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AULA 4

Nesta Aula definiremos os vetores posição, velocidade e aceleração em duas dimensões, a


seguir obteremos as equações do movimento de um projétil.

4.1 Movimento no plano 𝒙𝒚


No movimento em duas dimensões, ou em um plano, precisamos de duas coordenadas para
dizer onde uma partícula se encontra. Usando o sistema cartesiano de coordenadas 𝑥𝑦, a
posição de uma partícula é dada por
𝑟⃗ = 𝑥𝚤̂ + 𝑦𝚥̂ (4.1)
A velocidade e a aceleração instantânea do corpo, que chamaremos daqui por diante de
apenas velocidade e aceleração, são respectivamente:
𝑑𝑟⃗
𝑣⃗ = = 𝑣 𝚤̂ + 𝑣 𝚥̂ (4.2)
𝑑𝑡
𝑑𝑣⃗
𝑎⃗ = = 𝑎 𝚤̂ + 𝑎 𝚥̂ (4.3)
𝑑𝑡
com
𝑑𝑥 𝑑𝑦 𝑑𝑣 𝑑𝑣
𝑣 = , 𝑣 = , 𝑎 = , 𝑎 = (4.4)
𝑑𝑡 𝑑𝑡 𝑑𝑡 𝑑𝑡
Assim como no movimento em uma dimensão, a rapidez de uma partícula é o módulo da
velocidade:
|∆𝑟⃗| ∆𝑟⃗
rapidez = lim = lim = |𝑣⃗| = 𝑣 = 𝑣 +𝑣 (4.5)
∆ → ∆𝑡 ∆ → ∆𝑡

4.2 Movimento de projétil


O movimento de projétil é definido como o movimento de uma partícula em duas dimensões
sujeita apenas à aceleração da gravidade. A Figura 4.1 ilustra o lançamento de um projétil
com uma velocidade 𝑣 e ângulo de lançamento 𝜃 em relação ao eixo paralelo à superfície da
Terra e perpendicular à aceleração da gravidade. Este eixo é chamado de eixo horizontal, ou
simplesmente eixo 𝑥. Em qualquer tempo 𝑡 posterior ao lançamento, e antes de tocar o solo, a
aceleração do projétil será, desconsiderando a existência do ar,
𝑎⃗ = −𝑔𝚥̂ (4.6)
Como em (4.6) a componente 𝑥 da aceleração é zero, a coordenada 𝑥 da posição e da
velocidade são descritas pelas equações do movimento retilíneo uniforme:
𝑥 = 𝑥 + 𝑣 𝑡 (4.7)
2

𝑣 =𝑣 (4.8)
onde 𝑥 e 𝑣 são as componentes 𝑥 iniciais da posição e da velocidade. Pela Figura 4.1,
𝑣 = 𝑣 cos 𝜃 (4.9)
com 𝑣 sendo a rapidez e 𝜃 o ângulo de lançamento do projétil.

Figura 4.1 – Instante 𝑡 = 0 de lançamento de um projétil.

A componente 𝑦 da aceleração é a da gravidade, logo as equações horárias da coordenada 𝑦


da posição e da velocidade são as equações do movimento de queda livre:
1
𝑦 = 𝑦 + 𝑣 𝑡 − 𝑔𝑡 (4.10)
2
𝑣 =𝑣 − 𝑔𝑡 (4.11)
onde 𝑦 e 𝑣 são as componentes 𝑦 iniciais da posição e da velocidade. Pela Figura 4.1,
𝑣 = 𝑣 sen 𝜃 (4.12)
Além destas equações, temos a fórmula de Torricelli que nos permite obter 𝑣 em função do
deslocamento vertical do projétil:
𝑣 =𝑣 − 2𝑔(𝑦 − 𝑦 ) (4.13)
Ainda, como
𝑣 =𝑣 (4.14)
segue que
𝑣 = 𝑣 +𝑣 =𝑣 +𝑣 − 2𝑔(𝑦 − 𝑦 ) (4.15)
ou seja,
𝑣 = 𝑣 − 2𝑔(𝑦 − 𝑦 ) (4.16)
Portanto, por (4.16) podemos calcular a rapidez 𝑣 de um projétil em um dado ponto de sua
trajetória se conhecemos a sua velocidade inicial 𝑣 e o seu deslocamento vertical 𝑦 − 𝑦 .
3

Exemplo 4.1: Uma pedra é lançada para cima de um edifício a um ângulo de 30,0 na
horizontal, com velocidade inicial de 20,0 m/s. A altura de lançamento da pedra é de 40,0 m
acima do solo. (a) Qual a altura máxima que a pedra atinge? (b) Quanto tempo a pedra leva
para atingir o solo? (c) A que distância da base do edifício a pedra atinge o solo? (d) Qual é a
rapidez da pedra ao atingir o solo? (e) Com que ângulo a pedra atinge o solo?
Solução: (a) A Figura 4.2 ilustra a escolha do sistema de coordenadas tal que a posição
horizontal do lançamento do projétil é 𝑥 = 0 e a posição vertical quando ele atinge o solo é
em 𝑦 = 0.

Figura 4.2 – Indicação dos pontos mais importantes da trajetória do projétil: (a) (0,0) é ponto de lançamento;
(b) (𝑥 , 𝐻) é o ponto da altura máxima 𝐻; (c) (𝐷, 0) é ponto de impacto com o solo.

Podemos calcular a altura máxima que a pedra atinge aplicando a fórmula de Torricelli para a
componente 𝑦 da velocidade:
𝑣 =𝑣 − 2𝑔(𝑦 − 𝑦 )
Em 𝑡 = 0 temos 𝑦 = 40,0 m e 𝑣 = 𝑣 𝑠𝑒𝑛(30,0°) = 20,0(0,500) = 10,0 m/s, na altura
máxima 𝑣 = 0, logo, a altura máxima 𝑦 = 𝐻 é
100
0 = (10,0) − 2(9,8)(𝐻 − 40,0) → 𝐻 = 40,0 + = 45,1 m
19,6
(b) O tempo 𝑡 = 𝑡 que a pedra leva para atingir o solo é determinado pelo movimento da
pedra no eixo vertical, pois quando a pedra atinge o solo temos 𝑦 = 0, Figura 4.2. A equação
horária desta coordenada é
1
𝑦 = 𝑦 + 𝑣 𝑡 − 𝑔𝑡
2
onde 𝑦 = 40,0 m e 𝑣 = +𝑣 𝑠𝑒𝑛 30,0 = +20,0 𝑠𝑒𝑛 30,0 = +10,0 m/s. Assim, quando
a pedra atinge o solo, temos:
0,0 = 40,0 + 10,0𝑡 − 4,9𝑡 → −4,9𝑡 + 10,0𝑡 + 40,0 = 0
4

As raízes deste polinômio de segundo grau são dadas pela fórmula de Bhaskara:
−𝑏 ± √𝑏 − 4𝑎𝑐 −(10,0) ± 10,0 − 4(−4,9)(40,0) −10,0 ± 29,73
𝑡= → 𝑡= =
2𝑎 2(−4,9) −9,8
A solução que tem significado físico é a raiz positiva, portanto, o tempo de queda da pedra é
𝑡 = 4,054 = 4,1 s
(c) A distância 𝐷, Figura 4.2, percorrida pelo projétil até bater n o solo é
𝐷 = 𝑣 𝑡 = 𝑣 𝑐𝑜𝑠𝜃 𝑡 = +20,0 𝑐𝑜𝑠 30,0 𝑡 = 17,32(4,054) = 70,22 = 70,2 m
(d) A Figura 4.3 ilustra as componentes da velocidade da pedra no instante em que toca o
solo.

Figura 4.3 – Velocidade da pedra ao tocar o solo no ponto (𝐷, 0).

Quando a pedra toca o solo no instante 𝑡 = 4,054 (calculado no item (b)), temos:
𝑣 =𝑣 = +𝑣 𝑐𝑜𝑠𝜃 = +20,0 𝑐𝑜𝑠 30,0 = +17,32 m/s
𝑣 =𝑣 − 𝑔𝑡 = +10,0 − 9,8(4,054) = −29,73 m/s
A rapidez do projetil é

𝑣= 𝑣 +𝑣 = (+17,32) + (−29,73) = 34,4 = 34 m/s

(e) O ângulo 𝜃 que a pedra atinge o solo, como ilustra a Figura 4.3, é
|𝑣 | |𝑣 | 29,73
𝑡𝑔𝜃 = → 𝜃 = 𝑡𝑔 = 𝑡𝑔 = 59,8° = 60°
𝑣 𝑣 17,32
5

4.3 Trajetória de um projétil


A trajetória de um projétil é a forma da curva que ele descreve no espaço, ela é dada pela
função 𝑦(𝑥), ou seja, como a posição vertical 𝑦 depende da posição horizontal 𝑥. Para obter
esta função escrevemos o tempo em função de 𝑥:
𝑥−𝑥
𝑥 =𝑥 +𝑣 𝑡 → 𝑡 =
𝑣
Substituindo em
1
𝑦(𝑡) = 𝑦 + 𝑣 𝑡 − 𝑔𝑡
2
obtemos
𝑥−𝑥 1 𝑥−𝑥
𝑦(𝑥) = 𝑦 + 𝑣 − 𝑔
𝑣 2 𝑣
ou
𝑣 1 𝑔
𝑦(𝑥) = 𝑦 + (𝑥 − 𝑥 ) − (𝑥 − 𝑥 ) (4.17)
𝑣 2𝑣
É fácil ver que esta equação pode ser escrita na forma
𝑦 = 𝑎𝑥 + 𝑏𝑥 + 𝑐
que é a função de uma parábola, onde os coeficientes 𝑎, 𝑏 e 𝑐 dependem da posição (𝑥 , 𝑦 ) e
velocidade inicial (𝑣 , 𝑣 ) do projétil.
Para facilitar a aplicação, escrevemos (4.17) em termos da rapidez 𝑣 e ângulo 𝜃 do
lançamento do projétil, onde
𝑣
= 𝑡𝑔𝜃 , 𝑣 = 𝑣 𝑐𝑜𝑠𝜃
𝑣
Assim, a trajetória parabólica de um projétil é a dada pela função
𝑔
𝑦 = 𝑦 + 𝑡𝑔𝜃 (𝑥 − 𝑥 ) − (𝑥 − 𝑥 ) (4.18)
2𝑣 𝑐𝑜𝑠 𝜃

Exemplo 4.2: O alcance horizontal 𝑅 de um projétil é a distância horizontal percorrida pelo


projétil desde o ponto de lançamento até o ponto em que ele volta a passar na mesma altura do
ponto de lançamento. Deduza uma fórmula para o alcance horizontal em função da velocidade
inicial e do ângulo de lançamento.
Solução: Pela definição de alcance horizontal temos que 𝑦 = 𝑦 e 𝑥 − 𝑥 = 𝑅, Figura 4.4,
substituindo estes valores na equação da trajetória
𝑔
𝑦 = 𝑦 + 𝑡𝑔𝜃 (𝑥 − 𝑥 ) − (𝑥 − 𝑥 )
2𝑣 𝑐𝑜𝑠 𝜃
temos
6

𝑔 𝑔
0 = 𝑡𝑔𝜃 𝑅 − 𝑅 = 𝑡𝑔𝜃 − 𝑅 𝑅
2𝑣 𝑐𝑜𝑠 𝜃 2𝑣 𝑐𝑜𝑠 𝜃

Figura 4.4 – Definição da distância horizontal 𝑅.

A solução 𝑅 ≠ 0 desta equação é


1 2𝑣
𝑅= 𝑡𝑔𝜃 2𝑣 𝑐𝑜𝑠 𝜃 = 𝑠𝑒𝑛𝜃 𝑐𝑜𝑠𝜃
𝑔 𝑔
Como
𝑠𝑒𝑛2𝜃 = 2𝑠𝑒𝑛𝜃 𝑐𝑜𝑠𝜃
segue que
𝑣 𝑠𝑒𝑛2𝜃
𝑅=
𝑔
Observe que o alcance horizontal é máximo quando 𝜃 = 45 .

Exemplo 4.3: Um carro em movimento não para ao chegar à beira de um penhasco de 48 m


de altura. O motorista, que conseguiu saltar do carro a tempo, afirma ao policial rodoviário
que estava a menos de 90 m/h quando a direção do carro travou. Para confirmar a versão do
motorista o policial observa que o ponto de impacto do carro está a 110 m da base do
penhasco. Se a pista era plana e não havia mureta separando a pista do penhasco, o motorista
está falando a verdade?
Solução: A Figura 4.5 ilustra a trajetória do carro ao cair do penhasco. Os dados conhecidos
são o deslocamento vertical (48 m) e horizontal (110 m) e o ângulo (zero) com que o carro se
projeta no penhasco. Estes dados são suficientes para estimarmos a velocidade do carro a
partir da equação da trajetória
𝑔
𝑦 = 𝑦 + 𝑡𝑔𝜃 (𝑥 − 𝑥 ) − (𝑥 − 𝑥 )
2𝑣 𝑐𝑜𝑠 𝜃
7

Escolhendo a origem do sistema de coordenadas na base do penhasco, temos:


9,8 59290
0 = 48 + 𝑡𝑔(0)(110 − 0) − (110 − 0) = 48 −
2𝑣 𝑐𝑜𝑠 (0) 𝑣
59290
𝑣 = = 1235 → 𝑣 = 35,1 m/s = 127 km/h = 130 km/h
48

Figura 4.5 – Trajetória do carro ao cair o penhasco. Observe que o ângulo com que o carro é lançado é 0°.

4.4 Resistência do ar
Vimos na Aula 3 que o ar desempenha um papel importante no movimento de objetos na
atmosfera terrestre. Se não levarmos em conta seus efeitos não poderemos explicar o voo de
um pássaro, de um avião, de um paraquedista e nem a curva que uma bola faz ao ser chutada.
O efeito da resistência do ar sobre um objeto depende de vários fatores, da densidade do ar
(𝜌 ), do formato do objeto, de sua massa (𝑚), de sua velocidade relativa ao ar, e até mesmo
se o objeto tem uma velocidade de rotação. Aqui por simplicidade nos ateremos ao efeito da
resistência do ar sobre um objeto que se move sem rotação em um ambiente em que não há
vento. Nesta situação, estendendo para duas dimensões o modelo apresentado na Aula 3, o
efeito da resistência do ar pode ser modelado pela seguinte equação para a aceleração:
𝜌 𝐶 𝜌
𝑎⃗ = 𝑔⃗(1 − )− 𝑣𝑣⃗ (4.19)
𝜌 2 𝑚
onde 𝐶 é uma constante que depende da velocidade e forma geométrica do objeto; 𝜌 é a
densidade média do objeto. Com o eixo 𝑦 positivo apontando verticalmente para cima e o
eixo 𝑥 positivo apontando na direção horizontalmente do movimento, e escrevendo

𝑣= 𝑣 +𝑣 (4.20)

temos:
8

𝐶 𝜌
𝑎 =− 𝑣 𝑣 +𝑣 (4.21)
2 𝑚
𝜌 𝐶 𝜌
𝑎 = −𝑔(1 − )− 𝑣 𝑣 +𝑣 (4.22)
𝜌 2 𝑚
Destas equações vemos que a trajetória de um corpo se afastará de uma parábola, sendo que
ele atingirá uma altura máxima menor (pois 𝑎 < −𝑔) e um alcance horizontal menor (pois
𝑎 < 0) em relação à trajetória se os efeitos do ar pudessem ser desprezados, Figura 4.6. Se
desejarmos conhecer detalhes deste movimento, tais como a posição e velocidade em função
do tempo, ou a trajetória real 𝑦(𝑥), precisaremos integrar (4.21) e (4.22) por métodos
numéricos.

Figura 4.6 – Trajetória teórica e trajetória real de um projétil.

FORMULÁRIO

1) Movimento de projétil no plano 𝑥𝑦


Rapidez:

𝑣= 𝑣 +𝑣

Equações horárias:
Eixo 𝑥
𝑎 =0
𝑥 =𝑥 +𝑣 𝑡
𝑣 =𝑣
𝑣 = 𝑣 cos 𝜃

Eixo 𝑦
𝑎 = −𝑔
1
𝑦 = 𝑦 + 𝑣 𝑡 − 𝑔𝑡
2
𝑣 =𝑣 − 𝑔𝑡
9

𝑣 = 𝑣 sen 𝜃
Equação de Torricelli:
𝑣 =𝑣 − 2𝑔(𝑦 − 𝑦 )
𝑣 = 𝑣 − 2𝑔(𝑦 − 𝑦 )
Equação da trajetória:
𝑔
𝑦 = 𝑦 + 𝑡𝑔𝜃 (𝑥 − 𝑥 ) − (𝑥 − 𝑥 )
2𝑣 𝑐𝑜𝑠 𝜃

ATIVIDADES

1. O Puma concolor, ou Onça-parda, é o melhor saltador entre os animais. Ele pode saltar a
uma altura de 3,7 m, ao sair do chão com um ângulo de 45,0 . Com que velocidade ele sai do
chão para dar esse salto?

2. O cano de um canhão está elevado de 30 acima da horizontal. Ele dispara uma bala com
uma rapidez de 300 m/s. (a) Que altura a bala atinge? (b) Quanto tempo ela fica no ar? (c)
Qual o alcance horizontal da bala?

3. Uma pedra é lançada por estilingue horizontalmente do alto de uma torre de 24 m de altura
e atinge o chão em um ponto que dista 18 m da base da torre. (a) Encontre a rapidez com que
a pedra foi atirada. (b) Encontre a rapidez da pedra imediatamente antes de atingir o chão. (c)
Com que ângulo a pedra atinge o chão?

4. Calcule o mínimo módulo possível 𝑣 da velocidade de lançamento que um projétil deve


ter quando disparado de um ponto A para atingir um alvo em B sobre o mesmo plano
horizontal a uma distância de 12 km.

5. Um canhão que lança balas com velocidade escalar de 1000 m/s é utilizado para iniciar
uma avalanche em uma montanha inclinada. O alvo está a uma distância horizontal de 2000 m
do canhão e a 800 m acima dele. A que ângulo acima da horizontal o canhão deve ser
disparado?

*Correções, sugestões e críticas para a melhoria deste texto são bem vindas para lima.neemias@gmail.com.
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Soluções
1. O Puma concolor, ou Onça-parda, é o melhor saltador entre os animais. Ele pode saltar a
uma altura de 3,7 m, ao sair do chão com um ângulo de 45,0 . Com que velocidade ele sai do
chão para dar esse salto?
Podemos obter a velocidade 𝑣 aplicando a fórmula de Torricelli. Aplicando a versão para a
componente 𝑦 o cálculo é mais direto:
𝑣 =𝑣 − 2𝑔(𝑦 − 𝑦 )
Lembrando que na altura máxima 𝑦 − 𝑦 = ℎ a componente 𝑦 da velocidade é zero,
𝑣 = 0, e que

√2 1
𝑣 = 𝑣 𝑠𝑒𝑛𝜃 = 𝑣 sen(45°) = 𝑣 → 𝑣 = 𝑣
2 2
obtemos
1
0= 𝑣 − 2𝑔ℎ → 𝑣 = 4𝑔ℎ = 4(9,8)(3,7) = 12,04 m/s = 43 km/h
2

2. O cano de um canhão está elevado de 30° acima da horizontal. Ele dispara uma bala com
uma rapidez de 300 m/s. (a) Que altura a bala atinge? (b) Quanto tempo ela fica no ar? (c)
Qual o alcance horizontal da bala?
(a) Conhecendo-se o ângulo e a rapidez de lançamento podemos obter a altura que a bala
atinge pela fórmula de Torricelli:
𝑣 =𝑣 − 2𝑔(𝑦 − 𝑦 )
Na altura máxima 𝑦 − 𝑦 = ℎ temos 𝑣 = 0, e uma vez que
1 1
𝑣 = 𝑣 𝑠𝑒𝑛𝜃 = 𝑣 sen(30°) = 𝑣 → 𝑣 = 𝑣
2 4
temos
1 1𝑣 1 (300)
0= 𝑣 − 2𝑔ℎ → ℎ = = = 1,148 × 10 m = 1,1 km
4 8𝑔 8 9,8
(b) O tempo que a bala fica no ar pode ser obtida pela equação horária da velocidade:
𝑣 =𝑣 − 𝑔𝑡
Considerando o tempo que ela fica no ar como o tempo em que sai do cano do canhão e
retorna à mesma altura em que foi lançada, temos que a velocidade final é
1
𝑣 = −𝑣 =− 𝑣
2
Assim:
1 1 𝑣 300
− 𝑣 = 𝑣 − 𝑔𝑡 → 𝑡 = = = 30,61 s = 31 s
2 2 𝑔 9,8
11

(c) A partir do tempo em que a bala fica no ar, calculada em (b), obtemos o alcance horizontal
𝐷 = 𝑥 − 𝑥 a partir da equação horária para a coordenada 𝑥 da posição da bala:
𝑥 =𝑥 +𝑣 𝑡
Substituindo 𝑣 = 𝑣 cos(30°) = √3𝑣 /2, temos
√3
𝐷= (300)(30,61) = 7,9527 × 10 m = 8,0 km
2

3. Uma pedra é lançada por estilingue horizontalmente do alto de uma torre de 24 m de altura
e atinge o chão em um ponto que dista 18 m da base da torre. (a) Encontre a rapidez com que
a pedra foi atirada. (b) Encontre a rapidez da pedra imediatamente antes de atingir o chão. (c)
Com que ângulo a pedra atinge o chão?
(a) Conhecendo-se o ângulo de lançamento (no caso 0°) e as posições inicial e final da pedra,
podemos obter a rapidez de lançamento a partir da equação da trajetória:
𝑔
𝑦 = 𝑦 + 𝑡𝑔𝜃 (𝑥 − 𝑥 ) − (𝑥 − 𝑥 )
2𝑣 𝑐𝑜𝑠 𝜃
Fazendo as substituições numéricas, temos:
9,8 1,5876 × 10
0 = 24 + 𝑡𝑔(0°)(18 − 0) − (18 − 0) → 0 = 24 −
2𝑣 𝑐𝑜𝑠 (0°) 𝑣

1,5876 × 10
𝑣 = = 8,133 = 8,1 m/s
24

(b) Conhecendo-se a rapidez inicial, deslocamento e aceleração, usamos a fórmula de


Torricelli para obter a rapidez final:

𝑣 = 𝑣 − 2𝑔(𝑦 − 𝑦 ) → 𝑣 = 𝑣 − 2𝑔(𝑦 − 𝑦 ) = (8,133) − 2(9,8)(0 − 24)

= 23,16 = 23 m/s
(c) O ângulo com que a pedra toca o solo é dado por
𝑣
𝑡𝑔𝜃 =
𝑣
A componente horizontal da velocidade é constante durante toda a trajetória da pedra, logo
𝑣 =𝑣 = 𝑣 = 8,133 m/s
A componente vertical pode ser calculada aplicando mais uma vez a fórmula de Torricelli, ou
usando o resultado do item (b). Por Torricelli:

𝑣 =𝑣 − 2𝑔(𝑦 − 𝑦 ) → 𝑣 = − 𝑣 − 2𝑔(𝑦 − 𝑦 ) = − (0) − 2(9,8)(0 − 24)

= −21,69 m/s
Enfim:
12

𝑣 −21,69
𝜃 = 𝑡𝑔 = 𝑡𝑔 = −69,446° = −69°
𝑣 8,133
Este ângulo é medido a partir do o eixo 𝑥 positivo até o vetor velocidade.

4. Calcule o mínimo módulo possível 𝑣 , da velocidade de lançamento que um projétil


deve ter quando disparado de um ponto A para atingir um alvo em B sobre o mesmo plano
horizontal a uma distância de 12 km.
Para resolver este problema precisamos primeiro obter uma expressão para a velocidade de
lançamento em função do ângulo e do alcance horizontal do projétil.
A equação da trajetória é
𝑔
𝑦 = 𝑦 + 𝑡𝑔𝜃 (𝑥 − 𝑥 ) − (𝑥 − 𝑥 )
2𝑣 𝑐𝑜𝑠 𝜃
Na distância 𝐷 do alcance horizontal, temos:
𝑔 𝑔
0 = 0 + 𝑡𝑔𝜃 𝐷 − 𝐷 → 𝑡𝑔𝜃 − 𝐷 𝐷=0
2𝑣 𝑐𝑜𝑠 𝜃 2𝑣 𝑐𝑜𝑠 𝜃
logo
2𝑣 2𝑣 𝑣
𝐷= 𝑐𝑜𝑠 𝜃 𝑡𝑔𝜃 = 𝑐𝑜𝑠𝜃 𝑠𝑒𝑛𝜃 = 𝑠𝑒𝑛(2𝜃 )
𝑔 𝑔 𝑔
ou

𝐷𝑔
𝑣 =
𝑠𝑒𝑛(2𝜃 )

Esta expressão mostra que a velocidade de lançamento para atingir a distância 𝐷 = 12 km =


12000 m depende do ângulo de lançamento. É fácil ver que 𝑣 terá um valor mínimo quando
𝑠𝑒𝑛(2𝜃 ) for máximo, ou seja, igual 1. Assim:
𝑣 , = 𝐷𝑔 = 12000(9,8) = 342,9 = 340 m/s

5. Um canhão que lança balas com velocidade escalar de 1000 m/s é utilizado para iniciar
uma avalanche em uma montanha inclinada. O alvo está a uma distância horizontal de 2000 m
do canhão e a 800 m acima dele. A que ângulo acima da horizontal o canhão deve ser
disparado?
Sabendo-se a velocidade e a posição de lançamento, assim como a posição final em que a bala
vai cair, a equação da trajetória pode ser usada para obter o ângulo de lançamento do projétil.
Vejamos:
𝑔
𝑦 = 𝑦 + 𝑡𝑔𝜃 (𝑥 − 𝑥 ) − (𝑥 − 𝑥 )
2𝑣 𝑐𝑜𝑠 𝜃
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𝑔 𝑠𝑒𝑛𝜃 𝑔 𝑔
ℎ = 0 + 𝑡𝑔𝜃 𝐷 − 𝐷 = 𝐷− 𝐷 = 𝑠𝑒𝑛𝜃 𝐷 − 𝐷
2𝑣 𝑐𝑜𝑠 𝜃 𝑐𝑜𝑠𝜃 2𝑣 𝑐𝑜𝑠 𝜃 2𝑣 𝑐𝑜𝑠𝜃
Substituindo os valores:
9,8 9,8 800
800 = 𝑠𝑒𝑛𝜃 (2000) − (2000) → 𝑠𝑒𝑛𝜃 − =
2(1000) 𝑐𝑜𝑠𝜃 1000𝑐𝑜𝑠𝜃 2000
Portanto, temos que resolver a seguinte equação para o ângulo 𝜃 :
0,0098
𝑠𝑒𝑛𝜃 − = 0,400
𝑐𝑜𝑠𝜃
A solução pode ser por meio do método gráfico. No site https://www.graphsketch.com/
plotamos a função (o site é inglês e usa o “ponto” para separar a parte inteira da casa
decimal):
0.0098
𝑓(𝑥) = sin(𝑥) − − 0.400
cos(𝑥)
e podemos concluir que 𝑓(𝑥) = 0 para 𝑥 = 0,4233 rad e 1,55446 rad. Com o canhão
inclinado por um ângulo de 0,4233 rad = 0,4233 rad (180°/π rad) = 24,25° = 24° a bala
atingirá a montanha a uma altura de 792 m, tendo o canhão uma precisão maior no
lançamento, com 24,3° atingirá um ponto a 802 m. Agora se a bala for lançada no ângulo
1,55446 rad = 89,06° ≈ 89° o ponto de impacto será em 877 m, e se usarmos 89,1°, a altura
atingida será 752 m. Assim, podemos concluir que podemos atingir o alvo com uma melhor
precisão se a bala for lançada com o canhão calibrado para um ângulo aproximadamente igual
a 24°.

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