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Janetta Bensouilah

Philippa Buck

A roma
dermatologia
Aromaterapia no tratamento e no
cuidado de condições comuns de pele

Tradução de
Guilherme Santos

1a edição
Belo Horizonte, MG
Outono de 2022
Janetta Bensouilah / Philippa Buck
Aromadermatologia – Aromaterapia no tratamento e no cuidado de condições comuns de pele
Belo Horizonte, MG. Editora Laszlo, 2021.
ISBN: 978-65-88115-20-6
© 2006 Janetta Bensouilah e Philippa Buck,
- 1ª edição em inglês publicada por Routledge, em 31 de outubro de 2006.
Copyright © 2022 - 1ª edição em português do Brasil pela Editora Laszlo.
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Santos Coelho | Tradução: Guilherme Santos | Diagramação: Thelio Falcão | Capa: Camilla
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(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Bensouilah, Janetta
Aromadermatologia : aromaterapia no tratamento e no cuidado de
condições comuns de pele / Janetta Bensouilah, Philippa Buck ; tradução
Guilherme Santos. -- 1. ed. -- Belo Horizonte, MG : Editora Laszlo, 2022.

Título original: Aromadermatology : aromatherapy in the treatment and


care of common skin conditions.
ISBN 978-65-88115-20-6

1. Aromaterapia 2. Pele - Doenças - Tratamento alternativo I. Buck,


Philippa. II. Título.

22-110548 CDD-615.3219

Índices para catálogo sistemático:


1. Aromadermatologia : Terapia alternativa 615.3219
Eliete Marques da Silva - Bibliotecária - CRB-8/9380
Janetta Bensouilah
Médica particular de acupuntura e aromaterapia em Surrey, Reino Unido

Professora associada à Federação Internacional de Aromaterapeutas


Profissionais (IFPA)

Philippa Buck
Médica aromaterapeuta particular em Surrey, Reino Unido

Professora associada à Federação Internacional de Aromaterapeutas


Profissionais (IFPA)
43
Sumário
Prefácio I 11
Prefácio II 13
Preâmbulo 15
Sobre as autoras 19
Agradecimentos 21
Terminologia botânica 23
Lista de siglas 25

CAPÍTULO 1
Estrutura e função da pele 29
Introdução 29
Anatomia da pele 31
Estruturas derivadas da pele 37
Funções da pele 39
Referências 44

CAPÍTULO 2
Ciências dos óleos essenciais em contexto 45
Introdução 45
Óleos essenciais 46
Origens botânicas dos óleos essenciais 47
Uma visão geral da química dos óleos essenciais 48
Compostos terpenoides 52
Isomerismo 71
Sinergia dos óleos essenciais: aprimoramento e antagonismo 72
Variações na composição dos óleos essenciais 74
Questões de controle de qualidade 75
Permeabilidade transdérmica de óleos essenciais 76
Referências 83
CAPÍTULO 3
Aromadermatologia e questões de segurança 89
Introdução 89
Irritação da pele 91
Sensibilização da pele 100
Diretrizes para evitar reações adversas 118
Panorama de outras questões de segurança 123

CAPÍTULO 4
O essencial das formulações aromáticas 131
Introdução 131
Ingredientes utilizados em preparações tópicas 131
Ingredientes adicionais 143
Conservantes 145
Medidas essenciais na preparação do produto 150
Escolha dos veículos 151
Variáveis associadas à aplicação tópica 157
Abordagem para dosagem 158
Receitas de produtos de base 167

CAPÍTULO 5
Cuidados essenciais da pele 173
Introdução 173
Limpeza, hidratação, proteção: o mantra 173
Prevenindo o envelhecimento da pele 183
192
CAPÍTULO 6
Pele e psique 197
Introdução 197
Associações entre mente e pele 197
Aromaterapia e a mente 200
Transtornos psicodermatológicos 203
Foco em abordagens com aromaterapia 213

CAPÍTULO 7
Infecções cutâneas 219
Introdução 219
Microflora normal da pele 219
Infecções bacterianas 220
Aromaterapia antibacteriana 227
Infecções fúngicas 238
Aromaterapia antifúngica 247
Aromaterapia antiviral 254

CAPÍTULO 8
Queixas cutâneas na infância 271
Introdução 271
O uso da MCA na pediatria 272
Funções da barreira cutânea no neonato e no jovem bebê 274
Dermatite ou eczema? 280
Verrugas virais comuns 299
Molusco contagioso 304
Piolho 306

CAPÍTULO 9
Distúrbios inflamatórios 323
Introdução 323
Psoríase 323
Urticária 335
Miliária 337
Dermatite (eczema) 339

CAPÍTULO 10
Tratamento de feridas 349
Introdução 349
O processo de cicatrização 349
Demora na cicatrização de feridas 354
Usando a aromaterapia para promover a cicatrização de feridas 356
Cicatrizes 367

CAPÍTULO 11
Unhas, pelos e glândulas sebáceas 373
Introdução 373
Acne 374
Rosácea e dermatite perioral 383
Cabelo 386
Doenças das unhas 398

Glossário 405
Apêndice 413
Índice remissivo 421
43
Prefácio I

E xistem pouquíssimos textos baseados em evidências que tratam


da aplicação terapêutica de óleos essenciais, e, até o momento,
não havia nenhum que falasse sobre o uso na pele. Essa escassez de
conteúdo é surpreendente, considerando que a aplicação dérmica de
óleos essenciais é o modo mais frequente de uso. Talvez, pelo fato de
essa área ser apenas levemente mencionada na maioria dos livros de
aromaterapia, tenha permanecido como fonte de debates e confusões.
Para acabar com essa confusão, Bensouilah e Buck passaram muitos
anos discutindo sobre, por exemplo, permeabilidade transdérmica,
questões de barreira da pele, excipientes, dosagens e concentrações,
bem como efeitos terapêuticos. Essas discussões são tecidas em uma
fundação que abrange os conceitos básicos de estrutura e função da
pele, química do óleo essencial e questões de segurança.
O risco de sensibilização da pele, causada por conservantes, tanto
naturais como sintéticos, poderia talvez ter sido mais plenamente
considerado, mas geralmente há uma boa consciência e compreensão
da segurança dermatológica. Essa é uma área particularmente difícil,
uma vez que reações alérgicas a óleos essenciais na pele não são fáceis
de prever, e a realização preventiva de testes de contato permanece
controversa. É bom ver o tema da oxidação do óleo essencial ser discu-
tido no contexto das reações cutâneas, uma vez que suas importantes
12 | Aromadermatologia

implicações para a segurança não são, muitas vezes, apreciadas por


quem utiliza os óleos.
O leitor é frequentemente lembrado de avaliar riscos e benefícios
(como no caso do óleo de tea tree), e isso pode atenuar a visão extre-
mamente negativa de alguns dermatologistas sobre os óleos essen-
ciais. O capítulo “Pele e psique” é particularmente interessante e é um
lembrete poderoso de que os efeitos terapêuticos dos óleos essenciais
podem se dar por meio de vários mecanismos, alguns puramente físicos
e outros não.
Este bem ilustrado, completo e autêntico texto é escrito em lin-
guagem e estilo claros e acessíveis a uma variedade de profissionais da
saúde, sem diminuir ninguém – algo que, por si só, é uma realização
e tanto. O alicerce do livro é uma compreensão completa da derma-
tologia, e tanto a pesquisa atual quanto o conhecimento clínico são
adequadamente aplicados às condições de pele discutidas. Devido a
esses fatores, as poucas declarações sem sustentação feitas aqui podem
ser perdoadas, e a coesão e a estrutura do livro se mantêm fortes, con-
siderando a diversidade de assuntos abordados.

Robert Tisserand
Ojai, Califórnia
Agosto de 2006
43
Prefácio II

C om o crescente interesse pela aromaterapia, é importante que


terapeutas e profissionais de saúde sejam capazes de oferecer
uma análise racional válida ao integrar os óleos essenciais aos cuidados
clínicos. O conhecimento sólido dos princípios bioquímicos e a capaci-
dade de avaliar criticamente e aplicar pesquisas relevantes são requisitos
fundamentais. Este livro oferece uma visão completa e aprofundada do
conhecimento atual. As autoras entrelaçaram habilmente pesquisa e
aplicação clínica. Uma gama de possibilidades terapêuticas é explorada,
e a obra oferece aos terapeutas abordagens alternativas de conduta em
relação às condições de pele, as quais incluem discussões detalhadas
sobre diferentes métodos de aplicação. Espero que este livro se torne
um texto recomendado tanto nos cursos de pré-qualificação quanto nos
de desenvolvimento profissional contínuo em aromaterapia.

Angela Avis
Membro da Ordem do Império Britânico (MBE)
Enfermeira geral
Professora pós-graduada
Terapeuta Avançada de Saúde Pós-graduada
Professora sênior da Universidade Oxford Brookes
Foi diretora do Fórum de Terapias Complementares da
Universidade Real de Enfermagem
Agosto de 2006
43
Sobre as autoras

Janetta Bensouilah é membro do Conselho Britânico de Acupuntura,


licenciada em Acupuntura, Membro da Federação Internacional de
Aromaterapeutas Profissionais, Professora Certificada.
Janetta tem qualificações profissionais em aromaterapia clínica
e holística, reflexologia e acupuntura. Sua experiência clínica inclui a
criação e a direção de uma clínica de terapia complementar multidis-
ciplinar em um hospital-dia para idosos, fundado por um conselho.
Atualmente, mantém um consultório particular, onde oferece trata-
mentos multidisciplinares.
Ao longo dos anos, Janetta desenvolveu e escreveu uma série
de cursos profissionais em aromaterapia e mantém o status de pro-
fessora-diretora na Federação Internacional de Aromaterapeutas
Profissionais (IFPA).
P hiliPPa Buck é bacharel em Farmácia, membro da Sociedade
Farmacêutica Real, pós-graduada em Educação Médica e membro da
Federação Internacional de Aromaterapeutas Profissionais.
Philippa formou-se farmacêutica-química em 1986. Em 1991,
depois de ter atendido como farmacêutica hospitalar e comunitária,
trabalhou como associada de pesquisa clínica para uma empresa mul-
tinacional envolvida em testes clínicos dermatológicos. Philippa tem
qualificações profissionais em aromaterapia clínica e holística e estudou
20 | Aromadermatologia

Toxicologia Médica na Faculdade de Medicina da Universidade de


Wales, o que lhe permitiu desenvolver uma compreensão mais completa
sobre a segurança dos óleos essenciais.
Atualmente, leciona fisiopatologia, farmacologia, ciências dos
óleos essenciais e aromaterapia em cursos credenciados pela IFPA (The
International Federation of Professional Aromatherapists). Ela comanda uma
clínica particular de aromaterapia, especializada em aromadermatologia
e pediatria.
30 | Aromadermatologia

Figura 1.1 Secção transversal da pele

Quadro 1.1 Camadas da pele

Camada da pele Descrição

Epiderme A camada externa composta principalmente de camadas de


queratinócitos, mas também contendo melanócitos, células de
Langerhans e células de Merkel.

Membrana A estrutura de multicamadas que forma a junção dermo-


basal epidérmica.

Derme A área do tecido conjuntivo de suporte entre a epiderme e o


subcutâneo subjacente: contém glândulas sudoríparas, raízes
capilares, células nervosas e sulcos, vasos sanguíneos e linfáticos.

Tecido A camada de tecido conjuntivo frouxo e gordura abaixo da derme.


subcutâneo
40 | Aromadermatologia

Função de barreira e descamação da pele


À medida que as células viáveis se movem em direção ao estrato córneo,
começam a aglutinar proteínas em grânulos, na camada granular (ver
Figura 1.5). Os grânulos são preenchidos com a proteína filagrina, que se
torna complexada com a queratina, para prevenir a quebra da filagrina
por enzimas proteolíticas. À medida que as células em degeneração se
movem em direção à camada externa, as enzimas quebram o complexo
queratina-filagrina. Esta se organiza do lado de fora dos corneócitos,
enquanto a queratina, que retém a água, permanece no interior.
Quando a umidade da pele diminui, a filagrina é decomposta em ami-
noácidos livres, por enzimas proteolíticas específicas, no estrato córneo.
A quebra da filagrina ocorre apenas quando a pele está seca, para, assim,
controlar a pressão osmótica e a quantidade de água contida: em uma pele
saudável, a quantidade de água do estrato córneo é, normalmente, de cerca
de 30%. Os aminoácidos livres, juntamente com outros componentes,
como ácido láctico, ureia e sais, são conhecidos como “fatores naturais de
hidratação” (FNH) e são responsáveis por manter a pele úmida e flexível,
devido à sua capacidade de atrair e reter água.

Lipídios
O fator primordial para a manutenção de uma barreira cutânea hidra-
tada e maleável é a presença de lipídios intercelulares, pois formam
bicamadas empilhadas que cercam os corneócitos e injetam água no
estrato córneo. Os lipídios são derivados de grânulos lamelares, que são
liberados dentro dos espaços extracelulares das células degradantes, na
camada granular; as membranas dessas células também liberam lipídios,
que incluem colesterol, ácidos graxos livres e esfingolipídios.
A ceramida, um tipo de esfingolípido, é responsável principal-
mente por gerar as estruturas lipídicas empilhadas que prendem as
moléculas de água em sua região hidrofílica. Esses lipídios empilha-
dos circundam os corneócitos e criam uma barreira impermeável,
Capítulo 1 – Estrutura e função da pele | 41

impedindo o movimento da água e dos FNH das camadas superficiais


da pele. Após os 40 anos de idade, há um declínio acentuado nos
lipídios da pele, aumentando, assim, a suscetibilidade a distúrbios
relacionados à pele seca.

Figura 1.5 Função de barreira da epiderme

Descamação de células da pele


O desprendimento das células do estrato córneo é um fator importante
na manutenção da integridade e da suavidade da pele. A descamação
envolve o processo enzimático de dissolução dos desmossomos, as
pontes de proteína, localizadas entre os corneócitos, e a eventual libera-
ção dessas células (ver Figura 1.2). As enzimas proteolíticas responsáveis
pela descamação estão localizadas intracelularmente e funcionam na
presença de um estrato córneo bem hidratado. Na ausência de água, as
células não descamam normalmente e a pele fica áspera, seca, espessa
Capítulo 2 – Ciências dos óleos essenciais em contexto | 53

Figura 2.1
Exemplos de um monoterpeno (C10), sesquiterpeno (C15) e diterpeno (C20).

Os monoterpenos são frequentemente citados como causadores de


irritação cutânea. Em geral, os monoterpenos puros não são irritantes
para a pele, mas os produtos da oxidação, os peróxidos, os epóxidos e
os endoperóxidos, formados durante o armazenamento, são agentes
sensibilizantes, um tópico discutido no Capítulo 3.5,6,12 A inalação de
óleos ricos em pinenos pode produzir uma irritação concentração-
-dependente na garganta e aumento da resistência das vias aéreas em
alguns indivíduos.13 O método de administração e a concentração de
óleos ricos em pineno requerem avaliação no tratamento de pacientes
com asma e outros distúrbios de hipersensibilidade das vias aéreas.
64 | Aromadermatologia

Quadro 2.5
Óleos essenciais notáveis, que contêm aldeídos cinâmicos
e citral, com indicações específicas e limitadas para
uso em tratamentos de aromadermatologia

Óleos ricos em citral Óleos ricos em aldeídos cinâmicos

Backhousia citriodora Cinnamomum verum (cascas)


Cymbopogon flexuosus
Cymbopogon citratus
Litsea cubeba
Melissa officinalis

O citral, um aldeído monoterpênico, quase sempre ocorre como uma


mistura dos isômeros neral e geranial. É uma substância altamente reativa
e instável,41 estando associada à sensibilização dérmica.42 A segurança do
citral e do aldeído cinâmico é profundamente discutida no Capítulo 3. Os
óleos notáveis dessa categoria estão listados no Quadro 2.5.
Terapeuticamente, certos aldeídos são anti-infecciosos, particular-
mente no que diz respeito a fungos, no entanto, com a exceção de aldeí-
dos cinâmicos, a atividade anti-bacteriana e antiviral não se mostra tão
consistente quanto a atividade demonstrada pelos álcoois ou fenóis. Os
seguintes aldeídos apresentam atividade antimicrobiana:

• antibacteriano: citral,43,44 citronelal,44,45 aldeído cinâmico;46


• antifúngico: citral,47 aldeído cinâmico;47
• antiviral: citral.48,49

Melissa officinalis (melissa) e Cymbopogon flexuosus (capim-limão gigante)


são tradicionalmente reconhecidos nos tratamentos de ansiedade, inquie-
tação, excitabilidade, estresse e insônia. Esses óleos ricos em citral mostra-
ram resultados favoráveis tanto no gerenciamento da agitação associada à
demência quanto na reatividade de pessoas com profundas deficiências de
76 | Aromadermatologia

Permeabilidade transdérmica de óleos essenciais


Para a maioria dos aromaterapeutas, a aplicação tópica é a principal via
de administração de óleos essenciais, e é evidente que seja, também, a
principal via de utilização dos óleos em casos de tratamentos dermato-
lógicos. A permeabilidade transdérmica de moléculas de óleo essencial é
complexa e envolve muitos passos possíveis, desde a aplicação inicial até
a sua chegada à circulação sistêmica. O significado clínico da quantidade
de óleo essencial absorvida na circulação sistêmica é frequentemente
contestado. No entanto, foi demonstrado que eles penetram na pele e,
então, a atravessam,82 onde exercem efeitos terapêuticos locais.
O estrato córneo, para a maioria das moléculas, é a barreira que
limita a permeação. Existem três formas (ver Figura 2.9) de fazer com
que o estrato córneo intacto possa ser atravessado:
1. intercelular – via domínios lipídicos;
2. intracelular – difusão através do corneócito;
3. vias alternativas – via folículos pilosos e glândulas sudoríparas.

Figura 2.9 Vias através do estrato córneo


92 | Aromadermatologia

levou ao desenvolvimento e à utilização de procedimentos alternativos,


como metodologia in vitro, teste de contato humano e relação estrutu-
ra-atividade. Eritema e edema são as principais manifestações clínicas
da resposta irritativa dérmica. Efeitos moderados incluem ressecamento
da pele, enquanto casos mais graves podem levar à formação de bolhas.
É plausível que os aromaterapeutas apresentem maior ocorrên-
cia de efeitos adversos, já que estão mais expostos aos óleos essen-
ciais. Portanto, não é surpresa que a incidência de dermatite das
mãos seja maior nos aromaterapeutas do que a encontrada na popu-
lação geral.5 No entanto, isso pode não ser integralmente atribuído às
aumentadas taxas da exposição a óleos essenciais. Em um estudo com
massoterapeutas (ibid.), apenas 4% dos pesquisados relataram que o uso
de produtos de aromaterapia teria agravado sua dermatite, enquanto a
lavagem frequente das mãos foi citada como o fator mais significativo.
Pelo fato de a água ser um irritante fraco, a sua exposição crônica
pode causar a perda de fatores hidratantes naturais solúveis (NMF,
do inglês natural moisturising factors) e de lipídios protetores, resul-
tando em um aumento na perda transepidérmica de água (TEWL, do
inglês transepidermal water loss), a principal causa da pele seca e esca-
mosa. Sabão e produtos de limpeza também são irritantes leves e, em
casos de exposição repetida prolongada, causam a desnaturação das
proteínas da pele, a desorganização das camadas lamelares lipídicas,
a eliminação dos lipídios intracelulares protetores, a perda de NMF e
a diminuição da coesão entre as células. Além disso, o calor da água
pode aumentar a irritação, uma vez que aumenta a absorção do sabo-
nete. Para os terapeutas, é fundamental considerar a implementação
de práticas de cuidados com as mãos, como a lavagem ponderada, a
extinção do uso de sabonetes agressivos e o uso de produtos emolien-
tes, que hidratam e protegem. Essas medidas ajudarão a minimizar
a interrupção da função de barreira da pele, diminuindo, assim, a
penetração de substâncias irritantes e sensibilizantes.
102 | Aromadermatologia

nos não fatais. Reações bifásicas foram observadas em até um terço dos
pacientes com reações fatais, ou quase fatais. Esses pacientes aparente-
mente estavam recuperados completamente quando o broncoespasmo
grave voltou repentinamente.25 Além das reações anafiláticas, para
alguns indivíduos sensibilizados, a exposição a nozes também pode
causar exacerbação de dermatite atópica ou da asma.
A maioria dos indivíduos com alergia a amendoim evita ingerir
não apenas as nozes, mas também o seu óleo. Embora exista evidência
de que os óleos refinados e altamente processados de nozes e sementes
podem ser consumidos com segurança por indivíduos alérgicos a nozes,
26
a aromaterapia enfatiza o uso de óleos não refinados e prensados a
frio, e, por isso, é possível que possam levar a reações alérgicas.
Conforme pesquisas realizadas por Lack et al.,27 a causa do aumento
da prevalência de alergia ao amendoim não está relacionada à ingestão
materna de amendoim e nozes durante a gravidez ou a amamentação,
como se acreditava.28, 29 Diferentemente, Lack et al. sugerem que a sensi-
bilidade pode ser ocasionada por exposição cutânea a doses ultrabaixas
de proteínas de nozes encontradas em óleos refinados incorporados
a cremes e produtos de higiene. O estudo identificou que as crianças
que sofreram erupções cutâneas nas articulações e nas dobras da pele
apresentaram risco duas vezes maior de ter alergia a amendoim. E,
nas crianças em que as erupções cutâneas apresentavam crostas ou
exsudação, as chances aumentaram para mais de cinco vezes. Na der-
matite, a pele apresenta rachaduras que expõem uma abundância de suas
células imunes a substâncias alergênicas. Entrevistas com pais revela-
ram que quase todas as crianças com alergia confirmada a amendoim
haviam sido expostas a cremes que continham óleo de amendoim nos
primeiros seis meses de vida, a partir do nascimento. Relatos confir-
mam que, assim como no caso da alergia a amendoim, a prevalência
de alergia a gergelim está aumentando, especialmente em lactentes e
crianças jovens.30 Em produtos farmacêuticos e em cosméticos, o óleo
Capítulo 3 – Aromadermatologia e questões de segurança | 121

2. A interação das furanocumarinas com o oxigênio produz espécies


reativas de oxigênio, que podem produzir efeitos clínicos. Isso
ocorre em núcleos, membranas celulares de células epidermais,
dermais e endoteliais e citoplasma, afetando enzimas, RNA (ácido
ribonucleico) e lisossomos.
No Quadro 3.7 estão relacionados os óleos essenciais e absolutos
que potencialmente podem levar a reações fototóxicas. A diretriz no
site da IFRA65 para fragrâncias que contêm bergapteno (5-metoxipso-
raleno) e que não são enxaguadas na pele, subsequentemente exposta
à luz UV, dispõe que o nível total de bergapteno não deve exceder
0,0015%. Alguns óleos contêm pequenas quantidades de furanocu-
marinas fototóxicas, mas não são suficientes para requerer restrições
se o óleo for utilizado isoladamente; em combinação, o nível total de
bergapteno pode exceder o nível recomendado. Esses óleos incluem
Citrus reticulata extraído por pressão a frio (mandarina e tangerina) e
Petroselinum crispum (salsa, folhas).

Diretrizes para o uso de óleos fototóxicos


O potencial fototóxico deve ser revisado ao se determinar a concentra-
ção do óleo para uso. Se este for aplicado em áreas do corpo expostas
à luz solar, o indivíduo deve ser instruído a evitar banho de sol ou
utilizar protetores UV por 24 horas após o contato com a preparação
de óleo essencial. O uso de protetores solares pode ser estimulado para
prevenir a ativação de compostos fototóxicos. Existem óleos cítricos
com níveis reduzidos ou livres de furanocumarinas, mas são aromati-
camente inferiores. Além disso, a atividade sinérgica dos componen-
tes remanescentes pode ser alterada ao destilar o óleo original com a
finalidade de remover as furanocumarinas. Uma maior confiabilidade
pode ser alcançada selecionando óleos essenciais alternativos para o
caso a ser tratado.
Capítulo 4 – O essencial das formulações aromáticas | 135

A Simmondsia chinensis (jojoba) é única na produção de ésteres de


cera em vez de triglicerídeos em suas sementes. A cera líquida é feita de
ésteres de cadeias lineares de ácidos graxos monoinsaturados de cadeia
longa conectados diretamente a álcoois graxos, com uma cadeia carbô-
nica total de C42 sem ramificação lateral. É extremamente resistente à
rancificação devido à presença dos antioxidantes α-, γ- e δ- tocoferol.

Penetração transdérmica de óleos graxos


A penetração e a permeação cutânea são limitadas pelo tamanho mole-
cular e por outras propriedades físico-químicas.9 A extensão e a taxa
de absorção de óleos graxos na pele permanecem incertas. O grau de
saturação de ácidos graxos é tido como influenciador da extensão da
permeação de óleos graxos aplicados topicamente, favorecendo óleos
ricos em cadeias curtas e poli-insaturadas, como o óleo de borragem. No
entanto, a jojoba, composta principalmente de ácidos graxos monoinsa-
turados e álcoois graxos, é reconhecida por ser rapidamente absorvida
pela pele em minutos, supostamente por penetração transdermal.10
Atualmente, é mais aceito que a permeação de muitos óleos graxos
é restrita às camadas superiores do estrato córneo da pele saudável,9
mas, em áreas onde a função de barreira da pele está danificada,
haverá maior permeação.11 A aplicação tópica de óleos com mais ácido
linoleico e menos ácido oleico demonstrou influenciar positivamente
os lipídios epidermais em dermatite de contato irritante induzida
experimentalmente.3
Os ácidos graxos com sua afinidade para os domínios lipídicos
de proteínas do estrato córneo têm sido utilizados para o transporte
de alguns medicamentos. Pesquisadores que buscam uma entrega
transdérmica simultânea do fármaco hormonal tamoxifeno e do ácido
gama-linolênico registraram que os complexos de tamoxifeno e os
constituintes poli-insaturados do óleo de borragem permearam a pele
intacta.12,13 Em uma comparação da melhora da penetração oferecida
190 | Aromadermatologia

entre outras coisas, danos por radiação, queimaduras, inflamação oral


e úlceras gástricas.39 As propriedades antioxidante, anti-inflamatória,
antimicrobiana, fotoprotetora e regenerativa dos extratos dessa planta
são bem-documentadas.18,37 O óleo da fruta é uma boa fonte de antio-
xidantes hidrofílicos e lipofílicos como carotenoides, ácido ascórbico
e tocoferóis. Além disso, contém altos níveis de ácidos linoleico (30%
a 40%) e alfa-linolênico (23% a 36%).36
Os betacarotenos e outros carotenoides foram intensamente estu-
dados como potenciais protetores solares naturais e contra o dano
extrínseco. Apesar de a suplementação oral com betacaroteno ter
demonstrado pouco efeito como protetor solar, a aplicação tópica,
tanto isolada quanto com alfa-tocoferol, por um período de três meses,
demonstrou uma redução no eritema induzido por luz solar.14 O óleo de
Sesamum indicum (gergelim) é utilizado em protetores solares modernos
e na tradicional medicina ayurvédica para a proteção da pele. Edwards
Smith et al.40 relataram que o óleo de gergelim inibiu seletivamente
o crescimento de melanoma maligno sobre melanócitos normais e
sugeriram que pode existir um potencial de grande utilidade, como um
agente quimioprotetor. O óleo de Persea americana (abacate) é rico em
vitamina E e betacaroteno41 e oferece benefícios consideráveis quando
adicionado às preparações.
Enquanto o cuidado aromático com a pele ainda possui muito a
oferecer na questão de prevenção do envelhecimento da pele, da foto e
da quimioproteção, sem dúvida, o fator isolado mais importante envol-
vido no envelhecimento extrínseco é o dano provocado pela luz, sendo
vital a proteção UV diária. Apesar de os óleos naturais oferecerem
algum grau de proteção solar, eles não podem ser considerados uma
alternativa ao protetor solar regular. O Quadro 5.10 oferece uma indi-
cação simples para reduzir a exposição que, utilizada em combinação
com uma abordagem holística para manter a boa saúde, como a adoção
de hábitos nutricionais balanceados, um estilo de vida saudável e uma
rotina de cuidado com a pele, pode retardar o envelhecimento cutâneo.
200 | Aromadermatologia

Aromaterapia e a mente
A prática da aromaterapia é há muito tempo valorizada como uma
terapia de diminuição de estresse. Isso ocorre particularmente em
países onde os aromaterapeutas tradicionalmente dão preferência às
massagens como principal método de aplicação dos óleos essenciais,
como no Reino Unido. Óleos essenciais vêm sendo sistematicamente
reconhecidos por sua capacidade de alterar os estados emocionais, bem
como afetar a fisiologia, fornecendo, assim, evidências que apoiam as
teorias tradicionais.4-6
Os efeitos psicofisiológicos dos óleos essenciais ocorrem tanto pela
inalação dos compostos químicos voláteis quanto pela absorção de com-
postos aplicados por via tópica na pele. Pesquisas mostraram alterações
nos parâmetros do sistema nervoso autônomo e nas condições emo-
cionais e mentais após a aplicação de massagem usando óleo essencial
de sândalo7. Quando os óleos essenciais são aplicados por massagem,
os efeitos terapêuticos dessa técnica são potencialmente reforçados. É
importante lembrar, no entanto, que abordagens aromaterapêuticas
para condições de pele vão além da massagem; na verdade, em algumas
condições, a massagem pode ser contraindicada.*

* NT.: Um estudo experimental em roedores trouxe à tona mecanismos neurais importantes


que justificam a presença de comorbidades psiquiátricas na dermatite atópica. Lesões semelhantes
à dermatite atópica foram induzidas pela aplicação intradérmica repetida de MC903 na bochecha
do camundongo. O modelo induziu prurido intenso nos membros posteriores, bem como inflama-
ção robusta da pele com espessamento epidérmico. Foram observados também comportamentos
compatíveis com ansiedade e depressão, juntamente com níveis elevados de corticosterona sérica.
A nível neuroquímico, foram percebidas alterações significativas em marcadores de atividade e
plasticidade neuronal de neurônios dopaminérgicos nos circuitos neurais relacionados com emo-
ção e recompensa, como área tegumentar ventral, nucleus accumbens e gânglios da base. Ou seja, a
lesão cutânea semelhante à DA induz fenótipos semelhantes aos da ansiedade e da depressão, que
estão associados a mudanças relacionadas à neuroplasticidade no circuito de recompensa, propor-
cionando uma melhor compreensão das deficiências emocionais associadas à dermatite atópica.
(YEOM, M.; AHN, S.; OH, J. Y. et al. Atopic dermatitis induces anxiety- and depressive-like behav-
iors with concomitant neuronal adaptations in brain reward circuits in mice. Prog Neuropsycho-
pharmacol Biol Psychiatry, v. 98, p. 109818, 2020.).
Capítulo 7 – Infecções cutâneas | 235

abordagem de amplo espectro, enquanto as chances de desenvolvimento


de resistência são minimizadas. É importante, no entanto, notar que,
apesar de a complexidade química dos óleos essenciais referir que a
resistência é improvável, incidentes com resistência de SARM ao tea
tree foram descritos, 35 o que pode ocorrer futuramente com outros
óleos essenciais caso sejam comumente utilizados. Portanto, é prudente
limitar o número entre 3 e 5 óleos essenciais em uma fórmula, onde
cada óleo escolhido realça as propriedades dos outros, sem diminuir
a atividade geral da fórmula final. Ao combinar óleos essenciais, o
objetivo é criar sinergias efetivas e evitar antagonismo, tanto entre os
óleos essenciais quanto entre o veículo e os óleos.

Quadro 7.7 Exemplos de formulações

1. Fórmula antibacteriana
2. Fórmula para Foliculite
de amplo espectro

Óleos essenciais: Óleos essenciais:


Tomilho qt timol 10% Manjericão-da-áfrica 5%
Cravo-da-índia, botões 5% Tea tree 40%
Lavanda-verdadeira 40% Patchouli 20%
Tea tree 45% Lavanda-verdadeira 35%
Utilizar 15% da fórmula em um Utilizar 5% da fórmula em gel e aplicar nas
carreador adequado e aplicar no local lesões diariamente, após limpeza e aplicação
3 vezes por dia, durante 7 dias. de compressas.

3. Spray de hidrossol
4. Eliminação de colonização de SARM
para limpeza facial

Hidrossóis: Óleo essencial de Tea tree:


Hortelã-pimenta 50% 10% em creme, para aplicação nas narinas
Manjerona-doce 50% 5% em gel para banho, em todo o corpo
Use como spray, em escalda-pés ou 10% em creme, aplicado na pele lesionada
para lavar o rosto, duas vezes ao dia. e como uma alternativa ao gel de banho
para virilha e axilas. Aplicar uma vez ao dia,
durante 5 dias.
Capítulo 7 – Infecções cutâneas | 237

formam mais de 95% da fração aromática, o que é relativamente alto,


com aproximadamente 500 mg/L.38
Em algumas circunstâncias, os hidrossóis podem ser indicados
para terapia antibacteriana como alternativa aos óleos essenciais ou
em combinação. Por exemplo:
• na preparação de banhos antibacterianos, como para lavagem
facial, escalda-pés
• como ingredientes ativos em bases água em óleo ou géis
• na preparação de compressas
• na irrigação de feridas
• em tratamentos pediátricos
• sprays tópicos – especialmente úteis os hidrossóis com propriedades
anti-inflamatórias e antibacterianas se houver coceira
O uso por longos períodos de hidrossóis que contêm fenóis apre-
senta menos restrições quanto à segurança, comparado com óleos
essenciais originados da mesma planta.

Figura 7.2
Os métodos de aplicação e dosagens de hidrossóis e óleos essenciais variam de acordo com a
infecção e os fatores individuais. A combinação de abordagens oferece o máximo benefício.
Capítulo 8 – Queixas cutâneas na infância | 279

Figura 8.2
Veículos carreadores utilizados para dispersão
dos óleos essenciais em água

Quadro 8.2
Óleos essenciais indicados para higiene geral
da pele, adequados para uso em banhos,
para crianças acima de dois anos de idade

Boswellia carteri
Chamaemelum nobile
Citrus reticulata
Citrus x aurantium, folhas
Citrus x sinensis
Lavandula angustifolia
Matricaria chamomilla
Melaleuca alternifolia
Melaleuca quinquenervia
Santalum album

Hidrossóis e limpeza da pele


Os hidrossóis são excelentes substitutos ou complementos para o uso
de óleo essencial em banhos, já que são a água resultante da destilação
das plantas e não requerem dissolução em um solvente; seu uso reduz
o potencial de irritação e sensibilização e não afeta negativamente as
banheiras plásticas.19, 20 Sugestões para o uso de hidrossóis no banho
para bebês e crianças incluem: Lavandula angustifolia (lavanda-verda-
deira), Chamaemelum nobile (camomila-romana), Matricaria chamomilla
(camomila-alemã), Rosa x damascena (rosa-de-damasco) e Citrus x
aurantium, flor (néroli). Além do banho, os hidrossóis podem ser usados
CAPÍTULO 9

43
Distúrbios inflamatórios

Introdução

A inflamação da pele caracteriza uma série de condições comuns.


Enquanto infecções e outras doenças são invariavelmente asso-
ciadas a diferentes níveis de inflamação, este capítulo irá se concentrar
em psoríase, eczema, urticária e miliária; doenças que por vezes são
classificadas como erupções.

Psoríase
Embora neste momento exista um campo abrangente de pesquisa refe-
rente à patogênese da psoríase, essa doença ainda não foi elucidada por
completo. Apesar da variabilidade das opções terapêuticas disponíveis,
ela permanece como uma condição de difícil manejo, e o tratamento
se concentra em minimizar a severidade e a extensão dos sintomas.
É uma doença inflamatória crônica, hiperproliferativa, multifatorial,
com apresentações clínicas variáveis e que afeta aproximadamente de
1,5% a 3% da população dentre diversos grupos étnicos, atingindo igual-
mente homens e mulheres. Os tipos de psoríase mais comuns abrangem:
• psoríase em placas
• psoríase gutata
• psoríase eritrodérmica
Capítulo 9 – Distúrbios inflamatórios | 345

Histórico de caso
Uma mulher de 30 anos de idade apresentava lesões eczematosas
atópicas em seu pescoço. As lesões eram intensamente avermelhadas,
coçavam muito e produziam escaras. Desde a infância, apresentava
crises regulares de eczema atópico e evitava produtos lácteos, glúten,
fragrâncias fortes, pois suspeitava que tais produtos agravavam sua
condição. Durante o mês anterior, ela havia vivenciado estresse pessoal
e estava passando por uma reforma em sua casa, a qual ela sentiu que
afetou seu equilíbrio; descreveu que a poeira em sua casa parecia lixa
em sua pele e que suas lesões estavam ardendo e queimando. Uma fór-
mula inicial contendo, no total, 2% de óleos essenciais de M. chamomilla
(sin. Matricaria recutita) e de Lavandula angustifolia (1:1) no óleo graxo
de Simmondsia chinensis e óleo infuso de Calendula officinalis (1:1) não
conseguiu ser tolerada e foi decidido que os óleos essenciais seriam
evitados em favor de um simples creme umectante.
Óleos graxos e infusos, ceras e manteigas Hidrossol
Jojoba 10 mL Hamamélis 20 mL
Calêndula 10 mL
Manteiga de karité 3 g
Manteiga de coco 3 g
Cera de abelha 3 g
Quantidade suficiente para sete dias.

O creme foi aplicado diversas vezes ao dia. Dentro das 24 horas


após o início do tratamento, a inflamação, a queimação, a ardência
e a coceira tinham reduzido consideravelmente. O tratamento foi
continuado por um mês e, depois desse período, todos os sinais de
eritema e desconforto tinham desaparecido. O tratamento continuou
por muitas semanas, com creme emoliente sem óleo essencial para
restaurar a saúde da pele.
364 | Aromadermatologia

gerado é muito baixo.)32-34 Embora muitos méis inibam o crescimento


microbiano devido à geração de peróxido de hidrogênio, há fitoquími-
cos específicos em certos tipos que contribuem para esse efeito: o mel
derivado de espécies de Leptospermum (manuka, por exemplo) não gera
peróxido de hidrogênio32, mas demonstra atividade antimicrobiana de
amplo espectro.35 Uma revisão sistemática de ensaios randomizados
de curativos de mel em 2001 concluiu que, embora os estudos fossem
de qualidade limitada, seis de sete estudos mostraram que o mel era
superior aos tratamentos convencionais na cicatrização de feridas, na
manutenção da esterilidade e na eliminação da infecção.36
A proliferação de fagócitos, linfócitos B e T em culturas de células
é estimulada pelo mel em concentrações tão baixas quanto 0,1%. O
mel na concentração de 1% também estimula os monócitos em cultu-
ras celulares a liberar citocinas, fator de necrose tumoral (TNF)-alfa,
interleucina (IL)-1 e IL-6, que ativam a resposta imune do hospedeiro
em casos de infecção. O debridamento autolítico de feridas é auxiliado
pelo conteúdo de glicose do mel, e o pH ácido (normalmente entre pH
3 e 4) acelera a atividade dos macrófagos, melhorando, assim, o tempo
de cicatrização.37
Exemplos de feridas que foram tratadas com sucesso com mel*
incluem pequenas escoriações, cortes, abcessos, grandes feridas infecta-
das, feridas de pressão e úlceras de pele,33 locais de retirada de enxerto de
pele infectados38 e queimaduras.37 Embora nenhum ensaio clínico tenha
sido publicado investigando os efeitos sinérgicos de formulações de óleo
essencial e mel, há muitas evidências anedóticas das duas tradições que
* N.T.: Em um artigo de revisão sobre estratégias de tratamento de feridas contaminadas,
NEGUT, I. et al. descreveram importantes propriedades estudadas em outros artigos sobre o mel.
O mel apresenta diferentes componentes antibacterianos, dentre eles o peróxido de hidrogênio.
O peróxido é gradualmente formado e liberado quando o exsudato da ferida interage com a oxi-
dação da glicose, desencadeando o dano oxidativo às macromoléculas dos patógenos. Essa ação
do peróxido de hidrogênio é comprometida pela presença da catalase no local da aplicação. O mel
de manuka, que é obtido da árvore de mesmo nome, apresenta um componente não peróxido, o
metilglioxal, não degradável pela ação da catalase. Isso explica a efetividade do mel de manuka
ao impedir o crescimento de SARM e S. pyogenes, junto com cepas gram-negativas que foram
testadas (como E. coli e P. aeruginosa). (NEGUT, I.; GRUMEZESCU, V.; GRUMEZESCU, A. M.
Treatment Strategies for Infected Wounds. Molecules, v. 23, p. 2392, 2018.)
398 | Aromadermatologia

para a face, atrás das orelhas e entre as dobras do pescoço. Não coça e
geralmente aparece nas primeiras semanas após o nascimento, desa-
parecendo dentro de alguns meses. As causas não foram claramente
identificadas, mas é provável que envolva a Malassezia.
O tratamento busca amolecer e remover as cascas de ferida acu-
muladas com uma massagem delicada com óleos vegetais, antes do
uso do xampu.

Doenças da unha
A unha é formada por leito da unha, matriz da unha e corpo da unha
e consiste em uma placa endurecida de queratina que tem entre 0,3
mm e 0,5 mm de espessura (ver Figura 1.4 no Capítulo 1). As unhas da
mão crescem 0,1 mm por dia; as unhas do pé crescem mais devagar,
levando até um ano para repor uma unha grande. As doenças de pele
primárias, trauma, infecções e algumas doenças sistêmicas podem
alterar a estrutura da unha, deixando sinais visíveis. O Quadro 11.10
dá uma visão geral do envolvimento da unha nas doenças de pele (ver
também Quadro 11.11).

Tratamento de unhas com aromaterapia


As recomendações em geral para manter as unhas saudáveis são:
evitar a exposição a químicos agressivos, trauma e água, fazendo uso
de luvas plásticas, forradas com tecido de algodão quando necessário.
A hidratação regular com pomadas, especialmente quando seguidas à
imersão em água, ajuda a prevenir o ressecamento e a quebra das unhas.
Imersões terapêuticas semanais promovem integridade e força e podem
ser incorporadas na manicure e pedicure regular feita em casa.
43
Apêndice

Nomes científicos e comuns das plantas que dão origem aos


óleos essenciais e hidrossóis citados neste livro:

Nomes científicos Nomes comuns Família


Achillea millefolium L. Milefólio Asteraceae
Aloysia citriodora Palau (sin. Lippia Verbena-limão Verbenaceae
citriodora H.B. & K.)
Angelica archangelica L. Angélica Apiaceae
Aniba rosaedora Ducke Pau-rosa Lauraceae
Apium graveolens L. Aipo Apiaceae
Artemisia vulgaris L. Artemisia-verdadeira Asteraceae
Aucklandia lappa DC. (sin. Saussurea lappa Costus Asteraceae
C.B. Clarke)
Backhousia citriodora F. Muell. Murta-limão Myrtaceae
Betula lenta L. Bétula-doce Betulaceae
Boswellia carteri Birdw. Olíbano Burseraceae
Boswellia serrata Roxb. ex Colebr. (sin. Olíbano-da-índia Burseraceae
Boswellia thurifera Roxb. Ex Flem )
Callitris columellaris F.Muell. (sin. Callitris Cipreste-azul Cupressaceae
intratropica R.T. Baker & H.G. Sm.)
43
Índice remissivo

Os números grafados em negrito referem-se às páginas em que os


verbetes estão em destaque, seja como título seja como subtítulo.

1,8-cineol 68, 74, 80, 261, 313, 378 graxo (s) 25, 39-40, 49, 133-16, 140,
144, 149, 192, 220, 252, 280, 290-
A 91, 392
lático 39, 145, 181
Abacate, óleo de 133, 13, 175-76, 178, linoleico (s) 134-36, 140, 189-90,
182, 190, 264, 298, 332-34, 419 280, 290-91, 376, 381-82
Abóbora 189, 419 oleico (s) 134-36, 140, 280, 291
Absoluto (s) 46, 70, 89, 110, 121-22, Acne 78, 83, 14, 142, 154, 156, 160,
131, 405 170, 205-06, 217, 227, 264-65, 366,
de jasmim 58, 107-08 368, 373, 374-75, 377, 379, 383, 401
de musgo de carvalho 107
Antiacne 381,402
de narciso 107-08
cística 204
Acantose epidérmica 330, 405 conglobata 374
Acetato escoriada 374
de linalila 68, 330 fulminante 375
de sabinila 67 inflamatória 376
leve 377-78, 381-82
Achillea millefolium 55, 66, 84, 1883
mecânica 375
194, 211, 263, 287, 330, 333, 336,
Propionibacterium acnes 221, 230,
359, 280, 413
265, 374, 377-78, 380
Ácido
Acneica, pele
carboxílico(s) 62, 67
177, 376, 381
de fruta(s) 176
dihomogamalinolênico Agentes
(DGLA) 134 249, 366
gama-linolênico (GLA) 26, 134-35, abrasivos 382
332, 342 antifúngicos 393
As marcas “tatuadas” pela vida em nosso corpo e nosso “coração” são um
testemunho de aprendizado, força e sabedoria que nenhuma pele limpa e
nenhum “coração” sem sofrimento atestam. Amar em si mesmo essas marcas é
como amar os rios, vales e montanhas que trazem consigo a história da mãe
Terra. Tudo que está vivo, desde homem, animal, árvore e o próprio planeta, se
“tatua” naturalmente com “estrias”, “rugas” e “linhas” cheias de sua própria bela
história. Ver e entender isso é um dom apenas para aqueles que aprenderam a
amar sua própria trajetória nesse mundo.

Fábián László

Mudando o mundo através


do conhecimento

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