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Caso Prático:

a)
Nos termos do artigo 1º, nº2, CSC, são sociedades comerciais aquelas que tenham
por objeto a prática de atos de comércio e adotem o tipo de sociedade em nome
coletivo, de sociedade por quotas, de sociedade anónima, em comandita simples
ou por ações. As sociedades gozam de personalidade jurídica e existem a partir
da data do registo definitivo (Artigo 5º, CSC).
Nos termos do contrato de qualquer sociedade e segundo o artigo 9º, nº1, CSC,
devem constar: os nomes ou firmas de todos os sócios; o tipo de sociedade; a
firma, que no presente caso será Araújo e Machado, LDA; o objeto da sociedade
previsto no artigo 11º, CSC e que se refere às atividades realizadas pela
sociedade, e que no presente caso é o exercício da indústria, comércio,
importação e exportação de mobiliário de escritório; o capital social que
corresponde a vinte mil euros.
Segundo o artigo 199º, CSC o contrato deve ainda mencionar o valor de cada
quota e o seu titular, bem como o montante das entradas realizadas por cada
sócio aquando do ato constitutivo.
Relativo ao capital social, é relevante referir que o seu montante pode ser
livremente fixado no contrato de sociedade e corresponde à soma das quotas
subscritas pelos sócios. Ou seja, o capital de 20.000 € é aferido através da soma
da quota de António, Bina e Carla, cada uma no valor de 5.000€ e ainda das
quotas de Daniel e Eva no valor de 2.500€ cada (Artigo 201º, CSC).
Assim, na constituição da sociedade a cada sócio fica apenas a pertencer uma
quota que corresponde à sua entrada (artigo 219º, nº1, CSC), ou seja, a António,
Bina e Carla pertence a cada um apenas a quota de 5.000€, e a Daniel e Eva
corresponde somente a quota de 2.500€. Ainda de referir que os valores da quota
podem ser diversos mas nunca podem ser inferiores a 1€ (Artigo 219º, nº3).

b)
Na sociedade por quotas, segundo o artigo 197º, nº1, CSC, o capital está dividido
por quotas, sendo que, os sócios são solidariamente responsáveis por todas as
entradas convencionadas no contrato social. Assim sendo, é lícito estipular no
contrato que um ou mais sócios, no caso, Carla, além de responderem para com
a sociedade no que já referido anteriormente, respondem também perante os
credores sociais até determinado montante, no caso, até 10.000€ (Artigo 198º,
nº1). Esta responsabilidade pode ser solidária com a sociedade como subsidiária
em relação a esta.

c)
O contrato de sociedades deve ser reduzido a escrito (Artigo 7º, nº1 e Artigo 4ºA)
e as assinaturas dos subscritores devem ser reconhecidas presencialmente, salvo
se forma mais solene for exigida para a transmissão dos bens com que os sócios
entram para a sociedade, devendo nesse caso, o contrato revestir essa forma.
Assim, do contrato devem constar os elementos previstos pelo artigo 9º, CSC,
sendo eles: os nomes ou firmas de todos os sócios fundadores e outros dados de
identificação, o tipo de sociedade, a firma (Araújo e Machado, LDA), o objeto da
sociedade referido na cláusula 1 e 2; a sede da sociedade; o capital social e a
quota de capital e a natureza da entrada de cada sócio bem como os pagamentos
efetuados por conta de cada um, previsto na cláusula 3; quando a entrada for
bem diferente de dinheiro tem de estar especificado o respetivo valor.
Visto que estamos perante uma sociedade por quotas, devemos ainda incluir, nos
termos do artigo 199º, CSC, o montante de quota de capital e a identificação do
respetivo titular e o montante das entradas realizadas por cada sócio aquando do
ato constitutivo.

d)
i.
Uma quota só pode ser dividida mediante amortização parcial, transmissão
parcelada ou parcial, partilha ou divisão entre contitulares, devendo cada uma
das quotas resultantes da divisão ter um valor nominal de harmonia com o
disposto no artigo 219º, nº3, ou seja, com valor não inferior a 1€ (Artigo 231º,
CSC). Assim sendo, estaríamos perante uma transmissão entre vivos que deve ser
reduzida a escrito (Artigo 228º, nº1). No entanto, devido ao estipulado no
contrato, António terá de dar direito de preferência à sociedade em primeiro
lugar e depois aos sócios não cedentes, pois caso estes estejam interessados,
ficarão com a quota. Se não quiserem, então o negócio jurídico que António visa
celebrar terá de ser aceitei por todos (Artigo 229º, nº3, CSC).
ii.
No caso de Daniel e Eva estamos perante uma transmissão entre vivos (Artigo
228º, CSC), esta deve ser reduzida a escrito. Torna-se eficaz para com a sociedade
logo que lhe for comunicada por escrito ou por ela reconhecida, expressa ou
tacitamente. No entanto, como estipulado no contrato, é necessária a
autorização por parte da sociedade, esta cláusula é valida pelo artigo 229º, nº3,
CSC. A transmissão será valida se os requisitos previstos no contrato forem
cumpridos, e o consentimento for dado por parte da sociedade e de todos os
sócios. Se porventura algum dos sócios pretender então adquirir a quota de
Daniel, deverá ser feita uma divisão racional da sua quota, como previsto no
contrato.

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