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com
Raissa Araújo Mendes e Ronan Silva Cardoso

MANUAL DE AROMATERAPIA
Volume 5
Farmacologia Aplicada à Aromaterapia

2ª edição

Brasília-DF/Brasil
Edição dos autores
2020

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Manual de Aromaterapia – Volume 5 – Farmacologia
Aplicada à Aromaterapia

Copyright © 2020 Apotecários da Floresta

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constitui violação dos direitos autorais. (Lei 9.610/98)

ORGANIZAÇÃO
Apotecários da Floresta

TEXTOS
Raissa Mendes e Ronan Cardoso

ILUSTRAÇÕES
Adobe Stock

Para citar este material, utilize a seguinte referência:


MENDES, R.; CARDOSO, R. Manual de Aromaterapia –
Volume 5 – Farmacologia Aplicada à Aromaterapia.
Apotecários da Floresta, 2020.

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Sumário

Apresentação .......................................................................................... 1
Introdução à Farmacologia ............................................................ 2
Farmacocinética ................................................................................... 5
Farmacodinâmica ............................................................................. 25
Interações medicamentosas ...................................................... 41
Toxicidade .............................................................................................. 45
Os autores ............................................................................................... 74
Referências ........................................................................................... 76

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Apresentação

Saudações, aromaterapeuta!

A partir da compreensão sobre os óleos essenciais


do ponto de vista molecular, pelas lentes da
Farmacognosia e da Química, podemos agora partir
para entender como suas moléculas ativas podem
interagir com o organismo e produzir tanto efeitos
terapêuticos quanto, a depender de inúmeros fatores,
tornarem-se tóxicas.

Vamos descobrir?

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Introdução à Farmacologia

A Farmacologia pode ser definida brevemente


como o estudo das substâncias ativas e suas interações
com o organismo, ou seja, daquelas substâncias
sintéticas ou naturais que interagem com sistemas
vivos principalmente por meio de processos químicos,
alterando de alguma forma a fisiologia daquele
organismo.

Fármacos e óleos essenciais

Chamamos de fármacos as substâncias ativas


estudadas em Farmacologia. São substâncias
geralmente sintéticas, de tamanho e peso molecular
variável e que interagem com receptores no
organismo por meio de ligações químicas covalentes,
eletrostáticas ou hidrofóbicas.
Entendendo a natureza das moléculas aromáticas
que compõem os óleos essenciais, é correto afirmar que
elas, do ponto de vista molecular (e não do OE em sua

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integridade), seriam consideradas fármacos, uma vez
que ambos são substâncias ativas, ou seja, substâncias
que interagem com o organismo provocando alguma
alteração fisiológica. Mas não confundamos: um óleo
essencial não é um fármaco, mas é uma substância
líquida volátil composta por centenas de “fármacos
naturais” – as moléculas aromáticas.
Fazer estas relações entre óleos essenciais e
fármacos pode confundir, porque geralmente fala-se
de fármaco no contexto da Farmacologia Clássica, que
vai estudar as substâncias isoladas, na maioria das
vezes sintéticas. Mas não precisamos fazer confusão
entre um medicamento produzido com fármacos
sintéticos e uma substância natural rica e complexa
como um óleo essencial, porque de fato são diferentes
tanto em estrutura quanto em efeito. Todavia, é
ingênuo (e perigoso) desconsiderar que as moléculas
presentes nos OEs possuem ação farmacológica.

Aromafarmacologia

Podemos tomar emprestadas as lentes da


Farmacologia para compreender as interações entre

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as moléculas dos OEs e o organismo, dentro do que aqui
chamamos de Aromafarmacologia.
Para a Farmacologia – ou melhor, para a
Aromafarmacologia –, os óleos essenciais são, então,
substâncias compostas por moléculas aromáticas que
possuem determinadas estruturas químicas capazes
de interagir com o organismo, produzindo respostas
fisiológicas que poderiam trazer tanto efeitos
terapêuticos quanto, a depender de inúmeros fatores,
toxicidade.
Por esse motivo, é fundamental que
compreendamos os pormenores desse campo da
ciência, com o objetivo de utilizar os óleos essenciais
com segurança e eficácia terapêutica. Para tal,
iniciaremos no estudo da Farmacocinética, da
Farmacodinâmica, da Psicofarmacologia, das
Interações Medicamentosas e da Toxicidade.

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Farmacocinética

As interações entre um fármaco e o organismo são


divididas em dois processos: um chamado de
Farmacocinética e outro de Farmacodinâmica.
Comecemos então pelo primeiro.
A Farmacocinética diz respeito ao que o organismo
faz com a substância ativa (no caso, as moléculas
aromáticas dos óleos essenciais) depois de aplicada por
uma das vias de administração possíveis, explicando
como ela é absorvida pelo corpo, distribuída para os
locais de ação, metabolizada e eliminada do organismo.
São, então, quatro etapas que determinam o início,
a intensidade e a duração da substância, interferindo
na sua capacidade terapêutica: absorção, distribuição,
metabolização e eliminação. Estas etapas não
necessariamente acontecem de forma sequencial,
podendo ocorrer simultaneamente, e podendo algumas
delas acontecer mais de uma vez a depender do tipo de
molécula, da via de administração e de quem está
recebendo a substância.

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Administração

Tendo em vista que em Aromaterapia não


utilizamos terapeuticamente molécula a molécula de
forma isolada, e sim o óleo essencial em sua
integridade, quando falamos da etapa da
Administração, vamos inicialmente entender sobre
como utilizar o OE integralmente, sozinho ou em
sinergia, e somente nas etapas farmacocinéticas
mudamos o foco para as moléculas, já que cada uma
poderá seguir por um caminho até ser eliminada.
Existem diversas vias possíveis para se
administrar um óleo essencial. A escolha da via é
determinada por diversos fatores, como as
propriedades, indicações e contraindicações das
moléculas aromáticas, os objetivos terapêuticos, as
especificidades de quem usará, além das variáveis
farmacocinéticas de absorção, distribuição,
metabolização e eliminação que cada substância terá.
As vias de administração mais usadas na
Aromaterapia são a inalatória, cutânea, oral,
sublingual, vaginal e retal. Em cirurgias e
desenvolvimento de pesquisas, é possível que sejam
usadas também as vias intravenosa e intramuscular,

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mas estas não utilizamos na prática
aromaterapêutica.
Um dos pontos a serem considerados na escolha da
via de administração é a biodisponibilidade da
molécula, ou seja, o quanto daquela molécula
permanece intacta até chegar na corrente sanguínea.
Uma molécula é 100% biodisponível quando, por
exemplo, a via de administração é intravenosa. Das
vias acima, a mais favorável a uma biodisponibilidade
mais íntegra é a sublingual, seguida da inalatória,
vaginal e retal.

Inalatória

É a forma mais utilizada e, na maioria das vezes, a


mais segura para aplicar os óleos essenciais, sendo
usada principalmente por inalação direta, difusão
aérea, difusão pessoal, vaporização nasal, aplicação em
roupas, travesseiros, lençóis e tapetes etc.
A via inalatória pode ser usada praticamente por
todas as pessoas, inclusive por grupos de risco (bebês,
crianças, gestantes, lactantes, idosos etc.), a depender
do óleo essencial escolhido. Mesmo pessoas com anosmia
(perda total do olfato) ou hiposmia (perda parcial do

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olfato) podem se beneficiar desta forma de uso, já que
as moléculas aromáticas não necessariamente
precisam da percepção olfativa para atuarem em
nosso organismo.

Cutânea

Também chamada de via dérmica ou tópica1, é a


segunda forma de uso mais comum e mais segura (nas
proporções adequadas), utilizada via aplicação direta,
massagens, fricção, escalda-pés, banhos, compressas,
em cosméticos etc., principalmente para quando se
deseja um efeito local (em pancadas, feridas,
queimaduras, inchaços, dores etc.).
Pode ou não exigir diluição em carreador,
dependendo sempre da finalidade terapêutica, de
quem usará e do OE escolhido. Ela pode ser usada por
todas as pessoas em diversas situações.

1
Quanto ao termo tópico, alguns autores podem se referir não somente ao uso na pele,
na parte externa do corpo, mas também ao uso em mucosas, boca, gengiva etc. Neste
material nós distinguimos o uso na pele, e chamamos de cutâneo, dos usos internos.

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Oral

Para usar oralmente um óleo essencial, pode-se


fazê-lo a partir da ingestão de cápsulas de OE diluído
em carreador (geralmente óleo graxo vegetal), na
culinária ou com a ajuda de líquidos.
A administração oral deve ocorrer
preferencialmente por meio de cápsulas, que levarão o
OE para o fígado e, então, para a corrente sanguínea. Se
feita sem a proteção das cápsulas, as moléculas
aromáticas serão antes absorvidas pelas mucosas da
laringe e de outros órgãos do trato digestivo, o que,
além de representar perda molecular e degradações
prematuras (interferindo nos efeitos do OE no corpo),
pode trazer prejuízos para essas mucosas, ocasionando
úlceras e inflamações pela sensibilidade destes locais.
Salvo em casos pontuais, o uso oral não deve ser
feito por crianças menores que 7 anos, nem por
mulheres grávidas.

Sublingual

A via de administração sublingual, que também


deve ser evitada por crianças e gestantes, pode ser

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feita a partir da aplicação do OE diluído diretamente
debaixo da língua. Ela é preferível ao uso oral tanto
por fazer com que as moléculas aromáticas tenham
uma biodisponibilidade maior quanto pela segurança
no uso.

Vaginal

A administração vaginal de um óleo essencial pode


ocorrer pelo uso de óvulos/supositórios vaginais. Não
deve ser feita por mulheres grávidas, e deve ser
evitada por crianças menores que 7 anos.

Retal

Tal como a vaginal, a administração retal pode


ocorrer pelo uso de supositórios retais. Deve ser
evitada por gestantes e bebês, mas pode ser usada por
crianças maiores que 3 anos, sendo inclusive mais
indicada que o uso oral na maioria dos casos.

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Absorção

Após a utilização do óleo essencial em uma das vias


de administração, suas moléculas aromáticas serão
absorvidas em partes específicas do organismo,
permitindo a sua entrada no plasma. Cada via de
administração provocará uma forma específica de a
absorção ocorrer.
Além da biodisponibilidade da molécula, também é
preciso considerar o tempo de absorção. Este varia de
acordo com a via de administração escolhida (as vias
inalatória e sublingual são as mais rápidas), da
estrutura molecular (monoterpenos tendem a ser
absorvidos mais rapidamente que os sesquiterpenos),
do local de aplicação (face, mucosas e couro cabeludo
facilitam a aceleram a absorção, ao passo que nos pés e
mãos ela acontece mais lentamente), da temperatura
(o calor é um enhancer – ou “melhorador” – da absorção
na pele, abrindo os poros e facilitando a entrada das
moléculas) e da diluição (moléculas de OEs
administrados diluídos em substâncias graxas tendem
a ser absorvidas mais lentamente).

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Inalatória

Administrando um óleo essencial pela via


inalatória, suas moléculas serão absorvidas pela
mucosa nasal, pelos pulmões e pelas estruturas e
células neuro-olfativas.
Sendo absorvida pela mucosa nasal, pela alta
presença de capilares sanguíneos na região, a molécula
seguirá para a corrente sanguínea e então cumprirá
as demais etapas farmacocinéticas, se ligando a
receptores olfativos ectópicos, tecidos e outras células.
Além disso, juntamente com o ar inspirado, será levado
diretamente para os pulmões para ser absorvido lá.
Ademais, a molécula também poderá ser
absorvida por estruturas e células neuro-olfativas
presentes da cavidade nasal ao sistema nervoso
central. Nesse caso, a molécula será dissolvida na
mucosa, sensibilizando os cílios dos neurônios
olfativos. Logo depois, é enviada uma mensagem
neurológica a partir dos neurônios olfativos, atingindo
o bulbo olfatório, que transmitirá esta mensagem a
diversas estruturas do Sistema Nervoso Central, como
as do sistema límbico, produzindo estímulos neuronais
em regiões responsáveis especialmente pelo

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processamento de emoções, memórias e
comportamento sexual, além de estruturas corticais,
trazendo a percepção do odor e estimulando funções
psicológicas e cognitivas.

Figura 1. Representação do mecanismo olfatório

Nem todos as moléculas do OE inalado serão de fato


absorvidas. Algumas serão volatilizadas para outros
locais fora do corpo antes mesmo de serem inspiradas
(em dias muito quentes e em ambientes abertos e
arejados, por exemplo, é possível que isso ocorra) e

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outras, embora inspiradas, podem ser exaladas antes
da absorção, indo para a corrente sanguínea de fato
apenas uma parcela das moléculas. A exemplo, um
estudo identificou que, em uma inalação do óleo
essencial de laranja-doce (Citrus sinensis), 8% do alfa-
pineno inalado foi exalado antes mesmo de ser
absorvido.2

Cutânea

Se a administração for cutânea, as moléculas


aromáticas serão absorvidas pela pele, atravessando
suas camadas.
Ao aplicar o OE na pele, seus constituintes
moleculares serão inicialmente difundidos e
permeados pelo estrato córneo (camada mais externa
da pele, de natureza lipofílica, queratinizada e
recoberta de sebo, cuja principal função é limitar a
absorção de substâncias exógenas). Por sua estrutura,
esta camada permite uma absorção maior de
moléculas monoterpênicas do que de moléculas

2
FALK-FILIPSSON, A. et al. Uptake, distribution and elimination of alpha-pinene in man
after exposure by inhalation. Scandinavian Joural of Work Enviroment and Health, v.
16, p. 372-378, 1990.

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sesquiterpênicas. Quanto menor a molécula, mais fácil
a absorção dela na pele.
As moléculas dos OEs, especialmente as menores,
podem também atuar como enhancers (melhoradores)
da absorção de outras substâncias. Inclusive, há
estudos demonstrando que a presença de moléculas
aromáticas menores facilitam a absorção de moléculas
maiores – inclusive de outras substâncias além dos OEs
– quando utilizadas juntas (em cosméticos e sinergias
aromaterapêuticas, por exemplo).3
O estrato córneo (e todas as demais estruturas da
pele) podem ser mais espessas ou mais finas a
depender do local do corpo. Na face e no couro cabeludo,
por exemplo, o estrato córneo é mais fino e, portanto, a
absorção das moléculas acontece mais rapidamente. Já
em locais como as mãos e os pés, ele é mais espesso,
tornando a absorção mais lenta.
Outra forma de contato com a pele para absorção
é a partir dos pelos, com penetração através do bulbo
do folículo sebáceo dos pelos do corpo e do cabelo. Por
esse motivo, é possível que em alguns locais do corpo
em que há mais pelo a absorção seja maior e mais
rápida.
3
WILLIAMS, A. C.; BARRY, B. W. Terpenes and the lipid-protein-partitioning theory of skin
penetration enhancement. Pharmacology Research, v. 8, p. 17-24, 1991.

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Após a penetração no estrato córneo ou a partir
dos folículos pilosos, as moléculas aromáticas
atravessam a epiderme e a derme e, como a hipoderme
(camada mais profunda da pele) é bastante
vascularizada, a partir desse momento as moléculas
são levadas diretamente para a corrente sanguínea
após a absorção.

Figura 2. Representação das camadas da pele

Oral

Ao usar um óleo essencial por via oral, ele será


absorvido pelo trato digestivo e, caso o uso não seja
feito a partir de cápsulas, pelas mucosas bucal e
laríngea.

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Se nos alimentarmos logo antes da administração
oral, é possível que tenhamos náuseas e que a absorção
e distribuição fiquem mais lentas. Além disso, uma
metabolização (metabolização de 1ª passagem) pode
começar a acontecer já no trato digestivo, quebrando
algumas moléculas aromáticas no estômago, como os
ésteres, que podem se tornar agressivos para o trato
digestivo a depender da dose administrada.

Sublingual

Usando o OE de forma sublingual, ele será


absorvido inicialmente pela mucosa sublingual e
somente então irá para a corrente sanguínea e trato
digestivo.
Ao contrário da absorção oral, pela absorção
sublingual, tendo em vista que esta é uma mucosa
altamente vascularizada, as moléculas aromáticas não
passam inicialmente pelo fígado, sendo encaminhadas
diretamente para a corrente sanguínea. É o uso
interno ideal para quem já está com adoecimentos de
sobrecarga no fígado.

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Vaginal

Por via vaginal, o OE será absorvido inicialmente


pela mucosa vaginal e somente então irá para a
corrente sanguínea.

Retal

Tal como a vaginal, por via retal o OE será


absorvido inicialmente pela mucosa retal e somente
então irá para a corrente sanguínea e trato digestivo.

Distribuição

A etapa da distribuição acontece quando as


moléculas são absorvidas para a corrente sanguínea e
se distribuem nos líquidos intersticial e intracelular,
indo para os locais de ação.
Elas inicialmente chegam nos órgãos mais
vascularizados (como os do Sistema Nervoso Central
pulmões e coração), e depois são redistribuídas aos
tecidos menos irrigados (tecido adiposo, por exemplo).
É nessa etapa que a molécula vai se ligar a receptores

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olfativos ectópicos presentes em diversos tecidos e vai
chegar ao local onde vai atuar. Em grávidas, as
moléculas também são distribuídas para a placenta e
feto.

Figura 3. Representação do Sistema Circulatório

Após ser absorvida e distribuída para o plasma, a


molécula aromática pode agir em mais ou menos
tempo, com uma dose mínima para que se tenha
efeitos terapêuticos significativos e uma dose máxima
para que não se torne tóxica – a essa diferença entre a

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dose mínima e a dose máxima chamamos de janela
terapêutica.
Então, para medir o quanto de ativo é preciso para
ter uma determinada ação terapêutica e em quanto
tempo, utiliza-se a informação da concentração
plasmática, ou seja, da concentração daquela
substância na corrente sanguínea.
Em um gráfico de concentração plasmática,
podemos ver que após a administração de uma
determinada substância ativa, ela começa a fazer
efeito terapêutico, ultrapassando a dose mínima,
alcançando sua dose máxima e posteriormente
diminuindo a sua concentração até não estar mais
presente no plasma.

Figura 4. Representação da concentração plasmática

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Metabolização

Uma vez que entram em contato com o corpo,


principalmente depois de irem para a corrente
sanguínea, as moléculas aromáticas sofrem alterações
por meio de reações enzimáticas, que modificam
(biotransformam) sua estrutura e facilitam sua
excreção.
Estas reações acontecem por conta
principalmente de grupos de enzimas chamadas de
citrocromos. A maior família de citocromos
responsável pela metabolização é a P450 (também
conhecida como CYP ou CYP450).
Ao entrarem em contato com determinadas
substâncias endógenas, os CYP podem torna-las polares
e hidrossolúveis, a fim de facilitar a eliminação destas
substâncias, o que geralmente ocorre através da
urina. Além disso, eles são responsáveis por ativar ou
desativar alguns fármacos, e estão envolvidas na
síntese de hormônios (como o cortisol, a testosterona e
o estradiol).
Os citocromos P450 são encontrados em maior
quantidade em células do fígado, e é por esse motivo
que diversas substâncias, como os compostos dos OEs,

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são metabolizadas no fígado. Todavia, também
encontramos estas enzimas em outros tecidos do
corpo, como nos rins e intestinos, que também são
órgãos de eliminação.
A depender da via de administração e local de
absorção, é possível que algumas destas moléculas
sejam metabolizadas ainda durante a absorção e
distribuição (metabolização de primeira passagem), o
que pode tanto diminuir sua eficácia terapêutica
quanto facilitar sua atuação.
Ademais, algumas substâncias aromáticas
metabolizadas (chamadas de metabólitos) podem ter
atuação terapêutica por vezes maior que a substância
não-metabolizada. Um exemplo é o limoneno, que é
biotransformado em ácido perílico e álcool perilil, cuja
capacidade antitumoral pode ser mais efetiva que a do
próprio limoneno.
Outra informação importante é que algumas
moléculas que não foram completamente
metabolizadas podem ou retornar aos para serem
biotransformadas (as com capacidade lipofílica maior,
como as de sesquiterpenos) a partir da reabsorção ou
até mesmo serem eliminadas em sua integridade (já

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foram encontradas moléculas de fenóis quase
completamente íntegras na urina).

Eliminação

Uma vez que as substâncias aromáticas são


distribuídas e metabolizadas, elas são eliminadas e
excretadas do organismo, juntamente com seus
metabólitos – ou seja, são removidos do organismo
para o meio externo.
A excreção das moléculas aromáticas acontece
principalmente pela urina, mas também pode ocorrer
a partir das fezes (principalmente se a administração
foi oral), leite materno, suor, lágrimas, sangue
menstrual e ar exalado.
Diferente de substâncias aromáticas sintéticas, os
compostos moleculares dos óleos essenciais são, em sua
maioria, metabolizados e excretados pelo organismo.
Vale lembrar que, quando a excreção acontece a
partir dos rins, as moléculas que chegaram
hidrossolúveis a essa última etapa são filtradas nos
glomérulos ou secretados nos túbulos renais, não
sofrendo reabsorção tubular, pois têm dificuldade em

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atravessar membranas e já estão prontas para sair do
corpo via urina. E as que ainda permanecem apolares
e hidrofóbicas geralmente são reabsorvidas para
novas tentativas de metabolização.

Figura 5. Representação da excreção a partir dos rins

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Farmacodinâmica

A Farmacodinâmica se refere ao que a substância


fará com o organismo, trazendo informações sobre
seus efeitos fisiológicos, mecanismos de ação e a
relação entre concentração da substância e efeitos
desejados e indesejados.
De acordo com o seu mecanismo de ação, as
substâncias ativas podem ser divididas em dois
grupos:
1. As estruturalmente inespecíficas: são aquelas que
dependem única e exclusivamente de suas
propriedades físico-químicas para promoverem o
efeito biológico e, assim, não se ligam a nenhum
componente celular para desencadear seu efeito.
Dentre os fármacos convencionais, temos como
exemplo os antiácidos estomacais.
2. As estruturalmente específicas: são aquelas que
exercem seu efeito biológico pela interação
seletiva com uma enzima, um canal iônico ou um
receptor (proteína sinalizadora). Como exemplo
temos as moléculas presentes nos óleos essenciais.

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As interações moleculares

As moléculas dos óleos essenciais executam seus


mecanismos de ação e efeitos terapêuticos (ou tóxicos)
a partir da interação com diversos locais do organismo,
como as membranas celulares, canais neurais, canais
musculares, neurotransmissores, enzimas, e
receptores olfativos ectópicos espalhados pelo corpo.
Elas podem, inclusive, penetrar a membrana celular e
agir sobre micro-organismos que porventura a
habitem (vírus, por exemplo), sem destruir a
membrana da célula.
Nessa interação, principalmente em receptores,
ocorre um fenômeno que ilustrativamente chamamos
de chave-fechadura, sendo a molécula do OE a chave, e
o alvo celular a fechadura. Assim, “abrir a porta” ou
“não abrir a porta” representariam as respostas
biológicas desta interação.
Em um único uso, pela mesma via de
administração e absorção, é possível que diversos
locais de ação sejam alcançados ao mesmo tempo. Por
exemplo, em um uso cutâneo, com o local-alvo sendo a
própria pele, em manchas e queimaduras, as moléculas
agirão diretamente sobre o tecido da pele, mas

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também serão absorvidas e distribuídas para o
plasma, alcançando outras células e órgãos dentro do
corpo.

Mecanismos de ação e efeitos fisiológicos

São diversas as possibilidades de atuação das


moléculas dos óleos essenciais, mas poucas possuem
estudos descrevendo como exatamente acontecem
estes mecanismos de ação. Por essa escassez de
trabalhos científicos, aqui traremos apenas algumas
das possibilidades.

Ação antibacteriana

As moléculas antibacterianas geralmente agem


causando lesões nas paredes celulares das bactérias,
perda de citoplasma, potássio e adenosina trifosfato
(ATP), além de inibirem a produção e a ação de toxinas
bacterianas.
Isso faz com que ocorra uma perda de energia, de
proteção e entrada de água na membrana da bactéria
e, consequentemente, inchamento, explosão e morte

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da bactéria, diminuindo também a resistência de
bactérias.
Um fato interessante sobre a ação em bactérias é
que não há resistência bacteriana contra óleos
essenciais, e os OEs são inclusive capazes de eliminar
superbactérias que costumam ser resistentes a
medicamentos. Como em Aromaterapia geralmente
não utilizamos as moléculas isoladas, mas o OE em sua
integridade, composto por centenas de moléculas
diferentes, as bactérias não são capazes de
desenvolver resistência a elas, ao contrário do que
ocorre com os medicamentos convencionais, em que
há, quando muito, apenas duas ou três moléculas
ativas.
Exemplos de moléculas aromáticas com esta ação
são o terpinen-4-ol (componente majoritário do OE de
Melaleuca alternifolia), timol (presente em Thymus
vulgaris), carvacrol (presente em Origanum vulgare)
e eugenol (presente em Eugenia caryophillus).

Ação antifúngica

Neste caso, as moléculas com essa ação geralmente


agem provocando uma perturbação na

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permeabilidade celular dos fungos e/ou um bloqueio na
produção de ergosterol (lipídio similar ao colesterol em
humanos, cuja função é basicamente construir e
manter as membranas celulares).
Assim, há uma diminuição da permeabilidade das
membranas, deformando a superfície delas e
diminuindo a capacidade de os fungos aderirem às
mucosas humanas, o que diminui também sua
capacidade contaminante. Além disso, ocorre uma
lesão na estrutura do fungo e bloqueio à formação dos
micélios.
Exemplos de moléculas aromáticas com esta ação
são o timol (presente em Thymus vulgaris), carvacrol
(presente em Origanum vulgare), eugenol (presente
em Eugenia caryophillus), limoneno (presente em
Citrus limon) e trans-anetol (presente em Illicium
verum).

Ação antiviral

As moléculas antivirais geralmente se fixam na


membrana externa do vírus e destroem o envelopo de
proteínas que o protege. Assim, há uma diminuição da
possibilidade de o vírus entrar em novas células e

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diminuição da proteção do vírus, fazendo com que ele
fique despido e seja facilmente detectado pelas células
de defesa do organismo, para que elas próprias
destruam o vírus.
Exemplos de moléculas aromáticas com esta ação
são o timol (presente em Thymus vulgaris), carvacrol
(presente em Origanum vulgare), eugenol (presente
em Eugenia caryophillus), limoneno (presente em
Citrus limon) e trans-anetol (presente em Illicium
verum). Ademais, vale ressaltar que estas moléculas
também têm ação imunomoduladora, o que fortalece a
defesa do corpo contra estes patógenos.

Ação anti-inflamatória

As moléculas anti-inflamatórias podem agir


eliminando o agende infeccioso, o que interrompe a
reação imunológica, e também podem inibir a COX
(cicloxigenase; proteína ativada em processos de dor e
infecção) e a síntese de prostaglandinas (grupo de
lipídios liberados em locais lesionados ou inflamados,
envolvidos em processos inflamatórios, no fluxo
sanguíneo e na fisiologia do parto).

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Praticamente todos os OEs atuarão, em algum
grau, sobre as COX e as prostaglandinas, mas algumas
das principais responsáveis por esta ação anti-
inflamatória mais importante terapeuticamente são o
alfa-bisabolol (encontrado na Matricaria recutita), o
camazuleno (também presente na Matricaria
recutita), o beta-cariofileno (encontrado na Copaifera
officinalis e na Eugenia cryophillus) e o eugenol
(Eugenia caryophillus e folhas de Cinnamomum
zeylanicum).

Ação analgésica

As moléculas analgésicas podem agir por


ocupação, estimulação, excitação e consequente
dessensibilização dos nociceptores, por inibição da
síntese de prostaglandinas, liberação de bradicinina
(peptídeo envolvido com o alívio da dor, que permite
que o sangue flua mais suavemente pelo corpo) e
inibição da percepção de dor no Sistema Nervoso
Central.
Exemplos de moléculas com esta ação são o alfa-
bisabolol (encontrado na Matricaria recutita), o
camazuleno (também presente na Matricaria

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recutita), o beta-cariofileno (encontrado na Copaifera
officinalis e na Eugenia cryophillus), o eugenol
(Eugenia caryophillus e folhas de Cinnamomum
zeylanicum), o salicilato de metila (na Gaultheria
procumbens), a cânfora (encontrado na Cinnamomum
camphora qt. canfora) e o mentol (encontrado na
Mentha piperita).

Ação antialérgica

As moléculas antialérgicas podem inibir


receptores de histamina (mediador químico secretado
quando o organismo tem contato com alguma
substância alergênica), sem bloquear a produção,
apenas impedindo que a reação alérgica aconteça.
Ademais, também podem diminuir a percepção de
irritação no SNC.
Algumas moléculas com essa atividade são o
camazuleno (presente na Matricaria recutita), o
mentol (encontrado na Mentha piperita) e o geranial
(encontrado no Pelargonium graveolens).

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Ação antitumoral e anticarcinogênica

Algumas moléculas de ação antitumoral podem


inibir enzimas que atuam no crescimento de células
proteicas que sustentam as rotas metabólicas
carcinogênicas. Também pode acontecer um aumento
na atividade da GST (glutationa-S-transferase, uma
família de enzimas responsáveis pela desintoxicação
de substâncias xenobióticas), o que pode significar
uma maior proteção do organismo a substâncias
carcinogênicas.
Algumas moléculas que apresentam estes
mecanismos de ação são o geraniol (encontrado no
Pelargonium graveolens), o limoneno (encontrado em
diversas espécies de Citrus) e seus metabólitos.

Ação antidepressiva

As moléculas antidepressivas podem agir como:


agonistas de dopamina, aumentando os níveis desse
neurotransmissor em algumas vias neurais, e de
serotonina, aumentando os níveis dela no organismo.
Ademais, também podem diminuir a quantidade de
cortisol na corrente sanguínea e até inibir a MAO

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(monoaminoxidase, enzima responsável por degradar
a serotonina na fenda sináptica, o que diminui sua
transmissão a outros neurônios).
Algumas das principais moléculas com esta ação
são o linalol (presente na Lavandula angustifolia, no
Cinnamomum camphora linaloliferum e na Salvia
sclarea) e o acetato de linalila (presente
principalmente na Lavandula angustifolia e na Salvia
sclarea).

Ação ansiolítica

As moléculas ansiolíticas podem agir tanto como


agonistas serotoninérgicas de 5-HT1A, aumentando os
níveis de serotonina, quanto como agonistas de
endocanabinoides CB2.
Exemplos de moléculas com esta ação são o linalol
(presente na Lavandula angustifolia, no Cinnamomum
camphora linaloliferum e na Salvia sclarea), o acetato
de linalila (presente principalmente na Lavandula
angustifolia e na Salvia sclarea), o limoneno (da Citrus
bergamia e Citrus sinensis), além dos óleos essenciais
íntegros de pitanga (Eugenia uniflora) e copaíba
(Copaifera officinalis).

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VOCÊ SABIA?
Temos receptores olfativos no corpo todo!

Estudos recentes em Biologia Molecular, Fisiologia e Genética


levaram a ciência a entender melhor as funções do que hoje
chamamos de receptores olfativos ectópicos (ROE) ou, ainda,
receptores quimiossensores.

Esses receptores são chamados de olfativos porque são


ativados por moléculas aromáticas que desencadeiam
diferentes respostas celulares.

E eles estão espalhados por todo organismo humano e não


apenas no epitélio nasal!

Foram encontrados receptores olfativos na pele, nos pulmões,


no coração, na retina, nos ossos, no cérebro, em
espermatozoides... Em todos os tecidos humanos em que foram
procurados até hoje, lá estavam os ROE.

A ciência está ainda apenas começando a entender o papel dos


REO, mas as descobertas já realizadas são incríveis e
prometem um futuro de importantíssimas e intrigantes
revelações sobre como nosso corpo funciona e como restaurar
a saúde.

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Geneticistas acreditam que células-imune primitivas de
mamíferos ancestrais continham receptores químicos para as
proteger de patógenos externos e que, em algum ponto da
evolução dos vertebrados, esses receptores passaram a ser
produzidos em outros tecidos e órgãos, oferecendo uma nova
habilidade, a capacidade de perceber a presença de patógenos
em um ambiente pelo que chamamos de aroma.

Dois grupos de células imunes conhecidas como monócitos e


macrófagos utilizam receptores peptídicos formil em suas
membranas para detectar a presença de elementos químicos
relacionados a agentes patógenos.

Na Suíça, em um artigo publicado em 2017, ficou demonstrado


que ratos utilizam esse mesmo receptor para detectar odores
de feromônios.

O sistema olfativo evoluiu a partir do sistema imune


justamente como recurso para explorar o universo de
partículas proveniente da química dos ecossistemas e seres ao
nosso redor.

Isso faz muito sentido porque, sendo possível farejar traços


químicos de agentes patógenos na atmosfera, isso dá ao corpo
maiores chances de responder às infecções antes de os
micróbios chegarem às defesas do hospedeiro.

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Esses receptores sempre estiveram envolvidos na percepção
de componentes químicos circulando em um sistema e atuam
regulando o metabolismo, processos homeostáticos e a
resposta imune, por exemplo, mas suas funções vão ainda além
disso.

A descoberta dos receptores olfativos ectópicos rendeu aos


pesquisadores Richard Axel e Linda Buck um Prêmio Nobel em
2004.

Para você ter ideia da importância disso, com o passar das


últimas duas décadas, foi descoberto que determinados
receptores olfativos podem ativar funções celulares
relacionadas à inibição do crescimento de determinados
tumores, por exemplo.

Não apenas: os receptores olfativos também estão envolvidos


com a quimiotaxia de espermatozoides e, de fato, foram
encontrados mais de 7 receptores olfativos ao longo do corpo
de espermatozoides humanos e que atuam na orientação do
espermatozoide, nos seus movimentos. Espermatozoides
utilizam o olfato para encontrar o caminho certo no organismo
feminino para o óvulo!

Há promissores estudos hoje acerca do potencial dos


receptores olfativos como alvos terapêuticos para tratar os
sistemas cardiovascular, imune, gastrointestinal,
geniturinário, nervoso, respiratório e a pele, indo desde a

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regulação da pressão sanguínea à regeneração de músculos,
cicatrizações difíceis, aderência de cálcio, apoptose de
tumores, aumento da resposta imune e dezenas de outras
queixas e doenças!

Determinados ROE, quando encontram na corrente sanguínea


ou na microbiota intestinal ou em outro tecido em que estejam
um elemento incomum, alheio, possivelmente invasor ou
perigoso, logo disparam uma sinalização que culmina numa
resposta imunológica.

Há receptores quimiossensores nas células pulmonares,


responsáveis, por exemplo, não apenas pela percepção de
organismos patógenos, como um vírus da gripe, mas pela
regeneração do tecido pulmonar após uma infecção pelo vírus,
por exemplo.

ROE transcritos têm sido identificados em várias células


sanguíneas humanas, como eritrócitos, células periféricas
mononucleares, células NK, B e T e granulócitos
polimorfonucleares. Componentes aromáticos da manteiga,
por exemplo, induzem comportamento quimiotático em
neutrófilos humanos. Algumas moléculas aromáticas podem
agir inibindo quimiotaxia de células T CD4 ou regular funções
dos macrófagos.

Um estudo do Dr. Hanns Hatt sugere que uma molécula


odorante chamada sandalore, sintética, ao ser recebida em

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nosso organismo, ativa o receptor olfativo OR2AT, o que leva a
uma reduzida proliferação e acelerada apoptose de células
tumorais de leucemia mieloide! Câncer de próstata, bexiga e
cólon também possuem registros científicos que estamos
deixando logo abaixo em nossa "listinha" de hoje.

Ainda são descobertas iniciais, faz apenas 20 anos desde que


foram descobertos os ROE, contudo... Não é especialmente
intrigante que nosso sistema olfativo seja muito, muito mais
do que uma ferramenta de separar cheiros?

Como sentinelas equipados com super canivetes-suíços, essas


células fazem a ponte entre o externo e o interno mediando
processos relacionados ao equilíbrio das funções que nos
presenteiam com a saúde dos sistemas orgânicos.

Em tempos de pandemia e sazonalidade, devemos cuidar de


fortalecer nossas defesas naturais. Há muitas formas de fazer
isso, e uma delas é por estímulos olfativos por meio de
moléculas voláteis de plantas medicinais aromáticas.

A Aromaterapia, apesar de recente enquanto ciência, é uma


prática ancestral, através da qual utilizamos os aromas da
natureza para tratar numerosas queixas. Nosso corpo, ao
longo das centenas de milhões de anos da evolução da vida no
planeta, foi moldado para responder à química do mundo. Os
efeitos da Aromaterapia na mente e no corpo são profundos e

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poderosos e estão aos poucos sendo melhor compreendidos pela
comunidade científica mundial.

Sentir cheiros é fundamental para nossa sobrevivência, na


escolha do que ingerir, do que não ingerir... Esse complexo
sistema de percepção química do mundo é a porta de entrada
para o poder medicinal de certas plantas aromáticas, que
oferecem incontáveis benefícios a partir da ligação com os
receptores olfativos que temos espalhados por todo
organismo.

Artigo escrito por Ronan Cardoso,


originalmente publicado no site da Apotecários da Floresta.

CARDOSO, R. Olfato e Sistema Imune. Apotecários da Floresta. Disponível em:


< https://www.apotecariosdafloresta.com/post/olfatoesistemaimune>;
Acesso em 3 de junho de 2020.

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Interações medicamentosas

Nem todo mundo dá atenção a essa temática, mas


os óleos essenciais interagem com tudo o que
consumimos, desde outros OEs a alimentos,
fitopreparados e medicamentos.
Isso ocorre porque, na farmacocinética, uma vez
que o OE é absorvido, havendo outras substâncias para
o corpo receber e biotransformar, elas podem competir
entre si a nível de receptor, uma pode interferir na
ação da outra, uma pode inibir a enzima que permite
que a outra seja usada em segurança, etc. Ademais,
pode haver uma sobrecarga no metabolismo, que
precisará biotransformar diversas moléculas
diferentes ao mesmo tempo.
Especialmente quanto às interações entre OEs-
medicamentos, tem crescido cada vez mais o número
de relatos de caso e estudos abordando o tema, mas a
ciência ainda carece de aprofundamentos o bastante
dentro dessa questão.
Devido a estas limitações e carência de estudos o
bastante, temos dados de apenas algumas destas

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interações. Traremos, pois, o que se sabe sobre elas nas
tabelas a seguir.

ÓLEO ESSENCIAL POR QUALQUER VIA

PODENDO
O ÓLEO ESSENCIAL DA PLANTA INTERAGE COM
RESULTAR EM

Wintergreen Aumento do efeito


Varfarina
anticoagulante e
(anticoagulante)
Bétula-doce hemorragia

Medicamentos
metabolizados
Camomila alemã azul pela CYP2D6 Aumento do efeito
(geralmente do medicamento,
neurolépticos, podendo aumentar
antidepressivos os efeitos adversos
tricíclicos, e a toxicidade do
Tanaceto selvagem antidepressivos medicamento
ISRS e beta-
bloqueadores)

ÓLEO ESSENCIAL POR VIA ORAL

PRESENTE NO
PODENDO
O CONSTITUINTE OE DE PLANTAS INTERAGE COM
RESULTAR EM
COMO

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Limões,
Limoneno laranjas,
grapefruit Emplastos

Cânfora dérmicos como o

Cânfora branca, de Nicotina, 5- Aumento da

alecrim fluorouraxil capacidade e


(quimioterápico), velocidade de
Eucalipto,
1,8-cineol Indometacina e absorção
alecrim, louro
Prednisona (anti-

Tepinen-4-ol Tea tree inflamatórios)

Nerolidol Néroli

Anticoagulantes Aumento do tempo


Cravo, canela
Eugenol Varfarina e de coagulação
(folhas)
Heparina sanguínea

Quinidina
(medicamento
Hortelã- Bradicardia e
Mentol usado para
pimenta fibrilação cardíaca
restabelecimento
do ritmo cardíaco)

Trans-anetol Anis-estrelado Analgésicos como


Paracetamol e Sobrecarga no
Cinamaldeído Canela
Ácido fígado
Acetilsalicílico
Pulegona Poejo

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FITOPREPARADO POR VIA ORAL

PODENDO
FITOPREPARADOS DA PLANTA INTERAGE COM
RESULTAR EM

Antidepressivos Crise
Anis-estrelado
IMAOs hipertensiva

Redução da
Anticoncepcionais
atividade do
orais
anticoncepcional

Varfarina
Hemorragia
(anticoagulante)
Camomila alemã
Ibuprofeno (anti- Aumento do efeito
inflamatório) do medicamento

Aumento da
Haloperidol
concentração
(antipsicótico)
plasmática

Eucalipto glóbulos Antidiabéticos Hipoglicemia

Ácido
Hemorragia
acetilsalicílico

Gengibre Anti-
Crise hipotensiva
hipertensivos

Varfarina Hemorragia

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Toxicidade

Aromas, a química volátil da natureza, estão por


todos os lados neste planeta há pelo menos 600.000.000
de anos. Hoje, versões sintetizadas de moléculas como
1,8-cineol, linalol, mentol, limoneno, salicilato de metila,
aldeído cinâmico, dentre tantas outras, das que
encontramos naturalmente nos nossos preciosos óleos
essenciais, estão sempre presentes ao nosso redor, em
produtos de limpeza e higiene, cosméticos, perfumes,
medicamentos e alimentos.
Aromas naturais ou aromas sintéticos inspirados
na natureza são justamente a química volátil de toda
indústria que conhecemos. Em verdade, estamos
expostos a essas moléculas aromáticas
initerruptamente, seja em uma cidade ou em uma
floresta. No supermercado, alimentos naturais ou que
pretendam imitar alguma característica como um
sabor ou um cheiro natural, estão repletos da química
volátil que vamos conhecer no estudo da
Aromaterapia.
O ser humano é bom em muitas coisas, por
exemplo, muito bom em tentar imitar a natureza.

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Muitas vezes utilizados para mascarar o cheiro de
certas formulações, os aromas da indústria são uma
das maiores causas de alergias e reações tóxicas no
mundo. Está aí um grande exemplo do quanto a
humanidade é mais inteligente do que as plantas, como
defendem muitos cientistas (contém ironia!), afinal,
queremos a natureza domada ali no vidrinho, e quem
aprovou o rótulo sabe disso, então, promete-se lavanda,
mas o que vem é linalol, porque é mais fácil assim. Para
muitas pessoas, o linalol combinado com outras
moléculas, num blend típico padrão de produtos de
limpeza, será a referência do aroma da lavanda.
A tragédia, além dessa referência não condigna na
memória olfativa, consiste no fato de que a molécula
isolada não se comporta como a molécula em
sinergismo com as demais produções metabólicas das
plantas quando em sua integridade. Ou seja, a
molécula isolada do linalol jamais corresponderá ao
óleo essencial íntegro da lavanda, por exemplo, tanto
em aroma como em ações terapêuticas. Isso ocorre,
conforme vimos, por muitas razões, como competição a
nível de receptores, onde famílias químicas
resultantes da biossíntese do linalol fazem parte da
mistura natural da planta e, essas moléculas, em

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sinergismo, atenuam os efeitos tóxicos umas das
outras, ao passo que a molécula sintética isolada terá
outro resultado em nosso organismo, sendo, no geral,
as dosagens das versões sintéticas muito mais tóxicas
que as mesmas dosagens das opções naturais.
E ainda que a indústria com seu greenwashing
prometa a eficiência da camomila no rótulo do seu
shampoo, a fórmula da química industrial é
muitíssimo mais perigosa e menos eficaz do que a
versão natural produzida pela própria planta, na
esmagadora maioria das vezes. Contudo, não se
engane...
Uma pessoa desavisada poderia pensar: “OK, já
entendi tudo... Então os produtos da indústria são
tóxicos para um número extraordinário de pessoas,
mas isso não torna os produtos naturais igualmente
tóxicos, pelo contrário... Né? Afinal os naturais são
puros e antigos e fazem só bem porque meu corpo
reconhece melhor”. Bom... Esse raciocínio está
completamente errado! Tudo depende.
A Natureza é exuberante em suas magníficas
manifestações. Todos os seres humanos que já pisaram
ou pisam no planeta terra se beneficiaram/beneficiam
vastamente da generosidade dos seres vegetais.

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Todavia, entender disso que não existem riscos no uso
de qualquer substância natural é um equívoco
grosseiro e, por vezes, perigoso. Lembre-se, cara/o
alquimista deste caminho, lembre-se sempre do
mantra contemporâneo: “Não é porque é natural, que
não faz mal”.
Para compreendermos por que e como uma
substância pode nos fazer mal, se faz necessário um
estudo amplo acerca de sua toxicidade. Na
Aromaterapia, quando lidamos com óleos essenciais,
precisamos de conhecer os riscos, para que possamos
sempre atuar dentro de um limite seguro,
proporcional à gravidade e urgência da situação
enfrentada, sim, mas sobretudo respeitando cada
contexto, cada organismo. Cada escolha terapêutica
precisa de ser avaliada levando-se em consideração a
justa balança entre risco e benefício.

O que exatamente é toxicidade

Toxicidade é um conceito que resulta da interação


entre sistemas vivos e substâncias xenobióticas
quando ocorrem mudanças bioquímicas, fisiológicas,

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anatômicas, patológicas e ou comportamentais que
afetam a performance de todo o corpo ou a sua
capacidade de responder a desafios.
Uma toxicidade pode se manifestar localmente ou
sistematicamente, assim como pode envolver
disrupção de processos bioquímicos. Em casos
extremos, pode levar o organismo à morte, como é o
caso, por exemplo, do salicilato de metila na
Aromaterapia: um constituinte molecular que, se
desavisadamente for ingerido em doses altas, será
metabolizado em ácido salicílico por nosso organismo,
em outras palavras, se tornará “aspirina líquida”,
produzindo os mesmos efeitos colaterais do famoso
medicamento. A Aspirina® é composta por ácido
acetilsalicílico, que será metabolizado em ácido
salicílico por nosso organismo. Este é um medicamento
de importância ímpar para a humanidade, mas seu uso
indevido pode ser perigoso e, da mesma forma,
devemos respeitar os óleos essenciais muito ricos em
salicilato de metila.
No organismo humano, os órgãos responsáveis por
absorção e eliminação são especialmente sensíveis à
toxicidade dos OE: pele, estômago, fígado, intestinos,
pulmão e rins. A toxicidade, quando local, geralmente

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se manifesta em um dos órgãos sensíveis e recebe um
nome relativo ao órgão, como nefrotoxicidade no caso
dos rins. Uma toxicidade sistêmica pode ocorrer de
diferentes formas, como resultando num carcinoma,
ou mudanças no peso corporal, desequilíbrios
relacionados à imunidade etc.

O que é preciso observar

Fatores como idade, sexo, perfil genético, estado


nutricional e de saúde, por exemplo, interferem na
toxicidade dos OEs. Diferenças na capacidade
metabólica e de eliminação, interações
medicamentosas etc., precisam sempre de especial
atenção do olhar terapêutico. Bebês, pessoas que
tomam medicações prescritas, grávidas, idosos e
pessoas com doenças crônicas são grupos de risco que
merecem sempre maior cuidado.
Como vimos, é inevitável o contato com
substâncias tóxicas e, em geral, o organismo consegue
processá-las. No caso dos OEs, a dose e forma de uso
precisam de resultar em benefícios que suplantem

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efeitos adversos. Esse é o trabalho de quem estuda os
óleos essenciais: avaliar com cuidado cada caso.
Um xenobiótico pode ser inerentemente tóxico ou
tornado tóxico após o metabolismo (por processos como
oxidação, redução e hidrólise, por exemplo). Ou seja,
devemos conhecer o melhor que pudermos a
farmacologia dos óleos essenciais ou pelo menos das
principais moléculas componentes destes óleos para
guiarmos com segurança nossas decisões terapêuticas.
É possível ocorrerem diferentes reações a OEs, que
podem incluir: fotossensibilidade, dermatite de
contato, reações orais adversas (estomatite,
inflamação da membrana mucosa oral), outras reações
(coceiras, sensação de queimação etc.). Tais situações
podem ocorrer por diversos motivos. Além da
toxicidade inerente a uma determinada molécula, há
outros pontos a serem analisados por quem utiliza os
OE.
Alguns constituintes de OEs possuem a capacidade
de melhorar a absorção de outras substâncias,
aumentando sua permeabilidade: terpinen-4-ol e alfa-
terpineol, por exemplo, moléculas presentes no óleo
essencial da Melaleuca alternifólia, aumentam
significativamente a permeação de água e álcool

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(etanol) em tecidos humanos. O d-limoneno, por sua vez,
abundante no óleo essencial da laranja doce, aumenta
a permeação do eugenol. A molécula cânfora aumenta
a absorção da nicotina. Deveras há, dentre as tantas
moléculas produzidas pelas diferentes plantas
aromáticas, aquelas que podem reduzir a função de
barreira dos lipídeos na pele, tornando-os levemente
mais hidrofílicos, facilitando, assim, sua própria
passagem através da derme.
E atenção: óleos essenciais puros ou diluídos
podem produzir reações tóxicas ou alérgicas. É preciso
sempre conhecer cada planta e seu óleo para agir com
cautela.
A toxicidade de um OE pode ser agravada a
depender da exposição que um determinado
organismo tem a determinadas moléculas aromáticas.
Fatores como calor ou umidade podem alterar a
capacidade de absorção de diversos componentes. Uma
circulação capilar maior, como por efeito de massagem
ou contato com água quente, por exemplo, aumenta a
absorção através da pele entre 34 - 158%!
Ao fazer uso tópico de um OE, também devemos
considerar sobre volatilidade e oclusão: componentes
mais voláteis rapidamente são perdidos, diminuindo,

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assim, sua absorção. Quando a pele recebe uma oclusão
de um material não permeável após a aplicação de um
OE não diluído, a absorção para a corrente sanguínea é
consideravelmente maior.
Ainda sobre absorção, a quantidade de OE
absorvido através da pele em uma massagem pode
variar conforme:
• A quantidade total de OE aplicada
• A diluição do OE no veículo
• O veículo no qual se dispersou o OE
• A área total de pele na qual o OE foi aplicado
• A saúde e integridade da pele
• A idade de quem recebe o OE
• Temperatura e umidade da pele
• A extensão em que a pele é coberta após a
massagem
• Quão rapidamente a pele é lavada após a
massagem
• O OE utilizado

Doses altas de OEs tóxicos administradas


repetidamente de forma incorreta podem levar a
acúmulos no organismo que podem ter graves efeitos
colaterais. Na obra Essential Oil Safety, os autores

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citam o caso de uma mulher que, aconselhada por um
naturopata, certa vez ingeriu 20 gotas
(aproximadamente 1ml!) de OE de “Tuia maçã” durante
5 dias 2x ao dia e, aproximadamente 30 minutos após
a décima dose, teve uma convulsão e caiu, fraturando
o crânio (MILLET et al 1981, apud TISSERAND; YOUNG,
2014). O OE de tuia maçã, como é conhecido, é um óleo
essencial muito rico na cetona tujona, que pode ser
neurotóxica em doses elevadas.
A necessidade de ingestão de óleos essenciais é
algo verdadeiramente raro e deve ser conduzida
sempre por especialistas cuidadosos, justamente por
ser perigosa. Há muito mais a ser observado: OEs
podem permanecer mais tempo em tecidos gordurosos,
por exemplo. O Citral pode levar até 72h para ser
completamente eliminado do organismo de ratos.
Citral é uma molécula presente nos OEs conhecidos
como capim-limão e may chang, bastante lipofílica e
com ação teratogênica comprovada.

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Sistemas do corpo e a toxicidade

Há OEs e moléculas tóxicas para diversos sistemas


do organismo humano, como:
• Sistema Tegumentar – os dermoagressivos, como
wintergreen e caneca casca
• Sistema Respiratório – os irritantes, como
wintergreen
• Sistema Cardiovascular – hipertensores como a
cânfora
• Sistema Urinário – sândalo e cipreste forçam os
rins
• Sistema Digestivo – uso indevido de hortelã-
pimenta
• Sistema Nervoso – cânfora, tujona, pinocanfona,
pulegona
• Sistema Reprodutivo – citral

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Notas sobre dermoagressividade e reações
na pele

Há duas informações importantes sobre as quais


devemos meditar antes de falarmos de reações de
substâncias naturais como os óleos essenciais (e
cosméticos feitos com eles) na pele:
• Reações da pele são difíceis de prever.
• Existe muita discussão acerca dos níveis de risco
e acerca da real relevância de informações sobre
a toxicidade de moléculas isoladas ou sintéticas
em relação a um óleo essencial em sua
integridade.

O efeito de uma molécula quando isolada para um


estudo não é igual ao efeito de um óleo essencial
íntegro e rico naquela mesma molécula. Um óleo
essencial pode possuir entre dezenas e centenas de
componentes moleculares diferentes.
Como sabemos, as fragrâncias estão dentre as
maiores causas de reações alérgicas na pele em todo o
mundo. Muito embora “fragrâncias” seja uma palavra
imprecisa e generalizante, que não abarca a riqueza
inerente à vasta quantidade de moléculas aromáticas

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presentes nas centenas de óleos essenciais
encontrados no mercado, existem, sim, alguns riscos
no uso destas substâncias e nós precisamos de
conhecer com maior profundidade sua natureza, para
melhor avaliarmos o que pode ou não valer a pena em
termos da relação risco/benefício que uma substância
como um OE pode oferecer a um organismo específico
em um contexto específico.
Afinal, como nos ensina o próprio Robert
Tisserand, autoridade mundial quando o assunto é
segurança no uso dos OE, se todos os componentes que
causaram pelo menos uma reação alérgica registrada
na história fossem proibidos em produtos para
cuidados naturais, não haveriam produtos para
cuidados naturais. Se todos os óleos essenciais fossem
utilizados visando-se a eliminação de todo e qualquer
risco, nenhum benefício poderia deles ser obtido
(TISSERAND; YOUNG, 2014).

Tipos de reação dérmica

As inflamações causadas pelo contato de qualquer


substância com a pele são denominadas dermatites de
contato. Óleos essenciais podem causar irritação ou

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sensibilização da pele, sendo a irritação menos
problemática que a sensibilização. A concentração de
certas moléculas mais agressivas na pele, e o tempo de
exposição a elas pode levar uma irritação ao
desenvolvimento de uma alergia.
Muitos são os fatores que podem ser
determinantes para ocorrer ou não uma reação
dérmica, todavia, selecionamos algumas informações
que podem ser de grande ajuda para orientar uma
avaliação.
A severidade de uma reação dérmica varia de
acordo com fatores como a localização anatômica da
área exposta, a área total de pele exposta, a frequência
e duração da exposição, a substância utilizada, sua
quantidade e concentração totais exatas, o veículo
utilizado, se alguma oclusão foi ou não utilizada, a
presença de inflamação ou pele doente ou em
recuperação e o grau de penetração percutânea. Quem
utiliza óleos essenciais em cosméticos deve ter uma
atenção aos detalhes e buscar avaliar cada situação
com a maior clareza possível.
Não apenas o organismo de cada pessoa possui
uma constituição e resposta distintas e isso deve ser
entendido em seu contexto próprio, mas também

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devemos ter olhos para o dia, a estação, a atmosfera.
Dessa forma, as condições ambientais não devem ser
descartadas. Como exemplo, a radiação ultravioleta é o
fator determinante na fotossensibilização, uma vez
que moléculas como as furanocumarinas e o citral
absorvem um grande espectro de radiação solar, ao
passo que a umidade do ambiente ou a quantidade de
calor podem influenciar a sensibilidade no geral.
Fato é que existem diversos elementos e
condições que podem determinar a reatividade da
pele, mas você, aromaterapeuta, não precisa conhecer
todos eles. O importante é entender que todos eles
envolvem aspectos de um ou mais dos seguintes itens:
• Dosagem exata (quantidade e concentração da
substância)
• Grau de absorção percutânea da substância
• Grau de reatividade entre a substância e o
sistema imune

A seguir, listamos 5 dentre os pontos mais


importantes para se levar em consideração por serem
fatores capazes de produzir respostas muito
diferentes das esperadas no uso tópico de OEs.

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1. Dosagem
Existe dosagem segura para utilizarmos óleos
essenciais? A dosagem é a variável de mais fácil
controle. Infelizmente, uma mesma dose de uma
substância pode produzir uma reação em uma pessoa
e não em outra.
Reações cutâneas são altamente dependentes da
concentração de OE absorvida. Uma pesquisa realizada
na Dinamarca com pacientes com dermatite
conhecidamente sensíveis à molécula aldeído
cinâmico, presente no OE de canela, mostrou a seguinte
relação:

Concentração de Porcentagem de Número total de


aldeído cinâmico pacientes que tiveram pacientes que
utilizada reação alérgica apresentaram reação

2.0% 100% 18/18


1.0% 83% 15/18
0.5% 61% 11/18
0.1% 27% 5/18
0.05% 17% 3/18
0.02% 6% 1/18
0.01% 0% 0/18

Os resultados deixam claro que mesmo a 0,02% de


concentração (equivale a aproximadamente 1 gota em

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200ml de base) o componente molecular majoritário do
óleo essencial da canela em cascas, o aldeído cinâmico,
pode ser agressivo para pessoas já sensíveis.
É muito importante sempre ter em mente que
cada óleo essencial possui uma dosagem segura
distinta e cada pessoa pode reagir de formas
diferentes a uma mesma dosagem de um mesmo OE.
Cada caso é um caso.

2. Variabilidade e grau de absorção


O alto grau de variabilidade nas reações de
diferentes organismos às mesmas substâncias se deve
às diferenças de “terreno”. Diferenças na absorção
percutânea e diferenças na reatividade podem se
dever tanto a fatores genéticos quanto à frequência
de exposição. No caso das variações genéticas, elas
impactam em muito fatores fisiológicos relevantes
como estado de antioxidantes, da função protetiva da
pele e da concentração de células T reguladoras de
respostas imunes, para citar alguns exemplos.
Quanto à frequência de exposição de uma pessoa a
um óleo essencial, caso ocorra repetidamente o contato
com uma determinada molécula ou grupo de moléculas
com potencial alergênico, ao longo de um certo tempo,

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a depender da toxicidade da substância e das condições
do terreno biológico, este pode ser um fator agravante
do risco de reação adversa, com a exceção de moléculas
de baixo risco. Isso fica mais claro com a ajuda da
ciência: em 1989 nos EUA, 400 produtos contendo
quantidades altas de 48 moléculas aromáticas dentre
as mais comumente utilizadas, como acetato de linalila
(78%), citronelol (+de90%) e linalol (90%), foram listados
e, posteriormente (1995), em outros trabalhos, em 11
clínicas dermatológicas europeias estas moléculas
foram testadas cada uma em 100 ou mais pacientes
sensíveis com dermatite e nenhum único caso foi
reportado como tendo reações positivas de
importância clínica. Dessa forma, frequência de
exposição não necessariamente aumenta o risco de
dermatite de contato alérgica, ainda que seja um fator
de grande relevância a ser considerado.
É importante ressaltar que a presença de
elementos derivados de adulterações e contaminações
também é de importância fundamental quanto a
toxicidade e potencial alergênico de um óleo essencial.
Falsificações infelizmente são comuns no mercado e
nem sempre podemos percebê-las, motivo pelo qual

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devemos ter acesso à cromatografia e comprar apenas
com profissionais responsáveis e de confiança.

3. Oxidação
É crucial, para o cálculo do risco/benefício, levar
em consideração a oxidação dos constituintes
moleculares dos OEs, uma vez que os óxidos e
peróxidos formados nesse processo são mais reativos.
Monoterpenos como linalol, acetato de linalila,
limoneno e alfa-pineno, por exemplo, são moléculas que
podem oxidar mais facilmente e se tornarem
sensibilizantes. Nota-se, contudo, que não
necessariamente a presença de moléculas oxidadas
representa um risco de desencadeamento de processos
alergênicos no uso terapêutico dos óleos essenciais.

4. Validade
No geral, produtos mais velhos possuem maior
chances de causar sensibilizações cutâneas, todavia, é
interessante destacar que, por exemplo, o aldeído
cinâmico, possui uma surpreendente diminuição de
sua alergenicidade quando oxidado e, portanto,
transformado em ácido cinâmico, assim como quando
adicionado a misturas que contenham álcoois ou

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aminas, com as quais pode reagir e formar
componentes menos alergênicos ou mesmo não-
alergênicos.
Abaixo, uma lista fornecida pelo autor R.
Tisserand na obra Essential Oil Safety, com óleos
essenciais com maior risco de causar sensibilização se
oxidados:

Óleos essenciais com risco elevado de sensibilização se oxidados


Angelica Anis estrelado
Caraway Aipo
Cistus Frutas cítricas
Curry Cipreste
Endro Elemi
Funcho Ferula
Abetos Fleabane
Olíbanos Gálbano
Gengibre folha Grindelia
Cannabis Junípero
Kanuka Larix
Lemon balm (Australia) Limão folhas
Longoza Mástique
Syzygium anisatum Pimenta preta
Pimenta-de-Sichuan Pimenta branca
Pinheiros Pteronia
Ramy bark Salvia blue mountain
Spruce Anis estrelado
Rhus cotinus Tana
Tea tree Kunzea branca

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Terebintina Verbena (branca)

5. Poder de anulação e sensibilização


Quando mencionamos que existe controvérsia
quanto a estudar a ação de uma molécula isolada para
entender a ação do óleo essencial em sua integridade,
isso se deve ao fato de que a grande quantidade de
moléculas em um OE atua em diferentes vias e de
diferentes formas. É possível que um efeito
sinergístico ocorra ou que uma anulação se faça
presente ou, ainda, ambas situações.
No ano de 1976 foi descoberto que a ação
sensibilizante de determinadas moléculas pode ser
diminuída na presença de certos outros constituintes
específicos, como é o caso da sensibilidade ao citral, que
pode ser diminuída na presença de alfa-pineno ou
limoneno; e do aldeído cinâmico que pode ter sua
alergenicidade diminuída quando na presença do
eugenol ou do limoneno. Outros estudos, posteriores,
inclusive em humanos, confirmaram estes dados e
compreende-se como postulado que esse efeito existe
por conta de competições inibitórias ao nível dos
receptores. Em um destes estudos mencionados acima,

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em 10 pessoas com urticária adquirida após uma
aplicação tópica de aldeído cinâmico, 6 tiveram uma
reação consideravelmente menos severa quando
eugenol foi aplicado conjuntamente. O surpreendente
é que, mesmo quando aplicado 60 minutos após a
aplicação do aldeído cinâmico, o eugenol diminuiu a
reação e seu efeito não cessou com a lavagem do local.
Curiosamente, o OE canela extraído da casca da árvore,
rico em aldeído cinâmico, pode ter sua alergenicidade
diminuída quando combinado com o OE de canela
extraído das folhas da mesma árvore, por este último
ser, diferentemente do primeiro, muito rico em
eugenol.
Quando bem conhecido e aplicado, o poder de
anulação pode ser uma ferramenta decisiva em uma
formulação de tratamento, quando podemos usar a
nosso favor a competição inibitória das moléculas
pelos receptores espalhados pelo nosso organismo.

Indivíduos suscetíveis

Cada organismo no mundo é único. Antes de mais


nada, é importante considerarmos que o grau de
vulnerabilidade de um grupo de indivíduos não deve

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ser aplicado aos demais. Abaixo, listamos alguns
elementos que podem gerar diferentes respostas de
grupos de pessoas distintos aos tratamentos:

1. Estado de saúde
Para maior segurança em uma aplicação tópica,
observe o estado de saúde da pessoa e, também, da área
que receberá o óleo. Se um OE for aplicado sobre uma
pele doente, inflamada, sensibilizada ou ferida, por
exemplo, a situação pode se agravar, uma vez que a
absorção será maior do que o normal.
Ademais, o estresse psicológico também pode ter
efeitos adversos na saúde da pele, por exemplo: a
produção aumentada de glucocorticoides pode reduzir
a capacidade protetiva da pele; a sensibilização pode
aumentar, em virtude de respostas imunes,
agravando processos inflamatórios.
Atenção: OEs ansiolíticos podem reduzir
determinados processos inflamatórios e alergias
cutâneas, mesmo apenas com sua inalação, pois eles
reduzem os níveis da ‘substância P’ e,
consequentemente, do desencadeamento da cascata
inflamatória.

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Acerca do estresse oxidativo, doenças crônicas e
idade avançada são fatores que não raramente
encontram-se associados com uma redução geral nos
níveis de antioxidantes presentes no organismo e isso
pode aumentar a reatividade da pele. Especialmente
por conta dos radicais livres, quando o estresse
oxidativo supera a capacidade antioxidante da pele,
um processo degenerativo ocorre, podendo, inclusive,
gerar danos ao DNA.

2. Idade
Ainda que dados apontem que os casos registrados
de dermatite de contato aumentam conforme a idade
dos pacientes, teoricamente as crianças, em especial as
mais novinhas, são as mais sensíveis à possibilidade de
desenvolver uma dermatite de contato. Há poucos
casos oficiais de sensibilização cutânea em crianças, o
que não significa que não seja necessária grande
preocupação ao utilizar OEs nelas de forma tópica.

3. Sexo
De acordo com pesquisas realizadas em diferentes
países, há uma tendência maior do sexo feminino
apresentar maior sensibilidade a moléculas

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aromáticas. Isso pode se dever ao fato de em geral as
mulheres estarem mais expostas a produtos com
fragrâncias sintéticas e outros elementos capazes de
produzir reações com OEs ou por alguma predisposição
relacionada à resposta imune maior que mulheres
costumam apresentar em virtude de parâmetros
hormonais, em detrimento da permeabilidade da pele.

4. Genética
Fatores genéticos apresentam influência nos
casos de sensibilidade na medida em que diferentes
organismos podem ter diferentes reações imunes ou
desempenho metabólico na absorção tópica de
fragrâncias, sem falar na constituição própria de
receptores olfativos espalhados por todo organismo,
que podem influenciar respostas inflamatórias.

Em suma, dermoagressividade é uma questão


importantíssima de ser conhecida, mas muito difícil de
ser prevista. Aprender como lidar com uma reação
cutânea é tão importante quanto saber evitá-la, mas
tenha em mente que, independente de todo seu
conhecimento e cuidado, sensibilizações ainda podem
acontecer.

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DA MAGIA À CIÊNCIA
Do Salgueiro à Aspirina

O primeiro ensaio clínico da história da Medicina foi escrito em


1763, na Inglaterra, por um reverendo chamado Edward
Stone. Neste ensaio, foram descritos os efeitos medicinais da
casca do salgueiro no alívio dos sintomas da malária, como
dores articulares e febre.

É importante destacar que, embora tenha sido formalmente


este o primeiro ensaio clínico, o conhecimento acerca das
propriedades da casca do salgueiro era já notoriamente
antigo.

O Papiro de Ebers, por exemplo, documento que, atualmente,


possui mais de 3.500 anos (escrito em 1534 a.C.) e que é
considerado um dos mais importantes e completos registros da
medicina egípcia, detalha diversas condições médicas, assim
como conta com nada menos que cerca de 700 preparações de
ervas medicinais!

Dentre tais preparações, há a receita de um extrato obtido a


partir da casca de uma árvore que crescia na maior parte do
mundo conhecido pelos antigos egípcios: tjeret, do gênero salix
ou, como é mais conhecida hodiernamente, o salgueiro.

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Por séculos o extrato da casca do salgueiro foi amplamente
utilizado especialmente para reduzir febres, inflamações e
para aliviar dores, com destaque para as articulares, e seu uso
e fama se espalhou por todo o mundo.

Durante o século XIX e graças a todo avanço tecnológico e


científico que acompanhou essa época, pesquisadores de
diversos países como Alemanha, França e Itália conseguiram
refinar cristais a partir da casca do salgueiro. Tais extratos
tornaram-se populares a partir de 1850, com nomes como
salicilina, ácido salicílico e salicilato de sódio, e eram receitados
para tratamento justamente de dores diversas, febre e
inflamações.

Como essas preparações frequentemente afetavam a saúde


gástrica, houve um grande esforço de diversos pesquisadores
para chegar à síntese química de um derivado que fosse
menos agressivo para o estômago humano.

Assim, após muitos estudos, foi apenas em 1894 que o jovem


químico Felix Hoffman, da Bayer, conseguiu sintetizar o ácido
acetilsalicílico, que foi registrado com o nome de Aspirina® no
dia 1 de fevereiro de 1899 e passou a ser vendido na forma dos
famosos comprimidos a partir de 1904.

Apesar de seus grandes benefícios para inúmeras pessoas, o


mecanismo de ação desta droga, no entanto, só se tornou de
fato conhecido a partir da década de 1970, sendo essa a mesma

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época em que foi identificada outra poderosa propriedade do
AAS: a de inibir a agregação plaquetária, o que o tornou,
também, um valioso medicamento para tratar certas doenças
cardiovasculares.

No mundo, atualmente, são produzidos cerca de 40.000.000Kg


de ácido acetilsalicílico por ano. Já foram publicados mais de 25
mil trabalhos científicos sobre este, que é um dos
medicamentos mais utilizados em todo o planeta. Dezenas de
ensaios clínicos realizados com milhares de pacientes
comprovaram que administrar doses baixas de AAS depois de
um derrame cerebral ou ataque cardíaco, reduz o risco de um
segundo episódio.

Autoridades de saúde alertam que entre 162 mg e 325 mg de


ácido acetilsalicílico administrados nas primeiras 24 horas
depois de um infarto do miocárdio reduzem pela metade o
risco de morte ou de ocorrer um segundo infarto.

Aspirina é um valiosíssimo medicamento que precisamos


respeitar para não utilizar de forma indevida, pois possui
efeitos colaterais que, a depender da situação, podem ser
perigosos. Da mesma forma, na Aromaterapia temos o óleo
essencial da Gaultheria procumbens e da Betula lenta, ambos
ricos (cerca de 99,9%) na molécula salicilato de metila, um
poderoso anti-inflamatório natural que é metabolizado por
nosso organismo em ácido salicílico, igual a aspirina. Estes OEs
últimos possuem exatamente as mesmas indicações,

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propriedades, contraindicações e efeitos colaterais que o
medicamento AAS.

A ponte entre a magia e a ciência, entre o xamã e o químico,


entre o passado e o futuro, é feita de humildade e aprendizado
constante. Menosprezar as medicinas naturais é ignorância,
assim como menosprezar a ciência é ignorância. Conhecendo
melhor as plantas ao nosso redor e suas propriedades,
enriqueceremos nossa vida de saúde e sabedoria, como
percebeu o reverendo Stone. Casca de salgueiro branco,
aspirina, OE de wintergreen, três poderosas medicinas, de
mesmo poder, administradas pelo xamã, pelo médico, pelo
aromaterapeuta, respectivamente, para as mesmas
finalidades, observando-se os mesmos riscos e benefícios, cada
um em sua abordagem, todos orientados pelo mesmo bem.

Artigo escrito por Ronan Cardoso

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Os autores

Raissa Mendes é sócia-proprietária da Apotecários


da Floresta, aromaterapeuta, apotecária, professora de
Aromaterapia e de práticas naturais de autocuidado,
alquimista, perfumista botânica e cosmetóloga-artesã.
Graduada em Psicologia pela Universidade Católica de
Brasília/DF, também é Psicóloga Perinatal e Parental e
psicoterapeuta de mulheres, além de terapeuta
integrativa, facilitadora de ginecologia natural, doula
e educadora perinatal, sócia da Mulher Cíclica. Dedica
seus dias aos cuidados naturais e a inspirar a
autonomia e o autocuidado, da forma mais natural
possível, usando seus conhecimentos em
Aromaterapia, Aromatologia, Fitoterapia,
Cosmetologia Natural, Saboaria Natural, Geoterapia,
Alquimia Espagírica e outras práticas de cuidados
naturais.
Ronan Cardoso é sócio-proprietário da Apotecários
da Floresta, aromaterapeuta, apotecário, professor de
Aromaterapia e de práticas naturais de autocuidado,
alquimista, perfumista botânico, saboeiro e
cosmetólogo-artesão. Graduado em Letras-Português

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pelo Centro Universitário de Brasília, é, também, poeta
e escritor. Dedicado ao estudo de práticas orientais de
saúde desde a infância, tem uma relação íntima muito
especial com a Natureza e com a Alquimia, sua maior
inspiração. É médico da tradição chinesa em formação,
além de ter acumulado os saberes de diversos cursos,
em especial, na área da Aromaterapia, da Fitoterapia,
da Cosmetologia Natural, Saboaria Natural e da
Alquimia Espagírica.

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Referências

BAUDOUX, D. O grande manual da aromaterapia de


Dominique Baudoux. Belo Horizonte: Editora Laszlo,
2018.

BASER, K. H. C.; BUCHBAUER, G. Handbook of essential oils:


science, technology, and applications. Flórida, Estados
Unidos da América: CRC Press, 2010.

RHIND, J. Aromatherapeutic blending: essential oils in


sinergy. Londres, Reino Unido: Singing Dragon, 2016.

TISSERAND, R; YOUNG, R. Essential oil safety: a guide for


health care professionals. Londres, Reino Unido:
Churchill Livingstone, 2014.

WOLFFENBÜTTEL, A. N. Base da química dos óleos


essenciais e aromaterapia: abordagem técnica e
científica. Belo Horizonte: Editora Laszlo, 2019.

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https://www.apotecariosdafloresta.com

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