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Geografia Humana de Portugal

Sistemas Urbanos
Estrutura Urbana e sistemas regionais

No Norte litoral (em torno do Porto)

- Nublosa urbana – Área Metropolitana do Porto, com estrutura


urbana muito dinâmica e modelo de ocupação território difuso e denso,
em termos populacionais, de redes viárias e de atividades;
- Mancha que estende para lá da AMO, para Norte e para Sul;
-Estrutura polinucleada, polarizada pela cidade do Porto;
- Conjunto de polaridades periféricas metropolitanas;
- Número razoável de cidades médias;
- Na última década, este modelo difuso em expansão, a coroa
metropolitana, com destaque para Vila Nova de Gaia e
Matosinhos e as cidades de Braga, a norte e a Cidade de Aveiro
a sul reforçaram os níveis de polarização.
São cidades que se destacam nesta nebulosa urbana:
Guimarães, Santo Tirso, Famalicão (vale do Ave), Paredes-
Penafiel e Felgueiras (vale do Sousa) e mais a sul, Feira, São
João da Madeira e Oliveira de Azeméis;
- Existem várias pequenas cidades e centros urbanos
complementares, Trofa, Vizela, Paços de Ferreira, Lousada,
Felgueiras, Fafe, Marco de Canaveses e Ovar, contribuindo par
construção de uma malha multipolar;
- Este modelo está estender-se e vai incorporando, Ponte de
Lima, Vila Verde, Amares, Póvoa do Lanhoso, Vieira do Minho,
Amarante, Estarreja e Albergaria-a-Velha.
O modelo económico da AMP:
- Estrutura produtiva virada para os setores tradicionais;
- Está a reposicionar-se no mercado internacional;
- Sistema policêntrico que necessita de uma estratégia espacial
sustentada em modelo de governação que promova
complementaridades e faça surgir especificidades internas;
- Demonstra dificuldades institucionais e políticas, em termos de
liderança e capacidade de cooperação;
- Dificuldades em gerir uma estrutura difusa e polinucleada e em
construir uma estratégia virada ao exterior;
- É necessário em termos nacionais e regionais, construir um
espaço de governação policêntrica e de cooperação estratégica;
- As fragmentações municipais e associativas não devem
comprometer visões e posicionamentos estratégicos mais
abrangentes;
- A região precisa de assumir novos riscos para fazer face aos
desafios que se vão colocar no futuro;
Na passagem do litoral para interior existe um conjunto de
pequenos centros (Paredes de Coura, Arcos de Valdevez-Ponte da
Barca, Terras de Bouro, Vieira do Minho, Baião, Cinfães de Castelo de
Paiva) que ainda padecem do efeito da interioridade, que nos últimos
anos foi contrariada pelo reforço das acessibilidades e da
industrialização.
São territórios onde as turbulências sociais e económicas,
próprias das áreas de transição um urbano industrial e um rural
regressivo.
Aqui o povoamento e difuso e população residente é
relativamente jovem.
As saídas precoces da escola antecipam a sua entrada no
mercado de trabalho, resultando em:
-Desvalorização da escola;
- Que leva à perda de confiança da aprendizagem,
comprometendo a capacidade coletiva de gerar riqueza;
- Persistência em insuficiência de infraestruturas educativas e de
saúde;
- Abandono e insucesso escolar com altos índices;
- Níveis de consumo e rendimentos baixos;
- A solução passaria pela recuperação da cidadania, sendo
necessário uma afirmação política da cidade, enquanto espaços
de urbanidade e cidadania, para uma vida em torno da polis.
Em Trás-os-Montes e Alto Douro, as cidades médias de Vila Real
Peso da Régua-Lamego, é um eixo urbano linear importante para
consolidação e Chaves, Mirandela e Bragança procuraram estruturar
um extenso território rural em perda.
É um sistema urbano de fraca dimensão em termos demográficos
e económicos
O património vernacular do Douro Vinhateiro, classificado como
património mundial, evidencia a importância do “homem na construção
de uma nova paisagem, com forte identidade cultural e natural.
Trata-se de um importante produto de internacionalização
regional, ao nível do turismo.
A Região Centro:
-Sistema urbano estruturado em torno de um conjunto de
constalaçoes urbanas. Aveiro liga-se a Ílhavo, Vagos, Albergaria-
a-Velha, Águeda e Oliveira do Bairro.
- Articula e fortalece um estrutura urbano-industrial;
- Exerce uma importante função polarizadora a sul da Metrópole
do Porto.
- Viseu centraliza também uma constelação urbana construída
em torno de pequenos centros envolventes: Tondela, Mangualde,
Satão, São Pedro do Sul e Vouzela.
- Coimbra e os lugares envolventes, Montemor-o-Velho,
Condeixa, Soure, Miranda do Corvo, Penacova, Poiares, Lousã,
Cantanhede, Mealhada-Anadia, formam uma constelação urbana
que se articula com a Figueira da Foz e exercem importante
função polizadora entre as duas regiões metropolitanas.
- A Sul de Coimbra, o eixo urbano composto Leiria-Marinha
Grande desenvolve complementaridades e funções de
cooperação com Pombal, Ourém, Batalha, Porto de Mós, criando
um importante cluster industrial.
- As cidades médias de Torres Novas, Tomar, Abrantes e
Entroncamento e o conjunto de centros complementares de
menor dimensão, como Ferreira do Zêzere, Sardoal, Gavião e
Vila Nova da Barquinha, estruturam o espaço do Médio Tejo.
- É crucial na estruturação urbana da Região Centro e contribui
para contrariar as tendências polarizadoras das dua metrópoles:
No interior:
- O eixo Guarda-Belmonte-Covilhã-Fundão-Castelo Branco
constitui uma importante âncora de sustentação social e
económica de um extenso território rural em perda demográfica.
Lisboa:
- Embora tenha perdido nas últimas décadas um grande número
de residentes, fortaleceu o seu posicionamento estratégico e
captado a maioria dos recursos em termos de conhecimento e
serviços avançados;
- Os intensos processos de suburbanização das periferias e as
tendências de reforço de multipolaridade metropolitana, fazem
desta metrópole o principal centro de competitividade do país.
- Na última década, as dinâmicas de emprego e de mobilidade
fizeram com que se criassem as condições para ser uma
metrópole multipolar, com grande oferta de emprego.
- Para a sua multipolaridade também contribuem (última
década):
- Dinâmicas de emprego e mobilidade, sendo mais
pronunciado em termos de emprego;
- Estrutura de centralidades do comércio e serviços de lazer
e mobilidade;
- Não perde o seu caráter central e polarizador em relação
às áreas envolventes;
- Progressão para uma modelo mais desconcertado, mais
visível em termos de emprego;
- Existência de estruturas I&D;
- Relocalização de sedes de algumas empresas;
- Emergência das novas centralidades é positiva para um
bom funcionamento desta estrutural espacial;
- Ausência de um sistema de governação regional,
traduzindo-se na insuficiente cultura de parceria;
- Prática precária de conceção de estratégias
intermunicipais;
- Lisboa lidera o sistema urbano português:
- Maior concentração nacional de atividades de
base tecnológica;
- De indústrias e de serviços;
- De serviços intensivos de conhecimento I&D;
- Stock de capital humano expressivo, com
perfil de escolaridade e profissões muito
diversificado;
- Stocks de emprego com grande dimensão e
uma qualidade média alta, permitindo uma
melhor capacidade de evolução;
- Maior concentra institucional do país;
- Maior e mais diversificada base de serviços
sociais e de apoio ao setor produtivo do país;
-Cluster urbano ligado ao turismo, cultura e
lazer em crescimento;
- Posição periférica no contexto europeu;
- Em relação a Madrid, tem dificuldades de
atrair investimento estrangeiro, interessado no
mercado ibérico;
- Tem uma posição interessante nas redes
transcontinentais baseadas na língua
portuguesa;
- Tradição multiculturalista que pode tornar-se
um recurso estratégico no contexto europeu;
A Região Metropolitana de Lisboa, embora funcione num sistema
fortemente polarizado, tem vindo a integrar a dinâmica das cidades
médias mais próximas:
- Regista um processo de complementaridade e integração
territorial em torno de dois espaços:
- Oeste (Região Centro) e a Lezíria e o Tejo (Alentejo).
- Cidades médias de Torres Vedras, Caldas da Rainha
e uma rede de centros urbanos complementares
estruturam o Oeste;
- A cidade de Santarém e a rede de centros urbanos,
como Almeirim, Rio Maior, Benavente e Coruche
estruturam o espaço da Lezíria do Tejo;
- No Alentejo, evidenciam-se quatro centralidades
urbanas:
-Évora, Beja e Sines- Santiago do Cacém –
Subsistema urbano integrado num espaço
extenso rural, de fraca densidade;
Modelo de povoamento muito concentrado e
com dinâmicas regressivas significativas;
-Évora enquadra-se num eixo de ligação de
Lisboa a Elvas de Badajoz;
- Évora tem um posicionamento estratégico em
termos regionais – cidade âncora;
- Sines – Santiago do Cacém – Devem ser
completadas as infraestruturas logísticas e o
novo corredor ferroviário de Sines-Madrid;
- Portalegre -Dificuldades em manter a sua
população, apresenta um quadro regressivo;
- Beja – No contexto regressivo da última
época, conseguiu aumentar a sua população;
Outros centros complementares com menor
capacidade polarizadora e alguma especialização:
- Elvas-Campo Maior – eixo agroalimentar, com
relacionamento transfronteiriço;
- Estremoz-Borba- Vila Viçosa – nucelo de
indústrias e arte da pedra;
- Castro Verde -pólo mineiro;
- No Algarve – Sistema urbano linear marcado pela forte
urbanização do litoral;
- Pressão urbanística determinou o crescimento de um eixo
pouco estruturado de áreas urbanas e um mosaico urbano-
turístico;
- Constelação urbana difusa, constituída por novas
centralidades – Vila Moura, Quarteira, Oura-Montechorro-
Olhos de Água;
- Este conjunto urbano tem cerda de 150.000 habitantes.
- No caminho para ocidente – Albufeira, Silves, Lago,
Portimão de Lagos;
- No caminho para oriente – Tavira e Vila Real de Santo
António;
- Distâncias curtas e os movimentos urbanos são cruzados;
- Neste eixo urbano nuclear, vivem cerca de 275.000
habitantes.
- Tem fortes relacionamentos transfronteiriços, com as
cidades espanholas de Huelva e Sevilha;
-Perfil turístico internacional;
- Oferta turística diversificada;
- Articulação cidade-serra-praia, que permite o
crescimento de especificidades urbanas e forte articulação
territorial.
Cenário prospetivo (desejável):

- Modelo de desenvolvimento regional;


- Ordenamento do território, em que impere o sistema
urbano e estrutura de governança regional;
- Organização polinucleada;
- Desenvolvimento territorial colocado em várias escalas:
- Regional;
-Ibérica;
- Europeia.
- Posição determinante das duas regiões metropolitanas,
no relacionamento ibérico e europeu e as cidades médias
como estruturação urbana regional;
- Potenciação das diferenças e especificidades, nos
consórcios, no assumir de riscos e visões no investimento
em redes multivariadas;
- A geografia é um instrumento para construção ou
recriação de uma estratégica múltipla;
- Participação cívica e um debate mais aberto às grandes
questões transacionais;
- A existência de metrópoles de pequena dimensão face ao
espaço europeu, obriga à construção de modelos de
governação mais inovadores por forma a criar massa crítica
e a necessária dimensão europeia;
- Não há sociedades equilibradas, por isso o equilíbrio do
território é uma utopia;
- O desenvolvimento constrói-se tendo por base processos
cuja natureza é equilibrada;
-Acentuam-se os desequilíbrios regionais e intraurbanos;
- As convergências inter-regionais e intrarregionais são
cada vez menos acessíveis.
- Necessidade de confiança nas instituições e na classe
política para e poder atingir um nível social e politicamente
aceitável de assimetrias;
- Necessidade de manter níveis elevados de integração
social;
- Desenvolvimento de identidades partilhadas e
simultaneamente abertas ao exterior;
O Cenário apresentado pressupõe:
- Visão estratégica;
- Visão mobilizadora do território nacional e regional,
assumindo a diversidade espacial;
- Capacidade de enriquecimento dos conteúdos das
estratégias a diferentes escalas territoriais;
-Inclusão de diferentes práticas de desenvolvimento;
- Abertura a lógicas de participação institucional e cívica
mais abrangentes;

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