e na vida) com o erótico em geral, e o fascínio feminino
em particular, temas recorrentes em sua pintura (Dorling Kindersley, 2017).

Nesta fase, destacam-se algumas obras famosas do artista, como o Friso


de Stoclet, Judit I e O Beijo (Figura 2). De acordo com Janson (2010), o quadro
O Beijo, de Klimt, possui tema de inspiração simbolista e está diretamente re-
lacionado com a pintura de Munch de 1897, que leva o mesmo nome. Ambos,
por sua vez, inspiraram-se em O Beijo de Rodin.

Para Nadja Pinheiro (2008), em nenhuma outra tela o dualismo (freudia-


no) se apresenta de forma tão intensa e explicita quanto em O Beijo (Figura 2).
Para a autora, este dualismo se apresenta nas linhas retas do manto masculino
em contraposição às flores e traços arredondados do manto feminino; no con-
traste entre a pele clara da mulher e a pele escura do homem; entre a atividade
presente no ato de abraçar masculino em oposição à passividade da entrega
feminina. Para Molina (2010), “em O Beijo, o abraço aparece menos como
uma união ou uma imagem que encarna o triunfo do Eros do que como uma
regressão entorpecida a si mesmo” (MOLINA, 2010, p. 129).

58
Olhares plurais e multidisciplinares na pesquisa e extensão

Para além do dualismo, a tela tematiza também outra importante questão


psicanalítica: a relação amorosa. Se à primeira vista, a tela parece apontar
para a possibilidade de ocorrência de um encontro perfeito entre duas pes-
soas, ilusão que se estabelece no momento da entrega apaixonada, o detalhe
destacado por Klimt, que a um passo da entrega, efetivada sobre um con-
vidativo e inocente campo florido, abre-se um abismo sem fim, demonstra
que basta um pequeno deslize, um simples desencaixe que o impossível da
relação afetiva se faz (PINHEIRO, 2008, p. 44).

Figura 2 – O Beijo

Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/4/40/The_Kiss_-_Gustav_Klimt_-_Goo-
gle_Cultural_Institute.jpg

Gustav klimt e Darwin

Outra célebre pintura, que tomou os noticiários na última década, é a


Dama Dourada – ou o Retrato de Adele Bloch-Bauer I (Figura 3). Após uma
calorosa disputa judicial, o retrato que havia sido confiscado pelo regime na-

59
Olhares plurais e multidisciplinares na pesquisa e extensão

zista retornou à família proprietária. Além disso, posteriormente o quadro foi


vendido por US$ 135 milhões. (KANDEL, 2012) A encomenda da obra foi
realizada após Klimt ter feito uma viagem a Ravena, onde teve contato com
mosaicos bizantinos, o que claramente influenciou na sua composição. Ao uti-
lizar folhas de ouro e prata, formas geométricas, e hieróglifos egípcios, Klimt
propõem uma redução do corpo feminino à ornamentos (NATTER, 2018). Mas
a pintura tem um significado histórico adicional, é uma das primeiras pinturas
de Klimt a se afastar de um espaço tridimensional tradicional e se mover para
um espaço moderno e achatado que o artista decorou luminosamente. A pintura
revela Klimt como um inovador e grande contribuinte para o surgimento do
Modernismo Austríaco na arte (KANDEL, 2012).

A pintura de Klimt não só tornou a beleza e a sensualidade irresistíveis de


Bloch-Bauer, sua ornamentação e motivos exóticos anunciavam o início da
Modernidade, com a intenção de forjar radicalmente uma nova identidade.
Com esta pintura, Klimt criou um ícone secular que viria a defender as as-
pirações de toda uma geração em Viena Fin-de-siècle. Nesta pintura, Klimt
abandona a tentativa de pintores do início do Renascimento de recriar com
realismo, cada vez maior, o mundo tridimensional em uma tela bidimen-
sional [...] além dessa ruptura com o passado artístico, a pintura nos mostra
como a ciência moderna, particularmente a biologia moderna, influenciou
a arte de Klimt, como fez grande parte da cultura de “Viena 1900” (KAN-
DEL, 2012, p. 29).

Como a historiadora de arte Emily Braun documentou, Klimt leu Darwin


- A Origem das Espécies (1859) - e ficou fascinado com a estrutura da célula,
o bloco de construção primário de todos os seres vivos. Assim, as pequenas
imagens iconográficas no vestido de Adele (Figura 3) não são simplesmente
decorativas, em vez disso, são símbolos de células masculinas e femininas: es-
perma retangular e óvulos vazios. Estes símbolos de fertilidade biologicamente
inspirados são projetados para combinar o rosto sedutor com suas capacidades
reprodutivas completas (KANDEL, 2012).

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Olhares plurais e multidisciplinares na pesquisa e extensão

Figura 3 – Retrato de Adele Bloch-Bauer I

Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/8/84/Gustav_Klimt_046.jpg

De fato, seus retratos radicais da figura feminina de Klimt, são vistos


pela historiadora da arte Emily Braun como refletindo uma perspectiva natu-
ralista, pós-darwiniana. Assim como em Adele (Figura 3) Klimt também in-
corporou símbolos biológicos em sua pintura de Zeus chegando a Danaë, no
quadro Danaë (Figura 4). Aqui, o artista transforma a chuva de gotas douradas
e retângulos pretos, simbolizando o esperma de Zeus, no lado esquerdo da tela,
em formas embrionárias iniciais, simbolizando a concepção, no lado direito
(KANDEL, 2012).

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Olhares plurais e multidisciplinares na pesquisa e extensão

Figura 4 – Danaë

Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Dana%C3%AB_(Klimt)#/media/Ficheiro:Gustav_Klimt_010.
jpg

Considerações Finais

A vida enigmática de Gustav Klimt revela-se em sua vasta obra. Embora


tenha percorrido por caminhos distintos na construção de sua poética, Klimt
apresenta uma arte encantadora, capaz de enfeitiçar seus contempladores. É
evidente sua contribuição ao Modernismo, principalmente em Viena fim-de-
-siècle, cidade de cenários tão intensos e importantes nesta época. A capacida-
de de sintetizar diversas influências artísticas absorvidas e fundi-las à ciência
e cultura de sua época é um dos aspectos fascinantes de Klimt. Sua liberdade
erótica e criativa é capaz de atravessar a alma, tornando o vazio e a tormenta
em algo sublime. De certo, a influência de grandes nomes como Ludwig van
Beethoven, Charles Darwin e Sigmund Freud, podem ser apontadas em partes
de sua obra, como foi evidenciado aqui. Contudo, novos estudos sobre o tema
seriam de grande relevância à fim de ampliar o repertório sobre o assunto.

62
Olhares plurais e multidisciplinares na pesquisa e extensão

Referências
ARGAN, Giulio Carlo. Arte Moderna. São Paulo: Companhia das Letras, 1992.

BUGLER, Caroline. O Livro da Arte. Rio de Janeiro: Globo Livros, 2019.

Dorling Kindersley. Artists- Their Lives And Works. Nova York: Penguin Ran-
dom House, 2017.

Dorling Kindersley. História Ilustrada da Arte: os principais movimentos e as


obras mais importantes. São Paulo: Publifolha, 2014.

Folha de São Paulo. Gustav Klimt. Coleção Folha Grandes Mestres da Pintura.
Vol. 20, 2007

JANSON, W. H. A nova História da Arte de Janson. Lisboa: Fundação Calouste


Gulbenkian, 2010.

KANDEL, Eric R. “The age of insight: the quest to understand the unconscious
in art, mind, and brain, from Vienna 1900 to the present. New York: Random
House, 2012.

MOLINA, J. e JUSTO, J. As Mulheres de Gustav Klimt. Interthesis, Vol. 07,


02, 2010

NATTER, Tobias G. Gustav Klimt. Lisboa: Taschen, 2018.

PINHEIRO, Nadja N. Freud e Klimt em Viena “fin-de-siècle”: interfaces tntre


psicanálise e arte. Revista Psicanálise e Arte, n.9, 2008.

SCHORSKE, C. E. 1988. Viena Fin-de-soècle: política e cultura. São Paulo:


Companhia das Letras, 1988.

63
Olhares plurais e multidisciplinares na pesquisa e extensão

CAPÍTULO 4

TE MOVE: PELAS ONDAS DE RÁDIO


INOVANDO NA EDUCAÇÃO
Maria Aparecida Azzolin
Doi: 10.48209/978-65-5417-027-9

Introdução

Senhoras e senhoritas, a Rádio Nacional do Rio de Janeiro apresen-


ta “Em busca da felicidade”, emocionante novela de Leandro Blanco,
anunciando também a parceria da Rádio com a Empresa de Propaganda
Standard Ltda., responsável pela conta publicitária da Colgate-Palmoli-
ve no Brasil1.

A epígrafe que inicia este capítulo, é um trecho de abertura da radiono-


vela “Em busca da felicidade”, de 1941. As rádios novelas por um bom tempo,
divertiram pessoas no nosso país. Era a forma de entretenimento das famílias.
Após o jantar, o pai ligava o rádio e a família inteira ficava em volta, para es-
cutar as falas gravadas por atores, nos estúdios da rádio. Riam, choravam e se
indignavam com os vilões. Em muitos munícipios, era o meio de comunicação
com quem morava longe. Em pleno século vinte e um, com a popularização das

1 Trecho de abertura da radionovela “Em busca da felicidade”, primeira radionovela brasileira


veiculada na Rádio Nacional, cuja estreia completou 80 anos, em 2022. A narração foi feita por
Aurélio de Andrade, locutor da Rádio Nacional do Rio de Janeiro. (https://agenciabrasil.ebc.com.
br/geral/noticia /2021-06/em-busca-da-felicidade-primeira -radionovela-brasileira-faz-80-anos,
acessado em 19/09/2022)

64
Olhares plurais e multidisciplinares na pesquisa e extensão

redes sociais, a facilidade de comunicação via WhatsApp, ainda tem cidades


menores, que se comunicam com a zona rural, através das emissoras de rádio.
As ondas de rádio levam informação, divertimento e conhecimento.

Sabendo do alcance que as ondas de rádio possuem, foi construído o


Programa de rádio Te Move - Temas Emergentes em Movimento, a partir do
Programa Temas Emergentes em Educação e Ensino Híbrido para a Educa-
ção Básica, ano 2022. O programa de rádio e o programa de capacitações são
projetos da Coordenadoria de Tecnologia Educacional da UFSM, vinculada à
PROGRAD, Pró-Reitoria de Graduação, da mesma instituição de ensino.

O Programa Temas Emergentes em Educação e Ensino Híbrido para a


Educação Básica, ano 2022, tem como objetivo levar capacitações aos pro-
fessores e professoras da Educação Básica e alunos e alunas de licenciaturas e
demais profissionais que tenham interesses nos temas abordados. As palestras
possuem temáticas variadas, sugeridas pelas 229 instituições parceiras. Tem
como perspectiva, refletir2 sobre os diferentes temas emergentes e o ensino
híbrido no contexto escolar, durante e pós pandemia. O Programa Temas Emer-
gentes e Ensino Hibrido para a Educação Básica, visa capacitar e qualificar pro-
fessores (as) e demais profissionais que atuam nas escolas da educação básica,
atendendo às novas demandas referentes ao planejamento e o desenvolvimento
do ensino híbrido. Tem como um de seus objetivos, promover o processo de
ensino e aprendizagem participativo e significativo, desenvolvendo competên-
cias e habilidades em professores(as) e demais profissionais que atuam nas
escolas da educação básica e que possa contribuir para a ruptura de paradigmas
do ensino convencional, com capacidade de compreensão, intervenção e trans-

2 A reflexão e a ação de refletir, são tomados aqui em consonância com o que propõe Humberto
Maturana (2016), como processos que não se limitam ao pensar, ao raciocinar, mas, sim, buscar
agir de modo a perceber, a entender os sentidos da própria existência como ser humano e realizar a
natureza amorosa que nos funda. Refletir é ação. Pensar sobre o próprio pensamento.

65
Olhares plurais e multidisciplinares na pesquisa e extensão

formação da realidade. Dessa forma, contribuindo para a efetiva mudança da


dinâmica do ensino, oportunizando trocas de experiências e saberes entre todos
as pessoas envolvidas. Busca-se possibilitar a formação de cidadãos críticos,
capazes de se posicionarem frente aos desafios do ensino durante a pandemia
e pós-pandemia. E com isso, possibilitar que as escolas de educação básica,
enquanto instituição social responsável pela organização, construção e socia-
lização do conhecimento e da cultura, revelem-se como um espaço democrá-
tico. Apresentando as condições necessárias para o atendimento às peculiari-
dades individuais do ensino híbrido, de forma que todos possam usufruir das
oportunidades existentes. Proporcionando assim, a democratização ao acesso
da informação, levando em consideração as peculiaridades e particularidades
do ensino híbrido e a interiorização e democratização do ensino gratuito e com
vistas, a assegurar o direito à aprendizagem de qualidade. O Programa Temas
Emergentes e Ensino Hibrido para a Educação Básica, ano 2022, propicia a in-
teração e troca de conhecimentos entre a universidade e a sociedade, atendendo
os desafios institucionais do Plano de Desenvolvimento Institucional da UFSM
(PDI 2016-2026), quais sejam: (1) os Objetivos de Desenvolvimento Sustentá-
vel da Agenda 2030 da ONU; (2) Fórum Regional Permanente de Extensão da
UFSM.

O Programa de Rádio Te Move – Temas Emergentes em Movimento - tem


como objetivo promover e incentivar a produção e aquisição de conhecimentos
e de saberes, das pessoas envolvidas - equipe formadora e participantes/
ouvintes - no programa, bem como propiciar a aproximação da Universidade
Federal de Santa Maria com a comunidade dos mais longínquos lugares.
Tem como meta, possibilitar um intercâmbio de conhecimentos e de saberes
entre os participantes do Programa, promovendo um conjunto de vivências –
via programas de rádio - entre comunidade acadêmica e professores(as) em

66
Olhares plurais e multidisciplinares na pesquisa e extensão

exercício na Rede Básica de Educação, contribuindo com a popularização de


conhecimentos e de saberes, incentivando a utilização do rádio como forma de
ampliar o processo de construção e/ou aquisição de conhecimentos e de saberes.
Dessa forma construindo cenários de entendimento e de conhecimento sobre as
diferentes práticas educativas colocadas em movimento, pelos professores (as)
nas Redes Básicas de Ensino.

Vivemos em um país onde o acesso à internet não é universal. Em muitas


comunidades do interior professores da Educação Básica não conseguem realizar
formações, ampliando seus conhecimentos, por falta de acesso a capacitações
a distância, bem como, dificuldade de locomoção até os grandes centros.
Situações ocasionadas, devido às precárias condições financeiras que assola a
extensa maioria dos professores e professoras do Brasil. Baixos salários e falta
de uma infraestrutura que possibilite a atualização de conhecimentos, é uma
realidade cotidiana. Muitos sentem-se desatualizados e anseiam por uma melhor
qualificação profissional. Partindo dessas premissas, criamos um programa
para a Rádio da Universidade Federal de Santa Maria, 800AM, com entrevistas
semanais, denominado “Te Move – Temas Emergentes em Movimento”, onde os
palestrantes convidados para o Programa Temas Emergentes e Ensino Híbrido
para a Educação Básica, participam de uma conversa descontraída e informal,
levando conhecimentos aos mais longínquos lugares, onde o acesso à internet é
deficitário, mas as ondas de rádio conseguem chegar.

O Programa de Rádio Te Move – Temas Emergentes em Movimento, vai


ao ar todas as terças-feiras, às 18h, tendo uma hora de duração. Sua estreia, foi
no dia 17 de maio de 2022, com uma conversa com o Professor Doutor Valdo
Barcelos3, docente da UFSM. O Professor Valdo, palestrou no Temas Emergen-

3 Disponível no Canal Capacitação Digital UFSM, pelo link: https://www.youtube.com/watch?-


v=iq643cD7Ws8&t=62s

67
Olhares plurais e multidisciplinares na pesquisa e extensão

tes sobre “A Sustentabilidade das Relações e a Cultura da Paz”4, no dia 20 de


maio de 2022.

O Programa é organizado pela Equipe Gestora do Projeto5. Os palestran-


tes do Programa Temas Emergentes em Educação, são convidados para um
momento de diálogo na Rádio AM, da Universidade Federal de Santa Maria. O
Programa está sendo transmitido na Frequência AM, por que o alcance dessas
ondas é maior do que o alcance de Rádio FM. Nosso objetivo é chegar nas lo-
calidades do interior, onde o acesso à informação e aquisição de conhecimentos
é mais deficitária, a AM possibilita com maior facilidade o cumprimento dessa
meta.

Inovação pelas ondas de rádio – uma breve


retrospectiva

Vivemos tempos atípicos. São tempos que alguns autores(as) têm deno-
minado de “tempos sombrios”6. Estamos vivendo intensamente momentos de
começos e recomeços após uma Pandemia causada pelo vírus SARS-CoV-2,
que assolou o mundo inteiro. Uma pandemia que só no Brasil já levou a óbito
mais de 650.000 pessoas. Isso sem falarmos nas consequências para a saúde
das pessoas que sobreviveram. Tempos de incertezas e adaptações fazem parte
de nosso cotidiano e acompanham a história da humanidade. Escolas e Univer-
sidades, como sistemas de formação de crianças, adolescentes e adultos, não
ficaram – nem poderiam ter ficado - fora desse contexto social de incertezas.
Professores e professoras, do mundo inteiro, foram convocados a se adaptar

4 Disponível no Canal Capacitação Digital UFSM, disponível no link: https://www.youtube.com/


watch?v=FNObP2vU_Qk&t=113s
5 O Programa de Rádio Te Move é apresentado pelo Professor Doutor Clayton Hillig e a Pedagoga
Doutora Maria Aparecida Azzolin. Conta com a produção da Comunicadora Social Luísa Peixoto e
da Diretora da CTE Liziany Müller, trabalhos técnicos de Gian Noal e Direção de Rádio Jonathan
Ferreira.
6 Barcelos;V; Azzolin, M.A. (2021)

68
Olhares plurais e multidisciplinares na pesquisa e extensão

a uma nova realidade, criando novas formas de aprender e ensinar. Entre es-
sas novas formas de adaptação, o apoio das tecnologias digitais foi de grande
importância no sentido de amenizar os danos causados pela necessidade de
afastamento físico entre as pessoas. Importante ressaltar que muitas das conse-
quências dessas mudanças operadas no processo educativo, bem como na vida
das pessoas, ainda estão por serem conhecidas. Nesse sentido, projetos de for-
mação e de ampliação de conhecimentos que visem contribuir para amenizar
esses cenários, são de extrema relevância acadêmica e pertinência social.

A realidade que estamos vivendo, exige um esforço de todos e de todas


as pessoas que acreditam que as mudanças são possíveis mesmo nos momentos
de extrema adversidade. O Patrono da Educação brasileira, Paulo Reglus Ne-
ves Freire (1921-1997) sintetiza essa condição afirmando que “A realidade não
é assim, está assim”. (FREIRE, 2003, p. 53), dessa forma podemos mudá-la.
Transformá-la em uma sociedade mais justa e equânime. Mais que uma frase
de efeito, essa, é um chamado a participação, um desafio ao esperançar feito
por Freire. Esperançar como verbo, justamente para reafirmar, que para Freire
a existência humana se faz e refaz na esperança e no sonho. Freire não se can-
sava de reafirmar que sua esperança não era suficiente, mas, sim, necessária.
Esse esperançar, se faz ponto de partida para buscar realizar os sonhos, sem os
quais, segundo Freire, não há existência humana (FREIRE, 1992). Sonhamos
com uma educação democrática, amorosa e dialógica. Nosso objetivo com o
Programa de rádio Te Move, é que através das ondas de rádio, possamos inovar
em Educação. Se aproximar de professores e professoras nos mais longínquos
lugares e conversar7sobre diferentes temáticas, todas suscitadas a partir das ne-

7 A expressão conversar aqui empregada é no sentido que Humberto Maturana (1994, 2004,) dá
para a mesma. Segundo este autor, a existência humana acontece no processo relacional do conver-
sar. Nosso ser biológico, como humanos, se constrói na imersão do ato de conversar. É o entrela-
çamento entre o racional e o emocional no processo da linguagem. Conversar é criar com outros.
Ou dizendo de outra forma: Conversar, como dar voltas com o outro para se entender. Escutar e
conversar é uma arte, a arte de dançar juntos (DÁVILA, 2016).

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Olhares plurais e multidisciplinares na pesquisa e extensão

cessidades elencadas por eles (as) mesmos (as). A rádio é um meio de comuni-
cação universal e por isso nos possibilita criar e inovar, novas perspectivas para
formação de professores.

Pensando na História da Educação brasileira, temos um exemplo de um


educador que trilhou o Caminho do Amar8, com amorosidade, generosidade e
esperança de um mundo melhor. Falo em Paulo Reglus Neves Freire (1921-
1997), educador brasileiro e Patrono da Educação no Brasil, um dos primeiros
a serem exilados no golpe militar em 1964, em função da sua defesa de uma
“alfabetização como um processo de conscientização, capacitando o oprimido
tanto para a aquisição dos instrumentos de leitura e escrita quanto para a sua
libertação9”. Também defendia que “não há diálogo, porém, se não há um pro-
fundo amor ao mundo e aos homens. Não é possível a pronúncia do mundo,
que é um ato de criação, se não há amor que a infunda” (FREIRE, 2001, p.79).
Freire, buscava através da conscientização, do agir criticamente, o de não ser
objeto, mas ser construtor de história, a libertação da opressão. Dizia que “o
estar no mundo necessariamente significa estar com o mundo e com os outros”
(FREIRE, 1996, p. 64). Freire, trilhou o Caminho do Amar, sempre deixando
isso visível em seus escritos:

E que é o diálogo? É uma relação horizontal de A com B. Nasce de uma


matriz crítica e gera criticidade. Nutre-se do amor, da humildade, da espe-
rança, da fé, da confiança. Por isso, só o diálogo comunica. E quando os
dois polos do diálogo se ligam assim, com amor, com esperança, com fé um

8 O Caminho do Amar, ou Caminho do Tao é uma proposição dos biólogos – culturais chilenos
Humberto Maturana e Ximena Dávila (2009). Fala de uma nova forma de perceber o viver e con-
viver, onde a emoção que nos funda é o Amor. É um viver e conviver no bem-estar, ou seja: na
tríplice harmonia, quais sejam: íntima, relacional e ecológica. O ser é percebido a partir do seu
fazer, dessa forma a pergunta básica, deixa de ser: “quem eu sou” e passa a ser “como nós, seres
humanos, fazemos o que fazemos? O viver no Caminho do amar é viver e conviver no presente,
não ignorando o passado, mas deixando ele onde está, ou seja, como algo que já aconteceu e não
volta mais. Também, percebendo que o futuro é apenas uma possibilidade, ele não existe. Só temos
o presente que muda a cada instante ao vivê-lo. É a percepção da legitimidade própria, bem como
de cada ser que habita a biosfera.
9 Fonte: Instituto Paulo Freire, https://www.paulofreire.org/paulo-freire-patrono-da-educacao-bra-
sileira, acessado em 22/05/2017.

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Olhares plurais e multidisciplinares na pesquisa e extensão

no outro, se fazem críticos na busca de algo. Instala-se, então, uma relação


de simpatia entre ambos. Só aí há comunicação” (FREIRE, 1967, p.107)

Paulo Freire inovou em Educação, trazendo a percepção da legitimidade


de cada cidadão que por esse país vivia. Soube valorizar os saberes que cada
um e cada uma trazia consigo, aprendendo com eles. Respeitou as histórias,
transformando-as em conhecimento. O Programa Te Move, traz consigo um
pouco dessa intenção freireana, uma característica marcante nos pressupostos
da Educação Popular.

Tudo em nossa vida possui uma história. Desde o garfo que utilizamos
todos os dias, o automóvel, o batom que nos embeleza... tudo tem um antes,
até chegar ao produto final. A Rádio, também tem uma história, que no Brasil
começou em 1922, com a primeira transmissão radiofônica, que levou ao país
as notícias da Exposição do Centenário da Independência, no Rio de Janeiro,
com o discurso do presidente da República. “O discurso do presidente Epitácio
Pessoa foi transmitido por meio de uma antena instalada no morro do Corco-
vado e alcançou receptores em Niterói, Petrópolis e São Paulo. Nascia ali o
rádio brasileiro, com a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, fundada por Edgar
Roquette-Pinto”10.

A Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, foi fundada por Edgard Roque-


tte-Pinto, em 20 de abril de 1923. Na época o Distrito Federal ficava no Rio
de Janeiro. Ele instalou no morro do Corcovado um transmissor. Um grande
avanço tecnológico para época. As pessoas ouviam música erudita, notícias e
conteúdos com o cunho educativo (TAVARES, 1999). Roquette- Pinto foi o
primeiro idealizador de um programa educativo, através das ondas de rádio. Ele
dizia que

10 Fonte: https://www.camara.leg.br/radio/programas/469402-primeira-transmissao-de-radio-no-
-brasil-completa-94-anos/. Acessado em 25/09/22.

71
Olhares plurais e multidisciplinares na pesquisa e extensão

o rádio é a escola dos que não têm escola. É o jornal de quem não sabe ler;
é o mestre de quem não pode ir à escola; é o divertimento gratuito do pobre;
é o animador de novas esperanças, o consolador dos enfermos e o guia dos
sãos – desde que o realizem com espírito altruísta e elevado” (ROQUET-
TE-PINTO, apud BLOIS, 1996, p.146).

A utilização das ondas de rádio como meio de diminuir as discrepâncias


da falta de acesso a conteúdo educativo e atualização profissional, à grande
parte da população, vem de longa data, e pelos relatos históricos podemos con-
firmar os resultados altamente positivos. O Te Nove é inspirado, por uma longa
história de programas educativos, mas é inovador, porque leva formação aos
docentes, de forma leve e descontraída, podendo ser ouvido enquanto dirige
seu carro ou faz seus afazeres cotidianos. O que move os gestores do programa
Te Move, é o sonho de chegar nos mais longínquos lugares, levando conheci-
mento e inspiração aos ouvintes, transformando sentires e fazeres e com isso,
contribuindo para uma Educação emancipadora, equânime e democrática.

A Universidade para além dos pórticos

A Universidade é um espaço de produção de conhecimento e promoção


de culturas. A Ciência fundamenta as ações dos profissionais que nela atuam.
No entanto, essas produções não podem ficar restritas aos espaços da universi-
dade, faz-se necessário que o conhecimento produzido chegue na comunidade.
Utilizamos a definição de conhecimento de Paulo Sarmento Guerra (2008), que
afirma que:

Saber é o meu repertório de conhecimentos – os livros que li, os quadros


que vi, as músicas que ouvi, as conversas de que participei, etc. E de que
posso me lembrar. É um repertório pessoal, intransferível. Só eu sei o que
sei, ninguém saberá o que sei. Já o conhecimento é o que sei em conjunto
com os outros. O saber é individual, o conhecimento coletivo, social, só se
alcança pela troca de saberes. O ensino universitário deveria visar à produ-
ção de conhecimento e não à transmissão de saber. Um professor univer-
sitário que exibe saber está, na verdade, traindo o objetivo universitário. E
trabalhando inutilmente: saber não se transmite, o que sei só eu continuarei

72
Olhares plurais e multidisciplinares na pesquisa e extensão

sabendo – desde que não esqueça – pelo resto da vida” (GUERRA, Apud
Joel Rufino dos Santos, 2008, pg. 36)

Dessa forma, através de rodas de conversa11, os saberes individuais, que


muitas vezes ficam restritos nos Centros Educativos, da Universidade Fede-
ral de Santa Maria e de outras universidades, de nosso tão vasto país, serão
transformados em conhecimento acessível aos profissionais dos mais longín-
quos lugares. Conhecimentos compartilhados com aqueles(as) que não tive-
ram a possibilidade de adquiri-los, principalmente pela desigualdade social
que assola cada vez mais o Brasil. Se pensarmos na formação de professores
e professoras, essa ideia sobre o saber, está muito próxima ao que defende o
pesquisador sobre formação docente, Maurice Tardif (2002, p.11), para ele o
“saber não é uma coisa que flutua no espaço: o saber dos professores é o saber
deles e está relacionado com a pessoa e a identidade deles, com a sua expe-
riência de vida e com a sua história profissional, com as suas relações com os
alunos e com os outros atores escolares”. O Programa Te Move - Temas Emer-
gentes em movimento, como seu nome já diz, busca fazer esse movimento
de histórias, trajetórias, pesquisas, em prol da universalização de saberes e de
uma ciência acessível e compreensível. Para Boaventura de Souza (2003), a
ciência, ou o que denominamos de conhecimento científico, é uma construção
humana e, como tal, não pode ser vista como alguma coisa que se descola da
sociedade em que está sendo produzida/organizada/utilizada. Isto não só é uma
necessidade política como uma exigência para a edificação de um mundo social
e ecologicamente mais justo.

A Ciência torna-se aplicável e através de sua aplicabilidade, pode trans-


formar vidas. Muitas vezes o que é produzido na Universidade, não é de conhe-

11 Rodas de conversas, ou na definição de Paulo Freire (2001) “Círculos de cultura”, ou seja, um


espaço democrático, de diálogos, interação e escuta. Espaço de leitura de mundo, de problematiza-
ção, de compreensão e consequentemente de transformação.

73
Olhares plurais e multidisciplinares na pesquisa e extensão

cimento público, ou seja, fica restrito ao mundo acadêmico e seus arredores.


Dessa forma o Programa Te Move, busca levar os conhecimentos científicos, a
ciência produzida na Universidade Federal de Santa Maria e outras instituições
de ensino parceiras, para além do Pórtico. Buscamos ser um meio de divulga-
ção das produções, dos avanços tecnológicos, científicos e culturais, para que
as pessoas, que moram nos mais longínquos lugares, e que a internet é deficitá-
ria, mas que as ondas da Rádio AM, cheguem, possam saber um pouco daquilo
que acontece no mundo acadêmico. Almejamos também, que através de um
Programa de Rádio semanal, a criança e o adolescente que estiverem sintoniza-
dos na nossa frequência, possam se inspirar e desejar fazer parte, como futuro
aluno, de uma das melhores universidades públicas do país.

Buscamos o diálogo, a democratização e o encontro, através das ondas


de rádio, como discorre Homi K. Bhabha, em seu livro “O local da cultura”
(1998), que
Viver no mundo estranho, encontrar suas ambivalências e ambiguidades
encenadas na casa da ficção, ou encontrar sua separação e divisão repre-
sentadas na obra de arte, é também afirmar um profundo desejo de solida-
riedade social: “Estou buscando o encontro...quero o encontro...quero o
encontro. (BHABHA, p.42, 1998).

O objetivo fundamental da Educação é o de criar espaços de relações,


no qual as pessoas envolvidas no processo educativo, a partir de conversações
reflexivas, co-inspirem-se12, transformando-se. Visamos colaborar para uma
Educação que propicie a formação de uma sociedade mais amorosa, generosa,
ética e democrática, estabelecendo um diálogo descontraído entre entrevista-
dores e entrevistado. Entendemos, que é só por meio do diálogo, do amar, da
co-operação e co-inspiração haverá aprendizagem, transformação social e pro-
moção e fortalecimento da cidadania e democracia.

12 Tomamos a definição de Co-inspiração dada por Humberto Maturana e Verden-Zöller (2004),


como a busca de co-elaboração e co-operação no sentido de construção de um projeto comum em
que homens e mulheres co-participam da criação de uma convivência mutuamente acolhedora e
libertadora, que se prolonga desde a infância até a vida adulta. Co-inpiração é o acolhimento mútuo
da legitimidade das pessoas que se encontram para compartilhar momentos, no viver e conviver.

74
Olhares plurais e multidisciplinares na pesquisa e extensão

Como seres humanos, nos construímos a partir das relações estabelecidas


através do conversar. Somos seres Biológico-culturais. E nos construímos a
partir das relações que estabelecemos. Dessa forma,

toda história individual humana é sempre uma epigênese na convivência


humana. Isto é, toda história individual humana é a transformação de uma
estrutura inicial hominídea fundadora, de maneira contingente com uma
história particular de interações que se dá constitutivamente no espaço hu-
mano” (MATURANA, 1999, p. 28).

Aprendemos com os outros. Na interação, no contato, no toque, no olhar


e no escutar. Assim, para se educar é necessário criar um espaço de convivên-
cia com o outro ser, onde as pessoas se aceitem mutuamente, percebendo a
legitimidade de cada um. Ambos se transformando na convivência. Com isso,
todos aprenderão não como algo externo, mas como um modo de ser no viver.
Aprende-se amar, amando. Aprende-se a odiar, odiando. Aprende-se a ser
agressivo, sendo tratado com agressividade e assim por diante.... Aprendemos
fazendo. Aprendemos amar, vivendo as ações que constituem o outro como um
outro legítimo, ou seja: aprendemos a partir do convívio com as outras pessoas
que interagem, na total aceitação. E, ainda, Maturana propõe:
O educar se constitui no processo em que a criança ou o adulto convive
com o outro e, ao conviver com o outro, se transforma espontaneamente, de
maneira que seu modo de viver se faz progressivamente mais congruente
com o do outro no espaço de convivência. O educar ocorre, portanto, todo
o tempo e de maneira recíproca. Ocorre como uma transformação estru-
tural contingente com uma história no conviver, e o resultado disso é que
as pessoas aprendem a viver de uma maneira que se configura de acordo
com o conviver da comunidade em que vivem. A educação como “sistema
educacional” configura um mundo, e os educandos confirmam em seu vi-
ver o mundo que viveram em sua educação. Os educadores, por sua vez,
confirmam o mundo que viveram ao ser educados no educar (MATURA-
NA,1999, p. 29)

O Programa de rádio Te Move – Temas Emergentes em Movimento – é


um espaço democrático de aquisição e produção de conhecimento. Entendemos
a Democracia, como um modo de viver. Uma obra de arte. Deve ser construída

75
Olhares plurais e multidisciplinares na pesquisa e extensão

passo a passo, momento a momento na convivência. Um “novo matríztico13”,


onde a emoção da generosidade é fundamental. É uma forma de romper com
o patriarcado14. É um projeto comum, onde existe a participação de todos num
espaço de conversações. Existe a possibilidade de se perceber os erros cometi-
dos e reorganizar as ações. Não exige perfeição. É o desejo de uma convivência
na fraternidade. É o oposto do que acontece nas sociedades patriarcais, onde
as ideologias são defendidas como verdades absolutas, tornando-se espaços
de lutas e de competições. Cada um tentando subjugar o outro a aceitar suas
ideias. As ideias são vendidas como mercadorias, havendo a negação do outro
que pensa diferente. O meio torna-se um espaço ditatorial, não havendo espaço
para a reflexão. A emoção, base da democracia - que a faz possível - é o viver
no mútuo respeito, a partir desses princípios construímos cada roteiro, fazendo
de cada roda de conversa um momento único de aprendizado sobre temas va-
riados, de forma leve e alegre.

13 Sociedade matríztica, proveniente de matriz geradora, materno. Em uma sociedade matríztica,


a organização acontece em forma de colaboração, não há hierarquias, disputas de poder e compe-
tições. Juntos, homens e mulheres trabalham e vivem em equilíbrio e harmonia. Infelizmente, a
sociedade que vivemos a organização social é baseada na violência, na subjugação e submissão.
Vivemos ainda no patriarcado/matriarcado. Essas definições foram realizadas a partir de pesquisas
arqueológicas e antropológicas e uma das pioneiras desses estudos foi a antropóloga lituana Marija
Gimbutas.
14 A cultura patriarcal-matriarcal, segundo Maturana (2009), é um modo de vida que se originou
fora da Europa. É um viver cultural mantido por grupos humanos vindos da Ásia. Grupos Indo-eu-
ropeus chamados de Kurgans. Grupos pastores/cavaleiros/guerreiros. Viviam em torno do controle,
da dominação, do uso da violência e do guerrear, desde as fases mais remotas da história. Desse
modo de viver histórico surge a desconfiança. Desse desconfiar, nas condições ambientais materiais
para sobreviver, passa-se a viver uma desconfiança que passa culturalmente às outras gerações.
Nessa desconfiança e medo começa uma mudança cultural, com fazeres guiados no medo mórbido
e na desconfiança reiteradamente mantida. Esses modos de viver são incorporados pelos humanos
que passam a guiar o seu viver fora da confiança básica de seres vivos, num viver cultural que nega
a biologia do amar. Esse viver patriarcal/matriarcal até hoje se manifesta com nosso fazer/sentir.
Vivemos em torno do controle, da apropriação, da competição, da dominação. Entretanto, nesse
contexto de relações vividas no patriarcado/matriarcado surgiram os desejos em torno da Democra-
cia e da cidadania. Pois, embora o patriarcado/matriarcado seja central na nossa vida adulta de hoje,
nascemos e crescemos, na ternura e calor materno durante os primeiros anos de vida. Essa maneira
de viver na ternura e no amar, ainda se mantém dentro do patriarcado que vivemos como um viver
cultural que conserva nossa biologia do amar. Os nossos desejos de adultos por um conviver demo-
crático afloram em nós com sinceridade na medida em que aprendemos sobre a biologia do amar
nesse conviver sem exigências, vivido de modo que aprendemos a sentir-nos vistos/escutados/res-
peitados. Está nesse conviver a origem dos nossos sentimentos sinceros em torno da Democracia
como modos de viver/conviver a equanimidade para fazer a equidade nas comunidades humanas.

76
Olhares plurais e multidisciplinares na pesquisa e extensão

Palavras finais que não encerram o assunto

Rubem Alves, (1933-2014) educador brasileiro que também trilhou o Ca-


minho do Amar, com seu jeito irreverente, por vezes engraçado ou “afiado”,
mas sempre preocupado com o ensinar e aprender nas escolas, escreveu em
seu livro “Ao professor, com meu carinho” (2004), fala sobre a importância do
despertar a “fome” pelo saber. Despertar o gosto, o querer saber no processo de
ensino e aprendizagem. Em suas sábias palavras,

Toda experiência de aprendizagem se inicia com uma experiência afetiva.


É a fome que põe em funcionamento o aparelho pensador. Fome é afeto. O
pensamento nasce do afeto, nasce da fome. Não confundir afeto com bei-
jinhos e carinhos. Afeto, do latim affecare, quer dizer “ir atrás”. O afeto é
o movimento da alma na busca do objeto de sua fome. É o eros platônico,
a fome que faz a alma voar em busca do fruto sonhado”. (ALVES, 2004,
p.52)

O Programa de rádio Te Move – Temas Emergentes em Movimento, visa


a transformação humana, porque acreditamos no que nos ensinou Paulo Freire,
que “Educação não transforma o mundo. Educação muda as pessoas. Pessoas
transformam o mundo” (1996, p.132), por isso esperamos que o programa, che-
gue nos mais longínquos lugares, através das ondas de rádio. Que seja ouvido
e sentindo e por isso temos a grande preocupação em buscar dialogar com con-
vidados que propiciem mensagens para uma educação democrática, dialógica e
de qualidade, contribuindo para um viver e conviver no bem-estar15

15 Bem-estar está relacionado com a qualidade de vida, na perspectiva apresentada por Humberto
Maturana (2009; 2016; 2019) que a relaciona com o bem-estar. Para esse autor, nosso bem-estar
ocorre quando estamos no centro de nós mesmos na tríplice harmonia íntima, relacional e ecoló-
gica, ou seja eu estar bem comigo mesmo, com o outro e com o ambiente que vivo e convivo. Só
a partir desse espaço podemos nos dar conta da potência de sermos seres com autonomia reflexiva
e de ação e que nos relacionamos a partir do mútuo respeito, que cometemos erros, que podemos
pedir desculpas, que não somos perfeitos, porém, antes de tudo somos seres humanos que podemos
sempre eleger entre dois caminhos: o da desonestidade, da falta de ética, do desamor, do funda-
mentalismo, ou o caminho do amar no qual se escuta, se conversa, se reflete, e estamos dispostos a
mudar de opinião; sabendo que qualquer que seja o caminho que se escolha, esse guiará a transfor-
mação espiritual, acadêmica, profissional ou familiar.

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Olhares plurais e multidisciplinares na pesquisa e extensão

O Programa Te Move- Temas Emergentes em Movimento, propicia a


troca de saberes enriquecendo a construção de conhecimento entre entrevista-
dores, entrevistados e ouvintes, proporcionando: (1) um espaço de conversas
reflexivas, possibilitando a transformação de fazeres e sentires. (2) O apoio e
a instrumentalização para o planejamento, produção e elaboração de práticas
educativas dialógicas e democráticas; (3) Propiciar novas perspectivas de for-
mas de viver e conviver no bem-estar e com isso, contribuindo para um mover-
-se no mundo com mais saúde e felicidade.

Paulo Freire, em 1996, escreveu seu último livro, Pedagogia da Auto-


nomia. Um livro que demonstra o profundo amor e paixão que sentia pelo ato
de ensinar e aprender. Em sua escrita ele reflete sobre a inconclusão dos seres
humanos, como seres históricos, que fazem história e por ela são feitos, sendo
esta a condição de sermos “educáveis”, em suas palavras:

É neste sentido que, para mulheres e homens, estar no mundo necessariamente


significa estar com o mundo e com os outros. Estar no mundo sem fazer
história, sem por ela ser feito, sem fazer cultura, sem “tratar” sua própria
presença no mundo, sem sonhar, sem cantar, em musicar, sem pintar, sem
cuidar da terra, das águas, sem usar as mãos, sem esculpir, sem filosofar,
sem pontos de vista sobre o mundo, sem fazer ciência, ou teologia, sem
assombro em face do mistério, sem aprender, sem ensinar, sem ideias de
formação, sem politizar não é possível. É na inconclusão do ser, que se sabe
como tal, que se funda a educação como processo permanente. Mulheres
e homens se tornaram educáveis na medida em que se reconheceram
inacabados. Não foi a educação que fez mulheres e homens educáveis, mas
a consciência de sua inconclusão é que gerou sua educabilidade (FREIRE,
1996, p.64)

Somos seres aprendentes e nos construímos constantemente. Erramos e


acertamos em cada programa. Aprendemos e ensinamos em cada entrevista
realizada no estúdio da Rádio Universidade, 800 AM, da UFSM. Nunca é de-
mais lembrar o que ensinava o Patrono da Educação brasileira, Paulo Freire,
em educação não somos, estamos sempre sendo.

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Olhares plurais e multidisciplinares na pesquisa e extensão

Referências
ALVES, Rubem. Ao professor, com o meu carinho. Campinas: Versus Edito-
ra, 2004

BHABHA, Homi K. O local da cultura. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 1998.

BOAVENTURA S. S. (Org.) Conhecimento Prudente para uma Vida De-


cente. – um discurso sobre as ciências revisitado. São Paulo. CORTEZ, 2003.

BARCELOS, V.; AZZOLIN, M.A. Tempos de pandemia: autopoésis mole-


cular e o viver e o conviver no bem-estar. In: BARCELOS; PASINI; CO-
RONEL (org). A Educação e a Literatura latinas em tempos de pandemia.
Santa Maria: Projeto Labirintos, 2021.

BLOIS, M. Florescem as FM Educativas no Brasil. Radiografia do radioe-


ducativo no Brasil e os fatores favoráveis à ocupação dos canais de FM
educativos. Rio de Janeiro: UGF, 1996. Tese de Livre-Docência em Comuni-
cação Televisão e Rádio. Rio de Janeiro, Universidade Gama Filho, 1996.

FREIRE, P. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2001.

FREIRE, P. El grito manso. Buenos Aires. siglo veintiuno, 2003.

FREIRE, P. Educação como Prática da liberdade. Rio de Janeiro. Paz e Ter-


ra, 1992.

FREIRE, P. Pedagogia da autonomia – Saberes necessários à prática edu-


cativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

MATURANA. H. DÁVILA, X. Historia de nuestro vivir cotidiano. Chile:


Paidós, 2019.

___________________; DÁVILA, Ximena. Habitar Humano. Em seis en-


saios de Biologia-Cultural. São Paulo: Palas Athena, 2009

___________________; DÁVILA, Ximena. El arbol del vivir. Chile: MVP


editores, 2016

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Olhares plurais e multidisciplinares na pesquisa e extensão

MATURANA, H. La democracia es uma obra de arte. Colômbia: Coopera-


tiva Editorial Magisterio, 1994.

MATURANA, H.. Emoções e linguagem na Educação e na Política. Belo


Horizonte: Editora UFMG.1999

MATURANA, H; VERDEN-ZÖLLER, G.  Amar e Brincar. Fundamentos


esquecidos do humano. São Paulo: Palas Athena. 2004.

RUFINO DOS SANTOS, J. Quem ama literatura não estuda literatura. En-
saios indisciplinados. Rio de Janeiro: Rocco, 2008

TARDIF, MAURICE. Saberes docentes e formação profissional. Petrópolis:


Vozes, 2002

TAVARES, R. C. Histórias que o Rádio não contou. 2 ed. São Paulo: Editora
Harbra, 1999.

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Olhares plurais e multidisciplinares na pesquisa e extensão

SOBRE AS ORGANIZADORAS

Martha Bohrer Adaime

Possui graduação em Química Industrial pela Universidade Fede-


ral de Santa Maria (1983) e doutorado em Química pela Universi-
dade Estadual de Campinas (1989). Atualmente é professor titular
da Universidade Federal de Santa Maria. Foi diretora de Unidade
de Ensino (CCNE) de 2002 a 2010 por dois mandatos. Também foi
pró-reitora da pró-reitoria de planejamento da Universidade Fede-
ral de Santa Maria e pró-reitora da pró-reitoria de graduação da
Universidade Federal de Santa Maria.. Orienta nos Programas de
Pós Graduação em Química (nivel 7 da CAPES) e orientou np Pós
Graduação em Ciências - Química da Vida e Saúde até 2019. É uma
das coordenadoras do LARP (Laboratório de Análises de Resíduos
de Pesticidas) da Universidade Federal de Santa Maria. Tem experi-
ência na área de Química, com ênfase em Separação, atuando prin-
cipalmente nos seguintes temas: GC-MS/MS , LC-MS/MS, pestici-
das, drogas veterinárias em alimentos e amostras ambientais. Atua
na gestão da UFSM desde 2002 como diretora , como Pró-Reitora e,
atualmente é chefe de gabinete do reitor.

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Olhares plurais e multidisciplinares na pesquisa e extensão

Liziany Müller
Possui Bacharelado em Zootecnia (2004) e Licenciatura pelo Programa
Especial de Graduação de Formação de Professores para a Educação
Profissional (2011) ambas pela Universidade Federal de Santa Maria,
Mestrado (2006) e Doutorado (2009) pelo Programa de Pós Graduação
em Agronomia na Universidade Federal de Santa Maria, Pós-doutorado
em Zootecnia no Programa de Pós Graduação em Zootecnia na Uni-
versidade Federal de Santa Maria (2011). Já atuou como: Professora
e Orientadora do Curso de Especialização em Tecnologia de Informa-
ção e Comunicação da Universidade Aberta do Brasil/UFSM; Profes-
sora do Curso de Especialização em Agricultura Familiar Camponesa e
Educação do campo- Residência Agrária; Professora e Orientadora do
PPGTER - Programa de Pós-Graduação em Tecnologias Educacionais
em Rede nível Mestrado da Universidade Federal de Santa Maria. Atu-
almente é coordenadora da Coordenadoria de Tecnologia Educacionais
da Pró-reitoria de Graduação da UFSM; professora Associada III, res-
ponsável pelo Laboratório Mediações Sociais e Culturais - Departamen-
to de Educação Agrícola e Extensão Rural - Centro de Ciências Rurais
- Universidade Federal de Santa Maria; Professora e Coordenadora
Adjunta do Curso de Licenciatura em Educação do Campo da Univer-
sidade Aberta do Brasil/UFSM; Professora Permanente no Programa
de Pós-Graduação em Extensão Rural. Também coordena a ação de
Extensão-Fiex/CCR/UFSM “Programa de Capacitações Temas Emer-
gentes e Ensino Híbrido para Educação Básica? e o grupo de pesquisa
registrado no CNPq “Girassol ? Grupo de Pesquisa em Agroecologia,
Educação e Inovações Sociais”.

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Olhares plurais e multidisciplinares na pesquisa e extensão

Maria Aparecida Nunes Azzolin


Pedagoga - Equipe Multidisciplinar - CTE/UFSM. Doutora em Educação,
PPGE/UFSM (2019, Santa Maria/RS). Mestra em Educação, Unipampa
(2015, Jaguarão/RS), Especialista em Gestão Escolar, pela Universidade
Castelo Branco (2004, Rio de Janeiro), Psicanalista (2017, ABRAPSI- São
Paulo/SP). Graduada em Pedagogia, pela Universidade Regional Integrada
do Alto Uruguai e das Missões - URI (2002, Campus Santiago/RS). Graduada
em História, pela Universidade Federal de Santa Maria - UFSM (2014, Cam-
pus Santa Maria/RS). Vice Líder do Núcleo CONVERSAR: Biologia-cultu-
ral, Educação, Sustentabilidade e Transformação Humana CNPq-UFSM.
Atuou na área de Coordenação Pedagógica do Curso Normal no Instituto
Estadual de Educação Olavo Bilac (Santa Maria/RS). Atuou como Tutora e
autora de materiais didáticos no Centro de Estudos e Informações Técnicas
Educacionais e Culturais (CEITEC/SC), além de ser Tutora na UnicEAD
Unique, Tutoria e Mediação Didática (Montes Claros/MG).Participou como
Professora Colaboradora no Programa de Inovações Pedagógicas (Proipe /
UFSM). Realiza palestras e Workshop com temáticas relacionadas com a
Educação, Teatro e Saúde do Educador. Tem três livros publicados: “Cui-
dando de quem educa” , “Te liga-Antologia Sociológica” e “Criando mun-
dos - peças teatrais para crianças e crianças crescidas”. Possui mais de dez
capítulos publicados em coletâneas e artigos publicados em Revistas Cientí-
ficas Nacionais e Internacionais. É membro Do Corpo Editorial do Projeto
Cultural Labirintos. Tem experiência na área de Educação, atuando prin-
cipalmente nos seguintes temas: Sociologia, Filosofia, Psicologia, História,
Teatro e Saúde do Educador. É Parecerista Ad Hoc em Revistas Nacionais e
Internacionais. Participa como colaboradora de jornais diários e Programas
de rádio. Tem experiência de Direção e em Atuação no Teatro. Autora de pe-
ças teatrais e com vasta experiência na montagem de espetáculos. Participa
na organização de coletâneas educacionais e de eventos relacionados com a
Educação, Cultura e Saúde. Apresentadora do Programa Te Move, pela rá-
dio Universidade, 800AM, da UFSM.

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Olhares plurais e multidisciplinares na pesquisa e extensão

SOBRE OS AUTORES

Antonio Aparecido de Carvalho

Neli Maria Mengalli


Doutora em Educação: Currículo pela Pontifícia Universidade Católica de São
Paulo - PUC-SP. Especialista em Informática Educacional pela Pontifícia Uni-
versidade Católica do Rio de Janeiro - PUC-RJ. Autora dos capítulos Comu-
nidades de Prática e Espaços Virtuais: Emancipação e Inovação com Apren-
dizagem Social, Gamificação: A Ludificação com a Aplicação de Elementos de
Design de Jogos e Competências Socioemocionais: Fundamentação Teórica. Co-
-autora dos capítulos: Transformação Digital e Sociedade 5.0 no Metaverso: O
Impacto do Digital na Educação Corporativa; The Critical and Historical View
in Communities of Practice (CoP) for the Development in Education; Collabo-
ration and Networks: Basis for the Management Based on Knowledge in Educa-
tion; Facebook and Moodle as Classroom Extensions: Integrating Digital Tech-
nologies in the Curriculum e Interface for Interaction and Knowledge Building
on the Web: A Look at the Educational Curriculum and the Social Network of
the Systematic Learning Group.
Lattes: http://lattes.cnpq.br/2874239261753313.
E-mail: mengalli@uol.com.br / neli.mengalli@fasb.com.br

Maria Aparecida Azzolin


Pedagoga – Subdivisão de Tecnologias Educacionais em Rede - CTE/UFSM.
Doutora em Educação, PPGE/UFSM; Mestra em Educação, Unipampa; Espe-
cialista em Gestão Escolar; Psicanalista; Graduada em Pedagogia e em His-
tória; Vice Líder do Núcleo CONVERSAR: Biologia-cultural, Educação, Sus-
tentabilidade e Transformação Humana CNPq-UFSM. Atuou mais de 20 anos
como professora na Educação Básica. Realiza palestras e Workshop com te-
máticas relacionadas com a Educação, Teatro e Saúde do Educador. Tem três
livros publicados: “Cuidando de quem educa” , “Te liga-Antologia Sociológica”
e “Criando mundos - peças teatrais para crianças e crianças crescidas”. Possui
vários capítulos publicados em coletâneas e artigos em Revistas Científicas Na-
cionais e Internacionais. É membro Do Corpo Editorial do Projeto Cultural La-
birintos. Participa como colaboradora de jornais diários e Programas de rádio.
Participa na organização de coletâneas educacionais e de eventos relacionados
com a Educação, Cultura e Saúde. É apresentadora do Programa Te Move, pela
rádio Universidade, 800AM. E-MAIL: cidaazzolin@gmail.com

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Olhares plurais e multidisciplinares na pesquisa e extensão

Renan Lucas Israel Nascimento da Silva


Graduado em Licenciatura em Letras Português pela UNIFESSPA e estu-
dante de Técnico em Teatro pela UFPA.
E-mail: Prof.renalucas@gmail.com

Nathalia Magdalena Uliana Gomes


Pós-graduando em Artes Visuais - UNICAMP, Possuí Pós-graduação em
História da Arte - Claretiano; Pós-graduação em Psicopedagogia Institu-
cional - Centro Universitário Barão de Mauá; Graduação em Licencia-
tura em Música - FNB. Lattes: http://lattes.cnpq.br/0712590206113218,
E-mail: na_mag@hotmail.com

Reginaldo Braga Lucas

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Olhares plurais e multidisciplinares na pesquisa e extensão

www.arcoeditores.com

@arcoeditores

contato@arcoeditores.com

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(55)99723-4952

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