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Jejum e Consagração

Muitas vezes temos dúvidas a respeito do motivo pelo qual Deus não ouve a nossa
oração, ou até mesmo nos perguntamos o que estamos fazendo de errado.
Independentemente do que pensamos ou sentimos, temos um parâmetro que nos foi
deixado para ser seguido: a Bíblia.
Uma das verdades presentes na Bíblia é a respeito da maneira como Deus quer que
nos apresentemos a Ele.

“Se o meu povo, que se chama pelo meu nome, se humilhar e orar, buscar a minha
face e se afastar dos seus maus caminhos, dos céus o ouvirei, perdoarei o seu pecado e
curarei a sua terra. (2 Crônicas 7:14)”

Se humilhar é tornar-se humilde, antes de entrarmos na presença de Deus precisamos


humilhar, ou afligir, a nós mesmos. A definição da bíblia para a humildade não é a mesma
que encontramos no mundo atualmente, na verdade somos humildes se deixamos de fazer
a nossa vontade para fazer a vontade de Deus e se buscamos a nossa própria vontade,
então somos soberbos. Deus não se curva à nossa vontade, nós precisamos nos achegar a
Deus com toda a humildade, buscando em verdade sua vontade e então Ele nos ouvirá.

“Semelhantemente vós jovens, sede sujeitos aos anciãos; e sede todos sujeitos uns aos
outros, e revesti-vos de humildade, porque Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos
humildes. (1 Pedro 5:5)”

“Antes, ele dá maior graça. Portanto diz: Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos
humildes.
Sujeitai-vos, pois, a Deus, resisti ao diabo, e ele fugirá de vós.
Chegai-vos a Deus, e ele se chegará a vós. Alimpai as mãos, pecadores; e, vós de duplo
ânimo, purificai os corações.
Senti as vossas misérias, e lamentai e chorai; converta-se o vosso riso em pranto, e o
vosso gozo em tristeza.
Humilhai-vos perante o Senhor, e ele vos exaltará. (Tiago 4:6-10)”

Vemos então que Deus não admite que entremos em sua presença sem que
sejamos humildes, mas como podemos nos tornar humildes?
Uma das formas bíblicas de se fazer isso é jejuando.
“Mas, quanto a mim, quando estavam enfermos, as minhas vestes eram o saco;
humilhava a minha alma com o jejum, e a minha oração voltava para o meu seio.
(Salmos 35:13)”

Davi humilhava a sua alma enquanto jejuava, este trecho nos mostra claramente
um propósito do jejum. O jejum também foi tratado por Jesus no sermão da montanha.

“E, quando orares, não sejas como os hipócritas; pois se comprazem em orar em pé nas
sinagogas, e às esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo
que já receberam o seu galardão.
Mas tu, quando orares, entra no teu aposento e, fechando a tua porta, ora a teu Pai que
está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará publicamente. (Mateus
6:5,6)”

“E, quando jejuardes, não vos mostreis contristados como os hipócritas; porque
desfiguram os seus rostos, para que aos homens pareça que jejuam. Em verdade vos
digo que já receberam o seu galardão.
Tu, porém, quando jejuares, unge a tua cabeça, e lava o teu rosto,
Para não pareceres aos homens que jejuas, mas a teu Pai, que está em secreto; e teu Pai,
que vê em secreto, te recompensará publicamente. (Mateus 6:16-18)”

Veja o caráter semelhante que Jesus dá ao tratar do jejum e da oração, em ambos


Ele nos diz “quando” e não “se”, portanto Jesus espera que isso seja feito e está nos
orientando a maneira correta de se fazer, em secreto. É importante ter em mente que o
propósito do jejum não é apenas uma greve de fome, muito menos deve ser usado como
algo para se engrandecer, muito pelo contrário, o jejum deve ser uma forma de abrir mão
das próprias vontades para buscar a vontade do Pai, por isso os que jejuavam e oravam
para aparecer foram chamados de hipócritas por Jesus e fica claro que nem o jejum e nem
a oração deles têm valor.
Também existem recomendações sobre o jejum no livro de Isaías.

“Dizendo: Por que jejuamos nós, e tu não atentas para isso? Por que afligimos as nossas
almas, e tu não o sabes? Eis que no dia em que jejuais achais o vosso próprio
contentamento, e requereis todo o vosso trabalho.
Eis que para contendas e debates jejuais, e para ferirdes com punho iníquo; não jejueis
como hoje, para fazer ouvir a vossa voz no alto. (Isaías 58:3,4)”
Veja, o povo de Israel desta época se queixava, pois seguia o princípio do jejum
ao se achegar a Deus, mas não recebia resposta alguma. Mas o profeta diz a eles que isto
se deve à maneira como jejuavam, pois não se consagravam naqueles dias, pelo contrário,
o jejum deles era motivo de discórdia para aqueles que ficavam sobrecarregados com o
serviço daquele que jejuava, ou seja, tratavam o período de jejum e consagração como
tempo de descanso, onde os outros fariam o trabalho por eles. Deus nos exorta nesta
passagem para que não façamos isso, pelo contrário, nos versículos seguintes Ele nos
mostra o que quer que façamos nos dias de jejum.

“Porventura não é este o jejum que escolhi, que soltes as ligaduras da impiedade, que
desfaças as ataduras do jugo e que deixes livres os oprimidos, e despedaces todo o jugo?
Porventura não é também que repartas o teu pão com o faminto, e recolhas em casa os
pobres abandonados; e, quando vires o nu, o cubras, e não te escondas da tua carne?
(Isaías 58:6,7)”

O período de jejum e de consagração não é apenas um descanso, onde deixamos


de fazer as coisas, mas sim o momento onde não fazemos as nossas coisas para fazermos
a vontade do Pai. Quando jejuamos da maneira correta, Deus nos da graça, como já foi
visto em 1 Pedro 5:5 e em Tiago 4:6. Podemos notar também que em diversos pontos da
bíblia o jejum foi um ponto de mudança.

“Vai, ajunta a todos os judeus que se acharem em Susã, e jejuai por mim, e não comais
nem bebais por três dias, nem de dia nem de noite, e eu e as minhas servas também
assim jejuaremos. E assim irei ter com o rei, ainda que não seja segundo a lei; e se
perecer, pereci. (Ester 4:16)”

Nesta ocasião, todo o povo de Israel estava condenado à morte por um decreto do
rei Assuero, mas após fazerem um jejum de três dias, Deus ouviu as suas súplicas e mudou
todo o curso dali em diante.

“Então apregoei ali um jejum junto ao rio Aava, para nos humilharmos diante da face de
nosso Deus, para lhe pedirmos caminho seguro para nós, para nossos filhos e para todos
os nossos bens. (Esdras 8:21)”

Esdras e o povo de Israel jejuam antes de voltar para a sua terra pelos caminhos
perigosos do deserto e Deus os guarda.
“Sucedeu, pois, que Acabe, ouvindo estas palavras, rasgou as suas vestes, e cobriu a sua
carne de saco, e jejuou; e jazia em saco, e andava mansamente.
Então veio a palavra do Senhor a Elias tisbita, dizendo:
Não viste que Acabe se humilha perante mim? Por isso, porquanto se humilha perante
mim, não trarei este mal nos seus dias, mas nos dias de seu filho o trarei sobre a sua
casa. (1 Reis 21:27-29)”

Acabe, ao saber que seria punido por Deus, se humilha diante do Senhor e alcança
misericórdia. O próprio Deus afirma que o fato de não trazer o mal nos dias de Acabe se
devia ao ato de Acabe de se humilhar perante a Ele.

“Esta palavra chegou também ao rei de Nínive; e ele levantou-se do seu trono, e tirou de
si as suas vestes, e cobriu-se de saco, e sentou-se sobre a cinza.
E fez uma proclamação que se divulgou em Nínive, pelo decreto do rei e dos seus
grandes, dizendo: Nem homens, nem animais, nem bois, nem ovelhas provem coisa
alguma, nem se lhes dê alimentos, nem bebam água;
Mas os homens e os animais sejam cobertos de sacos, e clamem fortemente a Deus, e
convertam-se, cada um do seu mau caminho, e da violência que há nas suas mãos.
Quem sabe se se voltará Deus, e se arrependerá, e se apartará do furor da sua ira, de
sorte que não pereçamos?
E Deus viu as obras deles, como se converteram do seu mau caminho; e Deus se
arrependeu do mal que tinha anunciado lhes faria, e não o fez. (Jonas 3:6-10)”

Ao receber a mensagem de que Deus iria destruir Nínive, o rei da cidade


proclamou um jejum e todos se humilharam diante de Deus. Por causa disso Deus não os
destruiu como disse que faria.
Foram citados diversos exemplos de momentos onde o jejum é mostrado na bíblia
como uma arma poderosa na mão de um servo do Senhor, mas algumas pessoas podem
ter a ideia errada de que o jejum deve ser feito somente em momentos de grande
tribulação, o que não é verdade.

“Antes, como ministros de Deus, tornando-nos recomendáveis em tudo; na muita


paciência, nas aflições, nas necessidades, nas angústias,
Nos açoites, nas prisões, nos tumultos, nos trabalhos, nas vigílias, nos jejuns, (2
Coríntios 6:4,5)”
Paulo aqui mostra que o jejum é uma forma de se mostrar recomendável como
ministro do Senhor, portanto é de se esperar que um ministro do Senhor se prove através,
também, de jejuns.

“E na igreja que estava em Antioquia havia alguns profetas e doutores, a saber: Barnabé
e Simeão chamado Níger, e Lúcio, cireneu, e Manaém, que fora criado com Herodes o
tetrarca, e Saulo.
E, servindo eles ao Senhor, e jejuando, disse o Espírito Santo: Apartai-me a Barnabé e a
Saulo para a obra a que os tenho chamado.
Então, jejuando e orando, e pondo sobre eles as mãos, os despediram.
E assim estes, enviados pelo Espírito Santo, desceram a Selêucia e dali navegaram para
Chipre. (Atos 13:1-4)”

No início da igreja, o primeiro envio de apóstolos aos gentios é narrado em Atos


13, onde a bíblia nos mostra que na igreja de Antióquia havia profetas e doutores.
Enquanto estes jejuavam e serviam ao Senhor, o Espírito Santo separa Saulo (Paulo) e
Barnabé para serem apóstolos e para espalharem a mensagem de Cristo e abrirem igrejas
por toda a terra. Neste trecho os servos de Deus jejuaram em duas ocasiões, uma
corriqueira, em que jejuavam apenas para se consagrar e fazer a obra, e outra antes de
dispensá-los para a missão que lhes fora dada pelo Espírito Santo.

“E, havendo-lhes, por comum consentimento, eleito anciãos em cada igreja, orando com
jejuns, os encomendaram ao Senhor em quem haviam crido. (Atos 14:23)”

Para nomear os presbíteros das igrejas, também foi utilizado o jejum, como forma
de se humilhar diante de Deus e buscar a sua vontade. Portanto vimos a importância do
jejum, vimos o seu propósito, a sua eficácia, a sua aplicação, vimos relatos do antigo e do
novo testamento, palavras de Jesus a respeito desta arma poderosa e também as
recomendações de como deve ser feito.
Não estejamos satisfeitos apenas com orações mornas e com canções vazias, é
importante que nos humilhemos diante do nosso Deus para que Ele ouça o nosso clamor,
precisamos abrir mão das nossas vontades e sujeitar a nossa carne para buscar o favor do
Senhor. Para isso também é importante que jejuemos com frequência e com o
entendimento correto. É claro que existem diversas formas de se humilhar diante do
Senhor e também não estamos dizendo que esta é uma fórmula milagrosa que resolve
todos os problemas, mas utilizando da forma certa, o jejum pode ser uma arma muito
poderosa nas mãos de um cristão.

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