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Cálculo III

1
David Z. Villanueva, H. Carrion S

28 de abril de 2022

1 Department of Mathematics, University of Rio Grande do Norte, Escola de ciência e Tecnologia- UFRN,
Brazil
David Armando Zavaleta Villanueva

Cálculo III
e Aplicações

LF
São Paulo-2019

Editora Livraria da Fı́sica


Copyright c 2019 Editora Livraria da Fı́sica
1a. Edição
Editor : José Roberto Marinho
Assistenteeditorial : V ictorP ereiraMarinho
Projeto gráfico e diagramação : Editora Livraria da Fı́sica
Capa : AntonioManuelAlvesMorais
Texto em conformidade com as novas regras ortográficas do Acordo da Lı́ngua Portuguesa.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do
Livro, SP, Brasil)

Villanueva, David Armando Zavaleta


Roosewelt Fonseca
Santos Miranda

Cálculo II -São Paulo : Editora Livraria da Fı́sica, 2019.

Bibliografia.
ISBN 978-85-7861-XX-X
1. Xxxxxxx 2. Xxxxxx I. Tı́tulo.
11-XXXXX CDD-XXX.XX

Índices para catálogo sistemático:


1. Eletrônica analógica integrada : Estudo e ensino XXX.XXXX

ISBN 978-85-7861-XXX-X

Todos os direitos reservados. nenhuma parte desta obra poderá ser reproduzida sejam quais
forem os meios empregados sema permissão da Editora. Aos infratores aplicam-se as sanções
previstas nos artigos 102, 104, 106 e 107 da lei n.9.610, de 19 de fevereiro de 1998.

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Tel./Fax: +55 11 3459-4327 / 3936-3413
LF
www.livrariadafı́sica.com.br São Paulo-2014

Editora Livraria da Fı́sica


Prefácio
Pretendemos que este livro seja um verdadeiro ajudante para resolver alguns problemas de
Cálculo II e Cálculo III, pois o propósito principal destas notas é mostrar e ensinar ao leitor as
primeiras noções do Análise em Rn
Espero que você, aluno, encontre na leitura destas notas tanto prazer quanto eu encontrei ao
escrevé-lo.
Sumário

1 Rudimentos de topologia 4
1.1 Produto Cartesiano n-dimensional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
1.2 Produto Interno . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
1.2.1 Norma . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
1.3 Espaço Euclideano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
1.4 Conjuntos Abertos e Fechados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
1.4.1 Conjuntos Abertos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
1.4.2 Conjuntos Fechados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
1.4.3 Conjuntos Compactos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
1.5 Exercı́cios do Capı́tulo 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17

2 Integrais Duplas e Triplas 19


2.1 Motivação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
2.2 Soma de Riemann e integração dupla . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
2.3 Integral Dupla em Retângulos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
2.4 Integral dupla em Regiões Elementares Limitadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
2.5 Propriedades da Integral Dupla . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
2.6 Mudança de Variáveis na Integral Dupla . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
2.6.1 Integral Dupla em Coordenadas Polares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
2.7 Cálculo de Áreas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
2.8 Cálculo do Volume de um Corpos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
2.9 Integral Dupla em Superfı́cies arbitrárias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
2.9.1 Parametrização de Superfı́cies arbitrárias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
2.9.2 Integral Dupla em Superfı́cies Arbitrárias do R3 . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
2.9.3 Método Alternativo para calcular Área de S . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
2.10 Aplicações da Integral Dupla à Mecânica e Electrostática . . . . . . . . . . . . . . . . 53
2.10.1 Masa e Momentos de Inércia de Láminas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
2.10.2 Carga Elétrica em Superfı́cies Arbitrárias. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58
2.11 Exercı́cios de Integração Dupla . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
2.11.1 Somatorias, soma de Riemann, Integração dupla, mudança de coordenadas,
coordenadas polares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
2.12 Respostas dos exercı́cios do Capı́tulo 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
2.12.1 Somatorias, soma de Riemann, Integração dupla, mudança de coordenadas,
coordenadas polares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65

2
3 Integral Tripla 67
3.1 Teorema de Fubini e o Método das Projeções . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69
3.2 Mudança de Variáveis na Integral Tripla . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 73
3.3 Aplicações da Integral Tripla . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77
3.3.1 Volume de Sólidos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77
3.3.2 Massa e Momento de Inércia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 82
3.4 Exercı́cios de integração tripla . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 88
3.4.1 Integração tripla, mudança de coordenadas, coordenas esféricas, cilı́ndricas . . 88
3.4.2 Aplicações: massa de sólidos e superfı́cies com densidade arbitrária, centro
de massa, momento de inércia, carga total de um condutor com distribuição
arbitrária de carga elétrica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90
3.5 Respostas dos exercı́cios do Capı́tulo 3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93
3.5.1 Integração tripla, mudança de coordenadas, coordenas esféricas, cilı́ndricas . . 93
3.5.2 Aplicações: volume de sólidos, massa de sólidos com densidade arbitrária, cen-
tro de massa, momento de inércia, carga total de um condutor com distribuição
arbitrária de carga elétrica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 94

Referências Bibliográficas 97

3
Capı́tulo 1

Rudimentos de topologia

Antes de introduzir a definição formal de função de várias variáveis, que será objeto de estudo no
próximo capı́tulo, vamos definir o espaço euclidiano n-dimensional Rn .

1.1 Produto Cartesiano n-dimensional


No livro [4], definimos o produto cartesiano para dois conjuntos não vazios A, B ⊂ R, como sendo
o conjunto
A × B = {(a, b) : a ∈ A, b ∈ B}.

Exemplo 1.1 Consideremos os conjuntos A = {3, 5, 8} e B = {7, 9}. Teremos então;

A × B = {(3, 7), (3, 9), (5, 7), (5, 9), (8, 7), (8, 9)}, e

B × A = {(7, 3), (7, 5), (7, 8), (9, 3), (9, 5), (9, 8)}.

É fácil ver:

1. A × ∅ = ∅;

2. A × (B ∪ C) = (A × B) ∪ (A × C);

3. (A ∪ B) × C = (A × C) ∪ (B × C).

Se n(A) representa o número de elementos do conjunto A e n(B) o número de elementos do


conjunto B, então é fácil ver que o número de elementos de A × B é igual a n(A).n(B).
Este conceito pode ser generalizado para n conjuntos não vazios A1 , A2 , . . . , An .

Definição 1.1 O produto cartesiano de n conjuntos não vazios A1 , A2 , . . . , An , define-se como sendo
o conjunto

A1 × A2 × . . . × An = {(a1 , a2 , . . . , an ) : a1 ∈ A1 , a2 ∈ A2 , . . . , an ∈ An }.

É claro que
A1 × A2 × . . . × ∅ = ∅

4
Assim, podemos definir Rn como sendo uma coleção ordenada de n−uplas de números reais,

Rn = R × R . . . × R = {(x1 , x2 , x3 , . . . , xn ); xi ∈ R, i = 1, 2, 3, . . . , n}.

Para um elemento x = (x1 , x2 , x3 , . . . , xn ) ∈ Rn , xi ∈ R, i = 1, 2, . . . , n, é chamado de i−ésima


componente cartesiana de x.

Figura 1.1: Vetor tridimensional

Sejam x = (x1 , x2 , x3 , . . . , xn ) e y = (y1, y2 , y3 , . . . , yn ) dois elementos de Rn . Dizemos que

x = y, se e somente se xi = yi ∀i = 1, 2, . . . , n.

Podemos fornecer à Rn uma estrutura algébrica se introduzimos as operações de adição e multi-


plicação por escalar da seguinte forma:

x + y = (x1 + y1 , x2 + y2 , . . . , xn + yn ), (1.1)

λx = (λx1 , λx2 , . . . , λxn ), λ ∈ R. (1.2)


Por exemplo, no R2 , sejam os vetores ~u = (x1 , y1 ) e ~v = (x2 , y2 ). A representação geometrica da
soma de ~u + ~v = (x1 + x2 , y1 + y2 ) e da multiplicação por escalar, α~u = (αx1 , αy1) é mostrado no
gráfico 1.2
. Das operações (1.1) e (1.2), para quaisquer x, y ∈ Rn e λ, α ∈ R, obtemos

λx + αy = (λx1 + αy1, λx2 + αy2 , . . . , λxn + αyn ) ∈ Rn . (1.3)

A propriedade (1.3) permite introduzir a seguinte definição.

Definição 1.2 Diz-se que um conjunto V 6= ∅ dotado das operações de adição e multiplicação por
um escalar, onde são satisfeitas as seguintes condições:

1. Se x, y ∈ V , então x + y ∈ V ;

2. x + y = y + x, para todos x, y ∈ V ;

5
3. x + (y + z) = (x + y) + z, para todos x, y, z ∈ V ;

4. existe um único elemento 0 ∈ V , tal que x + 0 = 0 + x, para qualquer x ∈ V ;


5. Se x ∈ V, λ ∈ R, então λx ∈ V ;
6. Se x ∈ V, λ, µ ∈ R, então (λµ)x = λ(µx) = µ(λx).

7. Se x ∈ V, λ, µ ∈ R, então (λ + µ)x = λx + µx.

8. Se x, y ∈ V, λ ∈ R, então λ(x + y) = λx + λy.

9. Se x ∈ V , então 1(x) = x e 0(x) = 0.


chama-se espaço vetorial ou espaço linear sobre R.
Os elementos de um espaço vetorial comunmente chamam-se vetores.
Assim, verifica-se facilmente que Rn munido das operações (1.1) e (1.2) é um espaço vetorial.

1.2 Produto Interno


Na seção anterior definimos o produto de um escalar por um vetor (1.2), como uma função de
R × Rn em Rn , que associa cada elemento (λ, x) ∈ R × Rn a um único elemento λx ∈ Rn . Mas agora
vamos definir uma multiplicação de Rn × Rn em R.
Definição 1.3 Seja V um R-espaço vetorial. A função definida em V ×V , com valores < x, y > ∈ R
para x, y ∈ V , chama-se produto interno ou produto escalar de x e y se:
1. < x, x > > 0, se x 6= 0;

2. λ < x, y > = < (λx), y > = < x, (λy) >, ∀x, y ∈ V, λ ∈ R;

3. < x, y > = < y, x >;

4. < x + y, z > = < x, z > + < y, z >


Observe que < x, x > = 0 se e somente se x = 0.
Doravante V indicará um R-espaço vetorial.
Definição 1.4 Define-se produto interno canônico em Rn , como sendo a função
< x, y >= x1 y1 + x2 y2 + . . . + xn yn ,
para x = (x1 , x2 , . . . , xn ), y = (y1 , y2 , . . . , yn ) ∈ Rn .
Exemplo 1.2 Sejam os vetores tridimensionais ~u = (−1, 2, 1) e ~v = (5, 0, 2), Calcule < ~u, ~v >.
Pela definição acima
< ~u, ~v >=< (−1, 2, 1), (5, 0, 2) >= (−1).5 + 2(0) + 1.2 = −3.

6
1.2.1 Norma
Definição 1.5 Seja V um espaço vetorial. A função ||·|| definida em V , a valores reais não negativos,
para x ∈ V , chama-se de norma em V se e somente se:
1. ||x|| > 0, se x 6= 0;

2. ||λx|| = |λ|.||x||, ∀x ∈ V, λ ∈ R;

3. ||x + y|| ≤ ||x|| + ||y||.


O comprimento ||x|| de um vetor x = (x1 , x2 , . . . , xn ) ∈ Rn é definido por
√ q
||x|| = < x, x > = x21 + x22 + . . . + x2n (1.4)
Exemplo 1.3 Seja V = R3 com o produto interno canônico. E sejam ~u = (x1 , y1 , z1 ) e ~v =
(x2 , y2 , z3 ) dois vetores de R3 . A distância entre estes dois vetores será indicada pela norma
p
||~u − ~v || = (x1 − x2 )2 + (y1 − y2 )2 + (z1 − z2 )2 .
Teorema 1.1 (Desigualdade de Cauchy-Schwarz-Buniakovskii) Sejam V um espaço vetorial
e x, y ∈ V , então
| < x, y > | ≤ ||x||||y||. (1.5)
(1.5) torna-se igual se e somente αx + βy = 0 para alguns α, β ∈ R diferentes de zero.
Prova: Segue da definição de produto interno que
< x + ty, x + ty > =< x, x > + < x, ty > + < ty, x > + < ty, ty >=
=< x, x > +t < x, y > +t < y, x > +t2 < y, y >=
= ||x||2 + 2t < x, y > +t2 ||y||2 ≥ 0, ∀t ∈ R.
Interpretando ||x||2 + 2t < x, y > +t2 ||y||2 como um polinômio de segundo grau nao negativo com
relação a t, segue que seu discriminante não é positivo:
(2 < x, y >)2 − 4||x||2 ||y||2 ≤ 0,
donde segue
| < x, y > | ≤ ||x||||y||.
Lema 1.1 (Desigualde de Minkowskii) Se ||x|| denota a norma de x ∈ V , então
||x + y|| ≤ ||x|| + ||y||, ∀x, y ∈ V.
Prova: Consideremos ||x + y||2 :
||x + y||2 =< x + y, x + y >=< x, x > +2 < x, y > + < y, y >=
= ||x||2 + 2 < x, y > +||y||2 ≤ ||x||2 + 2 < x, y > + ||y||2 ≤
≤ ||x||2 + 2||x||||y|| + ||y||2 = (||x|| + ||y||)2.
Extraindo raiz quadrada, obtemos
||x + y|| ≤ ||x|| + ||y||.
Lema 1.2 Se ||x|| denota a norma de x ∈ V , então

||x|| − ||y|| ≤ ||x ± y||, ∀x, y ∈ V.

7
1.3 Espaço Euclideano
Nesta seção vamos introduzir a noção de métrica ou distância com a finalidade de definir espaço
métrico.

Definição 1.6 Seja X um conjunto arbitrário não vazio. X é um espaço métrico se nele está
definida uma função ρ : X × X → R, métrica, com valores reais ρ(x, y), x, y ∈ X que possui as
seguintes propriedades:

1. ρ(x, y) > 0, se x 6= y;

2. ρ(x, x) = 0;

3. ρ(x, y) = ρ(y, x);

4. ρ(x, y) ≤ ρ(x, z) + ρ(z, y) (Desigualdade Triangular).

Geralmente o espaço métrico X com a métrica ρ denota-se pelo par (X, ρ).
No curso de Geometria Analı́tica, mostra-se que a distância entre os pontos (vetores) (x′ , y ′, z ′ ) e
(x , y ′′, z ′′ ) ∈ R3 é dado por
′′

p
(x′ − x′′ )2 + (y ′ − y ′′)2 + (z ′ − z ′′ )2 .

Podemos estender esta definição de distância para dois vetores x, y ∈ Rn como segue:

n
!1/2
p X
2
ρ(x, y) = ||x − y|| = (x1 − y1 )2 + (x2 − y2 )2 + . . . + (xn − yn )2 = (xk − yk ) (1.6)
k=1

Definição 1.7 O espaço n-dimencional Rn com a (métrica) distância definida pela fórmula (1.6)
chama-se espaço euclideano n−dimensional.

A definição de distância definida em Rn permite introduzir as definições de ε-vizinhança de um


ponto e limites de sequências.

Definição 1.8 Dado ε > 0, a ε-vizinhança do ponto a ∈ Rn é definido como o conjunto

Uε (a) = {x ∈ Rn ; ||x − a|| < ε}.

Como veremos mais adiante, a ε-vizinhança do ponto a são todos os pontos próximos de a desde que
ε seja suficientemente pequeno. A ε-vizinhança do ponto a também chama-se bola aberta em Rn de
raio ε > 0 e centro no ponto a.
Agora vamos introduzir a noção de sequências numéricas em Rn que são extensões de sequências
numéricas em R.
∞
Definição 1.9 Uma sequência numérica em Rn é uma função x(m) m cujos elementos, são pontos
x(m) ∈ Rn , definidos por:

x(m) = x(m1 ) , x(m2 ) , . . . , x(mn ) , x(mk ) ∈ R, k = 1, 2, . . . , n.




8
∞
Definição 1.10 O ponto a ∈ Rn chama-se limite da sequência x(m) m
, se

lim ||x(m) − a|| = 0,


m→∞

ou, para qualquer ε > 0 existe nε ∈ N, tal que,

||x(m) − a|| < ε ∀m ≥ nε .

A última desigualdade podemos reescrever na forma

x(m) ∈ Uε (a) ∀m ≥ nε .

Teorema 1.2 A sequência (xm )∞ n n


m de pontos em R , converge para o ponto a ∈ R se e somente se,
quando para cada k = 1, 2, . . . , n
lim x(mk ) = ak ,
m→∞

onde x(mk ) e ak são as coordenadas dos pontos x(m) e a.


Demonstração: O teorema fica demonstrado se usamos a seguinte desigualdade
v
u n
uX
|x(mk ) − ak | ≤ t (x(mk ) − ak )2 = ||x(m) − a||.
k=1

Definição 1.11 O conjunto X ⊂ Rn chama-se limitado, se ∃R > 0 : X ⊂ UR (0) ou X ⊂ L, onde


L é o paralelepipedo

L = [a1 , b1 ] × [a2 , b2 ] × · · · × [an , bn ], ∀ai , bi ∈ R, i = 1, 2, · · · , n


∞
Definição 1.12 A sequência x(m) m chama-se limitada, se ∃R > 0 : ||x(m) || < R ∀m ∈ N.

Definição 1.13 Dado X ⊂ Rn , dizemos que P ∈ Rn é um ponto de acumulacao de X, se qualquer


vizinhanca de P contem um ponto de X, diferente de P .

Enunciemos agora o Teorema de Bolzano-Weierstrass para sequências limitadas.


Teorema 1.3 (Bolzano-Weiersstras) Qualquer conjunto limitado infinito posue um ponto de acu-
mulação.
Demonstração: Seja X o conjunto limitado e infinito. Da Definição 1.11, observamos que X ⊂
L = [a1 , b1 ] × [a2 , b2 ] × · · · × [an , bn ]. Agora, se dividimos cada subintervalo [ai , bi ], i = 1, 2, · · · , n
em duas partes, observamos que o Conjunto L fica dividido em 2n subintervalos fechados. Como
X é infinito, ao menos um desses paralelepipedos contém infinitos pontos de X. Denotemos por
L1 estes paralelepipedos. No próximo passo, dividimos L1 em 2n subintervalos fechados e ao menos
um desses paralelepipedos contém infinitos pontos de X. Denotemos por L2 estes paralelepipedos.
Continuando com este processo, obtemos uma sequência de intervalos encaixantes

L ⊇ L1 ⊇ L2 ⊇ · · ·

Pelo teorema dos intervalos encaixantes, segue que existe xo tal que xo ∈ ∩∞ k Lk , ou seja xo é um
ponto de acumulação de X. De fato, caso não seja, ∃ ε > 0 , tal que (Bδ (xo ) \ {xo }) ∩ X = ∅, existe
n ∈ N tal que Ln ⊂ Bδ (xo ), ou que é uma contradição.

9
1.4 Conjuntos Abertos e Fechados
1.4.1 Conjuntos Abertos
Definição 1.14 O ponto x ∈ Rn chama-se ponto interior do conjunto X ⊂ Rn , se

∃ε > 0 : Uε (x) ⊂ X.

Podemos interpretar a Definição (1.14) da seguinte forma: Diz-se que o ponto P = (p1 , p2 , . . . , pn ) é
ponto interior de X, se existe um número positivo ε tal que o conjunto de pontos
p
Bε (P ) = {(x1 , x2 , . . . , xn ) ∈ Rn ; (x1 − p1 )2 + (x2 − p2 )2 + . . . + (xn − pn )2 < ε},

está contido em X.
O conjunto Bε (P ) é chamado de bola aberta de raio ε e centro no ponto P .

Figura 1.2: Bola aberta Bε (P )

Um subconjunto de Rn que contenha uma bola aberta de centro P e raio ε diz-se uma vizinhança
do ponto P e denota-se por Uε (P ).
Vamos denotar por Int(X) o conjunto de todos os pontos interiores de X.
Definição 1.15 Diz-se que o conjunto X ⊂ Rn é aberto, se cada um dos seus pontos é ponto interior.
Exemplos de conjuntos abertos trivias são os conjuntos X = Rn e X = ∅.
Lema 1.3 A vizinhança de a, Uε (a), a ∈ Rn , é um conjunto aberto de Rn .
Prova: Vamos provar que qualquer ponto de Uε (a) é um ponto interior. Seja x ∈ Uε (a). Então se
denotarmos por r = |x − a|, temos ε − r > 0. Denotemos por δ = ε − r, assim é suficiente mostrar
que Uδ (a) ⊂ Uε (a), isto é, qualquer ponto y ∈ Uδ (a) petence à Uε (a). Como y ∈ Uδ (a), |y − x| < δ,
então pela desigualdade triangular:

|y − a| = |y − x + x − a| ≤ |y − x| + |x − a| < δ + r = ε,

ou seja y ∈ Uε (a).

De forma análoga podemos mostrar que paralelepipedos abertos n− dimensionais também são
conjuntos abertos.

10
Teorema 1.4 A união arbitrária de conjuntos finitos ou infinitos de abertos é um conjunto aberto.
A interseção limitada de conjuntos abertos é um conjunto aberto.
Prova: Seja {Gα )α uma coleção de conjuntos abertos, e seja
[
G= Gα ,
α∈A

onde A é um conjunto de ı́ndices α.


Se o ponto x ∈ G, então x ∈ Gαo para algum αo . Como o conjunto Gαo é aberto, então o ponto x
e a sua vizinhança também pertencem a Gαo . Mas esta vizinhança pertence a G, assim G é aberto.
Demonstremos agora a afirmação sobre a interseção. Seja G a interseção finita de conjuntos abertos
Gk :
\n
G= Gk .
k=1

Se o ponto x ∈ G, então x ∈ Gk para todo k = 1, 2, . . . , n. Cada εk -vizinhança do ponto x pertence


a cada Gk . Escrevendo ε = min(ε1 , ε2 , . . . , εn ), temos ε > 0 e a ε-vizinhança do ponto x pertence a
cada Gk e portanto ao conjunto G. Assim, o ponto x é ponto interior de G.
Observação 1.1 A afirmação no teorema anterior sobre interseção infinita de conjuntos abertos,
pode não ser válida. De fato, se tomarmos os conjuntos Gk como sendo as bolas abertas de raio 1/k
com centro no ponto x = 0, então a interseção dos Gk é o ponto 0, que não é um conjunto aberto.

1.4.2 Conjuntos Fechados


Definição 1.16 Diz-se que o ponto x é ponto de aderência do conjunto X, se cada vizinhança do
ponto x contém infinitos pontos de X.

O ponto de aderência pode ou não pertencer ao conjunto X.

Definição 1.17 O conjunto X chama-se fechado, se ele contém todos os seus pontos de aderência.
É fácil observar que o ponto x é ponto de aderência do conjunto X se e somente se, quando existe
uma sequência de pontos que pertencem a X diferentes de x e além disto, convergem para x. Em
termos matemáticos, podemos escrever a definição 1.17, na seguinte forma

∃ (x(m) )∞
1 : a 6= x
(m)
∈X (∀m ∈ N), lim x(m) = a.
m→∞

Uma forma equivalente à Definição 1.17, pode ser formulado asiim, o conjunto X é fechado, se o
limite de qualquer sequência convergente com elementos em X pertence a X.
Exemplos de conjuntos fechados podem ser, os conjuntos finitos e o conjunto vazio, pois eles não
possuem pontos aderentes.

Definição 1.18 O conjunto

X = X ∪ {x : x − ponto aderente de X}

chama-se fecho do conjunto X.

Assim, se o conjunto X é fechado, escrevemos X = X.

11
Lema 1.4 O fecho X do conjunto X ⊂ Rn é um conjunto fechado.

Prova: Seja X 6= ∅ e a um ponto aderente de X. Mostremos que a ∈ X. Pela definição de ponto


aderente
∃ (y (m) ) : a 6= y (m) ∈ X,
e εm = ||y (m) − a|| → 0 quando m → ∞. De fato, y (m) ∈ Uεm (a), o que implica que ||y (m) − a|| < ε,
ou seja lim y (m) = a. Pelo lema acima, podemos escrever X = X.
m→∞

Definição 1.19 O conjunto de pontos


p
Bε (P ) = {(x1 , x2 , . . . , xn ) ∈ Rn ; (x1 − p1 )2 + (x2 − p2 )2 + . . . + (xn − pn )2 ≤ ε}, ε > 0

é chamado de bola fechada de raio ε e centro em P .

Exemplo 1.4 A bola fechada é um conjunto fechado.

Teorema 1.5 Se o conjunto F é fechado e o conjunto G é aberto, então F \G é fechado.

Prova: Mostremos que o conjunto diferença F \G contém os seus pontos de acumulação.


Se xo é um ponto de acumulação de F \G, então xo também é ponto de acumulação de F , e
isto significa que xo ∈ F . Com isto xo não pode pertencer ao conjunto G, pois caso contrário, ela
pertenceria a G junto com a sua vizinhança, isto é, existiria uma vizinhança do ponto xo , livre dos
pontos de F \G.

Definição 1.20 Um ponto a chama-se ponto fronteira do conjunto X, se cada vizinhança sua Uε (a)
(bola aberta com centro em a e raio ε) contém pontos que pertencem a X e pontos que não pertencem
a X.

O conjunto de todos os pontos fronteira de X, chama-se fronteira e denota-se por ∂X.

O ponto de fronteira do conjunto X pode pertencer ou não ao conjunto X.

Exemplo 1.5 Seja Uε (a) = {x : |x − a| < ε}, então

∂Uε (a) = {x : |x − a| = ε}, Uε (a) ∩ ∂Uε (a) = ∅,


∂{x : |x − a| ≤ ε} = {x : |x − a| = ε} ⊂ {x : |x − a| ≤ ε}.

Assim, Int(X) ∩ ∂(X) = ∅. A região X é aberta se X = Int(X), e fechado se X = Int(X) ∪ ∂(X).

Um ponto P = (p1 , p2 , . . . , pn ) é um ponto exterior de X se e somente se existe ε > 0, tal que


Bε (P ) ⊂ Rn \ X.
Um ponto P = (p1 , p2 , . . . , pn ) é um ponto isolado de X se e somente se existe ε > 0, tal que
Bε (P ) ∩ X = {P }.

Teorema 1.6 O conjunto A é aberto se e somente se ∂A ∩ A = ∅.

12
Prova: Seja A um conjunto aberto. Se x ∈ ∂A, então x não pode pertencer a A, pois cada ponto
de A é ponto interior, e qualquer vizinhança de um ponto de ∂A deverá conter pontos que não
pertençam a A.
De outro lado, seja ∂A ∩ A = ∅. Se o ponto x ∈ A, então x ∈ / ∂A e existe uma vizinhança de x,
com todos os seus pontos pertencentes a A, pois caso contrário, o ponto x pertenceria a fronteira do
conjunto A, ou seja A é aberto.

Teorema 1.7 O conjunto A é fechado se e somente se ∂A ⊂ A.

Prova: Cada ponto da fronteira do conjunto A, ou pertence a A ou é um ponto de acumulação.


por isto, se A é fechado, então ∂A ⊂ A.
De outro lado, cada ponto de acumulação do conjunto A pertence a A ou a ∂A. Por isto, se
∂A ⊂ A, então o conjunto A é fechado.

Corolário 1.1 O conjunto A ∈ Rn é fechado se e somente se seu complemento Ac = Rn \A é aberto.

Prova: Esta afirmação segue do teorema anterior, pois a fronteira do conjunto também é fronteira
do seu complementar.
A seguir vamos enunciar um teorema análogo ao Teorema 1.4.

Teorema 1.8 A interseção arbitrária de conjuntos finitos ou infinitos fechados é um conjunto fe-
chado.
A união limitada de conjuntos fechados é um conjunto fechado.

Prova: Antes de provar o teorema, vamos enunciar o Princı́pio de Dualidade ou regras de De


Morgan !c
[ \
Aα = (Aα )c
α !c α
\ [
Aα = (Aα )c
α α
c
Seja {Fi }i∈I uma fámı́lia de fechados. Pelo
!c corolário anterior, temos que (Fi ) = Ai é aberto e pelo
[ [
Teorema 1.4, Ai é aberto, ou Ai é fechado.
i∈I i∈I
Desta forma !c
M organ
[ \ \
Ai = (Ai )c = Fi − fechado.
i∈I i∈I i∈I

Agora, seja F = {F1 , F2 , · · · , Fn } uma famı́lia finita de fechados. Então, (Fi )c = Ai , i = 1, 2, · · · , n


n n
! c
[ [
é aberto e pelo Teorema 1.4, Ai é aberto, ou Ai é fechado.
i=1 i=1
Desta forma !c
n n n
M organ
[ \ [
c
Ai = (Ai ) = Fi − fechado.
i=1 i=1 i=1

13
Observação 1.2 No Teorema (1.8) é significativo considerar a união finita de fechados. Pois, se
considerarmos os conjuntos fechados Fk ⊂ R, na forma
 
1
Fk = 0, 1 − , k ∈ N,
k

observamos que sua união



[
Fk = [0, 1),
k=1

não é fechado.

1.4.3 Conjuntos Compactos


A métrica em espaços métricos é uma ferramenta muito utilizada por analistas, enquanto compaci-
dade é a ferramenta favorita do topólogo. Os espaços métricos têm muitas propriedades agradáveis,
como por exemplo, enumerabilidade, separabilidade, etc., mas espaços compactos facilitam as provas
de alguns enuncı́ados matemáticos.
A primeira definição de compacidade, que veremos em breve, é bastante simples que envolve
limitação e fechadura de um conjunto, enquanto na segunda definição, é permitido transformar
coleções infinitas de conjuntos abertos em coleções finitas de conjuntos abertos para fazer essenci-
almente a mesma coisa. Conjuntos compactos podem ser muito grandes, mas em um sentido forte,
cada conjunto compacto age como um espaço finito. E justamente este comportamento nos permite
fazer muitas provas práticas e construtivas em conjuntos compactos, por exemplo, trabalhar com o
máximo e/ou mı́nimo, enquanto em conjuntos não compactos devemos trabalhar com o supremo e
ı́nfimo.
Um resultado muito importante que caracteriza os conjuntos compactos em Rn é o chamado
Teorema de Heine-Borel

Definição 1.21 O conjunto não vazio de Rn chama-se compacto, se ele é fechado e limitado.

Da definição acima, podemos dizer que o conjunto compacto contém todos os seus pontos de acu-
mulação e eles se encontram reduzidos a um pedaço finito do espaço euclideano.

Exemplo 1.6 A bola fechada unitária B 1 = {(x1 , x2 , · · · , xn ) ∈ Rn ; ||x|| ≤ 1} e a esfera unitária


S 1 = {(x1 , x2 , · · · , xn ) ∈ Rn ; ||x|| = 1} são exemplos de conjuntos compactos.

Mas, infelizmente a definição 1.21 não é topológica, pois a limitação de um conjunto necessita da
função distância em Rn para estar bem definido. Por este motivo, vamos introduzir uma definição
mais topológica.

Definição 1.22 Seja K ⊂ Rn . S


Uma cobertura aberta de K é uma famı́lia de conjuntos abertos Bα , α ∈ I, tais que K = α∈I Bα .
Então, dizemos que K é compacto, se existe uma subcobertura finita da famı́lia
{Bα } : {B1 , B2 , · · · , Bn }, cuja união é igual a K ou cobre K.

A equivalência destas duas definições de compacidade é dado pelo famoso teorema a seguir.

Teorema 1.9 (Heine-Borel) Se a famı́lia de conjuntos abertos {Gα } cobre o compacto K ⊂ Rn ,


então existe uma subcobertura da famı́lia {Gα }, que também cobre K.

14
Para a prova deste importante teorema vamos indicar alguns livros interessantes [6], [8] e [12].
Exemplo 1.7 1. A famı́lia de abertos {(−x, x); x > 0} é uma cobertura não enumerável de R
que não possui uma subcoleção finita que cubra R.

2. A coleção de bolas abertas {Bδ (x); x ∈ Rn , δ > 0} é uma cobertura de Rn mas não possui uma
subcoleção finita de bolas abertas que cobra Rn .
A seguir elencamos duas propriedades importantes que seguem da definição.
Proposição 1.1 Todo subonjunto fechado de um conjunto compacto é compacto.
Demonstração: Seja K um conjunto compacto e S L ⊂ K um subconjunto S fechado. Por′ definição,
existe uma famı́lia {Bα } de abertos, tal que, K ⊂ α∈I Bα . Daqui, L ⊂ i∈I′ Bi , com I ⊂ I, pois
[ S
K = (K \ L) ∪i∈I Bi . Como L ∩ (K \ L) = ∅, podemos extrair uma subcobertura de i∈I′ Bi ,,
digamos {B1 , B2 , · · · , Bm }, tal que L ⊂ m
S
i=1 Bi . Segue daqui que L é compacto.

Observe que nem todo subconjunto de um compacto é compacto. Por exemplo, a bola fechada
de raio r e centro no ponto xo , definido por

B r (xo ) = {(x1 , x2 , · · · , xn ) ∈ Rn ; (x1 − xo1 )2 + (x2 − xo2 )2 + · · · + (xn − xon )2 ≤ r 2 }

é compacto, mas a bola aberta


o
o n o 2 o 2 o 2 2
B r (x ) = {(x1 , x2 , · · · , xn ) ∈ R ; (x1 − x1 ) + (x2 − x2 ) + · · · + (xn − xn ) < r }
que é subconjunto de B r (xo ), não é compacto.
Proposição 1.2 Seja K um conjunto compacto. Qualquer interseção de uma famı́lia de compactos
{Kα }, tal que Kα ⊂ K, é compacto.
\
Demonstração: Denotemos por F = Kα . Como Kα é compacto, segue que ele é fechado e
α
portanto F é fechado, pois F é a interseção de fechados. Agora só precisamos aplicar a Proposição
1.1 a F para terminar a demonstração.

Q
Teorema 1.10 (Tychonov) Seja {Ki , i ∈ I} uma famı́lia de compactos não vazios. Então i∈I Ki
é compacto.
Decidimos enunciar este teorema importante sem prova-lo, porque queremos dar um exemplo de um
conjunto compacto que consideraremos mais na frente.
Exemplo 1.8 O paralelepipedo

P = [a1 , b1 ] × [a2 , b2 ] × · · · [an , bn ] ⊂ Rn

é compacto. De fato, a afirmação segue se consideramos I no Teorema de Tychonov como I =


1, 2, · · · , n
Para finalizar este capı́tulo provemos o importante Teorema de Cantor sobre compactos encaixantes
no espaço métrico Rn .

15
n
Teorema 1.11 (Cantor) Sejam {Kn , n ∈ I} uma famı́lia de compactos \ não vazios em R , tal que
forma uma sequência decrescente: K1 ⊃ K2 ⊃ · · · ⊃ Kn ⊃ · · · . Então Kn 6= ∅.
n∈I

Demonstração: Em cada conjunto Kn escolhemos xn arbitrários. Assim, obtemos uma sequência


{xn }n contida em K1 . É claro que xn ∈ K1 (pois K1 ⊃ Kn ). Isto significa que {xn }n é limitada, pois
K1 é compacto. Pelo Teorema de Bolzano-Weierstrass, existe uma subsequência {xnk }k convergente,
isto é, lim xnk = xo . Também observamos que se xn+m ∈ Kn+m então ele pertence a Kn , pois
k→∞
Kn ⊃ Kn+m . Generalizando
\ para um k suficientemente grande, xnk ∈ Kn . Assim, xo ∈ Kn , pois Kn
é fechado: xo ∈ Kn
n∈I

16
1.5 Exercı́cios do Capı́tulo 1
1. Determine quais dos seguintes conjuntos de R2 são abertos, fechados e/ou limitados

(a) A = {||x|| ≤ 3};

(b) B = {||x|| = 3};

(c) C = {||x|| < 3};

(d) D = R2 \ {eixo 0y};

(e) E = {(x, y) ∈ R2 ; |x| + |y| < 2};

(f) F = {(x, y) ∈ R2 ; |x| < 2, |y| ≤ 1};

(g) G = {(x, y) ∈ R2 ; y ≤ x2 };

(h) K = {(0, 1), (0, 212 ), (0, 312 ), · · · };

(x + 2)2 (y − 1)2
(i) S = {(x, y); + = 1};
25 4

(j) T = {(x, y); x 6= y 2 };

(k) R = {(x, y); y > cos x};

(l) W = {(x, y); 4 ≤ x2 + y 2 ≤ 9}.

2. Mostre que a união de dois conjuntos compactos é um conjunto compacto.


Let A and B be compact sets. Consider any open cover O for A ∪ B. Then 0 is an open cover
for both A and B as well. So finitely many sets U1, · · · , Uk in O will cover A, and finitely
many more V 1, · · · , V m will cover B. Together, these k + m sets will cover A ∪ B.
1
3. Encontre os pontos limites(acumulação) para o conjunto S = { ; n ∈ N} ⊂ R.
n

4. Prove que o interior do retângulo em R2

{(x, y) : a < x < b, c < y < d}

é um conjunto aberto em R2 .

5. Prove that the interior of a set in Rn is open in Rn .

17
6. Mostre que o conjunto finito M = {p1 , p2 , · · · , pn } ⊂ Rn com pi ∈ Rn , i = 1, 2, · · · , n é
compacto.

7. Diga qual dos seguintes conjuntos é compacto e por qué:

(a) [0, 5) ⊂ R;

(b) [0, +∞);

1 1
(c) {1, , · · · , , · · · };
2 n
1 1
(d) {0, 1, , · · · , , · · · }.
2 n

18
Capı́tulo 2

Integrais Duplas e Triplas

Neste capı́tulo vamos estender a ideia de integral definida de uma função de uma variável para
integrais duplas, triplas e múltiplas de funções de duas, três e mais variáveis. A definição destas
integrais permitirão calcular áreas, volumes, massas, centros de gravidade, etc.

2.1 Motivação
A integral simples de uma função real de variável real, foi introduzida no calculo I, com intuito de
calcular, por exemplo, a área limitada por uma função f (x) no intervalo a < x < b. A integral
dupla foi introduzida na matemática entre outras, por um necessidade, a de poder calcular o volume
limitado por cima por uma superfı́cie arbitrária S no espaço R3 , as 4 paredes planas laterais e por
baixo por uma superfı́cie plana horizontal retangular D = [a, b] × [c, d] (ver figura xxx). È claro
que, precisamos conhecer com antecedência a função f (x, y) que define a superfı́cie S. Imaginemos
que temos um deposito de arroz, e precisamos saber qual é o volume total de arroz que podemos
armazenar?. Qual seria o procedimento experimental que nos permite calcular pelo menos aproxima-
damente o volume deste deposito?. Um método fácil seria empilhar tijolos do mesmo tamanho (com
volume previamente determinado) até preencher todo o deposito. Logo, bastaria contar o número
total de tijolos e multiplicar pelo volume de um tijolo, determinando assim o volume total que pode-
mos armazenar. Neste procedimento, haveria um pequeno erro, relativo aos espaços na vizinhança
do teto que não foram preenchidos totalmente. Entre tanto, é natural pensar que se tivermos tijolos
menores, poderiamos preencher maior numero de tijolos no armazém, o ganho seria que os espaços
vazios que não conseguirmos preencher com os tijolos agora seriam menores. Logo comparando com
o casso anterior, o volume calculado do armazém utilizando tijolos menores daria um valor mais real,
mais próximo ao valor real do volume do armazém. Do ponto de vista teórico, este procedimento
para calcular o volume de um sólido, podemos realizar com tijolos cada vez menores. Ou seja, o
número total de blocos que ocupam o volume do solido vai aumentando conforme o tamanho ou
dimensão do bloco individual vai diminuindo. É de se esperar que, quando o tamanho de cada bloco
fundamental vai ficando cada vez menor, o número de blocos fundamentais pra preencher o volume
do solido vai aumentando indefinidamente, e os espaços vazios perto do teto de forma arbitraria vão
se reduzindo e tendendo como limite a zero.
Finalmente é de se esperar que o volume exato do sólido, será igual ao limite da soma dos volumes
dos blocos fundamentais, quando o número deles vai a infinito.

vol(Solido) = Limn→∞ Σi=n


i=1 ∆vi .

19
Sendo ∆vi o volume diferencial ou volume fundamental. O ı́ndice i é para indicar que em geral os
volumes dos tijolos fundamentais em principio podem ser diferentes. De qualquer forma temos que
ter o controle do volume de cada unidade fundamental e o numero deles para preencher o volume total
do solido W . A ideia anterior é a base teórica da chamada soma de Riemann que define formalmente
uma integral dupla numa região de integração.
As aplicações da integração dupla são muitas, calculo de massa de objetos tridimensionais com
densidade variável; calculo do centro de massa de laminas, de sólidos tridimensionais; o calculo do
momento de inércia, seja em coordenadas cartesianas, esféricas o cilı́ndricas, isto dependendo da
simetria do objeto em estudo. Calculo da carga total de objetos metálicos (sólidos tridimensionais
ou superfı́cies bidimensionais) com uma distribuição de carga de densidade arbitraria.

Figura 2.1: Soma de Rieman

Outra motivação para estudar integração dupla ou tripla, é por exemplo, se queremos calcular a
àrea de uma superfı́cie arbitrária dentro do espaço R3 , ou quando desejamos calcular a quantidade
carga elétrica distribuida numa superfı́cie arbitrária ou uma região volumétrica

20
2.2 Soma de Riemann e integração dupla
Seja F uma função real de variável vetorial,

F : D ⊂ R2 → R
(x, y) → F (x, y) (2.1)

Consideremos o domı́nio D = [a, b] × [c, d] , ou seja: a ≤ x ≤ b, c ≤ y ≤ d.


Vamos supor que f (x, y) ≥ 0 , logo a gráfica da superfı́cie S definida pela função z = f (x, y) está
completamente na parte superior ao plano xy no espaço R3

Figura 2.2: Solido W

Logo, o sólido W que está acima do retângulo D e debaixo da superfı́cie “S” e limitada lateralmente
pelas quatro paredes verticais (planos verticais: x = a, x = b, y = c, y = d ), e está definido como
segue :

W = {(x, y, z) ⊂ R3 / (x, y) ∈ D, 0 ≤ z ≤ f (x, y)}


ou

W = {a ≤ x ≤ b, c ≤ y ≤ d, 0 ≤ z ≤ f (x, y)}.
Para calcular o volume do sólido W, precisamos subdividir a região de integração D em sub-
retângulos, chamaremos isto de partição.

Definição 2.1 Partição em D = dom(f )


Suponha uma função F : D ⊂ R2 → R, z = f (x, y) ∈ Im(f ). Defini-
mos uma partição em D = [a, b] × [c, d] ao seguinte ladrilhamento

P = {x0 ≤ x1 ≤ ....xi ≤ xi+1 .... ≤ xn ; y0 ≤ y1 ≤ ....yj ≤ yj+1.... ≤ ym }


(2.2)

Antes de analizar o caso da particão mais geral no dominio D, vamos analisar um caso especial,
o caso da partição homogênea
Ao retângulo D iremos dividir da seguinte maneira:

21
O intervalo [a,b] iremos dividir em n partes iguais, logo cada parte tem ∆x = b−an
como com-
primento. O intervalo [c,d] iremos dividir em m partes iguais, logo cada parte tem ∆y = d−c
m
como
comprimento. Desta maneira temos nm sub-retângulos iguais da mesma área ∆A = ∆x∆y , como
podemos ver na figura (2.3).

Figura 2.3: Solido W

Na figura anterior,
x1 = a, xn+1 = b, y1 = c, ym+1 = d
O ponto →

r ∗ = x∗i , yj está localizado arbitrariamente dentro do retângulo Dij , ou seja



xi ≤ x∗i ≤ xi+1 , yj ≤ yj∗ ≤ yj+1.

Adicionalmente:

xi = x1 + (i − 1) ∆x = a + (i − 1) ∆x (2.3)
yj = y1 + (j − 1) ∆y = c + (j − 1) ∆y (2.4)

ou

xi+1 = x1 + i∆x = a + i∆x (2.5)


yj+1 = y1 + j∆y = c + j∆y (2.6)

Onde i = 1, 2, . . . , n + 1; j = 1, 2, . . . , m + 1.
A seguir iremos colocar um paralelepı́pedo sobre o retângulo Dij com altura igual a − →r∗ =
f x∗i , yj∗ , isto significa que a parte superior deste paralelepı́pedo bate a superfı́cie S : z = f (x, y),


pelo menos parcialmente, desde que a superfı́cie é arbitraria, e o topo do paralelepı́pedo é retangular,
logo o encaixe não será perfeito. O volume desta caixa retangular é dado pelo produto da área da
base pela altura da caixa, logo:

22
Figura 2.4: Solido W

∆Vij = f x∗i , yj∗ ∆A = f x∗i , yj∗ ∆x∆y


 

Podemos dizer também que o volume desta caixa retangular é aproximadamente igual ao volume
do sólido limitado por baixo pelo retângulo Dij e superiormente pela superfı́cie S, a pesar que o volume
da caixa retangular será um pouco menor. De qualquer forma, quanto menor for as dimensões do
retângulo Dij tanto melhor será a aproximação do volume do sólido pelo volume do paralelepı́pedo.
Se repetirmos este processo pra todas as caixas retangulares no domı́nio D , e somar os volumes
de cada paralelepı́pedo, então iremos obter um valor aproximado do volume total do solido W .
Logo:
i=n,j=m i=n,j=m
X X
f x∗i , yj∗ ∆x∆y

vol (W ) ≈ ∆Vij =
i=1,j=1 i=1,j=1

Esta forma de calcular o volume do solido W será tanto melhor, quanto maior for a partição do
domı́nio retangular D. Isto podemos perceber das seguintes relações:
∆x = b−a
n
, ∆y = d−c
m
Quanto maior for n e m, tanto menor será ∆x e ∆y, já que a,b,c,d são números fixos.
E quanto menor for as dimensões laterais ∆x e ∆y então tanto melhor vai encaixar os parale-
lepı́pedos no topo do sólidos W(no contato com a superfı́cies S).
Por tanto é natural realizar o processo de limite e finalmente:
i=n,j=m
X
f x∗i , yj∗ ∆x∆y

vol (W ) = lim
n→∞,m→∞
i=1,j=1

Observe que: quando n → ∞, m → ∞; a localização do ponto − → 


r ∗ = x∗i , yj∗ dentro do retângulo
Dij pouco importa, já que a dimensão do retângulo Dij vai ficando cada vez menor então as coorde-
nadas 
dos pontos x∗i , yj∗ , (xi , yj ) , (xi−1 , yj−1) irão coincidir no limite.
Logo, sem perda de generalidade, podemos reescrever a equação anterior assim :
i=n,j=m
X
vol (W ) = lim f (xi , yj ) ∆x∆y
n→∞,m→∞
i=1,j=1

23
Definição.- Seja uma função real de duas variáveis f : D ⊂ R2 → R, e limitada no domı́nio
D = {a ≤ x ≤ b, c ≤ y ≤ d.} . A integral dupla da função f sobre o retângulo D é :
ZZ
I (f ) = f (x, y) dA = lim Snm
D n→∞,m→∞

......(5.3)
se o limite existir.
Sendo
i=n,j=m
X
Snm = f (xi , yj ) ∆x∆y
i=1,j=1

A chamada soma de Riemann.


Se o limite da soma de Riemann existir a função f(x,y) é integrável no domı́nio D, caso o limite
não existir então a função f(x,y) não é integrável.
Observação 1. A pesar que no processo anterior temos escolhido uma partição uniforme, isto é,
que todas as células fundamentais tem as mesmas dimensões retangulares; na verdade no processo
poderı́amos ter escolhido outro tipo de partições; entretanto o resultado não vai depender do tipo de
partição escolhido.
Observação 1. A altura do paralelepı́pedo fundamental, dado por
f (xi , yj ) , pode ser avaliado em qualquer ponto interno a célula fundamental Ξij = [xi , xi+1 ] ×
[yj , yj+1] ; já que ao calcular o processo de limite da soma de Riemann, o resultado deve ser o mesmo.
Observação 3.- A condição inicial de que a função f (x, y) é limitada no domı́nio D (conjunto
fechado), quer dizer que a função tem um mı́nimo e um máximo definido no retângulo D . Conse-
quentemente em cada unidade fundamental, Ξij = [xi , xi+1 ] × [yj , yj+1] a função vai ter um mı́nimo e
um máximo relativo. Isto indica uma maneira controlada de calcular a integral dupla no retângulo
D, por aproximação inferior e superior, deste modo:
Seja:

i=n,j=m
X
Iinf = fm (xi , yj ) ∆x∆y
i=1,j=1

RR
o valor aproximado de D f (x, y) dA por soma inferior. Onde fm (xi , yj ) é o mı́nimo da função
na unidade fundamental Ξij .
De forma similar, podemos definir
i=n,j=m
X
Isup = fM (xi , yj ) ∆x∆y
i=1,j=1
RR
Como o valor aproximado de D f (x, y) dA por soma superior. Onde fM (xi , yj ) é o máximo da
função na unidade fundamental Ξij . Logo vale a desigualdade a seguir:

Iinf ≤ I (f ) ≤ Isup

24
Teorema 2.1 A função f (x, y) limitada no retângulo D; é integrável se
e somente se os limites a seguir existem e são iguais.

lim Iinf = I (f ) = lim Isup


n→∞,m→∞ n→∞,m→∞
RR
O número real I (f ) é o valor da integral dupla D f (x, y) dA no retângulo D .
RR
Exemplo 2.1 Determinar f (x, y)dA = para f (x, y) = xy + 2, e D = [0, 4] × [2, 4]. Utilizando
o conceito da soma de Riemannn.

Solução.-
Consideremos a partição regular

P = {a = x1 = 0, x2 , . . . .xi , xi+1 , . . . xn+1 = b = 4;

c = y1 = 2, y2, . . . .yj , yj+1, . . . ym+1 = d = 4}


Logo:
b−a 4−0 4
∆x = xi+1 − xi = = =
n n n
c−d 4−2 2
∆y = yj+1 − yj = = =
m m m

Pela definição de integral dupla, temos:

ZZ i=n,j=m
X
f (x, y) dA = lim f (xi , yj ) ∆x∆y (2.7)
D n→∞,m→∞
i=1,j=1

Se f (x, y) = xy + 2 , logo f (xi , yj ) = xi yj + 2 ; dai a somatória


de Riemann fica:
i=n j=m i=n j=m
X X X X 4 2
Snm = f (xi , yj ) ∆x∆y = (xi yj + 2)
i=1 j=1 i=1 j=1
n m

De (5.1) e (5.2) :
4
xi = x1 + (i − 1) ∆x = 0 + (i − 1)
n
2
yj = y1 + (j − 1) ∆y = 2 + (j − 1)
m
Substituindo na somatória de Riemann

25
i=n j=m
X  4i 4   
X 2j 2 4 2
Snm = { − 2+ − + 2}
i=1 j=1
n n m m n m
i=n j=m
X     
X 2 4i 4 2j 4i 4 8
Snm = { 2− − + − + 2}
i=1 j=1
m n n m n n nm

i=n j=m
X     i=n j=m
X 2j  4i 4  8
X 2 4i 4 8 X
Snm = 2− − +2 + −
i=1 j=1
m n n nm i=1 j=1
m n n nm

Inicialmente iremos somar no ı́ndice j, para isto vamos utilizar algumas propriedades de somatória.
1
m
X
a = ma
j=1

Sendo a uma constante numérica (não depende do ı́ndice j ).


Somatória dos primeiros n números naturais :
m
X m (m + 1)
j=
j=1
2

Logo,

m        
X 2 4i 4 8 2 4i 4 8
2− − +2 = 2− − +2 m
j=1
m n n nm m n n nm

m     m
X 2j 4i 4 8 4i 4 16 X
− = − 2
j
j=1
m n n nm n n nm j=1
 
4i 4 16 m (m + 1)
= −
n n nm2 2

Logo,
i=n     i=n  
X 2 4i 4 8 X 4i 4 8 (m + 1)
Snm = 2− − +2 + −
i=1
m n n n i=1 n n nm 1

  n   n
64 1 X 16 64 64 X
Snm = 2 1− i+ − 2+ 1+
n m i=1 n n mn2 i=1

26
 n
X  n
X
32 1 32 1
1+ i− 2 1+ 1
n2 m i=1
n m i=1

   
64 1 n (n + 1) 16 64 64
Snm = 2 1− + − 2+ n+
n m 2 n n mn2

   
32 1 n (n + 1) 32 1
1+ − 2 1+ n
n2 m 2 n m

  
1 1 64 64
Snm = 32 1 − 1+ + 16 − + +
m n n mn
    
1 1 32 1
16 1 + 1+ − 1+
m n n m
A seguir tomamos o limite n → ∞, m → ∞

ZZ
f (x, y) dA = lim Snm = 64
D n→∞,m→∞

Definição 2.2 Interpretação geométrica da Integraal dupla. Se f é


contı́nua e f (x, y) ≥ 0, ∀ (x, y) ∈ D , o fato que a função f seja
integrável no domı́nio D, tem um significado direto. Consideremos o
sólido W = {a ≤ x ≤ b , c ≤ y ≤ d, 0 ≤ z ≤ f (x, y)}.
Logo o volume do sólido W é definido como a integral dupla da função
f (x, y) no domı́nio de integração D.
ZZ Z bZ d
vol (W ) = f (x, y) dA = f (x, y) dx dy
D a c
Uma maneira de justificar a definição anterior é seguir o raciocı́nio
a seguir:
Volume de sólidos
Para calcular o volume do sólido W, o procedimento é como segue: no ponto (x,y) interior
ao retângulo D, localizamos o elemento de área dA= dx dy, logo construı́mos um paralelepı́pedo
infinitesimal dV, utilizando como base o elemento dA e levantando as 4 paredes verticais até o
topo que corresponde à posição da superfı́cie “S” . Desta maneira a altura do paralelepı́pedo será
z = f (x, y) , e o volume do paralelepı́pedo infinitesimal será

dV = f (x, y) dA

Finalmente o volume do sólido W é


ZZ ZZ Z bZ d
vol (W ) = dV= f (x, y) dA = f (x, y) dx dy
D D a c
Onde: a ≤ x≤ b, c ≤ y ≤ d, definem os limites de integração em x e y.

27
2.3 Integral Dupla em Retângulos

Teorema 2.2 (Teorema de Fubini) Seja a função f contı́nua no retângulo P = [a, b]×[c, d] ⊂ R2 ,
então
Z Z Z bZ d Z b Z d 
f (x, y)dxdy = f (x, y)dydx = f (x, y)dy dx. (2.8)
P a c a c
ou Z Z Z d Z b Z d Z b 
f (x, y)dxdy = f (x, y)dxdy = f (x, y)dx dy. (2.9)
P c a c a

A parte direita de (2.8) e (2.9) chama-se integral iterada.

Prova: Rb
No teorema anterior se admite que a f (x, y) dx esta bem definido pra y fixo; e similarmente,
Rd
c
f (x, y) dy esta bem definido para x fixo.
Para demonstrar que a integral dupla da função f sobre D é do tipo I (equação 2.8) , iremos
proceder da seguinte maneira.
Vamos contruir uma lamina infinitesimal de espesura dy localizada no ponto y , paraleo ao eixo
x , limitada superiormente pela superficie S : z = f (x, y), ver a figura (2.5).

Figura 2.5:

O volume da lamina infinitesimal se calcula assim:

dV = Af atia (x)dy

Sendo a função Af atia (x) a área de face lateral da lamina infinitesimal, ainda a ser determinada.
Logo o volume de W se determina assim:
Z Z y=d
vol(W ) = dV = Af atia (x)dy.
y=c

R x=b
De acordo a figura (2.6), a função Af atia (x) = x=a
f (x, y)dx
Substituindo

28
Figura 2.6:

Z Z Z y=d Z x=b
vol(W ) = dV = [ f (x, y)dx]dy. (2.10)
y=c x=a

A demonstração da fórmula de recurrencia de Fubini do tipo II (2.9) é similar.


Z Z
Exemplo 2.2 Calcule a integral (x2 + y 3)dxdy em que P = [0, 1] × [0, 1].
P
Para calcular esta integral podemos usar os Teoremas de Fubini 2.2. De fato
Z 1 Z 1 Z 1
y4 1
Z Z  
2 3 2 3 2
(x + y )dxdy = (x + y )dy dx = x y+ dx =
P 0
Z 1 0   3 0 4 0

2 1 x y 1
= x + dx = + =
0 4 3 4 0
1 1 7
= + = .
3 4 12
Z Z
Exemplo 2.3 Calcule a integral (xy + 1)dxdy em que P = [1, 2] × [2, 4].
P
Calculamos esta integral de duas formas. Primeiramente usando a fórmula (2.8).
Z 2 Z 4  Z 2 2 
y
Z Z 4
(xy + 1)dydx = (xy + 1)dy dx = x+y dx =
P Z1 2  2  1 2 2
16 4  2
= x − x + 4 − 2 dy = 3x2 + 2x =
1 2 2 1
= 12 − 3 + 4 − 2 = 11.

E agora usando a fórmula (2.9),


4 Z 2  Z 4 2 
x
Z Z Z 2
(xy + 1)dxdy = (xy + 1)dx dy = y+x dy =
P Z2 4  1 2 2 1
3y 2
 
4 1 4
= y − y + 2 − 1 dy = +y =
2 2 2 4 2
48 12
= − + 4 − 2 = 11.
4 4

29
2.4 Integral dupla em Regiões Elementares Limitadas
Agora vamos estender os resultados do Teorema de Fubini obtidos no retângulo P para regiões
que chamaremos de Elementares Limitadas.
Definição 2.3 O conjunto

Ω = {(x, y) : a ≤ x ≤ b, ϕ(x) ≤ y ≤ ψ(x)} ⊂ R2 , (2.11)

onde as funções ϕ e ψ são contı́nua em [a, b] e ϕ ≤ ψ em [a, b], chamaremos de elementar com
relação ao eixo y
Observe que Ω é um conjunto bidimencional mensurável.

Figura 2.7:

Teorema 2.3 Seja Ω um conjunto elementar com relação ao eixo y, e seja f uma função integrável
Z ψ(x)
em Ω, e para cada x ∈ [a, b] existe a integrável de f (x, y)dy. Então
ϕ(x)

Z Z Z bZ ψ(x)
f (x, y)dxdy = f (x, y)dydx. (2.12)
Ω a ϕ(x)

Prova: Denotemos
c = min ϕ, d = min ψ.
[a,b] [a,b]

Então ......
Corolário 2.1 Seja a função f contı́nua no conjunto elementar Ω (2.11) com relação ao eixo y.
Então vale a igualdade (2.12)

Observação 2.1 O conjunto Ω (2.11) pode ser elementar não somente com relação ao eixo y mas
também pode ser elementar e com relação ao eixo x, isto é,

Ω = {(x, y) : c ≤ y ≤ d, α(y) ≤ x ≤ β(y)} ⊂ R2 . (2.13)

Então para uma função contı́nua em Ω (2.13) vale a igualdade


Z b Z ψ(x) Z d Z β(y)
f (x, y)dydx = f (x, y)dxdy, (2.14)
a ϕ(x) c α(y)

que traz consigo a regra da mudança da ordem de integração em integrais iteradas.

30
Z Z
Exemplo 2.4 Encontre a integral dupla 4xydxdy, onde R é a região do plano limitado pelas
R
retas x = 1/4, x = 1/2 e y limitado por x2 ≤ y ≤ x.
Z Z Z 1/2 Z x  Z
 x 1/2
4xydxdy = 4xydy dx = 2xy 2 dx =
R 1/4 x2 1/4 x2
Z 1/2
x4 x6 1/2
 
 3
2x − 2x5 dx =

= − =
1/4
   2 3  1/4
1 1 1 1 1 1
= − − − =
2 16 256 3 64 4096
99
= .
4096
Exemplo 2.5 Calculemos a integral da função f (x, y) = x2 y no conjunto Ω, limitado pela parábola
y = x2 e a reta y = 4.

Figura 2.8: Domı́nio Ω, limitado pela parábola y = x2 e a reta y = 4

Temos Z Z Z 2 Z 4
2
x ydxdy = x2 ydydx =
Ω Z−22 x2 Z 2 
2 4
x4

2y 2
= x dx = x 8− dx =
−2
Z 2 2 x2 −2 2
x6
 3
x7 2
 
2 8x
= 8x − dx = − =
−2 2 3 14 −2
128 128 512
= − = .
3 7 21
Exemplo 2.6 Calculemos a integral da função f (x, y) = x4 y no conjunto Ω. Onde Ω é um triângulo
com vêrtices 0(0, 0), A(1, 0), B(1, 1).

Podemos interpretar o triângulo Ω como uma região elementar com relação ao eixo y. Assim,
observamos que
Ω = {(x, y) : 0 ≤ x ≤ 1, 0 ≤ y ≤ x} ⊂ R2 .

31
Figura 2.9: Domı́nio Ω, triângulo com vêrtices 0(0, 0), A(1, 0), B(1, 1)

Z Z Z 1 Z x
4
x ydxdy = x4 ydydx =
Ω Z0 1 0 2 x Z 1
4y x2
= x dx = x4 dx =
Z0 1 6 2 0 7 1 0 2
x x
= dx = =
0 2 14 0
1
= .
14
Exemplo 2.7 Calcule a seguinte integral dupla
Z Z
xydxdy,

onde Ω é um triângulo com vértices 0(0, 0), A(2, 0), B(2, 1).

Z Z Z 2 Z x/2
xydxdy = xydydx =
Ω Z0 0
2 Z 2 2
y 2 x/2 x
= x 0 dx = x dx =
Z0 2 32 0 8
x x4 2
= dx = 0 =
0 8 32
1
= .
2

2.5 Propriedades da Integral Dupla


Proposição 2.1 (Linearidade da Integral) Sejam as funções f e g integráveis no dominio re-
tangular fechado D, e sejam α, β ∈ R. Então existe a integral
ZZ ZZ ZZ
(αf (x, y) + βg (x, y)) dxdy = α f (x, y) dxdy + β g (x, y) dxdy
D D D

Exemplo 2.8
ZZ ZZ ZZ
(3xy + 4 cos (xy) y) dxdy = 3 x y dxdy + 4 cos (xy) y dxdy
D D D

32
Proposição 2.2 (Aditividade da Integral) Sejam D1 , D2 , . . . Dn subconjuntos do domı́nio D, tal
que D = D1 ∪ D2 ∪ . . . ∪ Dn e Di ∩ Dj = {∅, ∀i 6= j, i = 1,RR 2, . . . , n; j = 1, 2, . . . , n.}. Seja a função
f (x, y) integrável no domı́nio Di , i = 1..n. Logo a integral D f (x, y) dxdy existe e
ZZ n ZZ
X
f (x, y) dxdy = f (x, y) dxdy
D i=1 Di

Figura 2.10:

Exemplo 2.9
Z 4 Z 8 Z 4 Z 5 Z 4 Z 8
2 2
cos xy 2 dxdy
  
cos xy dxdy = cos xy dxdy +
2 0 2 0 2 5

Sendo D = [2, 4] × [0, 8] = [2, 4] × [0, 5] ∪ [2, 4] × [5, 8] = D1 ∪ D2

Figura 2.11:

Proposição 2.3 (Monotonicidade da Integral) Sejam as funções f (x, y) e g (x, y) integráveis


no domı́nio D, e que ∀ (x, y) ∈ D temos : g (x, y) ≥ f (x, y) , então
ZZ ZZ
g (x, y) dxdy ≥ f (x, y) dxdy
D D

Em particular se g (x, y) ≥ 0 numa região D do plano R2 . Então


ZZ
g (x, y) dxdy ≥ 0
D

33
Exemplo 2.10 No intervalo [0, 2] × [0, 4] temos:

f (x, y) = (x + y)2 ≤ g (x) = (x + y)2 + (xy)2


Logo
Z 2 Z 4 Z 2 Z 4
2
(x + y) dx dy ≤ ((x + y)2 + (xy)2 )dxdy
0 0 0 0

Proposição 2.4 Seja a função f (x, y) integrável no domı́nio D , então a função |f (x, y) | é
integrável em D, e
ZZ ZZ
| f (x, y) dxdy| ≤ |f (x, y) |dxdy
D D

Proposição 2.5 Se a função f (x, y) é separável: f (x, y) = g (x) h (y) então, no domı́nio retangular
D = [a, b] × [c, d] , vale
ZZ Z b Z d
f (x, y) dx dy = g (x) dx h (y) dy
D a c

Exemplo 2.11 ZZ Z b Z d
2
xy cos xdxdy = x cos x dx y 2 dy
D a c
em que D = [a, b] × [c, d] .

Proposição 2.6 Sejam as funções f (x, y) e g(x, y) integráveis no domı́nio D. Então seu produto
f (x, y)
f (x, y)g(x, y) e sua divisão são integráveis em D, desde que |g(x, y)| =
6 0.
g(x, y)

2.6 Mudança de Variáveis na Integral Dupla


Queremos entender como será a fórmula de mudança de variáveis de dimensão 2 para integrais,
será igual ao caso unidimensional?. Vejamos.
Como no caso unidimensional o objetivo de tal mudança de coordenadas é facilitar o cálculo da
integral dupla que não é fácil de resolver nas coordenadas iniciais.
No caso de funções de uma variável realizamos o método de substituição em que existe uma trans-
formação x = ϕ(u) contı́nua é inversı́vel com derivada contı́nua em [α, β] e
Z b Z β
f (x)dx = f (ϕ(u)ϕ′(u)du
a α

em que a = ϕ(α), b = ϕ(β) e f contı́nua em [a, b].


Consideremos a transformação

T~ : Ω∗ → Ω
(u, v) 7→ T~ (u, v) = (x(u, v), y(u, v)) (2.15)

34
Figura 2.12: T : Aplicação vetorial

em que Ω∗ ⊂ R2 e Ω ⊂ R2 são domı́nios limitados e T~ é contı́nua e com derivadas parciais contı́nuas.


Vamos exigir que T seja injetiva em Ω∗ , deste modo, pontos diferente em Ω∗ se transformam em
pontos diferentes em Ω.
Observamos que as retas (u, v0 ) e (u0 , v) do plano uv se transformam nas curvas T~u (u, v0 ) e
T~v (u0 , v), respectivamente. Vamos considerar a transformação do retângulo diferencial de área dA =
dudv ⊂ Ω∗ . Em que:
∂x ∂y
dT~u = ( , )du
∂u ∂u
é o diferencial do vetor Tu no ponto (u, v) tangente a curva definida por T~u . De forma similar
~
∂x ∂y
dT~v = ( , )dv
∂v ∂v
é o diferencial do vetor T~v no ponto (u, v) tangente a curva definida por T~v .

Figura 2.13:

A área gerada pelos vetores diferenciais dT~u e dT~v se calcula assim


 
i j k
||dT~u × dT~v || = ||det  ∂u
∂x ∂y
∂u
0  dudv|| = |J(u, v)|dudv
∂x ∂y
∂v ∂v
0
em que

∂x ∂x
∂(x, y) ∂u ∂v 6= 0 em Ω∗ ,
J(u, v) = = det
∂y ∂y
∂(u, v)
∂u ∂v
onde J(u, v) é o determinante de Jacob1 ou Jacobiano.
Em resumo:
dA = dudv → dA = dxdy = |J(u, v)|dudv.
1
K.G.Jacob (1804-1851), grande matemático e mecânico alemão

35
Agora vamos enunciar o teorema de mudança de variáveis nas integrais duplas.

Teorema 2.4 Seja f (x, y) uma função contı́nua em Ω, e a função T~ de classe C 1 em Ω∗ . Então a
mudança de variáveis na integral dupla é dado pela fórmula
Z Z Z Z
f (x, y)dxdy = f (x(u, v), y(u, v))|J(u, v)|dudv, (2.16)
Ω Ω′
Z Z
Exemplo 2.12 Determine a integral dupla ln xy dydx no domı́nio Ω limitado pelas curvas
D
1 4
y = 2x, y = x, y = , y = do primeiro quadrante no plano xy.
x x

Pelo formato da região inicial de integração Ω a transformação de coordenadas T~ −1 : Ω → Ω∗


deve ter a seguinte forma
y
u = xy, v = . (2.17)
x
As fronteiras da região Ω se transforma assim:

y = 2x → v = 2; y = x → v = 1; yx = 1 → u = 1, xy = 4 → u = 4,

isto é, a região de integração Ω se transforma no retângulo Ω∗ = {(u, v) ∈ R2 , 1 ≤ u ≤ 4, 1 ≤ v ≤ 2},


como podemos ver na figura 2.14.

Figura 2.14:

Em seguida não é dificil resolver o par de equações 2.17 para x e y, e obter:

u √
r
~
(x, y) = T (u, v) = ( , uv)
v
que permitirá calcular o Jacobiano da transformação de coordenadas
 √ 
∂x ∂x 1 u
 2√uv − √ 3 
J(u, v) = det ∂u ∂v  √ 2√ v  = 1 .
∂y ∂y =  v u  2v
√ √
∂u ∂v 2 u 2 v
De acordo ao teorema 2.4

36
1
Z Z Z Z
ln(xy)dxdy = ln u dudv.
Ω Ω∗ 2v
A integral dupla anterior é separável, logo

2 4
1
Z Z Z Z
ln(xy)dxdy = dv ln u du,
Ω 1 2v 1
1
= [ln v]|21 [u ln u − u]|41
2
ln 2 (8 ln 2 − 3)
= .
2

Observamos que a transformação T e sua inversa tem singularidade na origem de coordenadas,


respectivamente; entretanto esse ponto está fora do dominio de integração Ω∗ e Ω.

2.6.1 Integral Dupla em Coordenadas Polares


As coordenadas polares já foram definidas no capı́tulo 3 do livro de cálculo II dos mesmos autores.
A transformação das coordendas polares a coordenadas cartesianas tem a seguinte forma
x = ρ cos θ, y = ρ sen θ (2.18)
estabelece uma correspondência entre as coordenadadas polares e as coordenadas cartesianas.

Observa-se que as funções em (2.18) são continuamente diferenciais, e cujo Jacobiano é dado por
D(x, y) cos θ −ρ sen θ
J(ρ, θ) = = = ρ ≥ 0.
D(ρ, θ) sen θ ρ cos θ
Consideremos a equação
ρ = ξ(θ) (θ1 ≤ θ ≤ θ2 ),
onde ξ(θ) é contı́nua no intervalo [θ1 , θ2 ] e define em coordenadas polares a curva Γ.
Vamos considerar que 0 < θ2 − θ1 ≤ 2π. Então a curva Γ é tal que, qualquer raio que sai do polo 0
sob um ângulo θ ∈ (θ1 , θ2 ) corta a curva Γ em um único ponto.
Consideremos no plano 0xy o domı́nio Ω, limitado pelos raios θ = θ1 , θ = θ2 e a curva Γ. Nestas
condições, dizemos que qualquer ponto (x, y) ∈ Ω corresponde pela equação (2.18) a um único par
(ρ, θ).

Assim, se a definimos uma função f (x, y) contı́nua em Ω, obtemos pelo Teorema (3.5),
Z Z Z θ2 Z ξ(θ)
f (x, y)dxdy = f (ρ cos θ, ρ sen θ)ρdρdθ. (2.19)
Ω θ1 0

37
Exemplo 2.13 Calcular a integral Z Z
2 +y 2
ex .
x2 +y 2 ≤R2

Usando coordenadas polares, obtemos


Z Z Z 2π Z R Z R
x2 +y 2 ρ2 2
e dxdy = e .ρdρdθ = π eρ d(ρ2 ) =
x2 +y 2 ≤R2 0 0 0
Z R2
u=ρ2
= π eu du =
0
R2
= π[e − 1]

Exemplo 2.14 Calcular a integral


Z Z p
cos x2 + y 2dxdy.
42 ≤x2 +y 2 ≤52

Usando coordenadas polares no anel,

Figura 2.15: anel 42 ≤ x2 + y 2 ≤ 52

obtemos
Z Z Z 2π Z 5 Z 5
p x=ρ cos θ,y=ρ sen θ
cos x2 + y 2 dxdy = cos ρ.ρdρdθ = 2π ρ cos ρdρ =
42 ≤x2 +y 2 ≤52 Z 5 0 4  Z 5 4 
5
= 2π ρd sen ρ = 2π ρ sen ρ − sen ρdρ =
4 4 4
5
= 2π 5 sen 5 − 4 sen 4 + cos ρ =
4
= 2π [5 sen 5 − 4 sen 4 + cos 5 − cos 4] .

Exemplo 2.15 Calcule a seguinte integral



Z a Z a2 −x2 p
dx x2 + y 2 dy.
0 0

Usando coordenadas polares: x = r cos ϕ, y = r sen ϕ, com



0 ≤ x ≤ a e 0 ≤ y ≤ a2 − x2 .

38
Donde segue que 0 ≤ ϕ ≤ π/2 e 0 ≤ r ≤ a. E como o Jacobiano da mudança de coordenadas é r,
temos Z a Z √a2 −x2 p Z π/2 Z ap
dx x2 + y 2 dy = dϕ r 2 cos2 ϕ + r 2 sen2 ϕrdr =
0 0 0
Z π/2 0
Z ap
= dϕ r 2 (cos2 ϕ + sen2 ϕ)rdr =
0Z 0
π a 2 π r3 a
= r dr = =
2 0 2 3 0
π a3 πa3
= = .
2 3 6

2.7 Cálculo de Áreas


Em geral a área de uma região plana Ω calcula-se pela fórmula
Z Z
Área(Ω) = dxdy.

Em particular se Ω é determinada pelas desigualdades a ≤ x ≤ b, f1 (x) ≤ y ≤ f2 (x), sua área é


determinada por
Z b Z f2 (x)
Área(Ω) = dydx.
a f1 (x)

Exemplo 2.16 Determine a área da região D limitada pela parábola y = 4 − x2 , a reta y = 2x e o


eixo das abcissas.

Da figura 2.16 é fácil ver que o ponto A de interseção da parábola com o eixo das abcisssas é
(−2, 0). De forma similar o ponto de interseção B da parábola com a reta y = 2x é obtido resolvendo
o par de equações
y = 4 − x2 , y = 2x;
√ √
assim de: 4 − x2 = 2x donde x2 + 2x − 4 = 0 obtemos B = ( 5 − 1, 2( 5 − 1)).

Figura 2.16:

Em seguida

D = {(x, y) ∈ R2 , −2 ≤ x ≤ 0, 0 ≤ y ≤ 4 − x2 } ∪ {(x, y) ∈ R2 , 0 ≤ x ≤ 5 − 1, 2x ≤ y ≤ 4 − x2 }

39

Z 0 Z 4−x2 Z 5−1 Z 4−x2
A(D) = dydx + dydx
−2 0 0 2x

Z 0 Z 5−1
A(D) = (4 − x2 )dx + (4 − x2 − 2x)dx
−2 0

16 √ ( 5 − 1)3 √
A(D) = + 4( 5 − 1) − − ( 5 − 1)2 .
5 3
Exemplo 2.17 Calcule a área da região limitada pela elipse dada pela equação

x2 y 2
+ 2 = 1. (2.20)
a2 b
A solução desta questão foi feita no capı́tulo 2 do livro de cálculo II (referência [?]) utilizando
integração simples. Aqui vamos fazer uma abordagem diferente. Consideremos a transformação de
coordenadas

T : D ∗ = [0, 2π] × [0, 1] → D


(θ, r) 7→ (x, y) = T (θ, r) = (ar cos θ, br sin θ) (2.21)

Figura 2.17:

x2 y 2
A equação da elipse + 2 = 1 via a transformação T fica:
a2 b
(ar cos θ)2 (br sin θ)2
+ = 1 ⇒ r = 1, 0 ≤ θ ≤ 2π.
a2 b2
Assim, como podemos visualizar na figura 2.17, a região retangular

D ∗ = {(θ, r) ∈ R2 , 0 ≤ r ≤ 1, 0 ≤ θ ≤ 2π}

se transforma na região interna da elipse

x2 y 2
D = {(x, y) ∈ R2 , + 2 ≤ 1}.
a2 b
Pela equação (2.16) do teorema 2.4

40
Z Z Z Z
A(D) = dydy = |J(θ, r)|drdθ.
D D∗
em que
∂x ∂x
   
∂r ∂θ a cos θ −a r sin θ
J(θ, r) = det ∂y ∂y = det = abr.
∂r ∂θ
b sin θ b r cos θ
Finalmente Z 2π Z 1
A(D) = abrdrdθ = πab.
0 0
Observamos que se a = b, a elipse transforma-se em uma circunferência de raio a, cuja área, limitada
pela circunferência (cı́rculo) é A(círculo) = πa2 .

Exemplo 2.18 Encontre a área limitada pelas parábolas:

y 2 = 10x + 25 e y 2 = −6x + 9.

Figura 2.18: Região limitada pelas parábolas

Pondo x em evidência nas equações acima, obtemos

y 2 − 25 −y 2 + 9
= x, = x. (2.22)
10 6
Agora, igualando estas duas equações e resolvendo com relação a y, obtemos os pontos de interseção.

y 2 − 25 9 − y 2 − 25
= ,
10 6
donde y 2 = 15. Substituindo este valor de y 2 em qualquer equação de (2.22), obtemos x = −1.
Assim √ √
(xA , yA ) = (−1, − 15), (xB , yB ) = (−1, 15).
A região em estudo pode-se escrever como uma região tipo II, assim:
√ y 2 − 25 9 − y2
Ω = {(x, y) ∈ R2 , − 15 ≤ y ≤, ≤x≤ }
10 6

41
Em seguida
2
Z 9−y Z √
15
Área(Ω) = √ 6 dxdy
2
− 15
y − 25
Z √15 10
9 − y 2 y 2 − 25
= √ ( − )dy
− 15 6 10
16 √
= 15.
3
ExemploR 2.19
R Integral dupla em regiões planas polares arbitrárias
Calcular Ω
f (x, y)dxdy na região planar
Ω = {(r, θ) ∈ R2 , θ1 ≤ θ ≤ θ2 , ξ1(θ) ≤ r ≤ ξ2 (θ)} (2.23)
1
Aplique em particular quando: f (x, y) = p e r = 4, r = 2(1 + cos θ), θ1 = 0, θ2 = π/2..
x + y2
2

Figura 2.19: Região plana Ω

Por questões geométricas o elemento de área infinitesima na região polar Ω pode se calcular assim
dA = rdθdr 2 , então
Z Z Z Z Z Z
f (x, y)dxdy = f (x, y)dA = f (x(r, θ), y(r, θ))rdrdθ (2.24)
Ω Ω Ω
Em particular :
π π
4
1
Z Z Z Z Z
2 2
f (x, y)dxdy = rdrdθ = (2 − 2 cos θ)dθ = π − 2.
Ω 0 2+2 cos θ r 0

Observação 2.2 Para calcular área da região plana Ω apresentada na equação (2.23), basta aplicar
a fórmula (2.24) quando f (r, θ) = 1, assim:
Z Z Z θ2 Z ξ2 (θ)
A(Ω) = rdrdθ = rdrdθ
Ω θ1 ξ1 (θ)
2
Nesta abordagem, o Jacobiano da transformação aparece naturalmente.

42
θ2
1
Z
A(Ω) = (ξ22 (θ) − ξ12(θ))dθ. (2.25)
2 θ1

Exemplo 2.20 Determine a área da região Ω√limitada externamente pela circunferência r = 1, e


internamente pela rosácea de duas pétalas r = 2 sin 2θ (região azul), limitado ao primeiro quadrante.

Figura 2.20:

Primeiro vamos determinar a área da pétala localizada √ no primeiro quadrante. πÉ necessário
achar os limites de integração, isso ocorre quando r = 2 sin 2θ = 0, donde θ = {0, 2 , π, 3 π2 , 2π}.
Em seguida, pela fórmula (2.25) de área de regiões planas do tipo apresentado na figura (2.19), em
coordenadas polares
θ2 = π2
1
Z
A(pétala) = (4 sin 2θ − 02 )dθ = 2.
2 θ1 =0

Em seguida vamos calcular a área da região limitada interiormente pela circunferência de raio 1
e externamente pela pétala (o complemento da zona azul dentro da pétala). Novamente aplicando a
fórmula (2.25)

1 θ2
Z
C
A(azul ) = (4 sin 2θ − 12 )dθ.
2 θ1
θ1 , θ2 são as coodenadas angulares dos dois pontos de intercepto de ambas curvas no primeiro
√ 1 π
quadrante. Resolvendo o sistema r = 1, r = 2 sin 2θ é fácil obter θ1 = arcsin(1/4), θ2 = − θ1 .
2 2
Substituindo na integral e resolvendo
1 √ π
A(azulC ) = ( 15 + arcsin(1/4) − ).
2 2
1 √ π
Finalmente, a área requerida é A(pétala) − A(azulC ) = 2 − ( 15 + arcsin(1/4) − ).
2 2

43
2.8 Cálculo do Volume de um Corpos
Consideremos o espaço tridimensional, onde está definido o sistema de coordenadas cartesianas
0xyz. Consideremos o conjunto limitado mensurável Ω ⊂ R2 . Definimos a função contı́nua f : Ω →
R. Assim, a superfı́cie continua S fica definido como sendo o gráfico da função f :

S = {(x, y, z) ∈ R3 ; z = f (x, y), (x, y) ∈ Ω}.

Para nosso propósito suponhamos f (x, y) > 0, (x, y) ∈ Ω.


Vamos tentar resolver o seguinte problema: determinar o volume do corpo, limitado pela superfı́cie
contı́nua S, pelo plano z = 0 e laterlalmente pela superfı́cie cilı́ndrica reta que passa pela fronteira
do domı́nio Ω.
Vamos proceder da seguinte forma: particionemos o conjunto Ω:

Ω1 , Ω2 , · · · , Ωn ,

tais que a interseção dos ωi sejam somente nas suas fronteiras. Agora, escolhamos arbitrariamente
pontos (ηi , λi ) ∈ Ωi , i = 1, 2, · · · , n e formemos a soma de Riemann:
n
X
Rn = f (ηk , λk )µ(Ωk ). (2.26)
k=1

Obviamente a soma de Riemann (2.26) nós dará uma aproximação do volume do corpo considerado,
isto é: n
X
V olcorpo ≈ f (ηk , λk )µ(Ωk ).
k=1

Agora se para qualquer partição, os diametros de cada parte Ωi : d(Ωi ) tendem a zero, nós teremos
naturalmente o volume do corpo, claro desde que o limite exista. Assim,
Xn Z Z
V olcorpo = lim f (ηk , λk )µ(Ωk ) = f (x, y)dxdy.
max d(Ωk ) Ω
k=1

Figura 2.21: Volume de um corpo limitado pela superfı́cie z = f (x, y)

Exemplo 2.21 Calcule o volume do corpo limitado pelo gráfico da função z = x2 + y 2 e pelo plano
z=4

44
Figura 2.22: Volume do paraboloide z = x2 + y 2

O conjunto Ω de integração é a projeção do paraboloide de raio 2 no plano xy, ou seja o cı́rculo


x2 + y 2 ≤ 22 . Logo podemos usar coordenadas polares:

x = ρ cos ϕ
y = ρ sen ϕ, ϕ ∈ [0, 2π] ρ ∈ [0, 2].

Assim, Z Z ZZ
2 2
Volume(paraboloide) = (x + y )dxdy = (x2 + y 2)dxdy =

Z 2π Z 2 x2 +y 2 ≤22
ρ4 2
= ρ3 dρdϕ = 2π =
0 0 4 0
= 8π.

2.9 Integral Dupla em Superfı́cies arbitrárias


Nesta seção vamos aprender a representar superfı́cies arbitrárias do espaço R3 em termos de funções
vetoriais. Um primeiro exemplo disto, já foi apresentado no livro de cálculo II dos mesmos autores,
quando descrevemos um plano do espaço R3 como uma função vetorial a dois parâmetros (ver nota
3.8 do livro referido)

2.9.1 Parametrização de Superfı́cies arbitrárias


Como ja foi visto anteriormente uma superficie S ⊂ R3 pode ser representada explı́citamente, da
forma z = f (x, y) como por exemplo no caso do parabolóide de revolução z = f (x, y) = x2 +
y 2 , (x, y) ∈ D ⊂ R2 . Más também podemos representar de forma implı́cita, da forma F (x, yz) ≡ 0.
Por exemplo no caso do parabolóide de revolução F (x, y, z) = z − x2 − y 2 = 0, (x, y) ∈ D ⊂ R2 .
Existe outra forma de representar uma superfı́cie S ⊂ R3 utilizando o conceito de função vetorial.
No capı́tulo de funções vetoriais do livro de cálculo II dos mesmos autores, ja aprendimos que curvas
espaciais podem ser representadas por funções vetoriais a um parâmetro. Se espera que uma superfı́cie
S no espaço R3 para ser representada por uma função vetorial precisa de dois parâmetros, é isso que
vamos monstrar neste primeiro exemplo constructivo.
Consideremos a função vetorial

ϕ
~ (θ, z) = (R cos θ, R sin θ, z), (2.27)

45
em que 0 ≤ θ ≤ 2π, 0 ≤ z ≤ H.
Ao fixar a variável z = z0 temos a função vetorial ϕ(θ, z0 ) = (R cos θ, R sin θ, z0 ) que representa uma
circunferência de raio R localizado em z = z0 . Assim, fixando z no retângulo D = [0, 2π] × [0, H], a
função ϕ transforma retas horizontais em circunferências, como podemos ver na figura (2.23).

Figura 2.23: ϕ(θ, z0 ) : D → R3

Por outro lado, ao fixar a variável θ = θ0 temos a função vetorial ϕ(θ0 , z) = (R cos θ0 , R sin θ0 , z)
que representa uma reta vertical localizada na abertura angular θ0 em relação ao eixo das abcissas.
Assim, fixando θ0 no retângulo D = [0, 2π] × [0, H], a função ϕ transforma retas verticais em retas
verticais ao longo da circunferência de raio R, como podemos ver na figura (2.24).

Figura 2.24: ϕ(θ0 , z) : D → R3

46
Resumindo a função vetorial (2.27) mapeia o retângulo D = [0, 2π] × [0, H] no cilindro circular
reto, centralizado no eixo z, como podemos ver na figura a seguir

Figura 2.25: ϕ(D) = S × R.

Definição 2.4 Representação Paramêtrica de uma Superfı́cie


Seja ϕ
~ uma função contı́nua definida no dominio retangular D tal que

ϕ : D → R3
(u, v) 7→ ϕ
~ (u, v) = (x(u, v), y(u, v), z(u, v)) (2.28)

Figura 2.26: ϕ(D) = S

47
Exemplo 2.22 A função vetorial

ϕ : D = [0, 2π] × [0, H] → R3


(θ, z) 7→ ϕ
~ (θ, z) = (R cos θ, R sin θ, z) (2.29)

parametriza a superfı́cie cilı́ndrica de raio R e altura H centralizada no eixo Z, e cuja base se encontra
no plano xy, como podemos ver na figura 2.27.

Exemplo 2.23 A função vetorial

ϕ : D = [0, π] × [0, 2π] → R3


(u, v) 7→ ϕ
~ (θ, φ) = (R cos φ sin θ, R sin φ sin θ, R cos θ) (2.30)

parametriza a superfı́cie esférica centrada na origem de coordenadas e raio R, como podemos ver na
figura a seguir

Figura 2.27: ϕ(D) = S

Exemplo 2.24 Superfı́cie do Toro: T 2

O Toro da figura (3.17) é uma superfı́cie fechada em forma de rosquinha, como raio interno a e
raio externo b, centralizada na origem de coordenadas.
Para determinar a função vetorial que parametriza a superfı́cie do Toro basta encontrar as co-
−−→
ordenadas do ponto Q ∈ T 1 em relação à origem de coordenadas. Assim, projetando o vetor MQ
na direção horizontal e vertical obtemos MQ ′ = a sin φ e zQ = a cos φ, respectivamente, Q ′ é a
−−→
projeção do ponto Q na prolongamento horizontal de OM. Em seguida projetamos o vetor OQ ′ nas
componentes x e y obtendo xQ = (b + a sin φ) cos θ e yQ = (b + a sin φ) sin θ. Donde
−→
OQ = (xQ , yQ, zQ ) = ((b + a sin φ) cos θ, (b + a sin φ) sin θ, a cos φ).
Finalmente, podemos definir a função vetorial

ϕ : D = [0, 2π] × [0, 2π] → R3


(θ, φ) 7→ ϕ
~ (θ, φ) = ((b + a sin φ) cos θ, (b + a sin φ) sin θ, a cos φ) (2.31)

que parametriza a superfı́cie do Toro.

48
Figura 2.28: ϕ(D) = T 1 = S 1 × S 1

2.9.2 Integral Dupla em Superfı́cies Arbitrárias do R3


Consideremos a transformação

~ : D ⊂ R2 → S ⊂ R3
ϕ
(u, v) 7→ ϕ
~ (u, v) = (x(u, v), y(u, v), z(u, v)), (2.32)

~ é uma função vetorial de classe C 1 (~


em que ϕ ϕ e suas derivadas parciais contı́nuas em D 3 ).

Figura 2.29:

Observamos que as retas (u, v0) ⊂ D e (u0 , v) ⊂ D do plano uv se transformam nas curvas
∂ϕ
~ (u, v0 ) ∂ϕ~ (u0 , v)
~ (u, v0 ) ∈ S e ϕ
ϕ ~ (u0 , v) ∈ S, respectivamente. Seja ϕ ~u = e ϕ
~v = os vetores
∂u ∂v
tangentes as curvas ϕ ~ (u, v0) e ϕ
~ (u0 , v), respectivamente no ponto de interseção ϕ
~ (u0 , v0 ). Em seguida

d~
ϕu = ϕ
~ u du e d~
ϕv = ϕ
~ v dv,

sendo que d~ϕu // ϕ


~ u e d~
ϕv // ϕ
~ v . Com os vetores diferenciais d~ ϕu e d~ϕv vamos construir um parale-
logramo infinitesimal tangente à superfı́cie S no ponto (u0 , v0 ), cuja área podemos calcular assim:

||d~
ϕu × d~
ϕv || = ||~
ϕu du × ϕ
~ v dv|| = ||~
ϕu × ϕ
~ v ||dudv
Quando du e dv são muito pequenos, podemos aproximar a área do paralelogramo de lados du
e dv com a área projetada na superfı́cie RS,R que iremos chamar de dA. Podemos aplicar a soma de
Riemann na superfı́cie S, assim A(S) = dA. Isto é fácil de perceber pois uma partição em D se
traduz numa partição em S via a função ϕ
~ . Finalmente
3
Na prática, as componentes x(u, v), y(u, v), z(u, v) são funções escalares de classe C 1 .

49
Definição 2.5 Área de uma Superfı́cie Parametrizada
~ uma função de classe C 1 definida no dominio retangular D tal
Seja ϕ
que

ϕ : D → S ⊂ R3
(u, v) 7→ ϕ
~ (u, v) = (x(u, v), y(u, v), z(u, v))

Então a área da superfı́cie S se calcula assim:


Z Z
A(S) = ||~
ϕu × ϕ~ v ||dudv (2.33)
D

Observação 2.3 .

1. Observe que é necessário ϕ ~ v 6= ~0, ∀ ϕ


~ u ×ϕ ~ (u, v) ∈ S. A estas superfı́cies se denomina superfı́cies
regulares.

2. É possivel extender a fórmula (2.33) para uma superfı́cie regular com um número finito de
pontos irregulares. Por exemplo, a superfı́cie cônica ϕ(r, θ) = (r cos θ, r sin θ, 2r); r ≥ 0, 0 ≤ θ ≤
2π, com vértice na origem de coordenadas, não é regular no vértice, pois (~ ϕr × ϕ ~ θ )(0, 0)) = ~0.
A pesar de isso, podemos calcular a área da superfı́cie cônica utilizando a fórmula (2.33).

Exemplo 2.25 Determine a área de um cilindro circular reto apresentado no exemplo (2.22).

~ (θ, z) = (R cos θ, R sin θ, z), 0 ≤ θ ≤ 2π, 0 ≤ z ≤ H é o cilindro na sua forma parametrica,


Se ϕ
então
∂ϕ~ (θ, z) ∂ϕ
~ (θ, z)
ϕ~θ = = (−R sin θ, R cos θ, 0), ϕ~z = = (0, 0, 1)
∂θ ∂z
Segue que
 
î ĵ k̂
~θ × ϕ
ϕ ~ z = det  −R sin θ R cos θ 0  = (R cos θ, R sin θ, 0)
0 0 1
Donde
Z Z Z 2π Z H
A(cilindro) = ||~
ϕθ × ϕ
~ z ||dθdz = Rdzdθ = 2πRH.
D 0 0

Exemplo 2.26 Determine a área de uma superfı́cie esférica centralizada na origem de coordenadas
e raio R, parametrizada por

~ (θ, φ) = (R cos φ sin θ, R sin φ sin θ, R cos θ), 0 ≤ θ ≤ π, 0 ≤ φ ≤ 2π.


ϕ

Derivando
∂ϕ
~ (θ, φ) ∂ϕ
~ (θ, φ)
ϕ
~θ = = (R cos θ cos φ, R cos θ sin φ, −R sin θ), ϕ
~φ = = (−R sin θ sin φ, R sin θ cos φ, 0)
∂θ ∂φ
Segue que

50
 
î ĵ k̂
ϕφ = det  R cos θ cos φ R cos θ sin φ −R sin θ  = (−R2 sin2 θ cos φ, R2 sin2 θ sin φ, R2 sin θ cos θ)
~ θ ×~
ϕ
−R sin θ sin φ R sin θ cos φ 0

Donde q
||~
ϕθ × ϕ
~ φ || = R4 sin2 θ(sin2 θ + cos2 θ) = R2 | sin θ|,
Para θ ∈ [0, π] temos que sin θ ≥ 0. então
Z Z Z 2π Z π
A(superf. esf érica) = ||~
ϕθ × ϕ
~ φ ||dθdφ = R2 sin θdθdφ = 4πR2 .
D 0 0

2.9.3 Método Alternativo para calcular Área de S


Consideremos uma superfı́cie S, cuja equação explı́cita é: z = f (x, y) em que (x, y) ∈ Ω, sendo f
contı́nua e com derivadas parciais contı́nuas em Ω. O objetivo é calcular a área da superfı́cie S. Um
método geométrico para tal propósito é como segue:
Vamos representar a equação de S em forma implicita, assim:

F (x, y, z) = z − f (x, y) ≡ 0, ∀(x, y) ∈ Ω. (2.34)


Podemos calcular o vetor normal à superfı́cie S

∇F (x, y, z) (−fx , −fy , 1)


~n = =
||∇F (x, y, z)|| ||(−fx , −fy , 1)||
∂F ∂F ∂F
em que ∇F (x, y, z) = ( , , ).
∂x ∂y ∂z

Figura 2.30:

De acordo a figura (2.30) vamos projetar o elemento diferencial de área dA ∈ S ao plano xy,
gerando o elemento diferencial de área dAxy ∈ Ω. Observe que ~n e k̂ são vetores unitários ortogonais
aos elementos de área dA e dAxy , respectivamente.

51
Figura 2.31: dAxy = dA cos γ, ∠(~n, k̂) = γ

É fácil calcular dAxy com ajuda da figura 2.31. Donde

< ~n, k̂ > = ||n||||k|| cos γ = cos γ


(−fx , −fy , 1)
< , (0, 0, 1) > = cos γ
||(−fx , −fy , 1)||
1
p = cos γ (2.35)
1 + fx2 + fy2
dAxy q
Finalmente dA = = 1 + fx2 + fy2 dAxy .
cos γ
Para determina a área da superfı́cie
Z Z Z Z q
A(S) = dA = 1 + fx2 + fy2 dxdy. (2.36)
S Ω

Exemplo 2.27 Determine a área de um parabolóide de revolução S : z = f (x, y) = x2 + y 2 limito


do vértice até a seção transversal circular de raio R.

Figura 2.32:

Para calcular a área de S, podemos aplicar diretamente a fórmula (2.36), assim

Z Z q
A(S) = 1 + fx2 + fy2 dxdy,
Z ZΩ p
= 1 + (2x)2 + (2y)2 dxdy.

52
Da figura (2.32) o domı́nio da função f é circular de raio R, assim, podemos resolver a integral
dupla em coordenadas polares: x = r cos θ, y = r sin θ em que 0 ≤ θ ≤ 2π, 0 ≤ r ≤ R

Z Z p
A(S) = 1 + (2r cos θ)2 + (2r sin θ)2 rdrdθ,

Z 2π Z R √
= 1 + 4r 2 rdrdθ,
0 0
π
= ((4R2 + 1)3/2 − 1).
6

2.10 Aplicações da Integral Dupla à Mecânica e Elec-


trostática
2.10.1 Masa e Momentos de Inércia de Láminas.

• Objetos planos
Considere um objeto bidimensional Ω ⊂ R2 , com densidade superficial de massa σ(x, y) : Ω →
R, uma função continua em Ω e σ(x, y) ≥ 0, ∀x, y ∈ Ω. Na posição ~r = (x, y) ∈ Ω definimos

dm
σ(x, y) =
dA
em que dA = dxdy é o elemento diferencial de área, e dm o elemento diferencial de massa.
Segue que Z Z
Massa(Ω) = σ(x, y)dxdy. (2.37)

• Objetos bidimensionais no espaço


Considere um objeto bidimensional S ⊂ R3 , parametrizada pela função vetorial ϕ ~ (u, v), com
densidade superficial de massa σ(~ ϕ(u, v)) : S → R, uma função continua em S e σ(~ϕ(u, v)) ≥
0, ∀ ϕ
~ (u, v) ∈ S. Na posição ϕ
~ (u, v) ∈ S definimos

dm
σ(~
ϕ(u, v)) =
dA
em que dA = ||~
ϕu × ϕ
~ v ||dudv é o elemento diferencial de área, e dm o elemento diferencial de
massa. Segue que Z Z
Massa(S) = σ(~ ϕu × ϕ
ϕ(u, v))||~ ~ v ||dudv. (2.38)
S

• Momento de Inercia de Láminas Planas


Seja Ω uma lâmina rı́gida de certa densidade de massa σ(x, y) : Ω → R, uma função contı́nua
em Ω. O momento de inércia do corpo Ω em relação a um eixo de rotação L se calcula assim
Z Z Z Z Z Z
2
I(Ω) = dI = ρ dm = ρ2 (x, y) σ(x, y)dxdy. (2.39)
Ω Ω Ω

53
Em que dI = ρ2 dm é o elemento diferencial do momento de inércia da massa pontual dm
localizado na posição ~r = (x, y) e ρ é a distância ortogonal do elemento diferencial de massa
dm em relação ao eixo de rotação L. Sem perda de generalidade, podemos assumir que o eixo
de rotação passa pela origem de coordenadas.
• Momento de Inercia de Lâminas espaciais
Seja S uma lâmina rı́gida parametrizada pela função vetorial ϕ ~ (u, v) e de certa densidade de
massa σ(~ ϕ(u, v)) : S → R, uma função contı́nua em S. O momento de inércia do corpo S em
relação a um eixo de rotação L se calcula assim
Z Z Z Z Z Z
2
I(S) = dI = ρ dm = ρ2 (~
ϕ(u, v)) σ(~ ϕu × ϕ
ϕ(u, v))||~ ~ v ||dudv. (2.40)
S S S

Em que dI = ρ2 dm é o elemento diferencial do momento de inércia da massa pontual dm


localizado na posição ϕ
~ (u, v) e ρ é a distância ortogonal do elemento diferencial de massa dm
em relação ao eixo de rotação L. Sem perda de generalidade, podemos assumir que o eixo de
rotação passa pela origem de coordenadas.

Figura 2.33:

Caso o objeto seja unidimensional ou tridimensional, a integral dupla se substitui pela integral
simples ou integral tripla, respectivamente, como veremos na próxima seção.
• Centro de Massa de Lâminas planas
Seja Ω uma lâmina rı́gida de certa densidade de massa σ(x, y) : Ω → R, uma função contı́nua
em Ω. As coordenadas do centro de massa do corpo Ω se calcula assim
Z Z Z Z
xdm x σ(x, y)dxdy
Ω Ω
xC.M. = Z Z = Z Z (2.41)
dm σ(x, y)dxdy
Ω Ω
e Z Z Z Z
ydm y σ(x, y)dxdy
yC.M. = Z ZΩ = Z ZΩ (2.42)
dm σ(x, y)dxdy
Ω Ω

No contexto da mecânica de sólidos é usual definir:


O Momento Estático de primeira Ordem ou Momento Estático de massa da lâmina em relação a
um eixo cartesiano.

54
Z Z Z Z
Ix = ydm, Iy = xdm.
Ω Ω
Em que Ix é o momento estático em relação ao eixo x e Iy é o momento estático em relação ao eixo
y. A fórmula das coordenadas do centro de massa de Ω, fica assim:
Iy Ix
xC.M. = , yC.M. = (2.43)
M(Ω) M(Ω)

sendo M(Ω) a massa de Ω dada pela equação (2.37).

Observação 2.4 Se Ω representa uma lâmina homogêna, isto é, densidade de massa σ0 constante,
então as coordenadas do centro de massa (xC.M. , yC.M.) coincide com as coordenadas do centroide
(X̄, Ȳ ) de Ω. Finalmente
Ay Ax
xC.M. = , yC.M. = , (2.44)
A(Ω) A(Ω)
RR RR RR
em que A(Ω) = Ω
dA, Ax = Ω
ydA, Ay = Ω
xdA.

Exemplo 2.28 Considere uma lâmina triângular Ω da figura a seguir, com densidade superficial de
massa σ(x, y) = x2 + y + 1. Detemine a massa total da lâmina.

Figura 2.34:

Da fórmula (2.37) temos

Z Z Z 4 Z 2− x2
2
Massa(Ω) = (x + y + 1)dxdy = (x2 + y + 1)dydx
Ω 0 0
4 2 2− x2
y
Z
= [(y(x2 + 1) + ] dx
0 2 0
4
x 1 x
Z
= [(2 − )(x2 + 1) + (2 − )2 ]dx
0 2 2 2
52
= .
3
Exemplo 2.29 Considere a lâmina triângular Ω do exemplo anterior (2.29), com densidade super-
ficial de massa σ(x, y) = x2 + y + 1. Detemine o momento de inércia da lâmina em relação ao eixo
y.

55
Figura 2.35:

De acordo a figura 2.37, o elemento de massa dm localizado na posição ~r = (x, y) dista do eixo
de rotação y, ρ = x unidades. Assim, da fórmula (2.39)

Z Z Z Z
2
I(Ω) = ρ (x, y) σ(x, y)dxdy = x2 (x2 + y + 1)dxdy.
Ω Ω
Z 4 Z 2− x2
= x2 (x2 + y + 1)dydx
0 0
4 2 4 x 2
2 (2 − 2 )
2− x2
2y x
Z Z
4 2 4 2
= [(x + x )y + x ] dx = [(x + x )(2 − ) + x ]dx
0 2 0 0 2 2
416
=
5
Exemplo 2.30 Determine as coordenadas do centro de massa da quarta parte de uma lâmina cir-
cular (Ω) e homogêneo de raio R, relativo ao primeiro quadrante do plano xy.

Da fórmula (2.41) para o centro de massa de uma figura plana e considerando que a densidade
σ0 é constante, pois a lâmina é homogênea, temos

Z Z Z Z
x σ0 dxdy x dxdy
xC.M. = Z ZΩ = Z ZΩ
σ0 dxdy dxdy
Ω Ω
π Z π
Z
2
Z R 2
Z R
(r cos θ) rdrdθ cos θ r 2 dr
0 0 0 0
= = 2
Área(Ω) πR
4
R3
= 3 = 4R .
πR2 3π
4
Por questões de simetria, o centro de massa de Ω deve estar localizado no eixo de simetria da mesma,
isto é, na diagonal do primeiro quadrante com angulação π/4 em relação ao eixo das abcissas. Assim:

56
4R
xC.M. = yC.M. = .

Exemplo 2.31 Considere uma lâmina circular de raio R centralizada na origem de coordenadas do
plano xy, de densidade superficial de massa σ(θ, r) = kr; k > 0, r > 0 em coordenadas polares.
a) Determine o momento de inércia da lâmina em relação ao eixo L1 vertical que passa pelo centro
da lâmina.
b) Determine o momento de inércia da lâmina em relação ao eixo L2 vertical que passa pela borda
(−R, 0) da lâmina.

Figura 2.36:

a) Momento de inércia em relaçaõ ao eixo vertical L1 (eixo z) que passa por (0, 0).
Localizamos o elemento diferencial de massa dm na posição arbitrária P do disco. A distancia de P
ao eixo L1 é ρ = r, asssim o elemento diferencial do momento de inércia do dm em relação ao eixo
L1 é dI = dmρ2 = dmr 2 . Da fórmula (2.39) para o momento de inércia de objetos massivos planos
Z Z Z Z
L1 2
IΩ = ρ (x, y) σ(x, y)dxdy = ρ2 σ(θ, r)σ(θ, r)(rdrdθ).
Ω Ω
Z Z Z 2π Z R
= r 2 (kr)(rdrdθ) = kr 4 drdθ
Ω 0 0
2πkR5
= .
5

Figura 2.37: Vista de planta do disco

b) Momento de inércia em relaçaõ ao eixo vertical L2 (eixo z) que passa por (−R, 0).
Localizamos o elemento diferencial de massa dm na posição arbitrária P do disco. A distancia de P

57
p
ao eixo L2 é ρ(θ, r) = (r + r cos θ)2 + (r sin θ)2 . Da fórmula (2.39) para o momento de inércia de
objetos massivos planos
Z Z Z Z
L2 2
IΩ = ρ (x, y) σ(x, y)dxdy = ρ2 (θ, r)σ(θ, r)σ(θ, r)(rdrdθ).
Z ZΩ Ω

= ((r + r cos θ)2 + (r sin θ)2 )(kr)rdrdθ



Z 2π Z R
= (2r 2 + 2r 2 cos θ)kr 2 drdθ
0 0
Z 2π Z R
= 2k (1 + cos θ) r 4 dr
0 0
4πkR5
= .
5
Exemplo 2.32 Demonstrar que o centroide :
a) De uma lâmina homogêna de forma retangular está localizado no ponto de interseção das
diagonais(centro geométrico).
b) De um lâmina triangular está localizado no baricentro.

2πkR5
Observação 2.5 No exemplo anterior, não é dificil achar a massa do disco que é M = .
5
Logo é imediato verificar que
IΩL2 = IΩL1 + Md2(L1 ,L2 ) ,
em que a distância entre os dois eixos paralelos é d(L1 ,L2 ) = R e L1 passa pelo centro de massa da
lâmina. Na próxima seção, iremos demonstrar esta propriedade, denominada, teorema dos eixos
paralelos de Steiner, que relaciona os momentos de inércia de um objeto em relação ao eixo que
passa por seu centro de massa e o momento de inércia do objeto em relação a outro eixo paralelo ao
anterior e arbitrário.

2.10.2 Carga Elétrica em Superfı́cies Arbitrárias.


Se sabe que corpos condutores de eletricidade, acumulam carga elétrica na superficie externa,
dai que precisamos ter uma maneira de calcular a carga total acumulada na superfı́cie do corpo.
Em seguida apresentamos duas situações em que podemos calcular a carga total acumulada numa
superfı́cie.

• Objetos planos
Considere um objeto bidimensional Ω ⊂ R2 , com densidade superficial de carga elétrica σ(x, y) :
Ω → R, uma função continua em Ω. Na posição ~r = (x, y) ∈ Ω definimos

dQ
σ(x, y) =
dA
em que dA = dxdy é o elemento diferencial de área, e dQ o elemento diferencial de carga
elétrica. Segue que Z Z
Carga elétrica total(Ω) = σ(x, y)dxdy. (2.45)

58
• Objetos bidimensionais no espaço
Considere um objeto bidimensional S ⊂ R3 , parametrizada pela função vetorial ϕ ~ (u, v), com
densidade superficial de carga elétrica σ(u, v) : S → R, uma função continua em S. Na posição
ϕ
~ (u, v) =∈ S definimos
dQ
σ(u, v) =
dA
em que dA = ||~ ϕu × ϕ~ v ||dudv é o elemento diferencial de área, e dQ o elemento diferencial de
carga elétrica. Segue que
Z Z
Carga elétrica total(S) = σ(u, v)||~ϕu × ϕ~ v ||dudv. (2.46)
S

Exemplo 2.33 Uma superfı́cie esférica de raio R tem densidade de carga elétrica superficial
σ(θ, φ) = (cos θ + 1) ( coulomb
m2
). Determine a carga total da superfı́cie esférica.

Da fórmula (2.46)
Z Z
Carga elétrica total(sup. esf érica) = ϕθ × ϕ
σ(θ, φ)||~ ~ φ ||dθdφ.
S
Z Z
Carga elétrica total(sup. esf érica) = (cos θ + 1)R2 sin θdθdφ,
S

em que ||~
ϕθ × ϕ
~ φ || já foi calculado no exemplo (2.26).
Em seguida

Z 2π Z π
2
Carga elétrica total(sup. esf érica) = R dφ (cos θ + 1) sin θdθ = 4πR2 (Coulomb).
0 0

Observe que a distribuição de carga na superfı́cie esférica tem simetria cilı́ndrica, pois σ(θ, φ) não
depende de φ e a carga elétrica é sempre positiva para qualquer ponto da superfı́cie esférica.

Exemplo 2.34 Considere um toro T 2 de raio interno a e raio externo b (b > a > 0), apresentado
no exemplo (2.24).
a) Determine o elemento de área infinitesimal e arbitrário dA na superfı́cie do toro.
b) Considere a superfı́cie do toro como um material condutor de densidade superficial de carga elétrica
constante σ0 e encontre a carga elétrica total na superfı́cie do toro.

a) Da definição do toro:

~ (θ, φ) = ((b + a sin φ) cos θ, (b + a sin φ) sin θ, a cos φ), 0 ≤ θ ≤ 2π, 0 ≤ φ ≤ 2π,
ϕ

derivando parcialmente em relação as variáveis θ e φ, temos

∂ϕ
~ (θ, φ)
ϕ
~θ = = (−(b + a sin φ) sin θ, (b + a sin φ) cos θ, 0),
∂θ

∂ϕ
~ (θ, φ)
ϕ
~φ = = (a cos φ cos θ, a cos φ sin θ, −a sin φ).
∂φ

59
Realizando o produto vetorial
 
î ĵ k̂
~θ × ϕ
ϕ ~ φ =  −(b + a sin φ) sin θ (b + a sin φ) cos θ 0 
a cos φ cos θ a cos φ sin θ −a sin φ
~θ × ϕ
ϕ ~ φ = (−a sin φ cos θ(b + a sin φ), −a sin φ sin θ(b + a sin φ), −a cos φ(b + a sin φ).
Donde
dA = ||~
ϕθ × ϕ
~ φ ||dθdφ = |a(b + a sin φ)|dθdφ,
em que b + a sin φ ≥ 0, em seguida

dA = a(b + a sin φ)dθdφ, (2.47)

é o elemento diferencial de área num ponto arbitrário na superfı́cie do toro.


b) Para calcular a carga elétrica total na superficie do Toro, aplicamos diretamente a fórmula (2.46)
Z Z Z Z
Carga elétrica total(S) = σ(u, v)dA = σ0 a(b + a sin φ)dθdφ.
S S
Z 2π Z 2π
Carga elétrica total(S) = σ0 a(b + a sin φ)dθdφ = 4σ0 π 2 ab.
0 0

60
2.11 Exercı́cios de Integração Dupla
2.11.1 Somatorias, soma de Riemann, Integração dupla, mudança de
coordenadas, coordenadas polares
Exercı́cio 2.1 Calcular as seguintes somas:

1. 1 + 2 + 3 + 4 + ... + 100

2. 2 + 4 + 6 + 8 + ... + 200
P20
3. i=1 (2i + 3)
P15 2
4. i=1 i

10 X
X 6
5. (ij + j 2 )
i=1 j=1

10 X
10
X −i
6. ( )
i=1 j=1
j(j + 1)

Exercı́cio 2.2 Considere a função f (x, y) = −x + 2, definida no domı́nio D = [0, 2] × [0, 3]. De-
termine o volume da região W , limitada superiormente pela superfı́cie f (x, y) , inferiormente pelo
retângulo D e pelas paredes verticais: x = 0, x = 2, y = 0, y = 3. Utilize o conceita da soma de
Riemann
Z 4Z 4
Exercı́cio 2.3 Considere a função f : [0, 4] × [2, 4] → R. Calcular f (x, y) dxdy pelo método
2 0
da soma de Riemann, nos seguintes casos:

1. f (x, y) = x + 2y

2. f (x, y) = xy + 3y

Exercı́cio 2.4 Calcule o valor das seguintes integrais:


Z 2Z 3
1. (x − 3xy) dxdy
0 1

0 −y 2

Z Z
2. xy dxdy
−1 y
Z 2π Z cos(x)
3. (y + 2) dydx
0 0

Nota: identidique e desenhe os dominios de integração.


RR
Exercı́cio 2.5 Calcular R
f (x, y) dxdy nos seguintes casos:

1. f (x, y) = x3 y 2, R = {0 ≤ x ≤ 4, −1 ≤ y ≤ 1}

61
2. f (x, y) = y −1 ln(x + 1), R = {0 ≤ x ≤ y − 1, 1 ≤ y ≤ 4}

3. f (x, y) = ex+2y , R = {0 ≤ x ≤ 2, 0 ≤ y ≤ 2x}


Z Z
Exercı́cio 2.6 Calcular (y +2) dA onde D é a região limitada pelas curvas, nos seguintes casos
D

• y = 7 e y = −1 + 2x2

• y=x ey= x

Exercı́cio 2.7 Determine o volume do sólido limitado pela função f (x, y) = 3x+ 4y + 4 no retângulo
D = [1, 2] × [3, 6] e pelas paredes verticais localizadas nos lados do retângulo.

Exercı́cio 2.8 Determine a massa total de uma lamina retangular definida pelas desigualdades −1 ≤
x ≤ 1, −2 ≤ y ≤ 2 . A densidade da lamina retangular é σ(x, y) = |cos(x)||y|.

Exercı́cio 2.9 Determine a área limitada pelas curvas y = x2 e y = 4x − x2 .

Exercı́cio 2.10 Seja a região D limitada pelas seguintes curvas: y 2 − x = 1 e y 2 + x = 1. Determine


a área da região D.

Exercı́cio 2.11 Seja a região D limitada pela reta x + y = 2 e pelos eixos coordenados, no primeiro
quadrante. Determine o volume do sólido limitado pela base D, às paredes laterais verticais sobre os
limites da região D e por cima pela função z = ex+y

Exercı́cio 2.12 Determine a área de uma lámina eliptica de semi-eixo maior a e semi-eixo menor
b.

Exercı́cio 2.13 Considere a região D limitada pelas curvas r = 2 e r = 2 + 2 cos(θ), no primeiro


quadrante. Logo determine a integral dupla:
Z Z
f (r, θ) dA.
D

Sendo dA o elemento de área infinitesimal no plano xy, e f (r, θ) = cos(θ).

62
Exercı́cio 2.14 Determine a área limitada pela rosácea r = 2 sin(2θ)

Figura 2.38: Rosácea:r = 2 sin(2θ)

Exercı́cio 2.15 Considere a rosácea de duas pétalas r = 2 cos(2θ) e a cardioide r = 1 + cos θ.


Determine a área da região planar limitada internamente pela rosácea e externamente pela cardioide
(ver figura). Ajuda: É preciso analisar os pontos de intercepto das curvas para definir bem os limites
de integração.

Figura 2.39:

Exercı́cio 2.16 Determine o volume do sólido limitado na base pelas retas: y = x, y = −2x, y =
2 − 2x, y = x − 2, e z = 0 e na parte superior pela função z = x2 + y 2

Exercı́cio 2.17 Determine o volume do sólido limitado na base (plano z = 0) pelas retas: y = x, y =
−x, y = x − 2, y = 2 − x, e na parte superior pela função z = x − y (plano) e as paredes laterais por
cima das 4 retas.

ln(x2 + y 2 ) dxdy onde D é a região do primeiro quadrante


RR
Exercı́cio 2.18 Calcule a integral D
situada entre as circunferências x2 + y 2 = 1 e x2 + y 2 = 4. Sugestão: passar a coordenadas polares.
R∞ R∞ 2 2
Exercı́cio 2.19 Demonstre que a integral −∞ −∞ e−(x +y ) dxdy = π, D é o plano R2 = {−∞ <
x < ∞, −∞ < y < ∞}.
RR
Exercı́cio 2.20 Calcular D
x dxdy, sendo D a região planar no xy limitada pelas curvas y =
2 2
4 − (x − 2) e a curva y = x − 2x.

Exercı́cio 2.21 Determine o volume do sólido limitado lateralmente pelo cilindro de raio R = 2,
limitada na base pela superfı́cie z = 0 e limitada por cima pela superfı́cie z = 4 − y (ver figura).
Sólido centrado na origem de coordenadas.

63
Figura 2.40:

Figura 2.41:

Exercı́cio 2.22 Determine a área da região limitada pela parábola y + 6 = x2 , a reta y = x e o eixo
das abcisas (ver figura 2.41).

Exercı́cio 2.23 Considere a região volumétrica W limitada pela superfı́cie S1 definida


pela função z = ψ(x, y) = a cos(x), 0 ≤ y ≤ 1 e a superfı́cie S2 definida pela função
z = ϕ(x, y) = a − a cos(x), 0 ≤ y ≤ 1. Determine o volume de W, a > 0.

Exercı́cio 2.24 Considere uma região plana D plana limitada pela cardioide r = a(1 − cos θ), a > 0.
Construa um cilindro vertical, em que z ∈ [−4, 4] tal que a seção transversal do cilindro é a região
D. Determine o volume do sólido assim construido.

Exercı́cio 2.25 Das afirmações seguintes quais são verdadeiras ou falsa e justifique:

a ( ) Considere a transformação de coordenadas T : x = ar cos(θ), y = br sin(θ). A Jacobiana de


transformação de coordenadas polares (r, θ) às coordenadas cartesianas (x, y) é J = abr, a >
0, b > 0.

b ( ) Considere W o sólido limitado pelo cilindro parabólico x = −1 + y 2 , −4 ≤ z ≤ 4 e o plano


Z 3Z 8
x = 8, y ∈ R, −4 ≤ z ≤ 4. A integral dupla que determine o volume de W é dxdy.
−3 −1+y 2
sugestão: Faça o esboço do sólido.

c ( ) A igualdade a seguir é verdadeira


√ √
Z √1 Z 1−x2 Z 1 Z 1−y Z 1/2 Z y
2
dydx = √
dxdy + √
dxdy
− √1 x2 1
2
− 1−y 0 − y
2

e representa a área de uma região planar D limitada por duas curvas (Ajuda: desenhe a região
D).

64
2.12 Respostas dos exercı́cios do Capı́tulo 2
2.12.1 Somatorias, soma de Riemann, Integração dupla, mudança de
coordenadas, coordenadas polares
1. Resposta do exercı́cio (2.1)

1 5050
2 10100
3 480
4 1240
5 2065
6 -50

2. Resposta do exercı́cio (2.2) 6

3. Resposta do exercı́cio (2.3)

(a) 64
(b) 120

4. Resposta do exercı́cio (2.4)

(a) -16
2
(b) 27
π
(c) 2

5. Resposta do exercı́cio (2.5)


128
(a) 3
(b) 10 ln 2 − 6
2 e10 e2
(c) + −
5 10 2
6. Resposta do exercı́cio (2.6)
1856
(a) 15
5
(b) 12
159
7. Resposta do exercı́cio (2.7) 2

8. Resposta do exercı́cio (2.8) 8 sen 1


8
9. Resposta do exercı́cio (2.9) 3
8
10. Resposta do exercı́cio (2.10) 3

11. Resposta do exercı́cio (2.11) e2 + 1

65
12. Resposta do exercı́cio (2.12) abπ
π
13. Resposta do exercı́cio (2.13) + 4.
2
14. Resposta do exercı́cio (2.14) π

π 1 29 7
15. Resposta do exercı́cio (2.15) + arccos(3/4) +
2 2 64
88
16. Resposta do exercı́cio (2.16) 81

17. Resposta do exercı́cio (2.17) 2


π
18. Resposta do exercı́cio (2.18) (4ln(4) − 3)
4
19. Resposta do exercı́cio (2.19) π
27
20. Resposta do exercı́cio (2.20)
2
21. Resposta do exercı́cio (2.21) 16π
√ 1
22. Resposta do exercı́cio (2.22) (22 + 12 6)
3
√ π
23. Resposta do exercı́cio (2.23) 2a 3 − 2a
3
3πa2
24. Resposta do exercı́cio (2.24)
2
25. Resposta do exercı́cio (2.25) V F V

66
Capı́tulo 3

Integral Tripla

Seja f uma função definida no domı́nio limitado Ω ⊂ R3 a valores reais. Em particular consideremos
Ω = [0, a] × [0, b] × [0, d], assim

f :Ω → R (3.1)
(x, y, z) 7→ w = f (x, y, z) (3.2)

O gráfico de f se realiza no espaço R4 em que Graf (f ) = {(x, y, z, w) ∈ R4 , (x, y, z, f (x, y, z)}.


Naturalmente não podemos visualizar este gráfico, isso não empede definir a integral tripla de esta
função no domı́nio Ω e inclusive iremos analizar várias aplicações em Fı́sica. Em seguida vamos
particionar o domı́nio Ω da seguinte forma:

Figura 3.1:

O intervalo [0, a] em n partes, o intervalo [0, b] em m partes e o intervalo [0, c] em l partes. Desta
forma temos nml ladrilhos fundamentais em total em que o ladrilho localizado na posição ~rijk tem
dimensões △xi , △yj , △zk em que i = 1, 2, .., n; j = 1, 2, .., m; k = 1, 2, .., l. Observamos que quando
n → ∞, m → ∞, l → ∞ as dimensões △xi → 0, △yj → 0, △zk → 0, assim o volume do ladrilho
fundmanetal localizado na posição ~rijk vai para zero também (△Vijk = △xi △yj △zk → 0).

67
Definição 3.1 Integral Tripla de uma função real de Variável veto-
rial Chama-se integral tripla da função f (x, y, z), a integral
Z Z Z n X
X m X
l
f (x, y, z)dxdydz = lim lim lim f (x∗i , yj∗, zk∗ )∆xi ∆yj ∆zk .
Ω n→∞ m→∞ l→∞
i=1 j=0 k=0
(3.3)
O vetor (x∗i , yj∗, zk∗ )
está em algum ponto interno do ladrilho localizado
na posição ~rijk . Se o limite existir, diz-se que a função f é integrável
em Ω, caso o limite não existir f não é integrável em Ω

A escolha da localização da caixa com um vértice na origem de coordenadas não limita a


generalidade da discussão.

Observação 3.1 A localização precisa do vetor (x∗i , yj∗, zk∗ ), não importa, desde que quando realize-
mos o processo de limite e quando o número de caixas elementares ou diferenciais vai para o infinito,
o vetor (x∗i , yj∗ , zk∗ ) se confunde com o vetor ~rijk .

Exemplo 3.1 Considere a caixa Ω = [0, a]×[0, b]×[0, c] e utilizando a soma de Riemann, determine
o volume de Ω.

O volume da caixa fundamental localizada na posição ~rijk é △Vijk = △xi △yj △zk . Para cal-
cular o volume total de Ω basta somar sobre os volumens de todas caixas fundamentais (ladrilhos
fundamentais) e tomar o limite quando n, m, l → ∞. Assim:

X m X
n X l
vol(Ω) = lim lim lim ∆xi ∆yj ∆zk .
n→∞ m→∞ l→∞
i=1 j=0 k=0

Pela definição 3.1


Z Z Z n X
X m X
l
vol(Ω) = dxdydz = lim lim lim ∆xi ∆yj ∆zk .
Ω n→∞ m→∞ l→∞
i=1 j=0 k=0

Em seguida vamos considerar uma partição homogêna, logo


a−0 b−0 c−0
∆xi = ∆x = , ∆yj = ∆x = , ∆zk = ∆x =
n m l

n X m Xl
X a b c
vol(Ω) = lim lim lim ,
n→∞ m→∞ l→∞
i=1 j=0
nml
k=0
n m l
X aX b Xc
= lim lim lim ,
n→∞ m→∞ l→∞
i=1
n j=0
m l
k=0
= lim lim lim (abc),
n→∞ m→∞ l→∞
= abc. (3.4)

68
Teorema 3.1 Condição Suficiente para Integrabilidade
Seja Ω = [a, b] × [c, d] × [e, f ] um paralelepı́pedo e f : Ω → R uma função contı́nua e limitada então
f é integrável em Ω.

Teorema 3.2 Teorema de Fubini


Seja Ω = [a, b] × [c, d] × [e, f ] um paralelepı́pedo e f : Ω → R uma função contı́nua e limitada então

Z Z Z Z dZ f
Z b
f (x, y, z)dxdydz = [ [ f (x, y, z)dz ]dy]dx (3.5)
Ω a c e
Z Z Z Z bZ fZ d
f (x, y, z)dxdydz = [ [ f (x, y, z)dy ]dz]dx (3.6)
Ω a e c

Existem mais quatro possibilidades de rearanjar as integrais iteradas anteriores.


Z Z Z
Exemplo 3.2 Calcular f (x, y, z)dxdydz em que f (x, y, z) = sin(2x) y 2z no domı́nio Ω =

[0, 1] × [1, 3] × [0, 2]

Da equação (3.5)

Z Z Z Z 1 Z 3 Z 2
2
sin 2x y zdxdydz = [ sin(2x) y 2 zdz ]dy]dx
[
Ω 0 1 0
Z 1Z 3 Z 2
2
= [ sin(2x) y [ zdz ]dy]dx
0 1 0
Z 1Z 3
z2
= [ sin(2x) y 2 [ |20 ]dy]dx
0 1 2
Z 1Z 3
= [ sin(2x) y 2 2dy]dx
0 1
Z 1
2y 3 3
= [sin(2x) | ]dx
0 3 1
Z 1
52 cos(2x) 1 52
= sin(2x) dx = (− |0 )
0 3 2 3
26
= (1 − cos 1).
3

3.1 Teorema de Fubini e o Método das Projeções


Para determinar a integral tripla de f no domı́nio Ω ⊂ R3 , utilizamos o método das projeções.
Dependendo da forma ou complexidade do domı́nio Ω, iremos realizar uma projeção do sólido Ω no
plano xy, no plano xz, ou no plano zy. A projeção do sólido Ω vai definir num destes planos um
domı́nio de integração nas variáveis que define tal plano escolhido.
Na figura 3.11 o sólido

Ω = {(x, y, z) ∈ R3 , (x, y) ∈ R, ϕ1 (x, y) ≤ z ≤ ϕ2 (x, y)}

69
Figura 3.2:

foi projetado no plano xy, definindo neste plano a região

R = {(x, y) ∈ R2 , a ≤ x ≤ b, ψ1 (x) ≤ y ≤ ψ2 (x)}.

Assim, o processo de integração tripla de forma interativa fica:


Z Z Z Z Z Z ϕ2 (x,y)
f (x, y, z)dxdydz = [ f (x, y, z)dz ]dy]dx
Ω R ϕ1 (x,y)

Dependendo se a região plana R é do tipo I ou tipo II, temos os seguintes resultados:

Teorema 3.3 Teorema de Fubini


Seja Ω = {(x, y, z) ∈ R3 , a ≤ x ≤ b, ψ1 (x) ≤ y ≤ ψ2 (x), ϕ1 (x, y) ≤ z ≤ ϕ2 (x, y)} uma região
volumétrica limitada no espaço R3 e f : Ω → R uma função contı́nua e limitada então

Z Z Z Z b Z ψ2 (x) Z ϕ2 (x,y)
f (x, y, z)dxdydz = [ [ f (x, y, z)dz ]dy]dx (3.7)
Ω a ψ1 (x) ϕ1 (x,y)

Teorema 3.4 Teorema de Fubini


Seja Ω = {(x, y, z) ∈ R3 , c ≤ y ≤ d, ψ1 (y) ≤ x ≤ ψ2 (y), ϕ1(x, y) ≤ z ≤ ϕ2 (x, y)} uma região
volumétrica limitada no espaço R3 e f : Ω → R uma função contı́nua e limitada então

Z Z Z Z d Z ψ2 (y) Z ϕ2 (x,y)
f (x, y, z)dxdydz = [ [ f (x, y, z)dz ]dx]dy (3.8)
Ω c ψ1 (y) ϕ1 (x,y)

Observação 3.2 Dependendo da forma da região volumétrica Ω, pode ser necessário projetar no
plano xz ou no plano zy. De Qualquer forma, o resultado da integral deve dar o mesmo resultado
numérico. Resumindo, existem 6 formas diferentes de acomodar a integral tripla, dois diferentes para
cada tipo de projeção.
Z Z Z
Exemplo 3.3 Calcular zydxdydz em que

p
Ω = {(x, y, z) ∈ R3 , 1 ≤ y ≤ 2, y 2 ≤ x ≤ y, x2 + y 2 ≤ z ≤ y}

70
Pelo teorema de Fubini e utilizando a equação (3.8), temos :

Z Z Z Z 2 Z yZ y
f (x, y, z)dxdydz = [ [ √ zydz]dx]dy,
Ω 1 y2 x2 +y 2
Z 2Z y
z2
= [ y [ |y√ 2 2 ] dx] dy,
1 y2 2 x +y
Z 2Z y
y 2
= [ [y − (x2 + y 2 )] dx] dy,
1 y2 2
Z 2 Z y
y
= − [ x2 ] dx] dy,
1 2 y 2
Z 2 Z 2
y x3 y y y3 y6
= − [ |y2 ] dy = − [ − ] dy,
1 2 3 1 2 3 3
Z 2 7
y y4
= ( − ) dy,
1 3 3
1027
= (3.9)
120
Exemplo 3.4 Considere uma região volumétrica Ω limitada pelas superfı́cies : z = ϕ1 (x, y) =
x2 + y 2 , z = ϕ2 (x, y) = 15 − x2 − y 2 , x2 + y 2 = 4, restrito ao primeiro oitante. Seja f (x, y, z) uma
função definida em Ω então: Defina corretamente os limites de integração da integral tripla a seguir
Z Z Z
f (x, y, z)dxdydz.

A regiao Ω limitada pelos parabolóides de revolução z = ϕ1 (x, y) = x2 + y 2 , z = ϕ2 (x, y) =


15 − x2 − y 2 e o cilindro circular reto x2 + y 2 = 4 de raio 2 se pode mostrar no gráfico a seguir

Figura 3.3: Ω limitado por : ϕ1 , ϕ2 , cilindro, plano zy, plano zx

Para visualizar melhor a região volumétrica Ω, é interessante desenhar a projeçao no plano zy


(fazendo x = 0), o resultado é a primeira figura de 3.4. No plano xy a projeção de Ω é um cı́rculo de
raio R = 2, pois as superfı́cies ϕ1 , ϕ2 tem seção transversal horizontal circular. Com a informação
que devemos considerar únicamente o sólido no primeiro oitante do espaço 3D, então a projeção de
Ω no plano xy é um quarto de cı́rculo, como podemos ver na segunda figura de 3.4. observa-se que a

71
Figura 3.4:

sombra do cilindro x2 + y 2 = 4 é á circunferência de raio 2, que acaba sendo a borda da região plana
R.
Assim a projetando de Ω no plano xy é a mais conveniente, daı́ que:

Ω = {(x, y, z) ∈ R3 , (x, y) ∈ R, x2 + y 2 ≤ z ≤ 15 − x2 − y 2 }.

Se R é descrito como tipo I



Ω = {(x, y, z) ∈ R3 , 0 ≤ x ≤ 2, 0 ≤ y ≤ 4 − x2 , x2 + y 2 ≤ z ≤ 15 − x2 − y 2 },
segue que

Z Z Z Z 2 Z 4−x2 Z 15−x2 −y 2
f (x, y, z)dxdydz = [ [ f (x, y, z)dz]dy]dx.
Ω 0 0 x2 +y 2

Se R é descrito como tipo II


p
Ω = {(x, y, z) ∈ R3 , 0 ≤ y ≤ 2, 0 ≤ x ≤ 4 − y 2 , x2 + y 2 ≤ z ≤ 15 − x2 − y 2 },
segue que
Z Z Z Z 2 Z √4−y2 Z 15−x2 −y 2
f (x, y, z)dxdydz = [ [ f (x, y, z)dz]dx]dy.
Ω 0 0 x2 +y 2

Exemplo 3.5 Calcule


dxdydz
Z Z Z
,
Ω (z + y + z + 1)3
onde Ω é a região limitada pelos planos coordenados e pelo plano x + y + z = 1.

Projetando o sólido Ω no plano xy, obtemos a regiao R = {(x, y) ∈ R2 , 0 ≤ x ≤ 1, 0 ≤ 1 − x}.


Assim
Ω = {(x, y) ∈ R3 , 0 ≤ x ≤ 1, 0 ≤ 1 − x, 0 ≤ z ≤ 1 − x − y}.

72
Figura 3.5: Região Ω

Por isso
Z 1−x−y
dxdydz dz
Z Z Z Z Z
= dxdy =
Ω (z + y + z + 1)3 R 0 (z + y + z + 1) 3
(x + y + z + 1)−2 1−x−y
Z Z  
= dxdy − =
ZR Z 2 0
1
(2)−2 − (x + y + 1)−2 dxdy =

=−
2 Z ZR
1 1 1−x 1
 
1
=− − dydx =
2 Z0 0 4 (x + y+ 1)2
1 1 y 1 1−x
=− + dx =
2 Z0  4 (x + y + 1) 0
1 1 1−x

1 1
=− + − dx =
2 0 4 (x + 1 − x + 1) 1 + x
1 x x2 x

1
=− − + − ln(1 + x) =
2 4 8 2  0
1 1 1 1
=− − + − ln 2 =
2 4 8 2
ln 2 5
= − .
2 16

3.2 Mudança de Variáveis na Integral Tripla


Consideremos um domı́nio limitado Ω ⊂ R3 . E sejam as coordenadas (x, y, z) ⊂ Ω três funções
das variáveis u, v e w com (u, v, w) ⊂ Ω′ ⊂ R3 :

x : Ω∗ → R 

(u, v, w) 7→ ϕ(u, v, w) 




y :Ω →R

(3.10)
(u, v, w) 7→ ψ(u, v, w) 
z : Ω∗ → R




(u, v, w) 7→ ξ(u, v, w),

que possuem derivadas contı́nuas em Ω∗ . Assim, vamos considerar que a transformação (3.10) seja
uma bijeção entre o domı́nio Ω∗ e o domı́nio Ω.

73
Teorema 3.5 Seja f (x, y, z) uma função contı́nua em Ω, e sejam as funções em (3.10) de classe
C 1 em Ω∗ . Então a mudança de variáveis na integral tripla é dado pela fórmula
Z Z Z Z Z Z
f (x, y, z)dxdydz = f (ϕ(u, v, w), ψ(u, v, w), ξ(u, v, w))|J(u, v, w)|dudvdw, (3.11)
Ω Ω∗

onde J(u, v) é o determinante de Jacob ou Jacobiano


∂ϕ ∂ϕ ∂ϕ
D(x, y, z) ∂u
∂ψ
∂v
∂ψ
∂w
∂ψ
J(u, v, w) = = ∂u ∂v ∂w
6= 0.
D(u, v, w) ∂ξ ∂ξ ∂ξ
∂u ∂v ∂w

Exemplo 3.6 Determine o Jacobiano da transformação das coordenadas cilı́ndricas para as coorde-
nadas cartesianas

Consideremos o sistema de coordenadas no espaço 0xyz. Suponhamos que o polo do sistema


polar coincide com a origem do sistema cartesiano. Seja P (x, y, z) um ponto arbitrário. Vamos
denotar por r a distância ortogonal do ponto P até o eixo axial z. O ângulo θ é o ângulo entre a
~ no plano xy e o eixo positivo das abscissas.
projeção do vetor 0P

Assim obtemos o sistema de equações

x = r cos θ, y = r sin θ, z = z, 0 ≤ φ < 2π, 0 ≤ r (3.12)

Donde T : Ω∗ → Ω, (x, y, z) = T (r, θ, z) = (r cos θ, r sin θ, z) é a transformação de coordenadas


cilı́ndricas a cartesianas, isto é : Ω = T (Ω∗ ). As funções (3.12) são continuamente diferenciáveis com
Jacobiano
∂x ∂x
0
∂r ∂θ
D(x, y, z) ∂y ∂y
J(r, θ, z) = = 0 =r (3.13)
D(r, θ, z) ∂r ∂θ
∂z ∂z
1
∂r ∂θ
Na figura a seguir observa-se que como as equações 3.12 transforma o paralelepı́pedo em coorde-
nadas cilı́ndricas para o cilindro em coordenadas cartesianas.

Figura 3.6:

74
Figura 3.7: dV = r dθ dz dr

Existem uma forma geométrica de obter o Jacobiano das transformações de coordenadas 3.12,
analizando a transformação do elemento de volume dV = dxdydz nas coordenadas cilı́ndricas.
Da figura 3.7 ao calcular o elemento diferencial de volume diretamente nas coordenadas cilı́ndricas
se observa a presença do fator de correção r em relação ao elemento diferencial de volume em
coordenadas cartesianas. Assim, o Jacobiano da transformação é J = r.
A fórmula de mudança de variáveis (3.11) neste caso pode ser escrita assim:
Z Z Z Z Z Z
f (x, y, z)dxdydz = f (r cos θ, r sen θ, z) rdrdθdz. (3.14)
Ω Ω∗

Exemplo 3.7 Determine o Jacobiano da transformação das coordenadas esféricas para as coorde-
nadas cartesianas
Consideremos o sistema de coordenadas no espaço 0xyz. Suponhamos que o polo do sistema polar
coincide com a origem do sistema cartesiano. Seja P (x, y, z) um ponto arbitrário. Vamos denotar
por r a distância do ponto P até a origem de coordenadas. O ângulo θ é o ângulo entre o vetor
~ e eixo azimutal z. φ é o ângulo entre a projeção do vetor 0P
posição 0P ~ no plano xy e o eixo
positivo das abscissas.

Assim obtemos o sistema de equações


x = r sin θ cos φ, y = r sin θ sen φ, z = r cos θ, (3.15)
com 0 ≤ φ < 2π e 0 ≤ θ ≤ π.
Donde T : Ω∗ → Ω, (x, y, z) = T (r, θ, z) = (r sin θ cos φ, r sin θ sen φ, r cos θ, ) é a transformação
de coordenadas cilı́ndricas a cartesianas, isto é : Ω = T (Ω∗ ).
Na figura a seguir observa-se que como as equações 3.15 transforma o paralelepı́pedo em coorde-
nadas esféricas para a esfera sólida em coordenadas cartesianas.
As funções (3.15) são continuamente diferenciáveis com Jacobiano
∂x ∂x ∂z
∂r ∂φ ∂θ
D(x, y, z) ∂y ∂y ∂y
J(r, ϕ, θ) = =
D(r, φ, θ) ∂r ∂φ ∂θ
∂z ∂z ∂z
∂r ∂φ ∂θ
sin θ cos φ −r sin θ sen ϕ −r cos θ cos φ
= sin θ sen φ r sin θ cos φ r cos θ sen φ = r 2 sin θ. (3.16)
cos θ 0 −r sin θ

75
Figura 3.8:

Existem uma forma geométrica de obter o Jacobiano das transformações de coordenadas 3.12,
analizando a transformação do elemento de volume dV = dxdydz nas coordenadas cilı́ndricas.

Figura 3.9: dV = r 2 sin θdθ dr dφ

Da figura 3.9 o elemento diferencial de volume definido diretamente nas coordenadas esféricas,
permite perceber a presença do fator de correção r 2 sin θ em relação ao elemento diferencial de
volume em coordenadas cartesianas. Assim, o Jacobiano da transformação é J = r 2 sin θ.

A fórmula de mudança de variáveis (3.11) neste caso pode ser escrita assim:
Z Z Z Z Z Z
f (x, y, z)dxdydz = f (r sin θ cos φ, r sin θ sen φ, r cos θ) r 2 sin θdrdθdφ. (3.17)
Ω Ω∗

Exemplo 3.8 Seja S a superfı́cie descrita em coordenadas polares pela função r = ξ(θ, φ), ((θ, φ) ∈
ω), contı́nua em ω, e seja Ω um domı́nio tridimensional no espaço 0xyz, limitada pela superfı́cie S
e pela superfı́cie cônica, com vértice na origem de coordenadas e chegam até a superfı́cie S (figura
3.10). Então para a função f (x, y, z) contı́nua em Ω vale a fórmula
Z Z Z Z Z Z ξ(θ,φ)
f (x, y, z)dxdydz = f (ρ, θ, φ)r 2 sin θdrdθdφ, (3.18)
Ω ω 0

onde f (ρ, θ, φ) = f (r sin θ cos φ, r sin θ sen φ, r cos θ).

Exemplo 3.9 Calcule a integral tripla


Z Z Z
xyzdxdydz,

76
Figura 3.10: sólido subtendido por um ângulo sólido

onde Ω é o domı́nio, cujos pontos possuem coordenadas positivas, e é limitada pelas superfı́cies: x =
0, y = 0, z = 0, x2 + y 2 + z 2 = 1.
Consideremos as coordenadas esféricas pela fórmula (3.15), então temos para o domı́nio Ω:

0 ≤ r ≤ 1, 0 ≤ θ ≤ π/2 0 ≤ ϕ ≤ π/2.

De acordo a fórmula (3.18), temos


Z Z Z Z π/2 Z π/2 Z 1
xyzdxdydz = dϕ dθ r 5 . sin3 θ cos θ cos φ sen φdr =
Ω Z0 π/2 0 0
Z π/2 Z 1
sin 2φ 3
= dφ u du r 5 dr(u = sin θ)
0 2  0  0
cos 2φ π/2 sin4 θ π/2 r 6 1
=− =
4 0 4 0 6 0
1 1 1 1
= . . = .
2 4 6 48

3.3 Aplicações da Integral Tripla


3.3.1 Volume de Sólidos
Considere o sólido Ω limitado no espaço R3 , localizamos na posição ~r um elemento diferencial de
volume dv, cujo volume é dv = dxdydz. Pelo Teorema de Fubini 3.3 se f (x, y, z) = 1 então a integral
tripla representa o volume total do sólido Ω, assim:
Z Z Z
vol(Ω) = dxdydz (3.19)

77
Figura 3.11:

Exemplo 3.10 Calcular o volume do sólido Ω limitado superiormente pelo parabolóide cilindirco
z = ϕ(x, y) = 4 − x2 e pelo plano horizontal z = 0 relativo ao intervalo −2 ≤ y ≤ 2.

Com as informações dadas no enunciado, podemos construir a figura a seguir

Figura 3.12:

De acordo a figura 3.12, vamos projetar Ω ao plano xy, desta forma temos:

Ω = {(x, y, z) ∈ R3 , −2 ≤ x ≤ 2, −2 ≤ y ≤ 2, 0 ≤ z ≤ 4 − x2 },
Aplicando a fórmula (3.19) de volume de um sólido:
Z Z Z Z Z Z 4−x2
vol(Ω) = dxdydz = [ dz dy]dx
Ω R 0

em que R é o retângulo R = {(x, y) ∈ R2 , −2 ≤ x ≤ 2, −2 ≤ y ≤ 2}.


Integrando em z
Z 2Z 2
vol(Ω) = (4 − x2 )dy]dx
−2 −2

2
128
Z
vol(Ω) = (4y − yx2 )|2−2 dx = .
−2 3

Exemplo 3.11 Determine o volume de um cilindro vertical Ω de seção circular reto de raio R e
altura H por cima do plano xy

78
Do enunciado do exemplo

Ω := {(r, θ, z) ∈ R3 , 0 ≤ r ≤ R, 0 ≤ θ ≤ 2π, 0 ≤ z ≤ H}.

Da fórmula do volume de um sólido (3.19) e pela simplicidade do cálculo em coordenadas


cilı́ndricas: Z Z Z Z Z Z
vol(Ω) = dxdydz = rdrdθdz
Ω Ω
Z 2π Z RZ H
vol(Ω) = rdzdrdθ = πR2 H
0 0 0

Exemplo 3.12 Determine o volume do sólido Ω limitado inferiormente pelo cone circular reto com
abertura angular θ0 , e superiormente pela superfı́cie esférica de raio R, da figura a seguir

Figura 3.13: abertura angular θ0 .

Das informações do exemplo temos:

Ω := {(r, θ, φ) ∈ R3 , 0 ≤ r ≤ R, 0 ≤ θ ≤ θ0 , 0 ≤ φ ≤ 2π}

Utilizando a ideia do exemplo (3.8) temos


Z Z Z Z Z Z R
vol(Ω) = dxdydz = r 2 sin θdrdθdφ,
Ω ω 0

em que ω = {0 ≤ θ ≤ θ0 , 0 ≤ φ ≤ 2π}.
Z 2π Z θ0 R
2πR3
Z Z Z Z
dxdydz = r 2 sin θdrdθdφ = (1 − cos θ0 ).
Ω 0 0 0 3
Em particular se 0 ≤ θ ≤ 2π então Ω é o sólido esférico completo, por tanto

4πR3
vol(Ω) = vol(esf era sólida) =
3
Exemplo 3.13 Encontre o volume da região limitada compreendida entre o cone duplo

2(x2 + y 2 ) − z 2 = 0 e o hiperboloide de duas folhas x2 + y 2 − z 2 = −a2 .

79
Figura 3.14: Ω tem duas partes simétricas em relação ao plano xy.

Seja Ω o volume solicitado. As duas superfı́cies tem simetria cilı́ndrica e tem duas partes simétricas
em relação ao plano xy como podemos ver na figura a seguir
Assim, Ω tem dois pedaços identicos em volume, basta calcular o volume da parte superior e
multiplicar por 2, isto é vol(Ω) = 2vol(Ω1 ). A projeção de Ω1 no plano 0xy é o cı́rculo R : x2 +y 2 ≤ a2 .
Assim em coordenadas cilı́ndricas
Z Z Z √ 2 2 2
x +y +a
Volume(Ω) = 2 rdrdθ √ dz
Z Z R √ 2(x2 +y 2 )
√ 
=2 r 2 + a2 − 2 r rdrdθ
Z 2πR Z a √ √ 
=2 dθ 2 2
r + a − 2 r rdr
0Z a  0
√ √ 
= 4π 2 2
r + a − 2r rdr
0Z a
√ 2 Z a√
= −4π 2r dr + 4π r 2 + a2 rdr
0 0
√ r3 a
Z a√
= −4π 2 + 4π r 2 + a2 rdr
3 0 0
Z 2a2
√ a3 √
= −4π 2 + 2π tdt
3 a2
√ a3 4 2a2
= −4π 2 + πt3/2
3 3  a2
4a3 √ 4 √ 6 √ 6
=− π 2+ π 8a − a
3 3
4a 3 √ 4a3 √
= π(2 2 − 1) − π 2
33 3
4a √
= π( 2 − 1).
3
Exemplo 3.3.1 Calcule o volume da elipsoide dada pela equação
x2 y 2 z 2
+ 2 + 2 ≤1 (a, b, c > 0). (3.20)
a2 b c
Resolvendo a equação com relação a z
x2 y 2 z 2
+ 2 + 2 = 1,
a2 b c
80
Figura 3.15: Elipsoide

obtemos duas funções contı́nuas r


x2 y 2
z =± 1− − 2,
a2 b
definidas no conjunto R ⊂ R2 ,
x2 y 2
R = {(x, y) ∈ R2 ; + 2 ≤ 1}.
a2 b
O volume de um corpo é dado pela fórmula
ZZ Z
vol(Ω) = dxdydz.

Para
r calcular esta integral,ré necessário integrar a função identidade f (x, y, z) = 1 de z =
x2 y 2 x2 y 2
−c 1 − 2 − 2 até z = c 1 − 2 − 2 . O resultado depende de (x, y) ∈ R e depóis devemos
a b a b
integrar no conjunto R:
v
x2 y 2
u
u
ZZZ Z Z Z ct1− − 2
Volume(elipsoide) = dxdydz = dxdy v a2 b dz =
x2 y 2
u
Ω R u
−c 1−
t
− 2
Z Z r a2 b
x2 y 2
= 2c 1 − 2 − 2 dxdy
Ω a b
b √
a2 − x2
Z aZ r
a x2 y 2
= 2c b√ 2 1 − − 2 dydx =
−a − a − x2 a2 b
a

Z a Z b a2 − x2 r 2
8c a b 2
= 2
(a − x2 ) − y 2dydx =
b Z0 Z0 a
8c a π/2 b2 2
= (a − x2 ) cos2 tdtdx =
b 0Z0 a2
8bc π a 2
= 2 (a − x2 )dx =
a 4 0
4
= πabc.
3
Observamos que se a = b = c, a elipsoide transforma-se em uma bola de raio a, cujo volume é
4
V = πa3 .
3
Exemplo 3.14 Encontrar o volume de uma parte do paraboloide de revolução Ω : x2 + y 2 ≤ z ≤ a2 .

81
Figura 3.16: Paraboloide de revolução

A projeção do paraboloide no plano 0xy é o cı́rculo R : x2 + y 2 ≤ a2 .


Assim como no exemplo anterior, temos

ZZZ Z Z Z a2
Volume(paraboloide) = dxdydz = dxdy dz =
Ω R x2 +y 2√
Z Z Z a Z a2 −x2
2 2 2
= (a − x − y )dxdy = √
(a2 − x2 − y 2 )dydx =
−a − a2 −x2
Z aRZ √a2 −x2
8 a 2
Z
2 2 2
=4 (a − x − y )dydx = (a − x2 )3/2 dx =
0 0 Z
4 π/2 4 Z π/2
3 0 2
x=a cos t 8a 4 8a 1 + cos 2t
= cos tdt = dt =
3 0 3 0 2
πa4 2a4 π/2
Z
= + cos2 tdt =
3 3Z 0
πa4 a4 π/2
= + (1 + cos 4t)dt =
3 3 0
πa4 a4 πa4
= + = .
3 6 2

3.3.2 Massa e Momento de Inércia


• Massa de um corpo rı́gido
Considere um sólido tridimensional Ω ⊂ R3 , com densidade volumétrica de massa γ(x, y, z) :
Ω → R, uma função continua em Ω. Na posição ~r = (x, y, z) ∈ Ω definimos

dm
γ(x, y, z) =
dV
em que dV = dxdydz é o elemento diferencial de volume, e dm o elemento diferencial de massa.
Segue que Z Z Z
Massa(Ω) = γ(x, y, z)dxdydz. (3.21)

82
• Momento de Inercia de um corpo rı́gido
Seja Ω um corpo rı́gido tridimensional de certa densidade de massa. O momento de inércia do
corpo Ω em relação a um eixo de rotação L se calcula assim
Z Z Z Z Z Z Z Z Z
2
I(Ω) = dI = ρ dm = ρ2 (x, y, z) γ(x, y, z) dxdydz. (3.22)
Ω Ω Ω

Em que dI = ρ2 dm é o elemento diferencial do momento de inércia da massa pontual dm


localizado na posição ~r e ρ é a distância ortogonal do elemento diferencial de massa dm em
relação ao eixo de rotação L. Sem perda de generalidade, podemos assumir que o eixo de
rotação passa pela origem de coordenadas.

Figura 3.17:

• Momentos estáticos de um corpo rı́gido


Os momentos estáticos do corpo em relação aos planos coordenadas, são:
ZZ Z ZZ Z
Ixy = zdm = γ(x, y, z)z dxdydz,
Ω Ω
Z Z Z Z Z Z
Iyz = xdm = γ(x, y, z)x dxdydz,
Ω Ω
ZZ Z ZZ Z
Izx = ydm = γ(x, y, z)ydxdydz.
Ω Ω

• Coordenadas do centro de massa de um corpo rı́gido


As coordenadas do centro de massa são dados por:
Iyz Izx Ixy
xC.M. = , yC.M. = , zC.M. = . (3.23)
M(Ω) M(Ω) M(Ω)
M(Ω) é dado pela fórmula 3.21.

Exemplo 3.15 Os momentos de inércia em relação aos eixos coordenados são:


ZZZ
Ix = (y 2 + z 2 )γ(x, y, z)dxdydz,

ZZZ
Iy = (z 2 + x2 )γ(x, y, z)dxdydz,

83
ZZZ
Iz = (x2 + y 2 )γ(x, y, z)dxdydz.

Colocando nestas fórmulas γ(x, y, z) = 1, obtemos os momentos geométricos de inércia do corpo.
Observação 3.3 Se o corpo Ω é homogêneo, nas fórmulas para determinar as coordenadas do centro
de massa (equivalentemente, coordenadas do centroide) pode-se supor γ(x, y, z) = 1, assim:
Iyz Izx Ixy
xC.M. = , yC.M. = , zC.M. = . (3.24)
V (Ω) V (Ω) V (Ω)
em que V (Ω) é volume do corpo rı́gido Ω.
2 2
Exemplo 3.16 Considere um sólido Ω limitados pelas superficies p z = ϕ2 (x, y) = 4 − x − y e
z = ϕ1 (x, y) = x2 + y 2, cuja densidade volumétrica é ρ(x, y, z) = x2 + y 2 . Determine a massa total
do sólido.
De acordo ao enunciado do exemplo, o sólido Ω tem simetria cilı́ndrica, pois é limitada por
dos parabolóides
√ de revolução. Assim, a curva de interseção é a circunferência x2 + y 2 = 2 de
raio r = 2 localizada a altura z = 2. Segue que a projeção do sólido Ω no plano xy é o cı́rculo
R = {(x, y) ∈ R2 , 0 ≤ x2 + y 2 ≤ 2}, como podemos ver na figura (3.18) a seguir.

Figura 3.18:

Da fórmula (3.21)
Z Z Z p Z Z Z ϕ2 p
Massa(Ω) = 2 2
x + y dxdydz = x2 + y 2 dxdydz
Ω R ϕ1
Pela simetria cilı́ndrica, vamos resolver em coordenadas cilı́ndricas, assim: x = r cos θ, y =
r sin θ, z = z, segue que

Z Z Z 4−r2
Massa(Ω) = [ r 2 dz]drdθ,
2
Z ZR r 4−r2
= [ r2z ]drdθ,
R r2

Z 2π Z 2
= (4r 2 − 2r 4 )drdθ
0 0


r3 r5
Z 2
= dθ (4 − 2 )
0 3 5 0

32 2π
= .
15
84
Exemplo 3.17 Determine o momento de inércia de um corpo rı́gido em forma de um cilindro
circular reto de altura H e raio R em relação ao eixo z. A densidade de massa do corpo é γ(θ, r, z) =
r 2 + 1, a origem de coordenadas se encontra no centro da base do cilı́ndro e θ, r, z são coordenadas
cilı́ndricas.

A fórmula do momento de inércia do cilindro em relação ao eixo z já foi dado no exemplo (3.15),
assim

ZZZ
Iz = (x2 + y 2 )γ(x, y, z) dxdydz,
Z Z ZΩ
= (r 2 )(r 2 + 1) rdrdθdz,

Z 2πZ RZ H
= r 3 (r 2 + 1)dzdrdθ,
0 0 0
6
R R4
= 2πH( + ).
6 4
Exemplo 3.18 Considere um cilindro de seção transversal reto de raio R e altura H e densidade
γ(x, y, z) = γ0 + a(x2 + y 2). Determine o momento de inercia do cilı́ndro em relação ao eixo vertical
L que passa pelo ponto (0,-R,0) (geratriz do cilindro). Sendo γ0 , a constantes numéricas.

De acordo a figura (3.19) é preciso calcular a distancia do elemento de massa dm (localizado na


posição ~r = (x, y, z)) em relação ao eixo L

Figura 3.19:

De acordo a figura (3.20) (vista de planta do sólido cilı́ndrico) não é dificil encontrar o valor de
ρ = d(dm, L)

ρ2 = (r cos θ)2 + (R + r sin θ)2 = R2 + r 2 + 2Rr sin θ.


Na relação anterior (θ, r, z) são as coordenadas cilı́ndricas da localização de dm no cilı́ndro. O
cilindro podemos descrever como

S ólido cilíndrico = {(θ, rz) ∈ R3 , 0 ≤ θ ≤ 2π, 0 ≤ r ≤ R, 0 ≤ z ≤ H}.

dI = dmρ2 = (γ(x, y, z)dV )ρ2 = (γ0 + a(x2 + y 2))(R2 + r 2 + 2Rr sin θ)rdrdθdz

85
Figura 3.20:

Z Z Z Z Z Z
L
Icilindro = dI = (γ0 + ar 2 )(R2 + r 2 + 2Rr sin θ)rdrdθdz (3.25)
cilindro cilindro

A integral tripla anterior podemos dividir em 3 integrais, I = I1 + I2 + I3 + I4 + I5 ;


Z 2π Z R Z H
I1 = γ0 R2 rdzdrdθ,
0 0 0
Z 2π Z R Z H
I2 = γ0 2R sin θr 2 dzdrdθ,
0 0 0
Z 2π Z R Z H
I3 = (aR2 + γ0 )r 3 dzdrdθ,
0 0 0
Z 2π Z R Z H
I4 = 2aR sin θr 4 dzdrdθ,
0 0 0
Z 2π Z R Z H
I5 = ar 5 dzdrdθ,
0 0 0
donde

R4
Z
I1 = Hγ0 dθ = Hγ0R4 π
0 2

R3
Z
I2 = 2RHγ0 sin θdθ = 0
0 3

R4 R4 π
Z
I3 = H(aR2 + γ0 ) dθ = H(aR2 + γ0 )
0 4 2

R6
Z
I4 = 2Ha sin θdθ = 0
0 5

R6 HaR6 π
Z
I5 = Ha dθ =
0 6 3
Finalmente
3γ0 5aR2
I = HπR4 ( + ).
2 6
86
Exemplo 3.19 Considere o hemisfério norte de uma esfera maciça Ω de raio R e densidade de
massa γ(r, θ, φ) = γ0 ecos θ em coordenadas esféricas. A origem de coordenadas coincide com o centro
geométrico da esfera.
a) Determine a massa de Ω.
b) Determine o momento de inércia de Ω em relação ao eixo z

O sólido Ω tem a seguinte descrição


π
Ω = {(r, θ, φ) ∈ R3 , 0 ≤ φ ≤ 2π, 0 ≤ θ ≤ , 0 ≤ r ≤ R}.
2
a) Cálculo da massa.
Da fórmula 3.21 de massa de um sólido

Z Z Z
Massa(Ω) = γ(x, y, z)dxdydz,

Z 2π Z π Z R
2
= γ0 ecos θ r 2 sin θdrdθdφ,
0 0 0
Z 2π Z π Z R
2
cos θ
= dφ γ0 e sin θdθ r 2 dr,
0 0 0
Z π
R3 2
= 2π γ0 ecos θ sin θdθ,
3 0
3 Z 0
R
= 2π γ0 eu (−du) , u = cos θ,
3 1
3
2πR γ0 (e − 1)
= . (3.26)
3
b) Càlculo do momento de inércia em relação ao eixo L que coincide com o eixo z.

Da fórmula (3.22) para o momento de inércia de um sólido em relação ao eixo de rotação L


Z Z Z Z Z Z
L 2
I (Ω) = ρ dm = ρ2 (x, y, z) γ(x, y, z) dxdydz.
Z Z ZΩ Ω

= (r sin θ)2 γ0 ecos θ r 2 sin θdrdθdφ,



Z 2π Z R Z π
2
4
= dφ r dr γ0 ecos θ (1 − cos2 θ) sin θdθ,
0 0 0
4 Z 0
R
= 2π γ0 eu (u2 − 1)du, (u = cos θ),
4 1
(3.27)
Z 0
Aplicando integração por partes, duas vezes: eu (u2 − 1)du = 1. Finalmente
1
πR4
I L (Ω) = γ0 .
2

87
3.4 Exercı́cios de integração tripla
3.4.1 Integração tripla, mudança de coordenadas, coordenas esféricas,
cilı́ndricas
RRR
Exercı́cio 3.1 Determine as seguintes integrais D
f (x, y, z) dv e desenhe os domı́nios de inte-
gração em cada caso.

1. f (x, y, z) = xyz, D = 0 ≤ x ≤ 2, 0 ≤ y ≤ 4, 0 ≤ z ≤ 6

2. f (x, y, z) = x2 y 2 , D = −2 ≤ x ≤ 2, x2 ≤ y ≤ 4, 0 ≤ z ≤ x + y

3. f (x, y, z) = (x + y)z, D = −1 ≤ y ≤ 1, y − 1 ≤ x ≤ 1 − y, 0 ≤ z ≤ 3
RRR
Exercı́cio 3.2 Calcular D
dxdydz sendo D uma região volumétrica definida assim:
p
1. 0 ≤ z ≤ 4 − x2 − y 2

2. 0 ≤ z ≤ h, 4 ≤ x2 + y 2 ≤ 9, h é constante

3. O sólido limitado pelo cilindro parabólico x = −1+y 2 , −4 ≤ z ≤ 4 e o plano x = 8, y ∈ R, z ∈ R


y2 x2
4. O sólido limitado pelo cilindro hiperbólico − = 1, 0 ≤ z ≤ h, pelos planos
a2 b2
z = h, y ∈ R, x ∈ R , z = 0, y ∈ R, x ∈ R e os planos |y| = 2a, z ∈ R, x ∈ R, a > 0, b > 0.
p
5. O sólido limitado pela superfı́cie cônica z = 4 − 4 x2 + y 2 e o planos z = 0, y ∈ R, x ∈ R

6. A região limitada pelo paraboloide elı́ptico z = x2 + 2y 2 e o plano z + 4y + 2x = 4


RRR
Exercı́cio 3.3 Determine D
dxdydz na região D definida por:

x2 y 2 z 2
1. D = (x, y, z) ∈ R3 / + 2 + 2 ≤1
a2 b c
q
x2 y2
2. D é a região interna ao hiperboloide de uma folha: z = a2
+ b2
− 1 limitada pelos planos
z = H, y ∈ R, x ∈ R e z = −H, y ∈ R, x ∈ R

3. Um solido limitado por quatro superfı́cies S1 := (x, y, z) ∈ R3 , z = cosh(y) − 1, 0 ≤ x ≤ 2; S2 :=


(x, y, z) ∈ R3 , z = − cosh(y) + 2, 0 ≤ x ≤ 2 e pelos planos verticais x = 0 e x = 2
RRR
Exercı́cio 3.4 Determine a seguinte integral D
f (r, θ, z) drdzdθ , sendo f (r, θ, z) = rz e

1. D = 0 ≤ θ ≤ π2 , 2 ≤ r ≤ 4, 0 ≤ z ≤ 4

2. D = 0 ≤ θ ≤ 2π, 0 ≤ r ≤ 1, 0 ≤ z ≤ 2 − 2r

3. D = 0 ≤ θ ≤ π2 , 2 ≤ r ≤ 4, 0 ≤ z ≤ 4

4. D = 0 ≤ θ ≤ π2 , 0 ≤ z ≤ 2, 0 ≤ r ≤ 1 − r
2

5. D = 0 ≤ θ ≤ π2 , 2 ≤ r ≤ 4, 0 ≤ z ≤ r 2

88
Observação:visualize a região D de integração.

f (r, θ, φ) drdφdθ , onde f (r, θ, φ) = r 2 sen(θ) e


RRR
Exercı́cio 3.5 Determine a segunte integral D
D é:
1. D = 0 ≤ θ ≤ θ0 , 0 ≤ r ≤ R, 0 ≤ φ ≤ 2π
H
2. D = 0 ≤ θ ≤ θ0 , 0 ≤ r ≤ , 0 ≤ φ ≤ 2π
cos(θ)
3. D é a região definida pela figura a seguir. Onde θ0 ǫ[0, π2 ] é um valor fixo e cos(θ0 ) = H
R
. R, H
são constantes arbitratias)

Figura 3.21:

4πR3
Exercı́cio 3.6 Demonstre que o volume de uma esfera de raio R é 3
, por integração cartesiana,
integração cilindrica e integração esférica
Hp 2
Exercı́cio 3.7 Considere o cone z = x + y 2 , onde 0 ≤ x2 + y 2 ≤ R2 , demonstre que o
2
R
volume é πR3 H por coordenadas cartesianas, cilindricas e esféricas.
RR
Exercı́cio 3.8 Determine a integral S
g(x, y, z) dA no paraboloide S definido assim: S :
3 2 2 2 2
(x, y, z) ∈ R /z = 1 + x + y , 0 ≤ x + y ≤ 4

Exercı́cio 3.9 Determine a área da superfı́cie do paraboloide invertido z = 4 − x2 − y 2 , que


corresponde ao intervalo 1 ≤ x2 + y 2 ≤ 4

Exercı́cio 3.10 Considere a seguinte função vetorial

ϕ(u, v) = (R sen u cos v, R sen u sen v, R cos u)

Sendo D = [0, π] × [0, 2π] o dominio da função ϕ; desenhe a imagem desta função vetorial no espaço
R3 e determine a área de ϕ(D), R > 0.

Exercı́cio 3.11 Determine a área da superfı́cie paramétrica S definida pela função vetorial

ϕ : D ⊂ R2 → R3

~ (u, v) = (R cos u, R sin u, v + u2 )


(u, v) 7→ ϕ
Onde 0 ≤ u ≤ 2π, 0 ≤ v ≤ H

89
x2 y2 z2
Exercı́cio 3.12 Considere a superfı́cie cônica + − = 1, em que z ≥ 0, a > 0, c > 0.
a2 a2 c2
Parametrizar adequadamente esta superfı́cie e determinar A(ϕ(D)) .

Exercı́cio 3.13 Considere uma superfı́cie arbitraria no espaço R3 , definido explicitamente pela
função z = f (x, y) . Podemos descrever ésta superfı́cie de forma paramétrica, com ajuda da função
vetorial ϕ~ (x, y) = (x, y, f (x, y)), sendo (x, y) ∈ D ⊂ R3 . Provar então que as formulas a seguir são
equivalentes Z Z
A(S) = |~
ϕ(x, y)x × ϕ
~ (x, y)y | dxdy
D
e
Z Z q
A(S) = 1 + fx2 + fy2 dxdy
D

3.4.2 Aplicações: massa de sólidos e superfı́cies com densidade ar-


bitrária, centro de massa, momento de inércia, carga total de um
condutor com distribuição arbitrária de carga elétrica
Exercı́cio 3.14 Temos uma superfı́cie plana quadrada limitada por −2 ≤ x ≤ 2, 0 ≤ y ≤ 4, de
densidade ρ = (x2 + y 2)gr/cm2 . x e y em centı́metros. Determine a massa da superfı́cie plana.

Exercı́cio 3.15 Um arame fino horizontal tem comprimento L = 3m. A densidade do arame é
ρ = (2 + x2 )m/kg. Determine a posição do centro de massa do arame. x é medido do extremo
esquerdo do arame.

Exercı́cio 3.16 Dada uma superfı́cie plana limitada pela reta y = 0 e pela curva y = −x2 + 4, e
considerando a superfı́cie de densidade ρ = 4|x|.

1. Determine a massa da superfı́cie plana.

2. Determine o centro de massa de dita superfı́cie.

Exercı́cio 3.17 Determine o centroide da cunha sólida homogênea limitada pelos planos x = 0, x =
a, y = 0, y = b, z = 0, z = c − cx
a
. a, b e c são constantes.

Exercı́cio 3.18 Um plano intercepta os eixos x, y e z nos pontos (3, 0, 0), (0, 2, 0)e(0, 0, 1) respec-
tivamente.

1. Determine o volume do sólido.

2. Determine a massa deste sólido de densidade ρ = 4xy.

Exercı́cio 3.19 Seja uma lâmina em forma de semicı́rculo de raio R e seja P = (r, θ) um ponto
arbitrário dentro do semicı́rculo. Nesse ponto a densidade é ρ = kr, sendo r a distância do centro
do semicı́rculo (origem de coordenadas) até o ponto P . k é constante positiva.

1. Determine a massa total da lâmina.

2. Determine as coordenadas do centro de massa da lâmina.

90
Figura 3.22:

2
1000yey
Exercı́cio 3.20 seja f (x, y) = , a densidade superficial da população de certo tipo de
1 + |xy|
2
bactéria no plano xy, onde x e y são medidos em centı́metros, encontre a população total de bactérias
dentro do retângulo −4 ≤ x ≤ 4, 0 ≤ y ≤ 4.

Exercı́cio 3.21 Seja uma superfı́cie planar limitada pelas hipérboles y 2 − x2 = 1, y 2 − x2 = 4, xy =


1, yx = 4. Se a densidade da superfı́cie for ρ(x, y) = |xy(y 2 − x2 )|, determine a massa da superfı́cie
em questão.

Exercı́cio 3.22 O momento de inercia I de uma particula pontual infinitesimal de massa dm em


relação a um eixo L dado, se calcula assim dI = r 2 dm, sendo r a distancia da particula ao eixo
L. Determine o momento de inércia de uma lâmina circular homogênea de raio R e massa M, em
relação:

1. Ao eixo vertical z que passa pelo centro da lâmina.

2. Ao eixo horizontal x que passa pela reta diametral da lâmina.

3. Ao eixo horizontal y que passa pela reta diametral da lâmina.

A lâmina está localizada no plano xy e centralizada na origem de coordenadas.

Exercı́cio 3.23 Temos um cone solido homogêneo de massa M, de altura H e base circular de raio
R. Determine o momento de inércia do cone em relação ao eixo axial que passa pelo vértice e o
centro da sua base circular.

Exercı́cio 3.24 Um cone de base circular de raio 2 e altura 4 está colocada no plano xy, centralizada
na origem de coordenadas (o vértice se encontra no ponto (0,0,4)). A densidade do cone é variável
sendo igual a ρ(x, y, z) = |y|. Determine a massa total do cone.

Exercı́cio 3.25 Determine o momento de inércia de um cilindro de raio R e altura H, em relação


ao eixo axial do cilindro, nos seguintes casos.

1. O cilindro de massa M é homogêneo.

2. o cilindro tem densidade ρ(x, y, z) = x2 + y 2 + 1

A base do cilindro se encontra no plano xy e centralizada na origem de coordenadas.

Exercı́cio 3.26 Determine o momento de inércia de um paralelepı́pedo homogêneo de dimensões:


a, b e c em relação ao eixo vertical que passa pelo centro do solido de massa M.

91
Exercı́cio 3.27 Considere um cone reto com vértice no ponto (0, 0, H) e com a base circular de
raio R localizada no plano xy e centralizada na origem de coordenadas. Determine o momento de
inércia do cone em relação ao eixo horizontal que passa pelo centro da base circular do cone.

1. No caso que o sólido seja homogêneo de densidade ρ0.

2. No caso que o sólido seja homogêneo de densidade ρ = 1 − cosθ.

Exercı́cio 3.28 Considere a seguintes transformações de coordenadas T: (r, θ, φ) → (x, y, z)

x = arsen(θ)cos(φ)

y = brsen(θ)sen(φ)
z = crcos(θ)
Sendo: a > 0, b > 0, c > 0, θ ∈ [0, π], φ ∈ [0, 2π]

1. Verifique que a região D = {r = 1, 0 ≤ θ ≤ π, 0 ≤ φ ≤ 2π}, em coordenadas esféricas,


2 2 2
representa uma superfı́cie do elipsoide xa2 + yb2 + zc2 = 1, em coordenadas cartesianas.

2. Determine o jacobiano da transformação

3. Determine o volume do elipsoide.

Exercı́cio 3.29 Determine a área de uma superfı́cie esférica de raio R, utilizando o método da
integração dupla em superfı́cies arbitrarias.

Exercı́cio
p 3.30 Considere uma superfı́cie condutora em forma de superfı́cie cônica z = f (x, y) =
4 − 2 x2 + y 2, com densidade superficial de carga σ(x, y, z) = x2 + y 2 + 1. Determine a carga total
da superfı́cie cônica condutora.

Exercı́cio 3.31 Considere o hemisfério norte de uma esfera maciça de raio R = 2. Determine o
momento de inercia do solido em relação ao eixo vertical que passa pelo polo norte do hemisfério,
nos seguintes casos

1. semi-esfera homogênea, com densidade ρ0.

2. semi-esfera com densidade ρ = ρ0 + ρ1 cos θ.

Exercı́cio 3.32 Considere um objeto em forma da superfı́cie de Toro (T 2 ), centralizada na origem


de coordenadas e cuja densidade superficial é σ(x, y, z) = x2 + y 2 + z 2 . Determine a massa total do
objeto. O raio maior e raio menos do Toro é b e a respectivamente (b > a).

Questões desafio

Exercı́cio 3.33 Considere um sólido limitado inferiormente pela região D, definida pela desigual-
dade |x| + |y| ≤ 4, pelas paredes verticaispdefinidas na borda da região D e superiormente pelo
hemisfério norte da superfı́cie esférica z = 16 − x2 − y 2 . Considerando que a densidade do sólido
é ρ(x, y, z) = z determine a massa total do sólido.

92
Exercı́cio 3.34 Considere as hélices cujas equações são r1 (θ) = (R cos θ, R sin θ, θ) e r2 (θ) =
(R cos θ, R sin θ, π − θ) localizadas no cilindro de raio R. Determine a área da região localizada
em tal superfı́cie cilı́ndrica, limitada pelas hélices e a curva r3 (θ) = (R cos θ, R sin θ, 0).

Exercı́cio 3.35 Considere uma superfı́cie cônica de altura 8 e base circular de raio R = 6, cujo
vértice está no ponto (0,0,8). Localize uma esfera inscrita no cone, resolva as seguintes questões.
a) Determine o volume do sólido limitado inferiormente pela superfı́cie esférica inscrita no cone, e
superiormente pela superfı́cie cônica em coordenadas cilı́ndricas.
b) Refazer a questão do item a, em coordenadas esféricas (deixa na forma integral com os limites de
integração bem definidos).

Exercı́cio 3.36 A figura a seguir representa uma curva Γ no plano zy definida pela função vetorial
( 2 √
(t, t 3 + 1 − t2 ), 0 ≤ t ≤ 1;
f~(t) = 2 √
(t, t 3 − 1 − t2 ), 0 ≤ t ≤ 1.

Figura 3.23: curva Γ :Metade de um coração

Rotacione tal curva em torno do eixo z pra gerar uma superfı́cie de revolução S, parametrize tal
superfı́cie e encontre sua área. Utilize integral numérica.

3.5 Respostas dos exercı́cios do Capı́tulo 3


3.5.1 Integração tripla, mudança de coordenadas, coordenas esféricas,
cilı́ndricas
1. Reposta do exercı́cio (3.1)

(a) 288
(b) 210 ( 31 − 1
11
)
(c) -6

2. Reposta do exercı́cio (3.2)


16π
(a) 3
(b) 5hπ
(c) 288

93
√ √
(d) hab(14 13 + 2ln(2 + 3)

(e) 3

1.49π 2
(f ) 2

3. Reposta do exercı́cio (3.3)


4πabc
(a) 3
2c

(b) 2πab(h△2 − 3
(△2 − 1)2 ) onde △ = 1 + h2
(c) 4(3m − senh(m)), sendo m = arcosh(3/2)

4. Reposta do exercı́cio (3.4)

(a) 24π
π
(b) 3
π
(c) 3
321π
(d) 2

5. Reposta do exercı́cio (3.5)


2π 3
(a) 3
R (1 − cos(θO ))
π R 2
(b) 3
H 3 tg(( H ) − 1)
π R 2 2πHR2
(c) 3
H 3 tg(( H ) − 1) + 3

6. Reposta do exercı́cio (3.8) 36π

7. Reposta do exercı́cio (3.9) π6 (17)3/2 − 53/2

8. Reposta do exercı́cio (3.10) 4πR2

9. Reposta do exercı́cio (3.11) 2πRH



10. Reposta do exercı́cio (3.12) Área = πl2 a c2 + a2

3.5.2 Aplicações: volume de sólidos, massa de sólidos com densidade


arbitrária, centro de massa, momento de inércia, carga total de
um condutor com distribuição arbitrária de carga elétrica
320
1. Resposta do exercı́cio (3.14) gr
3
117
2. Resposta do exercı́cio (3.15)
60
3. Resposta do exercı́cio (3.16)

(a) 32
4
(b) Xcm = 0; Y cm = 3

94
4. Resposta do exercı́cio (3.17) Xcm = a3 ; Y cm = 2b ; Zcm = c
3

5. Resposta do exercı́cio (3.18)

(a) 1
6
(b) 5

6. Resposta do exercı́cio (3.19)


kR3 π
(a)
3
3R
(b) (xC.M. , yC.M. ) = (0, )

7. Resposta do exercı́cio (3.20) -6
27π
8. Resposta do exercı́cio (3.21) A = 2
−2

9. Resposta do exercı́cio (3.22)


MR2
(a)
2
MR2
(b)
4
MR2
(c)
4
3MR2
10. Resposta do exercı́cio (3.23)
10
32
11. Resposta do exercı́cio (3.24)
3
MR2
12. Resposta do exercı́cio (3.25)
2
M (a2 +b2 )
13. Resposta do exercı́cio (3.26) 12

14. Resposta do exercı́cio (3.27) 4πR2


225
15. Resposta do exercı́cio (3.28)
2
16. Resposta do exercı́cio (3.29)

(a) abcr 2 sin θ


abc4π
(b)
3

17. Resposta do exercı́cio (3.30) 12 5π

18. Resposta do exercı́cio (3.31)

95
4πR5 ρ
(a)
15
πR5 4
(b) ( ρ0 + ρ1 )
5 3
19. Reposta do exercı́cio (3.32) M(T 2 ) = (2π)2 ab(b2 + 2a2 )
512
20. Resposta do exercı́cio (3.33)
3
21. Resposta do exercı́cio (3.34)

22. Resposta do exercı́cio (3.35)

23. Resposta do exercı́cio (3.36) Utilizando integral numérica A(S) ≈ 2, 157.

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Referências Bibliográficas

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