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Oem) fa rac a Pensamento negro radical antologia de ensaios Iloyaclao es) [ey Sylvia Wynter SET NMEA accel LY Ti ol cancel ne ESI) © desta edo, coculo ea FPensamento negro ria: ‘Meshun Human fnvohido: slog de enclos saria aber asolsas Tradugio Organizesto StelaZ Patera (a Baroph {com colhrago de Pati ox Stel 2 Paterian venus em da fares, Tradugio Femonda Sa Sous reparagio Marcelo 5. Ribeiro Revisio na Frets Secon ese nada Pedro Team {istsmo na came) Traut Projtogréfca e dogramagso Ane as ‘eb da mand, talver do Ki Fretae arse gemaica ‘sadunidense Hskeando o Sulito:feminismo cre ORT Trade agrees ale ds ies Alon Perce crt Karl fet ‘auto roe Revie tecnica Fernanda Siva Sousa meen Femanta Sa eSous Reiter dos ites de Catalogo a Publica (CI deacon con SRD Cemetery ‘st Pensomento Negro Radel Hortense Spier etal) epson aniaado por cartaragh, Sella Pesan ded aa {ead por allan ert eta} “Sto Paulo“ Croodl FIT ete SIRS, DO Sil 1. Gidncas cas 2 Penetmento Negro spllr, Hortense Ricardo Muniz Fernandes Bent erode ah ieheaing Maceo 8 Ans, nee 30 Bargin 0 Tl ee Ze cous Bn.tedicoes| or wagner Rola da Sie GRR 410 Cerny {odie pra cadloge semicon ini 200 Cian rcs Fred Moten 131 Tradugéo Clara Barzaghi e André Arias Avenas amigues Nanileima déeada, oavango maisanimador férti na teoria crtiea preta, que 6 o mesmo que dizer teora critica, folo ann clo eavalidegio do afropessimismo no trabalho de Prank B. Wilderson Ife Jared Sexton, Estudos Pretostais como os seus tualizam linhas de uma in(tervengao antidiseiplinar rigoross, provoeando tma renovaeio intelectual contra esterilidade vadeinica, Quando os vigias das disciptinas estabeleckias © ‘os advogados da reforma interdisciplinnrbrigam para garantic asoberania exaurida noe sobre o mesmo lote exaurido—cujo valor aumenta a medida que sua desertifieagdo progride;cujo valor €estabelecido pelos novos senhotes de autra forma mena contuda, quando pronureo palare,o tema ‘az pensar em um grupo de rans diverindo-5, langando para © mundo apes responsive, quate rugs erianga em pend ogo, na meds em que jogo pode serconcebido come ua iniiagio& da, Asi, ada de qu o nero gosta de resolver sus problemas pel paabre ¢rapidament associa a sta ota props omer no pasa de um carga Aquos pscaalistas esti em seu ambiente eo tema orlidade loge comcedo.(.) que nos Interesaogu 0 homem neg diated ngu frances. Oueremes compreender por que 0 antnano sta de ilar francs ‘Quando Fanon avanga para fsolara nova fala de sua reeigio| | [aisayowar,¢ poraue éna renegagtoque cle estdinteressado, | Iso quer dizer que a nova fala ainda no aparece para Fanon como objeto de andlise; mais precisamente, anova fla nao apa- rece como fala. Nofim das contas, falar 6 estar em condigdes ‘deempregar uma cert sintaxe, possuira mozfologia de tal ou {qual ingua, mas ésobretudo assurniruma cultura suportar peso de uma cviizagdo".* O que estd em jogo, na navidade do pidgin, é precisamente a recusa improvisatrla, em vez do uso, ‘de"uma cert sintaxe™, para que odado dé lugar sua alterna tiva poétiea; a construgio, em ver da assungao, de uma cultura; seueenterro sob o peso da cuilizagio e oesgotamento impro- 51 f.Fenon op tp 2 feeanensop- ap. 38, ‘vel, eparadoxalmente animador, de seu enterro/eatvelzo (intertamene). No entanto, enquanta é dito que Fanon, neste pponto de seu texto, negligencia anova fal, ele oferece um pro- fundo entendimento de (da proveniéneia de) certo desejo pela norma. Mei professor negro do gia do Pare, em yon, em uma confetreia, ctou uma aventura pes- seal unveslmenteconhcida ars so 6 negos residentes na Frange que nd a viveram. Sendo at ‘nce partpou de uma peregnagso de estudanes Um pdr, perebendo ete bronzed mo eu grup «seth: Woot gorgue dear grande sana eit ‘com gente?! interplado respondeu muta covets ment.) lus muito ese quproqs(.) Messe risers pra pasa veramas quo fate do padre falar em petitnégre exige divers bsenagie. 1. (um bao, dgingo-s um nes, omporta-s exatamente como um adult com uh meine us 2 mimi fl sussurando(). aloe 205 egos dessa mance at les tentar dios 8 vont, querer ser compendia pores, dhs segura.) 2 Fala pet-nire [levis um pret atgo, pois ele Fes estigmatizado como "aquele-qutlapetitndre gravida’ (Se quel ques drige em petitnégre [gin] 2 um homer decor ou au sabe nf recone no Préprioconportaento une tara, um vse €pargue ‘nea par pra pensar ‘Avioleneia dessa imitagio desonesta e poueo lisonjelra que ma terlaliza a auséncia de pensamentoévividamente retratada no ‘esto de Fanon. Entretanto a infantilizaggo de quem enuncia a fala que, segundo Fanon, nfo pode ser flada nao significa que a ‘nova fala é meramente infantil. Aqui, a implicaeto de que anova 5 od nat png none enpare nn [rssoiglsretrencn por oen an qual peta doce "gobbledygook (algaraviada] e ‘pidgin®.(N-T.) ae GEE Fanon lari Wit ata Rebar Pion. 65, 5 ho, lene masons rower. a {ala seja também velha nfo é uma fang de nada que ela retém cexceto uma veleularidade essencial eirredutivel. A preocups- ‘lode Fanion como desejo patolégico de falar bom francés, combinado com o desejo normal de que as pessoas se dirijam a voc8 de boa-fé, compreende aexistencia absolutamente para 0 outro da pessoa que fala como algo que implica reeiprocidade ‘pa posse compartilhads da Unguagem. Felar de méefévai de par com ando eseuta, sem admitire sem reconhecer a capacidade de quem fala de sex para ~ou de ser com = pessoa com quem) fala. Tal existéncia para alguém pode ser falada em termos de contemporaneidade -o queimplica nfo apenas a propriedade conjunta de um linguagem, mas também uma estruturaespa- ‘gotemporal, uma estética transcendental, um esquema corpo- tal oularcompertihados ~ mas pode ser elaborada melhor nos termos da difereneiagdo de qualquer estrutura espago-emporal preestabelecida, de construgdo social e compartithada de ‘uma esttiea imanente, dentro dos constantes esquemas de contraponto alternados de uma histotieidade carnal, nos quais| alinguagem se movimenta para conectar uma gama vasta€ diferenclante de desapossamento desancorado, (Porisso ¢ importante notar que Fanon aborda esse trdgico [ou tragledmico) desalojamento da nova falaem sua ‘anilige de um esgotamento do retomno na poesia de Aimé Césai- reo etorno ¢levado ao esgotamento em declinio, mergulho, queda; ui transporte propulsivo através do esmagamentoe da densidade de uma singularidade absoluta, interessado em, fgir ‘deste drama absurdo que os outros montaram ao redor de minn",# 0 que Fanon celebraem Césaire,entretanto, 880 instncias da linguagem eujas @nfases na ascensto so vistas ‘por Fanon implcitamente para afirmara necessidade de uma ‘aida da socialidadelinguistica subcomum que atravessa a distfncia entre pidgin e poesia. “Césalre desc. Ele foi vero que se passava bem no fundo,e agora ele pode se elevar Esté ‘maduro para a aurora, Mas ele nfo deixa o negro Ii em baixo. le o pe nos seus ombros eo eleva até as nuvens."™ Retorno, {que foi reconfigurado como descida, é agora substtuto para 55 mia, 166 56 Tidy piers, 162 | ‘uma elevagdo nae da linguagem que encena aredescobett lh identidade do poeta.” Mas hé uma profunda ambivaléneia de Fanon em relagdo aos mecanismos deelevaco que ele em César. A lise tem como objetivo evitar a inter-relagdo— que lirica frequentemente indus ~entre nareisismo e alienagio produz.o homem preto,e no qual ela é groteseamente repro ‘ida. Fanon nos lerta para um guebrantamento de ruptua trabalho de Césaire que vai contra a maré da autodeterminagi. lca que se move ascendentemente eo cartega. Estas sf0 8 ordenagio ea desordem que a nova fala gustenta. Uma social dade paraliica nfo tem lugar ao so. noite retém fantasia, no fdentidade, & na nova fala, que anima tanto a poesia de Ces ‘como a invoeacio que Fanon faz de Césalre interessado em rejeitar anova fla, que descobrimos mais uma vera natalidae «diversae irrecuperével que compartilhamos. Fanon reeoneee ‘que aquilo que nto pode ser recuperado se torna (surteal emt ‘do ser si mest. Essa insist€ncia corrosiva no novo é onde Iiriea elise convergem em submersso miitus, mas Fanon é obrigado a declarar a ejeigdo encriptada no desejo de oe falar bom frances. Retornarei depois podtia ealda do retomno, sua alta dissident fdelidade; por ora, é necessri se eoncentrat ‘sa analitica de Fanon da fala de mé-é, que comega com sua preocupago com o uso branco do pidgin, seus efeitos em pes soas pretas "privilegiadas” que slo interpeladas por essa fala e, «nto, o consequente compromertimento dessas pessoas pretas “falar bom francés") anon toma muito cuidado em enfatizar nioapenas 0 fato de que haver brancos que nto falam com ar de superioride decom pretes ¢ irrelevant para oestudo dos efeitos produzidos pelos brancos que o fazem, mas também que 0 propésito de seu ria do nego, no hd ada de mals exaspernte 60 tue oui ers "Desde quando vot est na Frans? oct fai bem 0 fancs? ceria me responder que sts deve 20 fto de que mats negrosseexprimem em petonégre (pig. Mas seria ura esposta demasidamente tel.) ‘Comprecnde se, depos de tudo o gue fi do, ‘qua primeia cago do nei sea de sizer ro ius que tena dein-o, Compreende-s ie a pimera aso do negro sia uma reo, na ver que aalind segunda se grau de ssi, ompreendes tambm que orecem-retornado 8 Marnie 0s exprima em fences que ele tende a salentar a rptura que et se prouzindo. fe con- ‘tia um ovo tipo de home que imp eonte tds amigo dos pls £4 32 velna me, que ntoo compreende mas fal de sus casas moves, de ‘su cabana em gesrdem, de eu barr Td 9 tenperado como sotaque conveniente® ‘0 que problemético em Fanon &a crenga na prioridade da norma, exceto no caso das pessoas pretas para quem nso hi ‘norma, onde a norma, em sua priorkdade, corresponde a patria 0 ¥.Fan0n, ole negra micas ana, $67 1 Fezanon Plena miacara Braves. 8-4 (Moen ma nes ps, Steams a adopt wlzadn-C2 Rano, Black Shi Whe ess, a Chalet {malo 1819.82) 167 ! «patrimOnio. Isso reemergira no diseurso de Patterson como ‘afirmagio de uma alienagdo natal eda auséneia de wma hherana (na qual um passado ¢ desconectado ou privado da longa duracio histérica). O que estéem jogo éa relaglo 01 n formulago mais precisa de Wilderson, oantagonismo entee pretitudee civilizagio, de uma maneira que essa relago deve serentendida com mais pecisio do que a frase “civilzagio eta" eo que quer que sua impossbilidade possa significa. {iamosa imprecisto na tradueo do titulo de Histoire dela folie ‘Page classique! de Foucault tem cetta relevéneia aqui, em parte porque oacontecimento continuo e irreprimivel do iio normal, ‘antenormal, dado agora nalinguagem do normal como loucura [madness], como psicose social tem por outro nome, também, Pretitude. Nés poderiamos considerar, aqui, a relagho estrut ‘entre nome elibré, designagio e uniforme, precisamente para ‘pensar sobre que tarefhistérica sua imposigfo nterinanima ‘dora, que coma.a forma de uma lei suntuéia, confere ds pessoas {que carregam tamanho fardo, 0 que esté em jogoéa qualidade de dacio da constante perturbacio do que est dado, que prece- de sua denominaeao; a ddiva de um projetocuja delegactoé anteriora sua imposigdo venal.8ssa 6 uma problemtiea imen- saeimensurdvel de responsabilidade, Poroutro lado, nica do pidgin éum epifendmeno, ‘io apenas na medida em que é um feito de, mas também na medida em que indica fabricagho, Mais ainda, arma uma cilada pra aquilo que indica. Hssa visto nZo é apenas que pidgin é ‘uma linguagem pristo, mas que a obrigacio de fala aprisio- 1a Oaprisionamento no pidgin, o aprisionamentoefetivado na obrigacdo de falar pidgin, ¢ele mesmo um epifendmeno de epidermizaedo, nad mais que seu acompanhamento verbal. Aqui est implicita mais uma vera prioridade pressuposta da ‘norma, Uma pessoa é obrigada a falar pldgin em resposta ama {mposiso, em resposta ala proferida de mé-é. A norma surge como uma espéete de pano de fundo que o pidgin, de forma lamentiveledigna de pena, falha em representat. Essa repre -sentagiofalha ¢ enti burlescada e parodiada pelos brancos {62 oltwofe adeno porno ings om 1957, com oto Madness stdin (8) ceujo enunciado ~ sej ee condescendente ou mais diretamente ¢ruel -nio esté destinado a nada além de impora subordinagio ‘cencarceramento que ¢ instanciado na fala da pessoa preta-en- ‘quanto bow-eriouls. Delineando eerta problemétiea do retorno,o problema ‘do motivo pelo qual a pessoa prvilegiada dese falar bom francés ap6s sew retorno as Antillas, Fanon descreve alguém ‘quevé asi mesme se movendo dentro de uma condig#o na qual a desconfianga.a respeito da fla erudita e padrio de estudante prete esta confinada apenas i perifera da unversidade onde reside “um exéreito de imbecis’.* Mas o pontonso é que sna universidade mine qualquer féna sabedoria de seus habi- tantes;0 ponto é que um conjunto de suposigbes sobre classe agora vem tona. Que acapacidade para anorma culta sa ‘em outa lingua ou em nossa lingua materna,estjaalinhada, ‘com a conquista de certs intereonexdo de status de classe © realizagio educacional.Alguém que reconhece esse arranjo, apés conhecero alemo que fala frances mal, presume de forma cortés que ele seja um engenheiro ou advogado, que possut ‘uma lingua, que tem eritéros, que possui um lar, © homem ‘preto €a encaragio via ea visualizagdo da auséneia de norms, tentretanto,e nenhuma suposiga0 pode ser feita sobre ele. Mas ‘essa experiéneia viva do nfo normal, da ausénela de norma, no significa que ele nfo seja apto aver ou reverenciara norma sua Tocalidade dealizada, Oexército de imbecis, em oposigéo Anau das loucos, que cereae protege o santuério interno da metré- pple, o mals sagrado entre os sagrados, nfo precisa nem saber ‘nem Incorporaras normas que ele protege. 1850 émais préximo ‘emaisnitido para quem o reconhece como o lugar onde se est “perfeltamente adaptado®, onde afeaca airmacio de sua caps- cidade pata sentire para a razto€ substituida por uma entética ‘econreta performance lingustia. "Fanon esté preaeupado, de novo, com onarcisismo ‘éa pessoa que retorna, alpinista social, conforme ele ou ela se cconectam com a rigorosa anise de Arendt sobre o parven ‘Tal narcisismo impede uma rigorosa e necessria ocupagio 4 bie

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