Meu querido Pedro: Sinto a morte mui perto… A teu pai não dou confiança e, por muito que lhe implore misericórdia e que me mande para exílio, está sob escuta do povo. Este povo português tão desconfiado, crente de que o nosso amor lhes irá fazer mal. Amo-te muito meu amor. Esta nossa união, que me dá forças nas piores alturas, que me salva das piores adversidades, está fiel a ti desde que te conheci. No entanto, não vejo salvação para o que aí vem… Os nossos filhos, coitadinhos, ficarão sem mãe, sofrerão sem razão, por uma injustiça que não tem fundamento. E tu, meu amor, sem alguém que te demonstre amor “verdadeiro” todos os dias, como ficarás? Quando desaparecer, com certeza, que fiques a saber que estou à tua espera lá em cima. Até lá, toma conta dos nossos filhos, o fruto do nosso amor.