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Atos Administrativos

Como redigir ofícios, memorandos, e-mails e outras formas de


correspondência oficial
Rey Vinas

Atos Administrativos
Como redigir ofícios, memorandos, e-mails e outras formas de
correspondência oficial
© Rey Vinas
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Preparação
Arlene de Medeiros
Rones Lima
Elisabete Vinas
Capa
Rones Lima

VINAS, Rey.
Atos administrativos: como redigir ofícios, memorandos,
e-mails e outras formas de correspondência oficial. / Rey
Vinas. – Brasília: Projecto Editorial, 2003.
166p.
ISBN 85-98401-19-3

1. Correspondência oficial 2. Administração pública.


3. Redação oficial.
CDD 651.75
A Elisabete, que é luz,

e a Nadja, Beatriz, Nathália e Emanuel, outros astros.


Sumário

Apresentação, 11
Princípios, 13
Da publicidade, 14
Da impessoalidade, 15
Polidez, 16
A quem se fala, 16
Clareza, objetividade e concisão, 16
Para dizer só o necessário: a concisão, 17
O custo invisível da má redação, 18
Estrutura complexa, 19
Atualização permanente, 19
Linguagem e texto, 21
Linguagem e pensamento, 21
A organização do pensamento, 22
A sedução da escrita, 23
Técnica de escrita, 24
Simplicidade, 25
Objetividade, 26
Concisão, 27
A redação passo a passo, 29
Conhecer é essencial, 29
O plano da redação, 30
Tudo o que fica pronto na vida foi construído antes, na alma, 33
Formas de tratamento, 37
Concordância com os pronomes de tratamento, 38
Emprego dos pronomes de tratamento, 39
Fechos, 42
Título de representante diplomático, 45
O que deve ser evitado na redação oficial, 45
Remissão a texto legal, 45
Redação de atos normativos, 47
Do geral para o particular, 49
Numeração, 50
Citações, 50
Folhas de continuação, 52
Atos administrativos, 53
Apostila, 55
Elementos da apostila, 55
Ata, 59
Regras gerais, 59
Ato de assentamento, de valor jurídico, 61
Elementos da ata, 61
Atestado, 67
Elementos do atestado, 67
Certidão, 71
Elementos da certidão, 71
Despacho, 75
Elementos do despacho, 75
Exposição de motivos, 79
Elementos da exposição de motivos, 79
Fac-símile, 83
Informação, 85
Elementos da informação, 86
Memorando, 89
Elementos do memorando, 90
Ofício, 95
Outras observações sobre o ofício, 95
Elementos do ofício, 97
Instrução Normativa & Ordem de Serviço, 101
Elementos da instrução normativa e da OS, 102
Parecer, 107
Elementos do parecer, 108
Portaria, 111
Elementos da portaria, 111
Requerimento, 115
Elementos do requerimento, 115
Projeto básico & Projeto executivo, 119

8 Rey Vinas
Projeto básico, 121
Requisitos, 123
Padronização, 123
Elementos, 123
Elaboração, 124
Considerações iniciais, 124
Projeto executivo, 129
Roteiro, 131
Redação de e-mail, 135
Discernimento, 137
Assuntos pessoais e corporativos: distinção, 137
Estrutura do e-mail, 138
Símbolos, 139
Outras recomendações, 139
Expressões & vocábulos latinos nos atos oficiais, 143

Atos administrativos 9
Apresentação
Padronizar os atos administrativos é condição essencial à
eficiência das instituições públicas e decorre da necessidade
de racionalizar o trabalho da Administração.
Atos padronizados dão caráter profissional à documenta-
ção, tornam uniformes os documentos e lhes atribuem boa
aparência e legibilidade. Um outro fator leva à necessidade
da padronização: o controle da qualidade. Atos não norma-
tizados, irregulares, revelam “desconcerto”, apontam “de-
sacerto”, até desorganização, porque são precariamente con-
cebidos e produzidos.
É comum um mesmo órgão público utilizar diferentes
“modelos” de portaria, ofício, memorando, executados em
variados formatos de papel, às vezes até com texto em co-
lorido. A qualidade decai na mesma proporção do mau gos-
to; a legibilidade é dificultada. Há má idealização do ato, má
diagramação e exposição desordenada das idéias.
Constata-se, por tudo isso, que a observação de normas
na elaboração dos atos oficiais contribui para textos objeti-
vos, comunicativos, limpos.
Este livro baseia-se num conjunto de concepções sobre
atos administrativos que reuni num manual para o Tribunal
Superior Eleitoral. Sai, porém, com maior quantidade de
informações. Nele me foi possível expor pontos de vista
que não considerei adequados a uma obra institucional. A

Atos oficiais 11
escrita segue o princípio da redação jornalística, profissão
que exerci durante vários anos e que me permitiu uma expe-
riência diferenciada com o texto.
O livro pretende funcionar como um guia para a redação
de atas, portarias, ofícios, memorandos, instruções normati-
vas e e-mails, entre outros documentos da moderna Adminis-
tração. Estabelece padrões de forma e de fundo às mensa-
gens e alerta para a criatividade como fator que contribui
para a vivacidade da comunicação; objetiva explicar quais os
padrões de emissão dos principais documentos utilizados pelas
repartições públicas e os critérios mínimos a serem atendi-
dos quando de sua elaboração. Servirá ainda, em muitos pon-
tos, como conselheiro na produção de textos de diversa na-
tureza.

O Autor

12 Rey Vinas
Princípios
É curioso constatar a relação entre a redação de atos ofi-
ciais (ofícios, memorandos, portarias, etc.) e o Direito. A
muitos escapa que a escrita de um simples despacho deve
atender a dois princípios constitucionais caros às atividades
da Administração: a impessoalidade e a publicidade.
Essa exigência é evidenciada logo nas primeiras páginas
do Manual da Presidência da República (Brasília: Presidência da
República, 1991. p. 5), publicação muito utilizada pelos ór-
gãos do Poder Executivo. Há, porém, na Administração,
quem produza atos oficiais sem critério, sem rigor, esque-
cendo-se de que estes, como mensagens de natureza públi-
ca, necessitam de uniformidade, condição essencial à comu-
nicação eficiente e objetiva.
Por comodidade ou descaso, há quem ignore as normas
de elaboração de atos administrativos. Há instituições que
acatam sem o menor desconforto esse “descuido”, conside-
rando filigrana estabelecer padrões para a redação oficial.
Não é raro encontrar uma mesma instituição valendo-se
de um sem-número de “formas” para o ofício ou o memo-
rando, ou utilizando-se de um mesmo “modelo” para am-
bos. Isso não é só desaconselhável, como também pouco
prático e antieconômico.
O ideal é que toda correspondência utilizada no âmbito
de uma entidade, seja ela pública ou privada, siga padrões

Atos administrativos 13
de elaboração, normas concebidas para a eficiência da co-
municação.
A comunicação eficiente, aliás, é um dos requisitos para
o sucesso das organizações. É fator de economia e interfere
positivamente nos resultados da empresa, mas, para chegar
a isso, é necessário seguir alguns pequenos conselhos.
Diz o Manual da Presidência da República:

A redação oficial deve caracterizar-se pela


impessoalidade, uso do padrão culto da linguagem, cla-
reza, concisão, formalidade e uniformidade. Fundamen-
talmente, esses atributos decorrem da Constituição, que
dispõe, no art. 37: “A administração pública direta, indire-
ta ou fundacional, de qualquer dos poderes da União, dos
estados, do Distrito Federal e dos municípios obedecerá aos
princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, pu-
blicidade (...)”. Sendo a publicidade e a impessoalidade
princípios fundamentais de toda administração pública,
claro está que devem igualmente nortear a elaboração
dos atos e comunicações oficiais.

Da publicidade

Para dar real publicidade a um ato é necessário que seu


texto seja claro. Publicar em diário oficial texto obscuro
ou dúbio cumpre mera formalidade. A publicidade de um
ato extrapola a divulgação pura e simples, por qualquer
meio. Ao cidadão deve ser dado conhecer o conteúdo do
ato, a sua mensagem efetiva. Nisso reside a verdadeira pu-
blicidade. Nos casos em que o texto é eminentemente téc-
nico, pelo menos os especialistas na matéria devem com-
preender a linguagem em que ele se apresenta. E há casos
em que não é possível de nenhum modo compreender a
escrita. Atos dessa natureza, incompreensíveis, não dão

14 Rey Vinas
conhecimento das práticas da Administração. A publici-
dade, assim, não se efetiva.

Da impessoalidade

A impessoalidade não consiste em deixar de utilizar a pri-


meira pessoal gramatical.
Há quem considere o uso do plural (como que) de mo-
déstia como indicador de impessoalidade (Encaminhamos a
V. Sa. as informações...). É um expediente equivocado.
Ser impessoal na redação técnica significa retirar do tex-
to traços de subjetivismo que atribuam à mensagem uma
visão inaceitavelmente particularizada do assunto tratado,
que possa resultar em preconceito, juízos íntimos ou
emocionais, egocentrismos...
Um memorando, ainda que em terceira pessoa, que de-
monstre impertinência, arrogância, sarcasmo, é um docu-
mento que não possui o atributo da impessoalidade. Quando
um documento resvala dessa forma para o âmbito subjetivo,
perde em eficácia, porque os atos na esfera pública cumprem-
se por serem objetivos, exatos, racionais, praticáveis. A emo-
cionalidade desequilibrada nessa área é um dos caminhos para
o erro e para o fracasso das realizações.
Em nenhum momento poderá a figura do redator proje-
tar-se na mente do destinatário. O receptor de uma mensa-
gem cheia de ironia estará muito pouco propenso a dar so-
lução ao que quer que seja. Poderá até dar encaminhamento
às questões demandadas no documento, mas de malgrado.
E se se tratar de um espírito vingativo ou magoado, fará de
tudo para que nada ocorra a contento. Perde o interesse
público, que não se efetiva, diante de rusgas internas e dissa-
bores interpessoais.

Atos administrativos 15
A redação oficial deve preocupar-se acima de tudo com
a eficácia e a exatidão das informações.
Polidez

Todos os cuidados relacionados à impessoalidade tam-


bém constituem requisitos da polidez, qualidade essencial aos
atos oficiais. O tratamento respeitoso e digno deve estar pre-
sente em todo documento, qualquer que seja o destinatário.
Expressões rudes ou irreverentes, intimidades, linguagem rés
ao chão, tudo isto denuncia falta de cortesia.
A quem se fala

A consideração do destinatário é um outro importante fa-


tor para a eficácia da redação oficial. Em qualquer processo
de comunicação, é tão importante saber a quem se fala quanto
aquilo que se diz. Em muitos casos, o modo de dizer estará
subordinado ao perfil do destinatário, e a pergunta a quem se
fala determinará em alto grau o modo de concepção da men-
sagem. Pensar no destinatário é um dos indicadores de quali-
dade da comunicação. Diz Adalberto J. Kaspary no seu Reda-
ção oficial: normas e modelos (14. ed. Porto Alegre: Edita, 1998):
A mensagem não compreendida exatamente pelo seu
receptor pretendido torna-se, muitas vezes, motivo de
conflitos ou, ao menos, de reações inadequadas, quan-
do sua finalidade é concorrer para o funcionamento har-
mônico e operante de um órgão ou setor de trabalho. O
destinatário é, pois, elemento de extrema importância a
ser considerado em qualquer comunicação.

Clareza, objetividade e concisão

A clareza, a objetividade e a concisão são elementos que devem


presidir a elaboração dos atos oficiais. Elas impedem que o

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texto do ato chegue ao obscuro e ao incompreensível e asse-
guram a comunicabilidade, portanto a eficácia, da mensagem.
A mensagem de uma instituição deve comunicar de modo
transparente e ser o resultado de uma aspiração quase utó-
pica, representada na frase de Geir Campos: “Eu quisera ser
tão claro que ao dizer rosa! todos soubessem o que haviam
de pensar. Mais, quisera ser tão claro que ao dizer já! todos
soubessem o que haviam de fazer”.
A padronização do leiaute e dos textos dos atos oficiais
deve contribuir para essa finalidade básica: comunicar com
impessoalidade e clareza. A clareza do texto, aliada à corre-
ta diagramação do documento, possibilita a rápida compre-
ensão do conteúdo da mensagem pelo leitor.

Para dizer só o necessário: a concisão

O autor de Grande sertão: veredas, Guimarães Rosa, assim


resumiu, num insight poético: “Escrever é a arte de cortar
palavras”. O professor William Strunk Jr., de altos estudos
da língua inglesa, ensinou de modo mais extenso:

A prosa vigorosa é concisa. A frase não deve ter


palavras desnecessárias nem o parágrafo frases des-
necessárias, pela mesma razão que o desenho não deve
ter linhas desnecessárias, nem a máquina partes des-
necessárias. Isso não quer dizer que o autor faça bre-
ves todas as suas frases, nem que se evite todo deta-
lhe, nem que trate seus temas só na superfície: apenas
que cada palavra conta (Correio Braziliense. Brasília, mar.
1999. Apud SQUARISI, Dad. Dicas de Português).

Esse ensinamento é válido para qualquer tipo de texto,


seja ele literário ou técnico-administrativo. É a base de toda
boa escrita e parece simples. Apenas parece. Alcançar um

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texto “enxuto”, sem “gorduras”, é tarefa das mais árduas.
Fazer-se compreender de modo translúcido exige o esforço
de uma epopéia.

O custo invisível da má redação

As dificuldades de redação emperram o andamento da


organização, conduzem a desentendimentos e a um altíssi-
mo “custo invisível” (que não aparece na contabilidade da
instituição), resultante da demora na execução de uma ativi-
dade, do retrabalho, da burocracia inútil, do estresse pelo
malfeito, das dificuldades na recuperação de informações,
etc.)
Em seu Prontuário de redação oficial (14. ed. Rio de Janeiro:
Nova Fronteira, 1988), João Luiz Ney afirma:

A dinâmica administrativa encontra, na capacidade


de redação de seus servidores, recursos dos mais efica-
zes para o seu processamento.
Ausente essa capacidade num setor da administra-
ção, mais difícil se torna ao seu dirigente dedicar-se aos
problemas que lhe são pertinentes – o planejamento, a
coordenação e o comando. Seu tempo estará quase
totalmente absorvido na revisão e emenda de textos
mal redigidos e suas energias logo se esgotarão no es-
forço diário de reescrever o que seus auxiliares não sou-
beram estruturar em linguagem apropriada e correta.

Luiz Ney, porém, parte de um princípio nem sempre ver-


dadeiro: o de que o dirigente sabe escrever. O dirigente
muitas vezes sabe apenas o que quer, o que pretende dizer.
Isso não o habilita necessariamente a conseguir reescrever a
má redação de seus auxiliares.

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Estrutura complexa

Toda escrita é uma estrutura complexa. Passar da idéia


ao texto exige treinamento constante. Escrever bem é escre-
ver sempre. E no caso da redação oficial, é necessário co-
nhecer ainda os aspectos específicos desse tipo de mensa-
gem. Ela exige unidade, deve ser escrita em padrão culto de lin-
guagem e seguir formalidades que a caracterizam de modo in-
confundível.

Atualização permanente

O estilo da redação oficial, apesar de seus vários aspec-


tos limitadores, não deve estagnar. Ele precisará estar sem-
pre em atualização. O redator, ao longo do exercício de sua
atividade, deverá estar permanentemente buscando a maneira
mais eficiente de produzir o texto, a forma mais agradável
(ela é geralmente a mais simples) de dizer a mensagem, para
evitar a construção apática, as fórmulas desgastadas, a es-
trutura débil.
É certo que não se pode realizar uma revolução a cada
escrita, mas não se pode também acomodar ao que já se
tornou inexpressivo.

Atos administrativos 19
Linguagem e texto

Ao redigir atos oficiais, deve-se obedecer de certa forma


aos mesmos princípios de organização de qualquer outro
tipo de texto – para alcançar clareza na exposição e, assim,
comunicação eficaz. A eficácia de que falo refere-se à capa-
cidade de fazer o leitor compreender com facilidade aquilo
que está escrito e – mais ainda – de convencê-lo, se for o
caso, com o argumento dessa escrita.
No manual que desenvolvi para o Tribunal Superior Elei-
toral (Manual de padronização de atos oficiais administrativos. Bra-
sília: TSE/SDI, 2002), em que tive o apoio da equipe de
editoração daquela instituição e a crítica valiosa de muitos,
dediquei um capítulo inteiro a esse tema, com fundamento
em minha experiência como editor e jornalista, e nos estu-
dos que desenvolvi acerca da teoria do texto, da teoria lite-
rária e da comunicação empresarial. São considerações pon-
tuais do que coligi de mais significativo sobre a arte/técnica
da escrita, que agora apresento em resumo.

Linguagem e pensamento
O pensamento humano se organiza, articula-se e ga-
nha nitidez à medida que o indivíduo exercita a lingua-
gem. Quanto mais nos esforçamos para exprimir nossas

Atos administrativos 21
idéias de modo claro, mais alcançamos essa virtude rara na
comunicação. Isso nos leva a admitir que a escrita pode ser
aprimorada ao longo do tempo. Não há a menor dúvida
quanto a isso. Uma criança, logo que consegue utilizar a
linguagem dos adultos e deixa para trás as expressões des-
conexas e fragmentadas e o balbucio de seus primeiros anos,
consegue um desenvolvimento espetacular de raciocínio
que transforma o seu modo de estar no mundo: ganha au-
toconfiança e se reconhece possuidora de um alto grau de
convencimento. À medida que aperfeiçoa a linguagem, apri-
mora o modo de pensar, porque o desenvolvimento da
linguagem permite a organização do pensamento e a exte-
riorização deste em toda a sua complexidade.
Disso deduzimos que a boa linguagem é aquela que:
1) expressa adequadamente um assunto pensado;
2) possui características que levam à total atenção ao que
está sendo comunicado (porque nos seduz e nos convence); e
3) respeita um padrão lingüístico admitido coletivamen-
te como ideal (a correção gramatical).

A organização do pensamento
Diz o poeta francês Boileau que aquilo que é bem conce-
bido se enuncia com clareza (Ars poétique, I, p. 153), o que
nos leva à importância da reflexão como pré-requisito para
a expressão.
É necessário pensar detidamente sobre um assunto, uma
idéia, antes de expressá-la. Ao refletir sobre a massa disforme
e confusa que é a origem do pensamento, vai-se aos poucos
dando a ele ordem e corporificação e, ato contínuo, um co-
mando interno passa a tentar encontrar as palavras exatas que

22 Rey Vinas
servirão para dizê-lo. É impressionante como raramente fa-
zemos isso em nossa vida diária. O que dizemos normalmente
nos sai por impulso, após um mínimo de reflexão.
O mestre J. Mattoso Câmara Jr. ensina em seu Manual de
expressão oral e escrita (2. ed. J. Ozon, 1966. p. 10):

A precisão lógica da exposição lingüística importa, an-


tes de tudo, no problema da composição, que consiste
em ajustar e concatenar os pensamentos. O próprio ra-
ciocínio ainda não exteriorizado depende disso para de-
senvolver-se.
Antes de nos fazermos entender pelos outros, te-
mos de nos entender a nós mesmos (...).

A sedução da escrita
Para seduzir, ainda que em uma comunicação oficial, é
preciso um mínimo de preocupação estética com o argu-
mento, o que pressupõe a escolha de palavras, um agradável
ritmo frasal, um tom ideal e, sobretudo, leveza. O sentimen-
to estético (artístico) é inerente ao ser humano. Todos reco-
nhecem uma escrita pesada e seca, às vezes ríspida; todos
reconhecem de imediato uma sentença “sem vida”.
É possível, pois, vencer a monotonia e a esterilidade de
um ato administrativo com o uso de uma linguagem mais
inspirada (que nem por isso deve deixar de ser adequada e
objetiva). Às vezes uma única palavra muda radicalmente a
forma de recepção de um texto. E deve-se levar em conta
que, por si só, a correção gramatical é fator de atração.
Uma escrita com erros grosseiros impõe reação à mensa-
gem, depõe contra o emissor, reduz o seu status e expõe
debilidade cultural.

Atos administrativos 23
É ainda de Mattoso, na obra citada (p. 12), a afirmação
de que a obediência às regras gramaticais se impõe por três
motivos:

Em primeiro lugar, elas consubstanciam as conclusões


de várias gerações de homens que se especializaram
em estudar a língua e em observar a sua ação e os seus
efeitos no intercâmbio social. Muitas normas e conven-
ções da gramática representam uma experiência longa
e coletiva em matéria de expressão lingüística, e acatá-
las é seguir uma estrada batida e correr menos riscos,
mesmo no âmbito da lógica da formulação. Em segundo
lugar, acham-se apoiadas por um consenso geral e atra-
vés delas se facilita a projeção de nossas idéias e a
aceitação do que assim dizemos. Finalmente, estranho
como pareça, é perfeitamente lícito afirmar que uma ati-
tude de independência em face de regras gramaticais
cabe de direito aos literatos, antes que aos que usam a
linguagem com objetivo prático. Do literato espera-se
uma visão pessoal em questões de forma lingüística, já
que a língua é a sua preocupação primária e a matéria-
prima de sua arte.

A gramaticalidade é essencial ao ato administrativo, mas


deve-se ter cuidado com os excessos. Grandes efeitos retóri-
cos e escrúpulos exagerados de gramaticalidade podem atri-
buir ao texto jeito de “literatura”, artificialidade ou empáfia –
verdadeiras armadilhas à boa comunicação.

Técnica de escrita
Redigir bem resulta do desenvolvimento de uma técnica
de escrita que deve ser cuidadosamente adquirida. Se é pro-
duto de técnica, envolve trabalho sistemático e supõe

24 Rey Vinas
possibilidade de aperfeiçoamento. Redigir bem, portanto –
e nisso parecem unânimes especialistas e teóricos do texto –,
origina-se do redigir sempre, do exercitar-se na linguagem
escrita. Um texto eficiente e claro (digamos também elegante),
deve suas qualidades ao modo de dizer, não àquilo que diz.
O que valoriza um assunto é a maneira de contá-lo, de
expô-lo. Um enunciado capaz de transmitir com clareza
e simplicidade uma mensagem é uma conquista que se ob-
tém pouco a pouco, no duro ofício de redigir e redigir
criticamente, mas isso guarda alguns segredos: simplici-
dade, objetividade e concisão, clareza. Diz Quintiliano:

(...) que seja tal a clareza, que a mais fraca atenção


baste para compreender e o pensamento impressione
os espíritos, como o sol impressiona a vista. Não basta
que o ouvinte possa compreender-nos; mister é, mais
do que isso, que de nenhum modo possa deixar de nos
compreender.

Um conjunto de observações pode auxiliar nessa tarefa:

Simplicidade
Um dos principais problemas de quem passa a dedicar-
se mais intensamente à escrita é a inclinação a dizer de forma
complicada. Talvez por ser a linguagem escrita mais artificial,
menos espontânea que a linguagem falada, é comum que o
redator iniciante seja levado a fazer rodeios, a falar difícil, a
ser prolixo, como se a forma obscura (até incompreensível)
da escrita fosse sinônimo de erudição e sabedoria. Nada mais
falso. A escrita admirável é aquela que é reta naquilo que diz,
sem volteios, sem labirintos. Dizer eficientemente é dizer de

Atos administrativos 25
forma simples. Escreva indo diretamente ao ponto; se pos-
sível, como se conversasse.
Escrever apenas o essencial é também questão de hábito.
Disciplinar-se para ser objetivo vem de determinação inte-
rior e da adoção de princípios rigorosos de escrita. Quem
se permite ser prolixo não conseguirá escrever com simpli-
cidade. E a grandeza da redação oficial – e de quase toda
escrita – consiste em ser humilde diante da linguagem.
Há um historiador radicado em Brasília, Fernando Ta-
manini, que constrói seus livros sobre a capital federal se-
guindo o princípio árduo e trabalhoso da redação límpida.
Leva esse princípio a ferro e fogo. Como resultado, aos 80
anos de idade, apresenta em suas obras um tal grau de legi-
bilidade que não recordo ter deparado textos de história
mais bem elaborados.

Objetividade
Use no seu texto frases curtas, preferencialmente. Frases
longas cansam e levam o leitor à dispersão. Enunciados
breves facilitam a compreensão. Evite contaminar o seu tex-
to com uma infinidade de vírgulas. Uma frase longa nada
mais é que o acúmulo de duas ou mais frases curtas. Prefira
também palavras breves. Entre duas palavras, opte pela de
menor extensão.
Ensina a jornalista Dad Squarisi, do Correio Braziliense,
especialista em questões da linguagem: “Em vez de falar
falecer, escreva morrer; em lugar de somente, só; de matrimônio,
casamento; de féretro, caixão; de morosidade, lentidão” (SQUARISI,
Dad. Dicas de Português. Correio Braziliense. Brasília, mar.
1999).

26 Rey Vinas
Organize suas sentenças de forma positiva, evite dizer
por meio de negativas: não lembrar é esquecer; não comparecer é
faltar; não chegar no horário é atrasar. Opte também pela voz
ativa. A voz passiva é uma estrutura sem vigor, apática. Em
vez de: A portaria foi assinada pelo diretor-geral, prefira: O diretor-
geral assinou a portaria.

Concisão
A concisão consiste em dizer o máximo com um mínimo
de palavras. Isto não guarda nada de abstrato ou subjetivo.
Um dos caminhos para a concisão, aliás, resulta da adoção
de um procedimento simples, que pode ser extraído dos con-
selhos de Dad:

Abuse de substantivos e verbos: escreva com a con-


vicção de que no idioma só existem essas duas classes
de palavras. As demais – sobretudo adjetivos e advér-
bios – devem ser usadas com a sovinice do Tio Pati-
nhas. Na dúvida, deixe-os pra lá: (Normalmente) ao re-
digir textos (informativos), use substantivos (fortes) e
1
verbos (expressivos).

Essa, aliás, como ressalta a jornalista, é uma lição de


Veuillot: “É preciso escrever com a convicção de que só há
duas palavras no idioma – o substantivo e o verbo. Ponha-
mo-nos em guarda contra as outras palavras”.2
O que se quer dizer com isso não é que se atirem fora
as outras classes gramaticais, mas apenas que se usem
adjetivos e advérbios com sua específica função: tornar

1 SQUARISI, Dad. Dicas de Português. Correio Braziliense. Brasília, mar. 1999.


2 Id. Ibid.

Atos oficiais 27
preciso e exato aquilo que realmente precisa de especifi-
cação para ser exato e convincente.
Quanto à precisão, valemo-nos mais uma vez do ensina-
mento da jornalista:

Gato siamês é mais singular que simplesmente gato;


homem, mais do que animal; laranjeira, mais do que
árvore; árvore, mais do que planta ou vegetal. Escre-
ver “foi um período difícil” constitui uma vagueza. ”Estive
desempregado durante três meses” dá o recado. Não
foi por acidente que Gonçalves Dias compôs: “Minha
terra tem palmeiras/Onde canta o sabiá”. Se tivesse
dito, “Minha terra tem árvores/Onde canta o pássaro”,
seus versos estariam mortos e enterrados. Sem direito
3
a missa.

3 SQUARISI, Dad. Op. cit.

28 Rey Vinas
A redação passo a passo

Antes de retomar o estudo dos atos oficiais, vale reali-


zar algumas reflexões sobre a arte da livre escrita.
Qualquer pessoa que conheça um assunto é capaz de es-
crever sobre ele. Não há receitas de como redigir, embora
haja sobre isso princípios razoavelmente aceitos, que fazem
parte de uma preparação inicial de que dão conta a prática e
o esforço. Parte dessa prática se adquire com o ensino esco-
lar, a outra parte com a leitura conduzida de forma inteli-
gente. E alguns instrumentos precisam ser conhecidos, como
a organização de um plano de redação, além de informa-
ções valiosas, tiradas da experiência, sobre o que deve e o
que não deve ser feito.

Conhecer é essencial
O primeiro passo para chegar a uma boa redação é avaliar
se o conhecimento que se tem do assunto a ser desenvolvido
é suficiente para um bom argumento. Se se conhece pouco,
dificilmente haverá bom resultado.
Leia. Converse. Consulte. Ouça. Neste exato momento,
comece a anotar aspectos que interessam ao seu texto. Crie a
força do seu argumento!

Atos administrativos 29
Ao coletar as informações, estabeleça uma hierarquia
entre elas. Destaque as mais importantes, as de maior im-
pacto, as que contribuirão mais decisivamente para o que
você pretende. Esta é uma das etapas da organização do
pensamento.
Quando me iniciei no jornalismo, há 15 anos, como re-
pórter, nos primeiros dias vivi uma tortura. Chegava à re-
dação com páginas e páginas de anotações das reporta-
gens que me davam a realizar. Perdia-me no emaranhado
de depoimentos, de registros, de observações pessoais. E
me demorava na elaboração das matérias porque gastava
um tempo precioso tentanto achar um nexo entre os da-
dos, fazê-los coerentes entre si. Até que descobri que po-
deria organizar toda a informação ainda em campo, exer-
citando a memória e o ouvir. Passei a anotar apenas tópi-
cos, que me permitiam reconstituir mentalmente, na Reda-
ção do jornal, num plano estruturado de trabalho, toda a
história que eu precisava contar. Anos depois, as minhas
anotações serviam apenas como lembranças do que a
memória duvidava houvesse retido. Eu escrevia então di-
retamente no computador, indo raramente às notas, como
resultado de uma organização mental exercitada cotidia-
namente que me permitia redigir “de uma penada”.

O plano da redação
Um plano de redação não consiste de simples anota-
ções sobre o que se pretende escrever. Pode até resultar

30 Rey Vinas
de uma “tempestade de idéias” (aquele exercício de cria-
tividade em que se registra no papel tudo o que vem à
mente, ainda que aparentemente nesse mister surjam coi-
sas sem sentido), mas o jorro de pensamentos deve ser
logo depois organizado em conjuntos de significados co-
nexos e coesos que permitam dar unidade à comunicação.
De outra maneira, a redação se tornará uma colcha de
retalhos, inconsistente.
Há um texto de Nizan Guanaes que é exemplar da unida-
de comunicativa. É um discurso feito por ele para uma tur-
ma de formandos em Administração, na Bahia. Aqui o
reproduzo a título de exemplo.
Os significados conexos nesse texto são organizados a
partir das oposições dinheiro versus realização, e traba-
lho versus acomodação. Nizan articula em blocos os se-
guintes argumentos: o pensar em realizar traz mais fortuna do que
o pensar em fortuna e o realizar deve ter como combustível o amor ao
trabalho e o trabalho incessante. A partir dessa “espinha dorsal”,
que serve de sustentação às reflexões desenvolvidas no tex-
to, foi possível ao autor seguir um planejamento nítido e
indiscutível:
1. o discurso é formado por aconselhamentos. Isto será
dito logo no primeiro parágrafo e preparará o “espírito”
do leitor. Essa decisão tornará a abertura algo inusitado para
o começo de uma explanação e permitirá desenvolver qua-
se todo o trabalho com frases no imperativo. Os argumen-
tos, assim, ganharão em contundência;
2. o segundo parágrafo inicia-se com o juízo básico do
texto: “Não paute sua vida nem sua carreira pelo dinhei-
ro”. É a indicação do que não deve ser feito, seguida do
argumento sobre o que se deve fazer: “Ame seu ofício com

Atos administrativos 31
todo coração”, etc. É uma fórmula simples: não faça isto,
faça aquilo...
3. O terceiro parágrafo busca justificativas externas
que reforcem a opinião do autor: Napoleão não inva-
diu...; Hitler não matou... Michelângelo não passou... por
dinheiro. Essa linha de raciocínio impacta, porque mos-
tra que grandes realizações e feitos espetaculares, para
o bem ou para o mal, têm antes como motor ideais de
realização e convicções.
4. O quarto parágrafo parte do mesmo princípio do an-
terior, mas opta por dar enfoque a um comportamento po-
sitivo e altruísta que nada tem a ver com dinheiro: o da frei-
ra que assiste leprosos.

Percebe-se aí toda uma concepção dramática da lingua-


gem, que se desenvolve a partir de um eixo de argumenta-
ção baseado no grau de impacto das idéias e “revelações”
que são levadas ao leitor, pautadas na vivência e na experi-
ência de leitura do autor, de tal modo que até as referências
textuais, além de adequadas, são provocativas: “Seja quente
ou seja frio, não seja morno que eu te vomito”, condena-
ção metafórica da indecisão, apologia da firmeza, não im-
porta o rumo.
Isso poderia ser dito de outra maneira: “Quem quer agra-
dar a todos não agrada a ninguém”. Só que esta frase, por
demais usual, um clichê, não detém o poder de mobilização
daquel’outra, tirada da Bíblia!
Seria excessivo discorrer sobre a concepção estrutural
de todo o texto. O leitor habilidoso saberá encontrar o grau
de coesão e unicidade argumentativa alcançado por Nizan.
Então vamos a ele.

32 Rey Vinas
Tudo o que fica pronto na vida foi
construído antes, na alma
Nizan Guanaes

Dizem que conselho só se dá a quem pede. E se vocês


me convidaram para paraninfo, sou tentado a acreditar
que tenho sua licença para dá-los. Portanto, apesar da
minha pouca autoridade para dar conselhos a quem quer
que seja, aqui vão alguns que julgo valiosos.
Não paute sua vida nem sua carreira pelo dinheiro.
Ame seu ofício com todo coração. Persiga fazer o me-
lhor. Seja fascinado pelo realizar, que o dinheiro virá como
conseqüência.
Quem pensa só em dinheiro não consegue sequer
ser um grande bandido ou um grande canalha. Napoleão
não invadiu a Europa por dinheiro. Hitler não matou seis
milhões de judeus por dinheiro. Michelângelo não pas-
sou 16 anos pintando a Capela Sistina por dinheiro. E,
geralmente, os que só pensam nele não o ganham. Por-
que são incapazes de sonhar. E tudo o que fica pronto
na vida foi construído antes, na alma.
A propósito disso, lembro-me de uma passagem ex-
traordinária, que descreve o diálogo entre uma freira ame-
ricana cuidando de leprosos no Pacífico e um milionário
texano. O milionário, vendo-a tratar daqueles leprosos,
disse: “Freira, eu não faria isso por dinheiro nenhum no
mundo”. E ela respondeu: “Eu também não, meu filho”.
Não estou fazendo com isso nenhuma apologia à pobreza,
muito pelo contrário. Digo apenas que pensar em reali-
zar tem trazido mais fortuna do que pensar em fortuna.
Meu segundo conselho: pense no seu País. Porque,
principalmente hoje, pensar em todos é a melhor ma-
neira de pensar em si. Afinal é difícil viver numa nação
onde a maioria morre de fome e a minoria morre de medo.
O caos político gera uma queda de padrão de vida

Atos administrativos 33
generalizada. Os pobres vivem como bichos, e uma elite
brega, sem cultura e sem refinamento, não chega a vi-
ver como homens. (...)
Meu terceiro conselho vem diretamente da Bíblia: seja
quente ou seja frio, não seja morno que eu te vomito. É
exatamente isso que está escrito na carta de Laudicéia:
seja quente ou seja frio, não seja morno que eu te vo-
mito. É preferível o erro à omissão. O fracasso, ao tédio.
O escândalo, ao vazio. Porque já vi grandes livros e filmes
sobre a tristeza, a tragédia, o fracasso. Mas ninguém
narra o ócio, a acomodação, o não-fazer, o remanso.
Colabore com seu biógrafo. Faça, erre, tente, falhe,
lute. Mas, por favor, não jogue fora, se acomodando, a
extraordinária oportunidade de ter vivido, tendo consci-
ência de que cada homem foi feito para fazer história.
Que todo homem é um milagre e traz em si uma revolu-
ção. Que é mais do que sexo ou dinheiro. Você foi cria-
do para construir pirâmides e versos, descobrir conti-
nentes e mundos, e caminhar sempre, com um saco de
interrogações na mão e uma caixa de possibilidades
na outra.
Não use rider, não dê férias a seus pés. Não se sente
e passe a ser analista da vida alheia, espectador do
mundo, comentarista do cotidiano, dessas pessoas que
vivem a dizer: eu não disse!, eu sabia!
Toda família tem um tio batalhador e bem de vida. E,
durante o almoço de domingo, tem de agüentar aquele
outro tio muito inteligente e fracassado contar tudo o
que ele faria, se fizesse alguma coisa.
Chega dos poetas não publicados. Empresários de
mesa de bar. Pessoas que fazem coisas fantásticas toda
sexta à noite, todo sábado e domingo, mas que na se-
gunda não sabem concretizar o que falam. Porque não
sabem ansiar, não sabem perder a pose, porque não
sabem recomeçar. Porque não sabem trabalhar. Eu digo:
trabalhem, trabalhem, trabalhem. De 8 às 12, de 12 às
18 e mais se for preciso. Trabalho não mata. Ocupa o

34 Rey Vinas
tempo. Evita o ócio, que é a morada do demônio. E cons-
trói prodígios.
O Brasil, este país de malandros e espertos, da van-
tagem em tudo, tem muito a aprender com aqueles trou-
xas dos japoneses. Porque aqueles trouxas japoneses
que trabalham de sol a sol construíram, em menos de
50 anos, a segunda maior megapotência do planeta.
Enquanto nós, os espertos, construímos uma das maiores
impotências do trabalho.
Trabalhe! Muitos de seus colegas dirão que você
está perdendo sua vida, porque você vai trabalhar en-
quanto eles veraneiam. Porque você vai trabalhar, en-
quanto eles vão ao mesmo bar da semana anterior,
conversar as mesmas conversas, mas o tempo, que é
mesmo o senhor da razão, vai bendizer o fruto do seu
esforço. E só o trabalho lhe leva a conhecer pessoas e
mundos que os acomodados não conhecerão. E a isso
se chama sucesso.
(...).

Nizan Guanaes realiza um texto sedutor ao unir informa-


ção e criatividade a uma eficiente organização das idéias. Faça
o mesmo.

Atos administrativos 35
Formas de tratamento

A comunicação oficial segue padrões rigorosos quanto


ao emprego dos pronomes de tratamento, à forma dos
fechos e à identificação do signatário.
Pronomes de tratamento são palavras ou expressões que va-
lem por pronomes pessoais, tais como você, Vossa Excelência,
Vossa Senhoria.
O filólogo Said Ali, em sua Gramática secundária histórica da
língua portuguesa (3. ed. Brasília: Editora UnB, 1964), apresenta
uma breve história dos pronomes de tratamento. Diz ele que,
após serem incorporados ao português os pronomes latinos
tu e vós, “como tratamento direto da pessoa ou pessoas a quem
se dirigia a palavra”, passou-se a empregar, como expediente
lingüístico de distinção e de respeito, a segunda pessoa do
plural no tratamento de indivíduos de hierarquia superior.
Outro modo de tratamento indireto consistiu em fingir que
a palavra era dirigida a um atributo ou qualidade da pessoa de
categoria superior, e não a ela própria: assim, os vassalos apro-
ximavam-se do rei com o tratamento Vossa Mercê, Vossa Senho-
ria; usou-se o tratamento ducal de Vossa Excelência e adotaram-
se na hierarquia eclesiástica Vossa Reverência, Vossa Santidade.
O tratamento indireto passou a vigorar, a partir do final
do século XVI, também para os ocupantes de determinados
cargos públicos:

Atos oficiais 37
Vossa mercê evoluiu para vosmecê, e depois para o
coloquial você. E o pronome vós, com o tempo, caiu em
desuso. É dessa tradição que provém o atual emprego
de pronomes de tratamento indireto como forma de
dirigirmo-nos às autoridades civis, militares e eclesiásti-
cas. (g. n.) (op. cit.)

Concordância com os pronomes de


tratamento
Os pronomes de tratamento levam a concordância para a
terceira pessoa, embora se refiram à pessoa com quem se fala.
O verbo concordará com o substantivo que integra a locução
pronominal: “Vossa Excelência continuará na caminhada”;
“Vossa Senhoria conseguirá dar bom termo ao caso”. Tam-
bém os pronomes possessivos referidos a pronomes de trata-
mento são sempre os da terceira pessoa: “Vossa Senhoria en-
caminhará sua solicitação” (e não “vossa solicitação”).
Quando nos dirigimos à pessoa, usamos as expressões
Vossa Excelência, Vossa Senhoria, etc.; quando a ela nos re-
ferimos, utilizamos Sua Excelência, Sua Senhoria.
O gênero dos adjetivos que se referem a esses pronomes
deve remeter ao sexo da pessoa, não ao substantivo. Deve-se
dizer “Vossa Excelência está atarefado”, se o interlocutor
for homem; “Vossa Senhoria deve estar satisfeita”, se for
mulher. Deve-se evitar substituir os pronomes de tratamen-
to pelas formas seu, sua, lhe e o, principalmente em relação às
pessoas tratadas por Vossa Excelência, Vossa Eminência e ou-
tros de alta cerimônia.
Os pronomes de tratamento, em comunicações dirigidas
a altas autoridades dos Poderes da República e eclesiásticas,
não devem ser abreviados.

38 Rey Vinas
Emprego dos pronomes de tratamento
Em março de 1992, a Instrução Normativa n.º 4 da en-
tão Secretaria de Administração Federal fixou o emprego
dos pronomes de tratamento mais utilizados pela Adminis-
tração como a seguir apresentado:

Vossa Excelência, em comunicações dirigidas às se-


guintes autoridades:

a) do Poder Executivo:
Presidente da República;
Vice-Presidente da República;
Ministros de Estado;
Secretário-Geral da Presidência da República;
Consultor-Geral da República;
Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas;
Chefe do Gabinete Militar da Presidência da República;
Chefe do Gabinete Pessoal do Presidente da Repú-
blica;
Secretários da Presidência da República;
Procurador-Geral da República;
Governadores e Vice-Governadores de Estado e do
Distrito Federal;
Chefes de Estado-Maior das Três Armas;
Oficiais-Generais das Forças Armadas;
Embaixadores;
Secretário Executivo e Secretário Nacional de
Ministérios;
Secretários de Estado dos Governos Estaduais;
Prefeitos Municipais;

b) do Poder Legislativo
Presidente, Vice-Presidente e membros da Câmara
dos Deputados e do Senado Federal;
Presidente e membros do Tribunal de Contas da União;

Atos administrativos 39
Presidente e membros dos Tribunais de Contas
Estaduais;
Presidente e membros das Assembléias Legislativas
Estaduais;
Presidentes das Câmaras Municipais;

c) do Poder Judiciário:
Presidente e membros do Supremo Tribunal Federal;
Presidente e membros do Superior Tribunal de Justiça;
Presidente e membros do Superior Tribunal Militar;
Presidente e membros do Tribunal Superior Eleitoral;
Presidente e membros do Tribunal Superior do Trabalho;
Presidente e membros dos Tribunais de Justiça;
Presidente e membros dos Tribunais Regionais Federais;
Presidente e membros dos Tribunais Regionais Eleitorais;
Presidente e membros dos Tribunais Regionais do
Trabalho;
Juízes e Desembargadores;
Auditores da Justiça Militar.

O vocativo a ser empregado em comunicações


dirigidas aos chefes de poder é Excelentíssimo Senhor,
seguido do cargo respectivo:
Excelentíssimo Senhor Presidente da República;
Excelentíssimo Senhor Presidente do Congresso Na-
cional;
Excelentíssimo Senhor Presidente do Supremo Tri-
bunal Federal;
As demais autoridades serão tratadas com o vocativo
Senhor, seguido do cargo respectivo:
Senhor Senador;
Senhor Juiz;
Senhor Ministro;
Senhor Governador.

No envelope, o endereçamento das comunicações


dirigidas às autoridades tratadas por Vossa Excelência
terá a seguinte forma:

40 Rey Vinas
Excelentíssimo Senhor
Fulano de tal
Ministro da Justiça
70064-000 – Brasília/DF

Excelentíssimo Senhor
Senador Fulano de Tal
Senado Federal
70160-000 – Brasília/DF

Excelentíssimo Senhor
Fulano de Tal
Juiz de Direito da 10.ª Vara Cível
Rua ABC, n.º 123,
01010-000 – São Paulo/SP

Fica abolido o uso do tratamento Digníssimo às auto-


ridades arroladas acima. A dignidade é pressuposto para
que se ocupe qualquer cargo público, sendo desneces-
sária sua repetida evocação.
Vossa Senhoria é empregado para as demais autori-
dades e para os particulares. O vocativo adequado é
Senhor, seguido do cargo do destinatário:
Senhor Chefe da Divisão de Serviços Gerais.

No envelope, deve constar:

Ao Senhor
Fulano de Tal
Rua Mariana n.º 1223
70123-000 Curitiba/PR

Como se depreende do exemplo acima, fica dispen-


sado o emprego do superlativo Ilustríssimo para as
autoridades que recebem o tratamento de Vossa Senhoria
e para particulares. É suficiente o uso do pronome de
tratamento Senhor.

Atos administrativos 41
Acrescente-se que doutor não é forma de trata-
mento, e sim título acadêmico. Seu emprego deve res-
tringir-se apenas às comunicações dirigidas a pessoas
que tenham tal grau por terem concluído curso uni-
versitário de doutorado. Nos demais casos, o trata-
mento Senhor confere a desejada formalidade às co-
municações.
Mencionemos, ainda, a forma Vossa Magnificência, em-
pregada, por força de tradição, em comunicações
dirigidas a reitores de universidade. Corresponde-lhe o
vocativo:
Magnífico Reitor,
Os pronomes de tratamento para religiosos, de acor-
do com a hierarquia eclesiástica, são:
Vossa Santidade, em comunicações dirigidas ao Papa.
O vocativo correspondente é:
Santíssimo Padre,
Vossa Eminência ou Vossa Eminência Reverendíssima,
em comunicações aos cardeais. Corresponde-lhe o
vocativo:
Eminentíssimo Senhor Cardeal, ou
Eminentíssimo e Reverendíssimo Senhor Cardeal,

Vossa Excelência Reverendíssima é usado em comuni-


cações dirigidas a arcebispos e bispos; Vossa Reveren-
díssima, para monsenhores, cônegos e superiores reli-
giosos. Vossa Reverência é empregado para sacerdotes,
cléricos e demais religiosos”.

Fechos

Houve um tempo, não muito distante, em que os fechos


das comunicações oficiais iam do excessivo e inadequado
ao francamente inadmissível. Eram usadas expressões ocas e
rebarbativas como indicadores de deferência. Alguns exemplos:

42 Rey Vinas
“Sem mais delongas, e na oportunidade, manifestamos total
apreço”; “Nada mais tendo a acrescentar, e por oportuno,
os agradecimentos à manifestação de Vossa Senhoria”, etc.
A Instrução Normativa n.º 4/92 deu boa solução ao pro-
blema: estabeleceu o fecho das comunicações oficiais em
apenas duas formas. Veja-se:

O fecho das comunicações oficiais possui, além da


finalidade óbvia de arrematar o texto, a de saudar o
destinatário. Os modelos para fecho que vinham sendo
utilizados foram regulados pela Portaria n.º 1 do Minis-
tério da Justiça, de julho de 1937, que estabelecia cerca
de quinze padrões diferentes. Com o fito de simplificá-
los e uniformizá-los, a IN estabelece o emprego de so-
mente dois fechos diferentes para todas as modalida-
des de comunicação oficial:
a) para autoridades superiores, inclusive o Presiden-
te da República:
Respeitosamente,
b) para autoridades de mesma hierarquia ou de hie-
rarquia inferior:
Atenciosamente.

Ficam excluídas dessa fórmula as comunicações


dirigidas a autoridades estrangeiras, que atendem a rito
e tradição próprios.

O fecho das correspondências também é denominado


antefirma. Muitos consideram o fecho formado em verdade
pela antefirma e pela assinatura do emissor.
Um esclarecimento necessário: não é recomendável usar
traço para “apoiar” a assinatura. Esse procedimento leva a
crer que há necessidade de “demarcar” a área para facilitar a
subscrição. Bastam o nome daquele que assinará o documento

Atos administrativos 43
e, abaixo deste, o registro do cargo ou função que ele ocupa.
É muito mais sóbrio e elegante. Nada de traço, embora este
seja usado por muita gente, à exaustão.
Excetuando-se a comunicação assinada pelo Presidente
da República, todas as demais devem trazer o nome e o car-
go da autoridade que as expede. Esse procedimento facilita
a identificação da origem das comunicações. A forma deve
ser a seguinte:

(espaço para assinatura)


Elisabete Vinas
Diretora

(espaço para assinatura)


Roberto Esex
Secretário de Comunicação e Imprensa

O nome do signatário deve apresentar maiúsculas apenas


nas iniciais, sem negrito ou destaques. Há fartas recomenda-
ções quanto a isso. Em nenhuma hipótese o cargo do signa-
tário deve constar inteiramente em maiúsculas. Evitem-se:

ELISABETE VINAS
Diretora

ROBERTO ESEX
SECRETÁRIO DE COMUNICAÇÃO E IMPRENSA

A antefirma não deve ficar sozinha em página isolada.


Pelo menos as duas últimas linhas do parágrafo anterior ao
fecho devem acompanhá-la na última página do ato.

44 Rey Vinas
Título de representante diplomático

O título de representante diplomático ou cônsul não deve


preceder o nome da pessoa. A forma adequada de registro é O
Sr. Alfredo Castelo, Embaixador do Brasil na Guatemala, e não O
Embaixador do Brasil na Guatemala, Sr. Alfredo Castelo.

O que deve ser evitado na redação oficial


A IN n.º 4/92 da extinta Secretaria de Administração Fe-
deral determina que, na redação dos atos e comunicações
oficiais, deve-se evitar:
– repetir palavras;
– usar palavras cognatas (“designação” e “designado”,
“compete” e “competente”, etc.);
– utilizar expressão ou palavra de duplo sentido ou ex-
pressões locais ou regionais;
– utilizar palavra ou expressão de língua estrangeira, ex-
ceto quando indispensável, porque de uso já consagrado ou
porque não se tem sua exata tradução. Nesse caso, deve ser
grafada em itálico ou entre aspas. Exemplos: ad referendum
ou “ad referendum”, royalties ou “royalties”.

Remissão a texto legal


Quando for necessária a remissão a texto legal, a primeira
referência deve indicar o número da norma, seguido da data,
sem abreviação de mês e ano (exemplo: Lei n.º 4.860, de 26
de novembro de 1965).
Nas referências subseqüentes, indicar apenas o número e o
ano (exemplo: Lei n.º 4.860, de 1965; ou Lei n.º 4.860/65).

Atos administrativos 45
João Bosco Medeiros, em seu livro Correspondência: técni-
cas de comunicação criativa (São Paulo: Atlas, 1996. p. 29), ensi-
na várias técnicas que permitem captar a atenção do leitor.
Vejamos:
– escrever parágrafos curtos e objetivos;
– usar orações coordenadas;
– manter o leitor em constante curiosidade, apresentan-
do os fatos num crescendo;
– falar somente do que se conhece bem;
– dividir as ações em partes;
– juntar apenas o que é significativo;
– ter presente o objetivo da comunicação;
– sugerir soluções, mais do que explicar acontecimentos.

Diz ele ainda que, antes de dar início à redação, deve


o redator, com clareza de objetivos, colocar-se no lugar
do receptor; obter informações suficientes sobre o fato
a ser apresentado; planejar a estrutura da comunicação;
refletir adequada e suficientemente sobre o assunto; ser
natural, conciso e correto; e usar linguagem de fácil com-
preensão.
João Bosco preceitua que a linguagem da comunica-
ção será adequada quando o redator preocupar-se com
a capacidade de entendimento do receptor. Assim, o vo-
cabulário técnico pode ser usado sem problemas se o
destinatário for um técnico. Do mesmo modo, deve-se
proceder em relação a pessoas de nível escolar elevado,
quando será possível usar padrão lingüístico mais ela-
borado. Isso não quer dizer que palavras raras e desco-
nhecidas sejam aceitáveis, muito pelo contrário. Em qual-
quer situação, elas devem ser evitadas.

46 Rey Vinas
Redação de atos normativos
Na redação dos atos normativos:
a) os artigos devem ser designados pela forma abreviada
“Art.”, seguida de algarismo arábico e do símbolo de núme-
ro ordinal “o” até o número 9, inclusive (“Art. 1o”, “Art. 2o”,
etc.); a partir do número 10, usa-se o algarismo arábico
correspondente, seguido de ponto (“Art. 10.”, “Art. 11.”,
etc.). A indicação de artigo será separada do texto por um
espaço em branco, sem traços ou outros sinais, portanto.
O texto de um artigo inicia-se sempre por maiúscula e
termina por ponto, salvo nos casos em que contiver incisos,
quando deverá terminar por dois-pontos;
b) os incisos dos artigos devem ser designados por alga-
rismos romanos seguidos de hífen, e iniciados por letra mi-
núscula, a menos que a primeira palavra seja nome próprio;
ao final, são pontuados com ponto-e-vírgula, exceto o últi-
mo, que se encerra em ponto; e aquele que contiver desdo-
bramento em alíneas encerra-se por dois-pontos;
c) quando um artigo contiver mais de um parágrafo, estes
serão designados pelo símbolo “§”, seguido do algarismo ará-
bico correspondente e do símbolo de número ordinal “o” até o
nono parágrafo, inclusive (“§ 1o”, “§ 2o”, etc.). A partir do nú-
mero 10, a designação deve ser feita pelo símbolo “§” seguido
do algarismo arábico correspondente e de ponto (“§ 10.”, “§
11.”, etc.).
Entretanto, nas referências a parágrafo único, parágrafo
seguinte e parágrafo anterior e semelhantes, a grafia é por
extenso. O texto dos parágrafos inicia-se com maiúscula e
encerra-se com ponto, exceto se for desdobrado em alíneas,
caso em que deverá findar por dois-pontos;

Atos administrativos 47
d) as alíneas ou letras de um inciso ou parágrafo deverão
ser grafadas com a letra minúscula correspondente, seguida
de parênteses: “a)”, “b)”, etc;
e) os números que correspondem ao desdobramento de
alínea deverão ser grafados em algarismos arábicos segui-
dos de ponto (“1.”, “2.”, etc.). Os textos que se seguem aos
números iniciam-se por minúscula e terminam em ponto-e-
vírgula. O último deve-se encerrar por ponto;
f) os numerais devem ser escritos por extenso quando
constituírem uma única palavra (“quinze”, “trezentos”,
“mil”, etc). Quando constituírem mais de uma, deverão ser
grafados em algarismos (“25”, “141”, etc.).
Os numerais que indiquem porcentagem seguem a mes-
ma regra: a expressão “por cento” será grafada por extenso
se o numeral constituir uma única palavra (“quinze por cen-
to”, “cem por cento”), e na forma numérica seguida do sím-
bolo “%” se o numeral constituir mais de uma palavra
(“142%”, “57%”, etc.). Não se usará indicação em algaris-
mos, acompanhada da sua grafia por extenso, por exemplo:
25% (vinte e cinco por cento);
g) os valores monetários devem ser expressos em al-
garismos, seguidos da indicação, por extenso, entre pa-
rênteses: Cr$1.000.000,00 (um milhão de cruzeiros). Se
o valor a ser mencionado estiver localizado no final de
uma linha, não deve ser separado: o cifrão deve ser colo-
cado em uma linha e o numeral na seguinte;
h) as datas devem ser escritas por extenso, sem que o alga-
rismo indicativo do dia do mês seja precedido de zero (exem-
plo: 2 de maio de 1991, e não 02 de maio de 1991). O primeiro
dia do mês será indicado pelo algarismo 1 seguido do símbo-
lo de número ordinal, por exemplo, 1o de junho de 1991;

48 Rey Vinas
i) a indicação do ano, ao contrário da referência a núme-
ro de leis, não deve conter ponto entre a casa do milhar e a
da centena: 1991, 1992, e não 1.991;
(...).

Do geral para o particular


No texto dos atos, deve-se partir do geral para o particu-
lar. Se a comunicação contiver mais de uma idéia sobre um
assunto, elas devem ser tratadas em parágrafos distintos. Isso
dá à exposição organicidade e clareza.
Evite-se dividir as palavras. Caso seja inevitável a divisão
silábica, seguir as recomendações de:
1) nunca dividir grupos vocálicos: ai, ui, ão, etc.;
2) não deixar letra isolada em uma linha, o que é estetica-
mente desastroso e dificulta a legibilidade;
3) não deixar sílabas às quais se possa atribuir outro sentido;
4) nos casos de palavras compostas, não repetir o hífen
na linha seguinte;
5) evitar a separação de hiatos e de nomes próprios;
6) evitar a separação de palavras de língua estrangeira;
7) números não devem ser separados;
8) no caso de cifras, pode-se colocar o cifrão numa linha
e o número da cifra em outra.
Os múltiplos e submúltiplos das unidades de medida de-
vem ser designados pelo nome ou pelo símbolo. Este não deve
ser seguido de ponto (.) ou da letra “s” para indicar plural.
Caso a grandeza seja expressa em número fracionário, o
símbolo deve ser escrito no final, exceto quando se trata de
horas e minutos.
Exemplos: 18,98m; 19h32min

Atos administrativos 49
Os símbolos podem ser escritos na mesma linha dos nú-
meros ou em forma de expoente.
Exemplos: 19m2 ou 19m²

Numeração
Os documentos devem ser numerados em ordem cres-
cente cronológica ou, em situações especiais, de acordo com
critério estabelecido pelo emissor. Deve-se reiniciá-la a cada
ano, em janeiro, a partir do número 1.
Deve-se ter em mente que a numeração é um dos indi-
cadores (ou índices) de recuperação do documento. Con-
siste, portanto, em informação que deve ser atribuída com
atenção, para evitar que se atribua um mesmo número a
documento diverso de uma mesma unidade ou um mesmo
setor da instituição.

Citações
O registro de uma informação extraída de outra fonte
denomina-se citação, que pode ser uma transcrição ou pará-
frase. Pode ser direta, quando reproduz o texto original, ou
indireta, quando reproduz uma fonte intermediária.
Em qualquer situação, contudo, deve-se manter a fidedigni-
dade às idéias do autor, se paráfrase, ou ao texto citado, se
transcrição, fazendo neste caso apenas a correção de erros ti-
pográficos. Se houver outros tipos de erro além do tipográfico,
deve-se empregar a palavra latina sic (assim) entre parênteses ou
colchetes, ao final da citação ou logo após a palavra ou expres-
são estranha ou incorreta, para indicar que se trata de reprodu-
ção fiel do original. Ex.: “À unanimidade, negar provimento o

50 Rey Vinas
(sic) recurso”, já que o correto seria “À unanimidade, negar
provimento ao recurso”.
Para indicar a transcrição, devem-se usar aspas duplas no
início e no final da transcrição e aspas simples em transcri-
ção inserida no trecho transcrito. Também deve-se fazer re-
cuo do texto da transcrição, em relação à margem esquerda,
e usar corpo (tamanho da letra) menor que o do texto prin-
cipal, quando a transcrição contiver mais de três linhas. Quan-
do se tratar de texto de lei, recuar independentemente do
número de linhas.
Também é possível fazer apenas recuo na transcrição prin-
cipal. Este é o caso das transcriçõs feitas neste livro. Ex.:

Pois hoje em dia, nada, ou quase nada, se faz sem


fala, e é necessário saber apesar de tudo se essa coisa
que fala quando eu falo e que me implica totalmente em
cada som que enuncio, em cada palavra que escrevo,
em cada signo que faço, se essa coisa é realmente eu,
ou um outro que existe em mim, ou ainda um não sei
quê de exterior a mim mesmo que se exprime através
da minha boca em virtude de qualquer processo ainda
inexplicado. (KRISTEVA, Júlia. História da linguagem. Trad.:
Maria Margarida Barahona. Lisboa/Portugal: Edições 70,
1988. Colecção Signos.)

As supressões feitas numa transcrição são indicadas por


reticências entre parênteses “(...)” e os acréscimos ou
comentários feitos pelo autor aparecem entre colchetes.
Ex.:

Segundo João Barbalho, a cláusula final do art. 28


resultara de uma falha da redação, pois a emenda aditiva
(...) dizia: representação das minorias [e não da mino-
ria] com mais propriedade e acerto.

Atos administrativos 51
Folhas de continuação
Em qualquer ato oficial administrativo, as folhas de con-
tinuação deverão conter, no mínimo, as seguintes informa-
ções, entre parênteses: número respectivo da folha seqüen-
cial, tipo do ato e sua numeração institucional e data: Ex.:

(Fls. 2 do Ofício n.º 302/DG, de 27.2.01.)

As folhas seqüënciais não devem trazer o timbre, apre-


sentado na primeira página.

52 Rey Vinas
Atos administrativos
Apostila

A apostila é ato enunciativo de acréscimo de informações a


documento que manifesta ou declara situação criada por lei.
Utiliza-se-a geralmente para complementar um outro ato ofi-
cial, em geral ligado à vida funcional de servidor público.
Por meio da apostila é possível fixar vantagens
pecuniárias, como também retificar ou atualizar dados fun-
cionais. O ideal é que seja produzida em folha independen-
te, mas as averbações das correções ou alterações podem
ser feitas abaixo ou no verso de textos de decretos e porta-
rias de nomeação, promoção, ascensão, recondução, remo-
ção, reintegração, dispensa, disponibilidade, demissão, apo-
sentadoria, reintegração, readaptação e aproveitamento.
Ao apostilar título, porém, a Administração não cria direito
– apenas reconhece a existência de direito criado por lei.

Estrutura da apostila
Quando produzida em folha solta, a apostila compõe-se de:
Timbre

Identifica a instituição, seguida logo abaixo da unidade


gestora que expede o ato. Compõe-se juntamente com a lo-
gomarca ou o selo do órgão.

Atos administrativos 55
Índice

O nome do ato em letras maiúsculas, centralizado na


página.
Preâmbulo

Compõe-se da nominação do cargo da autoridade expe-


didora do ato (O Diretor de Administração de Pessoal da Secreta-
ria...), seguida via de regra da expressão no uso de suas atribui-
ções ou equivalente. O preâmbulo é finalizado pela expres-
são que introduz a Comunicação: RESOLVE.

Comunicação

Conteúdo da apostila, iniciado com a referência ao ato a


que se refere, bem como à data desse documento, e.g.: ATO
DE INVESTIDURA DE 19.5.2003, seguida do nome da
pessoa em questão e da indicação de seus dados funcionais.
Continua com a descrição das retificações, atualizações ou
alterações que devam ser consideradas.

Local e data

O local e a data devem ser registrados sem abreviatura,


centralizados na metade direita da página.

Assinatura

Campo formado pelo conjunto assinatura, nome e cargo da


autoridade ou chefia que subscreve o documento.

56 Rey Vinas
1,5 cm

TIMBRE

1,5 cm
APOSTILA ÍNDICE

1,5 cm
PREÂMBULO

O Diretor de Administração de Pessoal da Secretaria de Estado de Administração..., no uso de suas


atribuições, RESOLVE:
1 cm

COMUNICAÇÃO
ATO DE INVESTIDURA DE 17.3.88 – José Dias Corrêa, Matrícula n.º 554 – Fica o servidor em tela
reposicionado no nível I da categoria funcional de administrador, a contar do dia 19.4.97, por ter completado
mais de 15 anos no cargo, de acordo com o Processo n.º 2.345/87.
1 cm
LOCAL E DATA Rio de Janeiro, 15 de abril de 2003.

2 cm
HUMBERTO MORAES
ASSINATURA Diretor de Administração de Pessoal
2 cm

1,5 cm

2 cm
Ata

A ata é o documento que traz o registro sucinto das deci-


sões e acontecimentos havidos em reunião, congresso, mesa-
redonda, convenção, encontros em geral, etc. Deve ser fiel
aos fatos relatados. De forma simples, conceitua o Regulamen-
to de Correspondência do Exército: “Ata é o documento em que se
narra o que se disse ou se fez numa reunião ou sessão”.
A ata costumava ser lavrada em livro ou formulário pró-
prio, autenticado. Suas páginas eram rubricadas por quem
redigira os termos de abertura e de encerramento. Atualmen-
te, porém, apresenta-se na forma dos demais documentos:
em folhas soltas, datilografadas ou digitadas em computa-
dor, em papel A-4. Esse sistema é prático, mas tem como
inconveniente, contornável com os necessários cuidados, a
facilidade de extravio ou acréscimos posteriores, inadmissí-
veis nesse tipo de documento.
O livro de atas pode ser dispensado ou substituído por
pastas que tragam, uma a uma, as atas em ordem cronológica.

Regras gerais
A ata não deve apresentar rasuras, emendas ou entrelinhas.
Os numerais devem ser escritos por extenso, evitando-se

Atos administrativos 59
abreviaturas, e podem ser repetidos, em algarismos, entre pa-
rênteses, para facilitar a visualização e a compreensão.
Ex.: O saldo é de dois mil, trezentos e trinta e sete reais
e vinte e um centavos (R$ 2.337,21).
As correções nas atas produzidas na forma tradicional
(em máquina de escrever ou manuscritas) são sempre feitas
imediatamente, na seqüência do texto, após a expressão digo.
Se o registro deveria ser: O diretor suspendeu a reforma do
prédio, em vez de O diretor finalizou a reforma do prédio, seria
feita assim a retificação: O diretor finalizou, digo, suspendeu a
reforma do prédio, ou O diretor finalizou a reforma do prédio, digo,
suspendeu a reforma do prédio.
Diante da ocorrência de qualquer omissão ou erro de-
pois de lavrada a ata, deve-se fazer uma ressalva: Em tempo:
na linha (...), onde se lê (...), leia-se (...).
Com as atas sendo feitas modernamente em computa-
dor, as correções passaram a ser procedidas de imediato,
logo que detectado o erro. Isso evita as ressalvas e emendas
com o expediente digo ou o em tempo na seqüência do
texto.
A ata tem como característica ser organizada sem entra-
das na primeira linha dos parágrafos. Tudo deve ser escrito
seguidamente, para evitar que nos espaços em branco sejam
feitos acréscimos.
Alerta Adalberto J. Kaspary (1998, p. 70.) para certos
tipos de ata que, por se referirem a atos rotineiros, são fei-
tas em modo formulário, por conveniência e praticidade, com
espaços em branco para preenchimento. Mesmo nestes ca-
sos, é prudente que, após lançadas as informações, os espa-
ços que restarem sejam preenchidos com tracejados ou si-
nais convencionais, para prevenir fraudes.

60 Rey Vinas
Ato de assentamento, de valor jurídico
A ata encontra-se entre os atos de assentamento e possui
valor jurídico. Por essa razão é que deve ser lavrada de tal
maneira que não se possam introduzir modificações poste-
riores a sua assinatura.
Na ata feita em computador, os cuidados quanto a isso
devem ser redobrados. Aqueles que irão assiná-la, preci-
sam, portanto, lê-la com atenção e, caso aprovem a reda-
ção, devem também rubricar todas as páginas do docu-
mento.
A ata é normalmente redigida por um secretário efetivo
ou, na falta deste, por um secretário eventual (ad hoc),
designado para a ocasião.

Elementos da ata
São elementos necessários à elaboração da ata:

Timbre

Identifica o setor da instituição que elabora o documen-


to. Compõe-se juntamente com a logomarca ou o selo do
órgão.

Índice

O Índice das atas pode ser composto de dois blocos de


informação. No primeiro, constam o nome do ato, seguido
imediatamente da sigla do setor responsável pela elabora-
ção do documento, e o número da ata (ex.: ATA – GABI-
NETE DA SECRETARIA DE TURISMO/CO N.º 28/03).
Logo abaixo, constam dia, mês e ano, e hora.

Atos administrativos 61
Ex.: 14.2.2003 – 13h.
Esses elementos são grafados em negrito, posicionados
de forma centralizada. Ex.:

ATA – GABIBNETE DA SECRETARIA DE TURISMO/CO N.º 28/03


14.2.2003, 13h

O segundo bloco apresenta informações mais específi-


cas sobre o evento e esclarece o objetivo da reunião. Ex.:

Ata da reunião de avaliação dos projetos publicitários


criados pela agência Design para a Secretaria de Turis-
mo do Município de Concórdia.

Comunicação

É o conteúdo da ata. Deve ser elaborado em linguagem


clara e concisa. O padrão da escrita é o da língua culta. Ob-
servem-se regras como impessoalidade na exposição, preci-
são quanto aos fatos narrados e formalidade.
Compõe-se, via de regra, de Abertura, Legalidade, Relação
nominal, Aprovação da ata anterior, Texto e Fecho. Cada uma des-
sas partes não precisa estar subdividida no documento. Bas-
ta que se apresentem em seqüência, acompanhando o fluxo
da informação. É possível, assim, reconhecê-las na estrutu-
ra do texto.

Abertura

Na abertura da ata, a indicação do dia, mês e ano, e hora do


evento devem vir por extenso. A abertura traz ainda o local em
que está sendo realizada a reunião, o nome da unidade ou gru-
po que está reunido, o nome do presidente e do secretário do
evento, bem como a finalidade do encontro. Ex.:

62 Rey Vinas
Aos dezesseis de fevereiro do ano de dois mil e três, às
quatorze horas, na sala de reuniões da Prefeitura de
Concórdia, reuniram-se representantes da agência de
publicidade Design, o secretário de Turismo, Hamílton
Campos, e o assessor de Comunicação do município,
Murilo Neves, para avaliar projeto publicitário de incre-
mento ao turismo regional. A reunião foi presidida pela
diretora da Design, Sra. Elisabete Vinas, e secretariada
por Rones Lima, da prefeitura local.

Legalidade

A menção à legalidade faz-se nos casos em que norma


vigente na instituição exija quorum para validar as decisões
da reunião. Se assim o for, deve-se declarar a legalidade da
reunião, por existir quorum, conforme a norma. Ex.:
A presidenta declarou a legalidade da reunião, por ha-
ver quorum, conforme preceitua o art. 45 do Regimento.

A respeito do quorum, Reinaldo Mathias Ferreira, em sua


Correspondência comercial e oficial (12. ed., Ática, 1997, p. 151),
observa:
Não havendo quorum, a reunião não pode ser reali-
zada, mas a ata deve ser lavrada para que o fato fique
registrado. Em geral, os estatutos, prevendo que isso
possa acontecer, estipulam uma segunda (e até uma
terceira) convocação no mesmo dia, mas em horário di-
ferente, ou em outro dia, quando a reunião terá legali-
dade com qualquer número de membros. O edital de
convocação, com base nos estatutos, deve esclarecer a
data, o local e o horário da nova reunião.

Relação nominal
Faz-se em seguida a indicação do nome dos integrantes
da reunião ou a referência que os identifique. Em eventos

Atos administrativos 63
com muitos participantes, costuma-se indicar apenas o nú-
mero de presentes, conforme lista de presença. Ex.:

Estiveram presentes à reunião os seguintes mem-


bros da Projecto Editorial e da Design (...); ou Estiveram
presentes dois produtores da Design e dois editores da
Projecto.

Aprovação da ata anterior

Pode acontecer de a ata da reunião anterior não ter sido


lida e aprovada. Caso isto aconteça, faz-se então a necessá-
ria leitura, seguida do registro: a ata da reunião anterior foi neste
momento discutida e aprovada.

Texto

É o registro em si dos acontecimentos. Deve ser feito de


forma sintetizada e fiel aos fatos (v. Regras gerais).

Fecho

O Fecho da ata pode obedecer ao seguinte padrão: “Nada


mais havendo a tratar, foi encerrada a reunião. E, para cons-
tar, eu, secretário, lavrei a presente ata, que vai assinada por
mim e pelo sr. presidente”, e possíveis variações.

Assinatura

É o campo formado pela assinatura do presidente e do


secretário da reunião.
Podem constar assinaturas de outros participantes.
Esses elementos devem estar posicionados centralizada-
mente, na metade direita da página.

64 Rey Vinas
1,5 cm

TIMBRE

1,5 cm
ATA – GABINETE DA SECRETARIA DE TURISMO/CO N.º 28/03
(16.2.2003 – 13h)

ÍNDICE 1 cm
Ata da reunião de avaliação dos projetos publici-
tários criados pela agência Design para a Secreta-
ria de Turismo do Município de Condórdia.

1 cm
Aos dezesseis dias do mês de fevereiro do ano de dois mil e três, às quatorze horas, na sala de reuniões da
Prefeitura de Concórdia/PA, reuniram-se representantes da agência de publicidade Design, o secretário de
Turismo, Hamílton Campos, e o assessor de Comunicação do Município, Murilo Neves, para avaliar projeto
publicitário de incremento ao turismo regional. A reunião foi presidida pela diretora da Design, Sra. Elisabete
Vinas, e secretariada por Rones Lima, da prefeitura local. Foram apresentados três peças para rádio, uma para

COMUNICAÇÃO
televisão, dois tipos de cartazes e um modelo de revista, todos com a mesma identidade visual e valendo-se dos
mesmos personagens. A diretora da Design destacou que o ponto central de toda a campanha residia no
bucolismo e na tranqüilidade da região como alternativa à vida agitada das grandes cidades. Os projetos foram
aprovados sem ressalvas pela Prefeitura. O secretário de Turismo manifestou-se “extremamente satisfeito”
com a concepção gráfica e visual de todo o projeto, cujas cópias, em papel e magnéticas, ficarão guardadas no
arquivo central da Prefeitura. A Design comprometeu-se a apresentar o resultado final da campanha no prazo
de um mês, após o que seriam veiculadas as peças nas capitais brasileiras, no horário nobre das emissoras de
rádio e de telvisão. Nada mais havendo a tratar, foi encerrada a reunião às dezesseis horas e trinta minutos deste
dia. E, para constar, eu, secretário, lavrei esta ata, que depois de lida e achada conforme, vai assinada pelos
participantes da reunião.
1 cm
(a) .........................................., presidente

(a) ..........................................., secretário


ASSINATURA
(a) .............................................,

(a) .............................................,

2 cm 1,5 cm

2 cm
Atestado

Atestado é o documento por meio do qual a administra-


ção comprova fato ou situação de que a autoridade tenha
conhecimento, em razão do cargo que ocupa. Pelo atestado
comprovam-se ocorrências não necessariamente constantes
nos arquivos institucionais, mas de caráter transitório, sujei-
tas a modificação. E nesse sentido difere da certidão, por
meio da qual se comprovam fatos e situações permanentes
e que constam dos livros e documentos da instituição. O
atestado é simples declaração; a certidão é uma transcrição.
Atestados de vida, residência, pobreza, dependência eco-
nômica, idoneidade moral e bons antecedentes foram aboli-
dos na administração federal direta e indireta pelo Decreto
n.º 83.936/79 (arts. 1.º e 2.º).

Elementos do atestado
O atestado conta com estrutura simplificada. É formado
somente de Timbre, Nome do ato, Comunicação, Local e Data e
Assinatura.
Timbre
Identifica o setor da instituição que expede o documento.
Compõe-se juntamente com a logomarca ou o selo do
órgão.

Atos oficiais 67
Índice

Os atestados não são numerados. Basta nominá-los, já que


são atos que costumam ser emitidos esporadicamente. Nos
casos em que venham a ser expedidos rotineiramente, con-
vém numerá-los, para facilitar-lhes a localização.

Comunicação

É aquilo que se atesta. Deve-se especificar, se possível, a


finalidade do ato (Atesto, para comprovação na Secretaria da Fazen-
da...). Nos casos em que se atesta algo acerca de alguém, deve-
se fazer referência aos documentos de identificação da pessoa,
para que não haja dúvidas quanto à identidade.
A redação do atestado não pode deixar o receptor em
dúvida acerca do que está sendo afirmado ou quanto ao ob-
jeto da afirmação.
O atestado estrutura-se normalmente em um único pará-
grafo. Nos casos em que houver mais de dois parágrafos,
convém numerá-los a partir do segundo. O campo Local e
data não deve ser numerado.
Local e data

Local e data serão registrados por extenso. A grafia


deve ser feita com apenas a inicial em maiúscula (rejeitam-
se formas como BSB, 16.5.99 ou assemelhadas). Ex.:

Brasília, 18 de dezembro de 2003.

Assinatura

É o campo formado pelo conjunto assinatura, nome e cargo


da autoridade expedidora. Esses elementos devem ser posi-
cionados centralizadamente, na metade direita da página.

68 Rey Vinas
1,5 cm

TIMBRE

1,5 cm
ATESTADO ÍNDICE

1,5 cm

COMUNICAÇÃO
Atesto, para os devidos fins, que CLAUDIA TAVARES, CI n.º 1483605-SSP/DF, atuou como
consultora de informática, na área de comunicação visual, nesta Secretaria de Turismo do Município de
Concórdia, no período de 28 de agosto de 1997 a 28 de agosto de 1998.
1 cm
LOCAL E DATA
Brasília, 15 de abril de 2001.
2 cm

ASSINATURA Cláudio Moraes Rego


Secretário de Turismo
1,5 cm
2 cm

2 cm
Certidão

A certidão é documento declaratório cujo fim é comprovar


ato ou assentamento constante de processo, livro ou docu-
mento que se encontre nos arquivos da instituição. As decla-
rações podem trazer o inteiro teor dos documentos aos quais
se refiram – essa transcrição integral é também chamada de
traslado – ou apresentar apenas o resumo das informações
encontradas, desde que essa síntese seja fiel ao conteúdo do
original.
Certidões autenticadas têm o mesmo valor probatório
do original e seu fornecimento, gratuito por parte da repar-
tição pública, é obrigação constitucional (CF 1988, art. 5º,
XXXIV, b).

Estrutura da certidão

Timbre

Identifica a unidade da instituição que expede o ato. Com-


põe-se juntamente com a logomarca ou o selo do órgão.

Índice

É o nome do ato em letras maiúsculas, centralizado na


página, seguido de sua numeração seqüencial.

Atos oficiais 71
Comunicação

Conteúdo do ato, aquilo que se certifica e para qual fina-


lidade. Em qualquer situação, deve-se fazer referência aos
dados de identificação, especialmente funcionais, da pessoa
de quem se trata, além de citar os livros e/ou documentos
em que se baseiam as informações prestadas.

Fecho

No fecho, quem redige a certidão deve confirmar que


nada mais consta sobre o assunto nos assentamentos da ins-
tituição e afirmar-se como responsável pela transcrição,
datando e assinando o termo.

Local e data

O local e a data devem ser registrados sem abreviatura,


centralizados na metade direita da página.

Assinatura

Do datilógrafo ou digitador da certidão

Visto

Do chefe imediato do setor ou da unidade que expede a


certidão.

72 Rey Vinas
1,5 cm

TIMBRE

1,5 cm
CERTIDÃO N.º 37/03 ÍNDICE

1,5 cm
Certifico, em cumprimento ao despacho de quatro de janeiro do ano de dois mil e três, do Sr. Diretor
do Departamento de Cadastro da Superintendência da Central de Recursos Humanos desta Secretaria

COMUNICAÇÃO
de Estado de Administração e Reestruturação, no Processo E-03/22743/03, em aditamento à Certidão
n.º 76/87, para fins de prova à Câmara Municipal do Rio de Janeiro, que, conforme o consignado no
Processo E-03/11.234/66, a ex-servidora Maria Nonata Lemos, Matrícula n.º 455, gozou 3 (três) meses de
licença especial, de 7/8 a 6/11/71, referentes ao tempo de serviço apurado entre 7/4/60 e 4/4/65.
Nada mais constando dos assentamentos, eu, Paulo Abranches, agente administrativo, Matrícula n.º 555,
datilografei esta certidão, que dato e assino.

1 cm
2 cm LOCAL E DATA Rio de Janeiro, 15 de fe vereiro de 2003. 1,5 cm
1,5 cm
ASSINATURA Paulo Abranches
Agente Administrativo
1 cm
Visto

VISTO 1,5 cm
José Firmino de Souza
Diretor do Departamento de Cadastro

2 cm
Despacho

Despacho é decisão ou encaminhamento de autoridade


administrativa acerca de assunto submetido a sua aprecia-
ção. O despacho pode ser:
1. terminativo ou definitivo (também denominado de decisó-
rio) – é aquele que dá solução ao que foi submetido à autori-
dade e põe termo à questão;
2. de mero expediente ou ordinatório – é aquele que apenas dá
andamento ao documento;
3. interlocutório – é aquele que, sem resolver terminante-
mente a questão, transfere-a a autoridade hierarquicamente
superior ou de outra unidade da repartição.
O despacho também pode ser saneador, se sua finalidade
for resolver falhas encontradas no andamento do processo.
O despacho pode ser formado por apenas uma ou duas
palavras: Encaminhe-se; Aprovo; Autorizo. A expressão De acor-
do, muito utilizada, gera alguma dubiedade. Muitas vezes o
interessado não tem oportunidade de manusear o processo e
conhece da decisão apenas pelo diário oficial. Assim, não tem
como certificar-se sobre o que foi decidido. Deve aquele que
despacha, por isso, esclarecer aquilo com o que está de acor-
do. Ex.: “De acordo com o parecer da Consultoria, que con-
siderou não haver direito assegurado ao interessado”.

Atos oficiais 75
É ato que pode ser manuscrito, proferido preferencial-
mente no corpo do documento de que é parte. Quando isso
não for possível, deve ser escrito em folha à parte.

Estrutura do despacho
O despacho possui estrutura simplificada. Compõe-se de
Identificação, Comunicação e Assinatura.

Índice

Nome do ato, que se compõe da discriminação do cargo


da autoridade que se manifesta. Abaixo se faz menção ao
documento a que o ato se refere.

Data

A data deve estar posicionada à direita, iniciada pela pre-


posição Em.
Comunicação

É o conteúdo do despacho, a exposição do assunto, com


as informações da decisão ou do encaminhamento.

Assinatura

Da autoridade expedidora. Deve ser posicionada centra-


lizadamente, na metade direita da página.

O despacho não segue padrão rígido de leiaute. Sobretu-


do o interlocutório pode ser inclusive manuscrito, aprovei-
tando-se dos espaços em branco abaixo da assinatura do
ato a que ele se reporta.
Deve-se evitar proferir despacho no verso de documento.

76 Rey Vinas
1,5 cm

1,5 cm
DESPACHO DO SECRETÁRIO DE MEIO AMBIENTE ÍNDICE
Processo n.º 18.534/2003
1 cm
DATA Em 20 de maio de 2003.
1 cm

COMUNICAÇÃO
O projeto de criação do Pólo Turístico da Baía do Guajará, formulado pela Companhia Verdes
Mares Ltda., não contemplou a necessidade de detalhamento das fases de execução das obras de urbani-
zação da orla. Isto inviabiliza a adoção de medidas visando a harmonizar o andamento dos trabalhos com
a divulgação dos projetos de incrementação do turismo no Estado. Assim, faço retornar o projeto para as
complementações necessárias e o necessário detalhamento.

1,5 cm
2 cm 1,5 cm
ASSINATURA Roberto Madureira

2 cm
Exposição de motivos

A exposição de motivos é o ato de correspondência por meio


do qual o titular de Ministério ou Secretaria de Estado ou
órgão equivalente dirige-se ao chefe do Executivo propon-
do a adoção de medida ou justificando a necessidade de
edição de determinado ato normativo para dar solução a
problemas da administração ou para melhorar o desempe-
nho da gestão governamental . Comporta considerações pre-
liminares e doutrinárias que justifiquem a proposição.
A Exposição de Motivos que submeta à apreciação do che-
fe do Executivo propostas de medidas a serem adotadas ou
que apresente projeto de ato normativo deve apontar o pro-
blema a ser enfrentado, dizer da necessidade de adoção da
medida e a natureza do ato a ser editado. Deve conter ainda, se
necessários, apensos e anexos que elucidem a proposição.

Estrutura da exposição de motivos


A exposição de motivos compõe-se de:

Timbre

Identifica a instituição que expede o ato e compõe-se jun-


tamente com a logomarca ou o selo do órgão.

Atos administrativos 79
Índice

Compõe-se do nome do ato, abreviado, em letras maiús-


culas, seguido da sigla do órgão expedidor e sua esfera ad-
ministrativa. Deve estar posicionado à esquerda da página.
Local e data

Local e data devem ser escritos por extenso e estar posi-


cionados à direita da página, uma linha abaixo do Índice.
Vocativo

Formado da palavra Senhor ou Senhora, seguida de vírgu-


la, e do cargo da autoridade a quem se destina o documento.
No caso de se dirigir ao Presidente da República, é obri-
gatório o vocativo Excelentíssimo Senhor.

Comunicação

É o conteúdo da exposição de motivos, desdobrado em:


Introdução – parte onde se esclarece o problema que está
exigindo a adoção da medida ou a edição do ato normativo
proposto;
Desenvolvimento – parte onde se esclarecem as razões de
ser da medida ou do ato;
Conclusão – parte em que se reforça a necessidade de ado-
ção da medida ou a edição do ato.
Fecho

Respeitosamente.
Assinatura

É o campo formado pelo conjunto assinatura, nome e cargo


da autoridade que subscreve o ato.

80 Rey Vinas
1,5 cm

TIMBRE

1,5 cm
EM/MARE n.º 53 ÍNDICE
LOCAL E DATA Brasília, 28 de julho de 1998.

1 cm
Excelentíssimo Senhor Presidente da República, VOCATIVO

2 cm
Encaminho a Vossa Excelência a presente Exposição de Motivos à proposta de edição de Decreto,
que, ao regulamentar a Medida Provisória n.º 1.704, de 30 de junho de 1998, dispõe sobre os procedi-
mentos para pagamento da integralização da vantagem de vinte e oito vírgula oitenta e seis por cento aos

COMUNICAÇÃO
servidores públicos do Poder Executivo Federal, objeto da decisão do Supremo Tribunal Federal assen-
tada no julgamento do Recurso Ordinário no Mandado de Segurança n.º 22.307-7.
2. Ao estabelecer o destinatário da norma, a proposta de Decreto buscou, a partir do disposto na Lei
n.º 8.627, de 19 de fevereiro de 1993, identificar os cargos e carreiras a cujos ocupantes é devida a extensão
da vantagem, consolidando no Anexo da proposta os cargos integrantes das tabelas de que trata a Lei n.º
8.622, de 19 de janeiro de 1993.
3. Para fim do pagamento da integralização pretendida, será calculado o percentual resultante da dife-
rença entre os vinte e oito vírgula oitenta e seis por cento e os acréscimos percentuais concedidos em


decorrência da aplicação da Lei n.º 8.627, de 1993, o qual, por referência desta lei, incidirá sobre os


valores das tabelas de vencimento anexas à Lei n.º 8.622, de 1993, e, sucessivamente, às tabelas poste-


riormente introduzidas, de forma a possibilitar o cálculo dos valores do vencimento atual. O valor resul-
tante constituirá parcela complementar do vencimento do servidor, a compor a base de cálculo das van-
tagens pecuniárias que incidam sobre o vencimento básico. Dessa forma, as gratificações que tenham por
base o vencimento básico do servidor serão igualmente majoradas.
4. Concomitantemente à edição do Decreto propõe-se a publicação de Portaria deste Ministério que
divulgará os percentuais obtidos para os cargos e carreiras, tendo por base a classe e padrão da respectiva
estrutura..
5. A fórmula de cálculo apresentada busca correspondência na supracitada decisão do Supremo Tribu-
nal Federal, que acolheu recurso da União nesse sentido, como bem demonstra o voto do Senhor Ministro
Ilmar Galvão, a seguir parcialmente transcrita:

“(...) Trata-se de circunstância que não se pode deixar de ter em conta, quando se cuida de
estender o percentual de 28,86% às categorias funcionais que restaram excluídas da revisão geral.
É certo que a matéria não chegou a ser argüida pela União, no curso do processo, não tendo restado
2 cm esclarecido, senão por meio de memorial do Advogado-Geral da União, datado de último dia 02 de 1,5 cm
setembro, que alguns dos impetrantes integram categorias beneficiadas pela referida lei. Assim é
que três deles (Helena da Silva Simões, Lázaro José Casimiro e Aluísio Oliveira Queiroga) tiveram
seus vencimentos reajustados em mais de 28,86%; enquanto seis outros (Janete Balzani Marques,
Leonardo Soares do Nascimento, Clara Diana de Souza Pinto, Nilton Antônio dos Santos, Adélia da
Silva Aguiar e Nilza Maria de Paula Pires) foram beneficiados com aumentos variáveis de 3,55% a
11,29%. Um deles apenas Edna Kinoshita, ocupante de cargo em comissão, não teve os vencimen-
tos reajustados pela referida lei.
A Lei n.º 8.627/93 contém elementos concretos que permitem chegar a esses resultados;
elementos, aliás, a partir dos quais foi deduzida a regra que resultou aplicada. Não poderiam eles,
portanto, ter sido desprezados pelo acórdão, que julgou o recurso como se apenas os servidores
militares houvessem sido beneficiados pelo mencionado diploma legal, não obstante as observa-
ções contidas no voto do emitente Ministro Octavio Gallotti.

2 cm
(Fl. 2 da EM/MARE n.º 53, de 28.7.1998)

1 cm
A hipótese, portanto, não é de simples obscuridade, mas de erro material, corrigível pelo
órgão julgador a qualquer tempo (art. 463 do CPC).
Assim, meu voto acolhe parcialmente os embargos, para o fim de declarar que o recurso foi

COMUNICAÇÃO
provido apenas em relação à recorrente Edna Kinoshita; foi provido, em parte, quanto aos seis
impetrantes supra relacionados; e foi desprovido no tocante aos demais.”

6. Com a finalidade de exercer controle sobre os pagamentos efetuados, inclusive para evitar duplici-
dade de pagamento em face das milhares de ações judiciais em tramitação, estabeleceu-se que o pagamento
dos valores correspondentes à integralização dar-se-á por rubrica específica. Este cuidado tornou-se
necessário a partir da constatação da existência de um mesmo servidor atuando como parte em mais de um
processo judicial sobre o mesmo tema.


7. Ainda na esteira do entendimento da Suprema Corte relativamente à impetrante Edna Kinoshita,


propõe, ainda, o Decreto, nos artigos 3.º a 6.º, a extensão da referida vantagem aos ocupantes de Cargos


em Comissão, de Natureza Especial, Função de Confiança e Gratificada, alcançando, inclusive, as parcelas
de quintos e décimos incorporadas pelo exercício de cargos ou funções comissionados, benefício extinto
pela Lei n.º 9.527, de 10 de dezembro de 1997, mas ainda percebido como vantagem pessoal nominalmente
identificável.
8. No que concerne, porém, aos ocupantes de cargos em comissão de Direção e Assessoramento Supe-
riores – DAS 4, 5 e 6 e de Natureza Especial, a aplicação da extensão ocorrerá somente até 28 de fevereiro
de 1995, dado que, a partir dessa data, por força da Lei n.º 9.030, de 13 de março de 1995, cujos efeitos
retroagiram a 1.º de março de 1995, os mencionados cargos tiveram reorganizadas suas estruturas remu-
neratórias, com expressivas melhorias que superaram o percentual de 28,86.
9. Quanto ao pagamento das diferenças devidas, correspondentes ao período entre 1.º de janeiro de
1993 e 30 de junho de 1998, a ser liquidado em até sete anos na forma do art. 6.º da Medida Provisória
que ora se regulamenta, introduziu o § 3.º do art. 8.º desta proposta a possibilidade de redução daquele
prazo, a fim de eventualmente antecipar-se a liquidação dos débitos de pequena monta. Assim, observa-
dos os critérios a serem estabelecidos por este Ministério, com oitiva dos Ministérios da Fazenda e do
Planejamento e Orçamento, poderá o servidor, mediante acordo a ser firmado com o órgão, beneficiar-se
da antecipação. Tal dispositivo possibilitará, de um lado, a satisfação do servidor, que terá o seu crédito
antecipado, e de outro, reduzirá a necessidade de controles operacionais por parte da União e racionali-
zará os procedimentos.
10. Para os servidores que se encontrem em litígio judicial, visando ao pagamento da vantagem, man-
teve-se a possibilidade de alternativa de recebimento pela via administrativa do passivo (arts. 9.º e 10),

cabendo à Advocacia-Geral da União elaborar e divulgar às unidades jurídicas os termos da transação


a ser homologada no juízo da causa.


11. A proposta disciplina, ainda, o pagamento do passivo devido a servidores exonerados ou demiti-
dos, mediante requerimento do interessado, em processo específico de reconhecimento de dívida, conten-
do os valores devidos apurados pelo respectivo órgão setorial ou seccional do SIPEC (art. 13).
12. Todos os procedimentos determinados no Decreto proposto serão objeto de verificação quanto à
regularidade pela Secretaria Federal de Controle.
13. Estas então, Senhor Presidente, são em síntese, as razões que justificam a edição do Decreto que
disciplina os procedimentos para pagamento da extensão da vantagem de vinte e oito vírgula oitenta e
seis por cento aos servidores públicos do Poder Executivo Federal, que ora submeto à elevada apreciação
de Vossa Excelência.
1 cm
Respeitosamente, FECHO

1 cm
Claudia Maria Costin
ASSINATURA
Ministra Interina da Administração Federal e Reforma do Estado
Fac-símile

O fac-símile (ou simplesmente fax) é, no conjunto das


correspondências administrativas, um documento sui generis.
Tanto pode ser ele mesmo o ato administrativo em si, com
mensagem e numeração própria (e neste caso temos uma
mensagem-fax), quanto servir apenas de folha de rosto para
o encaminhamento de um outro ato (como ocorre nos ca-
sos em que o emissor transmite, pelo aparelho de fax, um
ofício, uma portaria, um relatório, etc.).
O fac-símile é, antes de tudo, um meio, um instrumento
de transmissão de mensagens. Seria, assim, mais adequado
considerá-lo uma modalidade de comunicação, caracteriza-
da pela agilidade. Deve ser, por isso mesmo, utilizado prin-
cipalmente para a transmissão e o recebimento de assuntos
oficiais de urgência e para o envio antecipado de documen-
tos prementes.

Atos administrativos 83
TIMBRE

FAX simples circular Mensagem n.º _______________ / 2001

Destinatário: ________________________________________________________________________________

Remetente: _________________________________________________________________________________

Fax do Destinatário: _______________________________________ No de Páginas (incluindo esta): _______

Cidade/Estado: ___________________________________________ Data: ____________________________

Telefone para contato: ________________________________________________________________________

Mensagem

Atenção: Em caso de falha de transmissão, favor entrar em contato com (61) 000-0000/0000

Nome legível do responsável da unidade remetente:

DADOS DA INSTITUIÇÃO
Informação

A informação é o ato por meio do qual o servidor se


pronuncia acerca de assunto submetido a sua apreciação e
manifestação – demandado em processo ou qualquer outro
documento. A finalidade da informação é fundamentar ques-
tões e esclarecer fatos para que a Administração possa deli-
berar com segurança sobre um determinado problema.
Na informação, o servidor apresenta esclarecimentos
necessários ao bom trâmite da documentação e das ques-
tões sob análise, a fim de auxiliar a autoridade nos seus des-
pachos e decisões. Baseia-se geralmente no exame do pro-
cesso ou em fato cuja descrição contribua para a elucidação
de situações pendentes. A informação, assim, compõe o con-
junto de atos destinados a esclarecer, provar e documentar
um fato objeto de processo.
A informação deve se ater ao rigorosamente necessário à
solução do problema. O redator, portanto, deverá eximir-
se tanto quanto possível de fazer considerações alheias ao
que está em discussão.
É conveniente iniciar a informação relatando sucintamente
o que motivou o ato, de forma a permitir ao receptor co-
nhecer de imediato o assunto.

Atos administrativos 85
Estrutura da informação
São elementos da informação:

Timbre

Identifica o setor da instituição que expede o documento.


Compõe-se juntamente com a logomarca ou o selo do órgão.

Índice

Nome do ato e número respectivo, seguido da sigla da


unidade expedidora do documento. Esses dados são com-
plementados pela referência ao processo a que se refere a
informação, e do qual ela fará parte, e ao assunto do ato.

Ex.: Informação n.º 22 SRH/TSE


Referência: Processo n.º 3.282/03
Assunto: Avaliação de treinamento.

Vocativo

Invoca o destinatário e é seguido de vírgula.

Comunicação

É o conteúdo da informação. Deve ser elaborado com


objetividade e clareza. A parte introdutória do documen-
to remeterá à questão que motivou o ato, de forma a per-
mitir que o leitor, de imediato, saiba do assunto que está
sendo tratado.
A informação deve discorrer sobre todas as questões re-
clamadas e que esclareçam a situação sob análise. No texto, à
exceção do primeiro parágrafo e do fecho, todos os demais
parágrafos devem ser numerados, para facilitar remissões.

86 Rey Vinas
Fecho

Apresenta-se de forma sintética, sem delongas. Ex.:

É o que informo.

Local e data

Devem ser registrados por extenso e sem qualquer su-


pressão. A grafia deve ser feita com apenas a primeira letra
em maiúscula. Rejeitem-se, portanto, formas como BSB,
16.5.99 ou assemelhadas. Ex.:

São Paulo, 20 de julho de 2003.

Assinatura

Campo formado pelo conjunto assinatura, nome e cargo/


função do expedidor. Esses elementos devem estar posicio-
nados centralizadamente, na metade direita da página.

Atos administrativos 87
1,5 cm

TIMBRE

1,5 cm
Informação n.º 22 SAGES/ACI/SCI
Referência: Procedimento Administrativo n.º 6.274/03 ÍNDICE
Assunto: Reembolso de despesa decorrente de tratamento odontológico

1 cm
Senhor Coordenador, VOCATIVO

1 cm
Trata-se de reembolso, a servidor, de despesas decorrentes de tratamento odontológico.
2. O reembolso de despesas dessa natureza encontra-se regulamentado, no âmbito do TSE, pela Reso-
lução-TSE n.º 20.050/97, cujos arts. 12 a 16 estabelecem os procedimentos a serem seguidos antes e após
o tratamento, sob pena de o beneficiário perder o direito ao reembolso.
3. Ocorre que a perícia inicial e a final, preconizados nos arts. 12 (inciso III) e 13 da mencionada
resolução, não vêm sendo realizadas.
4. O serviço de Assistência Médica e Social, instado a se pronunciar sobre o assunto, assim
justificou:

COMUNICAÇÃO
“A equipe de odontologia, por não contar com os auxiliares de consultório
odontológico, não tem condições de realizar as referidas perícias, já que para tal
faz-se mister o uso de instrumental asséptico, que precisa ser devidamente limpo
e esterilizado entre cada exame pericial, sob o risco de contaminação e propagação
de doenças infecto-contagiosas (Hepatite A, Síndrome de Imudeficiência Adquiri-
da, etc.).
1,5 cm Diante desta oportunidade, reforça-se a importância da efetivação da
contratação dos auxiliares odontológicos, com vistas ao cuprimento do que dispõe
a Resolução n.º 20.050/97”.

5. Considerando a justificativa apresentada, sugere-se o encaminhamento deste procedimento à Secre-


taria de Administração (SA), a fim de que esta informe as providências tomadas para a contratação de
auxiliares odontológicos para o Sams. Devem ser também enviados à SA os procedimentos n.º 9.200/
2000 e 14.001/2000, por tratarem do mesmo assunto.
1 cm
FECHO É o que informo.
1 cm
Brasília, 20 de julho de 2003. LOCAL E DATA
2 cm 1,5 cm
2 cm
PEDRO MADUREIRA
ASSINATURA
Chefe da Sages

2 cm
Memorando

O memorando é uma forma de participação por escrito.


Utilizado inicialmente para a troca de informações rápidas
entre comerciantes, passou a ser adotado pela administra-
ção pública para agilizar a comunicação entre unidades admi-
nistrativas de um mesmo órgão. Seu texto deveria ter como
principal característica a brevidade, mas serve hoje também
a comunicações extensas, como a exposição de projetos, idéias,
diretrizes, etc.
De todo modo, o memorando deve buscar a celeridade
da comunicação. Sua tramitação precisa ser simples, e os des-
pachos que a ele se seguem devem ser dados no próprio
documento ou, em caso de falta de espaço, em folha de con-
tinuação.
O memorando serve ao desenrolar do serviço interno da
repartição e caracteriza-se como instrumento de comunica-
ção entre servidores, unidades ou setores de uma mesma
instituição.
Memorando-circular é o de mesmo conteúdo – e mesmo
número de controle – endereçado a vários destinatários, ainda
que sejam apenas dois esses destinatários.
Nos atos circulares, dos quais os exemplos mais conheci-
dos são o memo-circular e o ofício-circular, os destinatários
devem ser indicados de forma específica (Para: Presidência da

Atos oficiais 89
Câmara dos Deputados, Corregedoria-Geral Eleitoral.) ou de modo
genérico (Para: Diretores de Empresas Estatais de Eletricidade;
Para: Secretários Estaduais de Cultura).
Os parágrafos do memorando devem ser numerados,
para facilitar possíveis remissões, à exceção do primeiro e
do fecho. Os memorandos integram os atos de correspon-
dência.

Estrutura do memorando
São elementos do memorando:

Timbre

Identifica o setor ou unidade da instituição que expede o


documento. Compõe-se juntamente com a logomarca ou o
selo do órgão.

Índice

Tipo do memorando, seguido da sigla da unidade expe-


didora e do número seqüencial do documento. Ex.:

Ex.: Memorando-Circular SRH/MPDFT n.° 24/99

Data

Inicia-se com a preposição Em. Deve ser alinhada em opo-


sição ao Índice, uma linha imediatamente abaixo. Tradicio-
nalmente, a data era disposta na mesma linha do índice, com
alinhamento à direita. O uso do computador, porém, tor-
nou essa disposição um procedimento mais demorado. Co-
locar a data uma linha abaixo simplifica a tarefa.

90 Rey Vinas
Destinatário

Identifica a unidade ou setor da instituição para a qual se


dirige o documento.

Assunto

Corresponde à matéria de que trata o memorando.

Vocativo

Invoca o destinatário e é seguido de vírgula.

Comunicação

É o conteúdo do memorando. Evitem-se, por desneces-


sárias, linhas em branco entre os parágrafos, que devem ser
numerados a partir do segundo. Deve-se sempre mencio-
nar, de forma clara, o assunto do documento. Evitem-se tam-
bém construções obscuras como: Em atenção ao Memorando
no 27/99. Diga-se imediatamente do que trata o ato ao qual
se está referindo. Ex.:

Em atenção ao Memorando 35/03, que solicita cessão


de servidor para o exercício de atividade cultural (...).

Fecho

Consiste no arremate da comunicação, com a saudação


do destinatário. As expressões ora consagradas para o fe-
cho dos memorandos são Respeitosamente (para autoridades
de hierarquia superior) e Atenciosamente (para autoridades de
mesma ou inferior hierarquia). O Fecho não deve estar cen-
tralizado na página, mas deslocado um pouco mais que uma
entrada de parágrafo, à direita.

Atos administrativos 91
Assinatura
É o campo formado do conjunto assinatura, nome e cargo
do emitente. Esses elementos devem ser posicionados cen-
tralizadamente, na metade direita da página.

92 Rey Vinas
1,5 cm

TIMBRE

1,5 cm
]
MEMORANDO-CIRCULAR N.º 12 SRRF 2.a RF
Em 20 de janeiro de 2003. DATA

1 cm
Para: Divisões da SRRF 2.a Região Fiscal DESTINATÁRIOS
Assunto: Mostra de material histórico sobre IRPF ASSUNTO

1 cm
Senhor Chefe, VOCATIVO

1 cm
Informar a a V. Sa. que, nos meses de março e agosto deste ano, o setor de atividades especiais desta
Superintendência deixará à disposição dos técnicos e auditores fiscais, para apreciação interna, livros,

COMUNICAÇÃO
cartazes e fitas de videocassete relativos ao desenvolvimento das campanhas de esclarecimento quanto
ao Imposto de Renda das Pessoas Físicas nos anos de 1988 a 2001.
2. O material não poderá ser emprestado. Dessa forma, os interessados em reproduzir os documentos
expostos deverão solicitar ao Gabinete da Superintendência, em memorando, a cópia do meterial, discri-
minando-lhes o número de registro.
3. Maiores informações serão prestados pelo telefone (91) 235-4566.
1 cm
FECHO Atenciosamente,
2 cm
Roberto Barros Motta
ASSINATURA
Superintendente

2 cm 1,5 cm

2 cm
Ofício

O ofício é uma forma de comunicação escrita expedida


por autoridade pública sobre assunto de ordem administra-
tiva ou predominantemente oficial. Trata-se de carta pública
ou com esse caráter.
Hely Lopes Meirelles em seu Direito Administrativo Brasi-
leiro conceituava: “Ofícios são comunicações escritas que as
autoridades fazem entre si, entre subalternos e superiores, e
entre a Administração e particulares, em caráter oficial”.
Dá-se como forma de comunicação com entes “de fora”
da organização emitente, sejam estes outros órgãos públi-
cos ou particulares.
O conteúdo do ofício é fundamentalmente matéria da
repartição, sobre questões de serviço, mas pode ele tam-
bém discorrer sobre matérias de caráter social, em razão do
cargo ou função da autoridade que o expede.
O ofício-circular é aquele de mesmo conteúdo – e mes-
mo número de controle – endereçado a vários destinatários,
ainda que sejam apenas dois esses destinatários.

Outras observações sobre o ofício


O texto de um ofício deve tratar de um único assunto.
Quando um mesmo ato discorre sobre assuntos variados, pode

Atos administrativos 95
acontecer de um deles ficar sem o devido encaminhamento,
por dispersão quanto ao objeto.
Se o texto do ofício for longo, deve-se usar folha de con-
tinuação. Na primeira folha, escrevem-se aproximadamente
dez linhas (não é necessário coincidir com final de parágrafo).
O restante do texto passa à folha seguinte. Nesse caso, a
indicação do destinatário permanece na folha inicial. Repe-
tem-se o tipo e o número do expediente na folha de conti-
nuação, acrescidos do número desta. Esses elementos devem
constar posicionados à esquerda, a três linhas do timbre.
Este procedimento é válido para os demais atos oficiais
administrativos.
Os ofícios e memorandos integram os atos de corres-
pondência.
No texto, os parágrafos devem ser numerados, para facili-
tar possíveis remissões, excetuando-se o primeiro parágrafo
e o fecho.

Se o ofício for acompanhado de outros documentos,


deve-se acrescentar, à esquerda da folha e a duas linhas da
assinatura, a palavra Anexo: com a indicação do(s)
documento(s) anexado(s). Ex.:

Anexo: Comprovante de inscrição.

O ofício-circular recebe o mesmo número de controle,


independentemente da quantidade de destinatários. Ex.:
o
Ofício-circular n 5/DG/TSE

96 Rey Vinas
Estrutura do ofício
São elementos indispensáveis à elaboração do ofício:

Timbre

Identifica o setor da instituição que expede o documento.


Compõe-se juntamente com a logomarca ou o selo do órgão.

Índice

Tipo do ofício, seguido do número de controle desses


documentos na instituição.

Local e data

Devem constar alinhados à direita e posicionados uma


linha imediatamente abaixo do Índice. Não se usa abreviatu-
ra. O mês é grafado por extenso neste campo. Rejeitem-se,
portanto, registros como BSB, 27.2.03 ou assemelhados. A
forma correta seria Brasília, 27 de fevereiro de 2003.

Vocativo

Invoca o destinatário e é seguido de vírgula.

Comunicação

É o conteúdo do ofício. Evitem-se, por desnecessário,


embora convencional, linhas em branco entre os parágra-
fos. O texto do ofício divide-se em introdução, desenvolvimento
e conclusão, nos casos em que ele não for de mero
encaminhamento de documentos.
A introdução deve apresentar de forma objetiva o assunto
do expediente. Frases-feitas para dar início ao texto são

Atos administrativos 97
dispensáveis, tais como: Tenho a máxima honra de comunicar;
Com pesar levo ao conhecimento de V. Sa..., ou ainda Cumpre-me
informar... Empreguem-se formas diretas: Informo a Vossa Ex-
celência que; Submeto à apreciação de V. Sa.; Encaminho a V. Sa.
No desenvolvimento, deve-se detalhar o assunto. Se o texto
contiver mais de uma idéia, devem elas ser estruturadas em
parágrafos distintos, o que irá atribuir fluência e clareza ao
documento.
Na conclusão, reafirma-se ou simplesmente reapresenta-se
a convicção ou proposição que motivou o ato.

Fecho

É o arremate da comunicação, com a saudação do desti-


natário. Devem ser utilizadas as expressões Respeitosamente
(para autoridades superiores) e Atenciosamente (para autori-
dades da mesma ou de inferior hierarquia). Não deve ser
centralizado na página, mas apresentar-se com ligeiro afas-
tamento à direita, maior que o fixado para as entradas de
parágrafo.

Assinatura

É o campo formado do conjunto assinatura, nome e cargo


do emitente. Esses elementos devem ser posicionados cen-
tralizadamente, na metade direita da página.
Destinatário

Neste campo, indica-se, com a devida deferência, o recep-


tor do ofício, aquele a quem o documento é enviado. Com-
põe-se de a) forma de tratamento adequada ao destinatário
[A Sua Senhoria o Senhor]; b) nome da autoridade [Fulano de
Tal], em caixa-alta; c) cargo ou função do destinatário, a que

98 Rey Vinas
se segue o órgão a que pertence [Diretor-Geral do Tribunal
Regional Eleitoral do Amazonas].
Seu posicionamento é ao final do documento, com ali-
nhamento à esquerda.

Atos administrativos 99
1,5 cm

TIMBRE

1,5 cm
ÍNDICE OFÍCIO N.º 213 SDRH

Belém, 20 de julho 2003. LOCAL E


DATA
1 cm
Senhor Diretor, VOCATIVO

1 cm
Esta Secretaria de Desenvolvimento de Recursos Humanos tem acompanhado e avaliado
sistematicamente as necessidades de capacitação dos servidores da administração direta, autárquica e
fundacional do Estado, e constatou que é fundamental neste momento a implementação de programas que
contribuam para valorizar o servidor e o reestimulem ao exercício de suas funções.

COMUNICAÇÃO
2. Nesse sentido, decidiu esclarecer aos diversos órgãos colaboradores as diretrizes que possibilitarão
levar adiante essa iniciativa. Após avaliar a forma como os órgãos e entidades da administração vêm
desenvolvendo suas atividades, bem como o que consta dos relatórios de auditoria do controle interno
e externo, concluiu que a redefinição dos modelos de capacitação dos servidores que integram a
administração pública do Estado é premente, uma vez que os treinamentos até então realizados não
obtiveram êxito, acredita-se que por falta de enfoque e de metodologia, e pelo fato de não estarem voltados
diretamente às atribuições dos servidores.
3. Assim, a identificação das necessidades de treinamento que está sendo realizada neste momento sob
a coordenação desse Instituto de Desenvolvimento de Recursos Humanos deve considerar as dificuldades
inerentes ao desempenho de cada função, a fim de obter subsídios que permitam capacitar os servidores
de todas as carreiras de acordo com as especificidades de suas atribuições.
4. Ressalte-se que alguns projetos precisarão ser implantados em caráter de urgência, como os
relacionados a políticas de capacitação de lideranças e os de realocação de pessoal. Sugere-se ainda que
servidores recém-nomeados recebam cursos de ambientação e de integração e tomem conhecimento sobre
os canais de livre acesso às informações necessárias ao bom desempenho de suas funções.
5. Por todo o exposto, solicito o empenho de Vossa Senhoria no sentido de que a implantação e o
desenvolvimento dos programas e projetos de desenvolvimento dos servidores do Estado a cargo do
instituto dêem-se em estreita conformidade com o Programa de Valorização do Servidor estabelecido no
Plano de Governo do Estado apresentado em anexo.
1 cm
FECHO Atenciosamente,

2 cm 2 cm 1,5 cm
Carlos Maia Prestes
ASSINATURA
Secretário de Desenvolvimento de Recursos Humanos

Senhor
ALBERTO BASTOS
Diretor do Instituto de Desenvolvimento de Recursos Humanos DESTINATÁRIO
Rua Maroja Neto, 135 – TEG
70235-000

2 cm
Instrução Normativa &
Ordem de Serviço

A instrução normativa é o ato por meio do qual a institui-


ção fixa procedimentos para a correta execução de serviços.
Disciplina o modo como devem ser realizadas as tarefas de
natureza técnico-administrativa que exigem esclarecimentos
mais minudentes. Assim, fixa comandos de ação ou estabe-
lece normas para o exato cumprimento das atividades. Tal
como a lei e a portaria, a ordem de serviço organiza-se em
ordem normatizadora e matéria normatizada. O preâmbulo cor-
responde à ordem normatizadora; a matéria normatizada diz res-
peito ao texto do ato, aqui denominado Comunicação.
A instrução normativa destina-se ainda a regular a execu-
ção da atividade ou serviço, apontar ações e dizer dos re-
quisitos necessários para a realização de tarefas ou progra-
mas. Além disso, estabelece proibições, especifica e caracte-
riza fatos, objetos e atividades que competem à organização
desempenhar.
A instrução normativa não difere essencialmente da or-
dem de serviço e tem a mesma natureza desta. São inúmeros
os autores que atestam a semelhança de forma e de fundo
entre esses dois atos. Cretella Júnior, por exemplo, no seu Curso
de Direito Administrativo (1967), afirma: “Esta diferença

Atos oficiais 101


terminológica não corresponde a uma diferença de nature-
za”. Segundo ele, a única distinção que se poderá fazer entre
uma e outra é a de se atribuir maior importância às instru-
ções que às ordens de serviço. E por esse prisma, o cuidado
da organização deve ser o de evitar normatizar ações de
relevância por OS e questões de menor relevo por IN.
“Na prática, órgãos da Administração Federal baixam
instruções normativas e normas de execução com conteú-
do e forma peculiares à ordem de serviço. Assim, a dife-
rença parece ser mais de conveniência interna em certas
repartições, e não de natureza essencial”. (Ney, João Luiz.
Prontuário de redação oficial. Rio de Janeiro : Nova Fronteira,
1998. p. 140-142.)
De acordo com Diogenes Gasparini (Apud Kaspary,
Adalberto J. Redação oficial: normas e modelos. 13. ed. Porto
Alegre : Edita, 1996), a instrução normativa é “a fórmula
mediante a qual os superiores expedem normas de caráter
interno que prescrevem o modo de atuação dos subordina-
dos em relação a certo serviço”.

Elementos da IN e da OS
São elementos da instrução normativa:

Timbre
Identifica a instituição que expede o documento. Com-
põe-se juntamente com a logomarca ou o selo do órgão.

Índice
Corresponde ao título do ato, seguido do número de re-
gistro e do ano de expedição do documento.

102 Rey Vinas


Preâmbulo

Parte inicial da instrução normativa, não integra a matéria


normatizada (que aqui corresponde à Comunicação). Compõe-se
da nominação do cargo e do órgão do expedidor do ato (O
Diretor da Companhia...), seguida via de regra da expressão no
uso de suas atribuições ou equivalente, e das considerações que jus-
tificam a expedição da IN. Nas considerações deve(m) ser
citada(s) a(s) norma(s) que fundamenta(m) o ato, entre ou-
tros motivos. O preâmbulo é finalizado normalmente com
o intróito da Comunicação, a expressão RESOLVE.

Comunicação

É o conteúdo da instrução normativa, o que ela regula


ou expressa. Possui a mesma estrutura do texto legislativo e
da portaria. Os assuntos são divididos em artigos, parágra-
fos, incisos e alíneas. Aspectos essenciais das técnicas de re-
dação do texto legislativo podem ser consultados nos capí-
tulos Normas básicas para a redação de atos oficiais e O padrão
Imprensa Nacional.

Local e data

O local e a data devem ser registrados sem abreviatura no


documento, centralizados na metade direita da página. Ex.:
Brasília, 17 de agosto de 2003.

Assinatura

Da autoridade expedidora. Deve ser centralizada na me-


tade direita da página.

Atos administrativos 103


1,5 cm

TIMBRE

1,5 cm
INSTRUÇÃO NORMATIVA N.º 1/2003 ÍNDICE

1,5 cm
O DIRETOR-GERAL DA SECRETARIA DO TRIBUNAL SUPERIOR ELEITORAL, no uso
PREÂMBULO

das atribuições que lhe são conferidas pelo inciso VIII do art. 116 do Regulamento Interno da Secretaria,
considerando o disposto no parágrafo único do art. 70 da Constituição Federal, art. 94, c.c. o § 2.º do art.
15 Lei n.º 4.320, de 17 de março de 1964, e o inciso VII do art. 116 da Lei n.º 8.112, de 11 de dezembro
de 1990,
1 cm
RESOLVE:
1 cm
2 cm Art. 1.º Os materiais permenentes de propriedade deste Tribunal ficarão sob guarda e respon- 1,5 cm
sabilidade do assessor-chefe de gabinete de ministro, diretor-geral da Secretaria, assessor-chefe da As-
sessoria Técnica da Diretoria-Geral, secretários, coordenadores, chefes de divisão, chefes de seção, chefes
de setor e outros que vierem a ser designados.
Parágrafo único. Para os efeitos deste artigo, consideram-se materiais permanentes: aparelhos,
máquinas, equipamentos, utensílios, mobiliários, livros, obras de arte, veículos em geral e outros, conforme
a Norma de Execução Conjunta n.º 4, de 31 de outubro de 1997, da Coordenadoria-Geral de Contabilidade
da Secretaria do Tesouro Nacional.
Art. 2.º Todo material recebido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), na forma do § 8.º do art.
15 da Lei n.º 8.666/93, bem como os protótipos entregues por exigência de processo licitatório, com a
finalidade de testes, homologação, demonstração e outras providências, deverão ser entregues na Seção
de Administração de Material, que comunicará o fato à Comissão Permanente de Licitação.
Parágrafo único. Os livros serão impreterivelmente encaminhados à Coordenadoria de Bibli-
oteca e Editoração (Cobli), única responsável pelo processamento técnico, controle e destinação dessas
publicações.
Art. 3.º Toda movimentação de materiais permanentes de propriedade de terceiros, tanto para COMUNICAÇÃO
entrada como para saída das dependências do Tribunal Superior Eleitoral, deverá ser informada à Asses-
soria de Segurança e à Seção de Administração de Material.
Art. 4.º Todo material permanente adquirido somente será distribuído à unidade requisitante
com o Termo de Transferência, em duas vias devidamente assinadas pelo responsável, sendo uma delas
devolvida à Seção de Administração de Material.
§ 1.º A transferência de qualquer material permanente de uma unidade para outra deverá ser
precedida da transferência on-line no Sistema de Controle Patrimonial, efetuada pelo cedente.
§ 2.º O recebedor deverá, imediatamente, confirmar a transferência, assumindo, assim, a respon-
sabilidade pelo material.
§ 3.º Não haverá atendimento de solicitação para movimentação de material sem a autorização
de Transferência de Material Permanente, emitida no Sistema de Controle Patrimonial pelo cedente.
§ 4.º A saída temporária de qualquer material permanente para conserto, manutenção, treina-
mento, empréstimo, serviços externos ou outros motivos deverá ser realizada por meio da Autorização de
Saída de Material (anexo 1) emitida pela unidade solicitante, com a anuência da Assessoria de Segurança
e da Seção de Administração de Material.
Art. 5.º A Seção de Administração de Material procederá anualmente ao levantamento geral dos
materiais permanentes alocados nas unidades deste Tribunal, e lhe será facultada a realização de outros
levantamentos ou inspeções a qualquer tempo.
Parágrafo único. A não-localização de materiais permanentes será comunicada ao respectivo
responsável para, no prazo de três dias, apresentar justificativas, estando o fato sujeito à abertura de
sindicância.

2 cm
1,5 cm

(Fl. 2 da IN n.º 2, de 20.7.2000)


1 cm
Art. 6.º Os responsáveis pelos materiais permanentes zelarão pela sua guarda e conservação,
devendo comunicar à Secretaria de Administração qualquer defeito apresentado, objetivando a sua recu-
peração, exceto aqueles referentes a equipamentos de informática, que serão comunicados à Secretaria de
Informática, observando-se o disposto no art. 4.º desta instrução normativa.
Art. 7.º Não é permitida a realização de qualquer modificação física ou desmembramento de
material permanente, alterando suas características originais, sem a avaliação e a autorização da Secretaria
de Administração.

COMUNICAÇÃO
Art. 8.º Caso fique caracterizado o dolo do responsável pela avaria ou pelo desaparecimento
do bem permanente, por meio de sindicância ou inquérito administrativo, ficará este, além das penalidades
legais, sujeito às seguintes sanções:
a) no caso de desaparecimento, substituir o material por outro com as mesmas características ou
indenizar, em moeda corrente, o valor do material, a preço de mercado;
b) no caso de avaria, arcar com as despesas de recuperação do material.
Art. 9.º A Secretaria de Recursos Humanos deverá informar à Secretaria de Administração, no
primeiro dia útil, após a data da portaria de dispensa ou exoneração de cargo ou função comissionada do
servidor, para transferência de carga patrimonial.
Art. 10. Esta instrução normativa entra em vigor na data de sua assinatura.
Art. 11. Revogam-se as disposições em contrário.

2 cm 2 cm 1,5 cm
Pedro Madureira ASSINATURA

2 cm
Parecer

O parecer é o ato por meio do qual órgãos especializa-


dos manifestam-se sobre assuntos submetidos à sua consi-
deração. Deve indicar solução aos problemas levantados,
ponto a ponto, e oferecer à autoridade os fundamentos de
que necessita para a tomada de decisão. Pode ser:
a) normativo – se a aprovação do parecer tornar a aplica-
ção de suas conclusões obrigatória para casos idênticos que
vierem a surgir;
b) vinculante – quando a decisão da autoridade que solici-
tou o parecer está presa às conclusões do documento;
c) facultativo – quando a autoridade que solicitou o pare-
cer não está obrigada a acolher as conclusões do documento.
Em qualquer de suas modalidades, contudo, o parecer
deve ser baseado em dispositivos legais, jurisprudência, in-
formações técnicas...
O parecerista poderá ainda propor formas de execução
de medidas que sejam mais adequadas à solução dos pro-
blemas, bem como sugerir estudos que devam ser feitos para
levar a bom termo a finalidade pública que motivou o ato.
O parecer emitido por colegiado somente surtirá efeito
se aprovado em plenário. Esse fato deverá ser explicitado
no documento.

Atos administrativos 107


Estrutura do parecer
O parecer é composto de:

Timbre
Identifica a instituição que emite o documento. Com-
põe-se juntamente com a logomarca ou o selo do órgão.

Índice

É o nome do ato, seguido da numeração e da sigla da


instituição que emite o parecer. Também integram o índice
o número do processo a que se refere o ato, acompanhado
da sigla do órgão que demandou a manifestação. Esses ele-
mentos devem ser grafados em maiúsculas.

Ementa

O parecer deve apresentar à direita da página, com recuo


de cinco centímetros, síntese do assunto de que trata o do-
cumento. É a ementa.

Comunicação

É o conteúdo do parecer, em que se analisam os pontos


sob questionamento e se aprecia detidamente a matéria que
motivou o ato, formulando a opinião que será submetida à
autoridade decisória. Os parágrafos, à exceção do primeiro,
devem ser numerados, para facilitar remissões.

Fecho

O fecho deve ser breve e colocar o parecer à apreciação da


autoridade decisória. Ex.:

108 Rey Vinas


1,5 cm

TIMBRE

1,5 cm
PARECER N.º 28/03 – ASJUR/SARE
ÍNDICE
PROCESSO N.º E.01/12346/03
1 cm
Transformação de cargo de auxiliar técnico no de
EMENTA engenheiro, em fundação estadual. Inviabilidade
à luz da Constituição Federal de 1988.

1 cm
O processo em tela foi remetido a esta Assessoria Jurídica pelo Senhor Secretário de Estado de
Administração e Reestruturação para pronunciamento quanto à viabilidade da transformação de cargo de
auxiliar técnico no de engenheiro, no Departamento de Trânsito do Estado do Rio de Janeiro.
2. Às fls. 30, encontra-se o pronunciamento da Superintendência de Recursos Humanos, que sugeriu
fosse ouvida esta consultoria, não sem adiantar que há manifestação “favorável à realização de concurso

COMUNICAÇÃO
público, salvo nos casos de ascensão em áreas vinculadas ou planos de carreiras” (g.n).
3. A manifestação, se existe, é equivocada. A transformação pretendida contraria frontalmente a
Constituição da República de 1988, que em seu art. 37, II, determina:

“a investidura em cargo ou emprego público depende de aprovação em concurso público de provas


ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou emprego, na forma
prevista em lei, salvo as nomeações para cargo em comissãodeclarado emlei de livre nomeação
e exoneração”.

4. A nova Carta Magna, constata-se, fixou a exigência do concurso público não apenas para a primeira
investidura, mas também para qualquer outro tipo de admissão em cargo ou emprego público.
5. Assim, não vejo como admitir que auxiliar técnico passe a engenheiro. A transformação intentada é
inviável, de acordo com as normas constitucionais vigentes.
6. O legislador, parece claro, outra intenção não teve que a de impedir que, sem concurso público,
servidor venha a ocupar cargo ou emprego público mais elevado do que aquele no qual ingressou na
Administração.

1 cm
É o parecer, sub censura.

1 cm
Rio de Janeiro, 21 de março de 2003.
2 cm 1,5 cm
2 cm

ASSINATURA
Adalberto Ares
Assessor Jurídico

2 cm
É o parecer, sub censura.

Local e data

Assinatura, nome e cargo da autoridade ou chefia que


emite o parecer.
Portaria

Portaria é o ato emanado de dirigente de entidade da


administração pública com o objetivo de instruir sobre as-
suntos de natureza administrativa, sobretudo relativos a pes-
soal (admissão, exoneração, designação, delegação de com-
petência, elogio, punição, etc.), e também para disciplinar a
organização e o funcionamento dos serviços. Também ser-
ve à orientação dos servidores quanto à aplicação de textos
legais, além de normatizar matéria não regulada em lei.
A portaria, tal como a lei, organiza-se em ordem normatiza-
dora e matéria normatizada. O preâmbulo corresponde à ordem
normatizadora; a matéria normatizada é o corpo do ato, aqui
denominado Comunicação.

Elementos da portaria
São elementos da portaria:

Timbre
Identifica a unidade expedidora do documento. Compõe-
se juntamente com a logomarca ou o selo do órgão.

Índice
Tipo da portaria, seguido do número e da data de assina-
tura do documento.

Atos administrativos 111


Preâmbulo
Parte inicial da portaria, não participa da matéria normati-
zada (que corresponde à Comunicação). É formada da nomi-
nação do cargo do expedidor do ato (O Diretor da Compa-
nhia...), seguida normalmente da expressão no uso de suas
atribuições, ou equivalente, e das considerações que justificam a
expedição da portaria. Nas considerações, deve-se citar a
norma que fundamenta o ato.

Comunicação

É o conteúdo da portaria, o que ela regula ou expressa.


Organiza-se com a mesma estrutura do texto legislativo, com
a divisão dos assuntos nela tratados em artigos, parágrafos,
incisos e alíneas. Aspectos essenciais das técnicas de redação
do texto legislativo podem ser consultados nos capítulos
Normas básicas para a redação de atos oficiais e O padrão Imprensa
Nacional.

Local e data

O local e a data devem ser registrados sem abreviatura no


documento, centralizados na metade direita da página. Ex.:

Brasília, 27 de março de 2003.

Assinatura

É o campo formado pelo conjunto assinatura, nome e cargo


da autoridade expedidora. Esses elementos devem ser posi-
cionados centralizadamente, na metade direita da página.

112 Rey Vinas


1,5 cm

TIMBRE

1,5 cm
PORTARIA SVS/MS N.o 326 ÍNDICE

1,5 cm
A SECRETÁRIA DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA DO MINISTÉRIO DA SAÚDE, no uso de suas
atribuições legais e
1 cm
PREÂMBULO

Considerando a necessidade do constante aperfeiçoamento das ações de controle sanitário na área


de alimentos visando a proteção da saúde da população;
Considerando:a importância de compatibilizar a legislação nacional com base nos instrumentos
harmonizados no Mercosul, relacionados às condições higiênico-sanitárias dos estabelecimentos
produtores/industrializadores e Boas Práticas de Fabricação de alimentos – Resolução GMC n.º 80/96;
Considerando:que os aspectos não abrangidos por este regulamento de acordo com Anexo I,
continuarão cobertos pela legislação nacional vigente, conforme Resolução GMC n.º 126/94,

COMUNICAÇÃO
1 cm
RESOLVE:
1 cm
Art. 1.º aprovar o Regulamento Técnico; “Condições Higiênicos-Sanitárias e de Boas Práticas de
Fabricação para Estabelecimentos Produtores/Industrializadores de Alimentos”, conforme Anexo I.
Art. 2.º Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação, revogando-se as disposições em
contrário.

1 cm
Brasília, 30 de julho de 1997.

2 cm
Marta Nóbrega Martins ASSINATURA

2 cm 1,5 cm

2 cm
Requerimento

É o documento por meio do qual o requerente dirige-se a


autoridade administrativa para solicitar direito ou concessão
a pedido, geralmente sob o amparo de lei ou norma regula-
dora. Na administração federal direta e nas autarquias, o De-
creto no 84.414/80 veda a exigência de requerimento para a
concessão de auxílio-doença, gratificação adicional por tem-
po de serviço, ajuda de custo, férias, cancelamento de cotas
de salário-família e revalidação de despacho concessório de
licenças especiais. Essas concessões dão-se ordinariamente de
ofício ou por meio de procedimento sumário e simplificado.

Elementos do requerimento
São elementos indispensáveis ao requerimento o Vocati-
vo, a Comunicação, o Fecho e a Assinatura. O requerimento dis-
pensa a intitulação. Pode ser feito em papel não timbrado,
apenas encimado pelo nome do órgão e da unidade a quem
é remetido.
Vocativo

Invoca o destinatário com o tratamento Senhor ou Exce-


lentíssimo Senhor, seguido da indicação do cargo da pessoa a
quem é dirigido.

Atos administrativos 115


Comunicação

É o conteúdo do requerimento, aquilo que se pede. Ini-


cia-se com o nome do requerente e sua qualificação essencial,
seguida do objeto do requerimento, com a indicação, se for
o caso, dos fundamentos legais que embasam a solicitação.

Fecho

O fecho mais utilizado é: Nestes termos, pede deferimento. Usa-


se ainda Pede deferimento ou P. deferimento.

Loca e data

O local e a data devem ser registrados sem abreviaturas,


com o mês sendo indicado por extenso.

Ex.: 13 de janeiro de 2003.

Assinatura

É o campo formado pelo conjunto assinatura, nome e cargo


da autoridade expedidora. Esses elementos devem ser posi-
cionados centralizadamente, na metade direita da página.

116 Rey Vinas


1,5 cm

3 cm

Sr. Secretário de Administração, VOCATIVO

2 cm

COMUNICAÇÃO
RICARDO BASTOS MEDINA, que neste Superior Tribunal de Justiça ocupa o cargo de técnico
judiciário, Matrícula n.º 5001234, lotado na Secretaria de Administração, requer de V. Sa. autorização
para divulgar nos murais dessa instituição, por meio de cartazes, o lançamento de seu livro de contos
Antuérpia, que ocorrerá no dia 23 de janeiro deste ano.
1 cm
Nestes termos,
FECHO
Pede deferimento.
1 cm
LOCAL E DATA Brasília, 20 de julho de 2000.
2 cm 1,5 cm
2 cm

ASSINATURA ROBERTO MADUREIRA


RG n.º 211.456 SSP/DF

2 cm
Projeto básico &
Projeto executivo
Projeto básico

Dispõe o art. 7.º da Lei n.º 8.666/93 que as licitações


para a execução de obras e para a prestação de serviços no
âmbito da administração pública obedecerão a projeto básico
e projeto executivo, dentre outras exigências.
O projeto básico deve apresentar em detalhes aquilo que
se pretende realizar, como, quando, onde e por quê.
O § 2.° do citado artigo 7.º diz:

As obras e os serviços somente poderão ser licitados


quando: I – houver projeto básico aprovado pela autori-
dade competente e disponível para exame dos interes-
sados em participar do processo licitatório (g.n.).

O professor Jorge Ulisses Jacoby Fernandes, autor de


Contratação Direta sem Licitação (5. ed., Editora Brasília Jurídi-
ca, 1999) em artigo intitulado Projeto básico nas licitações, pu-
blicado no Caderno Direito e Justiça do jornal Correio Braziliense,
da capital federal, afirma que a Lei n.º 8.666/93, que disci-
plinou as licitações e contratos da Administração, trouxe
entre suas boas inovações a obrigatoriedade do projeto básico
para a contratação de qualquer obra ou serviço.
Há muitos que sustentam que a exigência do projeto bá-
sico só vale para contratações na área de engenharia. Jorge

Atos administrativos 121


Ulysses afirma que a interpretação literal da lei indica clara-
mente que esse requisito foi estabelecido pelo legislador de
modo amplo. E este parece ser o entendimento dominante
nas instituições públicas brasileiras.
O art. 7.º, § 2.°, I, da Lei n.º 8.666/93 afirma indubitavel-
mente a necessidade da prévia elaboração de projeto básico
e determina que os serviços e obras somente poderão ser
licitados depois de atendida essa exigência.
Vejamos no que consiste o projeto básico e também a con-
ceituação de projeto executivo; obra e serviço, conforme o inciso
XI do art. 6.º da Lei n.º 8.666/93.
Projeto básico é “o conjunto de elementos necessários e
suficientes, com nível de precisão adequado, para caracteri-
zar a obra ou serviço, ou complexo de obras ou serviços
objeto da licitação, elaborado com base nas indicações dos
estudos técnicos preliminares, que assegurem a viabilidade
técnica e o adequado tratamento do impacto ambiental do
empreendimento, e que possibilite a avaliação do custo da
obra e a definição dos métodos e do prazo de execução”
(g.n). Isso quer dizer fundamentalmente que o projeto bási-
co consiste no mais amplo detalhamento do objeto, de modo
a que seja perfeitamente identificado o que pretende o ór-
gão licitante e as circunstâncias e o modo exatos de realiza-
ção da obra ou do serviço.
Obra é “toda construção, reforma, fabricação, recupera-
ção ou ampliação, realizada por execução direta ou indireta”.
Serviço é “toda atividade destinada a obter determinada
utilidade de interesse para a Administração, tais como: demoli-
ção, conserto, instalação, montagem, operação, conservação,
reparação, adaptação, manutenção, transporte, locação de bens,
publicidade, seguro, ou trabalhos técnicos-profissionais”.

122 Rey Vinas


Projeto executivo é “o conjunto dos elementos necessá-
rios e suficientes à execução completa da obra, de acordo
com as normas da Associação Brasileira de Normas Técni-
cas (ABNT)”.
Requisitos*

O art. 12 da Lei de Licitações e Contratos dispõe que, nos


projetos básicos e projetos executivos de obras e serviços,
sejam considerados principalmente segurança; funcionalida-
de e adequação ao interesse público; economia na execução e
operação; possibilidade de emprego de mão-de-obra, mate-
riais, conservação e operação; facilidade na execução, conser-
vação e operação, sem prejuízo da durabilidade da obra ou
serviço; adoção das normas técnicas de saúde e de segurança
do trabalho adequadas; e impacto ambiental.
Padronização

As obras e serviços destinados aos mesmos fins deverão


ter projetos básicos padronizados, classificados por tipos, ca-
tegorias ou classes, exceto quando o projeto-padrão não aten-
der às condições peculiares do local ou às exigências especifi-
cadas do empreendimento (art. 12 da Lei n.º 8.666/93).
Elementos

De acordo com o inciso IX do art. 6.º da Lei n.º 8.666/


93, são elementos indispensáveis ao projeto básico:
– desenvolvimento da solução escolhida de forma a for-
necer visão global da obra e identificar todos os seus ele-
mentos constitutivos com clareza;

*As orientações acerca do projeto básico aqui expostas resultaram de colaboração inestimável
da então Coordenadora de Desenvolvimento de Recursos Humanos do TSE, Maria Imaculada
Mantovanni.

Atos administrativos 123


– soluções técnicas globais e localizadas suficientemente
detalhadas, de forma a minimizar a necessidade de refor-
mulação ou de variantes durante as fases de elaboração do
projeto executivo e de realização das obras e montagem;
– identificação dos tipos de serviços a executar e de materiais
e equipamentos a incorporar à obra, bem como suas especifi-
cações que assegurem os melhores resultados para o empre-
endimento, sem frustrar o caráter competitivo para a sua
execução;
– informações que possibilitem o estudo e a dedução de
métodos construtivos, instalações provisórias e condições
organizacionais para a obra, sem frustrar o caráter competi-
tivo para sua execução;
– subsídios para a montagem do plano de licitação e ges-
tão da obra, compreendendo a sua programação, a estraté-
gia de suprimentos, as normas de fiscalização e outros da-
dos necessários em cada caso;
– orçamento detalhado do custo global da obra, funda-
mentado em quantitativos de serviços e fornecimentos pro-
priamente avaliados.

Elaboração
Considerações iniciais

Importância
O projeto básico deverá apresentar todas as referências do
material a ser adquirido ou do serviço a ser contratado.

Quem faz o projeto básico


O projeto básico deve ser elaborado pela unidade que
solicita o serviço ou a obra. Isto porque ela é quem sabe

124 Rey Vinas


exatamente o que deseja e o que será necessário para a satis-
fação de sua necessidade.
Este saber envolve o que se quer, como, por quê, quan-
do, de que forma e em que condições, o que permite fazer
todo o detalhamento do serviço ou da obra.
Pessoal técnico especializado pode vir a ser contratado
para a elaboração do projeto básico, mas isso irá depender
do objeto do contrato, como no caso de exigência de infor-
mação técnica de alta complexidade.

Quando elaborar o projeto básico


O projeto básico é a peça inicial do processo licitatório e
deverá acompanhar a solicitação. Isso irá agilizar a análise
do pedido. É provável que os setores de compras ou de
licitações venham a ter dúvidas em relação a aspectos do
projeto. Isso exigirá permanente diálogo entre as unidades
envolvidas. Por mais que se tenha detalhado o projeto bási-
co, sem deixar dúvidas, não se deve em momento algum dar
o trabalho por concluído. O interessado deve auxiliar per-
manentemente no desenvolvimento das atividades das equi-
pes de licitação e compras, até que esteja finalizado a con-
tento o serviço ou a obra.

Desenvolvimento do projeto básico


Para o bom desenvolvimento do projeto básico, deve o
seu elaborador:
1) ter visão global do objeto a ser licitado
O objeto da licitação deve ser amplamente conhecido pelo
projetista, para que seja possível a ele identificar os elemen-
tos que deverão constituir o projeto básico. Começa-se pela
necessidade e o objetivo que se pretende atingir.

Atos administrativos 125


– A necessidade irá permitir delinear o objeto e funda-
mentar a justificativa.
– O objetivo a ser atingido ajudará na especificação do
objeto.

2) informações técnicas e especializadas


De acordo com o projeto, e caso não se disponha de infor-
mações técnicas e especializadas sobre o serviço ou obra, deve-
se solicitá-las de outras unidades e fazer pesquisas sobre o
assunto. A internet é fundamental para a obtenção de infor-
mações atuais sobre as diversas áreas do conhecimento e da
técnica humanos. Deve-se sem dúvida recorrer a ela para
aperfeiçoar o projeto.
O projetista cuidará de assegurar, com as informações
de que dispõe, o melhor resultado possível à execução da
obra ou do serviço. O detalhamento do projeto e a suficiên-
cia das informações farão com que não haja problemas em
qualquer das fases da contratação ou da execução.
3) execução da obra ou do serviço
O modo de execução da obra ou do serviço deve estar
na mente do projetista. Ele deve estar ciente de que não bas-
ta dizer o que se quer. Todas as etapas de execução da obra
ou do serviço devem ser cuidadosamente planejadas. Du-
rante esse planejamento é que serão decerto identificadas
muitas das necessidades a serem contempladas no projeto
básico.
É fundamental para a elaboração de um projeto básico
que se lance mão da imaginação e da criatividade. Imaginar
e criar mentalmente todas as fases do projeto e todos os
recursos necessários para a execução da obra ou do serviço
evita omissões ou impropriedades.

126 Rey Vinas


A melhor maneira de antecipar-se às variáveis que pode-
rão interferir no projeto é colocar-se no lugar: 1) de quem
vai usufruir do serviço ou do material; 2) da pessoa que irá
analisar o projeto; 3) da empresa ou da pessoa física que irá
oferecer as propostas.

4) planilha de custo
Deve-se ainda apresentar uma planilha do custo estima-
do para a obra ou o serviço, para subsidiar a tomada de
decisão da autoridade administrativa.

5) disponibilidade orçamentária
No caso de a unidade solicitante gerenciar algum progra-
ma orçamentário e caso a despesa conste do orçamento,
deve-se fazer essa observação e informar o saldo orçamen-
tário. Caso contrário, essa informação deverá ser prestada
pela Secretaria de Orçamento ou Secretaria de Administra-
ção – conforme a situação de cada órgão.
Finalizando, deve-se esclarecer o motivo da ausência de
um modelo de projeto básico neste trabalho.
Consideramos que a apresentação de um padrão de pro-
jeto traria mais desvantagens que benefícios à organização,
pois poderia redundar numa espécie de “engessamento” de
forma para o projetista.
Atende mais às variadas e variáveis exigências de especifi-
cação dos tipos de obra ou serviço que podem vir a ser con-
tratados pela Administração uma forma aberta, que dê mar-
gens à criatividade do projetista, a fim de que ele conceba o
projeto que mais adequadamente atenda à necessária especifi-
cação e aos contornos do serviço ou obra demandados.

Atos administrativos 127


Projeto executivo

O projeto executivo (PE) é exigido pela Lei n.º 8.666/93


para a execução de obras licitadas pela administração públi-
ca. Pressupõe a existência de um anteprojeto ou projeto básico, a
partir do qual são detalhadas as fases e a forma de execução
da obra (apesar de a exigência de elaboração de projeto exe-
cutivo restringir-se à execução de obras, pode ser ele pro-
duzido para a execução de serviços de relativa complexida-
de ou cuja realização exija um maior nível de detalhamento;
o projeto executivo, aliás, é um instrumento eficiente de pla-
nejamento de execução de atividades).
Neste livro, tomaremos como exemplo um projeto exe-
cutivo de arquitetura, que pode ser adaptado para a execu-
ção de serviços.
Para esse tipo de PE são geralmente utilizados os seguin-
tes instrumentos e informações:
a) anteprojetos ou projetos básicos de arquitetura e/ou
engenharia;
b) anteprojetos ou projetos básicos produzidos por ou-
tras áreas técnicas necessários à execução da obra;
c) informações de outra natureza consideradas relevan-
tes para a execução do projeto.
Entre os documentos técnicos apresentados para a ela-
boração do projeto executivo de arquitetura constam:

Atos oficiais 129


a) desenhos:
– planta geral de implantação;
– planta de terraplenagem;
– cortes de terraplenagem;
– plantas das coberturas;
– cortes (longitudinais e transversais);
– elevações (frontais, posteriores e laterais);
– plantas, cortes e elevações de ambientes especiais (ba-
nheiros, cozinhas, lavatórios, oficinas e lavanderias);
– detalhes (plantas, cortes, elevações e perspectivas) de
elementos da edificação e de seus componentes construti-
vos (portas, janelas, bancadas, grades, forros, beirais, para-
peitos, pisos, revestimentos e seus encontros, impermeabili-
zações e proteções);
b) textos:
– memorial descritivo da edificação;
– memorial descritivo dos elementos da edificação, das
instalações prediais (aspectos arquitetônicos), dos compo-
nentes construtivos e dos materiais de construção;
– memorial quantitativo dos componentes construtivos
e dos materiais de construção;
c) perspectivas (opcionais) (interiores ou exteriores, par-
ciais ou gerais);
d) maquetes (opcionais) (interior e exterior);
e) fotografias, diapositivos, microfilmes e montagens
(opcionais);
f) recursos audiovisuais (opcionais) (filmes, fitas de vídeo
e disquetes).

130 Rey Vinas


Roteiro
Neste roteiro para a elaboração do projeto executivo,
os itens foram desenvolvidos em linhas gerais, tendo em
vista que a natureza de cada obra (ou serviço) certamente
irá impor os níveis de detalhamento necessários ao
projeto.
O projeto executivo pode ser elaborado com a seguinte
estrutura:

Apresentação
Em que se discorre sobre o projeto nos seus aspectos
gerais. Diz da finalidade e da utilidade da obra e das expec-
tativas em torno da execução do projeto.

Justificativa
Fundamenta a necessidade de realização da obra.

Objetivos
Nos objetivos, afirma-se o que se pretende alcançar com
a obra, em âmbito geral e específico.

Objetivo geral
O objetivo geral diz do que se pretende atingir ao fi-
nal da execução do projeto.

Objetivos específicos
Os objetivos específicos constituem o que se espe-
ra alcançar em cada parte da execução do projeto.
Da consecução de cada um deles resulta a obra rea-
lizada.

Atos administrativos 131


Procedimentos metodológicos
Esta parte do projeto detalha os procedimentos a ser-
rem adotados na execução da obra. Os procedimentos me-
todológicos dividem-se em subpartes, dentre as quais se
destacam: levantamentos de toda ordem (ambientais,
situacionais, orçamentários, etc.); diagnósticos (que consistem
na descrição detalhada de dados e informações que possam
contribuir para a boa condução do projeto); e recomendações
(conjunto de informações que devem ser levadas em consi-
deração na execução do projeto). As principais recomenda-
ções devem estar em consonância com os problemas
identificados nos diagnósticos e observar as condições limi-
tadoras da execução do projeto.

Matriz operacional
A matriz operacional é o conjunto de dados, que po-
dem ser apresentados em gráficos, que apontam, se possí-
vel em ordem cronológica ou seqüencial, as atividades a
serem realizadas, os prazos de execução, os responsáveis
pelo desenvolvimento dos trabalhos e os equipamentos ou
instrumentos necessários para a viabilização dos serviços,
entre outras informações que possibilitem o monitoramento
das ações.

Orçamento
Todas as ações a serem desenvolvidas devem ser orça-
das, com a discriminação das despesas por atividade. As
despesas que podem ser assumidas em âmbito interno e as
que demandem negociações externas (recursos estaduais,
federais e internacionais, entre outros) devem ser discrimi-
nadas em separado.

132 Rey Vinas


Metas de resultado
As metas são estabelecidas tendo como parâmetros ou
indicadores as situações apontadas nos diagnósticos.

Monitoramento
O monitoramento destina-se ao acompanhamento das
metas parciais e de resultado. A periodicidade do monito-
ramento é determinada de acordo com critérios técnicos
estabelecidos pela instituição responsável pelo projeto e vi-
sam a assegurar o exato cumprimento dos cronogramas e a
detectar oportunidades de melhoria na condução das tarefas.

Atos administrativos 133


Redação de e-mail

As transformações na administração pública vêm colocan-


do sob questionamento a estrutura da redação oficial, mesmo
aquela que se vale de princípios mais modernos de escrita. Há
mais ou menos uma década superou-se a idéia de conteúdos
prolixos ou laudatórios e se propugnou que a correspondência
oficial deveria ser direta, simples, enxuta. Esses princípios con-
tinuam válidos, mas já se exigem outros avanços.
O uso massivo da internet e dos e-mails passou a impulsio-
nar, para além disso, que a redação oficial seja de comunica-
ção ainda mais rápida, com parágrafos mais curtos, de no
máximo quatro linhas. Ao mesmo tempo, a forma dos do-
cumentos oficiais deverá passar por uma violenta transfor-
mação nos próximos cinco anos. Muito provavelmente apro-
ximar-se-á da forma norte-americana de redação comercial
e institucional: textos breves, muito breves, curtos, muito
curtos, alinhados inteiramente à esquerda, para facilitar a le-
gibilidade da escrita, para “descomplicar” o processo.
Além disso, encontra-se em franca expansão nas institui-
ções públicas e privadas a adoção de sistemas de Gerencia-
mento Eletrônico de Documentos e de Workflow, que em
muito pouco tempo tornarão toda documentação produzida
em papel coisa do passado.

Atos oficiais 135


Os tempos que estão por vir, num futuro quase à porta,
apontam para uma comunicação quase que exclusivamente
virtual dentro das organizações. Tudo o que hoje é feito no
suporte papel e puder ser eliminado o será. E aí inclui-se
quase toda a correspondência oficial.
A tendência dos processos, mesmo os judiciais, é que se
tornem arquivos eletrônicos. E para isso há uma legião de
especialistas estudando como atribuir a máxima confiabili-
dade à documentação virtual. Chegar a isso é só uma ques-
tão de tempo. Portanto, é bom ir-se preparando para uma
nova realidade, em que a quase totalidade da correspondên-
cia oficial circulará pela internet.
Essa nova documentação precisará ser estruturada de um
modo sensivelmente diferente. E um novo tipo de texto deve
ser gestado para atender às características da documentação
virtual. Antecipo que muitas das qualidades da redação ofi-
cial da atualidade será carreada para o novo modelo, mas
em alguns aspectos será ela bastante diferente. E nessa nova
realidade será imperiosa (isso já está começando a aconte-
cer) a comunicação via e-mail.

Sem burocracia

Um número cada vez maior de instituições públicas e


privadas vem utilizando o correio eletrônico (e-mail) para
comunicar-se mais agilmente e sem burocracia. Nessas insti-
tuições, grande parte da correspondência interna e mesmo
algumas das comunicações externas podem ser substituídas
por mensagens enviadas por correio eletrônico.
Pode-se optar por uma mensagem informal, em tom de
conversa, ou por uma correspondência formal. Isso irá de-
pender da natureza do assunto. E a escolha deve ser ditada

136 Rey Vinas


pelo bom senso: uma mensagem de e-mail enviada ao dire-
tor de uma empresa vencedora de processo licitatório não
pode apresentar a sem-cerimônia com que se fala a um ami-
go de longa data.

Discernimento

O correio eletrônico (e-mail), contudo, deve ser usado com


discernimento. É possível utilizá-lo na comunicação entre
os servidores da organização em seus diversos níveis; entre
membros da organização e o cidadão; e entre a instituição e
os demais órgãos da administração.
Mais rápido que uma carta e mais eficiente que o telefone
no que se refere a informações complexas, o e-mail, contu-
do, pode não ser a melhor forma de comunicação. Deve-se
sempre partir da premissa de que ele não substitui uma con-
versa vis a vis, uma reunião, uma correspondência comum.
Por isso, antes de enviar um e-mail, pergunte-se se esta é a
melhor maneira de transmitir sua mensagem.
Assuntos pessoais e corporativos: distinção

Para não misturar assuntos pessoais com assuntos da ins-


tituição é preciso fazer distinção entre eles e, sobretudo, clas-
sificar as mensagens pessoais como não prioritárias, no mo-
mento da transmissão. Podem também ser criadas pastas
específicas separando as mensagens da repartição daquelas
que são pessoais.
Ao encaminhar uma mensagem da organização por e-mail,
é conveniente destacar que se trata de uma comunicação ins-
titucional.
Na correspondência tradicional, o caráter institucional da
comunicação é evidenciado pelo timbre, nome e/ou marca

Atos administrativos 137


da organização impressos no papel da empresa. No caso do
correio eletrônico, não há marca/timbre que identifique a
instituição. Tudo o que se tem são os campos: Para, Cc (com
cópia), Cco (com cópia oculta), Assunto e o campo destinado
à mensagem em si. Contudo, pode-se fazer com que o desti-
natário perceba que se trata de uma mensagem institucional.
Especifique, de imediato, no campo destinado à mensagem,
a condição do emissor e a do receptor. Ex.:
Da: Diretoria-Geral da Câmara dos Deputados;
Para: Diretor de Redação do Correio Braziliense.
Dê então início à mensagem.
Muitas instituições incluem no fim das mensagens envia-
das para fora da organização um aviso ou uma nota jurídica
como a que segue:
“Esta transmissão de e-mail é confidencial e dirigida so-
mente à pessoa ou à organização a quem está endereçada.
Suas informações são privilegiadas e confidenciais. Se você
não é o destinatário, não deve copiá-la, distribuí-la ou dela
se utilizar para qualquer fim. Caso tenha recebido este e-mail
por engano, favor apagá-lo.
Adiantamos que um sistema antivírus instalado em nos-
sos microcomputadores verifica se estão incólumes os ar-
quivos enviados através de nossos sistemas de e-mail”.

Estrutura do e-mail

O modo como um e-mail é estruturado pode melhorar a


legibilidade e o impacto do texto. Mensagens curtas podem
conter uma única palavra (“aprovo”, “concordo”). Mensa-
gens longas, porém, exigem muitos parágrafos e, neste caso,
deverá apresentar, como em toda boa comunicação, introdu-
ção, desenvolvimento e conclusão.

138 Rey Vinas


Utilize linhas em branco entre a saudação, os parágrafos
e a assinatura. Utilize também caixa-alta e caixa-baixa; ou
seja, não escreva textos só em maiúsculas ou só em minús-
culas.
Letras maiúsculas podem parecer agressivas e letras mi-
núsculas podem dar a impressão de que o emissor estava
apressado ou com preguiça.

Símbolos

Tome cuidado ao utilizar caracteres de controle ou sím-


bolos, pois eles podem aparecer de maneira diferente no
sistema do destinatário. Se o formato do documento é im-
portante, é recomendável enviá-lo a partir de um texto pro-
cessado em Word anexado à mensagem.
Outras recomendações

1. Não divulgue informações confidenciais. Informações


sobre a instituição, seus funcionários, o trabalho que está
sendo feito, planos futuros e idéias são a priori confidenciais.
Mesmo informações enviadas internamente podem ser con-
fidenciais, tais como dados pessoais de um funcionário. Você
pode estar divulgando-as por engano e enviando-as a pes-
soas erradas.
2. Os endereços de correio eletrônico são geralmente uma
sucessão de letras e números, que pode em alguns casos ser
complexa. E não podem conter erros! Se o endereço não
estiver correto, o destinatário não receberá a mensagem ou,
talvez pior, a mensagem será enviada para outra pessoa.
Verifique sempre se o endereço eletrônico está correto.
3. É fácil selecionar os endereços de uma listagem, especial-
mente se o usuário estiver enviando mais de uma mensagem

Atos administrativos 139


para o mesmo destinatário. Entretanto, se você selecionar
um destinatário de uma lista, verifique se está escolhendo a
pessoa certa.
4. O sistema de correio eletrônico permite a criação de
listas de distribuição por grupos de pessoas. Por exemplo:
“Equipe de Revisão” ou “Auditores”. Essas listas são úteis
quando se enviam mensagens regularmente para um mesmo
grupo de pessoas.
5. Se seu destinatário não tiver nenhuma vantagem em rece-
ber sua mensagem, não a envie, mesmo se não houver custo.
Você pode estar desperdiçando tempo, assim como também
pode perder tempo localizando ou abrindo e-mails sem utilidade
que lhe foram enviados, além de ocupar a caixa de e-mail do
destinatário com mensagens que não interessam a ele.
6. Se estiver respondendo a uma mensagem que foi envia-
da a mais de uma pessoa, mande sua resposta para todo o
grupo somente se for necessário. Caso contrário, responda
somente ao emissor.
7. Deve-se ter cuidado no preenchimento do campo As-
sunto. Uma indicação clara do que está sendo tratado no e-mail
ajuda na recepção da mensagem; uma linha de assunto confu-
sa dificulta o acesso. Lembre-se de que sua mensagem pode
ser a única que você está enviando, mas pode não ser a única
na caixa de entrada do destinatário.
Não presuma que o destinatário conheça do que trata a
mensagem. Uma linha de assunto que contenha somente a
palavra “Informação” será inútil, pois não indica se o emissor
está solicitando ou pedindo informação, nem que tipo de in-
formação pretende. É recomendável especificar claramente
o conteúdo: “Solicitação de lista de preços de produtos”;
“Servidores treinados em língua portuguesa”.

140 Rey Vinas


8. A informalidade dos e-mails leva muitas vezes o emis-
sor a omitir a saudação nas mensagens, uma vez que elas
chegam diretamente ao receptor. Contudo, uma saudação
como “Senhor Secretário” ou “Cara Elisabete” pode con-
firmar ao destinatário que a mensagem realmente é
encaminhada a ele. Além disso, é uma introdução cordial
similar a “Oi” ou a “Olá”, que inicia uma conversa ou uma
ligação telefônica. Inclua uma saudação.
9. Não inclua informações desnecessárias. Nada justifica
no mundo de hoje a inclusão de palavras ou frases irrelevan-
tes nas comunicações.
Alguns sistemas anexam à resposta dada a um e-mail todo
o histórico das mensagens trocadas. Entretanto, quase sem-
pre esse histórico é desnecessário e só aumenta o tamanho
da mensagem. Além disso, retransmitir o conteúdo recebi-
do anteriormente pode ser inadequado. Evite isso.
10. Os computadores permitem “copiar e colar” textos
entre diferentes aplicativos. Isto pode ser útil quando se está
escrevendo uma mensagem que inclui informação precisa
como, por exemplo: o conteúdo de relatórios, palavras com-
plexas ou em outro idioma, combinações de letras, núme-
ros extensos; endereços de e-mail, etc
11. Certos textos ou documentos podem ter direitos pro-
tegidos. Neste caso, deve-se pedir permissão para copiá-los,
mesmo que a informação seja veiculada apenas dentro da
instituição.
12. Conclua sua mensagem simplesmente com Atenciosa-
mente ou Respeitosamente ou Saudações.
13. Inclua uma assinatura na mensagem. Ela poderá apre-
sentar sua titularidade, seu cargo, seu número de telefone e
o endereço do site da instituição, entre outros detalhes.

Atos administrativos 141


Entretanto, mantenha essa assinatura curta, digamos com,
no máximo, quatro linhas.
14. Use a janela de endereços para arquivar e selecionar
os endereços de e-mail. Mantenha seus endereços com o
mesmo critério com que guarda outras informações impor-
tantes arquivadas.
15. Estruture e formate a mensagem de maneira que seja
fácil acompanhar-lhe as idéias.
16. Um e-mail tende a ter um tom coloquial, mas em al-
guns casos pode parecer casual em excesso ou escrito às
pressas. Evite chegar a esse ponto nas comunicações de ser-
viço. Lembre-se de que uma mensagem de e-mail deve apre-
sentar somente informações indispensáveis e ser escrita em
linguagem simples, sem expressões difíceis e sem jargões
desnecessários, mas não pode se tornar desleixada ou gros-
seira.
17. Planeje a informação. O planejamento pode ser útil
mesmo para mensagens curtas. Para mensagens longas, faça
um resumo breve dos pontos importantes. Assim, a mensa-
gem apresentará uma seqüência lógica. Pergunte-se ao pla-
nejar:
• para quem está sendo enviada a mensagem e qual o seu
objetivo?
• qual o retorno esperado?
• estou informando, persuadindo ou solicitando?
Algumas das informações deste tópico costumam ser clas-
sificadas pelos navegadores da rede mundial como “neti-
quetas”, numa alusão bem-humorada à necessidade de lan-
çar mão de uma certa “etiqueta na Internet”, sobretudo quan-
to ao uso do correio eletrônico. Vale a pena seguir muitas
delas e adequá-las ao uso do e-mail na instituição.

142 Rey Vinas


Expressões & vocábulos
latinos nos atos oficiais
A

a fortiori Com mais razão. Locução que se emprega para


concluir do menos para o mais evidente: se tenho de amar
o inimigo, a fortiori amarei o meu amigo.
a latere De lado, ao lado; perto de; argumentação não ligada
necessariamente ao fato principal, mas que se acrescenta
em reforço.
a non domino Por parte de quem não é dono. Diz-se da
transferência de bens móveis ou imóveis, por quem não
é o legítimo dono.
a posteriori A partir do que vem depois. Para depois; que vem
depois.
a priori A partir do que vem antes. Prova fundada unicamente
na razão, sem fundamento na experiência. Raciocínio pré-
vio; conhecimento, afirmação, verdade... anterior à expe-
riência. Opõe-se a a posteriori.
a quo Da parte de cá. 1 Na ignorância; sem entender, sem
saber. 2 Dir Diz-se do dia a partir do qual se começa a
contar um prazo. 3 Dir Diz-se do juiz de um tribunal de
cuja decisão se recorre: juiz a quo (opõe-se, neste caso,
a ad quem, juiz, ou tribunal, para o qual se recorre). 4 Lóg
Diz-se do termo ou princípio sobre que se fundamenta
uma conclusão.
a ratione Pela razão. Pela imaginação, por conjetura, por
hipótese; sem fundamento nos fatos reais.
a remotis À parte; em particular, em afastamento.
a rogo A pedido de.
ab hoc et ab hac Disto e desta. Discorrer alguém sobre o que
não entende.
ab incunabulis Desde o berço. Desde o princípio; desde a
origem.
ab initio Desde o começo.
ab intestato Sem deixar testamento. Diz-se da sucessão sem
testamento, ou dos herdeiros que dela se beneficiam.

Atos administrativos 143


ab origine Desde a origem; desde o princípio.
ab ovo Desde o ovo; desde o começo.
ab uno disce omnes Por um se conhece a todos. Pelas
qualidades de um indivíduo podem ser avaliadas as
qualidades de um povo.
abdicatio hereditatis Renúncia à herança.
aberratio delicti Desvio do delito. Erro por parte do criminoso
quanto à pessoa da vítima.
aberratio ictus Desvio do golpe. Dá-se quando o delinqüente
atinge, por imperícia, pessoa diversa da que visava. Erro
ou acidente, na execução do delito, que leva o criminoso a
atingir pessoa diversa daquela a quem pretendia ofender.
absens Ausente.
absente reo Ausente o réu ou na ausência do réu.
abusus non tollit usum O abuso não impede o uso. Princípio
segundo o qual se pode usar de uma coisa boa em si,
mesmo quando outros usam dela abusivamente.
accipiens O que recebe. Pessoa que recebe um pagamento;
recebedor.
actio ad exhibendum Ação exibitória.
actio in personam Ação contra a pessoa.
actio judicati Ação do julgado.
actiones poenales Ações penais.
actor et reus idem esse non possunt Autor e réu não podem
ser os mesmos.
ad arbitrium Arbitrariamente, conforme o arbítrio.
ad argumentandum tantum Somente para argumentar.
Concessão feita ao adversário, a fim de refutá-lo com mais
segurança.
ad augusta per angusta Às coisas excelentes pelos caminhos
estreitos. Não se vence na vida sem lutas.
ad causam Por causa, para a causa.
ad cautelam Por precaução. Por cautela. Diz-se do ato prati-
cado a fim de prevenir algum inconveniente ou de medida
que se toma por simples precaução.
ad corpus Por corpo. Diz-se da venda de imóvel na qual se
ajusta o preço do todo, sem especificar a medida da área.
Opõe-se à venda ad mensuram.
ad diem Até o dia. Prazo último para o cumprimento de uma
obrigação Dia em que se extingue um prazo.

144 Rey Vinas


ad duo A duas vozes ou a dois instrumentos, expressão usada
em música ou canto: Foi uma peça executada ad duo.
ad exemplum Para exemplo: A prisão foi efetuada ad exemplum
dos demais.
ad extra Por fora, exteriormente: Porque dedicou-se, ad extra
recebeu mais.
ad extremum Até o fim, até o cabo, até ao extremo: Apesar
do sofrimento, empenhou-se no trabalho ad extremum.
ad finem Até o fim.
ad hoc Para isso. A propósito. Para este fim. Diz-se de pessoa
ou coisa preparada para determinada missão ou circuns-
tância: secretário ad hoc, tribuna ad hoc.
ad hominem Para o homem. Sistema de argumentação que
contraria o adversário usando de suas próprias palavras
ou citando o seu modo de proceder.
ad honores Para as honras, como título de glória. Foi nomeado
ad honores, isto é, para um cargo ou função meramente
honorífico. Honoris causa.
ad instar À semelhança; à maneira de.
ad interim Provisoriamente, de modo passageiro,
interinamente: Ad interim trabalhava com o pai.
ad intra Por dentro, interiormente: Apenas cumprimentou-a,
embora ad intra desejasse abraçá-la.
ad judicem dicere Falar ao juiz.
ad judicia Para os juízos. Diz-se do mandato judicial outorgado
ao advogado pelo mandante.
ad libitum À vontade, a bel-prazer, livremente.
ad litem Para o litígio. Relativo ao processo em causa.
ad litteram Conforme a letra; ao pé da letra; literalmente.
ad mensuram Conforme a medida. Venda estipulada de acordo
com o peso ou a medida.
ad modum Conforme a maneira, o uso: A diplomação do
presidente deu-se ad modum.
ad negotia Para os negócios. Refere-se ao mandato outorgado
para fins de negócio.
ad nutum Segundo a vontade de; ao arbítrio de. Diz-se do ato
que pode ser revogado pela só vontade de uma das
partes; refere-se também à demissibilidade do funcionário
que ocupa cargo de confiança.
ad processum Para o processo.

Atos administrativos 145


ad quem Para quem. 1 Dir Diz-se do juiz ou tribunal a que se
recorre de sentença ou despacho de juiz inferior; juiz ou
tribunal para o qual segue o recurso. 2 Dia marcado para
a execução de uma obrigação.
ad referendum Para ser referendado; para referir; para
submeter à apreciação de, sob condição de consulta aos
interessados e aprovação deles. 1 Dir Diz-se do ato que
depende de aprovação ou ratificação da autoridade ou
poder competente. 3 Dipl Diz-se da negociação do agente
diplomático, sujeita à aprovação de seu governo.
ad rem À coisa; ao assunto. 1 Dir Diz-se do direito ligado à
coisa. 2 Log Argumento que atinge o âmago da questão;
opõe-se ao argumento ad hominem.
ad retro Para trás. Diz-se do pacto em que o vendedor tem o
direito de reaver a coisa vendida, mediante a restituição
do preço e despesas acessórias, dentro de prazo
determinado.
ad solemnitatem Para a solenidade. Diz-se do requisito da lei
necessário para a forma essencial ou intrínseca do ato e
sua validade, e não somente para a sua prova.
ad substantiam actus Para a substância do ato. Diz-se do
instrumento público, quando exigido como formalidade
solene.
ad usum Para o uso; conforme o uso. Ad usum dos
interessados.
ad valorem Segundo o valor. Diz-se da tributação feita de
acordo com o valor da mercadoria importada ou
exportada, e não, conforme o seu peso, volume, espécie
ou quantidade.
adhuc sub judice lis est O processo ainda se acha em poder
do juiz. A questão não foi definitivamente dirimida (refere-
se a litígio ainda não julgado em última instância).
aequo animo Com ânimo igual; com serenidade e constância.
age quod agis Faze o que fazes. Presta atenção no que fazes;
concentra-te no teu trabalho.
agenda Que deve ser feito.
alibi Em outro lugar. Meio de defesa pelo qual o acusado alega
e prova que, no momento do delito, se encontrava em
lugar diverso daquele onde o fato delituoso se verificou.
aliena gratia Em favor de terceiro, de outrem.
alieni juris De direito de terceiro.

146 Rey Vinas


animus abandonandi Intenção de abandonar.
animus abutendi Intenção de abusar.
animus calumniandi Intenção de caluniar.
animus celandi Intenção de ocultar.
animus decipiendi Intenção de enganar.
animus donandi Intenção de doar.
animus laedendi Intenção de prejudicar.
animus manendi Intenção de permanecer, de fixar-se.
animus narrandi Intenção de narrar.
animus nocendi Intenção de prejudicar, de causar dano.
ante litem Antes do litígio. Antes de proposta a ação ou como
ato preparatório para ela.
ante tempus Antes do tempo (o mesmo que ante diem).
aperto libro De livro aberto. Em qualquer parte aberta do livro.
apud acta Junto aos autos. Procuração apud acta: a que o réu
outorga ao defensor mediante indicação verbal feita ao
juiz do processo.
apud Junto a; em. Usada em bibliografia para indicação de
fonte compulsada, nas citações indiretas.
auctori incumbit onus probandi Ao autor cabe o trabalho de
provar. Quem acusa que prove.
audiatur et altera pars Que a outra parte seja também ouvida.
Para haver imparcialidade e justiça no julgamento, deve-
se ouvir a defesa depois da acusação.

benefii causa Pelo benefício, por causa do benefício.


bis de eadem re non sit actio Não haja dupla ação sobre a
mesma coisa. v. litispendência.
bis repetita placent As coisas repetidas agradam. Horácio
refere-se ao emprego de figuras literárias repetidas
quando bem aplicadas.
bona fide De boa fé: Enganar-se, proceder bona fide.
breve faciam Serei breve (na exposição).
breves poenae Pena leve, castigo insignificante.
breviter Brevemente.

Atos administrativos 147


C

caetera desiderantur Faltam outras coisas. Deseja-se o


restante.
calumniam adhibere Usar a calúnia.
capitis diminutio Diminuição de capacidade. Empregada para
designar a perda da autoridade.
caput Cabeça. Utiliza-se quando se pretende destacar a parte
superior de um artigo que possui incisos e/ou parágrafos.
Causa cognita Causa conhecida.
causa debendi Causa da dívida. Base de um compromisso ou
obrigação.
causa mortis A causa da morte. 1 Diz-se da causa
determinante da morte de alguém. 2 Imposto pago sobre
a importância líquida da herança ou legado.
causa obligationis Causa da obrigação. Fundamento jurídico
de uma obrigação.
causa petendi A causa de pedir. Fato que serve para
fundamentar uma ação.
causa possessionis Causa da posse. Fundamento jurídico da
posse.
causa traditionis Causa da entrega. Razão da tradição das
coisas entre os interessados.
causa turpis Causa torpe. Causa obrigacional ilícita ou
desonesta.
circa merita A respeito dos méritos.
citra petita Aquém do pedido. Diz-se do julgamento incompleto,
que não resolve todas as questões da lide.
concedo Concedo, estou de acordo. Palavra usada em Lógica:
Ele é desonesto, concedo, mas hábil político.
concessa venia Com a devida licença. O mesmo que data venia.
conditio Condição entre duas pessoas; pacto.
conditio juris Condição de direito. Condição, circunstância ou
formalidade indispensável para a validade de um ato
jurídico.
conditio sine qua non Condição sem a qual não. Expressão
empregada pelos teólogos para indicar circunstâncias
absolutamente indispensáveis à validade ou existência
de um sacramento, p. ex., a vontade expressa dos noivos
para a validade do matrimônio.

148 Rey Vinas


confer Compara ou confere, palavra que comumente se
abrevia Cf.
conscientia fraudis Consciência da fraude.
conscientia sceleris Consciência do crime.
consensus omnium Assentimento de todos; opinião
generalizada.
contradictio in adjecto Contradição; incoerência.
conventio est lex Ajuste é lei, o que foi tratado deve ser
cumprido: Cumprirei a cláusula, pois conventio est lex.
coram lege Perante a lei.
corpus alienum Coisa estranha que não é objeto da lide.
corpus delicti Dir Corpo de delito. 1 Objeto, instrumento ou
sinal que prove a existência do delito. 2 Ato judicial feito
pelas autoridades a fim de provar a existência de um crime
e descobrir os responsáveis por ele.
corpus juris civilis Corpo do Direito Civil. Denominação dada
por Dionísio Godofredo ao conjunto das obras do Direito
Romano formado pelas Institutas, Pandectas, Novellas e
Código, organizado por ordem do imperador Justiniano.
cui prodest? Dir A quem aproveita? Os criminalistas colocam
entre os prováveis criminosos as pessoas a quem o delito
podia beneficiar.
cuilibet in arte sua perito est credendum Deve-se dar crédito
a quem é perito em sua arte. Ouvir os especialistas na
matéria.
cuique suum A cada um o que é seu. Aforismo do Direito
Romano e da justiça distributiva em que se baseia a
propriedade privada.
cum laude Com louvor. Graduação de aprovação, em algumas
universidades equivalente a bom.
cum re presente deliberare Deliberar com a coisa presente.
De acordo com as circunstâncias.
currente calamo Ao correr da pena. Escrever currente calamo:
escrever com rapidez, sem se preocupar com o estilo.
curriculum vitae Percurso da vida. Conjunto de dados que
abrangem o estado civil, instrução, preparo profissional e
cargos anteriormente ocupados, por quem se candidata
a emprego.
custodia libera Prisão livre.

Atos administrativos 149


D

damnatio Condenação judicial.


damnum infectum Dano temido.
dat veniam corvis, vexat censura columbas Perdoa os corvos
e mortifica pela censura as pombas. Sátira II de Juvenal
que condena a injustiça.
data venia/data maxima venia Com a devida licença.
Expressão respeitosa com que se principia uma
argumentação ou opinião divergente da de outrem e se
pede ao interlocutor permissão para discordar de seu
ponto de vista. Usada em linguagem forense e em citações
indiretas. O mesmo que concessa venia ou permissa venia.
de auditu Por ouvir dizer. Saber por ouvir; de oitiva.
de cedere de jure suo Ceder do seu direito.
de cujus O falecido. Geralmente essa expressão é empregada
para referir-se à pessoa cujos bens são inventariados.
de facto De fato. Diz-se das circunstâncias ou provas materiais
que têm existência objetiva ou real. Opõe-se a de jure.
de judiciis Dos juízos.
de jure constituendo Do direito de constituir. Diz-se de
matérias ou situações jurídicas não previstas nas leis
vigentes, mas que poderão ou deverão, no futuro, tornar-
se normas do direito objetivo.
de jure De direito; quanto ao direito. Opõe-se a de facto.
de jure et de facto De direito e de fato.
de lege condenda Da lei a ser criada; o mesmo que de lege
ferenda.
de lege ferenda Da lei a ser criada.
de lege lata Da lei já criada, estabelecida, em vigor.
de minimis non curat praetor O pretor não cuida de coisas
pequenas. Cita-se para significar que pessoas de certa
categoria não podem preocupar-se com pequenos
detalhes.
de more Quanto ao costume.
de plano Calculadamente; premeditadamente.
de verbo ad verbum Palavra por palavra. Literalmente. Aplica-
se às transcrições de escrituras e outros documentos.
de visu De vista. Diz-se da pessoa que presenciou o fato,
chamada, por isso, testemunha de visu.

150 Rey Vinas


de visu et auditu De vista e ouvido. Testemunha ao mesmo
tempo ocular e auricular.
decisum A sentença; o decidido.
deferre reum criminis Levar o réu a juízo.
deficere a se ipso Contradizer-se.
desiderandum Que se deve desejar. Pl: desideranda.
desideratum O que se deseja. Pl: desiderata.
dies a quo Dia do começo, primeiro dia do prazo.
dies ad quem Termo final do prazo.
dies venit O dia vem. Dia do vencimento.
dominus litis Dono da lide; titular do direito de ação.
dura lex sed lex A lei é dura, mas é a lei. Apesar de exigir
sacrifícios, a lei deve ser cumprida.

editio princeps Edição principal. Expressão empregada para


designar a primeira edição de uma obra.
erga omnes Para com todos. Diz-se de ato, lei ou dispositivo
que obriga a todos.
error in judicando Erro ao julgar.
error in objecto Erro quanto ao objeto. V aberratio ictus.
error in persona Erro quanto à pessoa. V aberratio delicti.
error in procedendo Erro no proceder.
error juris Erro de direito.
esto brevis et placebis Sê breve e agradarás. Conselho
escolástico aplicado à eloqüência.
et caetera E outras coisas. Expressão que se coloca
abreviadamente (etc.) no fim de uma enumeração que se
poderia alongar.
et reliqua E o restante. O mesmo que et caetera.
ex abrupto De repente, subitamente, sem preparação,
inopinadamente.
ex abundantia Com abundância, em grande quantidade.
ex adverso Do lado contrário. Refere-se ao advogado da parte
contrária.
ex aequo Segundo a eqüidade.
ex animo dicere Dizer com sinceridade.

Atos administrativos 151


ex auctoritate legis Pela força da lei.
ex auctoritate propria Pela sua própria autoridade; sem
delegação.
ex cathedra Da cadeira. (Cadeira de São Pedro, símbolo da
autoridade do papa. Quando o papa fala ex cathedra ensina
como chefe da Igreja e continuador da missão apostólica.
Por extensão: exprimir-se dogmaticamente, sem admitir
objeções aos seus conceitos).
ex causa Pela causa. Diz-se das custas pagas pela parte que
requer ou promove certo ato incontrovertível que somente
a ela interessa ou aproveita.
ex expositis Do que ficou exposto: Portanto, ex expositis, nada
lhe resta.
ex improviso De improviso.
ex informata conscientia Sem ouvir o réu ou acusado ou o
condenado. Literalmente significa: com a consciência
informada, isto é, já com julgamento de antemão formado:
Condenar alguém ex informata conscientia.
ex itinere Do caminho.
ex lege De lei, segundo a lei. Foi nomeado ex lege.
ex libris Dos livros de. Fórmula que antecede o nome da
pessoa ou entidade a que pertence o livro com essa
inscrição.
ex nihilo nihil Do nada, nada. Coisa alguma pode ser criada
do nada. Aforismo tirado de um verso de Pérsio, erigido
em princípio filosófico por Lucrécio e outros epicuristas.
ex nunc De agora em diante; sem efeito retroativo. Ex officio
Por dever do ofício. Ato praticado pelo juiz sem provocação
das partes.
ex officio judicis Por ofício do juiz.
ex officio Por obrigação, por dever do cargo. Dir Diz-se do ato
realizado sem provocação das partes.
ex positis Das coisas estabelecidas, assentado. Isto posto,
do que foi exposto: Ex positis, a sociedade está desfeita.
ex professo Do proferido. Como profundo conhecedor;
magistralmente.
ex proprio jure Por direito próprio.
ex re A propósito.
ex tunc Desde o início. Desde então.Expressão usada para
dizer que um ato tem efeito retroativo.

152 Rey Vinas


ex vi legis Por força da lei. Em virtude da lei.
ex vi Por força. Por determinação de; em virtude de.
exceptio firmat regulam A exceção confirma a regra.
exceptis excipiendis Exceto o que se deve excetuar.
exempli gratia Por exemplo. É usada também a forma
abreviada e. g. O mesmo que verbi gratia.
exequatur Execute-se. Dir 1 Autorização dada por chefe de
Estado para que um cônsul estrangeiro possa exercer
suas funções no país. 2 Decisão de se cumprir no país
uma sentença de justiça estrangeira. 3 Fórmula que
autoriza a execução de sentença pronunciada por árbitros.
extra petita Além do pedido. Diz-se do julgamento proferido
em desacordo com o pedido ou natureza da causa.

fac simile Fazer coisa semelhante. Reprodução fotomecânica


de texto manuscrito, mecanografado ou impresso.
facio ut des Faço para que dês. Norma de contrato bilateral.
facio ut facias Faço para que faças. Contrato em que o
pagamento de um serviço é pago com a prestação de
outro serviço.
facti species A espécie dos fatos; fato concreto.
factotum Quem faz tudo. Indivíduo incumbido de todos os
negócios de outrem.
factum principis Fato do príncipe. Dir Em direito trabalhista,
cessação do trabalho por imposição da autoridade pública,
sem culpa do empregador, ficando o governo responsável
pela indenização devida ao empregado (CLT, art. 486).
festina lente Apressa-te devagar. Frase atribuída a Augusto,
que quer dizer que o trabalho executado devagar, mas
constante, é melhor do que quando feito
apressadamente.
fictio juris Ficção jurídica.
flagrante delicto Ao consumar o delito. Diz-se do momento
exato em que o indivíduo é surpreendido a perpetrar o
ato criminoso, ou enquanto foge, após interrompê-lo ou
consumá-lo, perseguido pelo clamor público.
fraus omnia corrompit A fraude corrompe tudo; a fraude vicia
todo ato jurídico.

Atos administrativos 153


fumus boni juris Fumaça do bom direito; presunção de
legalidade. Expressão equivalente: fumum boni juris.

grammatici certant Os gramáticos discutem. Empregada para


significar que uma questão não se resolverá facilmente.
gratia argumentandi Pelo prazer de argumentar. Emprega-se
quando se quer usar um argumento do adversário
considerado inconsistente.
gravis testis Testemunha grave. Testemunha digna;
testemunha de peso.
graviter facere Agir com prudência, com moderação, com
gravidade.
grosso modo De modo geral. Por alto, sem penetrar no âmago
da questão.

habeas corpus Que tenhas o corpo. Meio extraordinário de


garantir e proteger com presteza todo aquele que sofre
violência ou ameaça de constrangimento ilegal na sua
liberdade de locomoção, por parte de qualquer autoridade
legítima.
habeas data Que tenhas os dados. Direito, criado pela
Constituição brasileira de 1988, que garante o acesso
aos arquivos do Estado e às informações neles constantes
sobre o postulante.
habitat Lugar de vida de um organismo.
haec habui dicere Isto é o que tinha a dizer.
hic et nunc Aqui e agora. Imediatamente; neste instante.
hoc ipsum est Eis o caso.
hoc opus, hic labor est Aí é que está a dificuldade. Sentença
de Virgílio que se aplica no sentido literal.
hoc volo, sic jubeo; sit pro ratione voluntas Quero isto, ordeno
isto, que a vontade sirva de razão. Frase de Juvenal que
condena a arbitrariedade.
honoris causa Por causa da honra. Diz-se dos títulos
universitários conferidos sem exame ou concurso, a título
de homenagem: doutor honoris causa.

154 Rey Vinas


I

idem per idem O mesmo pelo mesmo. Argumento vicioso,


também chamado petição de princípio.
idonea verba Palavras oportunas, apropriadas.
ignorantia juris neminem excusat A ignorância da lei não
isenta de culpa aquele que a ignora.
imperium in imperio Um império no império. Diz-se da
usurpação, por parte de uma autoridade, das funções de
outra.
improbus administrator Administrador desonesto.
improbus litigator Litigante desonesto. O que entra em
demanda sem direito, por ambição, malícia ou emulação.
in absentia Na ausência. Diz-se do julgamento a que o réu
não está presente.
in abstracto Em abstrato. Sem fundamento; teoricamente.
in actu No ato. No momento de ação.
in aeternum Para sempre; eternamente.
in albis Em branco. Sem nenhuma providência. Diz-se também
da pessoa vestida apenas com as roupas íntimas.
in ambiguo Na dúvida.
in bonam partem Em boa parte.
in casu No caso.
in concreto Em concreto, objetivamente. Expressão
antagônica: in abstracto (abstratamente).
in continenti De imediato, imediatamente.
in contrarium sensum Em sentido contrário.
in dubio contra fiscum Na dúvida, contra o fisco.
in dubio libertas Na dúvida, liberdade. Princípio de moral que
autoriza a consciência duvidosa a agir livremente, quando
na incapacidade de remover a dúvida.
in dubio pro reo Na dúvida, pelo réu. A incerteza sobre a
prática de um delito ou sobre alguma circunstância relativa
a ele deve favorecer o réu.
in extenso Na íntegra, por extenso.
in fine No fim. Refere-se ao fim de capítulo, parágrafo ou livro.
in forma pauperis Na forma de pobre. Dizia-se, outrora, dos
que careciam de recursos para pagar a ação da justiça e
as custas do processo, atestado de pobreza.

Atos administrativos 155


in foro conscientiae No tribunal da consciência.
in fraudem legis Em fraude da lei.
in globo Em globo; em massa; sem distinção das diversas
partes.
in hanc diem Até este dia; até o presente momento.
in illo tempore Naquele tempo. Em tempo ou época muito
remotos.
in integrum restituere Restituir por inteiro. Devolver a coisa
no seu estado primitivo.
in limine Desde logo; no início.
in limine litis No limiar do processo. Logo no início do processo.
in limine No limiar. Diz-se em linguagem parlamentar do projeto
rejeitado em todos os seus itens. Inteiramente rejeitado.
in loco citato No lugar citado.
in memoriam Em memória; em lembrança de
in mente Na mente, no espírito.
in nomine Em nome; representando a outrem.
in omittendo Sem deixar fazer, abster-se, omitir-se.
in posterum No futuro.
in praesenti No tempo presente; no momento; agora.
in preteritum No passado.
in puris naturalibus Em estado de natureza, na pureza
original: O homem, in puris naturalibus, não pode pecar
in quarto Em quarto.
in re Na coisa, em realidade, efetivamente, positivamente: Não
é fantasia, mas tem fundamento in re.
in rem propriam Em causa própria.
in situ No lugar. No lugar determinado.
in solido Em sólido; na massa. Dir Solidariamente.
in specie Em espécie.
in speciem Na aparência; em forma de.
in summa Numa palavra.
in tempore oportuno Em tempo oportuno. No momento
conveniente.
in terminis No fim. Decisão final que encerra o processo.
in totum No todo; na totalidade.
in transitu De passagem.

156 Rey Vinas


inania verba Palavras frívolas, ocas, inúteis.
incidenter tantum Incidentalmente apenas, em processo
incidental.
incipit Começa. Forma verbal que iniciava as antigas obras
literárias: Incipit Vita Nova (Dante Alighieri).
initio litis No começo da lide. Despacho exarado pelo juiz logo
que proposta a ação, quando a lei o permita, determinando
a imediata prática de ato.
instar omnium Como todos; à maneira dos demais.
inter absentes Entre ausentes.
inter vivos Entre os vivos. Diz-se da doação propriamente dita,
com efeito atual, realizada de modo irrevogável, em vida
do doador.
interna corporis No âmbito interno da corporação, do grupo
ou do órgão, com respeito ao que nele se trate ou decida.
intra muros Dentro dos muros. No interior da cidade.
intuitu personae Em consideração à pessoa.
ipsis litteris Pelas mesmas letras; textualmente.
ipsis verbis Com as mesmas palavras, com as próprias
palavras.
ipso facto Só pelo mesmo fato; por isso mesmo,
conseqüentemente.
ipso jure Pelo próprio direito; de acordo com o direito.
is fecit cui prodest Fez aquele a quem aproveitou. Quase
sempre pratica um delito aquele que dele tira proveito.
ita lex dicit Assim diz a lei.
iter criminis As etapas do crime. Atos que se encadeiam na
execução do crime.
iter Percurso, direito de passagem, etapas, procedimentos.

judex damnatur, ubi nocens absolvitur O juiz é condenado


quando o culpado é absolvido.
jure et facto De direito e de fato.
juris et de jure De direito e por direito. Estabelecido por lei e
considerado por esta como verdade.
juris tantum De direito somente. O que resulta do próprio
direito e somente a ele pertence.

Atos administrativos 157


jus abutendi Prerrogativa que tem o proprietário de dispor da
coisa, transferindo-a quando lhe aprouver.
jus agendi Direito de agir, de proceder em juízo.
jus conditum Direito constituído; que está em vigor.
jus est ars boni et aequi O direito e a arte do bem e do justo.
jus est facultas agendi O Direito é a faculdade de agir.
jus eundi Direito de ir e vir.
jus furendi O direito de fruir ou gozar dos produtos e frutos.
jus gentium Direito das Gentes. Direito aplicado aos
estrangeiros, equivalente ao atual Direito Internacional.
jus imperii Direito do governo.
jus in re aliena Direito sobre coisa alheia.
jus postulandi Direito de postular.
jus privatum Direito privado; o direito civil.
jus publicum Direito público, isto é, das relações dos cidadãos
com o Estado; direito político.
jus reivindicandi Direito de reivindicar.
jus sanguinis Direito de sangue, o que decorre da
hereditariedade, do parentesco. Princípio que só reconhece
como nacionais os filhos de pais nascidos no país.
jus soli Direito do solo. Princípio pelo qual a pessoa tem a
cidadania no país onde nasceu.
jus utendi Direito de usar.

lapsus calami Erro de pena. Diz-se do erro inadvertido de quem


escreve.
lapsus linguae Erro de língua. Diz-se das distrações que se
cometem na linguagem falada.
lapsus loquendi Um lapso ao falar. O mesmo que lapsus linguae.
lapsus scribendi Um lapso no escrever. O mesmo que lapsus
calami.
lato sensu No sentido lato, geral.
laus in ore proprio vilescit O louvor na própria boca envilece.
legem habemus Temos lei. Indicativo de que, em determinada
situação, há lei para tutelá-la. É correta também a forma
habemus legem.

158 Rey Vinas


lex specialis A lei especial.
libenter De boa vontade, de bom grado.
libertas inaestimabilis res est A liberdade é coisa inestimável.
litis contestatio Contestação da lide.
loco citato No trecho citado. Referência, num livro, a um trecho
anteriormente citado.

mala fide Por má-fé.


manus iniectio Apreensão. Denominação da ação da lei para
efeito executivo.
maxime Principalmente, especialmente, mormente.
mens legis A finalidade da lei, espírito da lei, intenção da lei.
mens legislatoris O pensamento, a vontade, a intenção do
legislador.
meta optata Fim colimado. O fim alcançado pelo agente do
delito.
modus dicendi Maneira de dizer.
modus vivendi Maneira de viver.
more uxorio Segundo o costume de casado.
motu continuo Com movimento perpétuo: A cabeça andava
num motu continuo.
multa paucis Muitas coisas em poucas palavras. Locução que
pode servir de modelo aos escritores: dizer muitas coisas
em poucas palavras.
mutatis mutandis Mudado o que deve ser mudado, isto é,
com a devida alteração de pormenores.

naturalia non sunt turpia As coisas da natureza não são


torpes.
naturalis ratio A razão natural.
ne quid nimis Nada de mais. Todo excesso é condenável.
nec plus ultra Não mais além. Termo ou ponto que não se
deve ultrapassar. Indica também o que há de melhor.
necessitas facit jus A necessidade faz o Direito.

Atos administrativos 159


nemine discrepante Sem a discrepância de ninguém. Por
unanimidade.
nemo judex sine lege Ninguém é juiz sem lei.
nemo sine crimine vivit Ninguém é perfeito.
nescit vox missa reverti Palavra expressa não pode voltar.
Horácio refere-se à palavra escrita, aconselhando os
escritores a reverem os escritos antes de os publicarem.
Aplica-se também à palavra falada (pensar antes de falar).
nihil obstat Nada obsta; nada impede.
nomem juris Nome de direito ou nome legal. Indicativo de
que ele está legalmente identificado; designação em
sentido técnico.
non bis in idem Não duas vezes pela mesma coisa. Axioma
jurídico, em virtude do qual ninguém pode responder, pela
segunda vez, sobre o mesmo fato já julgado, ou ser
duplamente punido pelo mesmo delito.
non dominus Não dono. Diz-se daquele que não é proprietário
da coisa de que se trata.
non liquet Não está claro; não convence.
non plus ultra Não mais além. Aplica-se com referência ao que
não pode ser excedido.
norma agendi A norma jurídica. O direito de agir considerado
em sua abstração, oposto ao direito dinâmico ou em ação
(facultas agendi).
notitia criminis Notícia ou conhecimento do crime.
novatio legis Nova lei.
novissima verba As últimas palavras, as mais recentes.
nulla poena sine lege Nenhuma pena sem lei. Não pode existir
pena, sem a prévia cominação legal.
numerus clausus Número fechado, limitado. Enunciação
numerativa, não exemplificativa, por isso não admite
acréscimo.

ob eam rem Por esta razão.


obligatio dandi Obrigação de dar.
obscurum per obscurius O obscuro pelo mais obscuro. Vício de
linguagem que consiste em apresentar alguma definição
por termos menos conhecidos que os do enunciado.

160 Rey Vinas


omnis definitio in jure civile periculosa est Em Direito Civil,
toda definição é perigosa.
omnium consensu Pelo assentimento de todos; por
unanimidade; por voto universal.
onus probandi Encargo de provar. Expressão que deixa ao
acusador o trabalho de provar (a acusação).
ope legis Por força da lei.
opus citatum Obra citada. Empregada abreviadamente: op. cit.
Indica que oportunamente foi ou será citada a obra.

pactum sceleris Pacto do crime.


pari passu Com passo igual.
patria potestas Pátrio poder.
per capita Por cabeça; para cada um. Termo muito empregado
nas estatísticas.
per contra Contrariamente.
per se Por si.
per summa capita Pelos pontos capitais; por alto; sem entrar
em pormenores; sucintamente, sumariamente.
periculum in mora Perigo de mora.
permissa venia Com o devido respeito.
persona alieni juris Pessoa juridicamente incapaz.
persona non grata Pessoa indesejada. Qualificativo que uma
chancelaria dá a agente diplomático estrangeiro, em nota
ao governo deste, por meio da qual pede a sua retirada
do país, onde se acha acreditado, em virtude de considerá-
lo, por motivo grave, contrário aos interesses nacionais.
post data Data colocada posteriormente à data real num
documento.
post scriptum Escrito depois. Abrev.: P.S.
praetium aestimationis Valor estimativo.
prima facie À primeira vista. Que se pode verificar de pronto,
sem maior esforço.
primo occupanti Ao primeiro ocupante. Princípio aceito em
jurisprudência, segundo o qual, na falta de outra
circunstância, o primeiro ocupante adquire o direito de
propriedade.

Atos administrativos 161


prius Prioritário, mais importante; antecedente.
pro forma Por mera formalidade, para não modificar o costume,
para salvar as aparências: Discutir um assunto pro forma.
pro labore Pelo trabalho. Remuneração por serviço prestado.
pro rata Proporcionalmente. Recebendo cada um, ou pagando,
a quota que lhe toca num rateio.
pro re nata Segundo as circunstâncias.
pro solvendo Para resolver; destinado a pagamento; extingue-
se a dívida quando se faz o pagamento da última
prestação.
pro tempore Temporário, interino.
punctum saliens Ponto principal (de uma questão).

q. e. d. abreviatura de quod erat demonstrandum, Que se devia


demonstrar.
quaestio juris Questão de direito.
quantum satis Quanto baste. Expressão equivalente a
quantum sufficit.
quid inde? E então? Qual a conseqüência disso?
quid juris? Qual é a opinião do Direito, isto é, qual a solução
proposta pela jurisprudência?
quis, quid, ubi, quibus auxiliis, cur, quomodo, quando? Quem?
O quê? Onde? Por que meios? Por quê? Como? Quando?
Verso hexâmetro de Quintiliano que sintetiza a divisão da
Retórica. Usado modernamente por jornalistas que, com
as respostas a estas perguntas circunstanciais, consideram
esgotado o assunto. Aplica-se também à criminologia.
quod litteris exstat Como se acha escrito.
quod sciam Segundo o que eu sei (que eu saiba).
quorum De quantos. Número mínimo de pessoas para
funcionamento e/ou deliberação de um órgão colegiado.
quot capita, tot sententiae Cada cabeça, uma sentença;
quantas cabeças, tantas são as opiniões.

rapere in jus Conduzir a juízo.

162 Rey Vinas


ratio agendi Razão de agir; o interesse jurídico de agir.
ratio essendi Razão de ser.
ratio juris Razão do direito. Motivo que o hermeneuta encontra
no direito vigente para justificar a interpretação ou solução
que dá a uma regra jurídica ou a certo caso concreto.
ratio legis A razão da lei. Espírito que inspira a lei e deve ser
objeto de investigação dos intérpretes e comentadores
que procuram esclarecer o seu texto.
ratio summa Razão superior. Espírito de eqüidade que deve
determinar a escolha da solução mais benigna, dentre as
duas resultantes da interpretação estrita de determinada
regra jurídica.
ratione loci Em razão do lugar.
ratione materiae Em razão da matéria. Razão resultante da
matéria.
ratione officii Em razão do ofício.
ratione personae Em razão da pessoa.
re infecta Sem resultado.
rebus sic stantibus Desde que permaneçam as mesmas
condições e circunstâncias.
referendum Certas decisões que são submetidas à apreciação
de outrem para que tenham validade jurídica.
reformatio in melius Reforma de sentença para beneficiar o
condenado ou vencido.
reformatio in pejus Reforma da sentença para pior, modificação
desvantajosa.
res Coisa, bem, propriedade; assunto judiciário, litígio, questão
judicial, processo.
res aliena Coisa alheia.
res in judicio deducta Coisa trazida a juízo. (Deve estar contida
na petição inicial.)
res integra A coisa inteira.
res inter alios judicata aliis neque nocet neque prodest A
coisa julgada não pode aproveitar nem prejudicar senão
às próprias partes.
res judicata Coisa julgada.
res judicata pro veritate habetur A coisa julgada é tida por
verdade. Axioma jurídico, segundo o qual aquilo que foi
objeto de julgamento definitivo não pode ser novamente
submetido a discussão.

Atos administrativos 163


res non verba Fatos e não palavras. Citada quando se pleiteia
a ação imediata e não promessas.

sapienti sat Basta para o sábio; ele não precisa de muitas


explicações.
scilicet Isto é, a saber; evidentemente, logo se vê, sem dúvida.
semel emissum volat irreparabile verbum A palavra uma vez
pronunciada voa irreparável.
sensu lato Em sentido amplo.
simplex veritas Pura verdade.
sine causa Sem motivo.
sine die Sem dia. Adiar sine die, isto é, sem data fixa.
sine jure Sem direito.
sine labore Sem trabalho.
sine qua non Sem a qual não. Diz da condição essencial à
realização de um ato.
Sistema de argumentação que parte do efeito para a causa.
Opõe-se à argumentação a priori.
sit venia verbo Perdoe a expressão.
sponte sua Espontaneamente. Por sua própria iniciativa.
statu quo Estado ou situação em que se encontrava
anteriormente certa questão.
stipendium Salário, soldo, tributo.
stricto sensu Em sentido restrito.
sub censura Sob censura. Expressão indicativa de que a
matéria está sujeita à crítica ou à aprovação de outrem,
usualmente empregada no fecho de pareceres.
sub conditione Sob a condição; com a condição de.
sub examine Em exame, em tela.
sub judice Sob o juízo. Diz-se da causa sobre a qual o juiz
ainda não se pronunciou.
sub lege libertas Liberdade dentro da lei. Liberdade sem lei
degenera em licenciosidade.
sui generis De seu próprio gênero, especial, único.
sui juris Do seu direito. Diz-se da pessoa livre, capaz de
determinar-se sem depender de outrem.

164 Rey Vinas


summum jus, summa injuria Excesso de direito, excesso de
injustiça. Axioma jurídico que nos adverte contra a
aplicação muito rigorosa da lei, que pode dar margem a
grandes injustiças.
suo jure Por seu direito; por direito próprio.
suo tempore Em seu tempo. No momento oportuno.
supremus dies O último dia.
suum cuique tribuere A cada um o que é seu; dar ao dono o
que a ele pertence.

terminus a quo Termo do qual. Ponto que marca o início de


uma ação.
terminus ad quem Termo a que. Ponto que determina o fim de
uma ação.
testis locuples Testemunha idônea.
thema decidendum Tema ou questão a decidir.
turpis causa Causa torpe.

ubi non est justitia, ibi non potest esse jus Onde não existe
justiça não pode haver direito. A justiça é que sustenta
as diversas formas de direito.
ubi non est lex nec prevaricatio Onde não há lei, não há crime.
ubi societas, ibi jus Onde (está) a sociedade aí (está) o direito.
De modo geral, as causas correm no foro da comarca onde
a sociedade foi estabelecida.
ubicumque sit res, pro domino suo clamat Onde quer que
esteja a coisa clama pelo seu dono. Princípio jurídico
que resume o direito de propriedade, também citado
assim em moral: res clamat domino, a coisa clama por
seu dono.
ultima ratio Última razão; último argumento.
ultra petita Além do pedido. Diz-se da demanda julgada além
do que pediu o autor.
urbs cidade Habitantes de uma cidade; cidadão.
usque ad terminum Até o limite.

Atos administrativos 165


ut quid? Por que razão?
ut supra Como acima (ficou dito ou escrito).
ut upta Por exemplo.
uti possidetis Como possuís. 1 Fórmula diplomática que
estabelece o direito de um país a um território, baseada
na ocupação pacifica dele. 2 Princípio que faz prevalecer
a melhor posse provada da coisa imóvel, no caso de
confusão de limites com outra contígua.

vacatio legis Espaço de tempo entre a publicação de uma lei


e a sua entrada em vigor.
verba legis As palavras da lei.
verbatim Palavra por palavra, literalmente.
verbi gratia A saber, por exemplo. Abrev.: v. g.
verbis Em termos; textual.
verbum pro verbo Palavra por palavra; ao pé da letra. Diz-se
das traduções e interpretações fiéis.
veritas filia temporis A verdade é filha do tempo.
vis absoluta Força absoluta.
vis attractiva Força atrativa.
vis corporalis Força física, força corporal.
vitium Vício, defeito (de um ato jurídico).
voluntas legis Vontade da lei.
voluntas sceleris Vontade de delinqüir.

166 Rey Vinas

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