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OS CRISTÃOS
E O GOVERNO
A BÍbLIa E O
SOCIaLIsMO
1ª Edição
Brasília
Edição do Autor
2022
Ficha Técnica
Capa/Diagramação
Robson Pires
Impressão
Flex Gráfica e Editora
S322v
Schelb, Guilherme Zanina.
Os Cristãos e o Governo – A Bíblia e o Socialismo /
Guilherme Zanina Schelb. – Brasília: 2022. 96 p.
ISBN: 978-65-00-43331-9
CDD 000.00000
Introdução 5
Conclusão 95
O GOVERNO É DO
POVO
Povo e governo
O povo é representado em nossa Constituição pelo conceito
de sociedade civil, isto é, pelo que não é público ou governa-
mental, ou seja: indivíduos, famílias e instituições privadas,
como empresas, igrejas e associações.
Como um ente abstrato, o povo se materializa para o gover-
no por meio de ONGs, instituições civis e grupos de influência.
Isso significa que o governo será muito mais influenciável com
o auxílio de organizações concretas de pessoas que se fizerem
representadas diante das instituições públicas – órgãos do
Poder Legislativo, agências de fiscalização, Poder Executivo
e Judiciário. Dessa forma, quem não se fizer representar de
maneira organizada e permanente terá menos chances de ser
ouvido e respeitado.
Já o governo é um conceito mais amplo, que envolve várias
esferas de autoridade. No Brasil, há três esferas geográficas de
poder público: municipal, estadual e federal.
As funções do governo
O governo também pode ser analisado pela função exercida.
Isso nos leva ao entendimento de que, dentro de cada esfera
geográfica de poder, há diferentes órgãos: Executivo, Legisla-
tivo, Justiça e Ministério Público. Cada um tem sua tarefa ou
função específica, mas todos exercem a responsabilidade de
controle recíproco, ou seja, um fiscaliza o outro.
O Poder Executivo tem a incumbência de exercer os ser-
viços públicos mais diretamente relacionados ao dia a dia das
pessoas, como educação, segurança pública e saúde.
O governo materializado
O governo é quem exerce o poder público, ou seja, as fun-
ções previstas em lei para o bem da coletividade. Geralmen-
te, quando se pensa em governo, está-se referindo aos cargos
eletivos do Executivo : prefeito, governador ou presidente da
República. Mas o conceito de governo que utilizarei aqui é
muito mais amplo, e engloba todos as funções públicas de
orientação prática
orientação prática
orientação prática
1
Bíblia King James Atualizada. São Paulo: Abba Press, 2012, p. 1816
2
VISHAL, Mangalwadi. O livro que fez o seu mundo: como a Bíblia criou a
alma da civilização ocidental. São Paulo: Vida, 2013, p. 275.
3
REALE, Giovanni; ANTISERI, Dario. História da Filosofia. V. 3. São
Paulo: Paulus, 1991, p. 97
4
BLAINEY, Geoffrey. Uma breve história do mundo. São Paulo: Funda-
mento, 2007.
orientação prática
Grécia antiga
Na cidade de Atenas, há 2.400 anos, houve uma experi-
ência muito conhecida que alguns chamam de “democracia
ateniense”. Foi uma das primeiras experiências de governo da
humanidade regida pela vontade dos cidadãos. Os atenien-
ses se reuniam em uma ekklesia, nome dado às reuniões ou
assembleias em que os cidadãos gregos decidiam os destinos
políticos de Atenas.
Essa era uma opção conferida apenas aos homens adultos,
e significava muito prestígio e relevância social, pois se referia
aos assuntos mais importantes da cidade, como a eleição dos
governantes e generais, e até decisões de declaração de guerra.
Em seu auge, as ekklesias reuniam até 6 mil cidadãos atenien-
ses, várias vezes ao ano.
Se você andasse pelas ruas de Atenas nessa época, veria
principalmente três classes de pessoas: mulheres, estrangeiros
e escravos. Estima-se que, da população total de Atenas, cerca
de 80 por cento não eram cidadãos, e nenhum deles possuía
status legal para participar da ekklesia. Por esse motivo, alguns
questionam se realmente a experiência ateniense era uma de-
mocracia real, como muitos imaginam em nossos dias.1
Os gregos cunharam um nome especial para descrever as
pessoas que, podendo participar das assembleias e decidir os
destinos da nação, recusavam-se a fazê-lo. Essas pessoas eram
chamadas de “Idiotas”!
1
PARKER, Philip. História mundial. (Trad. Maria Alice Máximo). Rio de
Janeiro: Zahar, 2011
2
Tradução livre e popular da afirmação: “The only thing necessary for the
triumph of evil is for good men to do nothing”. (Edmund Burke)
3
PARKER, Philip. História mundial (Trad. Maria Alice Máximo). Rio de
Janeiro: Zahar, 2011
4
PLATÃO. A república. Vol. 1. São Paulo: Difusão Europeia do Livro. 1965,
p. 237
6º - Justiça ao decidir
5
COPE, Landa. Template social do Antigo Testamento: redescobrindo
princípios de Deus para discipular nações. Belo Horizonte: Jocum, 2007, p. 55-60
6
VIOLA, Frank; BARNA, George. Cristianismo pagão? São Paulo: Abba
Press [sd].
7
METAXAS, Eric. Bonhoefffer: pastor, mártir, profeta, espião. São Paulo:
Mundo Cristão, 2011, p. 189
Direita e esquerda
A distinção entre direita e esquerda remonta à Antiguidade,
e já revela os fundamentos mais profundos da noção recente
dessas concepções.
É essencial compreender que, na Bíblia, há uma milenar
distinção entre os da “direita” e os da “esquerda”.
No Antigo Testamento, destacam-se várias passagens que se
referem à direita, simbolizando os justos que creem em Deus, e
à esquerda, representando os ímpios que não creem em Deus.
Vejamos algumas passagens bíblicas no Antigo Testamento:
O coração do sábio está à sua direita, mas o coração do tolo
está à sua esquerda. (Eclesiastes 10.2 ARC – grifo meu)
1
MARX, Karl; Engels Manifesto Comunista. São Paulo: Boitempo, 2010, p57
Capitalismo e socialismo
Você certamente já ouviu muitos discursos, especialmen-
te de políticos e professores, fazendo um antagonismo entre
capitalismo e socialismo. De acordo com esse senso comum,
o capitalismo é concebido como o sistema da exploração dos
mais pobres pelos ricos, e o socialismo como o sistema da
igualdade e justiça social.
É uma exposição resumida, mas representa a essência do
que se ouve, sobretudo na Educação e mídias brasileiras. Nada
mais equivocado!
2
ROUSSEAU, Jean-Jacques. O contrato social: princípios do direito político.
São Paulo: Edipro. 2020.
3
BOBBIO, Norberto. Teoria geral da política. São Paulo: Editora Campos,
2000, p342/3.
Capitalismo
Em sua essência, o capitalismo é um sistema econômico,
e sua origem histórica remonta ao século XVII. A liberdade
individual é tão fundamental ao sistema capitalista, que se re-
puta a ele a eliminação de uma das práticas mais abomináveis
da humanidade: a escravidão.4
Sim, a escravidão, que existiu há milênios, foi extinta na
humanidade por ação direta do sistema capitalista.
A escravidão é observada em todas as sociedades humanas
desde os tempos mais remotos. Os sumérios, o povo mais
antigo que habitou a Mesopotâmia, experimentou-a, assim
como babilônios, assírios, persas e romanos. É curioso, mas
uma das nações que mais escravizaram seres humanos em to-
dos os tempos foi o Egito, uma nação africana que subjugou
povos vizinhos durante mais de três milênios, de 3.200 a.C
até o primeiro século da nossa era.
Em sua origem, os burgueses eram os revolucionários, pois
se opunham ao então sistema de castas do feudalismo, a velha
ordem. É Karl Marx, pai do socialismo, que o reconhece:
A burguesia desempenhou na História um papel
iminentemente revolucionário. Onde quer que tenha
conquistado o poder, a burguesia destruiu as relações
feudais, patriarcais e idílicas. Rasgou todos os com-
plexos e variados laços que prendiam o homem feudal
a seus “superiores naturais”, para só deixar subsistir,
de homem para homem [...]5
4
NARLOCK, LEANDRO. Guia Politicamente Incorreto da Economia
Brasileira. São Paulo, Globo Livros, 2019.
5
MARX, op. cit., p. 42
Socialismo
É frequente ouvirmos de algumas pessoas que, “na teoria, o
socialismo é maravilhoso, mas, na prática, nunca funciona”. A
ideia subjacente a quem pensa assim é que o socialismo seria
uma doutrina que propõe a justiça social, a igualdade entre as
pessoas e o fim da exploração e da desigualdade.
Nada mais enganoso!
É preciso conhecer melhor o que os autores socialistas e
suas teorias realmente propõem para as sociedades.
Em sua essência, o socialismo é uma ideologia que propõe
submeter coercitivamente ao Estado e a um partido político
único todas as pessoas e âmbitos humanos, não apenas a eco-
nomia, mas também a cultura, o direito, a religião, as artes,
a educação, a família, em suma, todos os âmbitos sociais,
6
Frase cunhada pelo publicitário James Carville, em 1992, assessor da cam-
panha presidencial do então desconhecido candidato democrata Bill Clinton
7
MARX, op cit, p. 69
8
MARX, op cit, p.57.
reflexão
9
MARX, op cit, p.50.
10
COURTOIS, Stéphane et al. O livro negro do comunismo: crimes, terror e
repressão (trad. Caio Meira). Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1999.
11
COURTOIS, Stéphane, op. cit.
reflexão
reflexão
SOCIALISMO CULTURAL:
O FEITIÇO DAS PALAVRAS
1
HORKHEIMER, Max; FROMM, Erich; MARCUSE, Herbert et alii. Stu-
dien über Autorität und Familie – Forschungsberichte aus dem Institut für
Sozialforschung. Lüneburg: Dietrich zu Kampen Verlag, 1987 (1936). Apud
SILVA, Fábio. “Crítica da autoridade: dominação e emancipação na obra de
Max Horkheimer. (Tese). São Paulo: USP, 2018, p. 166/7.
Linguagem neutra
A linguagem tornou-se um campo revolucionário, onde pa-
lavras e conceitos são deturpados em nome de um objetivo su-
premo: a destruição dos marcos civilizatórios judaico-cristãos.
Nada mais evidente do que a implantação da assim chamada
linguagem de gênero neutro, em que se propõe a mudança
da sintaxe e morfologia da língua portuguesa a fim de impor
a moral e os valores dos ativistas sexuais. Independentemente
do acolhimento ou não de suas propostas, o fato é que se trata
de ação autoritária e insidiosa dos ativistas sexuais, pois pre-
tendem impô-la a toda a sociedade sem nenhuma apreciação
2
ALINSKY, Saul. Prefácio de Rules for radicals: a pragmatic primer for
realistic radicals. [s.l.]: Vintage. 1989.
3
Hillary’s America: the Secret history of the democratic party. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=sXycbfmaqg0. Acesso em: junho de 2022.
4
Estudo realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada-IPEA
constatou que 38% das agressões e ameaças sofridas por mulheres entre 1995
e 2015 foram praticadas por OUTRAS MULHERES. https://www.ipea.gov.br/
retrato/pdf/190215_tema_d_a_violenca_contra_mulher.pdf
A BÍBLIA E O
SOCIALISMO
Propriedade privada
Acerca da propriedade dos bens, o socialismo proclama:
“A abolição da propriedade privada é o objetivo supremo
do socialismo”.1
Abolir a propriedade privada significa proibir e impedir que
as pessoas acumulem bens com base em seu esforço ou habili-
dades individuais. Na doutrina socialista, o coletivo se sobrepõe
ao indivíduo, e os bens que as pessoas produzem devem ser
distribuídos para quem o Estado socialista ordenar entregar.
Entretanto, a propriedade privada está consagrada na Bíblia
expressamente no mandamento “não furtarás” (Êxodo 20.15).
Perceba que, ao proibir a subtração de bens alheios, Deus
reconhece que as pessoas têm direito de manter os bens que
lhes pertencem. Por toda a Bíblia, a propriedade e as riquezas
privadas são reconhecidas e respeitadas. As habilidades e o es-
forço de cada indivíduo são enaltecidos na Bíblia como fatores
de geração de riqueza:
Os planos de quem é esforçado conduzem à fartura, mas
a pressa excessiva leva à pobreza. (Provérbios 21.5 –
NAA – grifo meu)
1
MARX, Karl; Engels Manifesto Comunista. São Paulo: Boitempo, 2010, p57
Família
O socialismo propõe abertamente destruir a família:
“Supressão da família! Até os mais radicais se indignam com
esse propósito infame dos comunistas. Sobre que fundamento
repousa a família atual, a família burguesa? Sobre o capital,
sobre o ganho individual”.2
Suprimir a família significa destruí-la à força. Leia de novo.
Você pode não acreditar, mas é pensamento central do so-
cialismo a destruição da família, no sentido da união de um
homem com uma mulher e seus filhos.
Em outro livro, chamado A origem da família, da proprie-
dade privada e do Estado, Friedrich Engels explica melhor esse
propósito absurdo ao considerar que a família monogâmica
seria a primeira forma de exploração ou opressão de classes, na
qual o homem é o opressor, e a mulher, a explorada.3
Isso significa que, segundo a antropologia socialista, a famí-
lia (bíblica) é palco de exploração e injustiça, onde o homem
oprime a mulher.
Não obstante, a Bíblia enaltece a família, o oposto do
socialismo:
Por essa razão, o homem deixará pai e mãe e se unirá à
sua mulher, e eles se tornarão uma só carne. (Gênesis 2.24)
2
MARX, Karl; Engels Manifesto Comunista. São Paulo: Boitempo, 2010, p. 55
3
ENGELS, Friedrich. A origem da família, da propriedade privada e do
Estado. São Paulo: Boitempo, 2019.
Liberdade religiosa
Finalmente, o socialismo quer destruir e proibir as religiões:
“O comunismo [socialismo] quer abolir as verdades eternas,
quer abolir a religião e a moral, em lugar de lhes dar uma nova
forma, e isso contradiz a todos os desenvolvimentos anteriores”.4
Aqui se revela a intenção expressa do socialismo de destruir
toda a fé em Deus. Não apenas dos cristãos, mas de toda e
qualquer religião. E não apenas a fé, mas a moral, os valores e
a ética, frutos do desenvolvimento da humanidade por séculos.
O revolucionário Lenin, durante uma discussão com Leonid
Krassin, em 1918, a respeito da eletrificação na Rússia, afirmou:
“A eletricidade substituirá a Deus. Deixem o camponês re-
zar pela eletricidade e ele sentirá que o poder das autoridades
é bem maior que o dos céus”.5
4
MARX, op. cit., p. 57.
5
COURTOIS, Stéphane et al. O livro negro do comunismo: crimes, terror e
repressão (trad. Caio Meira). Rio de Janeiro:Bertrand Brasil, 1999, p. 64.
O indivíduo
O socialismo considera que as virtudes e os vícios não per-
tencem a indivíduos, mas a “classes” de pessoas. Assim, todos
os trabalhadores são bons e dignos, e todos os ricos (burgueses)
são maus e exploradores.
O conceito de luta de classes é a essência do modo socialista
de ver as pessoas e o mundo. É a concepção de que há sempre
um explorador e um explorado na humanidade, cabendo aos
explorados suplantar os dominadores para estabelecer “um
mundo justo”. O ódio entre as classes de pessoas é a força
motriz do socialismo, pois é vital para os propósitos revolu-
cionários criar e atiçar antagonismos viscerais na sociedade.
O conceito moderno de luta de classes foi expandido para
diversos âmbitos sociais da sociedade, não apenas trabalhadores
contra empresários. Agora, criam e alimentam o ódio entre
negros e brancos, mulheres e homens e assim por diante. Os
socialistas pretendem levar a discórdia e o ódio para todos os
âmbitos sociais que puderem.
Nesse contexto, os indivíduos não têm relevância, senão
conforme servem aos propósitos de sua “classe”, segundo
a agenda de valores estabelecida pelos líderes socialistas. O
pensamento socialista é tão contraditório que se um negro,
mulher ou homossexual se opuser a esse antagonismo, não
terá nenhuma consideração ou respeito.
O político negro Fernando Holliday sofreu na pele essa
reação esquizofrênica dos socialistas ao ser xingado de “capi-
tão do mato” por expressiva liderança socialista brasileira, ao
discordar de propostas do movimento negro, especialmente a
política de cotas. “Capitão do mato” é uma alusão aos negros
6
MARX, op cit., p. 50.
orientação prática