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TÉCNICAS LABORATORIAIS
MÓDULO DE QUÍMICA
ALEXANDRA I. COSTA
PATRÍCIA D. BARATA
Setembro 2022
LICENCIATURA ENGENHARIA QUÍMICA E BIOLÓGICA TÉCNICAS LABORATORIAIS
I. PREÂMBULO
A unidade curricular de Técnicas Laboratoriais do Curso de Licenciatura em Engenharia Química e
Biológica tem por objetivo a formação inicial do aluno nos procedimentos e técnicas laboratoriais e
analíticas mais comuns e transversais à grande maioria das áreas da Química.
Com esse propósito, foi selecionado da literatura um conjunto de trabalhos experimentais, que após
adaptação e adequação ao nível de ensino a praticar, constituem o corpo da presente publicação.
ÍNDICE
Protocolos dos Trabalhos Práticos - Química Pág.
1. INTRODUÇÃO
A recristalização é uma importante operação unitária na purificação de substâncias sólidas impuras
(este tópico foi abordado na publicação Segurança e Procedimentos Laboratoriais Comuns).
O procedimento recorre à utilização de um solvente apropriado (recristalização simples) ou a uma
mistura de solventes (recristalização com solvente misto), sendo habitualmente o sólido a purificar
mais solúvel em solventes quentes do que nos mesmos solventes a frio e as impurezas solúveis
presentes apresentam solubilidades distintas das dos compostos a purificar.
A recristalização envolve assim as seguintes etapas:
1) Seleção de um solvente apropriado que deverá, se possível, reunir as seguintes características:
a) Dissolver o composto a purificar apenas a quente (a solubilidade a frio deverá ser muito baixa
ou mesmo nula);
b) Não reagir com a substância a purificar;
c) Dissolver bem as impurezas a frio, mas não a quente;
d) Não ter ponto de ebulição (p.eb.) superior ao ponto de fusão (p.f.) do produto a purificar;
e) Ser facilmente removível do produto puro (apresentar baixo ponto de ebulição e sempre que
possível, a escolha recair em solventes de baixa toxicidade).
2) Dissolução do composto impuro na mínima quantidade de solvente quente (à temperatura de
ebulição).
Nota: se a quantidade de material a purificar for elevada (> 5 g) é previsível a necessidade de um
volume de solvente significativo, pelo que nesses casos a recristalização deverá ser realizada
recorrendo a uma montagem de refluxo.
3) Caso se observe a presença de impurezas insolúveis, deverá ser realizada uma filtração a quente
por gravidade (utilizar uma manta de aquecimento e um filtro de pregas). Caso isso não se
verifique, o recipiente deverá ser tapado e a solução arrefecida lentamente até à temperatura
ambiente (t.a.) e posteriormente recorrendo a um banho de gelo para promover a precipitação
completa dos cristais.
4) Filtração a vácuo, arrastando todo o sólido o sólido com as águas de filtração (águas-mães).
5) Finalizar o processo de filtração lavando os cristais com pequena porção do solvente previamente
arrefecido.
6) Secar os cristais em estufa, exsicador ou sob vácuo (com ou sem aquecimento) para remoção do
solvente residual.
No caso de não ser encontrado um solvente que reúna as características enunciadas em 1), será
necessário recorrer a uma mistura de solventes (recristalização com solvente misto). Nesta situação,
2. TÉCNICA
Atenção: Não descurar a utilização de luvas e óculos de proteção, assim como trabalhar em hotte
devidamente ventilada!
2.1. Equipamento
✓ Balança técnica e/ou analítica
✓ Placa de aquecimento com agitação magnética
✓ Manta de aquecimento
✓ Aparelho de pontos de fusão
2.3 Recristalização
Para realizar com sucesso a purificação dos compostos por recristalização, deverá
inteirar-se cuidadosamente dos vários passos envolvidos no processo e que se encontram descritos
no documento “Segurança, Procedimentos Laboratoriais e Técnicas Analíticas”.
2.3.1 Trifenilmetanol
Pesar 1 g de trifenilmetanol impuro para um Erlenmeyer de 50 mL e adicionar a quantidade mínima
de etanol em ebulição até dissolução completa (solução saturada).
Atenção: caso existam impurezas insolúveis e/ou impurezas coradas, proceda em conformidade.
Deixar repousar, arrefecendo lentamente com o recipiente tapado. Filtrar por sução em funil de
Büchner.
Secar, pesar, calcular o rendimento da recristalização e avaliar a pureza do produto recorrendo à
determinação do seu p.f. (realizar em duplicado).
3. BIBLIOGRAFIA
1
Williamson, K. L.; Masters, K. M. Macroscale and Microscale Organic Experiments, 7th ed.; Cengage
Learning, 2017.
2
Harwood, L.M.; Moody, C.J. Experimental Organic Chemistry - Principles and Practice, Blackwell
Science, 1989.
3
Fieser, L. F.; Williamson, K.L. Organic Experiments, 5th ed.; D.C. Heath and Co., 1983, pp.169-178.
4
Pavia, D. L.; Lampman, G. M.; Kriz Jr., G.S. Química Orgânica Experimental - Productos Naturales.
Compuestos de Interés Farmacológico e Industrial, EUNIBAR, 1978.
5
Safety in Academic Chemistry Laboratories, 8th ed.; American Chemical Society, 2017.
3. Em que condições terá de utilizar carvão ativado numa recristalização. Descreva detalhadamente
o procedimento.
4. Identifique a natureza dos solventes utilizados e indique quais os recipientes adequados para a sua
recolha.
1. INTRODUÇÃO
A destilação é uma técnica de separação e purificação de líquidos. Quando se pretende destilar um
líquido de uma mistura de solventes, cuja diferença entre os pontos de ebulição dos componentes
da mistura é inferior a 80 ºC, recorre-se à destilação fraccionada. A principal diferença, relativamente
à montagem de destilação simples, é a presença de uma coluna de fraccionamento. O objetivo desta
coluna é criar várias regiões de equilíbrio líquido-vapor, enriquecendo a fase de vapor com o
componente mais volátil. Existem diversos tipos de colunas de fraccionamento tendo, todas elas, em
menor ou maior grau, grandes superfícies internas.
À medida que a mistura do vapor ascendente (quente) contacta completamente com a superfície
interna da coluna (mais fria), condensa em parte e escorre em sentido contrário ao do vapor, criando-
se, deste modo, duas correntes: uma ascendente de vapor quente e, outra, descendente, de
condensado menos quente. Entre este condensado e o vapor ascendente ocorrem trocas de calor,
que permitem uma série de evaporações e condensações parciais ao longo da coluna. Assim, este
processo equivale a uma série de destilações simples sucessivas e permite separar os componentes
da mistura.
No presente trabalho experimental será realizada a separação dos componentes de uma mistura
ternária (acetona:etanol:água) por destilação fraccionada.
2. TÉCNICA
Termómetro
Adaptador roscado Clips Saída de H2O
Cabeça de destilação
Entrada de H2O
Alonga curva
Coluna de
fraccionamento Refrigerante de Liebig
(Vigreux) Proveta para
recolha do destilado
Manta de Aquecimento
Suporte Universal
3. BIBLIOGRAFIA
1
Chang, R. Química, 8ª ed.; McGraw-Hill, 2005.
2
Palleros, D. R. Experimental Organic Chemistry, John Wiley & Sons, 2000.
3
Pombeiro, A. J. L. Técnicas e Operações Unitárias em Química Laboratorial, 3ª ed.; Fundação
Calouste Gulbenkian, 1998.
4
Lide, D. R. Handbook of Chemistry & Physics, 79th ed.; CRC Press, 1998-1999.
5
Safety in Academic Chemistry Laboratories, 8th ed.; American Chemical Society, 2017.
1. Traçar uma curva de destilação (temperatura vs. volume de destilado) e determinar o rendimento
da destilação.
2. A destilação simples poderia ser utilizada para separar eficientemente esta mistura? Justifique.
1. INTRODUÇÃO1,2
Os aromas característicos das plantas e frutos, resultam da presença de óleos voláteis, conhecidos
por óleos essenciais, muitos dos quais são extremamente valiosos pela sua aplicação nas indústrias
de aromatizantes, perfumes, especiarias, farmacêutica, inseticidas, entre outras.
De algumas dessas essências, destacam-se o (+)-limoneno ((R)-1-metil-4-(prop-1-en-2-il)-ciclohex-1-
eno), componente maioritário (ca. 95 %) do óleo de laranja (Citrus sinensis) presente na casca da
laranja, o cinamaldeído (3-fenil-2-propenal), componente principal do óleo de canela (Cinnamomum
zeylanicum) e responsável pelo seu odor característico, o cineol (1,3,3-trimetil-2-
oxabiciclo[2.2.2]octano), composto orgânico natural de aspeto oleoso e incolor que pode ser obtido
das folhas de algumas espécies de eucalipto (Eucalyptus globulus) e o eugenol (4-alil-2-metoxi-fenol),
principal componente do cravinho (cravo-da-índia) (Syzygium aromaticum) (Figura 1).
_ _
Destilação por
Arrastamento de
Vapor
_ _
Figura 1 - Estruturas dos óleos essenciais e respetivas origens.
O isolamento destes óleos pode ser efetuado de diversos modos, sendo os mais correntes a
destilação por arrastamento de vapor (hidrodestilação) e a extração com solventes orgânicos.
O presente trabalho tem como objetivo a obtenção do cinamaldeído e do eugenol por via extrativa
a partir da canela (pó ou pau) e do cravinho da índia respetivamente, por hidrodestilação.
A hidrodestilação, também conhecida por destilação por arrastamento de vapor, é um processo que
consiste na passagem de vapor de água numa mistura de água contendo uma substância orgânica
total ou parcialmente imiscível. Sabendo que numa mistura de líquidos imiscíveis cada componente
2. TÉCNICA
Atenção: Não descurar a utilização de luvas e óculos de proteção.
2.1.1 Equipamento
✓ Balança técnica e/ou analítica
✓ Evaporador rotativo (rota-vapor)
✓ Mantas de aquecimento
✓ Refratómetro de Abbé
Manta de
Aquecimento
Suporte universal
Filtrar por gravidade para um balão de fundo redondo de 100 mL previamente tarado e remover o
solvente no rota-vapor. Secar sob vácuo, quantificar a massa de produto obtida e determinar o índice
de refração.
3. BIBLIOGRAFIA
1
Rothenberger, O. S.; Krasnoff, S. B.; Rollins, R. B. Conversion of (+)-Limonene to (-)-Carvone: An
organic laboratory sequence of local interest J. Chem. Educ. 1980, 57, 741-742.
2
Pavia, D. L.; Lampman, G. M.; Kriz Jr., G. S. Química Orgânica Experimental - Productos Naturales.
Compuestos de Interés Farmacológico e Industrial, Eunibar, 1978, pp. 143-5.
3
Pavia, D. L.; Kriz, G. S.; Lampman, G. M.; Engel, R. G. A Microscale Approach to Organic Laboratory
Techniques, 5th ed.; Brooks/Cole, 2013.
4
Fieser and Williamson Organic Experiments, 8th ed.; Houghton Mifflin, 1998.
5
Palleros, D. R. Experimental Organic Chemistry, John Wiley & Sons, 2000.
6
Kirk-Othmer Encyclopedia of Chemical Technology, Vol. 6, 4th ed.; John Wiley & Sons, 1993,
pp. 347-9.
7
Safety in Academic Chemistry Laboratories, 8th ed.; American Chemical Society, 2017.
4. Indique as principais razões da utilização da destilação por arrastamento de vapor para isolar os
óleos essenciais.
5. No presente trabalho, a extração dos óleos essenciais destilados da fase aquosa recorreu à
utilização de um solvente orgânico.
a) Identifique-o e indique qual o recipiente de recolha de resíduos onde deve ser colocado no final
do trabalho.
b) Como proceder no caso de contacto com a pele e olhos?
1. INTRODUÇÃO
O isolamento de compostos de origem natural é de enorme importância em vários sectores
económicos, nomeadamente na indústria alimentar e farmacêutica.
A cafeína (1,3,7-trimetilxantina) (Figura 1) é um produto natural, de cor branca e cristalino que
pertence a um grupo de compostos químicos designado por alcaloides. Apresenta propriedades
básicas e foi um dos primeiros estimulantes a ser conhecido. É ingerida pela maioria da população
na forma de bebidas, em que uma chávena de café pode conter, em média, 80 mg, uma lata de coca-
cola® entre 34 e 41 mg e uma chávena de chá preto até 40 mg.
Pode ser extraída de diversos produtos naturais tais como as sementes do café (Coffea sp.), folhas
de chá verde (Camellia sinensis), cacau (Theobroma cacoa), entre outras, recorrendo a solventes
orgânicos, nomeadamente o clorofórmio (CHCl3) ou o diclorometano (CH2Cl2). O teor de cafeína
nalgumas bebidas e alimentos é apresentado na Tabela 1, sendo o café a bebida com maior conteúdo
deste alcalóide.
A extração é um processo utilizado quando se pretende remover um dado composto, de uma mistura
sólida ou líquida, fazendo a transferência desse composto da mistura que o contém, para um
solvente adequado. O solvente de extração deve ser imiscível em água e não reagir com a substância
a ser separada. Para além da cafeína presente no chá, existem outras substâncias, nomeadamente
celulose (constituinte base de todas as plantas), taninos e pigmentos responsáveis pela cor castanha
do chá preto (designadamente pigmentos flavonóides e clorofila). Ressalva-se que estas substâncias
são solúveis em diferentes solventes: 1) a cafeína é solúvel em água e em CH2Cl2; 2) a celulose é
insolúvel em água; 3) os taninos são substâncias poliméricas acídicas solúveis em água; 4) a clorofila
é solúvel em CH2Cl2.
A purificação da cafeína pode ser realizada por sublimação ou recristalização.
A sublimação baseia-se na propriedade de algumas substâncias passarem diretamente do estado
sólido ao estado gasoso quando aquecidas. A temperatura à qual a pressão de vapor do sólido iguala
a pressão atmosférica, designa-se por ponto de sublimação. Geralmente, a sublimação de uma
substância é feita a uma temperatura inferior ao ponto de sublimação, de modo que a sua pressão
de vapor seja inferior à pressão exterior. A recristalização é também utilizada como um método de
purificação alternativo, pois apesar da sublimação ser mais rápida e não envolver a utilização de
solventes, nem sempre é seletiva, principalmente quando as impurezas presentes exibem pressões
de vapor semelhantes à da substância a purificar.
Esta operação unitária recorre à utilização de um solvente apropriado (recristalização simples) ou a
uma mistura de solventes (recristalização com solvente misto), sendo habitualmente o sólido a
purificar mais solúvel em solventes quentes (em ebulição) do que nos mesmos solventes a frio e as
impurezas solúveis presentes apresentam solubilidades distintas das dos compostos a purificar (vide
1º Trabalho).
2. TÉCNICA
Atenção: Não descurar a utilização de luvas e óculos de proteção, assim como trabalhar em hotte
devidamente ventilada!
2.1.1 Equipamento
✓ Balança técnica e/ou analítica
✓ Evaporador rotativo (rota-vapor)
✓ Aparelho de pontos de fusão
✓ Placa de aquecimento com agitação magnética
2.1.3.2. Isolamento da cafeína a partir de folhas de chá: introduzir num copo de 250 mL ca. 10 g
de chá, 175 mL de água, 10 g de carbonato de sódio (Na2CO3) e alguns regularizadores de ebulição.
Aquecer a mistura até à ebulição e mantê-la durante 10 a 15 minutos a ferver suavemente,
agitando ocasionalmente. Arrefecer a mistura até à temperatura ambiente, seguida de banho de
gelo, mantendo-a em repouso. Num copo de 100 mL, suspender 15 g de celite em 100 mL de água
e filtrar através do funil de Büchner, desprezando o filtrado. Filtrar, em seguida, a solução de chá,
no funil de Büchner, contendo o manto de celite, previamente preparado. Transferir o filtrado
para uma ampola de decantação e adicionar 40 mL de diclorometano (CH2Cl2). Agitar suavemente,
com movimentos de rotação, de forma a evitar a ocorrência de emulsão, e deixar repousar
(Figura 2).
3. BIBLIOGRAFIA
1
Fieser, L. F.; Williamson, K. L. Organic Experiments, 8th ed.; Houghton Mifflin, 1998.
2
Palleros, D. R. Experimental Organic Chemistry, John Wiley & Sons, 2000.
3
Harwood, L. M.; Moody, C. J. Experimental Organic Chemistry - Principles and Practice, Blackwell
Scientific Publications, 1989.
4
a) Murray, S. D.; Hansen, P. J. The Extraction of Caffeine from Tea: An Old Undergraduate Experiment
Revisited, J. Chem. Educ., 1995, 72, 851-852; b) Hampp, A. The Extraction of Caffeine from Tea: A
Modification of the Procedure of Murray and Hansen, J. Chem. Educ., 1996, 73, 1172.
5
Afonso, C. A. M.; Candeias, N. R.; Simão, D. P.; Trindade, A. F.; Coelho, J. A. S.; Tan, B.; Franzén, R.
Comprehensive Organic Chemistry Experiments for the Laboratory Classroom, Royal Society of
Chemistry, 2017.
6
Andrade, J. B., Pinheiro, H. L. C., Lopes, W. A., Martins, S., Amorim, A. M. M., Brandão, A. M.
Determinação de Cafeína em Bebidas Através de Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (CLAE),
Quím. Nova, 1995, 18(4), 379-381.
7
De Maria, C. A. B., Moreira, R. F. A. Cafeína: revisão sobre métodos de análise, Quím. Nova, 2007,
30(1), 99-105.
8
Becker, H. G. O.; Berger, W.; Domschke, G.; Fanghänel, E.; Faust, J.; Fischer, M.; Gentz, F.; Gewald,
K.; Gluch, R.; Mayer, R.; Müller, K.; Pavel, D.; Schmidt, H.; Schollberg, K.; Schwetlick, K.; Seiler, E.;
Zeppenfeld, G. Organikum - Química Orgânica Experimental, 2ª ed.; Fundação Calouste Gulbenkian,
Lisboa, 1997.
9
Safety in Academic Chemistry Laboratories, 8th ed.; American Chemical Society, Washington, 2017.
1. Calcule os teores de cafeína (pura e impura) presentes na massa de café (ou chá) que sujeitou ao
processo de extração.
2. Refira a utilidade do exsicante que utilizou e indique outros exsicantes que poderia utilizar como
alternativa.
3. Qual a propriedade física que necessitou conhecer quando realizou o processo de extração na
ampola de decantação com diclorometano (CH2Cl2)? Justifique.
5. Qual o recipiente que deverá utilizar para recolha do solvente utilizado no processo de extração?
1. INTRODUÇÃO
Vegetais com cores fortes, como o espinafre, contêm uma mistura de pigmentos de onde se
destacam a clorofila a, a clorofila b (compostos responsáveis pela cor verde das plantas) e o
-caroteno (responsável pela cor laranja predominante nas cenouras e alperces), compostos com
extensa conjugação que absorvem luz na região de 200 a 800 nm do espectro ultravioleta-visível
(Figura 1).
Embora em menor quantidade, estão também presentes outros pigmentos como as xantofilas
(derivados oxidados dos carotenos) e as feofitinas (semelhantes à clorofila por substituição do ião
Mg2+ por dois iões H+).
Quando ingerido, o –caroteno é clivado formando duas moléculas de vitamina A, sendo a maior
fonte desta vitamina na dieta alimentar. A vitamina A, também denominada de retinol, tem um papel
muito importante na saúde visual.
Os pigmentos são apolares e como tal, insolúveis em água, daí a dificuldade que existe aquando da
remoção de nódoas de ervas. Em contrapartida, apresentam elevada solubilidade em solventes não
polares. O -caroteno é um hidrocarboneto apolar, enquanto as clorofilas contêm ligações polares
C-O e C-N, assim como uma ligação N-Mg, considerada quase iónica. Por estas razões, a polaridade
das clorofilas e do -caroteno são distintas, tornando a cromatografia um método eficiente na
separação destes pigmentos.
O licopeno (C40H56) é uma substância carotenoide que dá a cor avermelhada ao tomate, melancia,
beterraba, goiaba, entre outros alimentos. É um antioxidante com uma eficiência superior à
vitamina E que ao ser absorvido pelo organismo, contribui para minimizar e mesmo reparar, os danos
nas células causados pelos radicais livres. Embora o licopeno seja bastante solúvel em água,
apresenta uma estrutura apolar (Figura 2).
Estudos epidemiológicos têm demonstrado que dietas ricas em alimentos contendo licopeno
contribuem para a prevenção de doenças cardiovasculares, alguns tipos de cancro e protegem dos
raios ultravioleta. O -caroteno, também da família dos carotenoides, está também presente nestes
alimentos, mas em menor quantidade.
Para assegurar uma extração eficiente, sem utilizar grandes quantidades de solvente, utilizam-se
processos de extração descontínua e extração contínua sólido-líquido (extrator de Soxhlet).
Uma técnica expedita para a identificação e/ou separação dos pigmentos extratados é a
cromatografia, a qual pode ser usada quer como método analítico (no qual se avalia o número e a
natureza dos componentes de uma mistura sem proceder ao seu isolamento), quer como método
preparativo (isolamento e subsequente quantificação dos componentes de uma mistura).
O presente trabalho tem como objetivo o isolamento de pigmentos por extração descontínua e
contínua. A composição dos extratos brutos será avaliada por cromatografia em camada fina (c.c.f.)
(método analítico) e o isolamento dos pigmentos maioritários (clorofilas e carotenos) será realizado
por cromatografia em coluna (c.c.) (método preparativo). A espectroscopia de ultravioleta-visível
(UV-Vis) será o método instrumental utilizado para a caracterização dos pigmentos isolados.
Para a realização do trabalho proposto, deverá identificar e localizar o equipamento, material e
reagentes abaixo descritos.
2. TÉCNICA
Atenção: Não descurar a utilização de luvas e óculos de proteção, assim como trabalhar em hotte
devidamente ventilada!
2.1.1 Equipamento
✓ Balança técnica e/ou analítica
✓ Evaporador rotativo (rota-vapor)
✓ Mantas de aquecimento
✓ Placas de aquecimento com agitação magnética
2.1.4 Extração dos Pigmentos do Espinafre e seu Isolamento por Cromatografia em Camada Fina e
Cromatografia em Coluna (2A)
a) Extração Contínua
Realizar uma montagem para uma extração em Soxhlet (balão de fundo redondo de 250 mL) e
preparar o cartucho (dedo de extração) (Figura 3).
Cortar em pequenos pedaços ca. 30 g de folhas de espinafres frescos e esmagar os pedaços num
almofariz.
Transferir os pedaços de espinafre esmagados para o cartucho, colocando previamente um pouco de
algodão na parte inferior do cartucho e no final em cima do espinafre (topo do cartucho).
Atenção: as manchas podem desaparecer ou mudar de cor quando expostas ao ar e à luz, resultado
da oxidação dos pigmentos.
Calcular o valor do factor de retenção (Rf) de cada mancha e tentar identificar cada componente
considerando a diferença de polaridade dos possíveis pigmentos presentes nas folhas de espinafre.
Comparar com os valores de referência indicados na tabela seguinte.
PIGMENTO COR Rf
Caroteno Amarelo-alaranjado 0.80
Feofitina a Verde-acinzentado 0.55
Feofitina b Cinzento-claro* 0.47-0.54
Clorofila a Azul-esverdeado 0.42
Clorofila b Verde 0.34
Xantofilas Amarelo 0.30
Xantofilas Amarelo 0.20
Xantofilas Amarelo 0.10
*Nem sempre visível.
Avaliar a pureza das frações recolhidas por cromatografia em camada fina (c.c.f.) por comparação
com a composição do extrato bruto.
3. BIBLIOGRAFIA
1
Richardson, B. C.; Casteen, T. G. Experience the Extraordinary Chemistry of Ordinary Things: a
Laboratory Manual, 3rd ed.; John Wiley & Sons Inc., 1997.
2
Rodrigues-Amaya, D. A Guide to Carotenoid Analysis in Foods, International Life Sciences Institute,
2001, 64.
3
Becker, H. G. O.; Berger, W.; Domschke, G.; Fanghänel, E.; Faust, J.; Fischer, M.; Gentz, F.; Gewald,
K.; Gluch, R.; Mayer, R.; Müller, K.; Pavel, D.; Schmidt, H.; Schollberg, K.; Schwetlick, K.; Seiler, E.;
Zeppenfeld, G. Organikum - Química Orgânica Experimental, 2ª ed., Fundação Calouste Gulbenkian,
Lisboa, 1997.
4
Afonso, C. A. M.; Candeias, N. R.; Simão, D. P.; Trindade, A. F.; Coelho, J. A. S.; Tan, B.; Franzén, R.
Comprehensive Organic Chemistry Experiments for the Laboratory Classroom, Royal Society of
Chemistry, 2017.
5
Palleros, D. R. Experimental Organic Chemistry, John Wiley & Sons Inc., 2000.
6
Pavia, D. L.; Lampman, G. M.; Kriz, G. S.; Engel, R. G. Introduction to Organic Laboratory Techniques:
A Microscale Approach, 3rd ed.; Saunders College Publishing, 1999.
7
Quach, H. T.; Steeper, R. L.; Griffin, G. W. An improved method for the extraction and thin-layer
chromatography of chlorophyll a and b from spinach J. Chem. Educ., 2004, 81, 385-387.
8
Goodrich, J., Parker, C., Phelps, R. The microscale separation of lycopene and [beta]-carotene from
tomato paste J. Chem. Educ., 1993, 70, A158.
9
Safety in Academic Chemistry Laboratories, 8th ed.; American Chemical Society, Washington, 2017.
1. Identifique as técnicas que utilizou na extração dos pigmentos presentes nas folhas de espinafre?
2. Indique como procedeu para identificar os vários pigmentos presentes no extrato que isolou.
3. Calcule os valores de Rf das manchas observadas na c.c.f. do extrato e identifique-as através das
cores e dos valores padrão fornecidos (consultar pág. 29).
4. Indique qual a propriedade na qual se baseia o princípio da separação por cromatografia em coluna
e identifique a fase móvel e a fase estacionária.