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Universidade do Rio de Janeiro - UNIRIO

Centro de Ciências Biológicas e da Saúde - CCBS


Escola de Ciências Biológicas - ECB
Departamento de Ciências Naturais - DCN
Disciplina de Química Orgânica

Prof.: Edwin Gonzalo Azero Rojas


Curso: Biomedicina
Aluno: Carole Sant’ana Massolar da Silva
Turma: 1 N° da prática: 2

Prática realizada em: 17/09/2013

Título da Prática: Síntese do ácido acetilsalicílico (AAS)

Rio de Janeiro
I. Objetivos

Esta prática tem como objetivo sintetizar o ácido acetil salicílico.

II. Introdução

O ácido acetilsalicílico, popularmente e comercialmente conhecido como aspirina, é


um composto orgânico muito utilizado como medicamento de ação analgésica, anti-
inflamatória e antitérmica [4]. Este composto é obtido a partir de uma reação de síntese
(ou adição), na qual duas ou mais substâncias reagem formando uma substância única
com características distintas dos reagentes que lhe deram origem [1][2]. A síntese deste
composto é realizada a partir de uma reação de acetilação do ácido salicílico, na qual
ocorre através do ataque nucleofílico do grupo -OH fenólico sobre o carbono do anidro
acético, e para catalisar a reação utiliza-se o ácido sulfúrico [3][4]. A reação em questão
pode ser exemplificada de acordo com a seguinte equação: Ácido Salicílico + Anidrido
Acético → Ácido Acetilsalicílico + Ácido Acético.
A formação do ácido acetilsalicílico ocorre em três etapas distintas: síntese;
isolamento e purificação; recristalização. Na primeira, observa-se a formação de um
sólido branco, a partir da dissolução do ácido salicílico, anidrido acético e ácido sulfúrico,
e do aquecimento do sólido dissolvido. Na segunda etapa, observa-se a evaporação do
ácido acético e a cristalização do ácido acetilsalicílico. Na terceira e última etapa, é
possível observar a recristalização do ácido acetilsalicílico após a secagem do sólido
filtrado [5][6]. Para melhor compreensão de cada etapa, posteriormente neste relatório,
elas serão explicadas com maiores detalhes.
A fim de compreender melhor o processo de síntese da aspirina, é importante a
explicação de algumas técnicas utilizadas nas diferentes etapas. A filtração, utilizada na
segunda etapa, é basicamente um processo de separar um sólido particulado de um
líquido, fazendo com que o sólido fique retido em um meio poroso e o líquido passe
através desse meio [7]. Na segunda e terceira etapa ocorreu a cristalização, processo de
separação onde, partindo de uma mistura líquida se obtêm cristais de um dos
componentes da mistura, com 100% de pureza. Entretanto, dependendo das condições
operatórias não se obtém cristais 100% puros, verificando-se a existência de impurezas
que também têm grande afinidade com o soluto [8].

III. Materiais e métodos

i. Materiais utilizados

 5,0 g de ácido salicílico


 7,0 ml de anidrido acético
 0,5 ml de ácido sulfúrico concentrado
 Etanol
 Água gelada
 Balão de fundo chato de 250 ml com junta esmerilhada
 Condensador de refluxo
 Proveta de 50 ml
 Proveta de 10 mL
 Balança
 Vidro de relógio
 Tubo de látex
 Argola
 Pipeta Graduada de 1 ml
 Bastão de vidro
 Funil de filtração
 Bécher de 1L
 Bécher de 250 ml
 Bécher de 100 ml
 Termômetro de 160ºC
 Papel de filtro
 Papel indicador universal
 Espátula de plástico
 Espátula de ferro
 Manta de aquecimento
 Suportes Universais
 Rolha de termômetro
 Garras
 Mufas

ii. Metodologia

Para dar início ao experimento, os materiais foram separados sobre a bancada do


laboratório e montou-se a aparelhagem mostrada na Figura 1. A seguir, pesou-se em
vidro de relógio, com o auxílio da espátula de plástico, 5 g de ácido salicílico que foi
transferido para um balão de fundo chato com junta esmerilhada de 250 mL, com o auxílio
de um funil de vidro. O balão de 250 mL foi levado à capela, e por meio de uma pipeta
graduada de 1 mL, inseriu-se ao balão contendo ácido salicílico, 7 mL de ácido acético e
0,5 mL de ácido sulfúrico, respectivamente. Logo após inserir os reagentes e o catalisador
no balão, este foi agitado manualmente até haver dissolução total do reagente sólido,
para que a reação se tornasse translúcida. O balão foi acoplado ao suporte universal, e
imergido parcialmente no bécher de 1 L contendo água, que estava inserido à manta de
aquecimento. Na saída do balão, adaptou-se um condensador de refluxo contendo dois
tubos de látex, um para a saída e o outro para a entrada de água. Logo após, acoplou-se
um termômetro a uma rolha, que foram adaptados e sustentados por uma garra e uma
mufa, a fim de medir a temperatura da água contida no bécher. A manta de aquecimento
foi ligada, e por um período de 30 minutos o balão de 250 mL ficou em banho-maria,
controlando-se a temperatura para se manter entre 50°C e 60°C. Observou-se a formação
de um sólido branco após o período estipulado.
Com o fim da primeira etapa do experimento, iniciou-se a segunda. Desta forma,
retirou-se o balão do banho-maria para que o mesmo fosse resfriado. Em seguida, 50 mL
de água destilada gelada foram coletadas por um bécher de 100 mL, auxiliado por uma
proveta graduada de 50 mL, e assim, foram despejados no interior do balão contendo o
sólido branco. Agitou-se rapidamente todo o conteúdo inserido no balão. Posteriormente,
montou-se a aparelhagem de filtração, Figura 3, e a mistura obtida foi filtrada, com o
papel de filtro em dobradura pregueada, logo após, medindo-se o pH do líquido filtrado
com um papel indicador universal, Figura 5. Por meio de uma proveta de 10 mL, mediu-se
mais 10 mL de água destilada gelada, lavou-se o sólido retido no filtro de papel, e
novamente mensurou-se o pH do líquido filtrado. Após, deixou-se o sólido secando por
um tempo.
Com o intuito de recristalizar o produto obtido, inseriu-se o mesmo em um bécher
de 100 mL contendo 15 mL de etanol. O béquer foi submetido a um banho-maria, até que
o sólido fosse completamente dissolvido. Após a dissolução, a solução foi sujeita a mais
uma filtragem, com o papel de filtro com dobradura simples. O líquido filtrado foi, então,
despejado em um bécher de 250 mL contendo 40 mL de água morna, com temperatura
entre 40 °C e 50 °C e em seguida separou-se a solução, para que a mesma pudesse
esfriar. Logo após, o líquido foi sujeito a uma última filtração, no mesmo sistema usado
anteriormente, com a utilização de um filtro de papel com dobradura pregueada, a fim de
preservar os cristais obtidos.
Para que os cristais ficassem secos, eles foram deixados ao ar, sobre um vidro de
relógio. Após a secagem, pesou-se o produto sólido obtido e calculou-se o rendimento da
reação.

iii. Esquema de aparelhagem


Figura 1: Aparelhagem usada para sintetizar o ácido acetil salicílico na prática do dia
17/09/2013.

1) Suporte universal
2) Tubo de látex
3) Manta de aquecimendo
4) Béquer de 1L
5) Balão de fundo chato de 250 mL com junta esmerilhada
6) Garra
7) Condensador de refluxo
8) Mufa
9) Termômetro de 160°C
10) Rolha de termômetro

Figura 2: Materiais utilizados nas diversas etapas da síntese do ácido acetil salicílico.

11) Papel de filtro


12) Papel indicador universal
13) Bécher de 100 mL
14) Bécher de 250 mL
15) Proveta de 100 mL
16) Pipeta graduada de 1 mL
17) Bastão de vidro
18) Vidro de relógio
19) Espátula de plástico
Figura 3: Aparelhagem de filtração utilizada na segunda etapa do experimento.
20) Bécher de 250 mL
21) Funil de vidro
22) Argola
23) Papel de filtro com dobradura

IV. Resultados e discussões

O processo de síntese do ácido acetilsalicílico, a partir da reação de ácido salicílico


e anidrido acético, tendo o ácido sulfúrico como catalisador, foi bem sucedido. É
importante ressaltar que o ácido sulfúrico além de agir como catalisador, também age
fornecendo prótons –protonação- ao anidrido acético em um composto intermediário com
um carbocátion altamente reativo, que posteriormente irá compor a reação de
esterificação. A utilização de banho-maria foi importante para criar um meio reacional
energético para a formação do complexo ativado, e assim permitir que a reação aconteça.
Para uma melhor compreensão dos mecanismos de reação, a síntese da aspirina
pode ser observada na figura abaixo:
Figura 4: Mecanismo reacional do ácido salicílico com anidrido acético, tendo o
ácido sulfúrico como catalisador.

Os cristais de ácido acetilsalicílico ficaram secando sobre o vidro de relógio, e após


um período de seis dias os mesmos foram pesados. Ao fim do experimento, obteve-se 3,7
g de ácido acetil salicílico cristalizado, com um percentual de rendimento de 56,75%.
Apesar de seu rendimento mediano, a experiência foi bem sucedida, já que não foi
realizada em um laboratório industrial, sendo assim, mais suscetível a interferências do
meio. A partir dos dados obtidos e do auxílio da literatura, foi possível determinar os
reagente em excesso e limitante, e calcular o rendimento da reação da seguinte forma,
respectivamente:
 Determinação do reagente limitante e reagente em excesso:

138,13 g (ácido salicílico) --------- 102,1 g (anidrido acético)

5 g (ácido salicílico) ----------------- X g (anidrido acético)

X = 3,70 g (massa necessária)

Anidrido acético (1,08 g/cm3)

1 mL --------- 1,08 g

7 mL (volume usado) --------- Y g

Y = 7,56 g (massa usada)

 Cálculo do percentual de rendimento da reação:

138,13 g (reagente limitante) --------- 180,14 g (ácido acetilsalicílico)

5g (massa de reagente limitante utilizada) ----- Z g

Z = 6,52 g

6,52g -------- 100%

3,70g -------- A%

A = 56,75%

Logo, o ácido salicílico é o reagente limitante e o anidrido acético, o reagente em


excesso, correspondente a 3,86g (7,56g – 3,70g = 3,86g).

O procedimento de obtenção do ácido acetilsalicílico ocorreu em três etapas, sendo


a primeira a síntese, seguida da etapa de isolamento e purificação, e por fim a etapa de
recristalização. Na primeira, observou-se a formação de um sólido branco, resultado da
dissolução do ácido salicílico e do anidrido acético, na presença do ácido sulfúrico
(catalisador da reação), e do aquecimento do sólido dissolvido. Nesta etapa ocorreu o
mecanismo de catálise ácida, conforme ilustrado na primeira, segunda e terceira etapas
da Figura 4. O primeiro passo consiste na protonação do anidrido acético pelo ácido
sulfúrico. Forma-se então um carbocátion com um grupo hidroxila. Este carbocátion é
atacado pelo par de elétrons do oxigênio do grupo hidroxila do ácido salicílico, agora com
carga formal positiva. No próximo passo o próton (átomo H +) é transferido para o átomo
de oxigênio do éter.

Na segunda etapa ocorreu a cristalização do ácido acetilsalicílico e a evaporação


do ácido acético. A introdução de 50 mL de água destilada gelada no balão contendo os
produtos da primeira etapa levou à decomposição do excesso de anidrido acético em
ácido acético, e à evaporação de parte do ácido acético já formado, sendo perceptível
pelo seu característico odor. Em seguida, houve a filtragem da mistura, e o líquido filtrado
foi submetido a um teste para determinar seu pH, com seu resultado apresentado na
figura 5. Observou-se que o papel indicador universal apresentava uma coloração
arroxeada, medindo um pH entre 1 e 2. O sólido retido no filtro de papel pregueado foi
lavado com mais 10 mL de água destilada gelada, e mediu-se, mais uma vez, o pH do
líquido filtrado. O papel indicador universal apresentou um coloração mais avermelhada,
indicando o aumento do pH, estando entre 2 e 3. Desta forma, observou-se que o meio
estava mais ácido, o que provavelmente ocorreu devido à presença do ácido acético que
não havia sido completamente vaporizado no processo de banho-maria, e parte do ácido
acetilsalicílico que não se cristalizou. Em seguida, o sólido ficou em repouso no filtro a fim
de que se iniciasse o processo de cristalização.
Na terceira e última etapa foi possível observar a recristalização do ácido
acetilsalicílico após a secagem do sólido filtrado. Observou-se que a purificação dos
compostos cristalinos impuros formados na acetilação é feita a partir de um solvente, no
caso o etanol, e é conhecida por recristalização, que consiste em um aquecimento e em
seguida um lento resfriamento, e isso possibilita a disposição das moléculas em cristais
100% purificados. No entanto, diante da possibilidade de haver precipitados (impurezas)
nesses cristais fez-se uma segunda filtragem da solução de etanol e ácido acetil salicílico,
com o papel de filtro em dobradura simples. Com esta filtragem foi possível perceber
algumas impurezas retidas no papel de filtro. Para obter a recristalização, a introdução de
água morna na solução de ácido acetilsalicílico e etanol foram fundamentais para
homogeneizar a solução e manter a temperatura elevada, a fim de que a lenta e gradativa
diminuição da mesma resultasse numa supersaturação da solução, gerando os cristais
puros de ácido acetilsalicílico. A solução morna de água, etanol e ácido acetilsalicílico
ficou resfriando de um dia para o outro, e desta forma observou-se a formação de novos
cristais do ácido. Por fim, a última filtragem com papel de filtro pregueado fez com que os
cristais ficassem retidos, e logo após foram deixados em repouso para que a água
presente evaporasse por completo. O uso do etanol e da água morna ocorre também por
sua função na retirada das impurezas, funcionando como meio de saída.

Figura 5: Papel indicador universal utilizado para medir a acidez da solução filtrada de
ácido acetilsalicílico e ácido acético com 50 mL de água gelada, no primeiro papel, e após
a lavagem do sólido com mais 10 mL em uma nova filtração, mostrando a diminuição da
acidez.
V. Conclusão

A partir da síntese do ácido salicílico com o anidrido acético, foram sintetizados


com sucesso 3,70 g de ácido acetilsalicílico, obtendo-se um percentual de rendimento de
56,75%. Não é possível esclarecer com exatidão o rendimento obtido. Este se deve,
possivelmente, pela presença de impurezas nos reagentes, qualidade do método, do
ambiente reacional, perda de produto durante o processo ou até uma reação parcial dos
reagentes, entre outras possibilidades. Observou-se, ainda, que o anidrido acético estava
em excesso na reação.

VI. Respostas do questionário

1)

H2SO4

+ +

2) Na obtenção da aspirina verifica-se a reação de acetilação de fenóis ou reação de


substituição cíclica.

3) O ácido sulfúrico concentrado é utilizado a fim de catalisar a reação, diminuindo a


energia de ativação e fazendo com que a velocidade aumente. Além disso, ele
também faz com que haja a desprotonação do produto intermediário da reação.

4) Não, pois os reagentes podem conter impurezas. O que acontece é a


determinação de um intervalo de fusão. A temperatura varia e compara-se com o
valor tabelado na literatura.

VII. Referências bibliográficas

 Reações químicas (tipos): Síntese, análise e deslocamento, dupla-troca. Disponível em


<http://educacao.uol.com.br/disciplinas/quimica/reacoes-quimicas-tipos-sintese-
analise-e-deslocamento-dupla-troca.htm > [1]
 CDCC USP – Experimentoteca. REAÇÕES QUÍMICAS I: Reação de Síntese e
Reação de Decomposição. Disponível em
<http://www.cdcc.usp.br/exper/medio/quimica/2reacao1g.pdf > [2]
 Junior, C. S.; Costa, F. B.; Anduze, L. G. S. S.; Carvalho, W. R. B. Síntese do
Ácido Acetilsalicílico. Disponível em
<http://becn.ufabc.edu.br/guias/processos_transformacao/resumo/PT_F3_D_03.pdf
>[3]
 Síntese da Aspirina. Disponível em
<http://www.proenc.iq.unesp.br/index.php/quimica/112-sintese-da-aspirina > [4]
 SÍNTESE DO ÁCIDO ACETILSALICÍLICO (ASPIRINA). Disponível em
<http://www.iq.usp.br/prmoreno/disciplinas/qfl/qfl034x/qfl0314/Exp04.pdf>[5]
 Experimento 6  ‐ Síntese do Ácido Acetilsalicílico (Aspirina). Disponível em
<http://www2.iq.usp.br/docente/alcindo/MaterialDisciplinas/qfl0314/
Experimento_6_Sintese_do_acido_acetilsalicilico.pdf >[6]
 Filtração. Disponível em
<www.unicamp.br/fea/ortega/aulas/aula19_ Filtracao.ppt>[7]
 Cristalização. Disponível em <http://labvirtual.eq.uc.pt/siteJoomla/index.php?
option=com_content&task=view&id=42&Itemid=159 >[8]

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