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Orientação Educacional e Profissional em Busca de Sentido
Orientação Educacional e Profissional em Busca de Sentido
Jane Vasconcelos
Tatiane Superti
djambabila@hotmail.com
janevasconcelos@hotmail.com
tsuperti_psiche@yahoo.com.br
furtado.vc@gmail.com
Resumo
Este artigo apresenta uma experiência em orientação profissional vivida por acadêmicas
do 4° (quarto) ano de Psicologia, em uma organização não governamental, a qual presta serviços
de curso pré-vestibular às minorias étnicas, estudantes de baixa renda, assim como, para
portadores de necessidades especiais. Diante disso propôs-se uma intervenção calcada na teoria
sócio-histórica cuja principal referência bibliográfica foi o livro de Silvio Duarte Bock (2002),
no qual, o autor divide a orientação em três módulos baseados em três grandes temas:
autoconhecimento, o mundo do trabalho e o processo de escolha. O primeiro assunto a ser
tratado, no entanto, com os orientandos caracteriza-se pela apresentação da proposta de trabalho,
a qual se diferencia do modelo tradicional de orientação.
Desvela-se então, o engodo que impera nessa dita liberdade de “escolha” e na igualdade
de oportunidades, que se torna irreal na sociedade capitalista. Assim sendo, a propagação de tais
idéias torna-se instrumento de manutenção do sistema social e conseqüente camuflagem das
desigualdades que permeiam este. A realidade é admitida apenas como fator a ser superado pelo
indivíduo, ocultando-se desta forma, a necessidade de ajustamento do sujeito às estruturas
ocupacionais já existentes, ignorando-se fatores culturais, políticos, sociais e econômicos
inerentes a cada momento histórico e que refletem nas possibilidades de escolha profissional do
sujeito. O fator que leva os orientadores a adotarem esta postura não é, de todo, intencional, mas
sim que estes profissionais adotam, nas palavras de Ferretti, “uma postura a - crítica”, ou seja,
são incapazes e incapacitados, pela falta de instrumentos teóricos, de refletir acerca de sua
prática, pois reproduzem modelos dados pelas teorias, sem, contudo, questioná-los ou avaliá-los.
O que ocorria era sim uma “avaliação” que consistia numa revisão das técnicas utilizadas.
Contudo, a teoria crítica ateve-se apenas, em apontar as falhas e erros das teorias
tradicionais sem, com isso, propor um novo método de abordagem e prática da orientação
profissional. No entanto, com o intuito de abranger as diversas profissões, bem como, ampliar o
campo de atuação do orientador, essas teorias contribuíram com a mudança da nomenclatura
utilizada anteriormente, que passou de orientação vocacional para orientação profissional. O que
mais tarde, se refletiu num método mais abrangente de intervenção, embasado na teoria Sócio-
histórica.
Entende-se que de acordo com a classe social a qual pertence o indivíduo ele terá maior
ou menor liberdade para decidir sobre seu futuro, e que esta escolha será sempre
multideterminada, porém, não existe determinação social absoluta e nem liberdade absoluta, o
que existe é a possibilidade de que as pessoas possam lutar para mudar as condições em que
vivem, tanto individual como coletivamente. O desafio atual da orientação profissional se
constitui em uma abordagem que entenda o indivíduo na relação que este tem com a sociedade,
para que sejam superadas as visões que o colocam como mero reflexo da sociedade ou como
totalmente autônomo em relação a ela, para tanto, é necessário entender a relação indivíduo-
sociedade de uma forma dinâmica e dialética (BOCK, S., 2002).
Diante disso, o módulo: “a questão da escolha” teve por objetivos discutir o estereótipo
das profissões, bem como, a forma que os meios de comunicação divulgam estes estereótipos e a
influência deles na representação das profissões, ou seja, a maneira como os sujeitos se
apropriarão das informações midiáticas. Estas, em geral, contribuem para preconceitos acerca de
determinadas profissões que gozam de menos status social. Outro assunto abordado foi a
inserção do vestibular em uma sociedade capitalista, a qual se organiza de forma excludente
Estas provas de seleção, então, legitimam tal ideologia, uma vez que, constituem-se em um
instrumento para se concretizar a segregação entre os indivíduos e, também, mais um fator que
incita a escolha rápida e bem sucedida, embora, não crítica.
O tema: mercado de trabalho foi tratado de modo a fazer com que os orientandos
exerçam uma reflexão crítica em relação à profissão que escolherá. Refletindo, assim, o mercado
de trabalho levando-se em conta conjuntura político-sócio-econômica e fatores relacionais, como
a competitividade. Visando-se com isto a apreensão de conteúdos não imediatos na consciência
dos sujeitos envolvidos na orientação.
Por outro lado, levantou-se a hipótese de que as já citadas desistências poderiam ter
ocorrido porque se priorizou a técnica já construída anteriormente, no projeto de intervenção,
pelas acadêmicas, adotando uma rígida postura ante a elas, perdendo de foco, assim, as
expectativas dos sujeitos em relação à orientação. Estas expressavam o estereotipo que se tem de
orientações, as quais são baseadas na idéia de vocação e fazem uso de testes psicométricos.
Neste sentido, repensou-se a prática de desmistificar os modelos tradicionais ao se apresentar a
forma de intervenção contrapondo-se, portanto, com as expectativas dos orientandos.
Considerações Finais
Então, com a crítica acerca da teoria e procedimentos adotados, percebe-se que a práxis
possibilita um constante aprimoramento metodológico, já que este se encontra em um infindável
vir a ser do pensamento e atuação psicológicos, comprometidos politicamente com a
transformação social. Isto se deve porque o homem é um ser em estado de metamorfose e a
Psicologia deve acompanhar estas transformações.
Referências Bibliográficas
CIAMPA, Antônio da Costa. Identidade In: LANE, Silvia Tatiane Maurer; CODO,
Wanderley (orgs). Psicologia Social: o homem em movimento. São Paulo: Brasiliense,
2004.
VIGOTSKI, Lev Semenovich. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes,
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________________________. Psicologia Pedagógica. São Paulo: Martins Fontes,
2004.