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Universidade do Rio de Janeiro - UNIRIO

Centro de Ciências Biológicas e da Saúde - CCBS


Escola de Ciências Biológicas - ECB
Departamento de Ciências Naturais - DCN
Disciplina de Química Orgânica

Prof.: Edwin Gonzalo Azero Rojas


Curso: Biomedicina
Aluno: Carole Sant’ana Massolar da Silva
Turma: 1 N° da prática: 3

Prática realizada em: 15/10/2013

Título da Prática: Extração por solvente – Extração de óleos vegetais

Rio de Janeiro
I. Objetivos

Extrair óleo vegetal da noz moscada.

II. Introdução

Os óleos vegetais são espécies de gorduras extraídas, na maioria das vezes, de


sementes de plantas oleaginosas, de consistência espessa, oleosa, não voláteis (não
evaporam facilmente), com alto poder emoliente e de nutrição, e ainda podem apresentar
propriedades terapêuticas [1] [2]. São ricos em proteínas, ácidos graxos, vitaminas e sais
minerais. Estes compostos são ésteres de glicerina e uma mistura de ácidos graxos. São
insolúveis em água, entretanto, são solúveis em solventes orgânicos, o que proporciona o
seu emprego nas indústrias [3]. Após o processamento físico-químico, o óleo vegetal
pode ser utilizado como lubrificante, óleo de cozinha, na produção de biocombustíveis,
cosméticos, medicamentos, entre outros. São extraídos, principalmente, da soja,
mamona, dendê, girassol, noz moscada e muitas outras [1].
A noz moscada é uma especiaria proveniente da semente do fruto da Moscadeira
(Myristica fragans), largamente comercializada na indústria farmacêutica, na perfumaria e
na tabacaria, e também é utilizada como uma das principais fontes de obtenção de óleos
vegetais. É muito utilizada como condimento na culinária [4], além de possuir
propriedades medicinais, como no tratamento de reumatismo, de problemas nervosos,
digestivos e de dores de dente (uso tópico), além de possuir considerável função
antioxidante. Seu consumo em grandes quantidades pode gerar efeitos alucinógenos, e
se consumida em quantidade significativa e com regularidade, pode causar danos ao
fígado, desidratação e náuseas. Em excesso, tem efeito abortivo, pode causar paralisia
muscular, convulsão e até a morte [5]. Sua composição química é bastante variável, em
média contém: 9.0% de água; 96.5% de compostos nitrogenados; 33% de gorduras; 4.5%
óleos essenciais; 27 % de amido; 14.5% de extratos não nitrogenados; 3% de celulose e
2,5% de cinzas. Seu óleo essencial tem na sua composição a miristicina (C 13H12O3) que
atua como narcótico e é tóxica se ingerida em grandes quantidades [4].
A obtenção de óleos vegetais, muitas vezes, é feita pelo método de extração por
solvente. A extração ocorre em dois processos: extração sólido-líquido e difusão. O
primeiro processo consiste na dissolução do óleo em um solvente apolar, produzindo uma
mistura homogênea, na qual as moléculas do soluto passarão a interagir com o solvente
de forma semelhante à que interagem entre si. Para facilitar a penetração do solvente no
interior das sementes, o material a ser extraído é triturado e laminado [6] [7].  Já o
segundo processo, geralmente é feito pelo método de destilação simples, quando as
diferenças de temperatura de ebulição dos compostos a serem separados são de pelo
menos 80°C.
A destilação simples é realizada a partir do aquecimento de uma solução visando
separar duas ou mais frações da mesma. O líquido mais volátil – o que possui menor
ponto de ebulição – passará para o estado de vapor dirigindo-se ao condensador de tubo
reto, cuja camada mais externa está sendo percorrida por água fria. Quando o vapor entra
em contato com as paredes frias do condensador, ele se condensa e a substância volátil
é obtida em sua forma líquida. Sendo assim, as substâncias são separadas, e no caso do
experimento realizado, separa-se o solvente apolar do óleo vegetal [8] [9].
III. Materiais e métodos

i. Materiais utilizados

 Balão de fundo redondo de 250 mL


 Balão de fundo redondo de 100 mL
 Balão de fundo chato de 125 mL
 Condensador de refluxo
 Manta de aquecimento
 Suporte universal
 Proveta de 50 mL
 Proveta de 10 mL
 Proveta de 5 mL
 Garra
 Mufa
 Argola
 Tela de amianto
 2 Espátulas de plástico
 Papel de filtro
 Balança de precisão
 Vidro de relógio
 Funil analítico
 Funil de transferência de sólidos
 Bastão de vidro
 Condensador de tubo reto
 Cabeça de destilação
 Termômetro de 350°C
 Rolha de termômetro
 Erlenmeyer de 250 mL
 Bécher de 250 mL
 Água destilada
 2 Tubo de látex
 Unha
 Pano úmido
 5 Pérolas de vidro

ii. Reagentes utilizados

 10 g de Noz moscada
 50 mL de Hexano
iii. Metodologia

A prática realizada foi dividida em duas etapas, a primeira para a extração do óleo
vegetal da noz moscada a partir do solvente apolar, e a segunda para isolar o óleo por
destilação simples. Deu-se inicio ao experimento a partir da montagem da aparelhagem
disposta na Figura 1.
Dando início à primeira etapa, pesou-se 10 g de noz moscada triturada, com o
auxílio de um vidro de relógio, que posteriormente foi transferida para um balão de fundo
redondo de 250 mL por meio de um funil de transferência de sólidos. Concomitantemente,
na capela, depositou-se 50 mL de hexano em um bécher de 250 mL, que foi
posteriormente medido mais precisamente em uma proveta de 50 mL, e assim, transferido
para o balão contendo a noz moscada com o auxílio de um funil analítico. Logo após, 5
pérolas de vidro foram inseridas ao balão. Como mostrado na Figura 1, montou-se um
sistema para a extração sólido-líquido, primeiramente posicionando a manta de
aquecimento sobre o suporte universal. Adaptou-se uma garra e uma mufa ao suporte,
que acomodaram o balão de 250 mL com 10 g de noz moscada e 50 mL de hexano
dentro da manta, e em seguida acoplou-se um condensador de refluxo à saída do balão.
A este, fixou-se dois tubos de látex, sendo um para a entrada de água e um para a saída,
e mantendo o sistema aberto em sua região apical, iniciou-se o aquecimento. Ligou-se a
manta de aquecimento no número 2, e a partir do início da ebulição do hexano foi iniciada
a contagem de 30 minutos para o aquecimento do balão. Após o período estipulado, a
manta de aquecimento foi desligada e o balão foi resfriado com o auxílio de um pano
úmido.
Ainda na primeira etapa houve a filtração do material para separar a parte líquida
(hexano + óleo vegetal) da parte sólida (noz moscada). Para este procedimento, montou-
se a aparelhagem de filtração simples, observada na Figura 2. Um balão de 100 mL foi
prendido a um conjunto garra-mufa e adaptado ao suporte universal. Acima do balão,
acoplou-se uma argola a uma mufa, que também foram adaptadas ao suporte, na qual um
filtro analítico foi posicionado juntamente com um papel de filtro com dobradura simples. A
solução obtida permaneceu no balão, e inseriu-se 5 pérolas de vidro em seu interior,
dando sequência à próxima etapa.

A segunda etapa foi iniciada a partir da disposição da aparelhagem de destilação


simples, observada na Figura 3. Primeiramente, três suportes universais foram dispostos
separadamente sobre a bancada do laboratório. Ao primeiro suporte universal, conectou-
se uma mufa com uma argola, e dispôs-se sobre a argola uma tela de amianto, e por cima
desta, a manta de aquecimento. O balão, contendo a solução e cinco pérolas de vidro, foi
disposto na manta de aquecimento, e a ele acoplou-se uma cabeça de destilação com
duas saídas, uma superior e uma lateral, sendo a superior tampada com uma rolha de
termômetro, e a lateral conectada ao condensador de tubo reto, preso ao segundo
suporte universal com o auxílio de garras e mufas. O termômetro de 0 a 350°C foi
encaixado à rolha, fazendo com que seu bulbo ficasse um pouco abaixo da saída lateral.
Para garantir uma maior segurança ao experimento, conectou-se uma mufa e uma garra
no suporte universal, e a segunda foi encaixada na cabeça de destilação para evitar o
risco de a estrutura da aparelhagem se desprender. Dando sequência à montagem,
acoplou-se uma unha ao condensador, que foi conectada ao terceiro suporte universal por
meio de uma unha e uma mufa. Posteriormente, dois tubos de látex foram conectados ao
condensador, sendo um para a inserção de água, na entrada inferior, e um para o
escoamento da mesma, na entrada superior. Abaixo da unha, foi disposto um erlenmeyer
de 250 mL para captar o material destilado. Ligou-se a manta de aquecimento no número
2, e observou-se no a temperatura por meio do termômetro para que não houvesse um
superaquecimento e uma consequente decomposição do óleo. A partir da diminuição da
temperatura, após se manter constante, a destilação foi encerrada. A manta de
aquecimento foi desligada, e em seguida o balão foi resfriado por meio de um pano
úmido. O óleo obtido foi transferido para uma proveta de 5 mL com o auxílio do funil
analítico, e mediu-se sua massa e seu volume. Os resultados obtidos foram utilizados
para calcular o rendimento da experiência.

Por fim todas as aparelhagens foram desmontadas e guardadas, e suas vidrarias


lavadas com água e detergente.

iv. Esquema de aparelhagem

Figura 1: Aparelhagem utilizada na Figura 2: Materiais utilizados para a


primeira etapa do experimento. filtração na segunda etapa do experimento.

1) Suporte universal
2) Manta de aquecimento
3) Balão de fundo redondo de 250 mL
4) Garra
5) Mufa
6) Tubo de látex
7) Condensador de refluxo
8) Balão de fundo redondo de 100 mL
9) Funil analítico
10)Argola
11)Papel de filtro

Figura 3: Esquema de aparelhagem de destilação simples, da terceira etapa do


experimento.
12)Termômetro
13)Rolha de termômetro
14)Cabeça de destilação
15)Tela de amianto
16)Condensador de tubo reto
17)Unha
18)Erlenmeyer de 250 mL

IV. Resultados e discussões

A extração do óleo vegetal foi realizada em duas etapas distintas envolvendo três
processos para a obtenção do produto final. Alguns detalhes deste experimento são
decisivos para a sua realização em segurança.
Na primeira etapa, na qual ocorreu a extração sólido-líquido, utilizou-se duas
aparelhagens diferentes. No primeiro processo extraiu-se o óleo da noz moscada por
meio do solvente apolar hexano por meio do aquecimento do sistema, a fim de acelerar a
reação. Desta forma, cinco pérolas de vidro foram introduzidas ao balão de 250 mL
contendo noz moscada e hexano para que a ebulição não se tornasse tumultuosa,
evitando acidentes. O condensador de refluxo é usado para evitar que os gases
provenientes da mistura abandonem o sistema. Devido à sua grande superfície interna
que entra em contato com os gases, mantida sob baixa temperatura devido à corrente de
água, os mesmos se condensam e retornam ao balão, evitado a diminuição do
rendimento no experimento. É importante ressaltar que o sistema deve manter-se aberto,
a fim de que a pressão interna das vidrarias se mantenha equilibrada com a pressão
externa, evitando qualquer acidente. O segundo processo se deu através da filtração
simples para, assim, separar a parte sólida (noz moscada) da parte líquida (extrato oleoso
+ hexano). Neste processo utilizou-se um papel de filtro com dobradura simples, a fim de
preservar o líquido. Na primeira etapa concluiu-se a extração do óleo de noz moscada
pelo hexano, formando a fase líquida do sistema.
A segunda etapa foi caracterizada pela separação do extrato oleoso e do solvente
apolar através da destilação simples. A eficiência deste processo pode ser explicada
pelas diferenças físico-químicas entre o soluto e solvente, visto que o óleo vegetal é um
composto de maior complexidade, e consequentemente apresenta maior peso molecular
que o hexano. Sendo assim, seus pontos de ebulição são bastante distintos. O
termômetro, usado para monitorar a temperatura e evitar um superaquecimento da
solução, é de elevada importância, pois desta forma evita-se que o óleo seja decomposto.
Ao fim do experimento, dos 10 g de noz moscada extraiu-se 0,86 g de óleo vegetal,
com 1,2 mL de volume. Com os dados obtidos foi possível calcular a densidade do extrato
oleoso e determinar o rendimento da extração.
A densidade, grandeza que expressa a razão entre a massa do material pelo seu
volume ocupado, foi obtida da seguinte forma:

m 0,86 g
D= ∴ D= ∴ D=0,717 g / mL
V 1,2 mL

Para o cálculo do rendimento, realizou-se uma regra de três simples com os


valores obtidos no experimento:

Massa inicial do substrato: 10,0 g -------- 100%

Massa final do óleo vegetal do substrato: 0,86 g -------- X

x = 8,6% (rendimento)

Observa-se que o cálculo do rendimento resultou em um valor relativamente baixo.


Isto ocorreu, possivelmente, pelo fato de a massa total de óleo presente na noz moscada
corresponder de 20% a 40% da massa da mesma. Portanto, um valor relativamente baixo
para o rendimento da extração já era esperado.
V. Conclusão

Dos 10 g de noz moscada apresentados no início do experimento obteve-se 0,86 g


de óleo vegetal através da extração utilizando o hexano como solvente orgânico. Por
conseguinte, o rendimento da extração foi de 8,6%, não sendo um resultado insatisfatório
devido à quantidade total de massa de óleo presente na noz moscada. Desta forma, o
hexano se revelou um solvente eficaz para solubilizar óleos vegetais. Observa-se, ainda,
que a densidade obtida de 0,717 g/mL, é menor do que a densidade da água.

VI. Respostas do questionário

1) O calor e a pressão usados no ato da extração podem interferir na qualidade final


do óleo essencial, pois estes são constituídos por substâncias altamente voláteis, e
desta forma, alteraria a composição química do produto final.

2)

3) Pode-se utilizar a extração por fluido supercrítico, em que a densidade do fluido


adicionado é próxima à do soluto. De tal modo, a dissolução será muito alta e a
extração terá um alto rendimento.

4) A técnica de extração por solvente está relacionada com a solubilidade do soluto


em relação ao solvente. Caso o coeficiente de solubilidade seja relativamente alto,
quando misturados, os compostos formão uma mistura homogênea. Assim, ambos
podem se separar através de técnicas como a destilação simples e, dessa forma, o
composto que estava solubilizado no solvente poderá ser obtido.

VII. Referências bibliográficas

 Cerqueira, W; Francisco. Óleos vegetais. Disponível em


<http://www.brasilescola.com/geografia/oleo-vegetal.htm> [1]
 Óleos vegetais. Disponível em
<http://www.phytoterapica.com.br/oleos_vegetais.php> [2]
 Diferença entre óleo vegetal e óleo essencial. Disponível em
<http://lookaholic.wordpress.com/2013/07/08/diferenca-entre-oleo-vegetal-e-oleo-
essencial/> [3]
 Filho, G. A. F.; Marcelino, J. B. O. Noz moscada. Disponível em
<http://www.ceplac.gov.br/radar/noz.htm> [4]
 Noz moscada. Disponível em <http://www.infoescola.com/plantas/noz-moscada/>
[5]
 Ramalho, H. F.; Suarez, P. A. Z. A Química dos Óleos e Gorduras e seus
Processos de Extração e Refino. Rev. Virtual Quim., 2013, 5 (1), 2-15. Data de
publicação na Web: 9 de novembro de 2012. Disponível em
<http://www.uff.br/RVQ/index.php/rvq/article/viewFile/360/279> [6]
 Oliveira, G. F. T. NOZ-MOSCADA, Myristica Fragans, Houtt: UM ESTUDO DE
COMPOSIÇÃO E EFEITO DO CONSUMO CRÔNICO NO COMPORTAMENTO DE
ANIMAIS DE LABORATÓRIO. Disponível em
<http://www.pos.uea.edu.br/data/area/titulado/download/27-2.pdf> [7]
 Destilação simples. Disponível em
<http://www.qmc.ufsc.br/organica/aula02/destsimples.html> [8]
 Destilação. Disponível em <http://graduacao.iqsc.usp.br/files/Pr%C3%A1tica-4.pdf>
[9]

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