Eu me chamo Caio Henrique, morador de Ceilândia – DF, tenho 21 anos e
atualmente faço graduação em Ciências Sociais - licenciatura. Sou discente da UnB desde de 2.2019, não consegui passar de primeira em ciências sociais, então através do ENEM consegui entrar em Museologia, e consegui mudar para as ciências sociais em 2021. Estudei em escola pública minha vida inteira. Sempre tive muita curiosidade em aprender e desde muito cedo tive afinidade com as áreas das ciências humanas e as artes. No ensino fundamental, minhas matérias preferidas eram as de história, geografia e artes, já nesse momento, eu fui percebendo minha vontade de aprender e poder repassar esses aprendizados, comecei a me inspirar muito em meus professores e fui amadurecendo a ideia de me formar em algum curso de licenciatura. Ainda no ensino fundamental, minha vontade era de fazer faculdade de história, na qual abordavam as questões que eu mais gostava de estudar. Sempre fiquei entristecido que na escola não haviam Olimpíadas de história ou sociologia como tinham as de matemática. Ao mesmo tempo que a escola significava um espaço de aprendizado e era prazeroso nesse sentido, também era motivo de algumas violências, em grande parte de forma psicológica e algumas vezes de forma física. O fato de ser uma criança afeminada sempre foi motivo de piada e perseguição, sobretudo por parte dos meninos. O fato deu não me encaixar nesses padrões normativos de sexualidade e gênero, como não gostar de jogar futebol e preferir vôlei ou queimada, por exemplo, eram motivos de “zoações” por parte de colegas da turma, ou pelo fato de não performar a masculinidade que se espera de meninos. Esses motivos fizeram com que parte da minha infância fosse solitária e com alguns poucos amigos. Apenas no ensino médio fui encontrando amigos que pareciam comigo e fui criando redes de apoio que iam ajudando uns aos outros a lidar com esses problemas de racismo, machismo, LGBTQfobia e capacitismo que muitos alunos sofrem durante os anos escolares. No ensino médio, comecei a despertar minha consciência para assuntos políticos, sobretudo a partir das aulas de sociologia, momento em que eu já pensava em me inscrever pra ciências sociais. Em 2016 participei das ocupações das escolas e das manifestações contra a Reforma do Ensino Médio proposto aquela época. Fazíamos vários debates acerca do quanto essa reforma prejudicaria a juventude e fazia parte de uma agenda neoliberal de mercantilização da educação pública. Nesse momento eu e meus colegas montamos um grêmio em nossa escola e fomos ativos também nas mobilizações e lutas contra a Emenda Constitucional 95, que congela investimentos em educação e áreas essenciais por 20 anos. Observando as injustiças e os projetos que atacavam a educação, como o projeto de Escola Sem Partido, me vinculei à agremiações e entidades, nesse momento à UBES (União Brasileira de Estudantes Secundaristas), que cotidianamente lutava pela defesa da educação pública e pelos direitos de nossos estudantes. E sigo nessa luta até hoje. Tenho bastante tempo para participar do projeto, atualmente apenas estudo e tenho uma grade horária bem organizada, tenho flexibilidade de horário e tempo para me comprometer com as ações do projeto. Atualmente, acompanho de perto os debates e discussões acerca da educação, através da UNE (União Nacional dos Estudantes) no qual faço parte, realizamos várias conquistas, como a aprovação do novo e permanente FUNDEB (Fundo de Investimento da Educação Básica), por exemplo. Sempre tive muita afinidade com a educação, sempre me vi pessoalmente muito inserido nesse espaço e tenho vontade de conhecer cada vez mais e poder me aprofundar em temáticas como a proposta pelo projeto. A sociologia é uma disciplina fundamental na formação crítica dos cidadãos, com essa nova reforma do ensino médio e a política desastrosa do atual governo federal frente aos desafios da pandemia, como a evasão escolar e o aumento das desigualdades, é cada vez mais necessários esforços acadêmicos que qualifiquem ainda mais o ensino da sociologia e relembrem o seu valor científico para a sociedade como um todo. Acredito que minha trajetória possa contribuir de forma positiva para as pesquisas e ações que serão realizadas, assim como acredito que o projeto tem a capacidade de me envolver mais na área do ensino de sociologia, na qual é meu objetivo profissional, ser professor de sociologia do ensino médio. E também é um projeto que dialoga muito com o contexto que vivemos, acredito que para além de uma contribuição pessoal, o projeto também contribui para os debates mais gerais que giram hoje em torno da educação como um todo e podem auxiliar na luta constante por uma educação inclusiva, universal e de qualidade para todos os brasileiros.