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Entvar—Assine Vida & Arte "Jango Jezebel" reaviva memorias de vidas travestis em meio a ditadura Partindo de pesquisa de meméria, "Jango Jezebel - Onde Estavam as Travestis na Ditadura?” se debruca em vidas apagadas da narrativa hist6rica oficial Inicio » Jornal Publicado 00:30] set, 13,2022 Tipo Noticia Por Jodo Gabriel Tréz (exmpatar) (— saree) (— comet) "Na pesquisa histérica, antes de tudo, é preciso — e alguém vai fazer isso em algum momento — dizer que uma historia é digna de ser contada. A questo é: 0 que ha para além do que foi considerado digno de registro?”. A reflexdo compartilhada pela artista e pesquisadora transfeminista Helena Vieira em entrevista Vida&Arte aponta para uma questo norteadora do espetdculo "Jango Jezebel - Onde estavam as travestis na ditadura?". Com Helena, Noa Bonoba e Tavares Neto em cena e direcdo de Luiz Fernando Marques, a peca terd apresentacao Unica e gratuita nesta terga, 13, as 19 horas, no Cineteatro So Luiz, apés passar por Séo Paulo e Guaramiranga. Assine Foto: Té Pinheiro /divulgagio Jango Jezebel" se desenvolveu no Laboratio de Teatro do Porte Iracema das Artes, Na foto, registro de montagem do espetéculo na Mostra ds escola, ‘em dezembro de 2019 No relatério fruto da Comissao Nacional da Verdade publicado em 2015, um trecho que falava das "homossexualidades" durante a ditadura chamou a atencao de Helena, uma vez que 0 termo, ela avalia, "tentava dar conta de um conjunto de experiéncias de dissidéncia" distintas entre si— incluindo aquelas de travestis. A partir deste apagamento, decidiu empreender uma pesquisa sobre o tema "A historia é uma narrativa construida em fungao das classes e grupos dominantes de dado momento do tempo, de modo que a participagio, os transitos e as, vivencias de sujeitos dissidentes e subalternizados so apagadas ou apenas relatadas em funcao do olhar normativo do Estado ou das classes dominante: aponta Helena. Os parcos documentos encontrados por ela que davam conta da existéncia de travestis no perfodo foram, essencialmente, as paginas policiais e de humor dos Jornais, além de registros de shows artisticos que ocorriam 4 época. Foi nos relatos compartithados por travestis que sobreviveram a ditadura, porém, que o projeto encontrou a principal base. Leia mais Neon Cunha: "A humanidade esta em transi¢ao" Inclusdo: eventos investem em entrada gratuita Entvar—Assine "Se vocé procura documentos sobre uma coisa e no encontra, pode inferir que ela nao existiu. Isso € confundir a inexisténcia documental com a inexisténcia de uma experiéncia no mundo, porque nem todas as experiéncias foram documentadas’, reforca. Marcinha do Corintho, Jacque Chanel, Anyky Lima, Thina Rodrigues e Jane di Castro foram algumas das entrevistadas no proceso, ainda antes da concretizagao da pe¢a, em um trabalho de pesquisa de meméria. "Se nés nao coletamos, sso memérias que vo sumir. Todo 0 conjunto de praticas, resistencia e sobrevivéncia ao longo de um periodos mais obscuros da nossa histéria tende a desaparecer”, atesta Helena, Das cinco citadas, Anyky, Thina e Jane ja faleceram. "A auséncia (de registros) nao é real. Houve um apagamento sobre o qual a gente fala no trabalho. Ele vai por dois caminhos, o do registro histérico, escavando depoimentos e histérias, e mistura esse levantamento com uma criacao ficcional, invengdo", dialoga Nod, atriz e preparadora de elenco. "Existem muitas histérias e elas sdo contadas a partir do nosso olhar, do olhar de travestis, sobre a historia da nossa ancestralidade’, avanca a artista. A fabulacao entra na obra precisamente para dar conta de "registrar" aquilo que foi ignorado pela narrativa oficial. "O que nos leva pro teatro é a auséncia de documentos. Existem alguns, mas eles nao nos contam uma quantidade de histérias como nés gostarfamos. A escolha pela dramaturgia € justamente porque o teatro permite invocar narrativas no escritas e, nesse exercicio de imaginacao politica sobre o passado, projetar para o futuro", aponta Helena. Entvar—Assine Pearse ‘Ver mais no Instagram 188 curtidas -Aicione um comentvo. Ea partir dai que "Jango Jezebel" se constitui, inclusive, como "espetaculo de experiéncia". "Nés fazemos na pesa a opco de sair da historia para entrar na vida. A vida esté para além da histéria. O que nés queremos saber é onde elas estavam e como viviam", afirma Helena. "Quem assiste nao estd Id sé para aprender a historia das travestis com a razo, mas para sair com uma meméria corporal, para que isso se comunique no Ambito do postico, n3o somente no Ambito simbélico", estimula © gesto de lancar luz as travestis da época se concentrando nas experiéncias cotidianas de vida e sobrevivéncia, em contraponto 4 noco de heroismo histérico, desponta como uma reveréncia ao coletivo. "Quando a gente fala desse momento histérico, tem sempre a presenca de figuras masculinas que ficaram como heréis. O trabalho dissolve essa figura para trazer a tona a presenca de corpos LGBTs que estiveram Id", avanca Noa. "A hist6ria das travestis nao tem uma nica heroina, Sabe por qué? Porque é a hist6ria das coletividades caminhando juntas para sobreviver. O que a histéria das travestis nos ensina, como uma meméria que se projeta para o futuro, é justamente que nés nao precisamos de heréis", finaliza Helena. Jango Jezebel - Onde Estavam as Travestis na Ditadura? is das 19 horas Quando: terca, 13, Onde: Cineteatro Sao Luiz (rua Major Facundo, 500, Centro) Entrada gratuita, com entrada por ordem de chegada 19/08/2022 © 21:06 Espetaculo ocupa 0 carcere do Deops/SP retratando a resistencia travesti durante a ditadura fom POR FODA oo | ‘Jango Jezebel: Onde estavam as travestis na ditadura?’ tem sua temporada de estreia nos dias 19, 20, 26 e 27 de agosto de 2022 no Memorial da Resisténcia de Sao Paulo TéPinheiro [Divulgacéo} Por Rod Gomes Com os ingressos esgotados antes mesmo de sua estreia, 0 espetaculo “Jango Jezebel: Onde estavam as travestis na ditadura?” integra, em curta temporada, a programacao do projeto Ocupagdes Memorial, desenvolvido pelo Memorial da Resisténcia de S40 Paulo e que articula didlogos transdisciplinares sobre a memédria dos periodos autoritarios no pais e suas reverberacées no presente, através de exposi¢ées e producées culturais apresentadas nos espac¢os fisicos e nas redes de comunicagao do museu. Com diregao de Luiz Fernando Marques, realizagaéo do Outro Grupo de Teatro e produc&o da PAJUBA, Diversidade em rede, o espetdculo tem origem em uma pesquisa artistica desenvolvida desde 2019, impulsionada pelo artigo “Onde estavam as travestis na ditadura?” publicado em 2015 pela artista e transfeminista Helena Vieira. A pesquisadora apurou os casos de violagées aos Direitos Humanos entre 1946 e 1988 através dos dados revelados pela Comissao Nacional da Verdade em 2014, observando que o relatério nao citava a presenca de travestis. “Mas 0 documento falava apenas das homossexualidades e, por isso, ndo parecia que existiam travestis, 6 como se fossem todos homossexuais‘, explica Helena. Partindo deste incémodo, Helena Vieira, Noa Bonoba e Tavares Neto dividem a cena transitando entre 0 resgate daquilo que se tem em registros histéricos e a reescrita da histéria sob a 6tica de corpos LGBTQIAPN¢ e principalmente travestis, que foram resisténcia a ditadura. ‘A ditadura mila (1964-25) perseguia, prendia, torturava e matava mulheres transexuals e ravesti.Foto: Juca Martins) As apresentagées acontecem nos dias 19, 20, 26 e 27 de agosto de 2022, sempre as 16h, no Memorial da Resisténcia no Largo General Osorio na Santa Ifigénia em Sdo Paulo, um museu que tem como missdo a valorizacgao e a preservagdo das memorias da repress&o e da resisténcia politicas no Brasil, cujo edificio foi por mais de quatro décadas, o Departamento Estadual de Ordem Politica e Social de SAo Paulo (Deops/SP), um dos maiores simbolos da repressao do periodo ditatorial. Com Helena Vieira, Nod Bonoba e Tavares Neto, o Outro Grupo de Teatro apresenta o espetdculo "Jango Jezebel: Onde Estavam as Travestis na Ditadura?”. Com diregao de Luiz Fernando Marques, o trabalho tem sua temporada de estreia nos dias 19, 20, 26 € 27 de agosto de 2022, sempre as 16h, no Memorial da Resisténcia de Sao Paulo. ‘A pesquisa artistica que deu origem ao espetaculo, vem sendo desenvolvida desde 2019, baseada em um famoso artigo da artista e transfeminista Helena Vieira, que se debruca sobre os dados da Comissdo Nacional da Verdade. Insaiaga aristica "Onde Estavam as Travestis na Deasura™ (Foto: TE Pinata) A pesquisadora apurou casos de violagdes aos Direitos Humanos entre 1946 ¢ 1988. “mas 0 documento falava apenas das homossexualidades e, por isso, néo parecia que existiam travestis, é como se fossem todos homossexuais", explica Helena, Os trés atores dividem a cena transitando entre 0 resgate daquilo que se tem em registros histéricos e a reescrita da histéria, questionando em cena onde estavam as travestis no periodo da Ditadura. A estreia ocorre no Memorial da Resisténcia, museu que preserva as memérias da repressao e da resisténcia politicas no Brasil. 0 edificio sediou, por mais de quatro décadas, o Departamento Estadual de Ordem Politica e Social de Sao Paulo (Deops/SP). 0 espetaculo se utiliza do antigo espaco carcerdrio do Deops/SP como parte de sua dramaturgia. As apresentagSes integram a programagao Ocupagées Memorial, projeto desenvolvido pelo Memorial da Resisténcia que articula didlogos transdisciplinares sobre ‘a meméria dos periodos autoritérios no pais e suas reverberagdes no presente no espaco expositivo do museu Servigo Jango Jezebel: Onde Estavam as Travestis na Ditadura?” Dias 19, 20, 26 e 27 de agosto de 2022, as 16h Onde: Memorial da Resisténcia de Sao Paulo Largo General Oséri 66 - Santa Ifigénia, Sdo Paulo ~ SP, 01213-010 Ingressos: Gratuito (disponiveis a partir do dia 8 de agosto) Classificagao Indicativa: livre. Deivid Pazatto aio frmado na Universidade Franciscana(UFN)e Especalsta em Fstudos de Géneto pele Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) Segundo turno EleigBes a0 vivo Senadoreleito no Cearé Deputados estaduais eleitos Ceara Deputados federaiseleitos Ceard Diario........ ° Festival Nordestino de Teatro de Guaramiranga acontece de graca com espetaculos para todos os gostos Evento ocupa a cidade serrana entre os dias 10 e 17 de setembro, reunindo companhias de toda a regio nordeste Escrito por Redagéo, 07.00.08 de Setembro de 2022. ‘Legenda: ia Dita, de Fortaleza, gum dos grupos partcipantes do festival Foto: Gulherme Siva No total, Il espetaculos estio no projeto, levados ao festival por companhias de Sergipe, Ceara, Bahia, Maranhao, Pernambuco e Rio Grande do Norte. DIVERSIDADE Mais dois espeticulos da Mostra Nordeste entram em cena na egunda-feira, 12: “Narrativas Encontradas Numa Garrafa Pet Na Beira da Maré”, do Grupo Sao Gens de Teatro (PE), as 19h, no Teatro Rachel de Queiroz; e “Jango Jezebel - Onde Estavam as Travestis na Ditadura?”, do Outro Grupo de Teatro (CE), as 21h, na ETI Professor hiilio Holanda, Na terea-feira, 13, a dinamica continua a partir do Coletivo CIDA - Coletivo Independente Dependente de Artistas (RN) com 0 espeticulo “Corpos Turvos”, as 19h, no Teatro Rachel de Queiroz.

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