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- É estranho que não nos sintamos à vontade para falar disso, porque o cristianismo é

a mais corporal das religiões. Cremos que Deus criou estes corpos e disse que eram
muito bons. Deus se fez corpo no meio de nós, um ser humano como nós. Jesus nos
deu o sacramento do seu corpo e prometeu a ressurreição dos nossos corpos. Ou seja,
deveríamos nos sentir em casa em nossa natureza corporal, apaixonada… e cômodos
ao falar de afetividade! Mas frequentemente, quando a Igreja fala sobre isso, as
pessoas não se convencem. Não temos autoridade suficiente para falar sobre sexo!
Talvez Deus tenha se encarnado em Jesus Cristo, mas nós ainda estamos aprendendo a
nos encarnar em nossos próprios corpos. Precisamos sair do mundo da lua!

- (4)Para nossa sociedade é muito difícil entender isso porque ela tende a ver nossos
corpos simplesmente como objetos que nos pertencem. Outro dia vi um livro sobre o
corpo humano intitulado: “Homem: todos os modelos, formas, tamanhos e cores.
Manual do usuário Haynes para proprietários”. (Haynes é a editora de uma série de
manuais de todas as marcas de carro). Era um tipo de manual do proprietário que vem
junto com o carro ou com uma lavadora de roupas, por exemplo. Se pensamos nosso
corpo dessa maneira, como algo muito importante que possuímos junto com outras
coisas que possuímos, então os atos sexuais não são especialmente significativos.
Posso fazer o que me pareça bem com minhas coisas desde que não cause prejuízo a
ninguém. Posso usar minha lavadora para misturar cores ou para fazer pastéis. É
minha. E segundo este raciocínio, por que não posso fazer o que eu quero com o meu
corpo? Esta é nossa forma natural de pensar porque a partir do século XVII
absolutizamos demais o direito dos proprietários: Ser humano é possuir.

- (7) Para a maioria de nós isto não acontece apenas uma vez. Podemos atravessar
várias crises de afetividade ao longo da nossa vida. Eu certamente passei por elas e
quem sabe o que pode ter ali ao virar a esquina… Mas temos que enfrentá-las, como
fez Jesus na Última Ceia, com coragem e confiança. Então, se assim fazemos, pouco a
pouco entraremos no nosso mundo real de carne e osso.

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