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3 FaSouza ‘TRANSFORME SEU FUTURO EM SUCESSO PSICOLOGIA GERAL expressamente proibida a reprodugao total ou parcial, sem autorizagao. 9 Av. Santa Helena, 1140 - Novo Cruzeiro - Ipatinga-MG ®& (3 3622-2194 - 31) 98908-9153 fm cormnitor@ecitdeclnounncembr @ Fasouza © Fasouza ‘TRANSFORME SEU FUTURO EM SUCESSO Pagina 1deaa PSICOLOGIA GERAL? Andris Alvares Wasser Pintor (org.)* INTRODUGAO Caro(a) aluno(a), A disciplina Psicologia Geral trataré dos seguintes assuntos: a histéria da psicologia e seus fundamentos filoséticos; as principais teorias da psicologia com suas trés escolas — psicandllise, behaviorismo e gestalt. Serao apresentadas reflexes e préticas com as devidas implicagdes psicolégicas no comportamento. Todos eles so relevantes para a sua formaco, uma vez que é esperado que no peril profissional a habilidade de lidar com as pessoas, que convivem em ambientes to turbulentos. © estudo destes temas 6 muito importante pois, uma vez que sejam compreendidas as bases do funcionamento do comportamento e das estruturas da personalidade, facilitaré o desenvolvimento para um ambiente mais produtivo e de resultados mais favordveis ao bem-estar comum. Por isso, ao final do estudo desta apostila, espera-se que vocé seja capaz de: * Conhecer as bases tedricas a respeito do comportamento humano; * Compreender as estruturas de funcionalidade humana; * Ter a capacidade de atuar de acordo com cada necessidade individual: e * Este material apostilado 6 uma compilagao de trechos de artigos académicos sobre a tematica “Psicologia Geral’, conforme a ementa da disciplina, Desse modo, coube a este organizador selecionar as obras e fazer os recortes relevantes para a construgao do seu conhecimento, comentando-os ao longo do texto, a fim de evidenciar a importancia de cada contetido. Os devidos créditos autorais as obras escolhidas, estao detalhados nas citages espalhadas pelo texto e em suas respectivas "Referencias", inseridas ao final desta apostila. * Mestre em Administragaio com éntase em Governanga Corporativa pelas Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU), Especialista com a formagao em Gestao de Empresas pelas Faculdades Getilio Vargas (FGV-SP), especialista om Psicodrama © Sociodrama pela Associagaio Brasileira de Psicodrama e Sociodrama (ABPS-SP), pés-graduado em Gestao de Recursos Humanos pela Fundacao Escola de Comercio Alvares Penteado (FECAP) e graduado em Psicologia pelas Faculdades Sao Marcos-SP E expressamente proibida a reprodugao total ou parcial Av. Santa Helena, 7140 - Novo Cruzeito - Ipatinga-MG % (31 3822-2194 - (31) 98908-9153 9 FaSouza 1 consultorafaculdadesouza.com.br , Sem autorizagao. © Fasouza TRANSFORME SEU FUTURO EM SUCESSO Pagina 2 de 44 * Ser capaz de proporcionar um ambiente mais favordvel ao relacionamento interpessoal. A organizacao dos assuntos tera a seguinte sequéncia: 4. INTRODUGAO A CIENCIA PSICOLOGICA 1.1 O objeto de estudo da psicologia 2. HISTORIA DA PSICOLOGIA 2.1 A Psicologia Entre os Gregos 2.2 A psicologia no império romano e na idade média 2.3 A psicologia no renascimento 2.4 A origem da psicologia cientifica 3 BEHAVIORISMO 3.1 A andlise experimental do comportamento 3.2.0 behaviorismo e 0 transito 4 FREUD E A PSICANALISE 4.1 A descoberta do Inconsciente 4.2. A primeira teoria sobre 0 aparelho psiquico 4.3 A descoberta da sexualidade infantil 4.4 A segunda teoria do aparelho psiquico 4.5 Os mecanismos de defesa 5 GESTALT 5.1 Origem da palavra 5.2 A Psicologia da Gestalt 5.3 Um breve panorama histérico da Gestalt Terapia 5.4 As leis da Gestalt 1 INTRODUGAO A CIENCIA PSICOLOGICA Nesta matéria de Psicologia Geral teremos 0 intuito de apresentar as principais. escolas da ciéncia psicolégica. Uma retlexao é importante antes do inicio da reflexao de cada escola cientifica. Responda a uma pergunta como esta: por que o comportamento do trabalhador atualmente 6 to diferente do comportamento do trabalhador hd 30 anos atrés? Caso tenha de fato tentado responder, provavelmente E expressamente proibida a reprodugdo total ou parcial, sem autorizacao. @ Av. Santa Helena, 1140 - Novo Cruzeiro - Ipatinga-MG % (31) 3822-2194 - (31) 98908-9153 9 on = consultor@faculdadesouza.combr FaSouza © Fasouza TRANSFORME SEU FUTURO EM SUCESSO Pagina 3de 44 seria capaz de opinar a respeito do assunto, concordando, discordando ou apenas omitindo algum ponto de vista pessoal. Certamente grande percentual da populacaio humana seré capaz de arriscar uma resposta. ‘Agora tente responder A seguinte pergunta: Por que o sinal da segunda derivada é negativo quando a primeira derivada é igual a zero, se a fungéo for céncava abaixo?” Provavelmente nao tenha conseguido, certo? A nao ser que sua formacao seja relacionada as ciéncias exatas, a probabilidade para responder seja bem baixa. Mas entao coloca-se uma reflexdo: por que nao arriscamos responder uma questao matematica, mas nos arriscamos a responder uma questdo relacionada as ciéncias humanas? Por acaso somos especializados nas ciéncias humanas? Este é um dos problemas das ciéncias humanas: por vezes é discutida em Ambito pessoal, de acordo com os valores pessoais, mas nao deveria, pois também deve seguir os mesmos principios das demais ciéncias. Entao, para seguir os principios das ciéncias, 6 necessario entender a diferenca entre esta e outras formas de conhecimento. Logo a seguir faremos uma comparacao entre os varios tipos de conhecimentos e suas caracteristicas. Antes de mais nada, de onde vem a palavra psicologia? Ela deriva de Psyche, cujo significado 6 alma e Logos, que significa estudo ou discurso. Assim, de maneira simples em sua defini¢ao, a Psicologia € 0 estudo da mente, o estudo da alma. Os primérdios da psicologia estado na filosofia, como muitas outras ciéncias. Uma das maiores dificuldades da psicologia é conseguir chegar a um coneeito aceito por todos. Como fugir do problema do senso comum? Para ser uma ciéncia é necessario construir um conjunto de conhecimentos precisos e metodologicamente ordenados com relagéo a determinado dominio do saber. Assim, para se fazer ciéncia sao necessarios: Método cientifico, que se trata de um conjunto de etapas, ordenadamente dispostas, a serem vencidas na investigagao da verdade ou para aleangar um fim; e E expressamente proibida a reprodugao total ou parcial Av. Santa Helena, 7140 - Novo Cruzeito - Ipatinga-MG % (31) 3822-2194 - (31) 98908-9153 9 F> = consultorataculdadesouza.com br FaSouza , Sem autorizagao. © Fasouza ‘TRANSFORME SEU FUTURO EM SUCESSO Pagina ade aa Capacidade mental do cientista para realizar operagdes mentais de transformacao dos dados coletados. Quando se fala que um determinado conhecimento é cientifico, significa que ele 6 diferenciado de outros conhecimentos, como o conhecimento popular, o conhecimento filos6fico e 0 conhecimento religioso. Todos tém seu valor e especificidade, mas so diferentes do conhecimento cientifico. Lakatos (1989) faz um comparativo entre estes quatro tipos de conhecimentos. © Conhecimento popular apresenta as seguintes caracteristicas: ‘+ Valorativo: 6 baseado em &nimos e emogées individuais. Cada pessoa tem um determinado valor a respeito de cada assunto ou percepeao. ‘+ Reflexivo: depende de cada pessoa, conforme suas visées individuais. Um determinado quadro pode representar para uma pessoa algo positivo, enquanto para outra pode trazer desconforto, conforme sua viséo de mundo. * Assistematico: significa que a compreensao depende de uma organizacéo particular, de acordo com as préprias experiéncias vividas. ‘* Verificavel: embora seja limitado ao ambito da vida didria, as pessoas costumam confirmar e demonstrar aquilo que acreditam ser verdade. Uma mae que pede ao filho para levar a blusa ao sair de casa, pois ele poderia ficar resfriado com a friagem do dia, adora dizer “viu, nao te falei que ia ficar resfriado? Da proxima vez me escuta! Eu sei!” + Falivel e inexato: pois se conforma com o que se ouviu dizer. Aquele resfriado que 0 filho pegou pode ser pela friagem, mas também pode ser por virus circulantes no ar ou por outras razdes, mas no tem como discutir. E melhor nao discutir, néo acha! © Conhecimento filos6fico, por sua vez, apresenta as seguintes caracteristicas: + Valorativo: consiste em hipéteses no submetidas & observagao. As hipsteses filoséficas baseiam-se na experiéncia, portanto, este conhecimento emerge da experiéncia e nao da experimentagao. E expressamente proibida a reprodugao total ou parcial Av. Santa Helena, 7140 - Novo Cruzeito - Ipatinga-MG % (31) 3822-2194 - (31) 98908-9153 9 F> = consultorataculdadesouza.com br FaSouza , Sem autorizagao. © Fasouza TRANSFORME SEU FUTURO EM SUCESSO Pagina Sde 44 « Racional: enunciados logicamente relacionados. Os conceitos sao formados a partir da reflexdo sobre a realidade. * Sistemdtico: visando uma representacéo coerente da realidade estudada, numa tentativa de apreendé-la na sua totalidade. « Nao verificavel: resultados néo comprovados. os enunciados das hipdteses filos6ficas nao podem ser confirmados ou refutados, sendo pelo racionalismo do proprio sistema filos6fico. + _Infalivel e exato: nao podem ser experimentados pela observacao. Ja 0 Conhecimento religioso, embora coincidente em alguns aspectos com 0 popular ou 0 filoséfico, apresenta caracteristicas especificas, como: + Valorativo: apoiado em doutrinas que contém proposigées sagradas ‘+ Inspiracional: revelados de modo sobrenatural * Sistemético: sua viséo tem sequéncia sistematica na viséio de mundo; como a obra da criago divina (tem origem, meio e fim). + Nao verificavel: sem evidéncias. Esté sempre implicita uma atitude de FE perante um conhecimento que é revelado * _Infalivel e exato: nao discutiveis Diferente das principais caracteristicas dos conhecimentos anteriores, 0 conhecimento cientifico tem suas conclusdes nao baseadas em vivéncias ou emogées da vida diaria, ou em carater subjetivo, mas na busca por conhecer o objeto de estudo. Assim, suas caracteristicas sao: * Real: lida com fatos e ocorréncias. * Contingente: experimentavel em suas hipéteses, podendo ser provavel, possivel ou incerto. Se apropria de conhecimentos adquiridos anteriormente e 08 ressignitica. * Sistematico: saber ordenado logicamente, formando um sistema de ideias, desde a forma de adquirir como de validar. Formula teorias. + Verificavel: Suas proposigdes ou hipdteses tém sua veracidade ou falsidade conhecida através de experimentacao e nao apenas pela razao (Filosofia) E expressamente proibida a reprodugao total ou parcial Av. Santa Helena, 7140 - Novo Cruzeito - Ipatinga-MG % (31) 3822-2194 - (31) 98908-9153 9 F> = consultorataculdadesouza.com br FaSouza , Sem autorizagao. © Fasouza TRANSFORME SEU FUTURO EM SUCESSO Pagina 6 de 44 * Falivel e aproximadamente exato: nao ¢ definitivo e pode até ser descomprovado. Novas proposigées e 0 desenvolvimento de novas técnicas podem reformular o acervo da teoria existente. Para Bock, Furtado e Teixeira (2001) 6 comum ouvir o termo psicologia no dia a dia, sendo ele usado para varios sentidos, como exemplo, um vendedor com poder de persuasao e dizemos que ele usa de “psicologia” para vender seu produto; ainda falamos que uma moga usa seu poder de sedugao para atrair um rapaz, referindo que ou quando procuramos um amigo, que est4 ela usa de “psicologia” para convence' sempre disposto a ouvir nossos problemas e dizemos que ele tem “psicologia” para entender as pessoas. Porém nao é esta a psicologia que serd apresentada aqui. Esta “psicologia” usada no cotidiano pelas pessoas em geral tem mais a ver com o conhecimento comum e senso comum, mas nem por isso deixa de ser uma psicologia, embora superficial, resultado do conhecimento acumulado pela vida, permitindo explicar ou compreender seus problemas cotidianos de um ponto de vista mais pessoal que psicolégico em si. E a Psicologia cientifica que sera apresentada a voce. 1.1 0 objeto de estudo da psicologia Como citado anteriormente, para ser ciéncia é necessério que a busca pelo conhecimento tenha um determinado objeto de estudo. Assim, como afirma Bock, Furtado e Teixeira (2001) objeto da Astronomia sao os astros, e 0 objeto da Biologia sao os: seres vivos. Essa classificagdo bem geral demonstra que 6 possivel tratar 0 objeto dessas ciénoias com uma certa distancia, ou seja, é possivel isolar 0 ‘objeto de estudo. No caso da Astronomia, 0 cientista-observador esta, por exemplo, num observatorio, e 0 astro observado, a anos-luz de distancia de ‘seu telescopic. Esse cientista nao corre o minimo risco de confundir-se com ‘© fenémeno que est estudando. O mesmo ndo ocorre com a Psicologia, que, como a Antropologia, a Economia, a Sociologia e todas as ciéncias humanas, estuda o homem. Certamente, esta divisao é ampla demais e apenas coloca ‘Psicologia entre as ciéncias humanas. Qual é, entéo, 0 objeto especifico de estudo da Psicologia? Se dermos a palavra a um psicdlogo comportamentalista, ele diré: “O objeto de estudo da Psicologia ¢ 0 comportamento humano’. Se a palavra for dada a um psicélogo psicanalista, ele dird: “O objeto de estudo da Psicologia é o inconsciente”. Outros diréo que @ a consciéncia humana, e outros, ainda, a personalidade Bock, Furtado e Teixeira (2001 p. 25). E expressamente proibida a reprodugao total ou parcial, sem autorizagao. Av. Santa Helena, 7140 - Novo Cruzeito - Ipatinga-MG % (31 3822-2194 - (31) 98908-9153 9 FaSouza 1 consultorafaculdadesouza.com.br © Fasouza ‘TRANSFORME SEU FUTURO EM SUCESSO Pagina 7 deaa 2 HISTORIA DA PSICOLOGIA O objetivo final deste curso é apresentar as trés mais importantes tendéncias te6ricas da Psicologia que surgiram no século XX, que s4o 0 Behaviorismo, a Gestalt e a Psicandlise. O Behaviorismo surgiu e se desenvolveu fortemente nos Estados Unidos. ‘A Gestalt que teve seu inicio na Europa e surgiu para contrapor os processos humanos fragmentados que a Psicologia cientifica do século XIX apresentou, buscando compreender 0 homem em sua totalidade. Por fim, sem ordem de importancia, a Psicandlise, que foi criada por Freud, na Austria, a partir da sua atividade médica na intervengao de doencas mentais e de comportamento, dando importancia a afetividade e ao inconsciente como objeto de estudo, quebrando a tradigao da Psicologia como ciéncia da consciéncia e da razao (BOCK, FURTADO e TEIXEIRA, 2001). Para os autores, tudo 0 que é percebido e observado hoje tem por tras de si a contribuic&o histérica de muitas pessoas, que, de uma forma direta ou indireta, indagaram, descobriram, inventaram e desenvolveram ideias, ou seja, fizeram hist6ria. A busca pela compreensao de algo hoje passa pela percepcao daquilo que compée seu significado. Isto se faz na pesquisa e compreensdo histérica. “No caso da Psicologia, a histéria tem por volta de dois milénios. Esse tempo refere-se a Psicologia no Ocidente, que comega entre os gregos, no periodo anterior a era crista (BOCK, FURTADO e TEIXEIRA, 2001. P. 31). Cada época da humanidade exigiu a busca por um conhecimento especifico, conforme as caracteristicas e necessidades do momento. Desafios da realidade econémica e social fizeram o homem cada vez mais buscar a prépria compreensaio de si mesmo. 2.1 A Psicologia Entre os Gregos Aproximadamente nos anos 700 a.C., 0 pensamento sobre o humano teve destaque. Denominada era da Antiguidade, o dominio do pensamento grego perdurou até a dominagao romana, as vésperas da era crista. E expressamente proibida a reprodugao total ou parcial Av. Santa Helena, 7140 - Novo Cruzeito - Ipatinga-MG & (1) 3822-2194 - 31) 98908-9153 9 FaSouza 1 consultorafaculdadesouza.com.br , Sem autorizagao. © Fasouza TRANSFORME SEU FUTURO EM SUCESSO Pagina 8 de 44 Com os gregos houve a construco das primeiras cidades-estados (pélis) e sua gestéo e manutengao ansiava por mais riquezas, por isso houve a ampliagao de seu territério por diversas regides bem distantes da propria Grécia, como a regiéo do Mar Mediterraneo, a Asia Menor, e outras, chegando quase até a China. Os povos conquistados e escravizados passaram a gerar tributos e a enriquecer 0 povo dominante, cada vez maior e necessitado de solugdes para a arquitetura, para a agricultura e para a organizagao social. Avangos na Fisica, na Geometria, na teoria politica permitiram também que o cidadao se ocupasse das coisas do espirito, como a Filosofia e a arte. Como afirma Bock, Furtado e Teixeira (2008. P. 31), “alguns homens, como Platdo e Aristételes, dedicaram-se a compreender esse espirito empreendedor do conquistador grego, ou seja, a Filosofia comegou a especular em torno do homem e da sua interioridade”. Assim, podemos atribuir aos filésofos gregos a primeira tentativa de sistematizar uma compreensao da Psicologia. O proprio termo psicologia, como explicado na introdugéo, vem do grego psyché, que significa alma, e de logos, que significa razéo. Como um “estudo da alma” entende-se como a parte imaterial do ser humano, o que envolve o pensamento, os sentimentos, a irracionalidade, o desejo, a sensagao e a percepgao. Antes de Sécrates, os fil6sofos chamados de pré-socréticos procuraram entender a relagéo do homem com o mundo através da percepedo. As discussées permeavam na descoberta da existéncia das coisas, como se o homem vé o mundo porque ele existe ou se o mundo existe por ser visto. Duas correntes opostas eram fonte de inspiracdo nos pensamentos: os idealistas, que defendiam a ideia como fonte para a formagao do que existe e os materialistas que defendiam a existéncia das coisas antes mesmo das ideias, pois as coisas dariam origem as ideias. Porém foi atribuida a Sécrates (469-399 a.C.) a evolucdo para o pensamento na Psicologia, quando definiu a diferenga entre o homem e 0 animal pela existéncia da razao. Assim, a raz&o teria uma posi¢éo superior aos instintos, sendo esses a base da irracionalidade. Est percepcao apresentada por Sécrates ampliou o caminho para a exploracao da Psicologi E expressamente proibida a reprodugao total ou parcial Av. Santa Helena, 7140 - Novo Cruzeito - Ipatinga-MG & (1) 3822-2194 - 31) 98908-9153 9 FaSouza 1 consultorafaculdadesouza.com.br , Sem autorizagao. © Fasouza TRANSFORME SEU FUTURO EM SUCESSO Pagina 9de 44 Apés Sécrates, um de seus discipulos chamado Plato (427-347 a.C.) procurou estabelecer uma localizagao para a razao. Este lugar é a cabega, onde se encontra a alma do homem. Como Plato entendia que a alma era por si separada do corpo, entendeu que a medulaa seria 0 elemento de ligagao entre os dois: alma e corpo. Com a morte, 0 corpo desaparecia, mas a alma, eterna, ficaria livre. Diferente de Platéo, seu discipulo Aristételes (384-322 a.C), contribuiu grandemente para a filosofia e considerava que alma e corpo nao podem ser separados. Para ele, a alma é 0 princfpio ativo da vida, por isso, até mesmo as plantas € 0s animais a possulam. Embora com almas diferentes, pois os vegetais teriam a alma vegetativa, que tem apenas a fungao de alimentacéo e reproducao, jA os animais, além da alma vegetativa, também teriam alma sensitiva, com a fungéo de percep¢ao e movimento. J4 o homem, além das duas almas anteriores, também teria a alma racional, com a fungao do pensar. Aristételes chegou a estudar as diferengas entre a razéio, a percepcao e as sensagées, deixando um registro escrito em seu estudo “Da anima”, considerado por estudiosos o primeiro tratado em Psicologia. Assim, muito antes do surgimento da Psicologia enquanto ciéncia, os gregos ja tinham algumas hipéteses a respeito dela, como a imortalidade da alma, a separacao do corpo e da alma, e, para Aristételes, a mortalidade da alma e a sua relagao de pertencimento ao corpo. 2.2 A psicologia no império romano e na idade média Ao surgir 0 novo império Romano, que dominou a Grécia, parte da Europa e do Oriente Médio, néo € possivel deixar de salientar a maior forca que apareceu concomitantemente: o cristianismo. Por mais que este império tenha se fortalecido ou se disseminado por volta dos anos 400, 0 cristianismo continuou e sobreviveu a todas as outras invasées e influéncia politica ou religiosa. Assim, ao falar de Psicologia 6 necessario relacioné-la ao conhecimento religioso, paralelamente dominante junto com a politica e o poder econémico. Assim, dois grandes filésofos que podem representar esse periodo vieram do cristianismo. Santo Agostinho (354-430), se inspirou em Platao na ideia dualistica entre alma e corpo. Porém ele ampliou a ideia da alma nao somente como a base e moradia da razao, mas sendo ela a prova de uma manifestagao divina no homem. E expressamente proibida a reprodugao total ou parcial Av. Santa Helena, 7140 - Novo Cruzeito - Ipatinga-MG & (1) 3822-2194 - 31) 98908-9153 9 FaSouza 1 consultorafaculdadesouza.com.br , Sem autorizagao. © Fasouza TRANSFORME SEU FUTURO EM SUCESSO Pagina 10 de 44 Para Santo Agostinho a alma era imortal por estar ligada a Deus. Assim, sendo a alma também a sede do pensamento, passou a ser valorizada a sua compreensao pela igreja, aprofundando seus estudos. JA Sao Tomas de Aquino (1225-1274) viveu préximo ao tempo de ruptura da Igreja Catélica e 0 aparecimento do protestantismo, com destaque para o surgimento do capitalismo. Questionada em suas verdades, a igreja precisou encontrar novas justificativas para a relacdo entre Deus e o homem e ‘S40 Tomés de Aquino se baseou na distingao entre esséncia e existéncia, postulada por Aristételes. Em esséncia, acreditava que o homem busca a perteigao através de sua existéncia. Claro que inseriu o ponto de vista religioso neste pensamento, concluindo que a busca de perteigao pelo homem seria a busca de Deus. Sao Tomas de Aquino encontra argumentos racionais para justificar os dogmas da Igreja e continua garantindo para ela 0 monopélio do estudo do psiquismo. 2.3 A psicologia no renascimento Renascimento, mercantilismo, descoberta de novas terras, acimulo de riquezas e 0 surgimento de uma nova organizacéio social e econémica com a necessidade de compreender melhor 0 homem surgem aproximadamente 200 anos aps a morte de S40 Tomas de Aquino. Dé-se inicio a grandes transformacées em diversos setores da produgéo humana. Entre 1300 e 1550 ndo somente a ciéncia avanga, como a literatura e arte tem destaque, como Dante, que escreve A Divina Comédia, Leonardo da Vinci, que pinta o quadro Anunciagao, Boticelli, que pinta o Nascimento de Vénus, Michelangelo, com a e escultura de Davi, e Maquiavel, que escreveu O Principe. Nas ciéncias, os autores destacam Copémico, demonstrando que © planeta terra nao 6 0 centro do universo, Galileu compreende a queda dos corpos e outros avangos iniciam a sistematizagao do conhecimento cientifico com regras definidas. Um dos filésofos que mais contribuiu para 0 avanco da ciéncia, René Descartes (1596-1659), volta a reflexao para a separacao entre mente e corpo, num dualismo platénico, dando inicio a possibilidade de avangos na ciéncia que estuda o corpo, antes proibido pela crenga cristé. O avango da Anatomia e da Fisiologia permitiram e influenciaram progressos na compreenséo do homem e da propria Psicologia (BOCK, FURTADO e TEIXEIRA, 2008). E expressamente proibida a reprodugao total ou parcial Av. Santa Helena, 7140 - Novo Cruzeito - Ipatinga-MG & (1) 3822-2194 - 31) 98908-9153 9 FaSouza 1 consultorafaculdadesouza.com.br , Sem autorizagao. © Fasouza TRANSFORME SEU FUTURO EM SUCESSO Pagina 11 de 44 2.4 A origem da psicologia cientifica Para Bock, Furtado e Teixeira (2008), com o processo de industrializagao no século XIX, a ciéncia passou a ser uma necessidade para obter respostas e solucdes praticas no campo da técnica. O mundo moderno apresentava um modelo diferente nas relacées sociais que do tempo do feudalismo, onde o modo de produgao era a terra como a principal fonte. A relagaio do senhor e do servo era de uma hierarquia rigida e estabelecida, nao havendo mobilidade social. © mundo e a sociedade eram vistos como estaveis, um mundo natural organizado e hierarquico. Cada pessoa tinha seu lugar social definido desde o nascimento. A razo estava submetida a fé e estava relacionada a garantia do poder. O capitalismo exigiu a transformagao na produtividade e pés esse mundo em movimento. Com este movimento, possibilitou o questionamento das imposicdes das hierarquias e pés um fim a nobreza e & direco exclusiva da igreja depois de tantos séculos. Novos conhecimentos surgiram: 0 Sol tornou-se 0 centro do universo, entao, 0 homem deixou de ser o centro do universo passando a ser concebido como um ser livre, capaz de decidir sobre sua vida e construir seu futuro e péde escolhei seu trabalho e seu lugar social. O conhecimento se separou aos conhecimentos da fé os dogmas da Igreja foram questionados. A racionalidade apareceu como uma possibilidade de construgéo do conhecimento. Novas formas de produzir conhecimento eram necessérias para enfrentar o movimento de libertacéo dos dogmas e leis pré-estabelecidas. ‘A ciéncia precisava avancar e surgiram pessoas como Hegel, que demonstrou a importancia da Histéria para a compreensao do homem, e Darwin com sua tese evolucionista. A ciéncia avangou muito a ponto de ser considerada referencial para se tomar decis6es para quaisquer instancias da vida. Assim, s6 era considerado verdade se a ciéncia desse seu aval. Mesmo a Filosofia teve que se adaptar ao tempo das mudangas, quando Augusto Comte postula o Positivismo, afirmando serem necessarios maior rigor cientifico na construgao dos conhecimentos na drea das ciéncias humanas. A psicologia, antes discutida apenas nos estudos filosdficos passa a ser estudada também pelos estudiosos da Fisiologia, seguindo pelo caminho de que as E expressamente proibida a reprodugao total ou parcial Av. Santa Helena, 7140 - Novo Cruzeito - Ipatinga-MG & (1) 3822-2194 - 31) 98908-9153 9 FaSouza 1 consultorafaculdadesouza.com.br , Sem autorizagao. © Fasouza TRANSFORME SEU FUTURO EM SUCESSO Pagina 12 de 44 ciéncias naturais deveriam ser a fonte de inspiragdo para as demais ciéncias. Os avangos da Neurofisiologia buscaram compreender o sistema nervoso central, demonstrando que 0 pensamento, as percepgdes e os sentimentos humanos eram produtos desse sistema. Da mesma forma como uma maquina poderia ser destrinchada e analisada, 0 mesmo aconteceu na compreensao do homem, era necessario conhecer o psiquismo humano e o funcionamento da maquina de pensar do homem — seu cérebro. Neste século houve grande avango na Psicologia quando associada aos caminhos da Fisiologia, Neuroanatomia e Neurofisiologia. Descobertas neste campo foram apresentadas, como a doenga mental sendo fruto da acao direta ou indireta de diversos fatores sobre as células cerebrais. “A Neuroanatomia descobre que a atividade motora nem sempre esta ligada & consciéncia, por nao estar necessariamente na dependéncia dos centros cerebrais superiores” (BOCK, FURTADO e TEIXEIRA, 2008. P. 33). Fenémenos como o reflexo, por exemplo, foram explicados e demonstrados. Alguns estudos dos fisiologistas, quando passavam a se interessar pelo fendmeno psicolégico, foram desenvolvidos. Por exemplo, 0 estudo da percepedo das cores pelos olhos. Para os fisiologistas, as cores eram vistas como fenémeno da Fisica, mas a percepeao das cores, como fenémeno da Psicologia. A Gestalt, uma das principais teorias da psicologia, teve seu inicio no estudo da percepgao das cores. Fenémenos psicolégicos eram vistos como impossiveis de adquirir status cientificos, por sua subjet ea possibilidade de mensuracao de estimulos e a sensa¢ao provocada no organismo. Assim, por ser mensuravel, péde ser considerado cientifico. idade, 0 que passou a ser revisto com os descobrimentos Wilhelm Wundt (1832-1926) cria o primeiro laboratério para realizar experimentos na area de Psicofisiologia, na Alemanha. Muitos 0 consideram o pai da Psicologia moderna por conta de seus experimentos. E no século XIX que a Psicologia atinge o status de ciéncia, separada da Filosofia. Novos estudos e pesquisas buscaram cada vez mais E expressamente proibida a reprodugao total ou parcial Av. Santa Helena, 7140 - Novo Cruzeito - Ipatinga-MG & (1) 3822-2194 - 31) 98908-9153 9 FaSouza 1 consultorafaculdadesouza.com.br , Sem autorizagao. © Fasouza ‘TRANSFORME SEU FUTURO EM SUCESSO Pagina 13 de 44 * definir seu objeto de estudo (0 comportamento, a vida psiquica, a consciéncia); « delimitar seu campo de estudo, diferenciando-o de outras areas de conhecimento, como a Filosofia ¢ a Fisiologia; * formular métodos de estudo desse objet * formular teorias enquanto um corpo consistente de conhecimentos na Area. Assim, esta nova ciéncia deveria seguir os mesmos passos e caracteristicas do conhecimento cientifico, explanado no inicio desta apostila. ‘Assim como Darwin no campo naturalista da evolugdo das espécies, os pioneiros da Psicologia tentaram formular teorias, 0 que no aconteceu tao rapidamente, ficando os estudos muito mais caracterizados pela postura metodolégica que poderia levar & pesquisa e a uma construco teérica futura. Foi nos Estados Unidos que a Psicologia cientifica obteve um rapido crescimento, fruto das grandes capacidades de investimento financeiro que os Estados Unidos estavam. Surgem as primeiras escolas em Psicologia que até hoje so fonte tedrica. Sao elas: o Funcionalismo, de William James (1842-1910), o Estruturalismo, de Edward Titchner (1867-1927) e o Associacionismo, de Edward L. Thorndike (1874-1949). © Funcionalismo procurou respostas pragmaticas sobre “o que fazem os homens" e “por que o fazem’. Para responder a isto, W. James afirma que o funcionamento da consciéncia pode explicar como 0 homem se adapta ao meio. O Estruturalismo também buscou compreender a consciéncia, mas diferente de W. James, Titchner as estudou nos aspectos estruturais, como as estruturas do sistema nervoso central. Para seus estudiosos, os conhecimentos psicolégicos sao eminentemente experimentais, ou seja, produzidos a partir do laboratdrio. principal representante do Associacionismo ¢ Edward L. Thorndike. Ele formulou a primeira teoria de aprendizagem na Psicologia. © nome associacionismo 6 tido pela compreenséo de que a aprendizagem se d4 por um processo de associagao das ideias, da mais simples 4 mais complexa. Thorndike definiu as Leis E expressamente proibida a reprodugao total ou parcial Av. Santa Helena, 7140 - Novo Cruzeito - Ipatinga-MG % (31) 3822-2194 - (31) 98908-9153 9 F> = consultorataculdadesouza.com br FaSouza , Sem autorizagao. © Fasouza TRANSFORME SEU FUTURO EM SUCESSO Pagina 14 de 44 da Aprendizagem, como a Lei do Efeito, totalmente Util para a Psicologia Comportamentalista, ou Behaviorismo. 3 BEHAVIORISMO — B. F. SKINNER (TECNICISMO) Para Bock, Furtado e Teixeira (2008), a primeira vez que o termo Behaviorismo foi usado foi pelo americano John B. Watson, em 1913. O termo inglés behavior traduzido significa “comportamento”; assim, outras formas de conhecer essa teoria é pesquisar por Comportamentalismo, Teoria Comportamental, Andlise Experimental do Comportamento, Andlise do Comportamento, Psicologia do Comportamento ou Psicologia Experimental. Os principais conceitos que sero apresentados na sequéncia deste médulo terdo como objetivo esclarecer e ampliar a percepgao de comportamentos por vezes realizados como que por percep¢ao pessoal e de senso comum, porém analisadas, testadas e comprovadas como fonte cientifica. 3.1 A analise experimental do comportamento: Mais conhecido como Behaviorismo Radical, apresentado por Skinner em 1945, propde estudar o comportamento por meio de andlise experimental. Esta linha de pensamento tem muita penetragdo no mundo e no Brasil. Para os autores, a base do Behaviorismo esta no comportamento Operante, mas 6 interessante compreender 0 comportamento respondente para depois chegar ao outro termo. Antes de apresentar os conceitos, alguns programas televisivos tém por sua base a aplicagaéo dos conceitos do behaviorismo em sua quase totalidade, como os programas Super Nani ou Dr. Pet., cujos desafios sdo transformar comportamentos inadequados das criangas e seus pais em comportamentos de boa convivéncia, ou adestrar ces, gatos ou outros animais de um comportamento aversivo para outro décil e de boa convivéncia. E expressamente proibida a reprodugao total ou parcial Av. Santa Helena, 7140 - Novo Cruzeito - Ipatinga-MG & (1) 3822-2194 - 31) 98908-9153 9 FaSouza 1 consultorafaculdadesouza.com.br , Sem autorizagao. © Fasouza TRANSFORME SEU FUTURO EM SUCESSO Pagina 15 de 44 3.1.1 — O comportamento respondente Para Bock, Furtado e Teixeira (2008), 0 comportamento reflexo ou respondente 6 0 que usualmente chamamos de ‘ndo-voluntdrio” ¢ inclui as respostas que sao eliciadas (“produzidas”) por estimulos antecedentes do ambiente. Como exemplo, podemos citar a contracao das pupilas quando uma luz forte incide sobre os olhos, a salivagao provocada por uma gota de limao colocada na ponta da lingua, 0 arrepio da pele quando um ar frio nos atinge, as famosas “lagrimas de cebola” etc. Esses comportamentos reflexos ou respondentes so interagdes estimulo- resposta (ambiente-sujeito) incondicionadas, nas quais certos eventos ambientais confiavelmente eliciam certas respostas do organismo que independem de “aprendizagem”. Mas interagdes desse tipo também podem ser provocadas por estimulos que, originalmente, no eliciavam respostas em determinado organismo. Quando tais estimulos sao temporalmente pareados com estimulos eliciadores podem, em certas condigées, eliciar respostas semelhantes as destes. A essas novas interagdes chamamos também de reflexos, que agora sao condicionados devido a uma historia de pareamento, o qual levou o organismo a responder a estimulos que antes nao respondia. Para deixar isso mais claro, vamos a um exemplo: suponha que, numa sala aquecida, sua mao direita seja mergulhada numa vasilha de agua gelada. A temperatura da mao caira rapidamente devido ao encolhimento ou constrigéo dos vasos sanguineos, caracterizando 0 comportamento como respondente. Esse comportamento sera acompanhado de uma modificagéo semelhante, e mais facilmente mensurdvel, na mao esquerda, onde a constrigéio vascular também sera induzida. Suponha, agora, que a sua mao direita seja mergulhada na dgua gelada um certo numero de vezes, em intervalos de trés ou quatro minutos, e que vocé ouga uma campainha pouco antes de cada imerso. La pelo vigésimo pareamento do som da campainha com a agua fria, a mudanga de temperatura nas maos poderd ser eliciada apenas pelo som, isto 6, sem necessidade de imergir uma das maos. Neste exemplo de condicionamento respondente, a queda da temperatura da mo, eliciada pela agua fria, 6 uma resposta incondicionada, enquanto a queda da temperatura, eliciada pelo som, é uma resposta condicionada (aprendida): a agua é um estimulo incondicionado, e o som, um estimulo condicionado. E expressamente proibida a reprodugao total ou parcial Av. Santa Helena, 7140 - Novo Cruzeito - Ipatinga-MG & (1) 3822-2194 - 31) 98908-9153 9 FaSouza 1 consultorafaculdadesouza.com.br , Sem autorizagao. © FaSouza ‘TRANSFORME SEU FUTURO EM SUCESSO Pagina 16 de 44 3.1.2 - 0 comportamento Operante O comportamento operante € aquele que opera sobre 0 mundo, sobre as coisas. Balbuciar de um bebé, a leitura desta apostila, tocar um instrumento ou outra atividade “de fazer algo”. Animais como ratos, pombos e macacos foram bastante utilizados nos experimentos dos laboratérios de comportamento e se tronaram base para avaliagao do ambiente e suas respostas, culminando em teorias do comportamento. Historicamente um dos experimentos mais conhecidos é o dos ratinhos com sede, que, conforme estimulos e respostas, um novo aprendizado comportamental era apresentado. Figura 23: Caixa de Skinner amet Fonte: www.murillopsi.blogspot.com Para os autores, o que proporciona o aprendizado de um novo comportamento ..€ a ago do organismo sobre 0 meio e 0 efeito deta resultante — a satistacao de alguma necessidade, ou seja, a aprendizagem esta na relagao entre uma acao e seu efeito. Este comportamento operante pode ser representado da seguinte maneira: R —> S, em que R é a resposta (pressionar a barra) e S (do inglés stimuli) 0 estimulo reforgador (a Agua). que tanto interessa ao organismo; a flecha significa “levar a’ Esse estimulo reforgador ¢ chamado de reforgo. © termo “estimulo” foi mantido da relagéio R-S do comportamento respondente para designar-ine a responsabilidade pela acdo, apesar de ela ocorrer apés a manifestagao do comportamento. O comportamento operante refere-se a interagao sujeito- ambiente, Nessa interagao, chama-se de relagao fundamental a relacao entre E expressamente proibida a reprodugao total ou parcial, sem autorizagao. Av. Santa Helena, 7140 - Novo Cruzeito - Ipatinga-MG %& (31) 3822-2194 - (31) 98908-9153 a 1 coneuor@teccidadesoura combr @ Fasouza (© FaSouza ‘TRANSFORME SEU FUTURO EM SUCESSO Pagina 17 de 44 a agao do individuo (a emissao da resposta) e as consequéncias. E considerada fundamental porque o organismo se comporta (emitindo esta ou [pg. 49] aquela resposta), sua ago produz uma alteragao ambiental (uma probabilidade futura de ocorréncia. Assim, agimos ou operamos sobre o mundo em fungéo das consequéncias criadas pela nossa acdo. As consequéncias da resposta sao as varidveis de controle mais relevantes. Pense no aprendizado de um instrumento: nés 0 tocamos para ouvir seu ‘som harmonioso. Hé outros exemplos: podemos dangar para estar proximo do corpo do outro, mexer com uma garota para receber seu olhar, abrir uma janela para entrar a luz etc. (BOCK, FURTADO e TEIXEIRA, 2008 p. 63). 3.1.3 - Termos e conceitos do behaviorismo Reforcamento, segundo os autores: Chamamos de reforgo a toda consequéncia que, seguindo uma resposta, altera a probabilidade futura de ocorréncia dessa resposta. 0 reforgo pode ser positive ou negativo. O reforgo positivo 6 todo evento que aumenta a probabilidade futura da resposta que 0 produz. O reforgo negativo todo evento que aumenta a probabilidade futura da resposta que o remove ou atenua. Assim, poderiamos voltar a nossa “caixa de Skinner que, no ‘experimento anterior, oferecia uma gota de agua ao ratinho sempre que encostasse na barra. Agora, ao ser colocado na caixa, ele recebe choques do assoalho. Apés varias tentativas de evitar os choques, 0 ratinho chega a barra e, ao pressioné-la acidentalmente, os choques cessam. Com isso, as respostas de pressao a barra tenderdo a aumentar de frequéncia. Chama-se de reforcamento negativo ao processo de fortalecimento dessa classe de respostas (pressdo @ barra), isto é, a remogao de um estimulo aversivo controla a emisséo da resposta. E condicionamento por se tratar de aprendizagem, e reforcamento, porque um comportamento é apresentado & aumentado em sua frequéncia ao alcangar 0 efeito desejado. O reforgamento positive oferece alguma coisa ao organismo (gotas de ‘agua com a pressao da barra, por exemplo); 0 negativo permite a relirada de algo indesejavel (os choques do iiltimo exemplo). Nao se pode, a priori, definir um evento como reforgador. A funcao reforgadora de um evento ambiental qualquer s6 ¢ definida por sua fungao sobre 0 comportamento do individuo. Entretanto, alguns eventos tendem a ser reforgadores para toda uma espécie, como, por exemplo, agua, alimento @ afeto. Esses sao denominados reforcos primarios. Os reforcos secundarios, a0 _contrério, so aqueles que adquiriram a fungao quando pareados temporaimente com os primarios. Alguns destes reforgadores secundérios, quando emparelhados com muitos outros, tornam-se reforgadores generalizados, como 0 dinheiro e a aprovagao social. No reforcamento negativo, dois processos importantes merecem destaque: a esquiva e a fuga. E expressamente proibida a reprodugao total ou parcial, sem autorizagao. Av. Santa Helena, 7140 - Novo Cruzeito - Ipatinga-MG % (31 3822-2194 - (31) 98908-9153 9 FaSouza 1 consultorafaculdadesouza.com.br © Fasouza Extingao ‘TRANSFORME SEU FUTURO EM SUCESSO A esquiva é um processo no qual os estimulos aversivos condicionados @ incondicionados estéo separados por um intervalo de tempo apreciavel,, permitindo que 0 individuo execute um comportamento que previna a ‘ocorréncia ou reduza a magnitude do segundo estimulo. Vocé, com certeza, sabe que 0 raio (primeiro estimulo) precede a trovoada (segundo estimulo). ‘que 0 chiado precede ao estouro dos rojées, que o som do “motorzinho’ usado pelo dentista precede a dor no dente. Estes estimulos sao aversivos, mas 08 primeiros nos possibilitam evitar ou reduzir a magnitude dos seguintes, ou seja, tapamos os ouvidos para evitar 0 estouro dos trovoes ou. desviamos 0 rosto da broca usada pelo dentista. Por que isso acontece? Quando os estimulos ocorrem nessa ordem, o primeiro toma-se um reforgador negativo condicionado (aprendido) e a agdo que o reduz é reforgada pelo condicionamento operante. As ocorréncias passadas de reforgadores negativos condicionados séo responsaveis pela probabilidade da resposta de esquiva. No processo de esquiva, apés 0 estimulo condicionado, 0 individuo apresenta um comportamento que é reforcado pela necessidade de reduzir 0U evitar 0 segundo estimulo, que também 6 aversivo, ou seja, apos a visio do raio, 0 individuo manifesta um comportamento (tapar os ouvidos), que & reforcado pela necessidade de reduzir 0 segundo estimulo (0 barulho do trovéo) — igualmente aversivo. Outro processo semelhante é 0 de fuga. Neste caso, o comportamento reforgado é aquele que termina com um estimulo aversivo jé em andamento. A diferenga é sutil. Se posso colocar as maos nos ouvidos para nao escutar 0 estrondo do rojo, este comportamento é de esquiva, pois evitando 0 segundo estimulo antes que ele aconteca. Mas, se os 1 ‘comegam a pipocar e s6 depois apresento um comportamento para evitar 0 barulho que incomoda, seja fechando a porta, seja indo embora ou mesmo tapando os ouvidos, pode-se falar em fuga. Ambos reduzem ou evitam os estimulos aversivos, mas em processos diferentes. No caso da esquiva, ha um estimulo condicionado que antecede o estimulo incondicionado e me possibilita a emisséo do comportamento de esquiva. Uma esquiva bem- sucedida impede a ocorréncia do estimulo inoondicionado. No caso da fuga, '86 hd um estimulo aversivo incondicionado que, quando apresentado, serd evitado pelo comportamento de fuga. Neste segundo caso, néo se evita 0 estimulo aversivo, mas se foge dele depois de iniciado (BOCK, FURTADO e TEIXEIRA, 2008 p. 63-66). E 0 que acontece quando uma resposta deixa de ser emitida, seja abruptamente ou paulatinamente. Isso pode acontecer quando um professor ao entrar na sala e dar um bom dia caloroso, se a resposta dos alunos for ignorar a saudacao, com o tempo ele deixa de dar o bom dia, entra e inicia a sua aula sem saudacdo nenhuma. Punigéio E expressamente proibida a reprodugao total ou parcial, sem autorizagao. Av. Santa Helena, 7140 - Novo Cruzeito - Ipatinga-MG % (30 3622-2194 - (31) 98908-9153 = consultorafaculdadesouza.com. @ Fasouza br © Fasouza ‘TRANSFORME SEU FUTURO EM SUCESSO Pagina 19 de 44 A punigéo pode ser compreendida como a apresentago de um estimulo negativo ou a retirada de um estimulo positive. Pesquisas demonstram que normalmente a puni¢ao leva a um comportamento temporario, mas que logo pode voltar a ocorrer. Atitudes como ajoelhar no milho, copiar palavras repetidamente no quadro, reguadas, o cantinho do castigo etc., so acdes questionadas pelos behavioristas em sua efetividade. Ha quem defenda que uma punigo forte, como uma multa de transito, vai mudar 0 comportamento do motorista. Nao é o que as estatisticas demonstram. Para 0 Behaviorismo, 0 que muda um comportamento € 0 reforgo de comportamentos desejéveis. Controle de estimulos Existem discussdes sobre 0 quanto o ambiente controla 0 comportamento humano, mas é indiscutivel que ha alguma interferéncia de fato. Em um cruzamento com seméforo, 0 comportamento dos motoristas é controlado pelos estimulos das luzes verde, amarela e vermelha. No controle de estimulos ha 0 conceito de discriminacao. A discriminagao acontece quando frente a estimulos semelhantes, os comportamentos podem ser diferentes, por exemplo, hé regras gerais ao se sentar na mesa para comer, como conversar em tom baixo, gesticular com asseio pessoal, porém como ha diferentes ambientes em restaurantes, por vezes 0 comportamento se torna diferente de acordo com a necessidade de adaptaco (um restaurante 4 /a carte famoso comparado a um rodizio de carnes ou fast food). Da mesma forma, alguns comportamentos se tornam generalizados, quando aprendizados em um determinado espago é ampliado para outros. Uma crianga que aprende a respeitar 0 espaco do colega e a nao mexer no que é dele, pode ir para a praia e respeitar os objetos encontrados naquele ambiente, pois nao é dele também. Quantas vezes vooé jé usou de estimulos para obter respostas nas suas relagées interpessoais? Da para citar exemplos com namorados, filhos, pais, amigos, colegas de trabalho, subordinados, Iideres etc. Ameagas que punem e mudam comportamentos so usuais, mas, por que sera que passado um tempo o E expressamente proibida a reprodugao total ou parcial Av. Santa Helena, 7140 - Novo Cruzeito - Ipatinga-MG & (1) 3822-2194 - 31) 98908-9153 9 FaSouza 1 consultorafaculdadesouza.com.br , Sem autorizagao. © Fasouza ‘TRANSFORME SEU FUTURO EM SUCESSO comportamento indesejado retorna? A resposta seria: porque faltou o reforgo positivo para 0 novo comportamento, até que ele se tornasse um comportamento operante. 3.1.3.1 - Filosofia da ciéncia Em relagdo a filosofia da ciéncia, 6 importante inoluir temas como: 0 modelo de determinagao ou de causalidade do behaviorismo radical (trés historias e niveis de selegao do comportamento), @ 0 papel dos fatores inatos. E bastante comum ouvirmos dizer que 0 behaviorismo despreza ‘completamente qualquer tipo de fator inato na explicagao do comportamento, ‘© que nao pode ser considerado verdadeiro, uma vez que a filogénese é um dos elementos considerados por Skinner como parte do modelo de determinagao de comportamento. Outros aspectos importantes sobre a filosofia da ciéncia: conhecer sobre ‘a concepeao da abordagem em relacao a eventos privados, ou seja, como a abordagem trata fenémenos como a subjetividade. Além disso, é também importante incluir contetido sobre como a abordagem entende a singularidade humana, a indicacéo de diferengas em repertérios individuais, e a maneira como a abordagem entende a questao da liberdade e dignidade humanas. Este iiltimo aspecto remete ao esclarecimento do que a abordagem entende or controle. A palavra ‘controle’ é utilizada na abordagem como a descrigao de contingéncias responsaveis pela ocorréncia do comportamento, com. sentido de explicacao do comportamento. Explicar 0 comportamento equivale a ter conhecimento de quais sao as varidveis responsdveis pela produgao, desse comportamento e, por conseguinte, ter conhecimento sobre 0 que controla esse comportamento. Por que é importante saber sobre 0 controle do comportamento? Porque é 0 que possibilta tanto 0 autocontrole, como 0 contra controle, 0 planejamento da cultura e qualquer outro tipo de intervencdo, entre as quais a intervencao educativa (RODRIGUES, 2012 p. 45-46). 3.1. 3.2 - Conceitos basicos de analise do comportamento Em relagao aos conceitos basicos de analise do comportamento, iremos apenas cité-los, porque bons manuais jé existentes em profuséo podem esclarecé-los com bastante propriedade. Os conceitos basicos de analise do ‘comportamento dizem respeito @ descricao de principios embasados apoiados em dados, bem como aos enunciados que descrevem relagdes demonstradas entre _varidveis, exaustivamente _demonstradas em. experimentos. Quais sejam: Conceitos de comportamento operante, objeto de estudo e de pesquisa da andlise do comportamento como relagdo homem- ambiente, em que o primeiro atua sobre 0 mundo e é modificado pelas ‘consequéncias de sua aco e condicionamento operante; conceitos de contingéncias de reforcamento, ou de relagdes entre a ocasiéo em que 0 ‘comportamento ocorre, 0 proprio comportamento e as consequéncias por ele produzidas; fatores contextuais como saciagao e privacao de estimulos reforcadores (operagdes estabelecedoras).. Também so conceitos basicos na abordagem o reforgo positive € o negativo, sejam primério, secundario ou generalizado. A naturalidade e a artificialidade do reforco, os esquemas de reforcamento, a punicao, a extingao as implicagdes do uso generalizado do controle aversivo também sao de conhecimento obrigatério, assim como os procedimentos de instalacao diferenciagao da resposta e todos os seus componentes, que atuem sob E expressamente proibida a reprodugao total ou parcial, sem autorizagao. Av. Santa Helena, 7140 - Novo Cruzeito - Ipatinga-MG % (30 3622-2194 - (31) 98908-9153 1 consultorafaculdadesouza.com.br @ Fasouza © Fasouza ‘TRANSFORME SEU FUTURO EM SUCESSO condigdes antecedentes e/ou consequentes a0_comportamento, como: modelagem, modelacdo, instrugo, entre outros. Outros conceitos basicos para a abordagem seriam 0 controle de estimulos do comportamento operante, como a discriminagao, a generalizagao, a equivaléncia de estimulos, a discriminagao condicional etc. Além disso, temas como motivacao e comportamento verbal. aberto ou encoberto, do tipo tato, textual, ecoico, intraverbal, e contingéncias envolvidas em sua_aquisi manutengao também devem ser conhecidos (RODRIGUES, 2012 p.47). 3.1.3.3 - Métodos de pesquisa na Andlise do Comportamento Um terceiro componente importante da formagao de professores nessa abordagem 6 0 conhecimento sobre os métodos de pesquisa da andlise de ‘comportamento. Diz respeito a conhecer como é que se faz demonstracao de relagdes funcionais ou avaliagéo da aplicacao pratica das intervengdes analitico comportamentais. Diz respeito também aos procedimentos de investigagao experimental que se caracterizam por privilegiarem sujelto Unico e linha de base multipla, Ao contrario do que algumas pessoas possam supor, ‘a pesquisa behaviorista nao é feita prioritariamente com andlise estatistica ‘grupal (grupo experimental e grupo controle), apesar de ser um tipo de pesquisa bastante valorizada na psicologia e outros campos de estudo. A analise do comportamento utiliza 0 proprio sujeito como parametro endo ‘grupos. Outros elementos a serem inseridos na formagaio em pesquisa seriam aspectos da pesquisa basica e aplicada (RODRIGUES, 2012 p.47).. 3.2 O behaviorismo e o transito A propria definigéo de Psicologia do Transito considera 0 comportamento humano no transito, assim como os fatores e processos internos e externos como campo de sua investigagao e atuagdo. Quando se trata do estudo dos comportamentos, como aqui se trata do comportamento de deslocamentos, o Behaviorismo é fundamental para tornar os resultados passiveis de comprovacao e fonte de informagées para a tomada de providéncias que visem a sua melhora. Quais as causas dos acidentes? O que motiva o aumento ou reducao de determinados comportamentos dos motoristas e pedestres? Quais os estimulos podem contribuir para a mudanga de comportamentos inadequados no transito? Estas perguntas podem ser respondidas a base do Behaviorismo. Muitas pessoas entendem que a Psicologia do Transito se limita & realizacao de exame psicotécnico e ou testes psicométricos e exames psicolégicos do motorista, mas estas sao apenas uma parte de todo o campo de estudo, pois pode abranger 0 estudo cientifico do comportamento dos usuarios, dos construtores, dos fiscais, dos E expressamente proibida a reprodugao total ou parcial, sem autorizagao. Av. Santa Helena, 7140 - Novo Cruzeito - Ipatinga-MG © (21 3622-2194--3n 98908-9153 @ Fasouza 1 consultorafaculdadesouza.com.br © Fasouza TRANSFORME SEU FUTURO EM SUCESSO Pagina 22 de 44 mantenedores das vias pUblicas e de todos os comportamentos relacionados com 0 transito. 4 FREUD E A PSICANALISE Para Bock, Furtado e Teixeira (2008) apresentam em seu livro Psicologias um breve apanhado a respeito da profisso do psicdlogo, das principais contribuices tedricas desta ciéncia e discute um breve historico da psicologia e a sua fundamentacéo como ciéncia. Em sua abordagem a respeito da psicanalise, seu fundador, Sigmund Freud (1856-1939) foi um médico com profundos estudos na compreensao da mente que alterou, radicalmente, o modo de pensar a vida psfquica. A contribuigao de Freud, chamado de “o pai da psicologia” 6 comparavel a de Karl Marx com relac&o aos processos hist6ricos e sociais ou a Darwin com relacao a teoria da evolucdo biolégica por selegdo natural. O préprio Freud, com dificuldades em comprovar suas teorias para o ambiente cientifico, desenvolveu a ideia de trés humilhacdes sofridas pela humanidade: Primeiro que Copérnico descobriu que a Terra gira em torno do Sol, privando a humanidade de achar que vivia no centro do universo. Depois Darwin que demonstrou termos emergido de uma evolucao cega, tirando o lugar de honra humano entre os seres vivos. Por fim, com a descoberta do inconsciente nos processos psiquicos, mostrou que o homem nao manda nem em si mesmo, na sua prépria casa. (ZIZEK, 2017) Freud tratou como problemas cientiticos 0 que era considerado fantasia, sonho, os préprios e a interioridade do homem como problemas cientificos. Por vezes ele os denominou como “processos misteriosos” do psiquismo ou “regides obscuras” da mente. Como ele estudou e investigou estes aspectos de forma sistematica, foi possivel criar a ciéncia da Psicandlise. Uma das caracteristicas da ciéncia ¢ a sistematizagdo. Se ndo houver ordem e um sistema determinado passa a ser visto. como um conhecimento popular ou conhecimento comum. Figura 20: Sigmund Freud E expressamente proibida a reprodugao total ou parcial Av. Santa Helena, 7140 - Novo Cruzeito - Ipatinga-MG & (1) 3822-2194 - 31) 98908-9153 9 FaSouza 1 consultorafaculdadesouza.com.br , Sem autorizagao. Faculdade FaSouza TRANSFORME SEU FUTURO EM SUCESSO Pagina 23 de 44 Fonte: capa do livro Dicionario comentado de Freud, De acordo com os autores, em 1881 Freud se formou em Medicina na Universidade de Viena, mesmo local de sua especializacao em Psiquiatria. Antes de atuar com intensidade na sua investigagao, trabalhou em um laboratério de Fisiologia e deu aulas de Neuropatologia. Freud sempre foi avido por ganhar dinheiro rapidamente, pois sua familia era de origem pobre, além de terem depositado toda a expectativa nele, filho mais velho de uma familia numerosa. Com dificuldades financeiras, acabou postergando sua vontade e projeto de dedicagao integral & vida académica e a pesquisa. Por isso, mesmo em meio a intimeras dificuldades, abriu sua clinica para atendimento de pessoas acometidas de “problemas nervosos”. No final da residéncia médica recebeu uma bolsa de estudo para trabalhar com Jean Charcot, um psiquiatra francés que estudava a histerias e sua principal técnica era a com hipnose. Ao retornar para Viena, em sua clinica, sua principal técnica de trabalho para eliminar sintomas de distirbios nervosos passou a ser a sugestao hipnética Outro cientista e médico importante e influenciador das pesquisas de Freud foi Josef Breuer. Um caso famoso para compreender as origens dos estudos da psicandlise 6 chamado de Ana O., nome atribufdo a uma paciente do Dr. Breuer. Ela apresentava sintomas como: paralisia muscular, inibigdes e dificuldades de pensamento, causados na sua relagao paterna. Em seus relatos, Ana O. demonstrava um desejo de morte do seu pai, ideias que foram suprimidas e substituidas pelos sintomas. Este caso foi fundamental para as futuras investigacdes de Freud. E expressamente proibida a reprodugao total ou parcial Av. Santa Helena, 7140 - Novo Cruzeito - Ipatinga-MG & (1) 3822-2194 - 31) 98908-9153 9 FaSouza 1 consultorafaculdadesouza.com.br , Sem autorizagao. © Fasouza ‘TRANSFORME SEU FUTURO EM SUCESSO O método descoberto por Breuer foi chamado de método catartico, que é “o tratamento que possibilta a liberacdo de afetos e emogées ligadas a acontecimentos traumaticos que nao puderam ser expressos na ocasiao da vivéncia desagradével ou dolorosa. Esta liberagdo de afetos leva a eliminagao dos sintomas” (BOCK, FURTADO: E TEIXEIRA, 2008). Freud foi abandonando aos poucos a técnica da hipnose, pois nem todos os pacientes a autorizavam. Assim, passou a conhecer o inconsciente através de “falas. desordenadas” dos pacientes. Figura 21: Histeria em Freud ‘As Fentdetioae Aventuras do Filho do uid poe Pacha Usbono Fonte: www.primaletra.blogspot.com/2013-11-psicanalise-e-humor_1Shtml 4.1 A descoberta do Inconsciente Os autores comecam a reflexdo com uma pergunta constante na investigagao de Freud: “Qual poderia ser a causa de os pacientes esquecerem tantos fatos de sua vida interior e exterior...?” Bock, Furtado e Teixeira (2008) refletem sobre o inconsciente da seguinte forma: Oesquecido era sempre algo penoso para 0 individuo, e era exatamente por isso que havia sido esquecido e 0 penoso nao significava, necessariamente, sempre algo ruim, mas podia se referir a algo bom que se perdera ou que fora intensamente desejado. Quando Freud abandonou as perguntas no trabalho terapéutico com os pacientes e os deixou dar livre curso as suas ideias, observou que, muitas vezes, eles ficavam embaragados, ‘envergonhados com algumas ideias ou imagens que Ihes ocorriam. A esta forca psiquica que se opunha a tornar consciente, a revelar um pensamento, Freud denominou resisténcia. E chamou de represso o proceso psiquico que visa encobrir, fazer desaparecer da consciéncia, uma ideia ou representacdo insuportavel e dolorosa que est na origem do sintoma. Estes E expressamente proibida a reprodugao total ou parcial, sem autorizagao. Av. Santa Helena, 7140 - Novo Cruzeito - Ipatinga-MG % (31 3822-2194 - (31) 98908-9153 9 FaSouza 1 consultorafaculdadesouza.com.br © Fasouza ‘TRANSFORME SEU FUTURO EM SUCESSO contetidos psiquicos “localizam-se” no inconsciente (BOCK, FURTADO E TEIXEIRA, 2008 p. 94-95). 4.2. A primeira teoria sobre o aparelho psiquico Para Freud, 0 aparelho psiquico pode ser representado por trés sistemas: 0 inconsciente, o pré-consciente e o consciente. Nas explicagdes dos autores, © inconsciente exprime 0 “conjunto dos contetidos nao presentes no ‘campo atual da consciéncia”. £ constituido por contetidos reprimidos, que do tém acesso aos sistemas pré-consciente/consciente, pela acdo de censuras internas. Estes contetidos podem ter sido conscientes, em algum momento, e ter sido reprimidos, isto é, “foram” para o inconsciente, ou podem ser genuinamente inconscientes. O inconsciente é um sistema do aparelho psiquico regido por leis préprias de funcionamento. Por exemplo, € temporal, nao existem as nogdes de passado e presente (BOCK, FURTADO E TEIXEIRA, 2008), © pré-consciente refere-se ao sistema onde permanecem aqueles contetidos acessiveis 4 consciéncia. E aquilo que nao esté na consciéncia, neste momento, e no momento seguinte pode estar. © consciente ¢ o sistema do aparelho psiquico que recebe a0 mesmo tempo as informacdes do mundo exterior e as do mundo interior. Na consciéncia, destaca-se 0 fendmeno da percepcio, principalmente a percepciio do mundo exterior, a atenco, o raciocinio (BOCK, FURTADO E TEIXEIRA, 2008 p.95-96). 4.3 A descoberta da sexualidade infantil Uma das conclusdes que Freud apresentou sobre a formaeao da personalidade humana foi altamente criticada pela sociedade cientifica ou nado de sua época. Ha relatos de repudia, vaia e exclusdo em suas apresentagdes ao corpo cientifico. Isto se deu principalmente pelas caracteristicas de uma sociedade puritana na época. Ele descobriu na sua pratica clinica que as causas e o funcionamento das neuroses, em sua maioria, vém de pensamentos e desejos reprimidos de ordem sexual. Tais conflitos aconteciam nos primeiros anos de vida das pessoas, ou seja, as ncias traumaticas e reprimidas se davam na infancia, por isso “as ocorréncias E expressamente proibida a reprodugao total ou parcial, sem autorizagao. Av. Santa Helena, 7140 - Novo Cruzeito - Ipatinga-MG % (30 3622-2194 - (31) 98908-9153 1 consultorafaculdadesouza.com.br @ Fasouza © Fasouza ‘TRANSFORME SEU FUTURO EM SUCESSO deste periodo da vida deixam marcas profundas na estruturacéo da pessoa” (BOCK, FURTADO E TEIXEIRA, 2008. p. 96). Imaginem as repercussées das afirmagées que colocavam a sexualidade no centro da vida psiquica, afirmando a existéncia da sexualidade infantil na época de sua apresentagao? A sociedade tinha a ideia vigente de uma infancia “inocente” e pura. Assim, os autores apresentam algumas conclusdes a respeito da sexualidade humana em Freud: A funcéo sexual existe desde o principio da vida, logo apés o nascimento, e nao s6 a partir da puberdade como afirmavam as ideias dominantes. O perfodo de desenvolvimento da sexualidade é longo e complexo até chegar & sexualidade adulta, onde as funcdes de reproducao e de obtengao do prazer podem estar associadas, tanto no homem como na mulher. Esta afirmagao contrariava as ideias predominantes de que 0 sexo estava associado, exclusivamente, a reprodugao. A libido, nas palavras de Freud, é ‘a energia dos instintos sexuais € 86 deles’. No processo de desenvolvimento psicossexual, 0 individuo, nos primeiros tempos de vida, tem a funcdo sexual ligada sobrevivéncia, e, Portanto, o prazer é encontrado no préprio corpo. O corpo € erotizado, isto é, ‘as excitagdes sexuais estao localizadas em partes do corpo, e ha um desenvolvimento progressivo que levou Freud a postular as fases do desenvolvimento sexual em: fase oral (a zona de erotizagao 6 a boca), fase anal (a zona de erotizacao é 0 anus), fase félica (a zona de erotizacao 6 0 6rg0 sexual); em seguida vem um periodo de laténcia, que se prolonga até ‘a puberdade e se caracteriza por uma diminuicao das atividades sexuais, isto 6, hd um'“intervalo" na evolugao da sexualidade. E, finalmente, na puberdade € atingida a tiltima fase, isto é, a fase genital, quando 0 objeto de erotizagao ‘ou de desejo ndo esté mais no préprio corpo, mas era um objeto externo ao individuo — 0 outro. Alguns autores denominam este periodo exclusivamente ‘como genital, incluindo 0 periodo falico nas organizagdes pré-genitais, ‘enquanto outros autores denominam 0 periodo falico de organizacao genital infantil No decorrer dessas fases, varios processos e ocorréncias sucedem-se. Desses eventos, destaca-se 0 complexo de Edipo, pois ¢ em torno dele que ‘ocorre a estruturacao da personalidade do individuo. Acontece entre 3 e 5 anos, durante a fase falica. No complexo de Edipo, a mde é 0 objeto de desejo do menino, @ 0 pai é 0 rival que impede seu acesso ao objeto desejado. Ele procura entio ser o pai para “ter” a mie, escolhendo-o como modelo de ‘comportamento, passando a intemalizar as regras e as normas sociais, representadas e impostas pela autoridade paterna. Posteriormente, por medo da perda do amor do pai, ‘desiste" da mae, isto é, a mae é ‘trocada’ pela riqueza do mundo social e cultural, e 0 garoto pode, entao, participar do mundo social, pois tem suas regras basicas internalizadas através da identificaco com 0 pai. Este proceso também ocorre cora as meninas, E expressamente proibida a reprodugao total ou parcial, sem autorizagao. Av. Santa Helena, 7140 - Novo Cruzeito - Ipatinga-MG % (30 3622-2194 - (31) 98908-9153 1 consultorafaculdadesouza.com.br @ Fasouza © Fasouza Figura 22: Complexo Pai, hoje tive aula de sexologial ‘TRANSFORME SEU FUTURO EM SUCESSO sendo invertidas as figuras de desejo e de identificacao. Freud fala em Edipo feminino (BOCK, FURTADO E TEIXEIRA, 2008 p. 96-97). de édipo Veed comeu minha mae E ocorreu T Problema? RNa ‘www.DrPepper. Fonte: https://mepoupa.blogspot.com/201 1/07/complexo-de-edipo. htm Alguns outros conceitos foram sendo construidos e formulados por Freud em sua investigacao. Entre eles, os autores destacam: No processo terapéutico e de postulagao tedrica, Freud, inicialmente, entendia que todas as cenas relatadas pelos pacientes tinham de fato ocorrido. Posteriormente, descobriu que poderiam ter sido imaginadas, mas ‘com a mesma forca e consequéncias de uma situagao real. Aquilo que, para 0 individuo, assume valor de realidade ¢ a realidade psiquica. E 6 isso o que importa, mesmo que nao corresponda a realidade objetiva. ( funcionamento psiquico é concebido a partir de trés pontos de vista: 0 econémico (existe uma quantidade de energia que ‘alimenta’ os processos Psiquicos), © tépico (0 aparelho psiquico é constituido de um ntimero de sistemas que sao diferenciados quanto a sua natureza e modo de funcionamento, 0 que permite considera-lo como ‘lugar’ psiquico) e 0 dinamico (no interior do psiquismo existem forgas que entram em contlto & estdo, permanentemente, ativas. A origem dessas forgas € a pulsao). ‘Compreender os processos e fendmenos psiquicos 6 considerar os trés pontos de vista simultaneamente. A pulséo refere-se a um estado de tensao que busca, através de um objeto, a supressdo deste estado. Eros é a pulsdo de vida e abrange as pulsdes sexuais e as de autoconservacao. Tanatos é a pulsao de morte, pode ser autodestrutiva ou estar dirigida para fora e se manifestar como pulséo agressiva ou destrutiva. Sintoma, na teoria psicanalitica, € uma producéo — quer seja um comportamento, quer seja um pensamento — resultante de um contlto psiquico entre 0 desejo e os mecanismos de defesa. O sintoma, ao mesmo tempo que sinaliza, busca encobrir um confito, substituir a satistacao do desejo. Ele 6 ou pode ser 0 ponto de partida da investigagao psicanalitica na tentativa de descobrir os processos psiquicos encobertos que determinam sua formacao. Os sintomas de Ana O. eram a paralisia e os distirbios do pensamento; hoje, 0 sintoma da colega da sala de aula ¢ recusar-se a comer (BOCK, FURTADO E TEIXEIRA, 2008 p. 98-99). E expressamente proibida a reprodugao total ou parcial, sem autorizagao. Av. Santa Helena, 7140 - Novo Cruzeito - Ipatinga-MG % (30 3622-2194 - (31) 98908-9153 1 consultorafaculdadesouza.com.br @ Fasouza © Fasouza TRANSFORME SEU FUTURO EM SUCESSO Pagina 28 de 44 4.4 A segunda teoria do aparelho psiquico J& em sua maturidade tedrica, Freud redefine a teoria do aparelho psfquico e apresenta as trés instncias da personalidade com os nomes de id, ego e superego. O id 6 0 reservatério da energia psiquica. Nele encontram-se as pulsdes de vida e de morte. Ele tem por semelhanga as caracteristicas dadas ao inconsciente em sua primeira teoria do aparelho psiquico. O que o id busca é a satisfaco, 0 prazer. JA 0 ego € tem como fungao estabelecer 0 equilibrio entre os desejos e exigéncias do id, as necessidades da realidade e o “comando” e as “ordens” do superego. Enquanto o principio do id 6 a busca do prazer, 0 ego é regido pelo principio da realidade. Para Bock, Furtado e Teixeira (2008), “é um regulador, na medida em que altera o princfpio do prazer para buscar a satisfagao considerando as condicbes objetivas da realidade”. Tem como fun¢ées basicas: percep¢ao, meméria, sentimentos. e pensamento. Por fim, 0 superego surge a partir do complexo de Edipo, da percepgao das proibigdes do meio ambiente, dos limites impostos e da autoridade percebida. A principal fungéio do superego 6 a moral e os ideais. A origem do superego esta associada com a ideia do sentimento de culpa. Para Bock, Furtado e Teixeira (2008) “o individuo sente-se culpado por alguma coisa errada que fez — 0 que parece obvio — ou que no fez e desejou ter feito, alguma coisa considerada ma pelo ego, mas No, necessariamente, perigosa ou prejudicial; pode, pelo contrario, ter sido muito desejada”. A percepgdo do bem ou mal esta associada 4 percepgao do outro, de alguém importante para a pessoa, como 0 pai, por exemplo. Por receio de “perder o amor" das pessoas significativas, evita-se “fazer 0 mal", embora o desejo continue, por isso surge a culpa. Os autores ampliam a compreensao destas subdivis6es ao colocar que Uma mudanga importante acontece quando esta autoridade externa & internalizada pelo individuo. Ninguém mais precisa Ihe dizer "nao". & como se ele “ouvisse" esta proibigao dentro de si, Agora, nao importa mais a ag80 para sentir-se culpado: 0 pensamento, o desejo de fazer algo mau se ‘encarregam disso. E nao ha como esconder de si mesmo esse desejo pelo proibido. Com isso, 0 mal-estar instala-se definitivamente no interior do individuo. E expressamente proibida a reprodugao total ou parcial Av. Santa Helena, 7140 - Novo Cruzeito - Ipatinga-MG & (1) 3822-2194 - 31) 98908-9153 9 FaSouza 1 consultorafaculdadesouza.com.br , Sem autorizagao. © Fasouza 4.5 Os mecanismos ‘TRANSFORME SEU FUTURO EM SUCESSO A fungéo de autoridade sobre 0 individuo sera realizada permanentemente pelo superego. E importante lembrar aqui que, para a Psigandlise, 0 sentimento de culpa origina-se na passagem pelo Complexo de Edipo. O ego e, posteriormente, 0 superego sao diferenciacdes do id, 0 que demonstra uma interdependéncia entre esses trés sistemas, retirando a ideia de sistemas separados. O id refere-se ao inconsciente, mas 0 ego € 0 ‘superego tém, também, aspectos ou ‘partes" inconscientes. E importante considerar que estes sistemas nao existem enquanto uma estrutura vazia, mas séio sempre habitados pelo conjunto de experiéncias pessoais e particulares de cada um, que se constitui como sujeito em sua relacao com o outro e em determinadas circunstancias sociais. Isto significa ‘que, para compreender alguém, 6 necessério resgatar sua histéria pessoal, que esta ligada a historia de seus grupos e da sociedade em que vive (BOCK, FURTADO E TEIXEIRA, 2008 p.101).. de defesa Apartir da concepco de que traumas sao formados durante a vivéncia de cada pessoa, 0 id, que é atemporal, busca por principio o prazer, por isso, vai evitar a todo custo passar por situagdes e emogdes provenientes de tais traumas. Assim, para evitar este possivel “desprazer’, a pessoa modifica a realidade externa e afasta suas intervengdes na percepeao pessoal. Denominados como mecanismos de defesa, estes processos ocorrem sem a consciéncia da pessoa. Se ha uma percepgao de perigo (aquilo que vai trazer desprazer), 0 Ego mobiliza estes mecanismos para evitar os perigos reals ou imaginarios do mundo exterior. De acordo com Bock, Furtado e Teixeira (2008), os mecanismos sao: Recalque’ 0 individuo “nao vé", "nao ouve’ o que ocorre. Existe a supressdo de uma parte da realidade. Este aspecto que nao ¢ percebido pelo individuo faz parte de um todo e, ao ficar invisivel, altera, deforma o sentido do todo. E como se, a0 ler esta pagina, uma palavra ou uma das linhas nao estivesse impressa, e isto impedisse a compreensao da frase ou desse outro sentido ao que estd escrito. Um exemplo ¢ quando entendemos uma proibigéo como permissdo porque nao “ouvimos’ o “nao”. O recalque, a0 suprimir a percepeao do que esté acontecendo, 6 0 mais radical dos mecanismos de defesa. Os demais referem-se a deformacoes da realidade. Formagao reativa: 0 ego procura afastar o desejo que vai em determinada diregao, e, para isto, 0 individuo adota uma attitude oposta a este desejo. Um bom exemplo sao as atitudes exageradas — temura excessiva, ‘superprotecéio — que escondem o seu oposto, no caso, um desejo agressivo intenso. Aquilo que aparece (a atitude) visa esconder do proprio individuo suas verdadeiras motivagoes (0 desejo), para preserva-lo de uma descoberta ‘acerca de si mesmo que poderia ser bastante dolorosa. E 0 caso da mae que E expressamente proibida a reprodugao total ou parcial, sem autorizagao. Av. Santa Helena, 7140 - Novo Cruzeito - Ipatinga-MG % (30 3622-2194 - (31) 98908-9153 = consultorafaculdadesouza.com. @ Fasouza br © Fasouza A percepeao di ‘TRANSFORME SEU FUTURO EM SUCESSO superprotege 0 filho, do qual tem muita raiva porque atribui a ele muitas de suas dificuldades pessoais. Para muitas destas maes, pode ser aterrador ‘admitir essa agressividade em relagao ao filho. Regresso: 0 individuo retora a tapas anteriores de seu een @ uma passagem para modos de expressao mais vos. Um exemplo é o da pessoa que enfrenta situacdes dificeis com bastante ponderagao e, 2o ver uma barala, sobe na mesa, aos betros, Com certeza, nao s6 a barata que ela vé na barata. Projecdo: 6 uma confluéncia de distorcées do mundo externo e interno. individuo localiza (projeta) algo de si no mundo externo e no percebe aquilo que foi projetado como algo seu que considera indesejavel. E um mecanismo de uso frequente e observavel na vida cotidiana. Um exemplo © jovem que critica 0s colegas por serem extremamente competitivos @ ndo se da conta de que também 0 6, as vezes até mais que os colegas. Racionalizagao: 0 _individuo _constréi_ uma __argumentago intelectualmente convincente e aceitével, que justifica os estados ‘deformados’ da consciéncia. Isto 6, uma defesa que justifica as outras. Portanto, na racionalizagao, 0 ego coloca a razéo a servigo do irracional ¢ utiliza para isto 0 material fornecido pela cultura, ou mesmo pelo saber cientifico. Dois exemplos: 0 pudor excessivo (formacao reativa), justificado ‘com argumentos morais; e as justificativas ideolégicas para os impulsos destrutivos que eclodem na guerra, no preconceito e na defesa da pena de morte. ‘Além destes mecanismos de defesa do ego, existem outros: denegagao, identificagdo, isolamento, anulagao retroativa, inversao e retorno sobre si mesmo. Todos nés os utilizamos em nossa vida cotidiana, isto 6, deformamos a realidade para nos defender de perigos internos ou externos, reais ou imaginérios. O uso destes mecanismos nao é, em si, patolégico, contudo, distorce a realidade, e s6 0 seu desvendamento pode nos fazer superar essa falsa con: ou melhor, ver a realidade como ela é (BOCK, FURTADO E TEIXEIRA, 2008 p.102-103). fa psicanalise muitas vezes apresenta uma imagem de um diva e apenas uma pessoa falando. Mas sao inimeras as aplicagdes que a psicandlise proporciona em diversas areas do conhecimento. Como exemplo, destaco alguns dos conceitos e a sua aplicacao real e pratica, observada no atendimento clinico onde atuamos. A) Caso Mecanis mo de Defesa — Reagao Aversiva. Apresento inicialmente um caso real e resultante da percepcéo de mundo traumatizante homem, com autoestima el sob 0 ponto de vista de uma pessoa. No atendimento de um mais de 50 anos de idade, tinhamos um claro o sintoma de levada e necessidade de poder. Ja com alguns meses no processo terapéutico, finalmente comegou a explorar sua percepgao de mundo E expressamente proibida a reprodugao total ou parcial, sem autorizagao. Av. Santa Helena, 7140 - Novo Cruzeito - Ipatinga-MG % (30 3622-2194 - (31) 98908-9153 = consultorafaculdadesouza.com. @ Fasouza br © Fasouza TRANSFORME SEU FUTURO EM SUCESSO Pagina 31 de 44 com relagao a sua relacéo com o irmao mais velho. Relatou que seu irmao, cinco anos mais velho que ele, sempre o vencia em tudo o que se propunham a fazer. O que nos parece obvio, pois uma crianga com sete anos vai superar fisicamente em todas as atividades a de dois anos, assim como quando comegaram a praticar jogos em video game, seu irmao, com dez anos era muito mais habil estrategicamente que ele, com cinco anos. Naturalmente surgiu uma inveja para com 0 irmao e a necessidade de supera-lo em toda e qualquer oportunidade. Sentir-se subestimado o fez buscar posigdes empresariais de lideranga, assim como a busca por objetos que representassem poder, como é © caso dos automdveis e motocicletas com poténcia elevada. No trabalho, a necessidade de impor-se sobre os funcionarios, no transito, a necessidade de sentir-se mais veloz e competitivo que os outros. ‘Ap6s perceber esta relacéio, comecou a retomada para escolhas de vida por outras necessidades que nao a de demonstrar-se mais e melhor que os outros. B) Caso Impulsos de Sobrevivencia Estava no atendimento de um jovem com dificuldades de relacionamento, pois sua impulsividade e agressividade estavam exageradas e causando rompimentos nos relacionamentos. As piores situagdes estavam na agressividade demonstrada no transito também, quando percebia toda e qualquer situagéo diferente das suas expectativas como uma forma de perseguigdo e agressividade pessoal. Uma buzinada a distancia ele ja pensava que era para si; uma freada stbita a sua frente ele considerava uma agressao direta, quando podia ser para evitar outros acidentes. Enquanto nado conseguiu separar a sua viséo egocéntrica e narcisista dos acontecimentos externos, continuava um perigo para o transito, pois a qualquer momento seus impulsos agressivos ficavam ressaltados. Assim, poderiamos relatar intmeras situagées traumaticas, cuja cura se deu a partir do conhecimento do fato negativo causador. Ter a liberacéo para ser um condutor automotivo nao garante que a pessoa estard apta permanentemente para transitar saudavelmente entre os demais. A psicandlise, com seus conceitos e tratamento, podera auxiliar pessoas para um maior dominio de seus impulsos. E expressamente proibida a reprodugao total ou parcial Av. Santa Helena, 7140 - Novo Cruzeito - Ipatinga-MG & (1) 3822-2194 - 31) 98908-9153 9 FaSouza 1 consultorafaculdadesouza.com.br , Sem autorizagao. © Fasouza TRANSFORME SEU FUTURO EM SUCESSO Pagina 32 de 44 5 GESTALT 5.1 Origem da palavra A palavra Gestalt (plural Gestalten) & um termo intraduzivel do idioma alemao para o portugués. O Dicionario Eletrénico Michaelis apresenta como possibilidades as palavras: figura, forma, fei¢&o, aparéncia, porte; estatura, conformacao; vulto, as quais ainda se pode acrescentar estrutura e configuracao. 5.2 A Psicologia da Gestalt Aproximadamente a partir de 1870 alguns pesquisadores alemaes comegaram a estudar os fendmenos perceptuais humanos, especialmente a visdo. Seus estudos procuravam entender como se davam os fenémenos perceptuais, tendo se utilizado em grande parte deles, de obras de arte. Queriam entender 0 que ocorria para que determinado recurso pictérico resultasse em tal e tal efeito. A estes estudos convencionou-se denominar de Psicologia da Gestalt ou Psicologia da Boa Forma. Seus expoentes mais conhecidos foram Kurt Koffka, Wolfgang Kohler e Max Werteimer. Criaram as Leis da Gestalt relativas a percepgao humana, que até hoje se mantém validas. Fritz Perls (1893-1970), considerado o pai da Gestalt Terapia, foi um médico alemao interessado em principio em neurologia e depois em psiquiatria. Por conta disto se aproximou da Psicanélise, tendo se tornado psicanalista. Antes de se decidir pela medicina, havia considerado a possibilidade de se tornar ator. De temperamento itrequieto, intempestivo e muito criativo, foi desenvolvendo a sua visdo de psicandlise, tendo em curto espaco de tempo conseguido muitas inimizades e, por fim, sua expulsdo da Sociedade de Psicandlise. Nesta época foi analisando de Wilhelm Reich. Chegou a ter um encontro com Freud, a partir do qual rompeu definitivamente com a Psicandlise. Por ser judeu, imigrou em 1936 para a Johanesburgo na Africa do Sul com sua esposa Lore, onde fundou um Instituto de Psicanalise. Em 1946 imigrou para os Estados Unidos, tendo se fixado em New York. Nesta época encontrou seu grande parceiro, Paul Goodman, com quem em 1951 publicou em coautoria com Ralph Hefferline o livro “Gestalt Therapy - Excitement and Growth in Human Personality", a primeira aparigao publica do termo Gestalt E expressamente proibida a reprodugao total ou parcial Av. Santa Helena, 7140 - Novo Cruzeito - Ipatinga-MG & (1) 3822-2194 - 31) 98908-9153 9 FaSouza 1 consultorafaculdadesouza.com.br , Sem autorizagao. © Fasouza TRANSFORME SEU FUTURO EM SUCESSO Pagina 33 de 44 Terapia. Por esta época até a sua morte em 1970, Fritz Perls, sua esposa Lore e Paul Goodman, além de outros autores que paulatinamente foram se juntando a eles, constituiram a Gestalt Terapia a partir de fontes como a Psicologia da Gestalt, Fenomenologia, Existencialismo, Teoria Organismica de Goldstein, Teoria de Campo de Lewin, Holismo de Smuts, Psicodrama de Moreno, Reich, Buber @, por fim, a filosofia oriental. 5.3 Um breve panorama historico da Gestalt Terapia A Gestalt-terapia 6 uma teoria de personalidade e uma teoria de psicoterapia que vem sendo continuamente desenvolvida por autores contemporaneos. Faz parte da chamada terceira forga em Psicologia, ou corrente humanista, que emergiu como reagao as visées psicanalitica e comportamentalista do ser humano. ‘So alguns conceitos basicos da Gestalt-terapia: * O ser humano é um ser de relago: relaco consigo mesmo, com o mundo, com os outros; + Totalidade e integracdo: a pessoa como uma unidade psique-corpo-espirito * © ser humano como unidade individuo-meio: 0 ser humano est constantemente interagindo com limites sociais e ambientais * Unidade de tempo: 0 aqui-e-agora 6 0 tempo e o lugar onde as modificacdes podem ocorrer. Nao se importa com o passado ou as possibilidades futuras. * Autorregulagao: 0 ser humano 6 um todo unificado que se autorregula. Consegue entrar em equilibrio independentemente as circunstancias. Em suma, a teoria da Gestalt-terapia ¢ uma teoria de processos, ou seja: 0 que importa é 0 relacionamento entre eventos. A visdo do gestalt-terapeuta é uma viséo voltada para a dindmica que acontece em determinado momento da vida de uma pessoa. Assim, entendem-se as estruturas da personalidade como funcées ou conjuntos de fungdes, no como entidades. S40 mais importantes 0 ‘como’ e 0 ‘para que’ do que o ‘o que’ ou o ‘porqui Apremissa da Gestalt parte de que toda abordagem em psicologia apresenta, ainda que apenas implicitamente, uma teoria do ser humano. A Gestalt-terapia E expressamente proibida a reprodugao total ou parcial Av. Santa Helena, 7140 - Novo Cruzeito - Ipatinga-MG % (31) 3822-2194 - (31) 98908-9153 9 F> = consultorataculdadesouza.com br FaSouza , Sem autorizagao. Faculdade FaSouza TRANSFORME SEU FUTURO EM SUCESSO Pagina 34 de 44 pretende ser uma sintese criativa e coerente, em constante transformacao, de algumas correntes filosdficas ou psicoterapicas, entre elas: 0 humanismo, o existencialismo, a psicologia fenomenolégica, a psicandlise freudiana, os trabalhos de Reich, a psicologia da Gestalt, a teoria organismica de Goldstein, a teoria de Lewin, alguns aspectos do taoismo e do budismo. & desta base de influéncias que se pode depreender a visdo de ser humano da abordagem gestéitica. O principal criador da Gestalt-terapia foi Frederick Salomon Perls, o Fritz Perls, como ficou conhecido. Fritz nasceu em Berlim, em 1893, filho de pais judeus. Em 1920, aos 27 anos, graduou-se em Medicina, passando a trabalhar como neuropsiquiatra. Em 1926, em Frankfurt, trabalhou com o neuropsiquiatra Kurt Goldstein e com sua assistente, Laura Posner, mais tarde cofundadora da Gestalt-terapia, assim como Paul Goodman e Ralph Hefferline. Perls e Laura casaram-se algum tempo depois de seu trabalho com Goldstein. Goldstein 6 um dos expoentes da teoria organismica, uma das principais influéncia exercidas sobre Perls e, por extensdo, sobre a Gestalt-terapia. Vem dai a ideia central na Gestalt-terapia de se considerar 0 individuo como um todo, uma entidade bio-psico-socio-espiritual. Do trabalho de Goldstein, imensamente importante para a Gestalt-terapia, pode-se deduzir que “o ser humano é regulado e tende ao equilibrio. Realiza-se intensamente atendendo as suas necessidades. Para tanto, compée-se com o ambiente e/ou redistribui intensamente sua energia pelo organismo. E este o homem uno e integrado.” (Martins, 1995, p. 57) Para Ribeiro (1999, p. 118 e ss), os processos basicos, em termos de dindmica especifica de comportamento, segundo Goldstein, ‘so 3: Processo de equalizagao ou centragem do organismo; Autorrealizagao; Pér-se em acordo com o meio ambiente. E expressamente proibida a reprodugao total ou parcial Av. Santa Helena, 7140 - Novo Cruzeito - Ipatinga-MG % (31 3822-2194 - (31) 98908-9153 9 FaSouza 1 consultorafaculdadesouza.com.br , Sem autorizagao. © Fasouza TRANSFORME SEU FUTURO EM SUCESSO Pagina 35 de 44 Fritz Perls e sua mulher, Laura, eram psicanalistas quando langaram as bases da Gestalt-terapia. Durante este tempo de trabalho, fizeram um trajeto desde a Alemanha (de onde fugiram do terror nazista) até os EUA, onde finalmente se radicaram, passando pela Holanda e pela Africa do Sul, onde residiram e trabalharam por alguns anos, até fugirem do fascismo representado pelo “apartheid”, chegando finalmente aos EUA. As influéncias da Psicandlise sobre a Gestalt-terapia sao um dos pontos mais debatidos no interior da abordagem gestaltica, havendo mesmo teéricos. que dizem que ela se d4 muito mais pelo que nao fazer que pelo que fazer em um trabalho psicoterapéutico. De Friedlander, Perls aproveita 0 conceito de indiferenga criativa e a maneira de ver as polaridades, ou seja, 0 aspecto da qualidade polar da vida humana: a polaridade da personalidade ¢ um dos pilares da Gestalt-terapia. De Jan Smuts, Fritz traz importantes reflexées sobre o holismo. Com relagao ao trabalho com os sonhos, ha influéncia de Jung, que via os sonhos mais como expressées pessoais criativas do que como disfarces inconscientes de oxperiéncias problematicas ou apenas motivados por realizagdes de desejos. Em Gestalt-terapia, os sonhos so entendidos também em termos de situades inacabadas que clamam por satisfagao e finalizacao. Este conceito (situagao inacabada) nos leva a outra influéncia recebida pela Gestalt- terapia: a teoria da aprendizagem da Gestalt, desenvolvida por Wertheimer, Kéhler e Koffka, na Alemanha dos anos vinte. Influéncia tao marcante que acabou por determinar 0 nome da teoria que Perls criaria. A fundamentagao basica da Psicologia da Gestalt 6 a de que a percepeao depende da totalidade das condigées estimulantes, ou seja, depende do campo total (individuo-meio), quer dizer, depende de caracteristicas do estimulo e da organizagao neurol6gica e perceptiva da pessoa. O conceito da Psicologia da Gestalt de figura e fundo é basico para a Gestalt- terapia. Tal conceito permite ao ser percipiente organizar suas percepgdes numa unidade dinamica a mais vigorosa possivel. Os conceitos, oriundos da Psicologia da Gestalt, principalmente o que se refere a figura e fundo, sao importante base para as. nogdes de satide e de doenga da Gestalt-terapia. Além disso, ha que se dar atengao auma série de principios que regem a percepcao, segundo os tedricos da Psicologia E expressamente proibida a reprodugao total ou parcial Av. Santa Helena, 7140 - Novo Cruzeito - Ipatinga-MG & (1) 3822-2194 - 31) 98908-9153 9 FaSouza 1 consultorafaculdadesouza.com.br , Sem autorizagao. © Fasouza ‘TRANSFORME SEU FUTURO EM SUCESSO Pagina 36 de 44 da Gestalt: proximidade, similaridade, diregao, disposi¢&o objetiva, destino comum e pregnancia. Também como conceito basico importante é 0 que trata do aqui e agora em termos de percepgao: a experiéncia da percepoao aqui e agora tem mais influéncia na percepcao de um objeto ou de uma forma que a experiéncia passada com essa mesma figura. Além disso, Subjacente a estes e a outros conceitos oriundos da Psicologia da Gestalt esta a diferenga entre a realidade psiquica (0 que eu percebo) e a realidade objetiva (0 mundo das coisas) e a impossibilidade de compreender o homem sem uma visdo holistica dele, que agrupe numa Gestalt (numa configurago) as partes deste homem bem como sua relaco com os outros homens e com a natureza. (Martins, 1995, p. 55) Outra influéncia colhida pelo casal Perls veio de Adler, cujas concepgées “do estilo de vida e do eu criador apoiaram a participagdo Unica e ativa de cada individuo que - no curso de sua evolugao pessoal - entalha a sua natureza especitica. (...) Adler relembrou aos psicoterapeutas a importancia da superficie da existéncia. Para a Gestalt-terapia, a superficie da existéncia 6 0 plano do foco preordenado, a propria esséncia do homem psicolégico. E nesta superficie que existe a consciéncia, dando & vida sua orientagao e significado. Vem de Adler a influéncia para que, em Gestalt- terapia, acreditemos “que o homem ctia a si mesmo”. A maior energia para a realizagao deste esforgo prometeico provém de sua consciéncia e da aceitagao de si mesmo tal qual 6.” (Ribeiro, 1985, p. 21) A orientacéo humanista da Gestalt-terapia se deve a algumas influéncias sofridas pelo casal Perls, notadamente de Otto Rank, que acreditava que a primeira luta humana aquela pela individuagao pessoal, o que se tornou também uma das preocupacées centrais da Gestalt-terapia. Esta luta se da através dos esforcos que a pessoa faz para integrar seus medos polares de separacdo e de unido, ou seja, a eterna luta humana entre autonomia e heteronomia. Se nos separamos demais, corremos 0 risco da perda da relacéo com 0 outro; se nos unimos demais, 0 risco é 0 da perda da individuacao. A ideia da resisténcia vista como criativa e como facilitadora de uma nova organizagao pessoal também advém de Rank e é capital na Gestalt-terapia. A E expressamente proibida a reprodugao total ou parcial Av. Santa Helena, 7140 - Novo Cruzeito - Ipatinga-MG & (1) 3822-2194 - 31) 98908-9153 9 FaSouza 1 consultorafaculdadesouza.com.br , Sem autorizagao. © Fasouza TRANSFORME SEU FUTURO EM SUCESSO Pagina 37 de 44 resisténcia ndo deve ser combatida, mas sim deve ser trazida A consciéncia do cliente € respeitada como um limite do seu agora. Outra base importante para a Gestalt-terapia 6 a filosofia existencial, principalmente através de Heidegger, Martin Buber, Binswanger, Rollo May e Merleau- Ponty. © ser humano como um ser em relagéo 6 uma das contribuigdes que o movimento existencialista do pés-guerra trouxe A Gestalt-terapia. Além desta, podemos listar outras contribuigdes dos existencialistas: experiéncia; autenticidade; confrontagao; ago viva e presente. Para a Gestalt-terapia, isto implicou na énfase na “singularidade, particularidade, e concretude do homem diante de suas relagées e de sua responsabilidade frente a seus projetos ¢ as suas escolhas.” (Barbalho, 1995, p. 2) Metodologicamente, a implicagéo diz respeito a fundamentagao da terapia no relacionamento dialégico e na fenomenologia. Tratando da influéncia de Buber no trabalho gestaltico, Cardella (2002, p. 36 e ss) argumenta que Buber acredita que a civilizagéo moderna, ao nao valorizar os aspectos relacionais da vida, ampliou o espaco para o natcisismo e para 0 isolamento do ser humano. Esta relago, 0 inter-humano, est presente no e dando sentido ao didlogo, entendendo aqui dialogo ndo somente no que se refere ao discurso, mas ao fundamento relacional da existéncia humana. Este dialogo acontece “na esfera do ‘entre’, mediante a vivéncia de duas polaridades, EU-TU e EU-ISSO, as duas atitudes fundamentals do ser humano para relacionar-se com os outros e com o mundo.” (Cardella, 2002, p. 37) Para Buber (1979, passim), o ser humano nao pode viver sem relagdes EU-ISSO, mas nao 6 humano aquele que s6 vive relagées EU-ISSO. Diz o fildsofo que a realizagao do EU se dé na relagao com o TU, uma relacao de seres em sua totalidade. Assim, a relacdo EU-TU valoriza 0 outro na sua alteridade, de modo que a outra pessoa é um fim em si mesma. Na relacéo EU-ISSO, a outra pessoa é considerada um objeto a partir do qual se atinge um fim. © encontro EU-TU nao pode ser forcado, de maneira que s6 podemos nos colocar disponiveis para ele; este encontro € algo que acontece, é quase que uma E expressamente proibida a reprodugao total ou parcial Av. Santa Helena, 7140 - Novo Cruzeito - Ipatinga-MG & (1) 3822-2194 - 31) 98908-9153 9 FaSouza 1 consultorafaculdadesouza.com.br , Sem autorizagao.

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