Carregai o peso uns dos outros e assim cumprireis a Lei de Cristo.
- No homem que voltava do campo Jesus vê a desconhecida face da
solidariedade. Uma face que nem sempre é fácil de se reconhecer e que muitas vezes é negada a nós e por nós. Mas naquele dia a face da solidariedade ganhou feições robustas de um camponês, tinha a tez rubra do trabalho sob o sol, expressava linhas de cansaço, desenhadas pelo suor e pelo calor. Na face de Simão de Cirene Jesus, o condenado, vê que tem alguém por si naquela ladeira do Gólgota. Nesse terceiro fitar de faces Jesus vê a humanidade em suas combinações: não era um rosto covarde como o de Pilatos, nem tampouco um rosto doce e amável como o de sua Mãe. Era simplesmente o rosto de Simão, um trabalhador cansado que foi obrigado a ajudar um condenado.
- Assim é o rosto da solidariedade. Por vezes é desajeitado e sem fino
acabamento, mas não é covarde e nem omisso. A solidariedade se mostra em faces diversas, queimadas de sol, repletas do pó da vida e extenuadas pelas lutas cotidianas. Faces desconhecidas que ajudam outras faces desconhecidas. São homens e mulheres que comprometem a uma ajuda imediata e desinteressada. É a caridade que não se pode adiar. Uma sopa na noite fria, um curativo no ébrio desenganado na rua, uma noite de cuidados para com um idoso. Ajudas simples? Cuidados paliativos? Sim. Mas indispensáveis para a continuidade do duro caminho da vida...
- Senhor Jesus, que aceitastes a ajuda indispensável do Cirineu, dai-nos a
graça de ajudar e aceitar ajudas. Dai-nos expediente de carregar os pesos uns dos outros. Encorajai também àqueles que ajudam indistintamente: que eles sejam inúmeros reflexos de sua sagrada face no mundo.