As tempestades marítimas são fenómenos classificados, usualmente, como
aterrorizadores, embora que vistos de outra perspetiva possam ser realmente fascinantes e belos. A imagem apresentada, de forma ampla, representa uma destas catástrofes com ondas e nuvens exuberantes e a luz da Lua como reflexo principal. Perante o primeiro plano, o mais próximo, cujo foco é o furioso mar, onde as ondas se movimentam como leves folhas em pleno outono, prevalece a cor escura que lembra uma tenra noite de verão. Tais figuras são abstraídas por uma certa textura rugosa que transmite a ideia de tragédia e infortúnio, recebendo também uma sombra vinda dos planos seguintes que ainda realça mais tal sensação. O plano central une a profunda escuridão às agitadas ondulações, isto é, o céu carregado ao mar impiedoso. O ambiente nesta zona é intenso na qual, até ouso dizer, a inesperada melancolia que as nuvens resguardam nos seus confins finalmente se evidencia pela sua turva cor e almofadada, mas persistente ternura. Constatam-se as trevas indesejáveis, o mistério incerto, o desconhecimento importuno… Diante o fundo da representação, está retratada a fulminante Lua, que para mim erradia aquela famosa luz ao fundo do túnel, aquela crença que ainda está por vir… Propaga a esperança para todos aqueles que aquela situação azaram vivenciar. É ela quem, durante as noites congelantes e quando o mar embravece, oferece com bondade uma aurora luminosa no abismo perpétuo. Faz-se, então, reluzir a luz, a expectação, a fé, entre todos os sentimentos que até mesmo o calor sentido nas desertas praias nos infiltra. Esta autêntica imagem torna-se única para mim, visto que cada vez mais noto a indiferença que dedicamos à Lua. Assim, defendo que o seu poder deveria ser igualado ao do Sol, pois representa a guardiã da nossa orientação durante a ausência deste. Ponderei, no entanto, que embora a noite represente o desconhecido, o perigo, as trevas e toda a incerteza e escuridão, é a Lua que no meio de toda a tempestade nos mantém destemidos.