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‘08/05/2022 16:28 Fundamentos do Direte Tebuisrio Fundamentos do Direito Tributario Prof. Irapud Goncalves de Lima Beltrao false Descri¢do Os fundamentos da tributa¢do, 0 financiamento do Estado, as fontes da tributagao e as espécies de tributos. Propdsito Compreender os conceitos basicos do financiamento do Estado, a insergao do tributo como um dos integrantes do conjunto das receitas publicas e as fontes empregadas na tributagao, absorvendo os elementos introdutérios ao Direito Tributatio e suas espécies, é fundamental para a atuacdo juridico- profissional na drea do Direito Tributério. Preparacao Antes de iniciar 0 contetido deste tema, tenha em maos ou acessivel uma verso da Constituigao Federal (especialmente nos artigos 145 a 156), a Lei n° 4.320/64 e o Cédigo Tributario Nacional ~ Lei n® 5.172, de 1966. Objetivos Médulo 1 Ips istecne azwreedge netrepostoriaid02Y2hu0249Sindex imi as; ‘08/06/2022 16:28 Fundamentos do Direte Trbuisrio Financiamento do Estado Distinguir as formas de financiamento do Estado. Médulo 2 Fontes do Direito Tributario Identificar 0 conceito, a natureza e as fontes do Direito Tributario. Médulo 3 Tributos e suas espécies Listar os tributos e suas espécies. Introdugao ‘Além das naturais andlises sobre conceitos do Estado, seu papel e seus elementos estruturantes, 0 tempo demonstrou que seria fundamental também o conhecimento sobre as formas de financiamento do agir estatal e demais componentes da atividade financeira por ele desempenhada, Se nos perfodos antigos a obtengao dos recursos era basicamente resultado das simples imposicao de poder, pilhagens, guerras e formas mais primitivas, a evolucao da atividade financeira do Estado apresentou novas formas de captagao de recursos jé dentro de dticas mais juridicas até a chegada dos meios abragados pelo sentido do Estado de Direito. Nos tempos atuais, a principal fonte (ainda que nao a tnica) de receita publica decorre da tributagao, sendo imperioso, portanto, uma melhor conceituagao do tributo e suas espécies, bem como um olhar comparativo com as outras formas de obtengao de recursos. Veremos tudo isto em seguida, hitpsistecine azureedge netirepostoio!00272hu/02496iindex hilt 2108 ‘08/05/2022 16:28 Fundamentos do Direte Tebuisrio 1- Financiamento do Estado Ao fim deste modulo, vocé sera capaz de distinguir as formas de financiamento do Estado. eG As formas de financiamento do Estado 0 professor Irapua Beltrao discorre sobre as formas de financiamento do Estado, no video a seguir. Vamos ta! Para assistir a um video sobre 0 assunto, acesse a verso online deste contetido. Estado e seu financiamento Historicamente, quando foram estruturadas as fungdes do Estado, notadamente na prestagao de servigos piiblicos atinentes aos interesses da coletividade, restou inevitavel o reconhecimento e também a disciplina da atividade financeira do Poder Publico. hitpsistecine azureedge netirepostorio!00212hu/02495iindex hilt 3148 osi0si2022 16:28, Fundamentos da Dirito Tributério Para que 0 Estado mantenha suas atividades e possa exercer suas fungées e missées constitucionais, € necessrio que ele obtenha mais recursos do que aqueles obtidos com essas atividades econémicas ou com a exploracao do seu patriménio, Para alcangar os préprios objetivos para os quais foi desenhado e executar todas as tarefas administrativas, o Estado necessita de recursos financeiros, isto é, precisa obter recursos financeiros por intermédio da atividade financeira. Outra questo fundamental para os fins da atividade financeira é a demanda sobre qual é 0 papel do Estado. Sua fungao original esté na satisfagao dos varios interesses pblicos. Isso compée a matéria estudada pelo Direito Administrativo e é reconhecida como a tipica formagaio das atividades administrativas - aqui entendidas em sentido bastante amplo - do Poder Publico. Aatividade financeira se desenvolveu para instrumentalizar a atividade administrativa indicada pelas previsées constitucionais de cada pais ou pelas demais fontes legislativas. Justo por isto pode-se dizer que a atividade financeira é instrumental, j4 que, por um lado, ela é pré-condigdo para a atividade administrativa, ainda que existam situagées em que ela auxilia 0 préprio processo de escolha das atividades que caberao ao Estado. Aatividade financeira nasceu, assim, para instrumentalizar atividades administrativas e até mesmo para definir 0 que serd objeto de gestao publica coletiva. Trata-se de condigao para a execugdo de atividades administrativas. Atribuiu a receitas e despesas um carater de lei, assumindo um carater democratico, na medida em que 0 orgamento hoje nao é definido nica e exclusivamente pelo governante no poder. De toda forma, a atividade financeira, desde 0 inicio do Estado democratico, implica na coleta de receita publica e na execugao das respectivas despesas. Essas receitas nao sao exclusivamente as tributarias, embora estas representem a principal fonte de receitas de qualquer Estado. Naturalmente, 0 setor piblico desenvolveu mecanismos para a obtengdo desses recursos, Uma das formas que o Estado tem para obter verba é exercendo varias atividades geradoras de dinheiro. Algumas vezes, até mesmo visando a lucro. Nada impede que o Poder Puiblico atue como qualquer pessoa para obter recursos. Entretanto, hoje, de maneira geral, o exercicio da atividade econémica é reservado ao setor privado, como hitpsstecine.azureedge net positoriol00212hw02495iindex. hilt 4148 8106/2022 16:28 Fundamentos do Dieta Tributdria consagragao da regra da liberdade de iniciativa na ordem econémica. Mas a prépria Constituigao (art. 173) permite, ainda que excepcionalmente, ao Estado o exercicio dessa atividade por imperativos de seguranga nacional ou relevante interesse coletivo. Nesse caso, é possivel que o Poder Publico venha a auferir recursos. Receitas As receitas so entradas nao devolutivas, assim entendidas aquelas que se incorporam definitivamente ao erdrio. No processo de incorporagao das receitas ha a transferéncia de domi em prol do Poder Publico, com o fim de aumentar o patriménio do Estado. Uma vez tendo ingressado no dominio do Poder Publico, as receitas s6 poderdo sair mediante autorizagao legislativa. Nesse sentido, diferenciam-se as receitas dos meros ingressos. Exemplo Os depésitos judiciais, os depésitos em garantia de contratos e os depésitos compulsérios que as instituig6es financeiras realizam no Banco Central do Brasil - BACEN. Estas sao entradas temporarias e meramente devolutivas. Independentemente dessas ponderacdes sobre as atividades financeiras do Estado, visando captagao de recursos e sua administracdo para satisfazer as necessidades da sociedade, pode-se dividir as receitas ptiblicas (recursos) em dois grandes grupos: Receitas origindrias e derivadas. Considerando as diversas formas de receita, foi elaborada uma classificagao que distingue as receitas a partir do exercicio ou ndo dos poderes de autoridade, da imposicao coercitiva de pagamento ou de utilizagao de servigos estatais. Essa classificagdo leva em conta o regime juridico aplicavel. Assim: Receita originaria * 0 Estado age como um particular, néo havendo o uso do poder de império. ‘+ Decorre de um regime de contrato, hitpsistecine azureedge netirepostorio!00212hu/02495iindex hilt 5148 ‘08/06/2022 16:28 Fundamentos do Direte Trbuisrio Receita derivada + Eaquela revestida de compulsoriedade. ‘+ Submete-se a um regime legal. Como se verifica, ha situagdes em que 0 Estado obtém recursos sem a aplicagao de forga, dispensando todos 0s atributos do poder de império do Poder Publico. Normalmente fundadas em meios contratuais, como na remuneragao de tarifas nos servicos puiblicos, ou mesmo nas formas de valores decorrentes das concessées e outros mecanismos de interagao com os agentes privados. Nesta forma, todas as vezes em que a forma de obtengao de recursos nao seja marcada pela compulsoriedade estatal na relagao, haverd a coleta de receitas originar Mas néo apenas assim. Ocorre ainda, por exemplo, com as doagées para campanhas assistenciais. A doagao e a heranga jacente sao compreendidas como receita originéria, porque nao existe imperatividade. No conceito mais moderno, as Receitas Derivadas diferenciam-se das originarias por serem exigidas compulsoriamente pelo Estado. Reforgamos, a distin¢do entre essas duas formas da receita puiblica esta na compulsoriedade e imperatividade das formas de sua percepgao. As receitas piblicas, conforme visto, podem ser divididas em: Sem qualquer ato de impéro,usualmenteprovenentes CORIGINARIAS dos melos propos do Estado (ex: aluguel ou vend de bene pabicos, entre outa). RECEITA PUBLICA Normalmente provenientes de bens edo patriménio doe DERIVADAS —pariculares, queso coagidos a pagar (ex:nossos nbs). Receitas originarias Sao aquelas auferidas sem que o Estado exerga seu poder de soberania. Entéo, como o proprio nome di originam-se por intermédio de exploragaio de bens e servigos piblicos. £0 caso dos pregos publicos, por exemplo, A caracteristica principal dessa receita é que ela no é dada pela imperatividade, sé paga quem se Iitpsistecine azureedige netrepositora/00212hu02496/index:himit eas y0si2022 16:28 Fundamentos do Dist Trbuério utilizar do bem ou do servigo prestado, num modelo em que o usuario ou particular tem alternativas possiveis para atender aos seus interesses. ‘Ademais, no Estado moderno, so receitas origindrias todas aquelas que, pela sua natureza, podem ser auferidas também pelas pessoas naturais ou juridicas de direito privado. € 0 momento em que o Estado atua sem exercer seu poder de soberania. Justamente por isso, as receitas origindrias so chamadas também de receitas contratuais, ainda que esta designacao ndo seja a mais adequada. Receitas derivadas império do Estado, agindo coercitivamente. Podemos citar as multas por infrages, por meio das quais 0 Estado age punitivamente, bem como também o pagamento dos tributos. A caracteristica principal da receita derivada é sua compulsoriedade na relagao juridica de obtengo, ou seja, Independe de atividades ou servio diretamente prestado ou de vontade das pessoas que fardo as transferéncias. Portanto, é aquela auferida em decorréncia do poder de “império’, do poder coercitivo. Por serem regidas por normas de direito puiblico, as receitas derivadas somente podem ser cobradas pelo Estado, ou seja, pela entidade de direito piiblico que exerga o poder politico sobre todos os cidadaos, que so chamados a contribuir para o custeio das despesas publicas. Séo coercitivamente impostas ao cidadao. Exemplo So exemplos de receitas derivadas, além da receita tributéria, as arrecadadas em virtude de condenagao judicial ao pagamento de multas por crimes ou contravengSes; as penalidades pecunidrias por infracdes a normas administrativas ou & legislacao do transito, eleitoral, do trabalho, satide, entre outras. Antes mesmo da edig&o do Cédigo Tributério Nacional, a lei geral das finangas publicas - Lei n° 4.320, de 1964 — jd definia os tributos como uma receita derivada. E a dicgdo do artigo nono: Art. 9° ‘Tributo é a receita derivada instituida pelas entidades de direito puiblico, compreendendo os impostos, as taxas e contribuigdes nos termos da Constitui¢ao e das leis vigentes em matéria financeira, destinando-se o seu produto ao custeio de atividades gerais ou especificas exercidas por essas entidades. hitpsistecine azureedge netirepostorio!00212hu/02495iindex hilt 7188 ‘08/06/2022 16:28 Fundamentos do Direte Trbuisrio Na prética, as receitas derivadas serdo as mais presentes por serem de mais facil obtencdo, destacando-se © tributo como a principal forma. Com isso, a conclusao priméria e dbvia é que a tributago constitui uma relago juridica crivada de compulsoriedade estatal. Em fungao de normas constitucionais e legais, existe a permissao do Estado de tributar determinadas situagdes de natureza econémica, realizadas pelas pessoas submetidas ao seu poder de império. Pela classificagao atual, tributos so receitas derivadas. Assim também so as penalidades pecuniarias, e, para muitos, a figura do confisco. A doutrina dos anos 1950 inseria, entre as receitas derivadas, a figura das reparagGes de guerra - que ocorrem quando o Estado é vencido em uma situagdo de guerra; pelas convengées internacionais, a nagao vencida é obrigada a pagar reparagdes aos vencedores. Os aluguéis, foros ainda existentes, e quaisquer outras situagdes em que o Estado atue na condi¢ao de contratante, constituem situagdes de receitas originarias. Essa distingao revela-se especialmente importante no estudo das taxas e precos piiblicos. Taxas sao tipos de tributo e, portanto, pertencem ao campo das receitas derivadas. Tarifas so de natureza contratual, sendo consideradas receitas originarias. A distingao, feita na doutrina e na jurisprudéncia nacional, levou em consideracdo a compulsoriedade e a natureza tributéria ou contratual para classificar tais receitas. => Vem que eu te explico! Os videos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do contetido que vocé acabou de estudar. sete = Médulo 1 - Vem que eu te explico! Receitas originarias Médulo 1 - Vem que eu te explico! Receitas derivadas hitpsistecine azureedge netirepostorio!00212hu/02495iindex hilt 8145 ‘08/06/2022 16:28 Fundamentos do Direte Trbuisrio Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questao 1 Imposto e taxa sao, para o Estado, formas de receita A excepcionais. B origindrrias. c derivadas. D ordinérias. E subsididrias. hitpsistecine azureedge netirepostorio!00212hu/02495iindex hilt 914s ‘08/06/2022 16:28 Fundamentos do Direte Trbuisrio Parabéns! A alternativa C esta correta. Como destacado no texto, os tributos ~ em todas as suas formas ~ sio caracterizados nao apenas como receitas publicas, mas diante da compulsoriedade que Ihes é marca, so denominados de receitas derivadas. Sendo os impostos e as taxas espécies do género tributo, é Questao 2 Levando-se em consideragao a classificacao doutrindria das receitas piblicas, é correto afirmar que as taxas e os pregos pliblicos sao receitas A originarias e derivadas, respectivamente. B derivadas e tributérias, respectivamente origindrias e ordindrias, respectivamente. D derivadas e originarias, respectivamente. E tributérias e derivadas, respectivamente. Parabéns! A alternativa D esta correta. Diante da classificago das receitas a partir dos atributos da compulsoriedade, mesmo que existente a execucdo de servigos piblicos, é relevante recordar que as taxas séo formas tributérias também identificadas como receitas puiblicas derivadas. Ja os pregos piblicos, usualmente empregados também no caso de servicos puiblicos, mas af sem a ténica da compulsoriedade na atividade e na remuneragao, serao identificadas como receitas originérias. hitpsistecine azureedge netirepostorio!00212hu/02495iindex hilt 1014s osi0si2022 16:28, Fundamentos da Dirito Tributério Kk kkk 2 - Fontes do Direito Tributario Ao fim deste modulo, vocé sera capaz de identificar 0 conceito, a natureza e as fontes do Direito Tributario. Conceito, natureza e fontes do Direito Tributario A partir da atividade financeira, destacam-se, entre as receitas derivadas, os tributos e as relagdes deles decorrentes. Mais do que isso, surge um campo de normas juridicas, com regras, principios e estrutura prépria, Diante de tudo o que jé foi dito, pode-se fundar o Direito Tributdrio como o conjunto de normas e principios juridicos relativos aos tributos, isto é, a forma pela qual o Estado obtém receitas derivadas para manter o bem comum e a satisfagao das necessidades da sociedade. Mas 0 objeto de estudo da tributagao nao recai apenas nos tributos em si. Desta figura, emerge a relacdo construida entre 0 poder politico e as pessoas a ele submetidas, com o objetivo de produzir aquela arrecadagao. Nesse sentido, 0 Direito Tributario é um conjunto de principios e normas juridicas relativas aos tributos, de forma a arrecadar estritamente as receitas derivadas que se enquadrem naquele conceito legal, visto que as receitas originarias esto a cargo do Direito Financeiro, Ruy Barbosa Nogueira assim conceitua 0 nosso campo de investigagao: hitpsistecine azureedge netirepostorio!00212hu/02495iindex hilt 9s ‘08/06/2022 16:28 Fundamentos do Direte Trbuisrio “cc Ea disciplina da relacao entre 0 Fisco e o contribuinte, resultante da imposicao, arrecadaco e fiscalizagao dos impostos, taxas e contribuigdes de melhoria. (NOGUEIRA, 1970, p. 3) Na conceituagao tributaria nao se pode esquecer que haverd um conjunto normativo que definird a relagao existente entre os particulares e 0 Poder Publico que exige tais valores. Trata-se de uma relago juridica e, portanto, formada por tal conjugado de formas juridicas. Entretanto, no campo da tributagao, existe mais do que simples conjunto de normas juridicas especificas. Rubens Gomes de Souza afirma que 0 conteiido do Direito Tributério é “essencialmente patrimonial ou econémico: os atos ou fatos da vida interessam-Ihe apenas como indicios de riqueza, que demonstrem uma capacidade econémica sobre a qual possa assentar um tributo” (SOUZA, 1982, p. 4). Por tal sentir, compreende também o fendmeno tributario da identificagao dos fatos sociais que possam ser tidos como signos demonstradores de riqueza, reveladores da capacidade contributiva dos individuos e integrantes daquele grupamento e, assim, submetidos a tributagao. Os objetivos do Direito Tributério sao: x Disciplinar as relacdes juridicas entre o Estado e os particulares, decorrentes do exercicio do poder fiscal do Estado sobre as manifestagdes da capacidade econdmica dos particulares. x hitpsistecine azureedge netirepostorio!00212hu/02496index hilt 12185 sy0si2022 16:28 Fundamentos do Dist Trbuério Definir as situacées tributaveis, disciplinar a competéncia tributéria, dispor sobre a obrigacao tributaria, sua cobranga, fiscalizagao e penalizagao. Dessa forma, 0 Dit Tributario nao é apenas um conjunto de normas, mas, sim, a formagéio destas normas com o objetivo de cuidar diretamente da obtencao desse recurso denominado tributo e as relagdes juridicas dai decorrentes eG Fontes do direito tributario 0 professor Irapud Beltrao discorre sobre as fontes do Direito ibutério e o papel da lei como fonte do Direito Tributario. Vamos Ia! Para assistir a um video sobre 0 assunto, acesse a verso online deste contetido. A eferéncia as Fontes do Direito conduz a pelo menos dois conceitos de percepgées distintas. Na linguagem juridica, a palavra “fonte” remete & metafora do nascimento da agua nascendo dos mananciais da terra. Referéncias juridicas, inclusive, buscam a origem do significado do vocdbulo fons em latim, apontando para a origem de algo. Incorporado ao mundo juridico, reflete o ponto de partida no caso do Direito. ‘Ao longo do tempo e dos estudos juridicos, tal referéncia respondeu as indagagées: De onde provem o Direito? De onde seriam tiradas as previsdes? Onde seriam dadas as enuncia¢ées e normas regedoras de comportamento na sociedade? Tal simbolo teve papel decisivo no movimento de codificagao do Direito presenciado a partir do século XIX, na medida em que o direito legislado passa a ser a grande caracteristica do universo juridico. Mas tal expresso admite dois sentidos distintos, como afirmado. Enntec materiaic hipsiistecine azureedge netepostoria!00212hu02695 index him ‘ams osios2022 16:28 Fundamentos da Dirsito Tributério Puree reac ‘As fontes materiais so as bases sociais que se prestam para a criacéo do Direito. Essa referéncia, portanto, associa os fatos sociais que forem julgados relevantes, incorporando os motivos légicos ou morais que conduziram 0 legislador a criar normas jurfdicas. No campo tributério, mais do que fatos socials, sao também fenémenos demonstradores de riqueza que permitem a tributago. As fontes materiais tributérias representam os fatos do mundo social reveladores de capacidade contributiva dos integrantes daquele grupo social sobre os quais haverd a incidéncia tributéria. Sao, depois, de reconhecidos pelo legistador nacional, os fatos geradores da incidéncia tributaria, como a renda, 0 comércio interno e aduaneiro, o patriménio, entre outros. Fontes formais Diferentemente do sentido de fontes materiais, as fontes formais do direito identificam o modo como 0 Direito se formaliza com seus destinatdrios. Dessa feita, a expresso “fontes formais" indica as normas nas quais se encontram os dispositivos juridicos. Sao, basicamente, os atos normativos que adicionam regras tributérias ao sistema. € tal tema serd tratado pelo Cédigo Tributdrio Nacional (CTN). Quando 0 Cédigo utiliza a expresso “Legislacao Tributaria’, indica inicialmente sua preocupacéio em identificar quais so as normas formais que versam sobre a matéria tributéria. Para identificagao dessas normas, utiizamos a referéncia ds fontes formais do Direito, sendo estas as bases pelas quais se formam as regras entre os direitos individuais e as relacdes juridicas com a sociedade e também com o Estado. Naquele conceito, serao apresentados pelo Cédigo Tributério Nacional as fontes normativas que cuidam da matéria tributaria, Para tanto, lembremos: fontes formais do Direito sao as bases pelas quais se formam as. regras entre os direitos individuais e as relagSes juridicas com a sociedade e também com o Estado. No Direito Tributario, as fontes esto divididas entre: hitpsistecine azureedge netirepostorio!00212hu/02495iindex hilt 44s ‘08/06/2022 16:28 Fundamentos do Direte Trbuisrio Fontes principais Fontes primdrias que fundamentalmente alteram o Direito Tributério, compostas de: * Constituigao Federal e emendas; + Leis origingrias; + Leis delegadas; + Leis complementares; ‘+ Medidas provisérias (em substituico aos antigos decretos-leis); + Decretos legislativos; + Tratados e convengées internacionais; + Resolugdes. Fontes secundarias Normas complementares que, como o préprio nome diz, complementam e viabilizam as leis principais. Sao elas: + Decretos do Poder Executivo; ‘+ Atos normativos; + Decisdes de érgaos administrativos, com efeito normativo; + Praticas administrativas reiteradas pelas autoridades; ‘+ Convénios entre os entes tributantes. Contudo, sobre a conceituagao da expressao legislagao tributa em si, 0 artigo 96 do CTN informa que: “compreende as leis, os tratados e as convencées internacionais, os decretos e as normas complementares que versem, no todo ou em parte, sobre tributos e relagdes juridicas a eles pertinentes.” Assim, 0 artigo 96 CTN explicita as normas que compéem tal conjunto. De imediato, verifica-se que nao deve ser aceita como fonte formal do Direito Tributério a jurisprudéncia ou a doutrina, apesar de fornecerem bons elementos para compreensao do fenémeno tributario. Importante observar, ainda, que nao ha qualquer referéncia do CTN sobre a Constituigao e suas emendas, tampouco as demais normas estruturantes (Constituigbes Estaduais ou Leis Organicas) dos entes politicos. Assim ocorre porque a Constituigao Federal esta acima de qualquer outra fonte do direito, no podendo ser contrariada por nenhuma delas, sendo ela a responsdvel pela existéncia e pela criagao das demais normas da legislago, inclusive o préprio Cédigo Tributario Nacional. Iitpsistecine azureedige netrepositora/00212hu02496/index:himit 15145 osi0si2022 16:28, Fundamentos da Dirito Tributério Fontes principais Leis Com base no sentido dado as denominadas fontes formais do Direito, podemos afirmar que a lei é a fonte do Direito por exceléncia. Emprega-se aqui o sentido estrito do vocabulo ‘lei’, ou seja, é 0 ato do Poder Legislativo, sancionado pelo Poder Executivo, com o carder coercitivo de sua aplicagao. Aqui surge elemento de cuidado, j4 que a expresso “Iegislagao tributaria” ndo se confunde com “lei”. A primeira tem um sentido muito mais amplo, incluindo, além das leis, outras espécies de normas. Entao, quando 0 CTN se refere a Legislagao Tributaria em seus artigos, estd incluindo ndo somente a lei, mas os tratados, as instrugdes normativas ete. Entretanto, uma referéncia ¢ fundamental: Nao existe hierarquia entre a lei complementar e a lei ordinaria. No nosso ordenamento, nao hd uma hierarquia, o que ha é uma repartigao de temas feita pela Constituigao, sem que exista uma importancia maior para cada uma das matérias. Papel da lei tributaria Sem prejuizo do veiculo legal a ser empregado, o Cédigo Tributério Nacional reservou um papel claro para a lei tributéria, Isso porque quando a Constituico afirmou que a lei seria necesséria para instituir ou majorar tributos, ela definiu todo um contetido para essa fonte priméria. Como afirmamos antes, criar ¢ a elabora¢ao inicial da lei com a definigao dos elementos basicos do tributo, af incluindo 0 fato gerador, naturalmente. Significar dizer que, se for mexer nesses elementos ou modificé: los depois de criados, também € necessétia a elaboracao de lei, O artigo 97 do Cédigo Tributario Nacional deixa clara tal determinagao. E, a partir dele, podemos reconhecer 0 seguinte: hitpsistecine azureedge netirepostorio!00212hu/02496iindex hilt 16145 ‘08/06/2022 16:28 Fundamentos do Direte Trbuisrio Institui¢do e extincao. Majoracao e reducao. Defini¢do do fato gerador e elementos da obrigacdo principal. Definic¢do da aliquota e da base de calculo. Cominacao de penalidades. Hipdteses de suspensao, extincdo ou exclusao do crédito. Tratados e convencées internacionais Os tratados e convencées internacionais sao determinados atos acordados entre dois ou mais paises com a intengao de administrar interesses sociais, econdmicos ou politicos, evitando conflitos entre estes mesmos interesses. hitpsfstecine.azureedge.netirepostorio!00212hw/02496/Index hilt 718s ‘08/06/2022 16:28 Fundamentos do Direte Trbuisrio Das referéncias do Direito como um todo, o artigo 84, inciso VII, da CF/88 determina que compete privativamente ao presidente da Republica celebrar tratados, convengées e atos internacionais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional. Ainda da carta constitucional, o artigo 49, inciso I, decide que cabe ao Colegiado do Poder Legislativo resolver definitivamente sobre estes atos internacionais. Entéo, de acordo com esse procedimento, para que sejam aplicados no pai , 08 tratados e convengées internacionais precisam ser aprovados pelo Congreso Nacional, uma vez que sem essa aprovacao nao se aderem as fontes do Direito do pais. Por outro lado, dispée o artigo 98 do CTN: Art. 98 Os tratados e as convengées internacionais revogam ou modificam a legislagao tributaria interna, e serio, observados pela que Ihes sobrevenha. Isto significa que a legislagdo que se refere aquele pais que realizou o tratado ou convencao é que terd tratamento diferenciado, sendo isto muito comum para disciplinar e evitar situagées de bitributagao na esfera internacional, ou questées aduaneiras, entre outras medidas. Justamente em razdo dessa aplicabilidade, restou sedimentada a concep¢ao de que os tratados tanto podem ser elaborados para funcionar como uma norma geral e abstrata, como um pacto celebrado entre duas nagées para regulamentar questées especificas de seus interesses, Com essa determinacao, é possivel reconhecer que nosso sistema, em matéria tributaria, adotou a posigao supralegal para os atos internacionais. Diante disso, depreende-se do artigo 98 do CTN, tem que ser interpretado de maneira que os tratados internacionais devam conviver com a lei interna. Depois de devidamente incorporado ao direito interno, segundo aquele procedimento retratado, o tratado internacional deve ser respeitado pela legislagao interna como tal. Decretos Em sede tributéria, so empregados no sentido dos Decretos Administrativos ou Regulamentadores. Ou seja, sdo aqueles atos normativos, de competéncia exclusiva dos chefes do Poder Executivo, disciplinando situagdes previstas em lel para dar uma efetiva e fiel execugdo aos diplomas elaborados pelo Poder Legislativo. hitpsistecine azureedge netirepostorio!002 72hu/02495iindex hilt 16145 ‘08/06/2022 16:28 Fundamentos do Direte Trbuisrio Desse modo, os decretos tém por finalidade executar as normas que jé foram estabelecidas em lei, pois eles esto subordinados a ela, Com base neste conceito, diz 0 CTN: Art. 99 O contetido e o alcance dos decretos restringemse aos das leis em fungao das quais sejam expedidos, determinados com observancia das regras de interpretagdo estabelecidas nesta Lei. 0 regulamento, desta forma, tem a fungao de dar a execugao as leis, aos tratados, no modelo tributério, conforme o artigo 99, do CTN. Fontes secundarias - normas complementares Sem prejuizo de todas estas formas primérias do Direito Tributario, 0 artigo 100 do CTN trata das fontes menores do Direito Tributério, subordinadas as fontes principais, ou seja, so normas instrumentais. So todas normas expedidas no ambito das autoridades administrativas e, justamente em razéo dessa origem, seu campo de eficdcia é limitado, Entretanto, mais do que prescrever quais sao estas normas, 0 Cédigo Tributario Nacional determina que sua observancia pelo sujeito passivo exclui a imposi¢ao de penalidades, a cobranga de juros de mora ea atualizagao do valor monetério da base de cdlculo do tributo (artigo 100, parégrafo tinico do CTN). O limite de disciplina destas normas complementares é dado pela reserva legal Assuntos em que houver a submissao ao sentido estrito da legalidade ndo podem ser dispostos livremente pelas normas complementares. Por outro lado, nao sendo o tema submetido a reserva legal, as normas complementares poderao dispor, notadamente, se autorizada pelas fontes primérias, hitpsstecine azureedge netirepostorio!00212hu/02496iindex hilt 19145 ‘08/06/2022 16:28 Fundamentos do Direte Trbuisrio Atos normativos Sao atos expedidos pelo Poder Executivo e pela Administragao Publica, tendo como objetivo facilitar a aplicagdo correta da lei, orientando a todos, tanto contribuintes como funcionérios. Tém grande diversidade de denominagao, mas sao conhecidas a Instrugées Normativas, as Circulares etc. 0 decreto é ato emanado do chefe do Poder Executivo (presidente da Republica, governadores de Estado e do Distrit constituem todos 0s atos de outras autoridades administrativas subordinadas a chefia do Poder Executivo. Federal e prefeitos). Jd as normas complementares sao previstas no artigo 100 do CTN, e Portanto, so expedidos por autoridades distintas. Exemplo E 0 caso do ministro que “baixa portaria’, do secretario da Receita “que baixa instrucao normativa” ete. Decisdes administrativas com eficacia normativa Como explicitamente mencionado no artigo 100 do CTN, sao decisées dos érgaos singulares ou coletivos administrativos, a que a lei da atribuigdo de eficdcia normativa, ou seja, séo atos decisérios na esfera administrativa em relacao aos contribuintes que sao transformados posteriormente em normas gerais € aplicaveis a todos. Praxes administrativas/praticas reiteradas Sao referentes aos usos e costumes observados pela Administragdo Tributéria, normalmente conhecidos como praxes administrativas, Sao determinados atos praticados pela Administragao Publica, sempre da mesma forma, no que diz respeito ao contribuinte, passando a figurar como norma ainda que nao escrita ou consolidada em texto positivo. Convénios Na forma prevista no artigo 100 do CTN, sdo normas complementares em que a Unido Federal, os estados, 0 Distrito Federal e os municipios entre si celebram, denominando-se convénios, porque visam dar tratamento & matéria tributaria de modo comum a todas as unidades federativas que fazem parte de sua celebrago. => Vem que eu te explico! Os videos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do contetido que vocé acabou de estudar. hitpsistecine azureedge netirepostorio!002172hu/02496iindex hilt 20185 ‘08/06/2022 16:28 Fundamentos do Direte Trbuisrio Médulo 2- Vem que eu te explico! Tratados convengdes internacionais. Médulo 2- Vem que eu te explico! Decisées administrativas com eficdcia normativa Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questao 1 Em matéria de impostos, ndo é preciso lei para estabelecer A as hipéteses de extingao. B a cominagao de penalidades. hitpsfstecine azureedge.netirepostorio!00212hw/02496/Index hit ‘08/06/2022 16:28 Fundamentos do Direte Trbuisrio © prazo de pagamento. D a dispensa de penalidades. E a fixagdo da base de célculo. Parabéns! A alternativa C esta correta. ‘Até mesmo em razdo do Principio da Legalidade (téo importante no mundo tributario), sempre bom recordar que 0 artigo 97 do CTN lista as matérias que dependem de lei para o seu tratamento. La esté expressamente previsto que as hipéteses de extingiio, a fixagdo de base de célculo e a cominacao de penalidades dependem de lei e, por decorréncia, a dispensa das, Questo 2° Em Direito Tributario, 6 mate A instituir e majorar quaisquer tributos. B revogar taxas e contribuigdes de intervengao no dominio econémico. c definir fato gerador, aliquota e base de célculo de quaisquer tributos. D regulamentar leis em fungdo das quais sejam expedidos E estabelecer isengées de impostos. hitpsistecine azureedge netirepostorio!00212hu/02495iindex hilt 22188 ar0er022 16:28 Fundamantos da Deo Tibutvio Parabéns! A alternativa D esta correta. Na distribuigdo natural de tarefas prevista pelo Cédigo Tributério Nacional, a lei tem o poder de ctiar € extinguir os tributos e seus elementos essenciais, ficando os decretos com a funcao de regulamentar as leis. Assim é dito no artigo 99 do CTN: “O contetdo e o alcance dos decretos restringem-se aos das leis em fungao das quais sejam expedidos, determinados com observancia das regras de interpretagao estabelecidas nesta Lei’. kkk tk 3 - Tributos e suas espécies Ao fim deste modulo, vocé sera capaz de listar os tributos e suas espécies. \o Conceito de tributo 0 professor Irapud Beltrao discorre sobre o conceito de tributo, analisando seus elementos. Vamos assistit! hitpsistecine azureedge netirepostorio!00212hu/02495iindex hilt 23108 osi0si2022 16:28, Fundamentos da Dirito Tributério Para assistir a um video D, sobre 0 assunto, acesse a lo) verso online deste contetido. Tributos Devemos adotar 0 conceito de tributo, de acordo com 0 artigo 3° do CTN, como: “Tributo toda prestagdo pecuniaria compulséria, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que nao con: la em lei e cobrada mediante at a sangao de ato lade administrativa plenamente vinculada” Esse artigo determina os aspectos basicos de todo e qualquer valor exigido e, por isso, estudaremos cada parte componente. Tributo é toda prestacdao pecuniaria compulsoria Por tal, 0 tributo representard uma obrigagao, com pagamento obrigatério em dinheiro. Trata-se de um encargo financeiro de natureza pecunidria e compulséria, isto 6, 0 devedor deve cumpri-la em dinheiro (pectinia), além de se tratar de prestacdo forcada, nunca da vontade de qualquer pessoa Ainda que socialmente tenhamos varias obrigagdes que decorrem da vontade individual, os valores devidos a0 Poder Piblico tém sua compulsoriedade determinada na prépria lel instituidora do tributo, que é de natureza impositiva, Resulta daf que no se deve considerar como tributo as prestagées que muitas vezes so devidas ao Estado, mas que, ou nao sao entregues em dinheiro, ou nao sao compulsérias. Exemplo O servigo militar, por ser prestagao em forma de servigo, ainda que compulséria; ou ainda, pelo mesmo motivo, as requisigdes, quando 0 Poder Publico determina que o particular Ihe entregue certos bens. Em moneda ait cuin walar nela ce nacca exnrimir hitpsistecine azureedge netirepostorio!00272hu/02496iindex hilt 2414s ‘08/08/2022 16:28 Fundamentos do Direte Tebutério rca Ve Cay van eta ou pusscu CAPE Em dinheiro ou valor de moeda que se possa exprimir. E claro que toda obrigagdo tributaria deve ser primeiramente pensada para seu cumprimento em dinheiro, mas nada impede que se possa admitir outras formas de cumprimento, especialmente a partir dos préprios mecanismos definidos no CTN Sempre se discutiu sobre a possibilidade de satisfagdo do dever tributario com a entrega de bens, mas, somente a partir da Lei Complementar n° 104/01, que acrescentou 0 inciso XI ao artigo 156 do Cédigo Tributario Nacional (CTN), passou-se a admitir a dacéo em pagamento em bens iméveis (a entrega do imével como meio de pagamento), na forma e nas condigdes estabelecidas em lei Mas, destaca-se da prépria disposicao incluida no CTN: sera sempre (e to somente) em bens iméveis. E, mesmo assim, cada Unidade Federativa ainda deve fazer uma lei para estabelecer as condigdes ¢ critérios para tanto. Que nao constitua san¢ao de ato ilicito 0 tributo representard um dever assumido pelo particular que jamais constitui sangdo de ato ilicito. (contrério a lei). 0 ato ilicito é sanciondvel por algumas formas (art. 5°, inciso XLVI), ali prevista a possibilidade de pena pecunidria (multa). A sanco - advinda ou nao de situagées criminals -, expressa em multa, ndo é tributo, assim como no 0 séo as sangées administrativas e civi ;, quando o particular é condenado a entregar dinheiro ao Estado. Fato gerador do tributo enseja prestagao pecunidria “TRIBUTO” Ato ilicito enseja prestagao pecunidria "MULTA” Neste sentido, deve ser extraida a conclusdo de que ndo se pode dar ao tributo qualquer sentido punitivo, 0 que ndo quer dizer que os atos ilicitos néo possam ensejar resultados tributaveis. Por exemplo, se uma pessoa comete conduta tratada como crime ou contravengao penal, ela sofrerd a condenagao criminal pelo exercicio ilegal Por outro lado, se a referida pessoa obteve renda com aquela ilegalidade, essa renda é tributavel pelo hpsustecine azureedge.neteposiori(002 72hu02496/ndex him 25148 y0si2022 16:28 Fundamentos do Dist Trbuério Imposto de Renda, Nao se confunde o ato criminoso com os resultados ~ percepao dos rendimentos — daquele ato. 0 préprio CTN expressa que a interpretaco do fato gerador (artigo 118 do CTN) serd dada abstraindo a validade dos atos praticados. € a consagracao do principio do Pecunia non olet (dinheiro nao tem cheiro). Esta maxima tributéria afirma que, uma vez ocorrendo o fato gerador, ainda que tenham ocorrido fatos ilicitos antes, 0 tributo seré devido. E 0 caso de alguém que pratica atividade ilicita e, a partir dela, venha a auferir renda. Neste caso, o Imposto de Renda serd devido. Para ilustrar, vamos analisar um caso que chegou ao Supremo Tribunal Federal Jogo do Bicho. Possibilidade juridica de tributagao sobre valores oriundos de prética ou atividade ilcita. Prinefpio do Direito Tributério do non olet. Precedente, Ordem parcialmente conhecida e denegada. 1. Apretendida desclassificagdo do tipo previsto no art. 1°, inciso |, para art. 2°, inciso I, da Lei n® 8.137/90 no foi analisada pelo Superior Tribunal de Justica. Com efeito sua andlise neste ensejo configuraria, na linha de precedentes, verdadeira supressao de instancia, o que ndo se admite. 2. Ajurisprudéncia da Corte, & luz do art. 118 do Cédigo Tributario Nacional, assentou entendimento de ser possivel a tributaco de renda obtida em razao de atividade ilicita, visto que a definigéio legal do fato gerador ¢ interpretada com abstracao da validade juridica do ato efetivamente praticado, bem como da natureza do seu objeto ou dos seus efeitos. Principio do non olet. Vide o HC n° 77.530/RS, Primeira Turma, Relator o Ministro Septlveda Pertence, DJ de 18/9/98. 3, Ordem parcialmente conhecida e denegada. (STF - HC 94240/SP, 1° turma, unan. J. em 23.8.2011, DJe 11.10.2011) Instituido em Lei 0 tributo sé pode ser instituido mediante lei expressa; nenhum tributo poderé ser criado por circulares, portarias, decretos etc, Trata-se de exigéncia decorrente do Estado de Direito e fundamental para a seguranga juridica dos contribuintes. Evidentemente ndo é 0 CTN que afirma o tipo de lei necessaria. Isto ficaré a cargo da Constitui¢ao, que indicaré, nos casos em que entender, a necessidade eventual de lei complementar. Caso contrério, é mantido 0 padrdo da lei ordinaria, Por outro lado, nos limites estabelecidos pelo artigo 62 Iitpsistecine azureedige netrepositora/00212hu02496/index:himit 2618s 8106/2022 16:28 Fundamentos do Dieta Tributéria da CF/88, admite-se a utilizagéo das Medidas Provisérias para institui¢ao (ou majoragao) de tributos, que naturalmente nao sejam reservadas a lei complementar. Além disso, instituir significa dizer que o legislador deverd trazer a previsao dos elementos minimos caracterizadores do tributo, ou seja vY O fato gerador vY A base de calculo v A aliquota vY O sujeito passivo Naturalmente, a norma instituidora pode estabelecer outros elementos, sejam decorrentes destes aspectos essenciais do tributo ou periféricos. Contudo, ainda que nao exista a previsdo de outros dados, tais elementos sao indispensdveis para a existéncia valida da tributaga Cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada ‘Além de se preocupar com a fase legislativa do tributo, a definigfio do CTN ainda traz o tratamento da cobranga administrativa. Para esta, afirma que sera sempre cobrada por meio de uma atividade da Administragao Publica. E os agentes piblicos atuaram sem qualquer exercicio de conveniéncia ou oportunidade nesta cobranga. Toda atividade do Estado em relacao a tributo estaré disciplinada na lei tributéria, sem qualquer discricionariedade do agente fiscal responsdvel pela arrecadacao. Espécies de tributos A primeira referéncia as espécies de tributos reporta ao artigo 5° do CTN, que prevé que os tributos seriam impostos, taxas e contribuigdes de melhorias. Apesar de apenas essas trés espécies estarem previstas no Iitpsistecine azureedige netrepositora/00212hu02496/index:himit 2718s y0si2022 16:28 Fundamentos do Dist Trbuério artigo 5°, a Constituigao Federal, além de manter a existéncia destas formas clissicas no artigo 145, considera também tributos os empréstimos compulsérios e as contribuigdes especiais ou parafiscais. Estas dltimas duas se encaixam perfeitamente na definicdo de tributo e tiveram sua natureza tributaria reconhecida pelo Supremo Tribunal Federal. De qualquer forma, para completo conhecimento das espécies, é fundamental a andlise de cada uma destas modalidades. Impostos Cone jalmente, os impostos so tributos néo vinculados a qualquer atividade especffica do Estado que justifique o pagamento. Ou, como afirma o proprio Cédigo, o imposto é 0 tributo cuja obrigagao tem como fato gerador uma situagao independentemente de qualquer atividade estatal especifica relativa a0 contribuinte (CTN, art. 16). De acordo com a Constituigdo Federal, os impostos sdo de competéncia privativa de cada ente tributante, tudo na forma dos artigos 153 a 156, separando os federais; os estaduais e do Distrito Federal e os municipais, a saber: hitpsistecine azureedge netirepostorio!00212hu/02496index hilt 28185 ‘08/06/2022 16:28 Impostos da Unido Art. 153 CF/88 Elaborado por: Iapua Bet. Fundamentos do Direte Trbuisrio Imposto de Importagao (II) Imposto de Exportacdo (IE) Imposto sobre a Renda e os Proventos de qualquer natureza (IR) Imposto sobre Produtos Industrializados (IP!) Imposto sobre Operagées de crédito, cambio, seguro e titulos e valores mobilidrio (OF) Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural (ITR) Imposto sobre Grandes Fortunas (JGF) Destes, 0 Unico ainda nao legistado ¢ o Imposto sobre as grandes fortunas, ainda que os demais j tenham sido objeto de atividade legislativa e sejam efetivamente exigidos pela Secretaria da Receita Federal. Impostos dos Estados Art. 155 CF/88 Elaborado por: Irapua Bet. hitpsfstecine azureedge.netirepostorio!00212hu/02496/Index hit Imposto sobre a Transmissao Causa Mortis € Doagao (ITCMD) Imposto sobre a Circulagdo de Mercadorias e prestagdio de servicos de transporte interestadual ou intermunicipal e de comunicagées (ICMS) Imposto sobre a Propriedade de Veiculos Automotores (IPVA) 20105 ‘08/08/2022 16:28 Fundamentos do Direte Tebutsrio Imposto sobre a Propriedade Predial ¢ Territorial Urbana (IPTU) Impostos dos Muni Imposto sobre a transmissao, inter vivos, de Art. 156 CF/88 bens iméveis (ITB!) Imposto sobre Servicos de qualquer natureza (ISS ou ISSQN) Flaborado por rapua Bettréo. Diante das peculiaridades do Distrito Federal ~ que nao integra nenhum estado e nem é dividido em municipios -, ele teré na sua competéncia todos os impostos que séo previstos aos estados e também aos municipios, cumulando no ambito distrital todos os impostos listados no artigo 155 e no artigo 156 CF/88. Saiba mais A Constituigao ainda autoriza que a Unido institua impostos novos, desde que por lei complementar, ou mesmo extraordindrios no caso de guerra externa ou a sua iminéncia (artigo 154 CF/88). Orienta a Constituigdo, em seu artigo 145, paragrafo primeiro, que sempre que possivel, os impostos terao cardter pessoal e serdo graduados segundo a capacidade econémica do contri te, facultando a administragao tributaria, especialmente para conferir efetividade a estes objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, o patriménio, os rendimentos e as atividades econdémicas do contribuinte. Desta forma, o parégrafo primeiro determina que os impostos, "sempre que possivel’, observardo a pessoalidade e serdo calculados de acordo com a capacidade contributiva. Taxas As taxas so tributos vinculados a uma atividade especifica do Estado, que visa vantagem direta a quem paga, podendo ser a prestacdo de servicos piblicos, especificos e divisiveis ou 0 exercicio do poder de policia. Como qualquer das entidades federativas podem executar tais atividades, a Unido, os estados, 0 Distrito Federal e os municipios podem instituir esses tributos por serem de competéncia comum. A definigdo do artigo 77 do CTN é praticamente repetida pela CF, em seu artigo 145, inciso Il. A partir desses dispositivos, podemos dividir as taxas de acordo com seus dois fatos geradores admitidos: Taxa de policia ‘Tem como fato gerador 0 exercicio regular do poder de policia, que é uma das maiores manifestagées do Iitpsistecine azureedige netrepositora/00212hu02496/index:himit 30148 osi0si2022 16:28, Fundamentos da Dirsito Tributério poder de império realizado pelo Estado, conceituado no artigo 78 do CTN. Deve-se observar que esse poder de policia de que trata 0 artigo 78 nao diz respeito ao poder da policia ai entendido como érgao de seguranga publica, Esse poder de policia é o poder que o Estado exerce para disciplinar ou limitar a liberdade ou os direitos dos particulares, visando ao interesse piblico, como as normas de construcao em relacdo ao direito de propriedade, entre outros. Sem prejuizo da diversidade entre as diversas unidades federativas, temos, por exemplo comum, as taxas de fiscalizagao: taxa de alvaré, taxa de inspegao e taxa sanitéria, Taxas de servicos So as taxas cobradas pelos servicos piblicos jé existentes e que esto em funcionamentto, tendo como fato gerador a utilizagao efetiva ou potencial de determinados servicos publicos, especificos, divisiveis, prestados efetivamente ao contribuinte, ou ao menos aqueles que estejam a disposicao, e sejam passiveis, de utilizagao efetiva ou potencial Servicos especificos Sao servigos publicos estruturados em unidades auténomas de intervengao. Servicos divisiveis Sao os que podem ser utilizados individualmente, em separado, por cada um dos usuarios, Tais definiges so reforgados pelos conceitos existentes no artigo 79 do CTN. Por outro lado, basta 0 usuario estar com o servico a sua disposigao para existir a justificativa da cobranga da taxa, independentemente de o servico estar sendo utilizado efetivamente ou em potencial. Isto porque, para serem remunerados por taxas, os servicos pibicos devem estar fixados sem alternativas de outras utilizagdes. Se ndo houver essa compulsoriedade, os servicos serao remunerados por pregos publicos (receita nao tributaria). hitpsilstecine azureedge netirepostorio!00212hu/02496iindex hilt 314s ‘08/05/2022 16:28 TAXA Regime juridico tributario ‘Sujeita aos principios tributérios Decorre de lei Receita derivada Pode ser cobrada por utilizagao de servigo disponivel Indisponivel Sujeito ativo é sempre pessoa juridica de direito publico Elaborado por: rapua Betr. Fundamentos do Direte Tebuisrio PrReyyruptreu PREGO PUBLICO Regime juridico contratual ‘Sem aplicagao das normas tributérias Autonomia das vontades Receita origindria Nao pode ser cobrada por utilizagao de servigo disponivel Passivel de rescisao Sujeito ativo pode ser pessoa de direito privado (ex.: concessionéria) Estas distingdes foram feitas pela interpretacao do Supremo Tribunal Federal, que chegou, ainda antes da promulgagao da atual Constituigao, a editar a seguinte stimula Sumula 545 Precos de servicos piblicos taxas nao se confundem, porque estas, diferentemente daqueles, séo compulsérios e tem sua cobranga condicionada a prévia autorizagao orgamentaria, em relagdo & lei que institui Ainda para nortear a cobranga da taxa, 0 artigo 145, em seu paragrafo segundo da Constituigao Federal, determina que “as taxas nao poderdo ter base de calculo propria de impostos”, reproduzindo 0 conceito ja anteriormente previsto no paragrafo tinico do artigo 77 codificado. Sobre as taxas, podemos destacar os seguintes entendimentos jé firmados pelo Supremo Tribunal Federal ~ hitpsfstecine azureedge.netirepostorio!00212hw/02496/Index hit 214s ‘08/06/2022 16:28 Fundamentos do Direte Trbuisrio STF: Sumula 595 E inconstitucional a taxa municipal de conservacao de estradas de rodagem, cuja base de calculo € idéntica & do Imposto Territorial Rural. Sumula 665 E constitucional a Taxa de Fiscalizacaio do Mercado de Titulos e Valores Mobilidrios instituida pela Lei 7.940/89, Sumula 667 Viola a garantia constitucional de acesso a jurisdi¢ao a taxa judiciéria calculada sem limite sobre o valor da causa. Sumula 670 0 servigo de iluminagao publica néo pode ser remunerado por taxa (posteriormente transformada em Simula Vinculante n° 41). Sumula Vinculante 19 taxa cobrada exclusivamente em razao dos servicos ptiblicos de coleta, remocao e tratamento ou destinagao de lixo ou residuos provenientes de iméveis, nao viola o artigo 145, inciso Il, da CF/88. hitpsistecine azureedge netirepostorio!00212hu/02496iindex hilt 33145 ‘08/06/2022 16:28 Fundamentos do Direto Trbuisrio Sumula Vinculante 29 E constitucional a adogao, no calculo do valor de taxa, de um ou mais elementos da base de célculo prépria de determinado imposto, desde que nao haja integral identidade entre uma base e outra Contribui¢des de methoria A contribuigao de melhoria ¢ tributo vinculado, de competéncia comum, ou seja, a Unido, os estados, 0 Distrito Federal e os municipios podem instituf-la, conforme previsdo do artigo145, inciso Il, da CF/88, a partir da realizagao de obras publicas. Assim, as contribuigdes de melhorias decorrem de obras publicas, na medida em que estas gerarem valorizagao na propriedade imobiliéria de outros, sendo este fato gerador estabelecido no artigo 81 do CTN. Além de determinar o fato gerador, prevé ainda o CTN os limites da cobranga. Seu artigo 81 determina a existéncia dos limites global e individual. Por estes, ndo pode o Poder Publico cobrar além do ressarcimento do gasto da obra publica e, no que é pertinente ao limite individual, deve respeitar a valorizagéo ou 0 ben io decorrente de obras ptiblicas. Comentario Vale lembrar que no é em toda obra publica que se pode ter a cobranga da contribuicdo de melhoria autorizada, E preciso que fique caracterizada a valorizacao do imével do contribuinte em fungao dessa obra. O artigo 82 do Cédigo Tributério Nacional traz ainda algumas exigéncias para que o legislador possa exercer tal competéncia tributaria. Empréstimo compulsorio Os empréstimos compulsérios tem como caracteristica principal a promessa de restituic¢do dos valores Pagos, j4 que devem ser devolvidos em determinado periodo. Na forma da atual redagao do artigo 148 da CF/88, compete exclusivamente a Unido a criagao dos empréstimos compulsérios, mediante lei complementar. hitpsistecine azureedge netirepostorio!002172hu/02495iindex hilt Alas ‘08/05/2022 16:28 Fundamentos do Direte Trbuisrio Devem obedecer ao regime juridico-tributdrio, com excegdo dos principios da anterioridade e da noventena, no caso de calamidade publica, guerra externa ou sua iminéncia. Entdo, para estes casos eles podem ser cobrados no mesmo exercicio em que foram instituidos, ou seja, no mesmo ano da publicagao da lei, diferentemente da maioria dos impostos, que sé podem ser cobrados no primeiro dia do ano subsequente aquele em que foram instituidos. A cobranga, no caso, poderia ser imediata, justificando-se tal situagao pelos motivos excepcionais de sua criagao. Sendo reservado para a Lei Complementar, é impossivel que o presidente da Repiblica legisle sobre a matéria por meio da edigdo de uma medida proviséria (v. art. 62, parégrafo primeiro da Constituicéo Federal de 1988). Diante das disposigdes constitucionais e do conceito geral do empréstimo compulsério, podemos. identificar as seguintes caracteristicas que diferenciam este tributo dos demais: principios da anterioridade e da noventena Por meio do principio da anterioridade, a eficécia da lei que cria ou aumenta tributo fica postergada para o exercicio financeiro seguinte ao da sua publicagao. De outro lado, o principio da noventena estipula que a lei que institu ou majora tributo nao pode surtir efeitos antes de decorridos 90 dias da sua publicagéo, observando conjuntamente o principio da anterioridade. Assim, caso haja publicagao de uma lei que majore determinado tributo em 10 de novembro, por exemplo, ela surtird efeitos apenas em meados de fevereiro do ano seguinte, jd passados 90 dias. Sao restituiveis. A aplicacdo dos recursos arrecadados esta vinculada a despesa extraordinaria que fundamentou sua institui¢do (artigo 148, paragrafo Unico, CF). f hitpsistecine azureedge netirepostorio!002172hu/02496iindex hilt 35145 ‘08/06/2022 16:28 Fundamentos do Direte Trbuisrio A Unido nao podera utilizar a receita arrecadada dos emprestimos compulsorios para outros fins diferentes daqueles para que foram instituidos. A lei complementar que instituiu o empréstimo compulsorio devera prever a devolucdo total da importancia arrecadada, respeitando ainda o artigo 15, paragrafo unico, do CTN. As determinacées do artigo 148 da CF/88 restou recepcionando, em parte apenas, o artigo 15 do CTN, no que se excepciona o inciso Ill. Na forma da Constituigao, temos, portanto, que a criagao do empréstimo compulsério somente pode ocorrer: 1. No caso de investimento piiblico de cardter urgente e de relevante interesse nacional 2. Para atender a despesas extraordinarias, decorrentes de calamidade publica, de guerra externa ou sua iminéncia. Despesas extraordindrias sao aquelas imprevisiveis e urgentes que, por sua imprevisibilidade, do estéo contempladas no orgamento anual da Unido e, por sua urgéncia, requerem atendimento imediato. Relembrando Repita-se que a criagdo de empréstimos compulsérios somente pode ser feita por lei complementar (artigo 148 CF/88). Importante ainda registrar que o principio da anterioridade e da noventena (artigo 150, inciso Ill, alineas “b” e “c’, da Constituicdo Federal) aplica-se apenas aos empréstimos compulsérios instituidos em caso de investimento piiblico de carater urgente e de relevante interesse nacional. Contribuigdes especiais A doutrina tradicional jd identificava que as contribuigées parafiscais corresponderiam ao emprego das finangas publicas com objetivos que nao visavam precipuamente a obtencao de receitas, mas sim a regular ou modificar a distribuigao da riqueza nacional, equilibrar os niveis de pregos de utilidades ou de salérios, bem como outras finalidades econémicas ou sociais semelhantes. Atualmente tais contribuigdes estdo amparadas no artigo 149 da CF/88 e, em regra, so instituidas por lei hpsustecine azureedge.neteposiori(002 72hu02496/index him 36s ‘08/06/2022 16:28 Fundamentos do Direte Trbuisrio ordinéria de competéncia da Unido. Essas contribuigdes estao classificadas em: 8 Contribui¢des sociais 8 Contribuicdes de intervenc¢do no dominio econdmico 8 Contribuicdes de interesse das categorias profissionais ou econdmicas Contribuicdes Sociais Sao contribuigdes cobradas para o financiamento de areas de interesse social ou para custeio da seguridade social. Além da previsdo do artigo 149, trata também das contribuigées para a seguridade social © artigo 195 da Constituigao Federal, dispondo sobre as seguintes incidéncias: |. do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre: a folha de salérios e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer titulo, a pessoa fisica que Ihe preste servigo, mesmo sem vinculo empregaticio; a receita ou 0 faturamento; o lucro; Il. do trabalhador e dos demais segurados da previdéncia social, nao incidindo contribuigao sobre aposentadoria e pensao concedidas pelo regime geral de previdéncia social de que trata 0 art. 201; Ill. sobre a receita de concursos de prognésticos; Iv. do importador de bens ou servigos do exterior ou de quem a lei a ele equiparar. Com base nesta previsao, foram instituidas as seguintes contribuigdes: Contribuicao sobre a folha de pagamento. hitpsistecine azureedge netirepostorio!002172hu/02496iindex hilt 37i8s ‘08/06/2022 16:28 Fundamentos do Direte Trbuisrio L Contribuicdo do seguro acidente do trabalho. Contribuicao do PIS/PASEP, recaindo sobre o faturamento ou receita bruta. Contribui¢ao do Cofins, recaindo sobre o faturamento ou receita bruta. Contribui¢ao Social sobre o Lucro Liquido. Contribui¢do dos empregados e trabalhadores. Contribuicgdo sobre a receita de prognosticos, ai entendido os jogos e loterias em geral. Contribui¢ao sobre a importa¢ao. hitpsfstecine azureedge.netirepostorio!00212hw/02496/Index hit 36145 ‘08/06/2022 16:28 Fundamentos do Direte Trbuisrio As contribuigdes sociais previstas no artigo 195 da Constituigao Federal de 1988 podem ser exigidas apés noventa dias da data da publicagao da lei que as houver instituido ou modificado (artigo 195, paragrafo ea “b", da sexto), ndo se sujeitando, portanto, ao principio da anterioridade (artigo 150, inciso Il, al Constituigao Federal). Por outro lado, a lei que institui contribuigao social baseada no paragrafo quarto do artigo 195 da CF/88 (outras fontes) tem de ser de natureza complementar. Comentario Sobre tais contribuigdes, importa registrar que, além do Regime Geral da Previdéncia Social, existe também © regime de previdéncia tipico dos servidores, sendo que cada unidade federativa deveré manter tal sistema. Para tanto, 0 artigo 149, parégrafo primeiro da CF/88 determinou que, além da Unido, os estados, 0 Distrito Federal e os municipios instituam contribuigdo sobre os servidores ~ unicamente para os fins previdencidrios - nao podendo utilizar aliquota menor do que a prevista na norma federal Contribuicdes de Intervencdo no Dominio Econémico (CIDE) Em algumas situagées, 0 Poder Publico utiliza o tributo para intervir no dominio econémico com o objetivo de controlar a produgao de certos bens ou para financiar determinadas setores econémicos por meio de recursos de outros dominios. De todas estas contribuigées, a mais destacada é a CIDE-combustivel, hoje tratada no artigo 177, paragrafo quarto, da CF/88, com a redagao dada pela Emenda Constitucional n* 33, de 2001. Esta dé a clara demonstragao de seu campo de incidéncia e da destinagdo dos recursos obtidos, além de algumas regras especificas ali contidas. Contribuicgdes de Interesse das Categorias Profissionais ou Econdmicas Sao as contribuigdes compulsérias instituidas pela Unido e destinadas a sindicatos, conselhos ou organizagées, tendo atualmente como grande exemplo as contribuigdes das anuidades para financiamento dos conselhos profissionais. Importante observar que a atual redagao do artigo 149 ainda atribui algumas caracteristicas para as contribuigées sociais e para a CIDE, tudo na forma do paragrafo segundo, a saber: Nao incidirao sobre as receitas decorrentes de exportagao. Incidirdo também sobre a importacao de produtos estrangeiros ou servigos. Poderao ter aliquotas, ad valorem, tendo por base o faturamento, a receita bruta ou o valor da operagao e, no Iitpsistecine azureedige netrepositora/00212hu02496/index:himit 39148 ‘08/06/2022 16:28 Fundamentos do Direte Trbuisrio caso de importagao, 0 valor aduaneiro; ou especifica, tendo por base a unidade de medida adotada. Além destas contribuigdes, a Emenda Constitucional n° 39, de 2002, introduz o artigo 149-A, com a previséo de contribuigdo de iluminagao publica - COSIP (de natureza distinta das demais e com caracteristicas, distintas dos demais tributos), de competéncia dos municipios e do Distrito Federal, sendo ali facultada a cobranga nas contas de consumo de energia elétrica. Com tudo isso, podemos entender que as contribuigdes especiais sao assim divididas: Art. 149 Uniao Art. 149-A Munic\pios/DF Elaborado por: rapua Ber. => Vem que eu te explico! Sociais gerais Sociais Seguridade social ~ Art. 195 Interventivas ou CIDE Profissionais ou corporativas COSIP (contribuigéo sobre iluminagao publica) Os videos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do contetido que vocé acabou de estudar. Taxas Médulo 3- Vem que eu te explico! A Grete ae GIRET —Conrbuies sociis hitpsstecine azureedge.netirepostorio!00212hw/02496/Index hit Médulo 3 - Vem que eu te explico! 40145 ‘08/06/2022 16:28 Fundamentos do Direte Trbuisrio Medulo 3- Vem que eu te explico! Contribuigies de melhoria Falta pouco para atingir seus objetivos. Vamos praticar alguns conceitos? Questao 1 Sao tributos vinculados: A A taxa, 0 imposto e a contribuigao de melhoria. B Ataxa e os impostos diretos. c A contribuigao de melhoria e os impostos indiretos. Ipsstecinearwreedige neropostoo00212hul02s0sindox Nit ans ‘08/06/2022 16:28 Fundamentos do Direte Trbuisrio v Aaxa © a contmpuigae ge memoria. E 0 imposto sobre a propriedade de veiculos automotores (IPVA) e taxa. Parabéns! A alternativa D esta correta. Questo 2 Inclui-se entre as caracteristicas do tributo contribuigao de melhoria A Nao ser vinculada a uma atividade estatal. B Ter por fato gerador a obra publica de que decorre desvalorizagao imobilidra. c Nao é toda obra publica que pode ter a cobranga da contribuigao de melhoria autorizada. Nao é preciso ter-se por base de célculo o quantum da valorizagao dos iméveis adjacentes & obra. E As contribuigdes de melhoria decorrem de obras piblicas e privadas. Parabéns! A alternativa C esta correta. O art. 82 do CTN diz-nos que para haver a cobranga da contribuigao de melhoria é necessério haver a valorizagao do imével em fungao daquela obra, logo: ndo é toda obra publica que pode ter a cobranga da contribuigaio de melhoria autorizada eee hitpsistecine azureedge netirepostorio!00212hu/02496iindex hilt a2 ‘08/06/2022 16:28 Fundamentos do Direte Trbuisrio Consideracoes finais Apés 0 estudo deste contetido, estamos em condigées de afirmar que a atividade financeira estatal, isto ¢, 0 financiamento das atividades constitucionais estatais dé-se, sobretudo, por meio da cobranga de tributos dos cidadaos e das pessoas juridicas. Assim, percorremos os principais conceitos, caracteristicas, classificagées, principios e normativos regedores dos tributos, procurando diferenciar as diferentes espécies de tributos: impostos, taxas, contribuigées de melhoria, empréstimo compulsério e contribuigées especiais. 0 Tributo: conceito e espécies 0 professor Irapua Beltrdo discorre sobre 0 conceito de tributo, diferenciando as espécies tributdrias. existentes do direito brasileiro. Vamos ouvir! Para ouvir 0 dudio, acesse a versio online deste contetido. Referéncias BRASIL, Cédigo Tributario Nacional, Brasilia: Congresso Nacional, 1966. Consultado na internet em: 15 jul. 2021. BRASIL. Constituigo da Republica Federativa do Bra: internet em: 15 jul. 2021 Brasilia: Congresso Nacional, 1988. Consultado na BRASIL. Lei n° 4320. Brasilia: Congresso Nacional, 1964, Consultado na internet em: 15 jul. 2021 hitpsistecine azureedge netirepostorio!00212hu/02495iindex hilt a5 ‘08/06/2022 16:28 Fundamentos do Direte Trbuisrio BRASIL. Supremo Tribunal Federal. STF. Habeas Corpus n° 94240/SP. Relator: Ministro Dias Toffoli, Pesquisa de Jurisprudéncia. Acérdao, de 23.8.2011. Consultado na internet em: 14 jun. 2021 BRASIL, Supremo Tribunal Federal. STF. Sumula $45. DJ de 12.12.1969, Consultado na internet em: 14 jun, 2021 BRASIL. Supremo Tribunal Federal. STF. Simula 595. DJ de 5.1.1977. Consultado na internet em: 14 jun, 2021 BRASIL. Supremo Tribunal Federal, STF. Sumula 665. DJ de 13.10.2003. Consultado na internet em: 14 jun, 2021 BRASIL, Supremo Tribunal Federal. STF. Smula 667. DJ de 13.10.2003. Consultado na internet em: 14 jun. 2021. BRASIL. Supremo Tribunal Federal. STF. Simula vinculante 19. DJe 10.11.2009. Consultado na internet em 14 jun, 2021 BRASIL. Supremo Tribunal Federal. STF. Sumula vinculante 29. DJe 17.2.2010. Consultado na internet em: 14 jun. 2021 BRASIL. Supremo Tribunal Federal. STF. Simula vinculante 41. DJe 20.3.2015. Consultado na internet em: 14 jun, 2020. BRASIL. Supremo Tribunal Federal. STF. Simula vinculante 50. DJe 23.6.2015. Consultado na internet em: 14 jun, 2020. NOGUEIRA, R. B. Direito Financeiro ~ curso de Direito Tributatio. 2. ed. rev. e atual, Sao Paulo: Bushatsky, 1970. SOUZA, R. G. Compéndi de Legislacao Tributaria. 4 ed. Séo Paulo: Resenha Tributaria, 1982, Explore + Para continuar estudando sobre as formas de financiamento do Estado e o fenémeno tributario, recomendamos a leitura dos conceitos sobre as receitas no préprio Portal da Transparéncia do Governo Federal intitulado Orgamento da receita Sobre a compreensao das receitas na atividade financeira, interessante a leitura de Atividade financeira do estado e re 's pliblicas, por Edson Garcia, em artigo publicado na Revista da Unaerp. Para refarear a anrendizada sobre a canceita @ as esnécies tributarias recamendamas a leitura da artiaa O hitpsistecine azureedge netirepostorio!00212hu/02495iindex hilt 445 ‘08/05/2022 16:28 Fundamentos do Direte Trbutsrio Panes rerveyaa Ypres Tributo e suas espécies, de Felipe Tavares Miranda, no site Jus.com.br. les OLMIS V RVHISEHY © to COPeUICD MIEN No) FOUTHICH MH HIUS G ACILA MU gS (@ Baixar conteido hitpsfstecine azureedge.netirepostorio!00212hw/02496/Index hit 45145

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