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Certa vez quando eu trabalhava em uma lanchonete de minha cidade pude vivenciar diversas experiências que
agora posso entender como filosóficas, experiências estas que me levam a refletir sobre o meu papel de
pedagoga, de cidadã e sobre a educação num contexto mais amplo. Em uma destas experiências cotidianas fui
solicitada a assumir a função de cozinheira e minha patroa passou a anotar todos os pedidos no meu lugar.
Aquela era uma função que eu já ocupava há vários anos, conhecendo o gosto e preferências de pratos de todos
os clientes. Na cozinha, porém, sem identificar o nome do cliente não seria possível para mim atender de forma
individualizada a composição adequada de cada pedido em seus mínimos detalhes, que somente com anotações
prévias seria possível tal tarefa. Exemplo disso aconteceu quando uma cliente fez o pedido de um pão assado à
nova atendente, proprietária do estabelecimento, a qual me repassou o pedido sem identificar quem seria esta
cliente e eu por minha vez preparei um pão tradicional, exatamente como descrito no cardápio, o qual foi
rejeitado por não corresponder àquele preparado todos os dias de forma customizada. De forma grosseira fui
repreendida pela proprietária da lanchonete a fazer novamente o pedido ao gosto daquela cliente. Certamente
naquele momento eu tinha motivos para revidar, me exaltar pela forma que fui tratada, mas por necessitar
daquele emprego para o sustento do meu filho, refleti sobre as consequências, assim como certamente faria o
filósofo Sócrates, agir somente com sabedoria de forma pensada, pois para ele a sabedoria começa com a
reflexão.