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Raissa Araújo Mendes, Ronan Silva Cardoso e Jessica
Carvalho Bergmann
MANUAL DE AROMATERAPIA
Volume 2
Botânica Aplicada à Aromaterapia
3ª edição
Brasília-DF/Brasil
Edição dos autores
2020
ORGANIZAÇÃO
Apotecários da Floresta
TEXTOS
Raissa Mendes, Ronan Cardoso e Jessica Bergmann
ILUSTRAÇÕES
Adobe Stock
Apresentação .......................................................................................... 1
Origem das plantas e óleos essenciais .................................... 2
Morfologia vegetal ........................................................................... 14
Taxonomia das plantas aromáticas ...................................... 18
Quimiotipos e geotipos ................................................................... 27
Os autores ............................................................................................... 32
Referências ........................................................................................... 34
Olá, aromaterapeuta!
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Origem das plantas e óleos essenciais
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radiação solar que recebia. O planeta era
constantemente bombardeado por meteoros contendo
sais e minerais. Em seu interior possuía grande
quantidade de vulcões, liberando gases nitrogênio,
vapor d’água e dióxido de carbono, fundamentais para
o surgimento da vida.
Seres ancestrais das bactérias, de grande
resistência, chamados estromatólitos, encontraram
uma forma de sobreviver naquele cenário e, se
alimentando do enxofre, do dióxido de carbono e
outros elementos presentes na atmosfera,
perduraram por bilhões de anos.
Com o passar do tempo, o enxofre começou a ficar
escasso e logo as bactérias tiveram que encontrar
novas formas de conseguir alimento. As condições da
própria natureza da vida levaram os primeiros
organismos vivos a se adaptarem a novas situações
lentamente e, assim lentamente, novas formas de
viver surgiram.
Algumas destas primitivas vidas desenvolveram
uma grande vantagem competitiva quando se
tornaram capazes de utilizar a luz do sol como fonte de
energia que, sintetizada, dava a estes seres a
habilidade de sequestrar de seus ambientes dióxido de
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carbono e outros gases e liberar oxigênio. Esta é a
história das primeiras espécies de algas-marinhas, as
cianobactérias, que passaram a realizar a fotossíntese
e logo se tornaram populações imensas, visíveis como
mantas azuis ou esverdeadas nas águas oceânicas.
Liberando oxigênio (um gás altamente reativo) na
atmosfera, pouco a pouco (aproximadamente 2 bilhões
de anos), as pequeninas cianobactérias produziram
oxigênio, que concentrou na terra. O oxigênio (O2) em
contato constante com os raios solares (ultravioletas)
deram origem à imensa camada de ozônio (O3), nosso
firmamento, protegendo a Terra de um grande
espectro de radiação ultravioleta e permitindo, enfim,
a estabilização do DNA e um desenvolvimento mais
acelerado da vida.
Estes mesmos seres procarióticos ancestrais
foram sendo arremessadas pelas ondas dos mares para
as pedras nas encostas das praias do mundo, e logo
encontraram novas formas de aderir às rochas, de
aproveitar a energia do ambiente onde estavam. Por
milhões de anos estas desbravadoras criaturas
adentraram o único continente que até então existia,
a Pangeia.
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Cada nova paisagem exigiu novas adaptações e a
vida deu conta de todas elas. Surgiram plantas em
todas as paisagens do nosso planeta e estima-se que há
600.000.000 de anos o planeta inteiro era habitado por
plantas.
Plantas, bactérias e fungos são os seres mais
simples e mais antigos da Terra, e os que mais tiveram
sucesso para sobreviver.
As primeiras plantas eucariontes (célula com
envoltório nuclear), chamadas de algas verdes, foram
as primeiras a realizarem a fotossíntese utilizando
cloroplasto. A sua cor esverdeada se dá pela presença
da clorofila (pigmento fotossintético), capaz de
absorver a região azul (400 - 500 nm) e vermelha (600
- 700 nm) do espectro eletromagnético. A tecnologia
presente na clorofila dá origem a fotossíntese
responsável pela alimentação e respiração da planta.
Neste processo, a planta é capaz de capturar a energia
solar e transformá-la em energia química usando o gás
carbônico e a água para obter glicose e oxigênio.
Sucessivamente, as briófitas (musgos e hepáticas)
surgiram, plantas avasculares que vivem em
ambientes úmidos e encontradas principalmente em
pedras, troncos de árvores e barrancos.
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As primeiras plantas vasculares, que hoje já são a
grande maioria, são as pteridófitas, seguidas pelas
gimnospermas, que possuem sementes, aumentando
seu poder de dispersão e disseminação.
Um pouco mais adiante na evolução estão as
angiospermas. Estas contendo flor, fruto e sementes
atingem o auge da especialização do reino Plantae.
Assim, a ciência nos conta a história do
surgimento das plantas e, em consonância, da
biodiversidade.
As plantas já dispersavam partículas aromáticas
na atmosfera quando os crustáceos, ao saírem das
águas, deram origem aos primeiros insetos, muito
antes de surgirem répteis, anfíbios ou mamíferos.
Podemos aprender muito sobre a Natureza da
vida observando o comportamento dela. Se
observamos o comportamento das plantas logo
percebemos como a maioria delas é extremamente
gentil com tudo que a cerca. As plantas doam, elas
favorecem, fazem boas parcerias.
As espécies vegetais aprenderam a atrair os
insetos com formas, cores, aromas, sabores. Alguns
insetos beneficiaram vastamente as plantas com a
polinização e as plantas deram a todos insetos abrigo e
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alimento. Indubitavelmente observamos que os
insetos não podem viver sem plantas e diversas
espécies possuem relações tão complexas de
transubstanciação com a terra e as plantas que não é
difícil nos maravilharmos quando passamos a
conhecer melhor cada ciclo de vida.
As moléculas que compõem os diferentes óleos
essenciais também atuam como sinais bioquímicos e
desempenham papel importantíssimo na comunicação
entre vegetais e outras espécies vivas, como os
insetos.
A história das plantas começa com elas
transformando profundamente o mundo, com uma
atitude a favor da vida, da coexistência. Passando a
habitar a superfície do planeta, ao longo de centenas
de milhões de anos de evolução, as plantas, boas
camaradas da Natureza, tornaram a vida mais amena.
Além de suas raízes darem firmeza ao solo e
realizarem uma ponte hídrica entre terra e céu, e suas
folhas filtrarem o ar, sua presença umedecer e
resfriar o ambiente circundante e suas flores e frutos
serem alimento abundante, as plantas desenvolveram
também uma eficiente e poderosa inteligência
bioquímica capaz de fortalecer e melhorar a qualidade
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de vida das espécies bem-vindas, afastando pragas e
destruindo micro-organismos nocivos à vida,
combatendo doenças, favorecendo o equilíbrio próprio
dos corpos e seus metabolismos. Essa tecnologia tem o
poder de dispersar moléculas pequeninas e muito
poderosas, que podem se espalhar por quilômetros
utilizando a energia do vento.
Essa nuvem de partículas protege a planta de
radiação, poluentes e agressores; atrai polinizadores
para favorecer sua reprodução; permite ao vegetal
sobreviver a longos períodos sem chuva ou sem sol;
atua em sua regeneração, crescimento, e muito mais.
Tudo que a planta tem para sobreviver a uma
paisagem ou influenciá-la se desenvolve em sua
alquimia interior, seu metabolismo. O que chamamos
que óleos essenciais são conjuntos de moléculas
produzidas pelas plantas para equilibrar e favorecer a
vida, uma tecnologia criada pelas plantas que mostra
o quão inteligentes elas podem ser.
No seu assim chamado metabolismo primário,
realizado durante a fotossíntese, as plantas criam os
componentes necessários para a continuidade de sua
existência orgânica, a manutenção de sua vida, a
continuidade de sua própria estrutura vegetal, como
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carboidratos, lipídios, ácidos nucleicos e proteínas para
que seja realizada funções essenciais como
fotossíntese, respiração e transporte de moléculas. Já
no seu metabolismo secundário, as plantas criam
substâncias necessárias para garantir sua
sobrevivência no meio em resposta a fatores bióticos
(herbívoros, patógenos, parasitas) e abióticos (calor,
seca, pH, luminosidade, umidade, etc), dentre eles, os
óleos essenciais.
Os óleos essenciais são os braços, pernas, armas,
escudos, comunicação, linguagem, identidade,
medicina, intento, a vontade da planta transformada
em matéria sutil. O metabolismo primário e
secundário da planta estão intimamente relacionados
e orquestram juntos para que a sinfonia de moléculas
aromáticas seja produzida. Os componentes principais
do metabolismo secundário são os terpenos (moléculas
muito encontradas nos óleos essenciais), substâncias
nitrogenadas e substâncias fenólicas. A produção de
moléculas voláteis acontece como uma cascata de
eventos químicos em resposta a uma condição
específica.
As plantas, na verdade, não produzem óleos
essenciais, elas produzem componentes encontrados
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nos óleos essenciais, suas moléculas aromáticas. Existe
no DNA de cada planta a matriz das moléculas voláteis
que produzirá. Este é um acervo de centenas de
substâncias, de forma que, a depender de certas
condições, uma ou outra molécula pode ser mais ou
menos produzida para responder ao ambiente, mas o
padrão seguirá, e cada espécie produzirá um óleo
característico comum a seus indivíduos.
Há aproximadamente 600 milhões de anos as
plantas começaram a desenvolver óleos essenciais. As
primeiras moléculas, simples, de cadeias abertas,
foram evoluindo com o surgimento de outras espécies
de seres e, conforme a complexidade da biosfera
aumentou, as diferentes espécies vegetais
responderam com o surgimento de novos coquetéis
moleculares. Estudos genéticos indicam que cadeias
maiores, fechadas, mais estáveis, passaram a surgir
num espaço de aproximadamente 250 milhões de anos
na história da evolução das plantas.
A enorme quantidade de diferentes moléculas,
componentes dos óleos voláteis e suas características
bioquímicas oferece a essas substâncias inúmeras
possibilidades de atuação e uma vasta gama de
funções. Toda a história de sobrevivência das plantas
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na superfície do planeta é acompanhada dos óleos
essenciais e seu poder de transformação.
As plantas são muito efetivas em garantir sua
influência na Natureza. São capazes de agir a nível
hormonal para atrair ou repelir insetos, assim como
podem atuar em neurotransmissores e influenciar
nossos estados mentais e níveis energéticos. Cada
espécie vegetal aromática foi capaz de desenvolver
acordes moleculares que penetram facilmente tecidos
e membranas, atingindo órgãos-alvo e inclusive
atuando diretamente no sistema nervoso dos animais
ao redor. A poderosa influência das plantas é uma
estratégia de sobrevivência, mas possui qualidades
muito especiais como adaptogenicidade e
biocompatibilidade.
Biocompatibilidade significa dizer que o corpo não
entende como substâncias estranhas os OEs, tornando-
os compatíveis aos seus sistemas e funções. Já
adaptogenicidade é um termo interessante que surgiu
na Rússia para descrever certas propriedades de
plantas com potencial medicinal como a baixa
especificidade com que atuam fortalecendo as defesas
naturais do nosso organismo, favorecendo o equilíbrio
homeostático e nos tornando mais resistentes diante
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de fatores de stress. Essa influência harmonizadora
sobre a autopoiese dos corpos (sua capacidade de
constantemente criarem a si mesmos), torna a
experiência de coexistência muito benéfica para nossa
espécie e torna os OEs altamente apreciáveis, para
muito além da já complexa e intrigante composição
dos aromas.
Nosso organismo foi moldado em um mundo
dominado por plantas e suas moléculas aromáticas.
Estima-se que o Homo sapiens mais antigo tenha
vivido há cerca de 200.000 anos, as plantas já estavam
liberando seus sortilégios bioquímicos há
aproximadamente 599.800.000 anos até então. Temos
receptores olfativos espalhados por todo organismo,
descoberta que rendeu um Nobel de Medicina ao Dr.
Hanns Hatt. Na pele, nos ossos, nos músculos, no coração,
no fígado e inclusive em espermatozoides... Em todos os
tecidos humanos foram já encontrados receptores
olfativos que atuam como fechaduras que, na
presença das chaves certas – as moléculas voláteis que
compõem o que chamamos de óleos essenciais - são
ativadas e geram uma resposta em determinados
genes, desencadeando processos biológicos como os
conhecidos na prática da Aromaterapia.
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A história da evolução das moléculas aromáticas é
a história do mundo como o conhecemos. Por eras
inteiras estes seres delicados, as plantas,
aperfeiçoaram sua habilidade de influenciar
sutilmente e de forma avassaladora a Natureza ao
redor, o que se desdobrou na transformação alquímica
da terra, do ar, dos corpos e das mentes. Não é exagero
dizer que as plantas orquestram a Natureza com seus
compostos voláteis. Os óleos essenciais são a alma do
mundo.
Quando utilizamos uma gota de qualquer óleo
essencial, estamos lidando com uma força e
inteligência muito maior e muito mais antiga do que
podemos imaginar. Moléculas capazes de tornar a pele
mais bonita, melhorar o desempenho dos órgãos,
favorecer o metabolismo, curar doenças diversas e
transformar nossas emoções são resultado de
centenas de milhões de anos de evolução dos mais
antigos moradores do planeta. Substâncias criadas
para harmonizar a natureza devem ser vistas como
preciosas e respeitadas, é aqui que começamos nosso
estudo sobre a Aromaterapia.
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Morfologia vegetal
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tricomas, que geralmente são localizados mais
próximos à superfície.
Nos diferentes processos de extração, as
moléculas aromáticas são liberadas pela ação do calor
(como na hidrodestilação e na destilação por arraste a
vapor), pela prensagem (como na prensagem à frio) ou
por ação de solventes (como os químicos e o CO2), sem
que as células e estruturas glandulares sejam
destruídas.
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das plantas, mas se concentram em partes específicas,
a depender da espécie e das condições de cultivo:
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ao passo que o OE extraído das folhas possui um teor
maior de β-cariofileno. De forma similar, na laranjeira-
amarga (Citrus aurantium), o OE extraído das flores,
chamado de néroli, terá uma concentração maior de
álcoois (como o nerol); ao passo que o OE extraído das
folhas, galhos e brotos, chamado de petitgrain, será
rico em ésteres (como o acetato de linalila); e quando a
extração é feita das cascas dos frutos, o OE será rico em
hidrocarbonetos monoterpênicos (como o limoneno).
Esse conhecimento fará toda a diferença na escolha
das partes da planta que serão extraídas e da forma de
extração utilizada.
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Taxonomia das plantas aromáticas
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Reino: Plantae
Filo/divisão:
Magnoliopsyta
Classe: Magnoliopsida
Ordem: Lamiales
Família: Lameaceae
Gênero: Lavandula
Espécie: angustifolia,
officinalis
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como cada planta aromática e seus agrupamentos
atuam, além de compreendermos, a partir destes
dados, como identificar as plantas por seus nomes
botânicos.
• Anacardiaceae: mastik/lentisco.
• Annonaceae: ylang-ylang.
• Asteraceae/Compositae: camomila, estragão,
immortelle, tanaceto.
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• Burseaceae: olíbano, mirra, elemi.
• Cupressaceae: cipreste, junípero.
• Lamiaceae/Labiatae: alecrim, hortelã, lavanda,
lavandim, manjericão, manjerona, orégano,
patchouli, poejo, sálvia, tomilho.
• Lauraceae: canela, ho wood, litsea cubeba, louro, pau-
rosa, ravintsara.
• Myrtaceae: cajeput, cravo, eucalipto, manuka,
murta, niaouli, tea tree.
• Pinaceae: abeto, cedro, espruce, pinheiro, tsuga.
• Poaceae: capim-limão, citronela, palmarosa.
• Rutaceae: bergamota, grapefruit, laranja, lima,
limão, mandarina, tangerina, yuzu.
• Zingiberaceae: cardamomo, gengibre, turmérico.
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condimentos, mas possuem grupos moleculares e,
consequentemente, propriedades terapêuticas
diferentes.
Todavia, algumas famílias podem possuir
semelhanças em suas características moleculares. Um
exemplo é a família Asteraceae, com plantas
aromáticas ricas em cetonas monoterpênicas e
lactonas sesquiterpênicas – estas últimas, inclusive,
têm sido estudadas por apresentarem possível ação
antitumoral. Na família Lamiaceae, muitas das plantas
aromáticas (como o tomilho, o orégano e o poejo)
apresentam fenóis monoterpênicos, que embora sejam
antimicrobianos poderosos são também
dermoagressivos. Já as plantas da família Rutaceae
costumam ter em sua composição química moléculas
aromáticas como as cumarinas, furanocumarinas (que
podem manchar a pele quando em contato com a luz do
Sol) e hidrocarbonetos terpênicos (como o limoneno).
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variáveis etnobotânicas. No Brasil, por exemplo, é
muito comum encontrarmos nos jardins um tipo de
lavanda bastante canforada, que popularmente é
chamada apenas de lavanda, lavandim ou, ainda,
alfazema. Em outras regiões do país, uma planta
similar a esta é que será chamada de alfazema,
comumente usada em ritos afro-brasileiros.
O mesmo acontece com os frutos cítricos: o que
conhecemos no Brasil como limão-taiti, ou limão-
comum, por exemplo, no México será chamado de lima,
isso sem contar com a infinidade de cruzamentos
existentes entre diferentes cítricos, que por vezes
resultam em plantas muito parecidas e que, por isso,
podem carregar os mesmos nomes populares. Com essa
confusão de nomes, é bem difícil de identificar
corretamente qualquer planta, não é mesmo?
Por esse motivo, utilizamos sempre o nome
botânico daquela planta para identifica-la de forma
correta. O nome botânico, ou nome científico, é a
nomenclatura oficial de uma determinada planta,
escrita em Latim, composta principalmente pelo
gênero (grafada com a inicial em maiúsculo), seguida
da espécie (grafado com inicial em minúsculo),
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respeitando as normas do ICBN (International Code of
Botanical Nomenclature). Veja o exemplo a seguir:
Gênero: Lavandula
Espécie: angustifolia,
officinalis
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Lavandula angustifolia Mill.
Lavandula officinalis Chaix & Kitt.
Chamaemelum
Anthemis nobilis
nobilis
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Citrus aurantium var. amara
Mentha x piperita
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Quimiotipos e geotipos
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Quimiotipos
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nomenclatura botânica. A nomenclatura será
composta, portanto, da espécie, gênero, o termo “qt.”
(em Inglês, “ct.”, de chemotype) e o nome da molécula
majoritária. Veja o exemplo do alecrim-verdadeiro
com o quimiotipo cineol:
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de risco mencionados anteriormente – há estudos de
que a molécula cineol, inclusive, pode ser hipotensora
em alguns casos; o terceiro, qt. verbenona, é indicado
para desequilíbrios hormonais e hepáticos, e não
possui as propriedades estimulantes dos outros
quimiotipos.
Alguns quimiotipos podem, ainda, desenvolver
subquimiotipos, também chamados de raças químicas
variáveis, por se alterarem facilmente com as
mudanças na região de cultivo. É o caso dos tomilhos,
que possuem um aroma mais doce se colhidos no
inverno, já que nessa época a proporção de acetato de
geranila torna-se maior que a de geraniol.
Geotipos
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Embora as propriedades dos óleos essenciais de
diferentes geotipos se mantenham basicamente as
mesmas, a qualidade aromática de cada um pode
apresentar diferenças. É o caso do gerânio
(Pelargonium graveolens) e suas geotipias Roseum,
Bourbon, África, China e Egito.
No exemplo do gerânio, os gt. Roseum, Bourbon e
África possuem um teor maior de geraniol, conferindo
aos seus OEs uma qualidade olfativa similar ao óleo
essencial de Rosas. Por esse motivo, são os geotipos
preferidos da Perfumaria Botânica, além de terem
mais evidentes as propriedades terapêuticas do
geraniol, sendo excelentes equilibradores hormonais,
antidepressivos e ansiolíticos. Por outro lado, os gt.
China e Egito possuem maior teor de citronelol, de
aroma mais cítrico e “citronelado”, sendo bastante
usados para repelir insetos, além de destacar outras
propriedades da molécula majoritária. Todos os
geotipos terão as mesmas propriedades, com aspectos
mais acentuados que os outros devido às pequenas
diferenças de proporção molecular.
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Os autores
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pelo Centro Universitário de Brasília, é, também, poeta
e escritor. Dedicado ao estudo de práticas orientais de
saúde desde a infância, tem uma relação íntima muito
especial com a Natureza e com a Alquimia, sua maior
inspiração. É médico da tradição chinesa em formação,
além de ter acumulado os saberes de diversos cursos,
em especial, na área da Aromaterapia, da Fitoterapia,
da Cosmetologia Natural, Saboaria Natural e da
Alquimia Espagírica.
Jessica Carvalho Bergmann é proprietária do Ser
Elementar, aromaterapeuta, alquimista, estudante de
espagiria e da natureza. Graduada em Ciências
Biológicas na Universidade de Santo Amaro (SP),
especialista em Biologia Molecular, com mestrado na
Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e
doutorado na Universidade Católica de Brasília.
Apaixonada pelo cerrado, por Brasília e por pesquisa,
dedica uma boa parte do tempo em experimentar as
diferentes alquimias que existem na vida sempre com
o objetivo de modificar mente e coração e se tornar
uma pessoa cada vez melhor.
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Referências
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PRICE, S.; PRICE, L. Aromatherapy for health
professionals. Londres, Reino Unido: Churchill
Livingstone, 2007.
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https://www.apotecariosdafloresta.com
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