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Aromaterapia no seu dia a dia

por Atmo Kamini


MÉTODO DE EXTRAÇÃO
Denomina-se processo de extração a retirada do óleo essencial da espécie vegetal.
Cada método é capaz de produzir um tipo diferente de óleo essencial, com uma
composição química distinta, ainda que se utilize a mesma espécie vegetal.

Os métodos mais utilizados são:

1. Extração a vapor:
Também chamado de destilação a vapor, é um método tradicional de produção de
óleos essenciais. Consiste em extrair o óleo essencial a partir da ruptura da parede
celular das “bolsas” ou tricomas secretores, onde está o óleo essencial, quando o vapor
d’água passa a ter uma temperatura acima de 80​° C.
O sistema apresenta quatro etapas:

1. caldeira;
2. extrator;
3. condensador; e
4. separador.

A ​caldeira​, comum a vários processos da engenharia química, é o primeiro equipamento.


Sua função é gerar vapor d’água, podendo ser a óleo, a gás ou à a lenha por conta do acesso
mais fácil à a plantação. Semelhante a uma fornalha, onde é colocada a lenha, o fogo aquece
uma tubulação por onde passa a água, que é aquecida até sua temperatura de vaporização(
100°C) e, adquirindo a forma de vapor, segue para o extrator.

A segunda etapa é o ​extrator, ​recipiente onde é colocada a espécie vegetal e por onde
passa o vapor d’água. Um tipo de panela ou grade com orifícios no fundo e nas laterais, pelos
quais passa o vapor d’água. Podemos imaginar como uma panela de pressão, que em algumas
literaturas tem referências de como se extrair óleos essenciais a utilizando e claro, com mais
outros equipamentos para facilitar o processo.

A terceira estrutura é o ​condensador​, é um tipo de serpentina onde ocorre a condensação


da mistura água OE, que do estado de vapor passará ao estado líquido. Essa etapa ocorre a troca
de calor entre a água fria - que provém de fora do sistema - e a mistura vapor d’água - OE. Essas
duas águas não se encontram, apenas entram em contato através das paredes dos tubos. a água
fria pode estar na parte interna ou externa da tubulação, isso vai depender do tipo de equipamento

O ​separador​, último estágio do processo, ocorre a separação entre o óleo essencial e a


água. Algumas normas exigem que esta etapa esteja isolada por uma parede alvenaria. O óleo
essencial normalmente tem densidade menor que a da água e assim ele permanece na parte
superior, e a água, agora denominada hidrolato, estará na parte inferior do recipiente.
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Aproveito a oportunidade para falar sobre o Hidrolato, que assim como o óleo essencial é
terapêutico, ele representa a parte aquosa da extração a vapor, contém em si substâncias
químicas da plantas solúveis em água, além de uma mínima quantidade de constituintes do óleo
essencial. Assim, o hidrolato não deve ser descartado. Por causa de sua sutileza, o hidrolato é
indicado para uso em crianças, idosos, animais em especial, mas todos nós podemos nos
beneficiar com a sua medicina, pois além de ser mais acessível, poderemos utilizar diretamente
na pele, via ingestão e também com mais segurança, pois nele contém partículas diluídas do óleo
essencial.

Algumas plantas podemos também utilizar o bagaço pós extração, como adubo ou em
caso como a citronela, adicioná-la ao alimento dos animais. No caso da citronela, ao ser
metabolizado no organismo do animal, libera pelos poros as substâncias com ação repelente de
insetos.

abaixo seguem imagens coletadas na internet de modelos de destiladores:


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2. Extração Supercrítica:

​Existem comunidades que não aceitam a nomenclatura de óleos essenciais para a


produção a partir deste método. Por conta da possibilidade de direcionar a sua
composição química, obtendo-se um óleo essencial rico em componentes com maior
peso molecular, isto é, compostos com cadeias moleculares, mais pesados e mais
densos. Nesse processo é possível realizar a extração de componentes mais resinosos.

É um método ainda pouco utilizado devido ao elevado custo de seus


equipamentos. Consiste na extração a alta pressão, utilizando gás carbônico (C​O2) como
fluido de extração. Ele é adequado para a extração de óleo essencial de partes das
plantas como raízes, tubérculos e cascas de árvores, pois a alta pressão capaz de romper
as células destas partes do vegetal e, assim, extrair o óleo essencial que lá se encontra.
Esses materiais quando extraídos através da destilação a vapor, apresentam baixo
rendimento, obtendo reduzida quantidade de óleo essencial.

O equipamento é constituído das seguintes partes: cilindro de gás carbônico


(CO2), extrator, condensador e separador. O sistema operacional é semelhante a
destilação a vapor, com exceção da caldeira.

Segue imagem coletada na internet que demonstra o esquema operacional.


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3. Extração Subcrítica:

​ mesmo que acontece com o tipo de extração anterior, muitas comunidades não
O
aceitam a nomenclatura de óleos essenciais, em virtude do poder do homem de
“manipular” e direcionar a composição química do óleo essencial obtido por ele. Os óleos
essenciais extraídos desse método, possuem coloração muito clara.

É um método ainda pouco utilizado devido ao elevado custo de seus


equipamentos. Nessas condições, o CO2 transforma-se em solvente capaz de extrair os
componentes apolares e levemente polares da espécie vegetal. ​O óleo essencial
apresenta um aroma extremamente “fresco”, devido aos componentes de baixo teor
molecular, os quais podem ser perdidos na extração a vapor. São realizadas baixa
temperatura ( 0 a 10°C) mas em moderada pressão ( 70 atm). Este óleo essencial é
muito valorizado na perfumaria.

O equipamento é constituído das seguintes partes: cilindro de gás carbônico


(CO2), extrator, condensador e separador. O sistema operacional é semelhante a
destilação a vapor, com exceção da caldeira.
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3. Extração Por Gás Refrigerante:

​Esta extração baseia-se na utilização de uma substância química que tem


afinidade com as moléculas constituintes do óleo essencial, agindo assim como solvente.
Este solvente tem a característica fisico-quimica de ser um gás na temperatura e pressão
ambiente de 20°C e 1 atm, após realização da extração do óleo essencial, não
permanecendo como resíduo.O tipo de extração é semelhante ao da extração
supercrítica. Esta extração tem a capacidade de extrair um óleo essencial rico em
constituintes terpênicos que apresentam pequenas estruturas químicas, e por isso são
mais leves.

4. Extração A Vácuo:

​Esse método também em algumas comunidades não gostam da nomenclatura de


óleos essenciais, a explicação é semelhante a da extração supercrítica. Pode-se obter
óleo essencial com composição rica em componentes com menor peso molecular, isto é
composto com cadeias moleculares menores e mais leves.

É um método ainda pouco utilizado devido ao custo elevado dos equipamentos, ele
é mais aplicado por alguns laboratórios de pesquisa que utilizam como forma de
aquecimento do vegetal o forno de micro-ondas.

Consiste em aquecer o vegetal em um recipiente dentro de um forno de


micro-ondas, de modo a realizar a ruptura das paredes celulares e dos tricomas
secretores do óleo essencial a fim de volatilizar o óleo essencial transformando-o em
vapor. O ambiente em que isso ocorre é totalmente fechado. O forno e o recipiente ficam
ligados a uma câmara de vácuo que é uma câmara com pressão negativa. O óleo
essencial na forma de vapor é então, “puxado” pelo vácuo para fora do forno de
micro-ondas e levado ao condensador. A partir dessa etapa, o processo é semelhante ao
método de extração por gás refrigerante. Desse modo, obtém-se apenas o óleo essencial,
inexistindo o hidrolato, uma vez que não há água no processo.

É um método adequado para extrações de óleo essencial de pétalas e partes finas


da planta.
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5. Extração por Extrusão ou Prensagem à frio:

​Esse método reconhecido internacionalmente para a produção de óleos


essenciais. Em algumas comunidades a denominam de óleos essenciais de óleos cítricos,
pois a sua maioria são extraídos das cascas do fruto cítrico.

Essa forma de extração, consiste em espremer as cascas dos frutos, sem


aquecimento, na temperatura ambiente, e assim obter o óleo essencial. Método utilizado
como aproveitamento das cascas pela indústria de sucos no Brasil, o que justifica o fato
de o país ser um dos maiores produtores de óleo essencial de laranja. Na prática:
colheita, lavagem e prensagem das frutas; centrifugação e retirada da camada superior de
óleo essencial que está sobre o suco da fruta.

O método de prensagem não elimina a possibilidade de constituintes químicos de


estrutura ácida e altamente reativos, presentes nas cascas das frutas. Isso poderia
ocorrer se caso fosse empregado o método de extração a vapor, por causa da elevada
temperatura, o que acarretaria alteração química e logo alteração do aroma do óleo
essencial.

Algumas substâncias se fazem presentes no óleo essencial extraído por este


método e desaparecem, por se degradarem, por se extrair pelo método a vapor. É o que
acontece com a substância química bergapteno ( 5-metoxip-soraleno [ 5-MOP], da classe
química da furanocumarina, presente na casca de cítricos que é responsável pelas
manchas na pele, quando manipulamos e depois nos expomos ao sol. Ele pode interagir
com o ácido desoxirribonucleico (​deoxyribonucleic acid - DNA) celular da pele, quando
submetido à ação da luz ultravioleta (UV) solar, causando disfunção celular e um efeito
mutagênico localizado na região.

Por isso é importante saber o método que o óleo essencial foi obtido, normalmente
vem nos rótulos: óleo essencial de laranja sem bergapteno ou LFC livre de
furanocumarina. E se caso, ele não conste isso, tenha cuidado de ao utilizar não se expor
ao sol.
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6. Extração por Enfleurage ( enfloração):

Esse método é um dos métodos mais antigos utilizados para a extração de óleos
essenciais de pétalas de flores, sendo ainda hoje utilizado. Alguns autores não
consideram esta extração como produtora de óleo essencial, e sim de concreto ou
absoluto.

O agente extrator é a gordura vegetal ou animal. O método se baseia em colocar


as pétalas recém-colhidas de flores sobre uma camada de gordura que se encontra em
bandejas. É uma extração sem aquecimento, em temperatura ambiente. O óleo essencial
começa a migrar da pétala para a gordura, processo este denominado extração. As
pétalas são trocadas diariamente por vários dias, de 30 a 40 vezes, até que a gordura
esteja saturada com o óleo essencial.

Esta gordura com o óleo essencial é denominada concreto ou pomada, e pode ser
utilizada para cremes, óleos de massagem, óleos de banho e unguentos.

O óleo essencial nesse meio pode ser extraído da fase gordurosa para uma fase
alcoólica por meio da adição de álcool de cereais. Adiciona o álcool e realizar uma
extração mediante agitação. Depois disso, espera-se a separação das duas fases, a fase
álcool e a fase gordura. O óleo essencial no álcool de cereal é denominado de absoluto.

Os óleos essenciais extraídos desse método são extremamente caros, pelos


seguintes motivos:

● método artesanal e manual;


● longo tempo para a extração esteja finalizada;
● obtenção de óleo essencial - 1000 kg de pétalas geram 500ml de óleo
essencial
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7. Extração por Solvente:

Esse método assemelha-se à extração por hidrodestilação, porém utiliza um


solvente hidrocarboneto como extrator. O solvente utilizado é o hexano, derivado de
petróleo, que apresenta estrutura química composta de carbono e hidrogênio.

Coloca-se a parte da planta de onde se objetiva retirar o óleo essencial em um


recipiente com hexano. Aquecendo-se diretamente esse recipiente em manta elétrica,
atinge-se a fervura, desse modo ocorre a ruptura da parede celular. Começa o processo
de volatilização do solvente e do óleo essencial, agora ja extraído da planta. A mistura do
solvente com O.E atingi forma de vapor. O recipiente todo fechado, estando ligado, por
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um meio de um tubo, a uma serpentina refrigerada. Ocorre a condensação do solvente e
do óleo essencial, que voltam ao estado líquido.

Neste caso, o óleo essencial mantém unido ao solvente, em outra etapa, que é a
de evaporar o solvente, objetivando permanecer apenas com o óleo essencial. Assim
chegamos ao produto denominado de concreto.

Se acrescentarmos álcool de cereal ao concreto, extraindo o óleo essencial para a


fase alcool de cereais, realizamos assim, uma extração e uma purificação. Denominamos
de absoluto.

Normalmente não se devem utilizar na aromaterapia óleos essenciais que foram


extraídos nesse processo, em virtude do resíduo de solvente que permanece. O concreto
e o absoluto podem ser utilizados pela perfumaria.

8. Extração por Óleo:

Esse método baseia-se em imergir a planta aromática em óleo vegetal. O óleo


vegetal começará a executar o processo de extração do óleo essencial, do tricoma da
planta para o óleo vegetal. O processo é lento e pode durar até 3 anos, dependendo da
planta.

após a extração, não há necessidade de realizar nenhum outro procedimento, nem


mesmo a filtração da planta. Utiliza-se esse óleo na culinária, em massagens e
bandagens.

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