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&
As 4 etapas do treinamento de alto rendimento
Dizem que esses materiais didáticos devem possuir uma página falando sobre o autor,
uma espécie de: “- confie no que vou falar, pois já fiz isso e aquilo outro e já estudei em tal
local!”. Apesar de não concordar plenamente com essa forma de convencimento, confesso
que sempre leio essa parte de todos os materiais didáticos que tenho acesso e considero
importante saber “quem” está falando.
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@fator3treinamento
em tiro no âmbito do curso de formação de soldados da PMSE. Entre os anos de 2014 e 2018,
tive a honra e a responsabilidade de fazer parte da formação de todas as turmas de formação
de soldados da PMSE, algumas turmas de formação de cabos, de sargentos, de habilitação
de oficiais, do primeiro COTAM ( Curso que habilita o profissional do GETAM, Grupamento
Especial Tático de Motos), do primeiro EMOPAT (Estágio que habilitou os operadores do
GETAM de Itabaiana-SE), do curso de formação de mais de cinco Guardas Municipais de
Cidades do interior de Sergipe, do curso de perícia em material explosivo, ministrado para os
peritos do estado de Sergipe, do estágio de aplicações táticas, que capacitou a Força tática
do 5ºBPM, do estágio que capacitou Policiais da Cia de transito para atuação tática, além de
ter sido coordenador do II EATE (Estágio de Ações Táticas Especiais) que é a habilitação
mínima para compor os grupos táticos do COE/PMSE. Desde que ingressei na instituição, me
interesso fortemente em compreender qual a melhor forma de treinar e de dar treinamento,
focado em resultados práticos, preservação da vida do operador e máximo rendimento
operacional. Com esse intuito criei a FATOR 3 TREINAMENTO TÁTICO, que tem como
missão primordial juntar ciência e atuação tática em uma linguagem simples e acessível,
correndo longe dos embustes sem conexão com a realidade e teorias vazias que muitas vezes
desorientam operadores. Bem, acho que é isso.
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@fator3treinamento
PRECEITOS FUNDAMENTAIS
Antes de começar, gostaria de salientar que esse material tem como base os preceitos
da educação de adultos, formulados a partir das ideias de Malcolm Knowles na década de 70
e publicados na página eletrônica do Centro de Pesquisa, Desenvolvimento e Educação
Continuada-CPDEC.
1. Necessidade – Aplicabilidade
2. Autonomia – Autodiretividade
3. Experiências prévias
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@fator3treinamento
4. Interatividade
6. Reflexão – Feedback
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@fator3treinamento
SUMÁRIO
6- Estágios de competência.......................................................................................24
7- Inoculação de estresse..........................................................................................27
8- Distorções Perceptuais..........................................................................................30
9- Princípio de Pareto................................................................................................31
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@fator3treinamento
1- O QUE É MENTALIDADE TÁTICA POLICIAL?
1-Fazer sempre o mais fácil (vamos falar mais à frente sobre a importância dessa
simplicidade)
2- Assegurar o controle da bola
3- Procurar as linhas diagonais de passe
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@fator3treinamento
2-CICLO O.O.D.A: OS ENSINAMENTOS DE BOYD
Agir Observar
Decidir Orientar
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@fator3treinamento
Imagem 3: Ciclo OODA versão expandida e traduzida.
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@fator3treinamento
agentes de segurança de qualquer atividade que lida diretamente com os riscos da
imprevisibilidade. A forma como agimos está sujeita a influências específicas que nem
sempre poderão ser identificadas facilmente por quem vai analisar essas ações
(judiciário, imprensa, sociedade), e o operador precisa ser treinado de maneira
adequada para compreender essas interferências e realizar um julgamento mais
adequado sob forte estresse.
- Ver é fundamental: A maior fonte de informação sensorial vem da visão. O que foi
visto será confrontado com o que foi ouvido, com o que o sujeito conhece sobre o que
foi visto e o que essas coisas significam. Logo, é importante sempre garantir boa
visualização. Tenha lanterna sempre disponível, mesmo no serviço durante o dia. Em
alguns momentos é importante ver e ser visto, em outros é importante não ser visto
(para quebrar o ciclo OODA adversário).
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@fator3treinamento
3-FRICÇÕES DE GUERRA: OS ENSINAMENTOS DE
CLAUSEWITZ
No meio policial existem expressões do tipo: “só sabe como é quem está na
rua”, “Na área (ambiente operacional) é diferente”, “Fulano não sabe comandar pois
nunca trabalhou na rua”. Essas frases são estimuladas por uma cultura específica,
porém, trazem consigo uma verdade tratada por teóricos de guerra, grandes líderes
militares, psicólogos e instrutores policiais de várias partes do mundo: Só entende as
particularidades do ambiente operacional quem tem experiência nesse ambiente! Nós
chamamos essas particularidades de “Fricções”.
O conceito de Fricção foi amplamente descrito por Clausewitz, General do
Reino da Prússia no final do século XVIII, início do século XIX. Ele escreveu um
clássico sobre estratégia de guerra chamado “Da Guerra”, onde dedica um capítulo
para descrever o que seriam essas fricções que tanto interferem no resultado das
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@fator3treinamento
batalhas e que devem ser encaradas com seriedade pelo comandante de uma força
militar.
Em resumo, fricção é o que distingue a guerra no papel da guerra de verdade.
É a diferença entre pensar e fazer. Só consegue compreender o valor de considerar
as fricções em um planejamento aqueles que possuem experiência com elas. Na
época em que o livro foi escrito, uma das fricções que mais atrapalhavam os
resultados das batalhas era o tempo. Para quem nunca esteve em uma batalha não
seria simples de entender o quanto uma chuva podia mudar o resultado de uma
guerra, mas quem vivenciou as fricções e deu a devida importância a elas, esteve em
vantagem na batalha. Será que esses conceitos de guerra do início do século XIX
servem para analisar e criticar as formas de operar e de treinar para atuação tática
nas demandas de segurança pública atuais?
A resposta é sim. Os tipos de fricções mudaram mas continuam sendo de
extrema importância para uma intervenção eficiente na resolução de conflitos,
execução de operações policiais e sobrevivência no confronto armado. Quem nunca
esteve envolvido em operações policiais de alto risco não compreende com facilidade
a importância de ter um objetivo de missão bem definido, comunicação eficiente,
realizar checagem de abandono, briefing detalhado, estar preparado para lidar com
alterações no plano e compreender o que é sucesso e o que é fracasso no ambiente
operacional.
Quem elabora planos complexos para uma ação operacional, geralmente, é
quem possui pouca experiência nisso. O treinamento deve proporcionar ao máximo a
aproximação do operador com o maior número possível de fricções, objetivando o
fortalecimento de mapas mentais eficientes, que provoquem uma resposta mais
rápida do operador, diante da situação inusitada. Ninguém treina a possibilidade de
escorregar, de não conseguir romper o cadeado para a entrada tática, da
comunicação falhar de maneira repentina. O treinamento precisa ser próximo da
realidade.
Quando o operador não sabe lidar direito com as fricções, ele pode acabar
entrando no que o autor Gary Klugiewicz chama de “Fixação tática”, que é quando
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@fator3treinamento
nosso cognitivo esbarra com um problema, mas não tem capacidade de resolver de
outra forma que não seja a que já tentou e não funcionou. Exemplo: um membro da
equipe tática, responsável por fazer a abertura de uma porta com aríete, entende que
o plano é bater o mais forte possível em um ponto e então provocar a abertura da
porta. Quando começa ele percebe que a porta possui uma série de treliças de
contenção, além de ser feita de um material extremamente resistente, ou seja, não
será possível provocar a abertura da porta com aquele aríete, porém, o operador
continua batendo indefinidamente, sem nem ao menos variar a posição do ataque.
Isso ocorre pelo fato de que, no momento de tensão, segundo o autor,
perdemos boa parte da capacidade adaptativa para traçar outros planejamentos e
propor uma nova solução para o problema. Como não foi considerada a possibilidade
de a porta não abrir, o operador não consegue se afastar da ideia que foi treinada ou
decidida antes de operação.
Você já parou para pensar que as barras anti-pânico da saída de emergência
do cinema são feitas daquela maneira pelo mesmo motivo?
Com relação ao treinamento, as instituições falham frequentemente em não
conseguir oferecer o ambiente de instrução mais próximo possível da realidade, seja
por questões logísticas e de baixo investimento, ou para garantir a segurança da
instrução, já que o ambiente operacional real é extremamente arriscado. Algumas
situações são até mais fáceis de contornar, como o treinamento em casas mobiliadas
ao invés de casas vazias de instrução. O treinamento com uso de airsoft ou paintball
são soluções que também fornecem uma experiência mais rica em termos de fricção
e proporcionam melhor aprendizado e em menor tempo, devido à importância da
“Inoculação de estresse” para o aprendizado tático.
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@fator3treinamento
4- RELAÇÃO ENTRE ESTRESSE E PERFORMANCE
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@fator3treinamento
Ele é a junção do tradicional modelo de U invertido da curva de tensão x
performance com os trabalhos sobre os níveis de tensão e suas consequências
fisiológicas, que resultaram no modelo de cores que se tornou famoso através da
difusão desse modelo pelo coronel Jeff Cooper. É de suma importância compreender
de forma antecipada (sem precisar ter passado por situações críticas) como a tensão
de uma ocorrência pode mudar o rendimento e a capacidade de pensar e de agir.
As cores, de acordo com Cooper, representam os estados da mente, onde, na
condição BRANCA, o indivíduo está completamente relaxado e vulnerável. Na
condição AMARELA o indivíduo está calmo, porém alerta ao que ocorre ao seu redor,
com ritmo cardíaco maior que na condição branca. A condição amarela é a que deve
se encontrar todo policial durante seu período de serviço. A condição VERMELHA é
relacionada ao momento da intervenção em uma ocorrência crítica, uma vez que o
ritmo cardíaco vai estar ainda mais elevado, uma série de hormônios entram em ação
e o indivíduo estará em sua capacidade máxima de performance para sobreviver
(lutando ou fugindo). Após a condição vermelha, os estudos mostram que os
indivíduos comuns perdem rendimento de maneira proporcional ao aumento do ritmo
cardíaco provocado pela tensão. Foram acrescentadas então a condição CINZA e
PRETA, que detalham esses problemas e o quanto isso pode interferir no resultado
de operações de alto risco e confronto armado fora do serviço.
O grande destaque das observações de Dave Grossman, no entanto, é
entender as cores como uma representação não apenas de um estado da mente (algo
que escolhemos) mas uma sólida consequência fisiológica e psicológica da elevação
do ritmo cardíaco mediante tensão. Podemos estar em uma viatura, numa situação
calma, ao lado de uma pessoa que já está passando da condição vermelha para a
condição cinza. Temos que entender também que esses estágios acarretam em
alterações perceptuais nos sentidos (falaremos disso mais a frente) e que isso precisa
ser amplamente considerado durante o treinamento.
A última e mais importante observação é a respeito da linha pontilhada do
gráfico, mostrando uma extensão do pico de performance até a condição cinza. Essa
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@fator3treinamento
linha pontilhada se refere aos profissionais de ALTO RENDIMENTO, ou seja,
profissionais que treinaram tanto que conseguem se manter no pico de performance
mesmo com toda a carga de tensão da condição cinza, em que efeitos psicológicos
como o de “piloto automático”, em que a pessoa não pensa sobre o que está fazendo,
agem no indivíduo, mas o seu treinamento foi tão intenso que ele simplesmente
consegue fazer o que treinou sem pensar! Sim, isso existe!
Aí reside a motivação pela qual devemos levar a sério a forma como instruímos
e o quanto investimos em capacitação, evitando formar operadores que não
compreendem as próprias limitações e que acham que desenvolveram uma
determinada habilidade por ter praticado algumas vezes.
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@fator3treinamento
e fazer elas darem errado para quem não se preparou para situações absurdamente
obvias.
A atuação policial é extremamente complexa por si só, pois precisamos tomar
decisões vitais em segundos, com consequências muito sérias para a sociedade e
para a integridade física do próprio operador. Além disso, o policial precisa dominar o
uso de uma série de equipamentos que podem estar disponíveis para o seu trabalho,
como armas de fogo, instrumentos de menor potencial ofensivo, equipamento
radiotransmissor, dentre outros. A demanda de treinamento específico é gigantesca,
uma vez que o policial precisa estar preparado para fazer uso de cada instrumento e
equipamento, de forma rápida, precisa, sob grande tensão e realizando análises
jurídicas sob pena de ser responsabilizado pelo abuso de sua autoridade, excesso no
uso da força ou pela omissão de dever agir.
O psicólogo experimental William Edmund Hick, em 1952, pesquisou e
escreveu sobre um assunto que ficaria conhecido posteriormente como “lei de Hick”,
em seu trabalho, ele analisou o tempo de tomada de decisão mediante o número de
escolhas apresentadas como opção. Com isso, ele chegou à conclusão de que ao
aumentar o número de opções de uma para duas, o tempo de resposta sobe mais de
50%, de maneira logarítmica. Esse tempo de resposta é chamado de “taxa de ganho
de informação”.
Algumas questões interferem nesse tempo de resposta e a principal delas é o
estímulo ser conhecido ou não, pois estímulos conhecidos geram respostas mais
rápidas, e é aí que precisamos trazer essas noções da ciência para nossa realidade
da atuação tática e metodologia de treinamento, pois precisamos refletir sobre a
relação entre carga horária e conteúdo ministrado para desenvolver uma nova
habilidade.
Algo que sempre observei nas instruções de tiro que ministrei formalmente pela
instituição nos cursos de formação é que dificilmente o aluno saía preparado para
solucionar uma pane de tiro, simplesmente pelo fato de que passávamos mais de uma
forma de solucionar a pane e não havia tempo para simular essas panes e transformar
o estímulo em algo conhecido, além do aluno ser bombardeado com várias opções,
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@fator3treinamento
que iriam demandar maior tempo para uma resposta adequada no cenário real. Quem
planeja e/ou executa operações táticas, tanto de cunho convencional quanto de ações
táticas especiais, consegue perceber com maior facilidade quais são as fricções
envolvidas em cada situação e como se preparar melhor para isso.
Outro aspecto a ser observado é sobre a simplicidade da orientação aos
operadores que participarão da ação, a respeito do que devem fazer e qual objetivo
deve ser atingido. Para isso faço referência ao trabalho dos pesquisadores Franklin
Henry e Donald Rogers, que em 1960 verificaram em suas pesquisas que aumentar
o número de tarefas aumenta também o tempo de execução da primeira tarefa. Você
pode estar achando que isso parece bem óbvio, mas deixa eu explicar de outra forma.
Eles mediram o tempo em que uma pessoa levava para cumprir uma tarefa simples
(acender uma luz), depois adicionaram outras tarefas e mediram novamente o tempo
que essa mesma pessoa levava para cumprir as tarefas, porém só estava sendo
analisado o tempo levado para a primeira tarefa, que não tinha mudado. Pelo fato de
ter outra tarefa para executar após acender a luz, a pessoa demorava mais para
acender. Isso nos mostra o motivo pelo qual precisamos ser objetivos nas orientações,
de modo a exigir o mínimo possível do cognitivo do operador com questões
desnecessárias à compreensão da tarefa dele e do objetivo da missão.
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@fator3treinamento
6-ESTÁGIOS DE COMPETÊNCIA:
Incompetência Inconsciente: O operador não sabe e não sabe que não sabe. É o
nível mais perigoso pois muitas vezes o operador não compreende que precisa
desenvolver certa habilidade pois ainda não se tornou consciente da própria
incompetência.
Incompetência Consciente: Nesse estágio o operador começou a praticar
determinada habilidade e percebeu que precisa treinar muito ainda para dominá-la.
Ele entendeu que não sabe algo. Isso é muito bom para o manuseio de qualquer
material potencialmente lesivo, pois o operador ao menos já se dá conta dos riscos
envolvidos e age com maior prudência.
Competência Consciente: Nesse estágio o operador já possui pleno domínio da
nova habilidade, mas ainda precisa investir seu cognitivo consciente para executar a
habilidade de forma correta.
Competência Inconsciente: Esse é o estágio almejado por todos para qualquer
habilidade. Esse estágio significa que você dominou e treinou de tal forma que não é
mais necessário pensar em como fazer, o processo é automático e intuitivo. O
operador faz sem pensar e irá conseguir fazer sob forte tensão.
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@fator3treinamento
Um autor adiciona ainda o estágio de Maestria, onde poucos indivíduos
conseguem chegar e que transcende a competência inconsciente, permitindo que o
indivíduo execute uma determinada habilidade em altíssimo nível de rendimento e
perfeição, fazendo parecer algo fácil aos olhos alheios. Outro Autor relaciona uma
carga horária média de treinamento para atingir cada nível de competência já descrito,
ficando a relação como mostra o quadro abaixo:
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@fator3treinamento
7-INOCULAÇÃO DE ESTRESSE
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@fator3treinamento
Depois disso pegaram o segundo grupo e penduraram de cabeça para baixo, gerando
altíssima tensão e fazendo com que se agitassem em grande desespero e esperaram
até que parassem de se mover. Quando desistiram de lutar contra aquela condição e
ficaram imóveis, foram então colocados dentro da banheira cheia de água e foi
marcado o tempo que levavam para morrer afogados. Levou apenas 20 minutos. Eles
foram expostos a uma situação de extrema tensão pela primeira vez e logo após
tiveram que lutar por suas vidas. A tensão os levou a desistir de lutar, pois não sabiam
que era possível lutar e sobreviver.
O terceiro grupo também foi colocado de cabeça para baixo, mas depois de
certo tempo foram retirados e colocados na gaiola novamente. Isso foi repetido
diversas vezes e só depois os ratos foram colocados também na banheira. Dessa vez
os ratos passaram as 60 horas e ainda não haviam se afogado. A diferença é que
esses ratos receberam inoculação de estresse, de forma repetida, nas vezes que
foram colocados de cabeça para baixo, porém sempre ficavam vivos após isso.
Quando foram colocados na banheira ficaram por mais tempo lutando para não morrer
afogados, condicionados para lutar e sobreviver.
Muitas pessoas criticam o formato pedagógico doutrinário dos cursos de
formação de unidades especiais militares em vários lugares do mundo. Levar o aluno
ao limite do cansaço físico e mental, estabelecer tensão constante, seja através de
diversas avaliações, seja na exposição do aluno aos seus maiores medos, ou
colocando o aluno em situações aparentemente de humilhação ou degradação moral,
são algumas das ferramentas duramente criticadas por pessoas alheias à realidade
operacional de alto risco.
Esses cursos, extremamente rígidos, são os melhores inoculadores de estresse
de combate, preparando com maior eficácia o operador para a realidade que ele irá
enfrentar. Outro tipo de inoculação de estresse frequentemente observado em cursos
de formação policial militar é o papel do chefe de turma ou “Xerife”. Nos ambientes de
formação, o “Xerife”, como é chamado o aluno escolhido para estar à frente da turma
durante certo período de tempo, é sempre bombardeado de responsabilidades e
cobrado por todas elas de maneira enérgica, precisando tomar decisões rápidas,
criativas e eficientes, de modo que essa pressão estabelecida de forma pedagógica
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@fator3treinamento
possibilitará que o mesmo consiga reagir adequadamente em momentos de tensão e
consiga tomar decisões no ambiente operacional.
É fundamental que a capacitação exija do operador a utilização, sob tensão,
das mais diversas técnicas aprendidas durante as atividades acadêmicas, uma vez
que essas técnicas só terão serventia se o operador conseguir utilizá-las nessas
condições. Não adianta saber como empunhar uma arma, saber disparar, se no
momento da ocorrência o operador deixar de fazer isso por nervosismo, medo ou outro
motivo que poderia ter sido descoberto e trabalhado durante o treinamento.
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@fator3treinamento
8-DISTORÇÕES PERCEPTUAIS
9- PRINCÍPIO DE PARETO
Também chamado de regra do 80/20 ou lei dos poucos vitais, o princípio foi
sugerido por Joseph Moses, que deu o nome em homenagem ao economista Vilfredo
Pareto, que, no século 19, observou em seu jardim que 80% das ervilhas eram
produzidas por apenas 20% das vagens. Ele observou a distribuição de terras na Itália
e verificou a mesma proporção, onde 80% das terras pertenciam a apenas 20% das
famílias. Esse princípio então passou a ser aplicado em diversas áreas do
conhecimento, como uma espécie de regra da tumba. O princípio de Pareto, em
síntese, afirma de 80% das consequências são efetivadas por 20% das causas.
Trazendo para a questão tática, o princípio de Pareto deve ser considerado
com seriedade em nossos treinamentos, uma vez que em breve análise, percebemos
que 80% dos problemas de desempenho tático são causados por 20% dos erros, bem
como 20% das técnicas são utilizadas em 80% das situações. Se juntarmos o princípio
de Pareto com a lei da simplicidade tática de Hick, veremos que é mais valioso treinar
poucas técnicas e as técnicas mais utilizadas na realidade do operador, ou treinar um
procedimento que resulta em uma solução mais abrangente. Caso clássico seria a
solução de panes em armas curtas. Outro exemplo prático seria o treino de
fundamentos de tiro, onde é possível observar que apenas dois ou três erros
(antecipação do recuo, esmagamento incorreto do gatilho e pouca força na mão de
suporte) atingem cerca de 80% dos atiradores, sendo muito mais produtivo dedicar
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@fator3treinamento
mais tempo a esses fundamentos do que aos outros, que possuem pouca interferência
estatística na qualidade dos disparos.
É fundamental compreender quais habilidades geram mais resultados na
atuação profissional e quais falhas são mais recorrentes, para que o esforço de
qualificação seja mais eficiente, principalmente na distribuição de carga horária e
elaboração de ementas dos componentes curriculares.
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@fator3treinamento
10- AS QUATRO ETAPAS DO TREINAMENTO DE ALTO
RENDIMENTO
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@fator3treinamento
escala, das mesmas ferramentas, que tive a ousadia de organizar em uma proposta
de “Estrutura Geral do Treino Tático” que irei definir agora de maneira resumida:
Memória
muscular
Protocolo
Doutrinário
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@fator3treinamento
muscular. Já para a conversão de uma memória muscular incorreta sedimentada
seriam necessárias de 3 mil a 5 mil repetições com correção. Essa informação nos
mostra o quanto é trabalhoso consertar algo que foi aprendido errado.
Quanto mais repetimos e corrigimos determinado movimento, aumentamos a
previsibilidade do resultado dele, sedimentando uma trilha cognitiva que aumentará a
possibilidade do resultado satisfatório no momento de tensão. Por esse mesmo
motivo, é primordial existir a correção, uma vez que a repetição de movimento
inadequado fará com que ele seja reproduzido, mesmo que o erro seja consciente,
provocado por falta de estrutura de treinamento ou algo similar (ex: treinar
procedimentos de abordagem fingindo estar com uma arma ou treinar tiro com a
realização de apenas dois disparos em cada alvo)
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@fator3treinamento
10.2-EXERCÍCIO COGNITIVO:
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@fator3treinamento
Input
Identificação
do estímulo
Seleção da
resposta
Programação
do movimento
Output
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@fator3treinamento
Exemplos de exercícios cognitivos:
10.3-PROTOCOLO DOUTRINÁRIO:
-Identifique quem são os participantes da simulação por meio de adereço (pode ser
um braçal) para evitar conflitos cognitivos que dificultem a imersão no ambiente de
simulação. (o uso do adereço pode ser dispensado se o isolamento físico do ambiente
de simulação for absoluto)
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@fator3treinamento
11-MÉTODO RAIO
_____________________________________________________________________
RETÂNGULOS ALTERNADOS DE INSTRUÇÃO OPERACIONAL
RAIO ®
1) Histórico:
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@fator3treinamento
2) Finalidades do RAIO®
c) Transição de armamento;
f) Mudanças de direção;
g) Visão Periférica;
3) Pré-requisitos técnicos:
a) Fundamentos de tiro de pistola e armas longas, tais como, empunhadura, visada, base,
plataforma de tiro, respiração, olho “diretor”, entre outros fundamentos;
c) Caminhar “Tático”;
4) Descrição do método:
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@fator3treinamento
Simples, prático, barato e de fácil aprendizado, o método consiste no deslocamento pré-
definido dos alunos, cada um em um retângulo, com dimensões mínimas de 12 metros de
comprimento por 4 metros de largura, que se cruzam perpendicularmente, dois a dois,
conforme desenho abaixo:
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@fator3treinamento
c) Início da atividade – Os instruendos iniciarão o deslocamento na posição “engajado”,
em pé. Ao se cruzarem, o que ocorre durante todo o exercício, deverão fazer a retenção
da arma, passando para a posição “pronto baixo”, sem parar de caminhar. Imediatamente
após o cruzamento a arma, deve voltar ao engajamento.
e) Dinâmica da atividade – Cada quarteto deverá passar pelo menos três vezes pelo
exercício. A primeira passagem deverá ser em um deslocamento lento. A segunda de
maneira moderada e, por conseguinte, a última mais acelerada. A partir da segunda
passagem, serão dados os comandos de “CONTATO!”, onde o policial deverá assumir a
posição de joelhos. Ao comando de “DESLOCA!”, a equipe retomará a movimentação. Na
última etapa, o instrutor também deverá comandar “retaguarda!” para que aluno execute
a mudança de direção. A partir da segunda passagem o instrutor pode comandar a
transição do armamento, por meio da verbalização “TRANSIÇÃO!”. Esta manobra pode
ser para que a arma longa seja substituída pela pistola e vice-versa.
g) O treinando não avançará nas etapas enquanto não executar corretamente e sem
dificuldades, o procedimento anterior.
i) Ao término da instrução, o instrutor deverá informar aos policiais os pontos fracos que
necessitam ser melhorados.
j) Caso o treinamento de ITI não seja bem automatizado, o método pode ficar bastante
prejudicado. Os alunos podem apresentar dificuldades na transição do armamento,
empunhadura deficiente, deslocando de maneira inadequada, entre outras deficiências.
Tive contato pela primeira vez com o método RAIO durante o VI Curso de
Operações de Controle de Distúrbios-COCD ministrado pela PRF no Rio de Janeiro,
em 2013, onde o criador do método foi um dos instrutores. Depois que conheci o
exercício, a simplicidade e efetividade, tanto para o aluno quanto para o instrutor,
passei a utilizar em todas as instruções possíveis e imagináveis para diversos
segmentos operacionais da PMSE, cometendo a ousadia, inclusive, de fazer algumas
adaptações do método para atender às demandas específicas de alguns cursos. O
exercício permite treinar, em deslocamento, uma série de movimentos táticos para os
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@fator3treinamento
quais é absolutamente necessário desenvolver uma eficiente memória muscular,
aliando isso com aspectos cognitivos importantes da relação do operador com o
cenário, como a utilização da visão periférica, comunicação verbal e não verbal com
outros operadores e começar a sentir algumas das fricções da realidade operacional.
O método permite ainda uma série de adaptações, com inserção de habilidades
diversas, podendo ser convertido em uma atividade de intensidade física ao substituir
as armas por anilhas de peso, podendo utilizar airsoft, paintball, podendo adaptar
regras especificas ou fazer a adaptação de procedimentos doutrinários, permitindo ao
instrutor observar vários operadores ao mesmo tempo, todos em movimento. Uma das
melhores características da metodologia, no entanto, é a efetividade relacionada ao
baixíssimo custo logístico, pois basicamente precisamos apenas de cones e armas,
para realizar a instrução.
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@fator3treinamento
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@fator3treinamento
Exemplos de exercícios utilizando o banner:
Exercícios de escaneamento:
-Identificar as letras em ordem alfabética
-Identificar os números em ordem
-Identificar as armas longas
-Identificar as expressões faciais
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@fator3treinamento
-Escanear número ou letra específica e realizar disparo com arma longa ou curta, a
depender da figura encontrada na parte superior direita do círculo
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@fator3treinamento
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Print Editora, 2016.
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Books, 2017.
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OSINGA, F. Science, Strategy and War: The strategic theory of John Boyd. Netherlands:
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Pareto’s Principle: How the 80/20 Rule Can Help Improve Your Performance. Artigo disponível
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SIDDLE, B. Sharpening the Warriors Edge: The Psychology & Science of Training. PPCT
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