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Referenciais da

Renovação do
Serviço Social
Material Teórico
A Reatualização do Conservadorismo

Responsável pelo Conteúdo:


Profa. Esp. Regina Inês da Silva Bonança

Revisão Textual:
Profa. Ms. Luciene Oliveira da Costa Santos
A Reatualização do Conservadorismo

• Introdução
• Fundamentos teórico-metodológicos e propostas interventivas
• A fenomenologia para a fundamentação de um modelo interventivo
• O Resgate do Serviço Social em casos individuais e na perspectiva de
ajuda psicossocial
• O diálogo como uma prática fundamental na atuação profissional

·· Compreender que o momento da Reatualização do Conservadorismo se baseou


na Fenomenologia. Esse movimento se deu a partir da readaptação de fundamentos
teóricos metodológicos e trouxe à tona elementos do Conservadorismo e do
pensamento católico.

Para obter um bom desempenho, você deve se apropriar do material teórico, além de
explorar os materiais complementares e a bibliografia indicada.
Comece seus estudos pela leitura do Conteúdo Teórico: nele, você encontrará o material
principal de estudos na forma de texto escrito.
Depois, assista à Apresentação Narrada e à Videoaula, que sintetizam e ampliam conceitos
importantes sobre o tema da unidade.
Por fim, realize as atividades de sistematização e de aprofundamento.
Importante ressaltar que os Fóruns são vitais para a troca de experiências e construção
coletiva dos conhecimentos.

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Unidade: A Reatualização do Conservadorismo

Contextualização
Nesta unidade, abordaremos o movimento de Reatualização do Conservadorismo no
Serviço Social. Ele se baseou na fenomenologia e possuía elementos do conservadorismo e do
pensamento católico.
Vamos estudar os fundamentos teórico-metodológicos, as propostas interventivas e refletir
sobre a prática do assistente social e seu papel relativo à ajuda psicossocial.
Veremos que os seminários realizados em Sumaré e no Alto da Boa Vista foram
desencadeantes da vertente renovadora no final da década de 1970 e início de 1980.

Convidamos você a assistir ao vídeo sobre esses seminários, acessando o link:


https://youtu.be/ylL_Dn2IB2o

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Introdução

Os seminários de Sumaré e do Alto da Boa Vista foram determinantes para o início das
formulações da vertente renovadora, no final da década de 1970 e início de 1980. Essa
renovação ficou conhecida como reatualização do conservadorismo.
A presença de uma tendência conservadora que tende a traduzir a prática profissional
como ajuda psicossocial destaca-se no movimento teórico do Serviço Social Brasileiro. Essa
tendência da prática profissional com intervenção psicossocial foi apresentada pela primeira
vez na tese de livre docência de Anna Augusta de Almeida (1978) como uma nova proposta
às ideias constitutivas dos fundamentos teórico-metodológicos.
Os esforços de um grupo de profissionais fundaram uma “nova teoria” para subsidiar a prática
social dos Assistentes Sociais, a qual buscava atender às necessidades profissionais da época.
No seminário realizado em Sumaré, as documentações “A cientificidade do Serviço
Social” e “Reflexões sobre a construção do Serviço Social” apresentaram uma interpretação
fenomenológica do estudo científico do Serviço Social, dos grupos profissionais do Rio de
Janeiro, bem como suas réplicas às questões levantadas no plenário do evento (CBCISS,
1986: 115-127,129-132,183-193,195-203).

Fenomenologia: a palavra fenomenologia, em seu sentido etimológico, significa


que traz a luz; manifestar; mostrar. É uma atitude de reflexão do fenômeno que se
Glossário mostra para nós.

Saiba Mais
A principal representante da perspectiva da Reatualização do Conservadorismo
foi Anna Augusta de Almeida. Ela nasceu em São Luiz do Maranhão, mas passou
a residir no Rio de Janeiro aos oito anos de idade. Foi assistente Social formada
pelo Instituto Social da PUC do Rio de Janeiro e professora docente por 45 anos.

A perspectiva de reatualização do conservadorismo no processo de renovação do Serviço


Social brasileiro é caracterizada pela dialética de ruptura e continuidade, pois mantinha
caraterísticas herdadas da prática profissional vigente e precisava de uma nova proposta teórica.
Dessa maneira, o passado conservador não foi erradicado do Serviço Social pela perspectiva
modernizadora, mas foi explorado em particular na sua base reformista e possibilitou condições
de adequação às novas exigências para o exercício profissional. Esse fato trouxe consequências
na redefinição do perfil profissional do Assistente Social.
O momento histórico, político e cultural que marcava o país reafirmava posturas conservadoras
na atuação profissional, portanto, pouco favoráveis para que a categoria pudesse se objetivar
em uma própria representação profissional (rompendo com uma visão assistencialista).
O Serviço Social era marcado pela laicização profissional e pelo confessionalismo, ou seja,
pela atuação profissional sem tendências de vertente religiosa. A crescente presença da religião
católica apresentava-se receptiva aos projetos da sociedade anticapitalista.

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Unidade: A Reatualização do Conservadorismo

Os núcleos do Serviço Social eram compostos por diversas vertentes: ideológicas, políticas,
teóricas e profissionais. Uma parte dos núcleos oferecia resistência às modificações propostas
no processo renovador pela perspectiva modernizadora. Em especial, as propostas que
submetiam o ethos tradicional da profissão à lógica institucional vigente no regime ditatorial.
Outra parte dos núcleos construíram possibilidades objetivas, relativas ao embasamento conservador
e aos novos dilemas prático-operacionais e não resolvidos pela perspectiva modernizadora.
Contrariamente a estes dois núcleos, ressaltamos que havia uma terceira vertente em
oposição ao tradicionalismo e que criticava a perspectiva modernizadora fundamentando-se
no pensamento crítico-dialético.

Crítico-dialético: É o modo de pensarmos as contradições da realidade, na forma


de um método que critica o que foi argumentado por outra pessoa.
Glossário

A empresa restauradora possível, portanto, deveria travar um


duro combate: deter e reverter a erosão do ethos profissional
tradicional e todas as suas implicações sociotécnicas e, ao mesmo
tempo, configurar-se como uma alternativa capaz de neutralizar
as novas influências que provinham dos quadros de referência
próprios da inspiração marxista.
(NETTO, 2011, p. 203)

Para colocar este projeto em prática, deveria ocorrer uma reatualização do conservadorismo
remodelando-o em uma nova proposta.

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Fundamentos teórico-metodológicos e propostas interventivas
A perspectiva de reatualização do Serviço Social confere às suas concepções conservadoras
uma nova roupagem, com peculiaridades em face do passado profissional, com uma
característica relevante que é a exigência e a valorização da elaboração teórica.
Podemos afirmar que documentos significativos acentuam a necessidade de um esforço
sistemático que seja capaz de produzir e organizar conhecimentos para fundar as práticas do
profissional de Serviço Social.
Para Netto, a ênfase recai na interdição do empirismo e do praticalismo, ressaltando-
se como primordial o investimento na cognição, ou seja, o exercício profissional precisava
desenvolver-se a partir do trabalho intelectual de seus pesquisadores.

Segundo William James (1907), o praticalismo defende que o significado de uma


proposição é dado pelas suas consequências práticas, sendo assim uma crença é
Glossário considerada verdadeira se ela for verificável, ou se ela for útil.
O empirismo é a escola do pensamento filosófico relacionada à teoria do
conhecimento, que pensa estar na experiência a origem de todas as ideias.

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Unidade: A Reatualização do Conservadorismo

A fenomenologia para a fundamentação de um modelo interventivo

Para compreendermos a importância da fenomenologia no desenvolvimento de um modelo


interventivo é necessário que observemos na prática profissional, em especial nos atendimentos,
exatamente qual é a origem e o contexto do problema pelo qual o usuário está passando.
Conforme exposto no Seminário de Sumaré no documento “A cientificidade do Serviço Social”:

[...] Se os aspectos epistemológicos e teóricos forem negligenciados


em proveito apenas de manipulações técnicas de caráter pragmático
e terapêutico, a discussão sobre a cientificidade do Serviço Social
talvez se encontre encerrada antes mesmo de iniciada.
(CBCISS,1986, p.126)

A categoria dos Assistentes Sociais deverá ser constituída com a valorização das dimensões
teóricas, que anteriormente dentro do tradicionalismo profissional não eram apresentadas. Assim
será possível desenvolver uma crítica às bases que o Serviço Social se apropriou das concepções
das Ciências Sociais ao longo da história: “[...] Recusamo-nos a construir um modelo de intervenção
para o Serviço Social emprestado das Ciências Sociais.” (ALMEIDA,1978, p. 116). O ponto mais
forte dessa perspectiva consiste na recusa dos padrões teórico-metodológicos da tradição positivista.
Podemos observar, na literatura, que a perspectiva de reatualização do conservadorismo
critica a herança positivista, quer seja o positivismo clássico ou as suas versões mais recentes.
No ensaio “Fenomenologia e Serviço Social”, apresentado no encontro de Sumaré,
ocorreram questionamentos a respeito da relação entre a “postura fenomenológica”, que
amplia a visão no momento do atendimento social sobre a problemática humana, e os
“objetivos sistêmicos” em seus aspectos teóricos.

Se, por um lado, temos consciência de que o método fenomenológico


não abarca toda a realidade do Serviço Social, por outro lado estamos
também convencidos de que do ponto de vista metodológico, da
ação com o cliente, e na supervisão de alunos, a única verdade está
na possibilidade do serviço social segundo a fenomenologia.
(CARVALHO, 1987, p. 84)

No que se refere a perspectiva de reatualização do conservadorismo Almeida relata que:

[...] A insatisfação que se acentuava na medida em que o


Serviço Social, cada vez mais ligado a um positivismo lógico,
nos ocultava a possibilidade de compreender o vivido humano e
se fechava ao questionamento. [...]
(ALMEIDA, 1978, p. 114)

Ela também entende como legítima a reivindicação de filiação à fenomenologia:

O fato de acreditarmos que a fenomenologia nos pode ajudar a


formular proposições mais amplas sobre a problemática humana
não significa que este seja o único caminho. Mas aceitamos ir
nesta direção [...]
(ALMEIDA, 1978, p.12)

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Edmundo Gustavo Alberto Husserl nasceu no dia 8 de
abril de 1859 na antiga república Checa (Império Autríaco),
na cidade de Prosnitz, na região da Morávia. De origem
judaica, converteu-se ao luteranismo em 1886. No dia 27
de abril de 1938, faleceu.

As concepções epistemológicas de Husserl passaram por


longa e profunda evolução entre 1887 e 1901, período
em que esteve em Halle e onde escreveu as “Investigações
Lógicas” (publicado em 1903); na Universidade de Goettingen,
entre 1901 e 1916, elaborou aquela que iria tornar-se
obra de referência fundamental para a fenomenologia:
“Ideias para uma Fenomenologia pura e  para um Filosofia
Fenomenológica” (1913).

Fonte: Wikimedia Commons

Dessa maneira, o referencial teórico que fundamentou as formulações tradicionais do


Serviço Social se tornou inadequado e teve de ser substituído por um pensamento não causal
que é o fenomenológico, que não se detém apenas na explicação e sim na compreensão
global como base de referência.
Destacamos alguns autores que pensaram a perspectiva da reatualização do
conservadorismo:
Capalbo afirma que “a tendência atual do Serviço Social é a de considerar o homem em
seu todo, holisticamente, ou em sua totalidade do mundo da vida”. (CAPALBO, 1984, p. 25).
Para Carvalho, “Os profissionais mesmo avançam, nesta direção, determinações
muito precisas: busca-se uma abordagem inspirada em um pensamento não causal.”
(CARVALHO, 1987, p. 12).
Almeida acredita que seja necessário permitir “transcender o dualismo do sujeito e do
objeto”. (ALMEIDA, 1978, p. 12).
O que se pretende é “ver o homem de forma global em suas inter-relações”. (CBCISS,
1986, p.188).
Podemos afirmar de maneira segura que:

[...] Posicionar o Serviço Social como instrumento de adaptação


social é acentuar a ruptura do ser do homem enquanto sujeito
existente [...] procura se interrogar sobre o social visando a um
conhecimento e a um processo de transformação social.
(CBCISS, 1986, p. 183)

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Unidade: A Reatualização do Conservadorismo

Para Carvalho:

Há a necessidade concreta de transformação radical no serviço social,


em sua metodologia e nas estruturas sociais injustas e desumanas
[...] Há que se modificar a imagem de um serviço social alienado e
conivente com a injustiça e com os descaminhos do autoritarismo.
(CARVALHO, 1987, p. 86)

Segundo Pavão:

[...] Entendemos o Serviço Social numa concepção humanista, que


se preocupa em elevar o nível de consciência do homem, para
torná-la crítica e reflexiva face à realidade em que está inserido.
Torna-se então capaz de transformar o mundo, a partir de sua
própria superação.
(PAVÃO, 1988, p. 40)

O homem não existe a não ser no mundo, e o Serviço Social deve trabalhar com
singularidades. A preocupação com a proposta fenomenológica não está apenas voltada para
a eficácia dos programas, mas também com o sujeito e sua transformação social.

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O Resgate do Serviço Social em casos individuais e na perspectiva
de ajuda psicossocial
Na perspectiva modernizadora, há uma parcela de profissionais que atuam segundo
os conceitos de reatualização do conservadorismo que são contrários aos fundamentos
positivistas e neopositivistas, que são constitutivos das Ciências Sociais.

Positivismo – Auguste Comte


Pai do positivismo acreditava que era possível planejar o desenvolvimento da
sociedade e do indivíduo com critérios das ciências exatas e biológicas.

Ciências Sociais x Serviço Social

Ciências Sociais
É o estudo das origens, do desenvolvimento e da organização das sociedades e culturas
atuais. O cientista social estuda os fenômenos, as estruturas e as relações que caracterizam as
organizações sociais, culturais, econômicas e políticas. Esse bacharel analisa os movimentos e
os conflitos sociais, a construção das identidades e a formação das opiniões. Pesquisa costumes
e hábitos e investiga as relações entre indivíduos, famílias, grupos e instituições. Desenvolve e
utiliza um conjunto variado de técnicas e métodos de pesquisa para o estudo das coletividades
humanas e interpreta os problemas da sociedade, da política e da cultura.

Serviço Social
O assistente social faz o planejamento e a execução de políticas públicas e de programas sociais
voltados para o bem-estar coletivo e a integração do indivíduo na sociedade. Ele trabalha com questões
como exclusão social, acompanhando, analisando e propondo ações para melhorar as condições de
vida de crianças, adolescentes e adultos. Cria campanhas de alimentação, saúde, educação e recreação
e implanta projetos assistenciais. Em penitenciárias e abrigos de menores, propõe ações e desenvolve
a capacitação para a reintegração dos marginalizados. É obrigatória a inscrição no Conselho Regional
de Serviço Social para o exercício da profissão.

Com relação ao exercício profissional inserido nessa vertente, os profissionais de Serviço


Social realizam intervenções que se inscrevem como ajuda psicossocial. Como explica Almeida:

A nova proposta é uma metodologia genérica pensada a partir da


descoberta, no processo de ajuda psicossocial, na consciência, entre
concepção da realidade ou de uma das suas partes, e os projetos
humanos e sociais na sua situação humana, histórica e concreta.
(ALMEIDA, 1978, p. 116)

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Unidade: A Reatualização do Conservadorismo

Segundo os profissionais, no Seminário do Sumaré essa vertente enfatiza a importância de


ajuda psicossocial a partir da reflexão sobre o sujeito:

O Serviço Social [...] se propõe a um desenvolvimento da consciência


reflexiva de pessoas a partir do movimento dialético entre o
conhecimento do sujeito como ‘ser do mundo’ e o conhecimento
do sujeito como ‘ser sobre o mundo’. Isto se realiza numa dimensão
temporal e histórica. [...] Este processo se dinamiza através do diálogo,
entendido, aqui, como uma forma de ajuda psicossocial.
(CBCISS, 1986, p.185-186)

A intervenção do Serviço Social com a vertente psicossocial possibilita observar o homem


em suas interrelações.

Diante do exposto se torna pertinente indagar o processo


profissional do Serviço Social pode ser qualificado e efetivamente
visualizado como intervenção. Porque esta indagação não foi
exposta pelo grupo de profissionais no seminário do Sumaré que
descrevem a ajuda psicossocial, ou o processo do Serviço Social
como teoria de intervenção Social.
(CBCISS, 1986, p. 199)

Para Carvalho:

A ação, portanto dentro de um serviço social de perspectiva


fenomenológica, não é intervenção. A intervenção situa-se num
esquema factual, num mecanismo operatório de ordenação e
generalização, dirigindo-se para objetivos e fins visando uma
construção teórica, uma busca de causa. Supõe o encadeamento
a fases ou etapas, o planejamento da entrevista e a sua orientação
para a mudança de atitude do cliente. A intervenção é coerente com
a linguagem da ciência que separa sujeito de objeto, relaciona causa
e efeito, prevê atitudes e padrões, explica fenômenos e relaciona
variáveis. A ação na entrevista de inspiração fenomenológica
é eminentemente de compreensão, ou seja, a busca da razão
do comportamento não o confundido com os motivos que o
determinam, mas coincidindo com aquela ‘decisão de ser’ do
indivíduo que implica o seu comportamento.
(CARVALHO,1987, p. 43)

Podemos compreender que um dos elementos constitutivos da perspectiva modernizadora


foi não se conformar com os limites de âmbito profissional, visto que a ajuda psicossocial se
amplia para envolver outras instâncias das relações sociais.

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Podemos observar nos textos representativos da tendência renovadora, a reivindicação de
um suporte metodológico no desenvolvimento do Serviço Social no Brasil, segundo Netto:

O recurso à fenomenologia aparece como o insumo para a


reelaboração teórica e prática da profissão. Mais precisamente,
a demanda do aporte do pensamento fenomenológico surge
como a faceta mais proeminente das colocações significativas
dos autores que se inscrevem na perspectiva da reatualização
do conservadorismo. É efetivamente a remissão ao influxo da
fenomenologia que emerge como uma das principais balizas
diferenciadoras da contribuição desta perspectiva no processo de
renovação profissional desenvolvido nas duas últimas décadas.
(NETTO, 2011, p. 208)

Dessa maneira, tornou-se clara a importância do suporte metodológico da fenomenologia, que


é uma orientação pertinente da perspectiva modernizadora. Relembremos que na formação do
profissional do Serviço Social era desconhecida a perspectiva do pensamento fenomenológico,
como também o pensamento sobre as ciências sociais não possuía grande relevância.

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Unidade: A Reatualização do Conservadorismo

O diálogo como uma prática fundamental na atuação profissional

A nova proposta objetiva a implementação da metodologia profissional, colocando na prática


do Serviço Social a ajuda psicossocial. E tem como marco referencial uma tríade conceitual:

• Diálogo;
• Pessoa;
• Transformação pessoal

Segundo Almeida, podemos compreender que:


• Pelo diálogo profissional e cliente se autoimplicam numa experiência de investigação de
uma verdade;
• Pelo diálogo , mediante o conhecimento que ele propicia, constrói-se o projeto social,
a base da concepção segundo a qual se coloca o mesmo como processo gerador de
transformação social.
Ainda segundo Almeida, a conceituação de pessoa nos atendimentos apresentas as
seguintes características:

[...] O cliente é reconhecido pela sua condição humana e não enquanto


oprimido, alienado, desajustado. Pessoa para a proposta é o homem
total que é sujeito, logo racional e livre. A ajuda psicossocial é oferecida
a pessoa como tal.
(ALMEIDA, 1978, p. 119)

Podemos compreender agora o traço mais importante da nova proposta que é o conceito
de transformação social, que consiste na:

[...] Interação humana de singularidades que se enriquecem, porque se


transformam na relação dialetizante de exigência e sequência: o projeto,
noutra formulação, aparece mesmo como o “ato de transformar”.
(ALMEIDA, 1978, p. 123)

Assim, a nova proposta articulada nesta tríade:

[...] Permite a sua objetivação e organização, o movimento prossegue


com uma análise crítica, de que decorre uma síntese; esta, dimensionada
ao futuro, conforma a base para a construção de um projeto; finalmente
há um retorno reflexivo pelo qual se questionam os resultados obtidos [...]
da proposta emerge até uma nova linguagem, que caracteriza a clientela
não como um indivíduo ou como um grupo de indivíduos ou mesmo um
grupo delimitado por uma área geográfica, mas como pessoas em suas
singularidades, problematizando suas experiências da vida humana na busca
de uma participação ativa, a constituição de uma comunidade.
(ALMEIDA, 1978, p. 131)

Com as novas propostas em que o diálogo, a pessoa e a transformação social se fazem


presentes no atendimento ao usuário, torna-se clara a importância da singularidade no trabalho
realizado, respeitando-se a diferenças sociais, econômicas e culturais.

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Material Complementar

Indicamos que você consulte os seguintes materiais para ampliar seus conhecimentos:
Vídeos:
A Fenomenologia, de Edmund Husserl, redefiniu a relação de sujeito e objeto,
considerou a relatividade do conhecimento abrangendo as funções transcendentais do
conhecimento. A Fenomenologia funda a filosofia contemporânea e influencia Sartre,
que parte dos conceitos de Husserl para chegar ao Existencialismo. O filósofo Franklin
Leopoldo e Silva faz um resumo de uma trajetória que parte de uma corrente fundadora do
pensamento contemporâneo até uma filosofia, um ideário que exerceu muita influência,
principalmente na primeira metade do século XX, mas que ainda hoje se mantém na
filosofia e na literatura como uma tendência importante.
https://youtu.be/qZcYcPaWFGY

Livros:
BORDIN, L. O Marxismo e a Teologia da Libertação. Rio de Janeiro: Dois
Pontos, 1987.

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Unidade: A Reatualização do Conservadorismo

Referências

ALMEIDA, A. Possibilidades e limites da teoria do Serviço Social. Rio de Janeiro: Francisco


Alves, 1978.

__________ A Metodologia dialógica: o Serviço Social num caminhar fenomenológico. In.


Pesquisa em Serviço Social. ANPESS/CBCISS. Rio de Janeiro, 1990.

CBCISS/Centro Brasileiro de Cooperação e Intercâmbio de Serviços Sociais. Teorização do


Serviço Social. Rio de Janeiro: Agir, 1986.

CAPALBO, C. Fenomenologia e Serviço Social. Debates Sociais, ano XX, 38, 1984 1º
semestre de 1984. Rio de Janeiro, CBCISS.

CARVALHO, A. S. Metodologia da entrevista. Uma abordagem fenomenológica. Rio de


Janeiro: Agir, 1987.

Fernandes, I. B. A recuperação do discurso de Gordon Hamilton sobre o diagnóstico na


perspectiva fenomenológica. Rio de Janeiro: PUCRJ, 1978.

HAACK, S. Pragmatismo. In: BUNNIN, N. & TSUI-JAMES, E. P. (orgs.). Compêndio de


filosofia. Trad. L. P. Rouanet. São Paulo: Loyola, 2002.

IAMAMOTO, M. V. Renovação e Conservadorismo no Serviço Social. Ensaios Críticos. São


Paulo: Cortez, 1992.

KARSH, U. M. S.; MARTINS, J. Questionamentos sobre a origem dos componentes


básicos do Serviço Social – disciplina e profissão. São Paulo: PUCSP, Mimeo, 1987.

NETTO, J. P. Ditatura e Serviço Social. São Paulo: Cortez, 1994.

PASCHOAL, A. M. Ação comunitária a busca de significados. Rio de Janeiro, UFRJ, 1980.

PAVÃO, A. M. B. O princípio de autodeterminação no Serviço Social: uma visão


fenomenológica. São Paulo: Cortez, 1988.

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Anotações

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