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wmporetapendcctwamte O poder do Aeterna pensamento queixa dos pais A forga do querer Dificuldade alimentar consciente apoia a crenca dos filhos nem sempre de que tudo vai dar certo indica transtorno MUDAR E PRECISO tratamento psicoterapico ainda é um tabu e sua aceitacao depende da quebra de conceitos distorcidos CAMILLA MAZETTO AYALIA NOYOS METODOS PARA ATUAR COM 0 AUTISMO- © editorial / Gli Viels eaters O movimento de aceitar e mudar processo terapeutico é uma ferramenta valiosa que nos permite analisar nassos problernas a partir dle um novo ponto de vista. Porém, € um recurso que envol 've tabus. Antigamente, era muito associado a tratamento de doentes mentais graves, ¢ € por essa razao que, ainda hoje, muita gen te sente vergonha em dizer que faz terapia. Entretanto, a anélise, seja em qualquer abordagem, oferece uma contribuicao que nao se pode encontrar ‘an outro Tugar, Afinal, € muito diferente reeeber v consellio de un aunigo frente ao relato de um problema ¢ passar pela avalizgdo de um profissional apto a nos fizer enxergar nossos mais profiundos conflites internos. A famosa frase de Socrates “Conheve-te a ti mesmo ¢ conheceris universo ¢ 0s deuses” &uuma maxima quando o assunto € ratamento tera- ‘Péntico. E, muitas vezes, esse conhecimento de si é doloroso e esharra no assentimento da mudanea. Transformagio essa que a psicoterapia propde e proporciona, desde que estejamos de acordo e também dispostos a ela. O artigo de capa desta edicao da Psique Ciénciag:Vida entra justamen- te nesse cenério da dificil accitaggo em buscar ajuda quando nie se pode mais lidar com ‘os problemas sozinho ¢ também na compreensio do proceso de mudanga, que acaba resultando na obtengo de melhora, mas que s6 pode se efetivar se considerados diversos ‘aspectos presentes no tratamento psicoterfpica Macanga ¢ accitagio sfo, na verdade, palavras que andam juntas, Afinal, aceitar algo significa em alguma instineia uma mudanca ~ se nao de paradigma, a mudanca de um ‘comportamento ow atitude, Culpa, medo, dor so aspectos comuns, principalmente no comeco de um tratamento, € sfo considerados motivadores na busca pela ajuda especializada. Diante da dor, nem sempre ce sabe 0 que exatamente nao vai bem na caminhada. O que mndar para aliviar 0 sofrimento sentido? Esse € 0 tema cle mnitas processos terapénticos Marcando o inicio de uma importante jornada de antoconhecimento e transformagées. Aceitar nossos desafios é 0 primeiro e grande passo para aprendermos a lidar com eles assim desfrutar dos resultados do processu terapéutico. Boa mudunga. Bou leitura! Gliucia Viola seaweefacebsok:com/ PortalBspacodsSaber “O progresso é impassfvel sem mudanca. Aqueles que nio conseguem mudar as suas imentes nd conseguem mudar nada.” Bernard Shaw CAPA psicue Mudanga ou aceitagao ernneise A psicoterapia obtém 24 éxito quando a pessoa aceita que precisa buscar A tratamento profissional MATERIAS 08 Comer com qualidade ‘A queixa dos pais sobre a dificuldade alimentar dos filhos é frequente, mas nem sempre um distirbio ENTREVISTA Camilla Mazetto se especializou em tratar autismo ¢ outros transtornos de comunicagio. SuperagGo. e desenvolvimento cognitivo fisica e mental Estudo de easo mostra SEG OES como 0 diagnéstico OSA REDE devastador pode trazer 06 RELACOES EM PAUTA estilo para “driblar” a morte 46IN FOCO 48 PSICOPOSITIVA 20 PSICOPRDAGOGIA, 22 PSICOLOGIA SOCLAL 32 COACHING 35 34 LIVROS 48NEUROCIENCIA 50 RECURSOS HUMANOS DOSSIE: . 52 PRRFI. Pensar para reagir 64DIVA LITERARIO ‘ALE que ponto o peusamento 66 CINEMA positivo funciona como uma 70 PSICOLOGIA JURIDICA espécie de apoio emacianal e 80 EM CONTATO fortalece a resolucao dos problemas 82 PSIQUIATRIA FORENSE por Nicolau José Maluf Jr Relacionamentos ON-LINE O AMORE A PAIXAO§ AO MANIFESTACOES DA POTENCIA DO VIVO, CAPAZ DE SUPERAR HECATOMBES TANTO NA DIMENSAO FISICA QUANTO SIMBOLICA E VIRTUAL “Qualquer maneira de amor vale a pene, ‘Qualquer maneira de anor vale arma” Caetano Veloro/Milloa Nascimento i completamente E cov pe pone — eumesmo — diz Sérgio. E enifentando o olhar ques- tionador do analista completa: Amor de verdade, ~ Sua narrativa € semelhante A de outros: 86 se sentia pleno, honesto entregue sem reservas quando relacio- hava-se amorosamente por meio de um "Nore nti. sport eepalobercombe teclado com alguém que, desconhecido, ta também decididamente envobvido © receptivo. A intimidade surgida em pou- cco tempo, ds vezes minutos, seria incom- parével. Pouco importava se a conexto ‘ranspunha ou no 0 mundo virtual Cito aqui 0 filme Beesa America an para dar base a anilise deste relato, © Tonga apresenta © vazio e a alienagio de moradores de subrbios norte-ame- Fieanos ¢ & denso em tramas € conflitos diversos. Dois personagens, Lester ¢ Ri- chy, slo 0 contiaponto & hipocsisia do- ‘minante. Q pai de nma adolescents con fsa € um garoto “nerd” Lester abandona tum cmpregoanfoeante © desfaz um easamento falido, Ricky tem wn pai castrador © passa todo © tempo registrando em. video o entorno. E um esquisito © 08 colegas rmantem distancia, Tho- 4 a filha adolescente, incansavelmente flmada, acaba eneantando-se. A flmadors, que poderia ser entendida como um tanteparo protetor entre 0 personagem ¢ 0 mundo, empunhada pela auten- ticidade de Ricky, torna- -se fator de intimidade © comunhao, A pairdo, por ela mesma, nao le- vitima qualquer ago ou relacionamento, Pade s- » Amancan Beaty, 1299 ou resul- perar barreiras ¢ afitmar a tar em destruigio © morte. Nio somente na esfera amorosa, mas em qualquer dimensiio da existéncia humana. As redes sociais e 08 relacionamen- tos virtuais frequentemente ensejam depressio € isolamento, muito jf foi dito sobre isso. Mas um relacionamento virtual, ape nas por ser virtual, nfo € necessariamente expresso de impossiilidadea. Estas po- dem estar em outro lugar. Sim, hé casos em que o virtual revela- -se como possibilidade de superar sen- timentos de inferioridade © autoimagem depreciads, ou mesmo onde o “outro” encontrado nao passa de projecio de uum idealizagto de uma completude absoluta, sem reparos. Mas niio se pode ignorar os relatos que tém em comum a mengio 2 intimidade e sinceridade em homens ¢ mulheres jovens, afetivamente potentes, que transpoem a regra silencio sa vigente de relagies fagazes € ofmeras. Estas sio vivéneias que evocam integri- dade em quem as vive € tém uma posi- tividade ausente nos casos mencionados antes, sempre finalizados em decepcao ¢ fiustragio, Essa nuance ten merecido pouca on nenhuma atengio, “Tanto para o teclado de Sérgio quan- to para a cimera de Ricky qualquer neira de amor valerd, Nicola Jose Mab Ie patolago. anata recto. doulorem Hstora des ‘Cencas Técnicas e Fstemaogin HCTFUFR a e Ay telagdes em pauta ty por Elaine Cristina Siervo AS RAIZES da paixao TODOS QUEREM SE APAIXONA R. APESAR DISSO, TEMOS POUCO OU NENHUM CONTROLE SOBRE ESSE ESTADO DE ENCANTAMENTO QUE PROVOCA ALTE BIOQUIMICA COMPORTAMENTAIS QUE PODEM COLOCAR O INDIVIDUO EM UMA POSICAO DE FRAGILIDADE « que se faz por amor esta muito além do bem e O o mal” Nietasche A paixéo esté por jas maiores alegries ¢ dores hu- is. Todos conhecem histérias mareantes sob esse sentiment na vida real, nos livros e filmes. Fla tem suas raizes culturais que datam do surgimento do Romantismo ~ movi- mento artistico que surgiu na Europa no final do século XVIII e consoli- dou-se no século XIX - em contra- partida ao Iuminismo, que era pau- tado por ideias centradas na razio. Com 0 surgimento do Romantismo, o subjetivismo, o homem e a satisfacio dos desejos ficam em evidéncia, A paixiio € tema das tragédias nas hist6rias da mitologia greco-romana, fem que as relagbes acontecem en- tre deuses, semideuses ¢ mortais. Podemos dizer que esse afeto s6 se configura por meio da idealizagio do parceiro, Considera-se 0 outro como tum deus ou semideus, @ pessoa mais, especial e encantadora jf encontra- da, © conheeido mito em que 0 deus Eros toma por sua esposa Psique, ‘uma mortal, ilustra as etapas do pro- cesso de individuiagao que se da atra- ¥és do relacionamento com 0 outro. Sem divide, a maior oportunidade de autoconhecimento € por meio das relagdes nas quais aparece nossas sombras € projegdes. Pessoas apaixonadas ficam a mer eé de alguém, do scu carinho, afeto © atencio como uma coisa vital. Exata- ‘mente como quando nascemos ¢ de pendemos de alguém para sobreviver, ‘Uma das melhores sensagves humanas € 0 amor correspondido. Isso nos leva 20 inicio de tudo: © aconchego do colo , onde o mundo se resume ao bebé e sua mae com toda atengio vol- tada para ele. Por toda a nossa vida, procuramos recriar esse momento em que nao havia nada entre nés € nosso APAIXONAR-SE LIBERA DOPAMINA, F, COMO UMA DROGA, O OBJETO DA PAIXAO PODE CAUSAR ABSTINENCIA, COMPULSIVIDADE, ALTERAR A CRITICA E O EQUILIBRIO EMOCIONAL objeto de amor. Winnicott, psicanalis ta inglés, fala sobre a “mae suficien- temente boa", Postula que se houve qualidade nas primeiras relacdes com mic, 0 pai ou figuras substitutas, isso possibilitar a constituicio mais sau- dave, ou menos saudavel, da que. esses fatores podem influenciar dire tamente a capacidade do individuo de ter mais ov menos condigdes de estabelecer e manter futuras relagdes aferivas na vida adulta, Apaixonar-se libera neurotrans- missores como 2 dopamina, que esti- ‘mulam 2 pessoa a buscar a manuten~ gio desse estado. Como uma droga, 0 objeto da paisdo pode causar absti- néncia, compulsividade, alterar a exi- tica e 0 equilibrio emacional Essa recompensa bioguimiea, entre outros fatores, pode levar os individuos a viverem essas experigncias sem se impostar com as consequéneias para sua vida © para a de outras pessoas. ‘Uma boa ilustragao do aspecto des- trutivo da paixao esta no filme Perdas ¢ Danos Nese longa-metragem de 1992, o personagem de Jeremy Irons &um ministro de Estado que se xona pela noiva de seu filho. Ap de saberem que havia grande possihi- lidade desse romance destruir as suas Familias, eles o mant@m AA permangncia acsse estado des- trutivo da paixio revela aspectos nto integrados da psique do individuo, A impulsividade pode derivar de uma dificuldade de 0 paciente perceber nboli- suas motivagées, fixagdes © si vivlas, Reses aspectas, quando con: cientizados, permitem ao individuo ndo mais atuar a partir de seus pa drGes de comportamentos repeti- tives © compulsivos. Esses fatores inluenciam a escolha do parceiro & a forma de estabelecer relagdes afe- tivas aa vida adulta, “Impulsividade se em uma inshilidade para tolerincia a frustragao, assim como em uma perturbagdo da realidade © da autocritica, estando 2 motilidade ou atividade mareadas por uma qua~ lidade dramatica” Greenacre, 1950, 19, op. cit, p. 457) Fim alguns casos, a pais correspondida e pode vir acompa- nhada de muita sofrimenta © angie sroerpertslerpacdsabercorabe tia, A capacidade do individue em julgar a sitagio © tom fica prejudicad r decisées Apesar daquela si- gue desvencilh: fica comprometida -se e sua autonomia O nivel de obsessio & dependén a na paixdo esta diretamente ligado 8 formagio saudivel da estratura da psique. Alguns aspectos pa do individuo vao influenciar direta- mente a forma de enearar a ameaga da perda do objeto de amor que pode ser mais ou menos desestruturaate. Mui as vezes, 6 impossivel para a su- de ruptura da relagdo, levando a estados depressi- vos graves ¢ até a0 suicidio. Assim, jeito suportar a ameaga line Cistna Servo ¢ pskologa Pos-gtackads ne aes Sistemi Partiipa do Nicko de Pscoon -o0gia Anaea| Alo: ‘sea de dependirc de skool e drogas com rdviduos. eu oe Fariiae C2sal pel FUC=: “Transdiscplnares de SBPA|Sociedse Brasleta d mesmo que aquela relegio traga so frimento ¢ consequéncias ruins para sua vida, 2 pessoa nao consegue romper o vinculo, A anilise é uma oportunidade de war. A con 10 permite ao individua en. contrar dentro de si aspec’ ¢ insuficientes dos primeiros anos de verbalizar uo invés de a 8 falhos Nesse procesto, a relagao transfe- rencial pode reproduzit of vinculos ob. jetais mal estabelecidos e, com sucesso, possbilitar # reconstiugio das Lecunas na formagio da identidade do indivs duo. O fortalecimento do ego propicia que parte da cnergia investida ne obje redir » to sj ionada para si —Pscoteap ca Estudos eis. a CAMILLA MAZETTO Ag matedologias terace.ticss 7 E c Os diferentes eraus de AUTISMO A psicéloga e neuropsicéloga Camilla Mazetto ressalta que o trabalho com distirbios de aprendizagem, transtornos de comunicagao, desenvolvimento cognitivo e socioemocional parte do conhecimento acumulado no campo das neurociéncias Por Lucas Vasques Pens specializada em avaliagdes compreensi vas para individuos com transtornos do espectro autista (TEA) ou com dificul- dades de comunicagio social ¢ de de- senvolvimento global, a psicdloga Camilla Mazetto, trabalha com duas metodologias terapénticas princi- pais: a terapia de toca ¢ de desenvolvimento (TED) €0 método Ramain Criada para atender as necessidades de ancas pequenas com distisbios de comunicagio e intera- fo, como nos quadros de sutismo, a TED é uma abordagem de origem francesa ¢ de natureza neu- rodesenvolvimental, sendo seus efeitos pasitivas ra- tificados por estndos cientificos cliniens ¢ de nenroi- magem cerebral. O Ramain segue princfpios atuais das neurocién- cias ¢ € indicado para criancas, adolescentes e adultos com distarbios emocionais, de aprendizagem e desen- volvimento. Tanto © método Ramain quanto a TED. sdo metodologias de ampla fundamentagio cientifica ¢ alinhadas as pesquisas de ponta em neurociéacias. Além de psicéloga, Camilla é neuropsicéloga, pos -doutora em Psicopatologia e Processos de Satde pela Universidade Sorbonne Paris Cité e doutora em Psicologia da Aprendizagem ¢ do Desenvolvimento Humano pela Universidade de Sao Paulo (USP). Atualmente reside em Nova lorque, onde realiza seu segundo mestrado pela Universidade de Nova lorque (NYU) “Minhas atividades envolvem 2 avaliagao e 0 aten- dimento clinico a criangas com suspei nos de neurodesenvalvimento, orientagiio a familias, de transtor- supervision e formacio de profissionais. Além disso, sou pesquisadora pela Universidade Sorbonne Paris Cité em parceria com a Universidade de Sao Pau- lo, No Brasil, coordeno as atividades de formagao ¢ de intervengio al Educagio”, revela ica na TED, na Cari Psicologia & Incas Yssqies Pons orale e enabors rea pibesca0 SUA ESPECIALIDADE f TRATAR CRIANCAS, INDIVIDUAL MENTE. OU MC GRUPO, COVE TRANSTORNOS DE DeSENVOLYIMENTO, ‘TEGRACKO SOCIAL, O QUE RENETE A IN- ivibUOs COM TAANSTORNO DO ESPEC- Teo avmista (TEA), O Que Voce DiRiA ‘QUE HA DE NOVIDADES NO TRATAMENTO DESSAS PESSOAS? Civniis: © tratamento de criangas com TEA ¢ outras dificuldades de de- senvolvimento, como as citadas acima, ‘vem se tornando cada ver mais base- ado ein pesquisas cientificas que bus- cam validar a efetividade das inter vengdes. Atualmente, o trabalho com distisbios de aprendizagem, transtor nos de comunicagio, desenvolvimento cognitive socioemocional parte do conhecimento que foi sendo seumula- do no campo das neurociéneias. Com preender como 0 eérebro se desenvolve para permitir que as eriancas aprendam se comunicar ¢ se relacionar com 0 ambiente ¢ com as pessoas € essencial Para as terapias © tratamentos mais atuais na area, Hoje, conhecemos 0 ito de plasticidade neuronal, que €a capacidade que © cérebro tem de se modificar a partir das experiéncias idas pelo individuo, Desea forma, as Compreender como 0 cérebro se desenvolve para permitir que as crtancas aprendam @ se comunicar e se relactonar com 0 ambiente é com as pessoas € essencial para as terapias € tratamentos mats atuais na érea intervengies na fires dos transtornos de desenvolvimento buscam influenciar © descavolvimento do eérebro de modo positiva, para vencer as eventuais dift- couldades obse:vads 10 conportam to da erianga. Também & uma tendén- cia atual buscar imervir © mais cede possive, j& que os estudos reventes des- crevem respostas muito positivas quan- do as criangas iniciam o wratamento em idade precoce. Nos diltimos anos temos uma terdinca atu b-scainterviro mas cedo possvel. ja que 0s estudos recentes cescreverr espns malo petives quand 25 eriencas rica a tatrrentn em race precoce 10 pie tc ‘observado um interesse crescente por shordagens que consideram 0 ambien- te natural da crianga, seus interesses € habilidades e que buscam estimular 0 cexercicio das fangdes neuropsicol6gi- ‘cas de modo mais espontineo € menos baseado no treino de habilidades. Pais, ‘educadores ¢ professores também sao ‘oricntados nessa mesma diregdo, sendo {que 6 trabalho com ume equipe multi- disciplinar continua a ser relevante para 9 cbordagens mais atuais na érea Vocé. reananita cow pas atro00L0- DE TROCA DE DeseNvoLVIMENTO (TED) £0 Miéropo RaMaln. Pobe EXPLICAR, EAM LINHAS GERAIS, O QUE E A TED? Conus: A terapia de troea de desen wolvimento, ov thémpie d’cchange et Aéeeloppement (TED) m0 original em francés, & uma das abordagens pionei- zas em considerar 0 autismo como uma condigo decorrente de alteragdes no desenvolvimento neurofisioligico. A TED considera que as particularidades ‘de comportamento que caracterizam ‘essa condigéo seriam a consequéncia de uma “insuficiéncia na modalacio cerebral”, Esse funcionamento alterado do sistema nervoso central produz per- turbagées maiores, que afetam as fun- ‘ses neuropsicolégicas fundamentals, resultando em dificuldades no desenval- ‘vimento global ca erianga. A TED fo: ceriada no Departamento de Psiquiatria da Universidade de ‘Tours, na Franca, ‘hf aproximadamemte 40 anos, ¢ intro- duzida no Brasil ha mais de 15 anos. Num primeiro momento, ela foi aplica- dda a criangas portadoras de distirbios antisticos graves, e depois passou a ser uusada tambem com eriangas que apre- m outros transtornos do desen- volvimeato. AT! segue uma perspec- tiva deseavelvimental e weurofuueional, buscando desenvolver as capacidades de base para o desenvolvimento cognitive € socigemocional: comniear, trocar eam ‘0 ovtro, estar atento, imitar, adaptar-se 2 ambiente. Seo essa hahilidades que ajudardo a crianga a aproveitar plena- mente as ontras intervengdes elucativas «€ terapeuticas coordenadss, que ela pode realizar em seguida, A TED uma abor dagem naturalistica por exceléncia, que considera os processos de “aquisigio li- € de “curiosidade fisiol6giea” para a aprendizagem e 0 desenvolvimento, Em ‘outras palaveas, a TED spoia-se no pra zer compartilbado entre crianca e tera peuta para mobilizar as funcdes de base 8 comunicagio social, sem recompen sas ou punigées, Uma maneira simples para entender a TED € pensar na terapia ‘como uma "ginistiea da interag2o", que 1 crianga realiza a intervalos regulares, com um terapents disponivel e tanqu {o, paciente em relagdo ao seu ritmo de desenvolvimento, mas ative em suas 50 1cbes ¢ fel 2 seu objetivo de arapliar as possibilidades de interago da crianga, Pelo exercicio constante dessas fungdes de base, tanto na terapia quanto no am= biente familiar, a erianea passa a apre- sentar comportementos mais adaptados, além de ampliar suas possibilidades de comunicag3o. A TED nao € uma téeni- ca educativa ou eomportamentel. Desde sua origem, € uma pritica com embasa- ‘mento cicatifico, apoiada em estudos: nieos © em exames neurofuncionais que avaliam o aleance de sua influéncia sobre ‘65 processos comunicativos ¢ de intera- io social, na intervencao precoce. licita E conn 10 DIZER QUE A PROP ‘TED E AJUDAR A CRIANCA A EXERCITAR AS FUNCOES. NEUMUPSIOULOGICAS MAIS FRAGEIS, PRECOCEMENTE, PERMITINDO {BLA DESENVOLYER AS CAPACIDADES DE [BASE PARA 0 DESENYOLVIMENTO COGN ‘TWO F SOCIOEMOCIONAI.? Cava La: Sim. Os objetivos da terapia e as fungées-alvo sto feitas a partir de uma awaliagdo multidiseiplinar com a utili- zagio de instrumentes (escalas e teste: especificamente adaptados para essa po- pulagao, Atualmente, coordeno a pesqui- sa para a volidaciin brasileira da Bateria de Avaliagdo Cognitiva © Sécioemocio- nal (RECS), que & uma eseala criada na sew por epacdersbercomnbe Pormeiece exeiniog constntes cis ingore ase tare ralernia quar ambents ‘anlar activa passe epreserier comperlamertosrraisalaptacos aon ce evplar suas possboldaces de couric Conceito de plasticidade neuronal é a capactdade que o cérebro tem de se modificar a partir das experiéncias. Dessa forma, as intervencoes na Grea dos transtornos de desenvolvimento buscam influenctar 0 desenvolvimento do cérebro de modo positive Franca para investigar os pontos fracos € fortes do desenvol PAA BECS seri publieada em breve no Brasil pela Editora Hogrefe, sendo que nosso estudo estd sendo reali- zado em trés regiges brasileicas, com um grupo controle de criangas tipicas € ou- tro grupo com eriangas dentro do espec- tro, B uma eseala que permite construir ‘5 objetivos terapeuticos na TED e pode ser utilizada para acompanhar a evoli- ‘G40 da erianga na terapia. Ela também é muito itil para orientar os pais, nto de eriangas NA PRATICA, COMO ELA FUNCIONA, OU SIA, © QUE & FEITO BFETIVAMENTE COM © PACIENTE A primeira etapa de uma intervengao em TED é a avaliagao neurofuncional e desenvolvimental, Canara realizada por uma equipe mul plimar: Em seguida, 0 projet tesapeu- ‘ico personalizado € elaborado, sendo sistematicamente reajustado em fungao da evolugio da crianga. Diversas sesses de 30 a 45 minutos, aproximadamente, podem ser propostas por semana. O tra- tamento € potencializado no ambiente familiar e escolar, sendo que pais, cui- daclores © professores podem transpor ‘os principios da terapin para todas as situagées de vida da erianga. Durante 2 scasio de TED, a crianga € solicitada e acompanhada em diferentes brincadei- sas adaptadas a seu nivel de desenvol- vimento, considerando seus interesses c habilidades. As sessGes se passam em uuma sala sem ojetos om devoragées que possam distraira crianga €as sequencias, de hrincadeiras sfo apresentadas em um Prine ciincitnite 1 ambiente de tranquilidade, disponibili- dade ¢ recipracidade, evitando qualquer invasio sensorial do meio externo. A Ainiea fonte de interesse 6 0 adulto, que solicita claramente a atencao da crianca, convidand 1a compartilhar, de manei- 1a estruturada © organizada, as diferen- tes atividades eom ele, O objetivo ndo € do desempenho, mas, principalmente, © da participagio da erianca nas ativi- dades, privilegiando-se 0 bem-estar € © sucesso, O adulto procura pereeber ‘quando a erianea comega a se distrair ou se agitar, a brincadeira pode enti ser completada mais rapidamente. Seo tera peuta nao pode antecipar a ruptura, ele retoma @ atividade com a erianga para sjudé-la a terminar, com um apoio mais intenso. Por outro lado, a mais disereta manifestacio de interesse ou tentativa de reeposta por parte da erianga é eneo rajada, Quando sobrevém momentos de agitogio, o adulto nfo expressa seu desa- cordo, ignora as comportamentos desa- daptados ¢ segue a sequéneia de trocas, continuando 2 solicitar 2 crianga. Por sua calma ¢ paciéncia, 0 terapeuta con- segue, assim, fieilitar uma comunicagio. mais adaptada. A ordem de sucesso das atividades av longo de uma sessio € cui dadosamente organizada em fungio das, reacées © comportamentos da crianca. Bs ordem pode variar de una sesso 4 outra, ou mesmo no interior de uma mesma sesso. Em geval, para ev ‘momentos de indisponibilidade da rian ‘¢4, 08 momentos de maior relaxamento € as atividades mais sustentadas se al- ternam, Fazer suceder as atividades em uma ordem anteriormente definida, mas varie, tem como objetivo introduzir a cada vez, um interesse novo, sem inguie~ tar a crianga. As atividades propostas, respondem aos objetivos teapéuticos: praticar esse ou aquele dominio funcio- ‘al antesiormente pereebido como frag Por exemplo, para melhorar a atencio sustentada, repete-se regularmente, de uima sesso 2 ontra, uma atividade qne iinteresse particularmente a erianga, bus- cando amplinr 0 tempo de participacio 12 pie ici Durante 9 secsin de TFT a cranca e slits eacernathach em ciferentes eaeras acknras sourhie! de decenvalvimenta, corederondo seus nlereazes e Meblidades O projeto terapéutico personalizado € elaborado, sendo reajustado em fungao da evolugdo da crianca. Diversas sessées podem ser propostas por semana trace. As atividedes tornsm se mais € mais complexas de acordo com a evo lug3o da crianga, mas quando parece dificeis ela ajudada, acompanhada € sustentada, Tudo é feito para evitar o fre ceass0 © 0 desencorajamento, © pars que 1 participacio da erianga seja motive da pelo prazer compartilhaco em cada nova situagio de interagio. As atividades sfo propostas uma a uma, A duragio de cada ativiiade (de poucos minutos) deve ser adaptada continvamente as possibili= dades de atenga0 € de concentragio da cerianga, 0 objetivo sendo o de anmentar ‘© tempo de atencao sustentada a0 longo das sessiies (QUE TIPO DE PROGRESSOS VOCE CONSE (GUE OBTER COM ESSA METODOLOGIA? Camunias Diversos estudos realizados tanto no Brasil quanto na Franca ¢ em outros paises que implementaram 2 TED (tal como Italia, [sbano, Rélgica Canadé) sugerem ganhos significati- vos do ponto de vista desenvolvimental € comportamental, além de evidencia- rem mudangas nos processos neuro- logicos subjacentes: 0 funcionamento do cérebro de pacientes autistas passe a ser mais parecide com 0 de indiv duos com desenvolvimento tipico em areas tais como a percepgdo visual € auditiva, Além disso, as pesquisas ¢ a observacio clinica colocam em evi- déncia uma diminuicao dos compor- tamentos desadaptados das eriangas em diferentes dominios funcionais: a atcngio, a imitugio, 0 comtato com 6 outro ¢ a comunicagio, associada a uma clara melhora de suas capacida- des cognitivas © socioemocionais. observacio clinica também sugeze que ctiangas que iniciam a terapia preco- cemente chegam a superar muitas das dificuldades caracteristicas do autismo, fe qe esses ganhos se sustentam an longo do tempo. Ha uma ampliagdo ni- tia das capacidades de comunicacio, interagio social e regulagio das emo- ‘ do comportamento Cow Cama se DEFINE © METODO RAMAIN? © método Ramain € uma intervengao psicoterapéutica, que tam~ bém pode ser considerada neuropsi- cologica, que se baseia em uma visio multidimensional do ser humane. Nes- se metodologia os fatores intelectu- trabalhados em cot objetivo do método volvimento global da pessoa por me da estruturagio mental. 0 método foi desenvolvido por Simone Ramain, por volta da déeada de 1960, na Fran sendo hoje impulsionado pela associa- ‘fo internacional que leva seu nome. O Ramain se passa em grupo, em sessdes cestruturadas que seguem um programa de exercicios especialmente adaptado a cada etapa de descavolvimento, os cha- mados dassers. As atividades envolvem a atengao, a percepsao, a compreensio, to, sence que 0 cilitar 0 desen- © racioeinio, a motricidade, a emocao lagdes sociais. Algumas situa- {ges ocorrem com materiais especiais a serem manipulados pelo paciente. Outras envolvem atividades ligadas a0 cotidiano ea eriatividadee outras situ- acéies propostas focam a pereepeio de si por exercicios de movimento corpo- ral, Por essa ravi que muitas vezes ‘© Ramain é considerado um método ‘dade. No entanto, seu amplo, sendo que 0 mé- -ra a experitncia no aqui agora come o meio privilegiade para de psicomots objetivo é ma todo cor provocar o desenvolvimento global da No caso de c pessoa gas, jovens © adultos com sutismo, 0 Ramain favo- rece a adaptagao social, a flexibilida- de mental, a quebra de automatismos (estereotipias mentais e de comporta- ‘mento), 2 ampliagio dos interesses © a regulagio das emogies, No Ramain, todas as atividades sdo integradas © ajudam a harmonizar o funcionamento cerebral, o que permite uma expressio melhor das potencialidades da pessoa sew porepacdersbercomnbe ATED fat criada no Departamento de Psiquiatria da Universidade de ‘lours, na Franca, hé 40 anos, e introduzida no Brasil Ad mats de 15 anos. Num primetro momento, ela fot aplicada a crian¢as portadoras de di autisticos graves isttirbios EM QUE SITUACOES & ACONSELHAVEL usaz o Mérono? < odo Ramain € formada por diversas programagies de exercicios (dass) que se adaptam ao nivel de desenvolviracnto de eada indi- viiduo, ele pode ser utilizada em diver- s08 contextos € com populagdes varia das. Pode ser a ido em eseolas, para facilitar os processos de aprendizagem de desenvolviiiento sceivemocional, ee. ee € também no contexto clinica, com 0 abjetive de ajudar pessoas com difieu- dades emocionais, inteleetuais e mo- toras a desenvolverem seu potencial ¢ autonomia, Hé experiéncias com 0 métoclo Ramain também em contextos organizacionais, No caso expeeifico do TEA existe um dasser especificamente Itado as criancas do espectro, além ae podem ser adultos com de outras programagoes ¢ zadas com jovens mesma condigio. O RaMAIN S UTILIZA DE VARIOS EXER- CICIOS PROGRAMADOS, OS QUAIS S40 UTILIZADOS DENTRO D3 UMA LINHA PSI COPEDAGOGICA PROPRIA. QUE TIPOS DE SAO ADOTADOS? Em linhas gerais, o¢ exeres cios Remain podem ser divididos em trés grandes dominios: aqueles que favorecem os processos sensoriais ¢ EXERCIC Cast pereeptivos, aqucles que envolvem 2 percepeao de si mesmo pelo movimen- lo corporal e aqueles que envoly a seja, as fiineies nen ropsicolégicas mais superiores, ta como a abstragio ¢ as fungécs exeeu- tivas G@quelas que nos permitem to- mar decisdes, planejar ages e regular nosso comportamento), A variedade de exercicios é grande, e eles tomam significado no contexto criada pelo Ocbjetive cb meted ran ec ajar peseoms.com cfcibsdesemocinak iteectass metocas = clemaolcrar so sore caterer Hi capers de sn apicacio arbi sm canted rearizaconss terapeuta, pelo proprio individuo © pelo grupo, sendo que so apenas pre- textos para que © sujeito experimente maior compreensio de sie para que 0s processos de estruturagio mental possam ocorrer. No caso de eriancas pequenas com distirbios de desenvol- ‘yimento, a estruturagdo mental ocorte pela integracio dos exercicios ao lon- go das sessdes. Por exemplo, em uma determinada sessio um exereicio de triagem de frutas pode ser apresenta- 0, ceritérios coma tamanho, forma e tex tura, frutas que se comem com casca ‘ou sem, ou qualquer outro eritério que favozeea a percepedo ¢ a flexibilidade ‘mental. Em uma sessdo posterior, um exercicio de ditado pode ser proposto com fotos de Frutas, a0 qual 2s criancas ico encontrar imagens iguais a» fru- tas apresentadas © organizé-las sobre a mesa, seguindo critérios de organi zagio previamente definidos. Final- 10 qual as eriangas podem explorar mente, uma ida 20 mercado favorecera uma experigneia adaptativa © social, seguida da realizagdo de uma salada de frutes em grupo, na qual a integragao de finches comnnicativns, intelect- ais, motoras € emocionais ser traba- ada. Fssa & apenas uma das muitas MM paige tncatide A TED segue uma perspectiva desenvolvimental e neurofuncional, buscando desenvolver as capacidades de base para o desenvolvimento cognittvo e soctoemocional: comunicar, trocar, estar atento, imitar, adaptar-se ao ambiente situagdes propostas, sendo que as ativi- dadese 08 materias sio nmito variados ¢ envolvem também as habilidades de motricidade fina e global, por exemple. EM gut o Rawat pirexe a TED? Cama: O métada Ramain segue ‘uma programagdo de exercicios estru- rorados, enquanto na TRD as ntivida vados ¢ 08 interesses da erianca. A TED é voltada para 2 inter- vengio precoce, sendo que as brinca deiras slo de natureza socioemocional Tino Ramain, as sess6es variadas, mas 03 exe Jo bastante ios apeesen- tados seguem uma programaeao pre- viamente estabelecida, que garante @ integragin das fingdes neuropsicalégy- eas. O Ramain pode ser utlizado com ceriangas, adoleacentes ¢ adultos, com ou sem distdrbios, dado que as diversas programagoes se adaptam ao nivel de desenvolvimento da pessoa. Amos PODEM SER UTILIZADOS POR QUAISQUER PESSOAS QUE TENKAM os PROBLEMS JA MENCIONADOS? (Cantus: Sim, A avaliago inicial iré ajudar a determinar qual inte-vengio € a mais indicada, considerando o nive! de desenvolvimento da erianga. No en- tanto, ambas s6 podem ser realizadas fissionais certificades. A certi brasileiras © internacionais responsi veis pela difusio dos métodos: Cari Paicologia ¢ Educagao (Sto Paulo), Ins- tituto Simonne Ramain (Paris), Univer- sité Frangois Rabelais (Tours). ida pelas institnignes Existe Louw UIT DE IDADE PARA A APUCACAO DE AMROS OS MHETODOS EA PARTIR DE QUE {DADE PODEM SER USADOS? Coutia: ATED € utilizada prinei- palmente com criangas pequenas a fim de intervir no momento em que a plasticidade cerebral & mais impor- tante. Ela € uma interveneio preco- ce, atlequada a criangay a partir de tum ano € meio. Apesar disso, nao hi uum limite de idade estabeleeido para 2 PED, dado que seus prineipios gerais podem ser transpostos a diversos con- textos © podem ser adaptados 2 idades mais avaneadas, quando necessério, 0 método Ramain é indicado para crian- as com idade de desenvnivimento » partir de 4 anos, podendo ser utilizado 0 longa da vida sew poreepaconbercombe (Os Mi:ropos PoDEM SER USADOS NOS 0 FERENTES GRAUS DF AUTISMO? Cait: Sim, Ambos os métodos po- dem ser utilizados nos diferentes graus de autismo, sendo que o programa te- rapéutico individualizado € deter do apés uma avaliagio multidisciplinar e discussées em equipe. Os DoIs METOPOS PODEM SER APLICA- DOS EM PACIENTES COM OUTRAS FATOLO- IAS QUE NAO ESSAS DESCRITAS ACIMA, NO ASPERGER, POR EXEMPLO? Casuuis: Sim, Por se basearem em uma perspectiva desenvolvimental € também neurofuncional, ambas as metodologias podem ser uti trabalho com diversos distirbios. ieadas no ‘TED € geralmente indicada a criangas pequenas com suspeita de atrasos de desenvolvimento ¢ de comunicagio, Jiticuldades de interagto social e de re~ gulagie emocional, além dos TEA. Jao Ramain pode ser utilizado com erian- {gas © jovens com dificuldades de apren- dizagem, distirbios de ansiedade ou depressio, alteragdes de pensamento © disfungdes executivas, entre outros. O Ramain é uma intervencao pstcoterapéutica, que é neuropsicoldgica, que se baseta em uma visdo multidimensional do ser humano. Nessa metodologia os fatores intelectuats, sociats, emacionaas e motores sto trabalhados em conjunto EMC QUE MEDIDA AS FAMIIIASF.0 AMBIEN ‘TH ESCOLAR COLABORAM COM 0 EXITO DO ‘TRATAMENTO NESoAS DUAS FRENTES? Cantus: A familia © a escola so es- seneiais para determinar © éxito das intervengdes. Em qualquer abordagem psicoterapeutica, os aspectos psicosso- Ciais devem ser contemplados, de modo a potencializar a evolugio da erianga € seu desenvolvimento. Nesse sentido, tanto a TED quanto o Ramain devern ser acompashados de sessdes de orien tacio sistemitica aos pais €4 escola, A APLICAGAO DAS METODOLOGIAS ATUDA A CRIANCA EM SEU DESENVOLVIMENTO (Cava: Por focar a integra rofuncional, ambas as metodologias fa- Faris 2a escola sao ssserciais para deeriny 0 eat'0 das Inervencoes. Em cunts abordegert psino'eantutica os aspectos pscossoc ies deve sar conemplads ce modo a potencaizr = ee enarga ese. decanunbamento swwrporeepacdrsbercome vorecem a integragio escolas, No asa de criangas pequenss em TED, # am- pliagio das possibilidades de comuni cacao, regulacdo emocional ¢ atencdo compartilhads favorecem & adaptagdo social ¢ as aprendizagens na escola, Do mesmo modo, 0 metodo Ramain ajuda a eriar as condigées neces para o desenvolvimento escolar pela integragio dos aspectos afetivos, lectuais, motores ¢ sociais. 0 Ramain coloea énfase na autonomia pessoal € ro desenvolvimento das habilidades de Alexibilidade c espontancidade que per- mitir3o a pessoa se colocar de modo mais adaptado nos diversos contextos de sua vida. APESAR DE SEREM ONJETO DE ESTUDOS CIENTIFICOS NACIONAIS B INTERNACIO- Nal AINDA S40 POUCO CONHECIDAS PELO PD- POR QUE ESSAS_METODOLOGIAS (CO EM GERAL? Caw a Acredito que a difusdo des- ses métodos no Brasil é dificultads por diversos fatores. Em primeiro la- gar, observamos ume tendéncia mui- to forte em seguir propostas desen- volvidas nos Estados Unidos, que se anunciam como as tinicas interven es com eficdcia comprovada. No entanio, hi pouea atengio & outras abordagens que também se baseiam em evidéncias cientificas, tais como a TED c 0 Ramain, cuja difusio cien- tifica foi feita em grande parte em Vingua francesa. Além no dessas metodologias € garantido pelas associagdes internacionais que regulam sua prities, e nia esto pre- sentes ainda de modo sistemstico nas, universidades hrasileiras > prtjuecitncatnihe 15 in foco por Michele Maller Para eliminar a DUALIDADE OS CONFLITOS INTERNO DOLOROSOS GERAM PENSAMENTOS ENGANOSOS QUE SE DISTANCIAM GRADUALMENTE DOS FATOS, O QUE SEMPRE RESULTA EM ANSIEDADE mais elvborada que © fimose chargao se entendam” B. muita improwavel ter um irmao 16 pique cincaside préxima ¢ nio sentir a in- raiva que a frase “foi cle que comecou” pode provocar. E mesmo que a acusaglo seja de fato injusta, 0 responsivel por fazé-la no apenas quer se livrar de uma punigao: cle realmente acredita no que diz. Uma pequena investigaezo, com poucas de- dugties lagicas, logo aponta para incor réneias no discurso do acusador. Ainds som experiéneia para sustentar as in~ formagSes de forma mais convincente, ele faz. © que qualquer pessoa faria a0 se sentir encurralada em seus préprios, pensamentos: desaba no choro. Fintan essa scee jimedide {que 0s motivos de confito ficam mais complexos, os argumentas tendem a fe ‘car mais sofisticados. B quem engana- do, 0 eredor, 0 que esti sendo prejudiea- do, € visto como “quem comecou tudo”, recebe as mais improviveis acusagdes. Dificilmente aquele que deve mensa- lidasie em uma escola € inadimplente porque esté insatisfeito. © proceso & ‘quase sempre, 0 oposto: € insatisfeito porque deve; € grosso porque “esté com 1 rabo preso”; & agressive porque enga- na; desconfia porque trai © uso da razio a servigo das emo ‘Ges - como na claboragio de justifi- cativas para atitudes © decisdes que, no fundo, sto condeniveis ou prejudi- iais a si mesmo ow a alguém ~ & um comportamento padrio em muitas, situagdes da vida e envolve processos inconseientes Algumas pessoas sfio particular- mente talentosas para manipular infor mages da forma como thes convém. ‘A linguagem € to poderosa que, a0 ser usada para compor impecavelmen- te uma falacia, acaba por convencer 0 préprio compositor. O bom mentiro- so, portanto, mente primeiramence a si mesmo, 0 que torna engano mais dificil de desmascarar. Isso porque @ construgo de teorias, projegao de situagdes, inferéncias ten- denciosas e interpretacio distorcida de fatos serve para esconder, primeiramen- te de si mesmo, alguns dos sentimentos mais incomodos: a culpa, 0 remorso € a vergonhs. Sio socialmente doloridos, ais dificeis de serem accitos. Afinal, aprende-se que certos sen- timentos despertam 2 empatia e 0 (quem nunca recebeu em um montento de acolhimento amparo_ soci tristeza, rejeigio ou decepgao’), en- ‘quanto a culpa ¢ derivada de atitudes © comportamentos conseientemente nocivos. Admitila é admitir um erro: ¢ dependendo do tamanho desse e:r0, costuma-se fazer de tudo para evitar a humilhagio de reconhecé-lo. Inclusive repeticla. Coma na historia do Peque- no Principe, em que o bébado confessa que bebe para esquecer da vergonha sew por epacodrabercomnbe A CONSTRUCAO DE TEORIAS, INFERENCIAS TENDENCIOSAS E INTERPRETAGAO DISTORCIDA DE FATOS SERVE PARA ESCONDER, PRIMEIRAMENTE DE SI MESMO, ALGUNS DOS SENTIMENTOS MAIS INCOMODOS Vergonha de qué?” pergunta o princt pes ‘De beter’, responde ‘Todas essas formas de fugir da verdade podem ser resumidas cm um {inieo coneeito: shis6-nu-mujun. Mui- tos dos ensinamentos da terapia Mo- rita, uma linha oriental de psicaterapia fundada no inicio do séeulo, partem de ‘um vocabulisio proprio, relacionado as emogées ¢ comportamentos. Afinal, se a linguagem pode nos colocar distan- te da realidade, com a elaboragio de Jjustificativas, desculpas e teorias, ela também pode ajudar a identificar essas armacithas emocionais. Em uma definig3o mais concisa, shisé-no-mujun designa a contradigio de ideias - a incongruéncia entre a re- alidade ¢ as historias nas quais a mente se apega por medo, culpa ou pelo de- sejo de como as coisas deveriam ser De acondo com o proprio eriador do termo, o psicanslista e flésofo japonés Shome Morita (em Principles of Mortia Therapy, 1998), “existem incompatibi- lidades entre 0 subjetivo € 0 objetivo, centre emogio ¢ eonhecimento ¢ entre 4 pritica ea teoria. (.) A contradicao centre ideias ocorre quando essa distin- ‘fo nfo & Keita” Sobre a distancia entre o mundo ilu- s6rio © a realidade, o que cle considera parte normal do processo intelectual hrumano, esclarece: conflitos interns doloroses_geram pensamentos eng- nosos que se distanciam gradualmente dos fatos, o que sempre resulta em an- siedade. “E como cometer um ero de ‘um centimetro que resulta em uma dife- renga de quilémettos no futuro”, ilustra, Como reconhecer 0 estado de shi- sS-n0-mujun e voltar a distinguir entre objetivo e subjetivo? Na terapia japo- nesa, um dos movimentos necessarios 6 em diregto dor, até “tornar ae ela propria”, sem julgamento e sem 0 ob- jetivo de elimind la, partindo de um estado puramente subjetivo - como se centrdssemos em um mundo sem espe~ Ihos € sem 08 olhos de outros. Qutra forma de climinar a dualidade € partir de uma perspectiva totalmente objetiva, enxergando 2 dor “de fora”, se distanciando dela, como se fosse desere ver a propria face frente a um espetho depois de fitila por tempo suficiente até se dissolver toda espécie de descon- forta relacionado ao ego, Um dos meios para isso € a antiga pritica oriental que ‘vem ganhanda mais atengio e recanhe- cimento no Ocidente: a escrita De haicais a ensaios, a buses por me tiiforas e desericées bem tracadas de sen- timentos complexos possibilita © distan- Giamento necessirio para que possamos sair do estado de shisd-no-mujun. Seja qual for o meio, estar disposto a derrubar as delesas, a recanhecera verdade e2 ver 10s fatos com clareza exige coragem, em tum processo nada confortivel de reeo Ihimento e autoconsciéncia. 2 Vichele Male 6 jorasta, pesquisadora,especilsta em Newrociénsis, Neurops clogs Educaccnal e Ciencias da Ecucacio.Pesausa eaolca estrat.gas pare © decenvcivment da inguager Sais projetos textos c\atdo reunidos no sta warwimchalarulercorbr que dinciatvida Por Ménica Portela Habilidades sociais nas relacées INTERPESSOAIS RELACIONAMENTOS SAO PARTE IN’ #GRANTE DA NATUREZA HUMANA E PERMEIAM TODA A NOSSA VIDA, TENDO COMO E 8 relacionamentos entre as pessoas representam uma ite fundamental da ati- vidade humana, ¢ como nossa vida ird transcorver dependerd, pelo menos em parte, do desenvolvi- mento das habilidades sociais. Para Morris (1994), 0 homem um “animal social”, um ser que vive em soviedade fe que precisa manter relagies saciais, 1B pique ctnciatide formando um elo entre o individuo © 0 meio ambiente. E a presenga ou a austneia de habilidades sociais no repertério comportamental de um individuo que determinaré 0 sucesso que este obteré em suas relagdes in- terpessoais, ou sua competén- cia social. De acardo com Seligman (2011), pessoas socialmente compe- tentes estén propensas a ter relagies ITO COLATERAL O AUMENTO DA NOSSA FELICIDADE pessoais e profissionais mais produti- fatorias e duradouras, além de bem-cstar fisieo © mental ¢ bors funcionamento psicolégico. No decorer da nossa vida somos instrufdes por normas de conduta pe- ante as pessoas, situagdes, © em dle- terminadas contextns, apesar disso, » tuago interpessoal no possui um Protocolo a ser seguido, sew poreepaconbercombe Os grupos culturais © socials pos- stem rearas gerais de comportamento ‘que funcionam come parimetros para a avaliaglo da funcionalidade de uma Geterminada conduta social. Desa snento eonside- compos rado adequado em determinada cul- tura pode ser completamente inade- quado cm outra, A habilidade social, conforme Alberti (1977, citado por Caballo, 2008), é uma caracteristiea do comportamento € no das pessons. De scordo com pesquisas em P: cologia Positiva, existem alguns fato- res que seriam responséveis por uma melhor qualidade de vida e bem-estar. Dentre esses fatores se destaca a re- lacio com outros seres humanos. Os relacionamentos com fami amigos sio fundamentals para a feli- de das pessoas. Segundo Lyubomirsky (2008), es- todos sobre a felividade demonstram ‘que pessoas felizes tém melhores rela cionamentos do que seus pares menos felizes. Investir em relagées sociais € uma estratégia utilizada por essas pessoas, bem como praticar gestos de cortesia ou ser capaz de atos al- tuuistas, Assit, podemos dizer que treinamento em habilidades. sociais, aparece como um instrumento impor tante para melhorar nossas selagées interpessoais, tend como efeito co- lateral 0 aumento da nossa felicidade. Dessa maneira € possivel trabalhar a methora dessas habilidades. Pessoas felizes 0 excepcional- mente boas em suas amizades, fa milia e relacionamentos Quanto mais feliz, maior a probabi- lidade de crescimento de seu circulo de amigos ¢ de poder contar com 0 apoio social. Muitas ocasiées cavol- ‘yem importantes conexdes humana: como a formatura de uma pessoa querida, 0 nascimento de um filho, apaixonar-se ou um casamento. A nosso ver, sem as hal intimos. lades sociais necessirias, teremos dificuldade de destrutar do que hé de melhor nas rou prtlepacinaber come relagdcs humanas ¢, consequente- mente, alcangar conexées profundas com as pessoas nesses momentos psi- colégicos chamados de pico. SOMOS INSTRUIDOS POR NORMAS DE CONDUTA PERANTE AS PESSOAS, SITUACOES E EM DETERMINADOS CONTEXTOS, APESAR DISSO, A ATUACAO. INTERPESSOAL NAO POSSUI UM PROTOCOLO ASER SEGUIDO Individuos que estabelecem rela- goes em que 0s lagos so mais estrei- tos apresentam maior capacidade de superacio de seus traumas, aprendem alidar melhor com 0 sufrimento, com as doengas e as perdas, Isso se da em razfo de receberem 0 apoio social de gue necessitam, por meio de amigos © companheiras, nfo se sentem sé, confiam porque sabem que existem pessoas que se importam com eles ¢ que esto dispostas a ouvir € a ajudar. © apoio social ¢ inestimavel no sux lio as pessoas que enfrentam desafios e infortinios na vida Quando estabelecemos relagdes significativas ¢ contamos com 0 apoio social nos sentimos mais fortalecidos © nos tornamos mais resilientes aos Poti. cra Menies Portals crete cantifea de eusoe de extenato do Opt Rue doPS- = Consors « Edvescio Posedoutors en "seologi pela UCR Couto em Psicobga Soci pals LER! mestre em Psiccogla Cogiva pls UFR professors parvisora da Pos-Ctadusc80 em Teen Cognit ‘2 Peicobgia Post va tegrada a0 Coachng do PS-\Coaf-RNA ‘traumas, perdas ¢ adversidades da vida. Eis aqui mais um motivo para investirmos no treinamento das habi lidades sociais, Atribuimos um sent do A situacdo, valorizando as relacdes interpessoais (que nos oferecem um senso de pertencimento), temas um olhar mais positivo e nos munimos de coragem, ¢ peragdo das crises e reavaliamos nos- ‘$05 valores, propostas e objetivos de vida. Criamos ¢ visualizamos novas possibilidades, aprendemos ¢ eresce- mos através dessas adversidades. que se busque adaptar-se 2 conflitos interpessoais comuns no nosso dia a dia, estes nos prejudicam ‘¢, mesmo quando nos afastamos da pessoa com quem tivemos os coa flitos, poderemos permanecer ru- minando a respeito dele. Para Haidt (2006), a existéncia de relacionamen- tos sociais fortes tem efeitos positi- ‘vos no sistema imunolégico, uments ‘tempo de vida ¢ é capaz de acelerar 2 recuperacio de um individu apés procedimentos médicos, além de re- duzir 0 riseo de depressio e transtor ‘nos ansiosos. seranca, confianga na su Por m: Nenhum ser humano funciona ‘como uma “ilha’, Precisamos dos ou tros para obtermos uma sensacio de completude, de pertencimento. Ne~ cessitamos doar, tanto quanto preci- samos receber e, muitas vezes, doar ainda nos raz mais beneffcios do que receber ajuda, Somos dotados de emogies que nos sintonizam para amar, oferecer amizade em um com- pertilhamento de nossa vida com a vida de outros, embora essa rela ‘passa nos eansar dor, ainda assim pro- cisamos das relagoes sociais para nos sentirmos completes 2 ‘omportaren'a Prine cencatoite 19 oe psicopedagogia Classificacdes impostas pela SOCIEDADE VIVEMOS ELOGIOS O MAIS IN’ por Maria Irene Malu EPOCA DOS RANKINGS. SO SE RECEBEM O MAIS FORTE, O MAIS BONITO, AGENTE, O QUE GANHA MAIS, O QUE SORRI MAIS NAS REDES SOCIAIS, TEM MAIS AMIGOS... abemos que uma pagina com crita impeedvel é, na maio~ as vezes, precedida de Ws rascunhos. No ease do S computador, de varias autocorregoes. E normal, aceitével, esperado, que 0 acerto soja a superacaa do. erro. O problema € que esquecemos que, via de regra, aprendemos a ver 08 contor- 20 pg cited nos das coisas nao pela luz que nelas ineide, mas pela sombra produzida ¢ aprendemos o caminho mais exitoso quando sabemos onde erramos. Mas, hoje, errar € to dramatico que os pais correm para fazer ligdes de casa pelos filhos, para que as exi- bam sem erros, como se a professora nfo sanhesse reeonhecer 0 padrio de trabalho da crianga que tém 2 sua frente durante horas toda semana. Se 0 filho esqueceu © celular em casa, pais correm para 0 Tevar na es- cola, como se no houvesse telefones fixos ou fosse impossivel loculizar a cerianca por ontro meio. Deiwar 0 fi Iho entender que ele € © responsavel se esquecer algo, sentir o deseonfor- sre poredespassdoniercorbe to da falta deste ou daquele objeto, pasar por momentos de desassos- sego, tendo que reconhecer que foi descuidado, @ algo que no cabe mais em nossa sociedade atual de conduta impeeavel Segundo esse modo de pensar, deixar a crianga se frustrar é uma tra- gédial Néo a educa, mas tira a ilusio. de ser “o cara’ a todo instante, 0 que reafirma a maxima da década: “meu fitho nasceu para ser feliz”. Porém, na pritica signifies: nao ter limites, no esperar, nde “receber” notas bi xas, nfo ser chamada a atencio, nio ter que se adaptar ao meio, jé que ob- viamente so as outras pessoas € 0 ambiente que devem se render 2 esse ser tilo especial. Dizer a esse tipo de pais que o filho errou provoca um tsunami ide oldgico, sem base algume na realid: det nascer para scr “feliz”, pior que conto de fibulas, no permite que a crianga participe legitimamente des- sa construgo, justamente moldada por meio de erros que devem ser vis tos e revisitados para que se perceba © contraste das situagées, dos pen samentos © sentimentos, $6 assim © individuo aprende a ter conseién: da falta e da plenitude, sente motiv: go, determina abjetives e desenvol- ve a resiligncia. Ao se prender ao acerto perma- nente, a sociedade se tornou irra cional em relacdo a0 imenso valor do erro: a educagao, tanto familiar como a que vemos na escola, é fre- quentemente focada no erro, mas no no erro ealibrado pelas oportu- ridades que pode eriar, mas pelo seu valor negative, somente 0 apontando como algo a ser evitado a todo cus- to, escondido, apagado ¢ nto como ponte de pactida para 0 exescimento. Na escola, o sluno recebe sua nota no pelos acertos, mas pelos erros. Uma respasta mnite hem re- digida, que demonstre compreensio ¢ trahalho intelectwal da crianga, de srewporepacdoabercombe SAO OS ERROS E NAO 0 ESFORCO QUE DETERMINAM O VALOR DO ALUNO. CRIANCAS EJOVENS NAO RECEBEM NADA POR MERITO AO ACERTO OU A DEDICACAO. vetia valer muito mais que um erro cometido em outra questo. A ave- liagdo escolar cursa em muitas esco- las, cinda hoje, comparativamente a qualquer planilha financeira & qual venha a ser comparada, ‘Assim, sfo 08 erros ¢ nfo 0 esfor- ¢0 que determinam o valor do alan. Criancas e jovens nio recebem nada por mérito a0 acerto ou a dedicagio. Situagdes contradit6rias sto de- sencora mos, desde cedo, que as criangas se frusteem com situagdes corriqueiras, «de outro, cobramos seus erros como se estes fossem 0 espelho do valor da crianga. Sentindo-se limitados, dimin joras: de um lado evita- inseguros frente a condenago porsna falhas, criangas e jovens so ao mesmo tempo envolvidos pelas exigéacias dos rankings mais desafiadores. Ao invés de trem motivaglo para pensar em como fazer de modo diferente © bus- car 0 acerto, objetivando 0 sucesso de desvel ow ineriminagio excessiva da oo criative, se acomodam pelo familia, Uma acoberta ficticiamente 0 erro, a outra 0 perpetua Errar faz parte do jogo, mas nao pode ser 0 proprio jogo nem a es- séneia do jogador, Errar far. parte do acerto, assim como € a sombra que determina a qualidade do fotografio, O mérito de uma pessoa em qualquer idade nfo pode ser-mensurado por tum desempenho mais ou menos bri- Ihante, pois esses parametros depen- dem de iniimeros fatores externos, inclusive 9 objetivo ¢ as preferéncias pessoais de cada qual. Ninguém ad- mira tanto os pais quanto os filhos, © € para eles que a erianca estabelece a sua primeira lute por aprovagio. Se suas dificuldades so tratadas com respeito € amorosidade, incentivo senso de realidade, terSo uma oport- nidade muito mais real de superé-las Mas por vezes os pais, até por vai dade, determinam padrdes quase ina- tingiveis para a erianga: afinel, que diferenca faz na pritica saber ler aos 4 anos? Ao entrarem no ensino fun damental, terdo que voltar a passar pelo mesmo processo, mas jé desmo- tivados pela falta de estimulo frente 2 maioria dos colegas a quem nao vao superar a ndo ser momentaneamente. Assim, também, muitos pais se desesperam ao perceber que 0 filho ado tem interesse especial para os esportes nem por ganhar medalhas ou ir as Olimpiadas ¢ agem como se fossem traidos pela vida que em ums segunda chance nao thes dev essa oportunidade pessoal. Amamos nossos filhos © alunos mas podemos ndo apreciar um ou outro comportamento deles. Entre tanto, estimular e dar oportunidade de perceber 0 erro como un sifo de ereseimenta so educar real- ‘mente para a busca pelo acerte, pela felicidade emocional ¢ também pela saiide mental, 2 ara rene Malt ¢ espacalsts em Pscopecagoga. Sducacio Especsl | Neuroaarencizager Fai presente nacional ds Assocagio Braslaa de Psconedagoats - ABPD 30 2005/07) E autos ce artigos em publeacossraconas e rlemarionals Coorcena curs de especielzacto em Newosprencizagam revemaut@uoleoms psiueciéncainiis 21 ‘ psicologia social por Luiza Elena L. Ribeiro do Valle Critérios SOCIAIS relevantes EFETIVIDADE ORGANIZACIONAL UM TEMA EM ALTA. AS EMPRESAS QUE EVIDENCIAM A PREOCUPACAO COM SEL AMBIENT ALC! NCAM RESULTADOS FINANCEIROS E PESSOAIS m décadas passadas, as detini- gies de efetividade organizacio nal discutiam 0 grau em que uma organizaga suas metas, pois este era um dos eritérios de efetividade organizacional mais am- plamente utilizados pelos pesquisadores. ‘Uma organizacao era considerada como cfetiva conforme realizasse scus objetivos propostos. nessa visio conhecida como “abordagem dos objetivos". Essa concep ‘910, no entanto, foi eriticada por ser eon- siderada yaga e até contraditoria, uma vex que os objetivos podem divergir en- tre os diferentes constinvintes da omgani- zZagio, que pervebem reagem de formas diferentes em seu jeito de atuas, plangjar € compreender as diversas sinuacbes Com as mudangas que se seguiram na Psicologia Social, o enfoque da efetvi- dade organizacional se voltou para ainte- ragio da organizagio com seu ambiente, ‘ou seja, entendendo que farernos parte de diferentes sistemas e o sucesso depende da habilidade da organizagao lidar com ‘os recursos do ambiente € com as pessoas {que vio compor importante capital na empresa. Dessa forma, coma emengéncia a teoria dos sistemas, us onganizagies pascaram a ser entendidas enmo sistemas abertos e 0s eonstructos de efetividade e ‘meio ambiente fram interligados; qpier dizer, uma organizacio efétiva deve con- ciliar o ambiente exterao eo desempe ‘nho interno organizacional, com a énfase wda na capacidade de adaptagao da organizagao diante de um contexto de profindas e permanentes modificagées Acreditamos que a orientagia socio- téenica nto pode ser esquecida, dando viabilidade econémica e social ao sistema organizacional. As erencas dos emprega- dos quanto 3 capacidade da onganizagzo alcangar 0s objetivos,em termos da quan- tidade € da qualidade propostas, repre- sentam © desafio que cada colaborador teri que enfrentar ese reflerem em come cle avalia 0 seu papel nesse sistema, con- sidcrando a capacidade de plancjamento humano ¢ estratégico da organizagio, Existe um lado interno do sistema que se preocupe com a dimensio de adaptagio «© posicionamento de reeuss0s para que 0 trabalho possa Muir © depende de invest rmentos na qualifeagio dos empregados. ofertas de treinamentos, participagio dos cempregados nes decis 0 euidado de nio dar espaco ao estresse negative, que 86 promove desentend- tmentos um clima pouico prodhtive. Manter a qualidade do. ambiente interno na empresa é essencial porn a satisfaeto dos eolaborsdores. © clima onal pode ser definido como ss que os afetam organi © conjunto de pereepedes compartilhs- das entre 08 colaboradores sobre os di- ferentes aspectos do ambiente interno dde uma empresa, influeseiando direta- mente na atnagain e desempenha desses na organizagao, [A pereepeto sobre 0 elime & easim formada com base na interagéo entre ca- racteristicas pessoais e orgunizecionais, serdo constiuida por valores stuacionais especifiens relacionados aos aspectos da organizacio que sio mais signi para os sites. O el pode ser visto como uma avaliagao st- ria de eventos baseados na teracio entre eventos reais € a percepcio destes. Nos tempos de hoje, pessoas e orga- nizagdes precisam se preparar para ura mundo mutante, complexo, incerta, Se antes o erescimento profissinnal depen- dia de entidades organizacionais, que romoviam a segurang: ww poradepaccdonbercombe AS PESSOAS PRECISAM SE PRE ANTE, COMPLEXO, INCERTO. UM MUNDO MU ARAR PARA O DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL NAO DEPENDE MAIS DA SEGURANCA DE l pelo tempo dedicado a ela, agora o su- ‘cesso profissional depende de eompetén- ia pessoal, porque as regras se alteram, « seguir fazendo © mesmo de sempre & posto 20 creseimenta. O novo modo de exescer psicossocialmente depende de vocé mesmo: ainguém pode fazcr acon- tecer 0 seu projeto pessoal, ese cle esti Tigao ao trabalho que voc? desempe- nha, 20 crescer seu ambiente se desen- volve também e a efetividude no eral Tha acontece Voos, ¢ mais ningném, & responsivel pelo seu sucesso, pela sua capacitagia para realizar sens sonhos de MA CARREIRA LONGA F DURADOURA vida profissional. Por outro lado, © papel do gestor em apoiar o desenvolvimento de talentos ea hixacdo deles na organiza lo € um desalio importante, Quando se trabalha como equipe, dispostos a aprender a cada momen- to com as experigneias que surgem, os ‘ganhos sto extraordindrios. Com base no aprendizado ma pr que se debrugam sobre 0s mesmos in esses, podenrse vivenciar novas pet cepgies e criar novns significados. Hoje rio € possivel crescimento sem atitude dinamica: repetir apenas 0 que dava ect to nio é suficiente, porque a “file ands" € 0 ser humano se supera e isso nfo € ‘uma exceeo, é um movimento constan- te, diante das intimeras possibilidades que se tem através da globalizagio, de recursos tecnolégicos, mas que jamais irdo superar a capacidade humana de dar continuidade a csscs rceursos. junto Aquel Lua Bera Libero do Valle @ pst ologa, autora en Ciencia no ests er Psiologis Escolar © ‘No om Psicologie Organzaciona | extensio em Gastan de Pessass |FGV} Formacia em Conch | (Camben'| expecisizacdo em Pscobgia Cina (CFP) na inna Cognitve-Compertarental,consltcra em Psiccpedagogia autora de ivros Pek ctncainie 28 MUDANCA OU ACEITACAO? Somente quando a pessoa rompe com conceitos distorcidos e aceita que sozinha ndo esté dando conta das transforma¢ées que precisa fazer, para deixar de sofrer, o tratamento psicoterdpico obtém éxito uando falamas em psicoterapla, 0 primeiro to que nos vem & ite 0 de mu- danga. Mudanga de valores, de eren- as limitantes, conceitos antigos, expectativas, perspectivas, mudanca de um comportamento indesejado, de emprego, de parceiro etc. Mudanga do que traz dor e so frimento para o que trard paz e sa tisfagao. E, ainda assim, mudancas muito dificeis de serem realizadas com apoio e quase impossiveis se feitas sozinbas. ARS para que o pacien- te sofride consiga buscar ajuda que tanto necesita ‘na psicoterapia, hd que se ter uma mudanga de paradigma e mentalida- de da populagao. Ja gue muitos aprendem coisas do tipo: “precisar de aju- da é inal de fraquera” on Por Daniele Vanzan que “homens nio choram” ou ainda que “psieélogo € coisa de maluco” © por af vai. E ainda ouvimos ¢ le- mos afirmagdes de que um proces- so terapéutico equivale a um chopp num bar ou a uma boa viagem com os amigos. Antes fosse simples as- sim... Ambos sio fantasticos ~ bons momentos com amigos ¢ terapia -, mas um nao exclui a necessidade do outro ocorrer. Talvez, se assim fosse, no veriamos cada vez mais pessoas doentes da alma; machucando-se tuns aos outros na busca de coisas gue, por fim, acabam nao trazendo sentido para sua existéncia Somente quando a pessoa muda ou rompe com esses conceitos dis- torcidos c accita que sozinha nio esté dando conta das mudangas que pre- isa fazer, para deixar de sofrer, essa procura ocorre € 0 tratamento psico- terépico finalmente se dé. E quando isso ocorre 6 comum escutarmos re- latos, carregados de arrependimento, do tipo: “ah, por que nio procurei ajuda antes?” ou “se eu soubesse que ia me ajudar assim, nio teria earola- do tanto tempo até procurar ajuda’ ou mesmo “nio precisava ter sofride tudo isso sozinho". B vemos essas pessoas chegando para a psicoterapia num estado deplo- ravel, ja no limite de suas forgas. Cla- samente trazidas pela dor excessiva e insuportivel e depois de terem ficado Jongo tempo tentando administrar so- ainhas suas dores ¢ scus conflites. priueciéncainie 25 we PSICOTERAPIA Mudanga e aceitagae sio, na yer- dade, palavras que andam juntas Afinal, aceitar algo significa em al- guma instancia umz mudanga ~ se nao de paradigma, a mudanga de um comportamento ou atitude. Aceitar significa parar de resis tir ou dispender energia ou esforgos com algo que nao pode nem poder ser diferente. F abrir mao da queda de brago que travamos com situa- ses om pessoas na vida que nio nos levarao a lugar algum e que acarre- tacdo apenas exaustio e softimento fisico, emocional e mental, podendo desencadear, inclusive, graves ques- tes psicologicas. Daf provém 0 cor- riqueito e sabio jargio: “aceita que 61 menos", Quantos de nds nos pegemos sofrendo excessivamente pola difi culdade de aceitar algo em nossas vidas? Seja uma reacin inadequada que continuamos mantendo, um emprego que ajo era o sonhado, um casamento dificil que nos faz ques- tionar se devemos insistir naquele camino e até o simples fato de que cada um é um ser diferente — com valores, crengas, anseios, educagio familiar, forma de ser, pensar e agir diferentes. E embora todos saibam disso vemos a maioria das pessoas sofrendo pela maneira diferente do outro ser. Seja pela expectativa que foi gerada em relagio ao outro com base em nossa bagagem pessoal, que faz com que eu espere que © outro pense ou se comporte como eu fa- ria, ou nas demandas que foram criadas em relagae a0 outro, mas que, na verdade, 0 outro nao tom Sofre-se repetindo o mesmo padrao de escolhas ou comportamento, considerando sempre o mesmo modelo engessado de ldgica ou raciocinio tes emorego excectativas et. ‘que vam &me"te quando strata de pscoteraie ¢ e mudanca De vs ores capacidade para atender, o que faz com que en me frustre por isso culpe 0 outro. Se eu nio me conseientizo dis so € aceito essas diferencas entre as pessoas, fato real e concrete, me frustro frequentemente e crio con- flitos esperando que 0 outro pense ou responda de uma maneira que ele nao @ capar de fazer. E doloride para ambos os lados: 0 que cobra ou espera uma resposta diferente da possivel. E © que nunca conseguiré responder satisfatosiamente as ex pectativas ou anseios do outro. Fantasias D™ forma vemos muitas pesso- as hoje se relacionando nao com as pessoas reais, mas com fanta: ilusées que criam umas em rel 80 As outras. E muitas vezes de si mesmos. (© que gera muito mais dor, conflito ¢ sofrimento pars todos os lados. Sio pessoas que se machucam © safrem as consequéncias por julgs rem 0 outro de acordo com sua ética € ponto de vista, porque imputam-the intengdes, sentimentos € pensamen- tos que nada tém a ver com 0 outro. Sio falsas e distorcidas especulagbes, frutos do espelhamento de suas pré- pias marcas no outro ou projesdes de seus maiores temores, cansando caos dor como se reais fossem, Se nao aceito, deixo de viver 0 mundo real e me mantenho apri sionado ao mundo da ilusao, onde residem aio s6 0s sonhos como também nossos medos ¢ traumas profundos. Nego © mundo gue na realidade existe e insisto em tentar viverno mundo que ew julgo que deveria existir. Vivo 0 “como deve- ria ser” e nao o como de fato a vida é ou pode ser ou vira ser Softe-se repetindo o mesmo pa- drio de escolhas ou comportamen- to, consideranda sempre 9 mesmo modelo engessado de Isgica ow ra- ciocinio que nada tem a ver com a Aceitar significa Parar de resistir ou dispender energia ou esforgos com algo que nao pode nem podera ser diferente. E abrir mao da queda de braco que travamos com situacdes ou pessoas na vida que nao nos levaréo a lugar algum realidade, Estamos presos ai num padrio mental adoecida E quao complicado parece ser viver num mundo como se em outro estivesse; lidar com alguém como se diferente fosse ou esperar de si mes- mo coisas que nao somos eapazes de realizar. £ como estar na vida sem viver. Uma queda de brage intermi- nivel com modelos idealizados de per-feigao e uma constante negagio da realidade. Uma insisténcia cons tante e cega pela dor. No passado e ja falamos da enorme dor e desgaste que envolvem a dificul- dade de aceitar o que & aw se tem, imagine o agravante de nao se con- seguir aceitar o que foi ow 0 que ti- vemos no pasado. Uma infancia so- frida, uma vida familiar dificil, uma crianga violentada ou abandonada, uma situagio humilhante vivida no passado precisam de aceitacio para que deixem de causar tantos danos ¢ sofrimentos em nossa vida atual Quantos de nds nao seguem em sua vida, permanecem paralisados, aprisionados ne falta © na dor, nao conseguindo desfrutar o bem-estar ea alegria do que tem? Enquanto nao aceitamos algo, néo 0 deixamos ir, Permanecemos presos iquela dor, escravizados pela fixacao e apego criados e mantemos aquele passado doloride vivo dia a dia dentro de nds. E s6 quem pode nos libertar dessa dura pena somos nés mesmos. E essa lihertacio passa por uma ma- danga de padrao © postura, no sen- tido de aceitar o que nio pode ser para que se possa conviver em paz e desfiutando © que € possivel em cada momento on situacio. No processo terapéutico, mui- tos se punem ou sentem-se mal quando notam que ainda nio con- seguem fazer diferente. Quando notam que nao modificaram um padrao que estao trabalhando para Eles tém dificuldade, de aceitar © proceso de processo 10 cada vez modificar. inclusiv mudanca tal como & que envolve 4 repeti menos frequente do padrio antigo até sua definitiva transformasio ou extingio. E tantus sao os que se depreciam, se desanimam, se punem ou até as que desistem de todo 0 trabalho duro que realizaram até ali quando ogee ctacaswisa 27 we PSICOTERAPIA Um cos fatre ciferente do rowozim mals sotriment ‘se esid acosturec Sein do percebem que repetiram mais uma vez 0 antigo padrio ou "erro". E ai est em jogo também o pro- cesso de mudanga primordial em sua estrutura rigorosa e rigida, que nao Ihe permite o natural proceso de ensaio ¢ erro de todo aprendiz no caminho de crescimento e autoco- nhecimento. Como exigir que depois de en- sinada uma liao 0 aprendiz siga de pronto acertando sem nenbuma possibilidade de equivaco ov erro? A capacidade de aceitar os erros ¢ encaré los como um caminho ne cessirio para conquistar os acertos & © caminho mais tranquilo e humano a se percorrer, Prepoténcia culpa, um sentimento tao softi- do e aprisionador, traz com ela uma carga de prepoténeia tao gran- de que se deflagra claramente na in- capacidade do culpado em aceitar 0 que fez ou como fer. Vemos 0 culpado se penalizar duramente por nie ter tide condi- goes de fazer algo, por nto ter pen- ado de autra forma o por nao ter 28 pipe cicada 80.00 26 6 a dticuldad> em acct alguns coisa zona de cenforto € doborso considerado algo naquela ocasiso. Ele nao consegue aceitar que come- teu aquele erro e nao se perdoa pelo que fer, Como se ele exigisse dele toma perfei Nao aceita que, naquele mo- mento do erro, no teve condigées de pensar de outra forma e, por isso, fica incessantemente se martitizando (0 que nia tem Se eu nao me conscientizo e aceito as diferencas entre as pessoas, fato real e concreto, me frustro frequentemente e crio conflitos esperando que © outro pense ou responda de maneira que ele nao € capaz de fazer € se condenando, procurando poste- riormente alternativas que agora ele acredita que deveria ter escolhido. E essas alternativas se materia lizam numa lista obsessiva e tortu- ante de falsas possibilidades gue comegam com duas palavras comu- mente usadas nessas situacoes: se... Palavras aparentemente inofen- sivas, mas altzmente torturantes © paralisadoras se usadas juntas para deserever algo que julgames que po deria ter sido feito no passado. “E se eu nao tivesse falado?”, “e se ele nio tivesse ido?”, *e se eu ti vvesse tentado?”, “e se ele tivesse per- dido aguele vo?” Muitas possibilidades falsas que 56 aumentam a dor ¢ © martirio de quem se desgasta por nio aceitar 0 fato como foi A dor de quem se ma chuca mesmo sabendo que sua in- tengao no fundo nao era de que alge rim acontecesse. A culpa acaba se tornando uma prisio perpétua, Na qual o réu é também seu implacével juiz, que se aplica a mais dura pena. E por mais que todos o absolvam e ten- tem livré-lo daquela pena excessiva ¢ inadequada, ele nao se permite li bertar e seguir adiante. Se torna seu pior algoz, se punindo por nao ter feito melhor do que, de fato, podia fazer naqueie momento. Outro caso na Psicologia, fre quentemente recebido nos con- sultétios e que também esté dire- tamente ligado a incapacidade de aceitacdo, € a depressio. A depressio também envolve uma grande dificuldade da pessoa em aceitar algo em sua vida, nela mesma ou em alguma pessoa, que nio fun: ciona como ela gostaria, Diante da impossibilidade de ser como gostaria ou de viver como gostaria, o deprimi- do se ressente, se entrega e, frequen- temente, se revalta contra a vida, es- tagnando diante de uma situacao que ele nao desejava que ocorresse. ww poradepaccdonbercombe Alguns viverio isso com uma tristeza enorme aparente ¢ outros demonstrarao sua imensa raiva e contrariedade diante da impossil lidade do que eles querem viver, ser ou ter Outros acabam se suicidando, di- reta ou indiretamente, demonstran- do em parte dos casos forte perda de sentido de vida, apatia e tristeza fe, em outros, forte raiva, irritagio € insatisfagao constante quando impe lidos a viver 2 realidade possivel a0 invés da situasio desejada por cles. Negam tudo que existe ao sew redor enguanto campo de possibi- lidades e permanecem irredutiveis e teimosos, presos a tnica saida aceita por eles. E quando falamos em tint ca saida, precisamos dizer que nto se trata da melhor saida ou da saida mais adequada para aquele sujeito. Falamos da saida elegida por cle como a tinica solugio possivel para resolver satisfatoriamente aguela questo. O sujeito se fecha e se apri- siona a essa ideia fixa, nao se permi- tindo experienciar nenhuma outra alternativa. E dolorido Para ambos os lados: o que cobra ou espera uma resposta diferente da possivel. Eo que nunca conseguira responder satisfatoriamente as expectativas ou anseios do outro Priséo ‘citar @ passado é fundamen. Arties se vier efetiomests 6 presente. Enquanto nao aceitamos alga em nosso passada, nao o deixa- mos ir. Permanecemos presos a ele ¢ © tornamos parte viva ¢ atuante do nosso presente. Aceitar o passado Uma infarcia sofrice. ura cance abanconaca, uma situagao humiharte do passado srecisam d= areitecio pave que deem de cae enftimening roepentslepacdosbercoray significa se libertar ¢ apaziguar uma questao, significa encerrar um ciclo ‘ow um assunto. Aceitar o presente é fundamen tal para se criar um futuro sadio. Aceitar © presente ¢ caminhar den- tro das possibilidades existentes Enquanto nio aceito permanego pa- salisado, bloqueado ¢ insatisfeito. Cabe pontuar aqui que aceitar nao é desistir de tudo 0 que nao nos ‘vem facilmente as maos. Mudar de casamento, emprego, escola om gru- po social nao é, muitas das vezes, « solusio adequada para determinado conflito. Senao, passariamos a vida precisando mudar de escola, empre- ‘go, amigos e parceiro para dar conta de uma necessidade de satisfagao pessoal nao atendida. O que sina- liza, na verdade, a necessidade de uma mudanga pessoal para se ade- quar Aquele tipo de situagao dificil Mas quando seria o caso em que necessitariamos modificar a situa- cho externa oo caso de mndar algo interno em nossa estrutura? ‘Acho gue como passe inicial ‘numa situagao de sofrimento on con- flit, a parte sofredora deve buscar identifiear 0 que nela precisa ser mu- dado para que possa lidar com aquela dificuldade de uma forma melhor. Mudar simplesmente o ambiente externo a fim de evitar aquele tipo de dor pode nao ser uma saida eficar, jé que © novo ambiente externo pode apresentar, com o tempo, novos fato- res que tragam 0 mesmo tipo de in- cémodo ow dor. E, se assim for, ndo poderemos ficar simplesmente ma dando de ambiente a todo momento incessantemente, como escola, traba- Iho, grupo social ete. Precisamos aproveitar 0 mo- mento de dor para aprendermos to- das as ligdes quea vida pretende nos quele sofrimento. Desse forma, vamos nos munindo cada ver mais de novas ferramentas para lidar com o mundo a nossa volta eevitan- trazer com psgue sciinid 29 RE PSICOTERAPIA ( A SOLUCAO ESTA NA BUSCA PELA MUDANCA PESSOAL tanco alguém nao esta satis~ Ons ‘com 2lguma pessoa cu situagSo ter como Unies possibil- ade de resolucso trabahar em sua mudenga pessoal A tnica forma de mudarmos 0 que nao nos satisfaz no mundo exterior é modificsr a mane'= ra como reagmos ou lidamos com aquele descenforto. Pode ser que, a partir del, ocorram mudangas no seu entome e a situacso perturbacora se altere. Mas, caso isso no ocorra, O maior interessedo - 2 pessoa inco- modada com a situecéo perturbado- fa ~ teré modificado pelo menos seu makestar em relacdc aquela situag30 e poderd reagir e sentir de forma d= ferente e extinguir unilateralnente o problema que o estava adorrecerdo ‘ou causando desgaste. A culpa acaba se tornando uma prisdo perpétua. Onde o réu é também seu implacavel juiz, que se aplica a mais dura pena. E por mais que todos o absolvam da pena excessiva, ele ndo se permite libertar e seguir adiante do que em situagdes futuras, como ‘essa, sintamos a mesma dor. Como saber se estamos apren- dendo as ligdes que precisévamos com aguela doz? Observando ape- nas se a dor inicial cede ao estarmos ‘em contato novamente com a antiga fonte de dor ou sofrimento. E somente quando ji fizemos todas as mudanas necessdrias para lidar com aquele conflito podemos pensar e modificar nossa ambiente externo e nos afastar entao da fon- te geradora de dor até entao. Pois se BO pique cimcintide encontrarmos em nosso novo cami- ho algo parecido, jf saberemos sen- tir e lidar de uma forma diferente. Quando falamos em mudanca, falamos da transformagio do gue & para o que se quer ou precisa vir a ser. Amaior mola propulsora da mu- danga é a dor. Sempre que estamos acomoda- dos ou aprisionados em algo que nao faz mais sentido para a nossa realidade atual, 2 dor chega como forma de nos sinalizar de que algo necesita ser modificado, As vezes, a dor chega como ma- neira de percehermos que hove um erro na rota, que estamos tentando avangar num eaminho errade, que desviamos do nosso destino final, dispendendo muito esforgo ¢ ener ‘gia sem extrair satisfaclo e cresci- ‘mento na caminhada. Eis que a dor aparece como um sinal vermelho, ‘um sinal de alerta para nés mesmos, ‘nos conscientizarmos sobre 0 rumo que estamos dando 4 nossa vida. Diante da dor, nem sempre se sabe © que exatamente nao va nessa caminhada. O que mudar para aliviar essa dor? ~ esse ¢ 0 tema de muitos processos terapéuticos. Mar- cando 0 inicio de uma importan- te jornada de autoconhecimento ¢ transformagdes, Outras pessoas jé conseguem perceber 0 que precisam modificar para retomar © bem-estar © a paz na caminhada, mas sua questo & como mudar? Como deixar de repe- tir aquele antigo padrao que insiste em causar dor e desconforte, mas quando perecbemos ja acontecen novamente? Sabemos que ninguém muda ninguém, Mas, muitas vezes, io se consegue mudar sozinho. bem Sinal Cc ‘como trabalho Arduo e vigilan- te, 0 sinal de que a mudanca foi feita eo grande motivador do proceso continuo de mudanga pes- soal ¢ 0 alivio da dor. Isso porque, 20 iniciar a mudanga, 0 sujeite co- me¢a a sentir o alivio do sofrimento © passa a se empenhar mais ¢ mais esse proceso até retomar o cami- nho original de onde ele nunca de- via ter se afastado. E comum vermos as pessoas constantemente desejando a mudan- ga de algo externo, algo fora delas amesmas: do parceiro, da empresa, do sistema, dos paliticos, do mundo. Elas se incomodam e se pertur- ham cam coisas e questdes fora de- eww prtenpacdontecombe Quando nos irritamos ou nos entristecemos com algo que enxergamos no outro, estamos na verdade sendo alertados sobre o que precisamos modificar em nds mesmos las ¢ acreditam que seu bem-estar ¢ satisfagao dependem da mudanga dessas coisas/pessoas. Colocam sua felicidade e realizagio na mio do outro e se tornam dependentes de- les para se sentirem bem. Porque, se © outro nao deseja ou ndo se empe- nha em mudat, sua paz © realizayio caem por terral E 0 que elas nao tem conscien- cia, na maior parte das vezes, é que © outro nos serve apenas como espe- Ihos onde refletimos e vemos refle- tido caracteristicas de nés mesmos. Quando nos irritamos ou nos en- tristecemos, por exemplo, com algo que enxergamos no ontro, estamos na verdade sendo alertados sobre 0 que precisamos modificar em és mesmos. E tode o nosso mal-estar é apenas um sinal do que deve ser tra- balhado para mudar em nds. ‘Mas é muito dificil notar isso, j4 que em grande parte desses casos © insatisfeito julga n3o possuir aque- las caracteristicas altamente conde- nadas por cle. Ou nao percebe que & um comportamento dele ou sus for- made pensar que provocania reasio tao indesejada. Perdemo-nos no outro e passa- mos muita tempo frustrados ¢ im- potentes, eanalizando nossas forgas na tentativa de modificar o mondo a Diarte ts impossibllcede de ser au de viver como gosh. 0 daprmice se resent Se entroga e se revatta conta a vide nossa volta, E mesmo que o mundo inteiro se modificasse, continuaria mos mal necessitando de repare. Costume dizer que quando uma pessoa nao esta satisfeita com algu Pees Eee eer Ree on ma pessoa on sitnagio tem como linica possibilidade de resolugio trabalhar em sua mudanga pessoal. A Gnica forma de modifi que nao nos satisfaz. no mundo ex- terior € modifiear a maneira gue li damos on reagimas com aqnele des- conforto, Pode ser que a partir dai ocorram mudangas no seu entorno € a situagdo perturbadora se altere. ‘Mas, caso isso no ocorra, o maior interessado — a pessoa incomodads fuacio perturbadora — teré modificado pelo menos seu mal estar em relacao aquela situagao € podera reagir e sentir de forma dife- rente ¢ extinguir unilateralmente problema que o estava aborrecendo ou causando desgaste. Pagamos um alto prego tentan- do evitar ou negar a realidade. Pois além do desgaste e sofrimento que carregamos com 2 nio aceitacio, os mantemos presos a0 que tanto tentamos negar, tornando-o mais presente e atuante em nossas vidas. Hellinger, © pai das Constela- oes Familiares, costuma dizer que tudo 0 que excluimes ou negamos nos prende eo que aceitamos ¢ in- cluimos em nossa vida nos detxa i ‘vres para seguir nosso caminho. coma pete citnitnite 31 ~y coaching Lidar com a AUTOSSABOTAGEM E COMUM CRIARMOS OBS por Julio Furtado PACULOS E EMPECILHOS DE FORMA CONSCIENTE OU INCONSCIENTE QUE ATRAPALHAM. NA HORA DE REALIZAR TAREFAS OU CONQUISTAR OBJETIVOS ‘or mais absurdo que nos possa parecer, alguns de nés temos medo de ser feliz. Esse medo & quase sempre inconsciente, embora tenha grande influéncia em nossas atitudes diante dos desafios & conquistas ao longo da vida. Se, por alguma rao conseiente on incons- ciente, achamos que nao merecemos ser felizes, faremos de tudo pars que essa profecia se realize. Esse medo de- senvolve um mecanisino ao gusil cha mamos de autoseabotagem. Nao sto poueas a3 pessoas que 20 conguista- rem um 6timo emprego, um relacio- namento feliz ou a viagem dos sonhos sabotam as proprias permitindo usufiu‘las e, pior, fazendo de tudo para que dé errado pelo sim- ples medo de ser feliz. A autossabotagem pode estar pre~ sente em todas as fireas de nossa vida: relacional, edueaeional, profissional & até mesmo na saiide. O primeiro pas- so para que tomemos as rédeas da vida ‘em nossas mos 6 nos conscientizar de ‘nossos mecanismos de autossabotagem do quanto eles prejudicam 0 alcance de nossas metas, Nunca ter tempo para a vida social ou para fazer aguele cur 0 que tanto queremos, pensarmos que no fs mais perspectivas no trabslho ‘on mesmo no consegsir fiver wm tra 32 pipe chica tamento de sade até o fim podem ser indieativos de autossabotagem. Essa autopunigio, em geral, tem ori gem na infincia e frequentemente € mol dada no niicleo familiar, onde adquirimos rnossas primeiras referéncias e elabora- ‘mos nossa percepcfo do mundo pautada nesses eritérios, Se sofremos muitas com- paragées em condigées inferiores, por exemplo, podemos desenvolver 0 senti mento de menos valia, responsive! pela sensagao de que no merevemos veneer ou usufiuir dos prazeres do pramio. A.autossabotagem pode se tornar tao grave a ponto de provocar transtornos de ansiedade, cardiopatias, obesidade, depressio © pensamentos suicidas. Em seu nivel eréinico, pode levar a pessoa a A AUTOSSABOTAGEM E UMA DOENCA DA ALMA QUE TEM TRATAMENTO E CURA, MAS EXIGE QUE SEJAMOS FIRMES E INSISTENTES NA MUDANCA DE NOSSOS HABITOS E ATITUDES ‘se automutilar, provocando feridas que simbolizam a punigdo pelos sucessos ¢ prazeres da vida, No entanto, fiquemos todos atentos a esse estranho processo, pois a grande maioria das pessoas sofre dese mal, em maior ou menor escala. Quantas veres temos que fazer algo importante mas procrastinamos © ace- ‘amos nao fazendo? Quantas vezes jé iniciamos uma dieta e nio conseguimes Jevé-la até o fim? Quantas vezes nos ve- mos refns de relagies tGxicas que n6s ‘mesmos buseamos? Existe uma técnica interessante que aprendi na Gestalt-terapia que diz. que Drecisamas perguntar insistenremente “para qué fizemos as coisas © nao “por ‘qué” Quando fazemos a primeiea pergun ‘ta somos remetidos a utilidade prética da ado, ao “para qué" me serve fazer isso. ‘Outea pergunta insistente que devemos fazer para toda acto autossebotadora & ‘© que ganhamos com cla. Fsse pergunta porte ca principio de que toda agin man- ‘ida tem um ganho secundario, subjacen- ‘te € que na maiozia das vezes nos escape A consciéncia imediata. Podemos exemplificar essa téeni- ‘ca por meio de uma stage pritica Imagine uma pessoa que foge toda vee {que im relscfonamento fntimo eames « ficar sério. Bla pode tentar se libertar dessa_antossahotagers, penguntando-se sew porteepasodonercombe g insistentemente: “Para que me serve fugit? ‘© que eu ganho com essa fuga?” A res posta pode ser dificil, mas é recomendavel ‘que anote ¢ reflita sobre a primeira respos- ta que lhe vier & cabega. Anote também a segunda ea terceira¢ reflta com coragem sobre as tés, Bin geral, 0 ganho secund- rio esta entre elas, Um ganho subjacente muito comum desse comportamento de fiaga & evitar entregarse por inteito com medo de se machwear depois. Esse com- portamento & comum as pessoas que tt vyeram cxperiéncias doloroses no passado, mas € igualmente frequente em pessoas ‘que se scutem muito podewosas ¢ inatin- ssveis, Nesse caso, o medo € de se mostrar fig e dependente, penlendo a onipotén- cia lost Outra forma bestante comum de autossabotagem & a procrastinacio, O sew por epacdoabercombe conhecido “deixar pra depois" ou “ir em- purrando com a barriga’, embora seja famoso como “filho da preguica’, fre- quentemente eseonde 0 medo de filhar, de cometcr erros ou mesmo o medo de vences, A formula & a mesma pereunte- -Se que ganhos voce tem procrastinando. Que zona de conforto voce esti manten- do ao empurrar essa decisio para dep ‘A avtossabotagem & una doenga dat alma que tem tra exige que sejamos firmes ¢ insistentes na mudanga de nossos habitos ¢ asitudes Nao basta apenas 0 desejo de mudar, & iia Furtaco 6 professcr,plestrante © caach © gracuaco em Pscopedacosia, ‘especulsta em Cest-terapia e dngmice de grupo. E mesie e doutor em Edicavdo € failador de giuzos de desenaalvrrenis Humane e aulor de ‘versos Infos. wanwjulcturteds.combr preciso que nos autodesafiemos € des- ‘conliemos de nossas deseulpes. Esse me~ ‘canismo de autossahotagem $6 & vencido ‘com determinagao, pois ele & construido 20 longo de muitos anos de logiea dis- torcida, Nao basta apenas repetir para si ‘mesmo uma nova maneira de ser, e880 bbatalha € constante, até que nosso in- ‘consciente desista de manter 0 status 20 ‘qual se acostumou, O caminho da liber- ‘taglo comega com 0 reconhecimento de ‘nossas proprias armadilhas, pois confor- me disse Dostoiévski: a maior flicidade saber por que se &inkliz. o agus sciinit 33 Filmes na clinica infantil (cinema na terapia) Filmes sio encantadores, divertid 105 Ginieos, Mas além de encreter, eles podem ser uma ferramenta preciosa para ajudar a lidar com confitos ¢ a ‘compreender emogbes e realidades diversas. O livio Lis, Camera ¢ Avi. Filmes ue Pritca Clinica Iyfantil aborda os flmes como um recurso de intervengio ou estratégia complementar na terapia de eriangas ¢ adolescentes. Funciona como um guia de exes de filmes, disponibilizando hase tesrica aliada & instrugZo de uma proposta lialica para os profissionais. Regulaglo ‘emocional, nto, ansiedade, ‘esterestipos € precor sociais, bullying e resiliéncia so algumes das temtieas abordadas. Além «sso, cada eapisulo do livto apresenta com conetrueto teérico, mostra o dizecionamiento pritico com tBenicas ¢ atividades para impressio, luz. Camere © Acie: Fes na Pica rca ‘rest ora ~Seepsys 80 ig SM pique incase Método psicodramatico (teatro terapéutico) siquiatsa nocte-americano J. L. Moreno notabilizon se no panorama da Psicologia contemporinea como 0 criador do teatro terapéutico ou psicodrama, que ele definiu como ncia que explora a veidade por métodlos dramitiens? © método psicodramatico € uma abordagem de terapia de grupo c se baseia no coneeito de desempenho de papéis. Sua fin descobrir como a pessoa conecbe idade é nfo apenas 6 papéis sociais importantes ¢ como atua em fiangdo deles, mas também ajudé-la a alcangar um desempenho ajustado ao seu contexto ociocultural, por via da catarse, No liveo Paiadrama, o-sutor apresenta de maneira pormenorizada, ustrada cox mumerosos exemplos a teria a Pritca da terapia de grupo e do teatro tempentico. E uaa obra cistica indicada aos que estudam e exereem Psicologia Clinic. Pacodans Enters = Cre Auior = Scab Levy Morano Eppes Da redagiio Tratamento analitico {pratica da Psicanalise) A obra Pricanlive~ a Clinica do Real organiza se de acorio com os tempos de um tratamento anelitico: entrada em anélise, 2 condugio do ‘ratamento, as dificuldades de percurso cos finais da analise. Seu eontesido reflere nm extenso dehate sabre temas fandamentais 8 pratiea da Psicandlse 1no século XXI:- Come se entra em andlise? - Como o analista desse novo tempo ditige 0 tratamento? ~ Quis as ificuldades do eaminho? - O qu final de andl eum tratamento’ Com contetdo editado pelo psicanalista ¢ psiquiatra Jorge Forbes e onganizado pea professora doutora psicanalista Claudia Riolfi, os demas autores, todos pertencentes a rede dos Insticutos do Campo Freudiano no ‘Brasil, prioritariamente ao Lnstituto dia Psicanilise Lacaniana, ousaram iseuti-¢ expor como estZo pensando ¢ praticando a Psicandlise no séeulo XXL ?- Como se dé o término = Jorge Fortes 5 ngs wre portlepacodonbercombe Ne F— Neo AMCs) clui a imaginacao ludica vel e da lugar as crencas inerentes aos pensamentos positivos rumo ao futuro Por Eduardo Lucas Andrade Pare ee ote vera eee ese tr ets an een ee prea ee et pny ey cee et ee ee et ea erent Sereno teil earner emnereerentss (oil elel-I0T-] eV loo Ne) 36 4 dizia o poeta: “Nao quero ter rari, quero ser feliz!” Em tem. pos de promessas, virada de ano, tempos dificeis, mudancas, ‘de crises existenciais e outras mais, cada um recorre a algo a que possa se segurar. Muitos recorrem 3 onic poténcia do pensamento chamado de positivo, combatendo o negative como se 0 querer consciente Fosse ‘um milagre retilineo uniforme. Ain: da que este tipo de pensamento de signado de positivo pela consciéncia tenha seu lugar e suas fungdes con fortantes para muitas pessoas, ele nao € definidor de mundo. Nio se trata de ser pessimista 0 fato de saber que o mundo nao gira a0 redor do umbigo do pensamen to, mas se trata de encarara angistia magna existente para o ser falante. ‘Ao falar, indagar, inserir a lingua- ‘gem que corta 0 todo naturalizado do mundo, o ser humano se depara ‘coma intrinseca angustia de nao ser todo, Falar é assumir que ¢ faltante, viver é isso, fazer da falta um bom motivo para fazer algo de tudo. A falta pode ser adereco central do de sejo se a tomarmos como faisca de linguagem. ‘Muitos, na sua esséncia faltante, ‘em sua euforia de querer ser mais em. © pensamento cesgredo de postive para mulls nesses mas nin # air de ainda aie ncaa Nao se trata de ser pessimista o fato de saber que © mundo nao gira ao redor do umbigo do pensamento, mas se trata de encarar a angustia magna existente Para o ser falante meio a sociedade do espeticulo fe- liz, das imagens do todo, da ditadura do sorriso de protese, acabam se an gustiando a0 saber que a felicidade plena é inconivente com o modo hu mano de ser. Para estes, a felicidade surge como mercadoria promissora, onde vendem os pergaminhos, bu- las, treinos, itense tudo mais que for necessirio para irem tamponanda a que nao tem tampa, mas tem borda ‘Ao apostar todas suas fichas nesses indicios prometidos e fracassar pe- rante o delineado esperado, o sujeite inaugura nova rotina de angistia em resposta a0 exercicio da castracio que ameasa o Eu, ‘consclenica fem seu ugar esu2s fines confortates A angiistia, em Psicanilise, € um sinal de alerta a ser escutado, Ela vem, estrangula o dito nao dito, agita o ser por falar tocando direta mente na viscera real do corpo que habitamos. A angistia chama para 2 vida ao lembrar da morte: ¢ agora? © sujeito tem que se haver com sua condigio. Nao da para se estabilizar na angiistia, pois ela € 0 afeto que nao brinca em servigo. A angtstia, «que rasga de dentro para fora, mos tra que nao se foge de si mesmo. E imprescindivel encaré-la, ainda que 2 vontade seja a de sair correndo, sem rumo, lenco e documento. Escutar a si mesmo ¢ tarefa Sr- dua, dificil, inefavel & laboriosa, pois nao se trata de escutar o rasante dos pensamentos tao somente, uma ‘vez que por eles inclusive nos enga namos e maquiamos em fantasias © que nio vai bem. Escutara si mesmo éaceitar sua dolorida condicao. Dai, zuma Psicanslise, as pessoas que es- peravam tudo aconchegante sairem com labirintite psiquica. Em pen- samentos, roformulamos © mundo de forma afivel, somos carismiticos conosco mesmos, maguiamos narci- sicamente nossa condiso, ensimes- mamos fetiches de salvagao. Penso, logo egoismo. Necessitamos ir além das defesas pensantes que criamos se desejamos romper com as rigidas repetigdes que nos alinham no so- frer. Na dinimica da vida é preciso fazer o tuto da onipoténcia, perm: tindo indagar © pensamento, acei- tando a condicéo faltante. Nao seré sem suporte, certamente seré com medidas paliativas, cada um com as suas, tal como aponta Freud: “A vida, tal como a encontra- ‘mos, é ardua demais para nds, pro- porciona-nos muitos sofrimentos, decepgdes e tarefas impossiveis. A fim de suporté-la, ndo podemos dispencar_az_medidas_paliativas” (reud, 1930). Cada pesson devers analisar srw poredespassdoniercorbe quais medidas paliativas the servem em seu propésito de vida. Civilizagao m se tratando de civilizacio, Freud afiema que uma das condicaes centrais para que esta exista, ainda que manqueyando, ¢ a de que “o homem civilizade trocou uma parcela de suas possibilidades de felicidade por uma parcela de seguranga” (Freud, 1930). Desse modo, suportar as pequenas dil rengas © se ourigar nas relagdes € condigio sine qua non para viver em civilizagao. Por ouricar, enten- damos, conforme Schopenhauer aponta em sua escrita dos porcos- espinhos na ncite de inverno: caso estejam muito préximos, se ferem € sangram, podendo morrer pela proximidade sufocante e perfuran- te dos espinhos. Se muito distante, Psicanalise cirurgica A Psicandlse € chirgica, dz Freud. Tem o bistur de Ingua. Os penca- ores da area psicanalitica atirmarn ‘quo 05 profizs’oras que stuam com a mente sto 05 crurgioes da exis- féncia Segundo Farenezi. nos 25- semchamos ao obstetra ce parte rotmal e devemos, por vezes, dar fempurroes quando a morte gna por nsupertavelestando 130 proxi- mg Ca vida. Opetar o inconscree. via manifestacces este, € tarefa 1 Poicanalise srorepentlepacodoshercorabe smagere do tod, da aitadura do sorkeo de protese Mas pessoas vive 2 eufora de cuarer ser ras em meio & sociedad do espe'éculo fel, cas Ao falar, inserir a linguagem que corta o todo naturalizado, o ser humano se depara com a intrinseca angUstia de nao ser todo. Falar é assumir que é faltante, viver é isso, fazer da falta um bom motivo para fazer algo de tudo podem morrer pelo frie. Portanto, se faz necessaria uma distancia en- contrada que nav seja muito proxi- ma ou tio longingua Aqueles passos que sonhamos para alcansar a felicidade, aqueles conselhos que indicam o caminho, os manuais do que fazer e como fazer gue garantem sucesso jogam com nosso desamparo. Aqui se en- caixa bem um postulado de Freud, em 0 Mal-estarna Civilizagio: “Nao existe uma regra de ouro que se aplique a todos: todo homem tem que descobrir por si mesmo de que modo especifico ele pode ser sal- vo" (Freud, 1929). A vida humana é singularmente inventiva, nio hé roteiro, manual, passo a paso, nada que garanta. A felicidade, sempre em pedagos, € feita, construida, as vores aparece de surpresa, ¢ esta vai além do cair nas artimanhas da se- ducio de solugées rapidas. E confortante deslocar as reso- lutivas dos problemas ao poder do pensamento ou a alguém. © outro nada pode por nés, pode “com nd”. E apostar no pensamento magico 6 se portar como se fssemos bebés com a onipoténcia de seu choro: chora- -se, esperneia-se, basicamente nao se faz mais do que isso ¢ © mundo nos atende, Os pensamentos mégicos sao derivados de nossas experiéncias da tenra infancia. Desde os primérdios, © pensamento magico demarca pre- sengas, nos credos, situais tribais © mites fundadores. Chora-se © magic camente aparecem quentinho copo de leite, seio com afeto, soluges mi- rabolantes, acaloramentos, nutrien- tes afetivos e vitaminicos. Bis aqui protétipo do credo no pensamento magico onipotente. Beondmico e até entio eficar. Até entao. At entio, pois a posteriori © principio de realidade surge @JUBIDSUOD O a 8 CR SINTOMA DA CAUSA E EFEITO ea Psicandlise: quejos no diva Muito se diz do iralemento psicenali~ C0, tratamenta existencial sob hensferéneca - vinculs clinica. A Psicandise trata sintornase Sim, mas nao 20 somente aqueles psiquitricos. Sao sinfornas, ‘singulares, ndo para serem elrinados. mes sim fratados. escutsdos. ‘tomas dizen do sujeito.o organiza desorganizando-o,elimins-los ¢ emce- cet © exisli: Se 0 sueito no reinvents Quito moc de lidar com seu profunco Lestar fica ruim com o sintoma e pier sem ele, o desarmparo assols, pois © sulero perde perte falante des. Trata-se. entao, ce escuts-lo para fazer fear de cutro modo Fazer falar o sintome € ser causa de desej. Sao sinlornas que se entregzm 3 transferéncia. O sujetto em seu inconsciente aceita ser tratador ‘sm, torr E enirege seus dizeres rumo a possibiidede Ue desembatayarse dos confltes ca confusio de lingua, Tendo um irredutivel da ser, a Psicandlse possbilitendo a reinvenczo singular do sujeilo, com seus pares e impares, nao busca uma cura no sentido mécico do ‘erma & o sujeito que uliliza o bistur da lingua pera operer sua reaao com o destino flexibilzado repeticoes. Enta0, qual curs @ possival? A cura do queijo. Quaijo cured é aquele maturad pelo fempe dele, o tempo logico se faz importante e medante contetos exteinos e Dorbulhas intemas eles fazer sua consisténcia e sador serem tnicas. Queijo ‘curado Cepende do corte, do mango, fice Com seus 0s e particulaidades. Queyo curado tem historia, necessita de cuidedos e responde a eles. Quaijo ‘curado € queijo que, com o modo de se elaconer com o cue he toca, cl, bactérias, material que suge saknoura ou nBo, luz, cria uma crosta fil & sua necessidade e consegue resist cads vez mats ao mundo aberto e ‘Us perigos. Vive melhor er locals os quais antes apodrecia fi- ‘ceva amargo. Aprende @ l= dar com © que 0 citcunds. Essa 6 a cura, a consttucio dde uma nova capacicade de ear com 0 mundo sob a esséncia antiga, transformacéo, nfo sem dificuldades! demarca que castragoes nos cha- ‘mam ao movimento, Pelo atempo- sal do inconsciente (0 inconsciente tem um peculiar tempo psiquico, no qual memérias amalgamam ¢ reinventam nocdes de passado, presente e futuro), muitos ainda estio enraizados nesse badalar da vida psiquica, criangas de virias adultas idades, O infantil em nés & por toda vida. Por esse motivo, pelos tracados da infincia, a0 lado pie inc disso tudo, o que se esté colocan- do € onipoténcia de uma caréncia que existe em nds: de um outro que cuide de nds, que faga por nés, que nos acolha, que nos indique © que nos ensine a caminhar, que segure nossa mio, alguém que nos salve ainda que saibamos nio se tratar de salvagdo, Demandamos amor ¢ huseamos enrijecer © poder a um outro da verdade, cremos nele, nio por ele, mas pelo amor dele: Nao dé para se estabilizar na angustia. pois ela € 0 afeto que nao brinca em servico. A angustia, que rasga de dentro para fora, mostra que nao se foge de si. E imprescindivel encaré-la, ainda que a vontade sejaa de sair correndo “Uma crianga sente-se inferior quando verifiea que nio é amada, ‘© mesmo se passa com o adulto” (Freud, 1936) Principio de realidade A lentificagan, o espelho, a ten- Jativa imitante, ecolalias do fazer constituem papel fundamen- tal no desenvolvimento do sujeito frente a0 seu mal-estar. Desenvolver aponta que primeiro se envolve ¢ depois se “des-envolve” para herdar algo ¢ fazé-lo teu. Do principio de prazer, no qual se desenvolvem dese- jose fantasias, advém, em um porvir existencial, o principio de realidade, no qual se desenvolve o ajeitar-se em meio as ameacas de castrasao do mundo social. O prinefpio de prazer € pulsionalmente mottifero, visa 0 principio de nirvana. advento do principio de reati- dade nao anula o principio de prazer. Segundo Freud, “a substituigio do principio de prazer pelo principio de sealidade nao implica a deposi- a0 daquele, mas apenas sua prote- io" (Ereud, 1911). A partir desse motivo, dentre outros, 6 que somos desmedidas © incomensuraveis ve- zes guiados por nés mesmos parz sew portdepacedonarcombe Is, onde nao sabemos que sabemos. Um saber que escapa a razao pensan- te € que diz pelos rastros repetitivos dos experimentos da vida cotidiana, Em busca de algo outrora perdido para sempre manifestamos dizetes em lapsos da lingua, do corpo, da meméria, por pilhérias, trocadilhos ¢ chistes, além de dizermos em me. téforas, nos sonhos e sintomas. O inconsciente diz de um saber que relutamos saber que sabemos, uma a joece produzindo estrangulados dizeres sintomiticos. Quanto mais o sujeito te: simesmo, mais ele se afir ceber, O inconsciente ¢ dinamizado a negar a sem per por processos primarios que esca pam a logica do tempo cronolégico, 4 realidade externa, a caracterizacio de bem ¢ bom, & fo ¢ ainda ausenta contradicdes miituas. As ca- acts te, como podemos perceber, diferenciam-se, Famente & emerge, organizan- © escope pensante. Uma psicanilise no € para fazer pensar alinhavado, € sim causar ondas para que algo mude, ainda que o sujeito nem saiba de onde aquilo veio. No pensamen: to fo que se sabe, e noinconsciente, pela assim como na confissio, fala-se associagao livre sob transferéncia, © pre ga em si mesmo surpresas acerca de sujeito diz mais do que sabe, a Portanto, compreendemos que os pensamentas sio fabricados 2 par- rimarios de cada tir de process uum, sendo este um dos caminhos a escutar, destrinchar e seguir rumo a algo dito em suas entrelinhas. © pen- samento é um derivado secundario ida psfquica, tem sua import cia, compete sabermos de qual modo ele se encaixa na psicopatologia da ida cotidiana do sujeito. Fle advém condensado e alinha- como produ’ vado de elementos que desconhece- ‘mos que sabemos, “ah, sei lat, dizem comumente as pessoas, apontando que em algum lugar sabem, mas néo percebem onde € 20 inverso do que podemos imaginar que mode, mas, © inconsciente que nao é inconse- quente, “parece que nao est em mis essa coisa’, “fiquei cego na hora’, “nie sei, tem algo em mim’, “quando Vs, 8 tinha feito’, € linguagem nossa ¢ so- ‘mos por ela responsiveis, Escutar € ético, na medida em que coloca o su eas do responder as suas mazelas ¢ delicias. jeito nas x Acerca dos pensamentos, po- demos pensar (ironia) que eles, os pensamentas, cio coberturas da ra ao. A razao é uma cobertura de algo, © dito senso comum jé 0 aponta a0 dizer que tal pessoa “esté coberta jsam e abusim dessas turas, como drogas, mesmo, 1osas. O pensamento esta certei- ramente nas procrastinasdes, assim 9 a razio esti nas defensivas ante os afetos. Os pensamentos es tao na busca légica pela felicidade plena inalcancével por excel njuri ensamentc FE ad (1915) postula que pensamento ¢ 0 ensaio da agio" Um ensaio que desmedidas veres aniquila a aio. Como numa

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