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Raissa Araújo Mendes e Ronan Silva Cardoso
MANUAL DE AROMATERAPIA
Volume 3
Alquimia Operativa Aplicada à Aromaterapia
2ª edição
Brasília-DF/Brasil
Edição dos autores
2020
ORGANIZAÇÃO
Apotecários da Floresta
TEXTOS
Raissa Mendes e Ronan Cardoso
ILUSTRAÇÕES
Adobe Stock
Apresentação .......................................................................................... 1
Alquimia e Espagiria .......................................................................... 2
Assinatura das plantas aromáticas ......................................... 5
Procedência, cultivo e colheita ................................................ 13
Métodos de extração ....................................................................... 22
Controle de qualidade .................................................................... 39
Os autores ............................................................................................... 45
Referências ........................................................................................... 47
Olá, aromaterapeuta!
Vamos nessa?
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Alquimia e Espagiria
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Na Espagiria Vegetal, o óleo essencial tem um
lugar de muita importância: ele é considerado a alma
da planta, uma das manifestações mais sutis de sua
existência divina. Para ser obtido, portanto, cada
processo precisa ser feito cuidadosamente, de modo a
extrair uma substância realmente pura.
São levados em consideração o plantio, o cultivo e
a colheita nas lunações, horários, épocas do ano
corretas e diante de eventos astrológicos específicos
para que o produto final mantenha sua pureza. O
espagirista, ou alquimista operativo, precisa, ainda,
manter uma relação de bastante proximidade e estudo
com a planta usada, além de muito autoestudo para
que esteja sempre em conexão com os elementos e os
princípios alquímicos.
Na extração, é usada especialmente a destilação,
respeitando as especificidades de cada planta. Na arte
espagírica, é dito que destilar é simplesmente separar
o sutil do denso e o denso do sutil, tornar indestrutível
o frágil e delicado, tornar imaterial o concreto, tornar
espiritual o corpóreo, e belo aquilo que é vulgar.
Ao final da destilação, a alma da planta pode se
juntar a outras extrações para a criação da
quintessência, substância que reúne as partes mais
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puras e concentradas da planta. É a mais divina e
completa medicina obtida daquela matéria.
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Assinatura das plantas aromáticas
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dos alimentos eram capazes de indicar suas aplicações
fitoterápicas.
Ainda hoje, povos nativos, xamãs, pajés, raizeiras
e erveiras cultivam esses saberes adquiridos
diretamente do diálogo que possuem com o reino
vegetal e o passam de geração a geração, mantendo
viva a conexão entre nossos sentidos e o universo
encantador das plantas.
Na história da Alquimia, inspirado por essa
conexão, Paracelso desenvolveu a assim chamada
Doutrina das Assinaturas, um interessante registro
das relações existentes entre os universos micro e
macro (o que está em cima é como o que está embaixo,
como bem lembram as leis alquímicas). Para ele, as
plantas se assemelham ao que elas curam, ou ao menos
nos oferecem alguns indicadores, algumas
assinaturas, que nos dão uma noção daquilo para que
elas servem. As assinaturas podem ser percebidas
principalmente através das cores, texturas, formatos,
aromas e localização das plantas.
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Cor
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harmonizariam tais chakras e os órgãos
correspondentes. E de fato: as lavandas atuam
diretamente em órgãos e sistemas superiores, como
em nosso Sistema Nervoso Central, aliviando tensões,
diminuindo a ansiedade (ou estimulando a mente, a
depender do tipo de lavanda), e com propriedades
antipsicóticas.
Textura
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regeneradoras da pele. É a sabedoria da Natureza
estampada na textura.
Formato
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De maneira similar, o óleo essencial (entre outros
princípios ativos) da maioria dos gêneros
pertencentes à espécie Pinus tem uma importante
atuação em nossas vias respiratórias, tonificando e
desobstruindo, além de atuarem no fortalecimento da
imunidade, no combate a fungos e bactérias e na
elevação dos pensamentos.
Aroma
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E o tão amado – e ao mesmo tempo detestado –
vetiver (Crysopogon zizianoides), com seu aroma
terroso, levemente amadeirado, com um toque
lenhoso, de enraizamento? Suas notas aromáticas
baixas remetem justamente os seus propósitos e
sabedoria telúrica: aterramento, calma, tranquilidade,
força. É uma planta que atua desacelerando os
pensamentos, aliviando emoções intensas e
diminuindo dores.
Localização
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meio aparentemente tão agressivo: ela é altamente
protetora da pele, hidratante, cicatrizante,
regeneradora do tecido epitelial, atuando em casos de
ressecamento e rachaduras na pele, além de trazer
toda a calma, tranquilidade e resistência que só uma
planta que vive sozinha no deserto teria.
De maneira similar e ambiente diferente, o
wintergreen (Gaultheria procumbens) cresce em
climas extremamente frios, nas montanhas e florestas
de países do hemisfério norte, e dentre as suas
diversas propriedades está a capacidade de levar calor
para o corpo no frio e protege-lo de dores, inflamações,
resfriados, gripes e tosses.
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Procedência, cultivo e colheita
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Influências lunares
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rizomas (gengibre, cúrcuma, turmérico) ou raízes
aromáticas (como o vetiver).
Nem todo agricultor leva em consideração essas
influências, mas sabe-se atualmente que plantas
cultivadas e colhidas de acordo com as fases lunares
possuem uma concentração de ativos maior que a
daquelas que não utilizam esse sistema.
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que podem fortalecer suas moléculas aromáticas
(como fatores estressantes e a necessidade de
sobreviver em meio a outras espécies, por exemplo).
O ideal seria que somente as plantas
desenvolvidas de forma selvagem fossem usadas para
extração de óleos essenciais de finalidade terapêutica.
Como isso é praticamente impossível, uma opção é a
utilização de sistemas alternativos à monocultura,
como a agricultura sintrópica.
A agricultura sintrópica é um sistema
sustentável de uso da terra, que associa cultivos
agrícolas com florestais (os famosos sistemas
agroflorestais - SAFs), recupera facilmente os recursos
naturais e trabalha com diferentes microclimas,
plantando diversas espécies distintas juntas. A ideia é
a de que as diferentes plantas se ajudem e se
regenerem, tal como acontece nas florestas.
Diferente do que acontece na monocultura,
plantas aromáticas cultivadas em sintropia
desenvolvem óleos essenciais mais fortes e de maior
qualidade, justamente por este ser um sistema que
“mimetiza” o que elas viveriam na vida selvagem. Isso
sem contar que nos sistemas agroflorestais não são
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usados agrotóxicos, o que ajuda ainda mais a planta a
se fortalecer naturalmente.
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agrotóxico desfavorece o desenvolvimento de
algumas moléculas aromáticas, já que ele não coloca a
planta em situações de estresse, em que ela precisa
desenvolver suas defesas naturais. Por estes e outros
motivos, é preferível que se utilize terapeuticamente,
sempre que possível, somente OEs obtidos de
plantações orgânicas (como aquelas dos sistemas
agroflorestais), que optam pela otimização dos
recursos naturais.
Entretanto, no Brasil há algumas controvérsias
envolvendo o cultivo orgânico. Para uma produção ser
considerada orgânica, a empresa ou produtor precisa
adquirir um certificado em empresas vinculadas ao
Ministério da Agricultura. É um processo caro e moroso,
com preços que variam de acordo com a empresa, mas
que geralmente são um entrave para os pequenos
produtores. Por isso, ainda que de fato façam um
manejo orgânico, pequenos agricultores não
costumam ser certificados.
Outro ponto controverso quanto a essa forma de
cultivo é que, mesmo permanecendo certificadas como
orgânicas, algumas empresas utilizam agrotóxicos em
alguns de seus produtos, afetando aqueles que estão
certificados. Isso acaba ocorrendo porque as vistorias,
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na prática, não acontecem com a frequência prevista
em lei, e faltam análises laboratoriais para a
comprovação de que naquele produto não há nenhum
traço de agrotóxico.
Ainda que estas controvérsias existam, ainda
assim é mais seguro optar pelos óleos essenciais
orgânicos, quer estejam certificados ou não,
principalmente quando se trata daqueles extraídos
por prensagem à frio. Caso você os adquira de
pequenos produtores, se for possível visite o local onde
as plantas são cultivadas. De grandes empresas, peça
sempre as análises químicas dos OEs. E quando não for
possível utilizar os orgânicos, opte por aqueles cuja
procedência é de países que não permitem o uso
abusivo de agrotóxicos.
Colheita
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com a ajuda de maquinários, o que pode machucar
indevidamente a planta e colher partes não
necessárias para a extração. Por isso, o ideal é que a
colheita seja feita à mão, com o corte no local correto,
permitindo a continuidade saudável do
desenvolvimento de cada planta – sem contar que
colher manualmente nos aproxima ainda mais
daquela planta, não é mesmo?
Outro fator a ser considerado é o momento em que
a colheita é feita. Alguns óleos essenciais demandam
que suas plantas sejam colhidas em épocas do ano,
lunações e horários específicos, como já nos avisavam
os espagiristas; caso contrário, podem apresentar
variações bastante relevantes em sua composição
química.
A lavanda francesa (Lavandula angustifolia), por
exemplo, deve ser colhida para extração somente após
o período de polinização, depois que as abelhas deixam
de visitar as plantações. Já a camomila alemã
(Matricaria recutita), se colhida pela manhã, seu OE
possuirá um alto teor de alfa-bisabolol, um de suas
principais moléculas anti-inflamatórias; por outro
lado, se colhida ao final da tarde, apenas traços de alfa-
bisabolol aparecerão em seu óleo essencial. Outro
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exemplo é o da sálvia dalmaciana (Salvia officinalis),
cujo teor de tujona é de menos de 26% se a colheita é
feita na primavera e de mais de 51% se feita no outono.
Quando não podemos ser os próprios produtores e
estes dados não são passados pelo fornecedor, a única
forma de se certificar sobre os teores moleculares
adequados do OE é a partir de documentos que relatem
a análise química daquela substância, como a
cromatografia. Falaremos dela mais adiante.
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Métodos de extração
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• Como o produto final será usado. Se o objetivo é
utilizar um óleo essencial de laranja doce (Citrus
sinensis) na pele durante o dia, por exemplo, pode ser
mais interessante extraí-lo por destilação e não por
prensagem, já que por este método as
furanocumarinas (como o bergapteno) presentes
nas cascas dos frutos cítricos não conseguem ser
extraídas. Elas podem possuir propriedades
ansiolíticas interessantes, mas são fototóxicas:
quando usadas na pele, em contato com a luz do sol,
podem causar manchas.
• Propriedade terapêutica e composição molecular
que se deseja alcançar no produto final. Como uma
continuidade do ponto mencionado anteriormente,
levar em consideração as propriedades desejadas no
OE é fundamental para a escolha do método correto.
Além dos próprios cítricos, algumas plantas, como a
camomila-alemã/azul (Matricaria recutita), têm sua
estrutura química modificada a depender do tipo de
extração usada. Se a planta for destilada, por
exemplo, um de seus compostos químicos, a
matricina, é degradada pelo calor da destilação e
transformada em camazuleno, composto que dá cor
azul ao OE, além de fornecer propriedades anti-
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inflamatórias e antialérgicas. Já no caso do olíbano
(Boswellia carterii), se extraído por CO2 supercrítico,
produz um óleo rico em triterpenóides, os quais
possuem importante ação anti-inflamatória; se o OE
for obtido por destilação, no entanto, estes
componentes são degradados durante o processo e
não aparecem na composição.
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Utiliza-se destiladores específicos, similares a um
alambique, de materiais como vidro ou inox – e às
vezes de ferro ou cobre. Na estrutura básica de um
destilador, há uma fonte de calor (como fogo ou
aquecimento elétrico), uma caldeira para se colocar
água e transformá-la em vapor, uma dorna onde é
colocado o material vegetal, um condensador por onde
passarão o vapor e as moléculas aromáticas, e um
decantador.
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Pela ação do calor, o vapor produzido na caldeira
com água circula através do material vegetal,
liberando as moléculas voláteis que antes estavam
armazenadas nas células e estruturas secretoras da
planta. Estas moléculas são arrastadas pelo vapor e
passam por um processo de resfriamento, onde são
condensadas juntamente com o vapor. Ao final restam,
então, dois subprodutos: em maior quantidade, a água
(que será chamada de água floral, hidrolato ou
hidrossol, e possui diversas propriedades terapêuticas
importantes) e, em menor quantidade, na parte
superior da água, o óleo essencial. Para separá-los,
utiliza-se a decantação.
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O tempo do processo e a temperatura adotada
variam de acordo com o tipo e quantidade de plantas
usadas. Na maioria das vezes, a temperatura de
aquecimento da água é superior a 100ºC, com tempo
mínimo de 3 horas para a extração completa. Quanto
mais lento o processo de destilação, mais compostos
químicos são colhidos.
Hidrodestilação
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Uma vantagem deste método é o fato de ele ser
mais barato e mais simples. No entanto, a temperatura
de aquecimento da água não pode passar de 100ºC; caso
contrário, o material vegetal será queimado,
ocasionando na perda dos subprodutos.
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Prensagem à frio
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Extração por solventes químicos
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Durante o processo, as plantas são imergidas em
algum solvente químico volátil, como hexano, butano,
éter, acetato ou outro derivado do petróleo. Depois de
algumas horas de imersão, começa a ser originado o
chamado óleo concreto, uma substância pastosa
composta por ceras, gorduras, parafinas e pigmentos
da própria planta, resquícios dos solventes e moléculas
aromáticas (de 20 a 50% do concreto é composto por
moléculas aromáticas). Mesmo pastoso, ele pode ser
usado na Perfumaria, principalmente na composição
de perfumes sólidos.
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Contudo, para se obter um óleo mais fino e retirar
os solventes, as ceras, parafinas e outras substâncias,
o concreto é diluído em álcool, que será evaporado com
a ajuda de um leve aquecimento. As moléculas de
álcool, carregando as moléculas aromáticas do
concreto, podem passar por um condensador, até que
se obtenha somente um subproduto aromático mais
líquido e fino, que será chamado de óleo absoluto. O
absoluto pode ser também chamado de óleo essencial,
mas por conta de sua complexidade molecular,
diferente dos produtos extraídos por destilação e
prensagem, o mais correto é chama-lo simplesmente de
absoluto.
Uma das desvantagens desse tipo de extração é a
de que o óleo absoluto, mesmo passando por uma
“limpeza” alcoólica, pode conter resquícios de
solventes, tornando-o inadequado para algumas
aplicações aromaterapêuticas (como a ingestão e a
aplicação tópica). Dessa forma, esse tipo de absoluto
acaba sendo usado somente para inalações ou para a
criação de perfumes. Quando a porcentagem de
solvente é menor que 1%, no entanto, algumas
pesquisas indicam que não há prejuízos para a pele,
tornando-o disponível também para aplicações tópicas.
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Extração por CO2
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Para extrair corretamente as substâncias
aromáticas, o dióxido de carbono precisa atingir seu
estado supercrítico (ou hipercrítico). Em temperatura
ambiente e pressão atmosférica de 1 atm, o CO2 está na
forma completamente gasosa; quando resfriado, ele se
solidifica (é o famoso “gelo seco”); em outras
temperaturas e pressões, pode ainda ficar em estado
líquido. Sob pressão de pelo menos 200 atm e
temperaturas maiores que 35ºC, o CO2 assume seu
estado supercrítico: nesse momento, ele compartilha
tanto das qualidades de um gás quando de um líquido,
o que o torna um solvente excelente para as
substâncias aromáticas encontradas nas plantas. Veja
o gráfico abaixo, que explica essas variações:
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No CO2 supercrítico, são dissolvidos com facilidade
outros princípios ativos da planta, como ceras,
carotenoides, flavonoides e alcaloides, restando
somente os compostos aromáticos.
No processo de extração, o material vegetal é
colocado em um tanque onde é injetado o CO2 que,
mantido em estado supercrítico (pelo menos 200 atm e
35ºC), extrai as moléculas aromáticas das plantas. Uma
vez efetuada a extração, a pressão diminui e o CO2
volta ao estado gasoso, não deixando qualquer resíduo
no óleo. Este produto final também será chamado de
óleo absoluto por conta de sua complexidade
molecular.
Enfleurage
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mas que facilmente pode ser replicado
artesanalmente.
Em uma placa retangular de vidro, colocam-se
camadas de gordura (geralmente de origem vegetal,
como os óleos graxos de coco-da-praia, coco babaçu e
palmiste) juntamente com as pétalas das flores
frescas. Estas placas são postas umas sobre as outras,
de modo a evitar o contato direto com o ar atmosférico.
De tempos em tempos (geralmente com um intervalo
de 24h), as pétalas antigas são substituídas por novas,
também frescas, sem substituir a gordura. Após um
período que pode variar de 1 a 10 semanas, a gordura,
que age absorvendo o aroma, chega em seu ponto de
saturação em relação aos óleos das flores, não
precisando mais substituir as pétalas. Em seguida, são
retiradas todas as flores restantes, a gordura é
filtrada e colocada em outro recipiente, onde será
adicionado álcool. Essa solução ficará em repouso por
algumas horas, até que a gordura seja quebrada, o
álcool evapore e reste apenas o subproduto aromático,
o óleo absoluto.
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Cena do filme “Perfume, a história de um assassino”, demonstrando o
enfleurage
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Controle de qualidade
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• 100% puro: deve ser livre de misturas com outros
óleos essenciais similares ou moléculas isoladas, e de
qualquer outra substância sintética ou natural que
não sejam as suas moléculas aromáticas
naturalmente extraídas no método usado. Para se
conseguir um óleo essencial mais barato, algumas
empresas fazem sinergias entre OEs ou moléculas
naturais isoladas que, juntos, mimetizam o aroma
de um produto mais caro. Outras empresas também
podem acabar misturando OE similares para fazer
render mais o produto final (algumas usam
diferentes lavandas e lavandins na lavanda
francesa, por exemplo).
• 100% completo: não deve ser descolorado, colorizado
(geralmente acontece com a adição de anilina),
tampouco desterpenizado (quando são retirados os
hidrocarbonetos sesquiterpênicos do OE). Na
indústria de perfumes e alimentos, o uso de óleos
desterpenizados é muito comum. Contudo, a
desterpenização resulta numa perda em eficácia
terapêutica ou pode até fazer com que a toxicidade
do OE aumente, tornando-o inviável para uso
terapêutico.
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Para que se tenha alguma garantia de que aquele
óleo essencial é, de fato, 100% natural, puro e completo,
contendo os níveis moleculares esperados de um
produto de qualidade terapêutica, podem ser usadas
algumas técnicas de controle de qualidade. As
principais técnicas são feitas por controles físicos e
controles químicos.
Os controles físicos mais usados são a análise
organoléptica e o estudo das constantes físicas em
temperatura constante. O primeiro é feito a partir da
avaliação da coloração, aroma e sabor de uma amostra
de OE. No segundo, são observados fatores como a
densidade, solubilidade em álcool, rotação óptica e
índice de refração. Ao final, os dados obtidos nesses
controles são disponibilizados em laudos técnicos do
produto, que devem ficar disponíveis para os clientes
da empresa.
Os controles químicos são realizados por métodos
como a cromatografia gasosa, que permite a separação,
identificação e quantificação das moléculas presentes
em uma amostra de OE. Empresas confiáveis
submetem todos os lotes de seus OEs a cromatografias
gasosas e fornecem os cromatogramas para os clientes,
para que qualquer pessoa tenha acesso a quais grupos
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moleculares estão presentes naquele OE, se estão nas
porcentagens esperadas, se há alguma quimiotipia e se
há qualquer adulteração.
Embora os controles acima sejam feitos em
laboratório, é possível utilizar alguns métodos mais
simples em casa também. Para tal, verifique sempre se
o OE:
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• Tem, em seu rótulo, informações como nome popular,
nome botânico/científico, método de extração,
partes da planta usadas na extração, país/região de
cultivo, geotipia/quimiotipia (quando houver), além
do número do lote, data de extração, data de envase,
nome ou código do responsável técnico e CNPJ da
empresa. Algumas empresas colocam, ainda, os
nomes das moléculas majoritárias. Empresas pouco
confiáveis costumam colocar o mínimo de
informação possível no rótulo, ou adicionam dados
que deixam claro o uso de outras substâncias junto
com o OE.
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• Estocar os frascos longe da luz e do valor, em
temperaturas que variem entre 5 e 40ºC.
• Deixar seus frascos sempre bem fechados para
evitar a volatilização progressiva.
• Não deixar os vidros no carro, na bolsa, nem deitados
em gavetas.
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Os autores
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pelo Centro Universitário de Brasília, é, também, poeta
e escritor. Dedicado ao estudo de práticas orientais de
saúde desde a infância, tem uma relação íntima muito
especial com a Natureza e com a Alquimia, sua maior
inspiração. É médico da tradição chinesa em formação,
além de ter acumulado os saberes de diversos cursos,
em especial, na área da Aromaterapia, da Fitoterapia,
da Cosmetologia Natural, Saboaria Natural e da
Alquimia Espagírica.
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Referências
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PETRINUS, R. A grande obra alquímica. Santa Catarina:
Clube de Autores, 2017.
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https://www.apotecariosdafloresta.com
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